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Aspectos técnicos
relacionados à coleta
de germoplasma de
Recursos Genéticos
   Curso de Conservação de Recursos Genéticos in
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                                   Brasília, 2010
                       Luciano de Bem Bianchetti
                      Bruno Machado Teles Walter
                         Marcelo Fragomeni Simon
Coleta de germoplasma




                Definição



 Coletade germoplasma: atividades que
visam a obtenção de unidades físicas vivas,
que contenham a composição genética de
um organismo com a habilidade de se
reproduzir.
Coleta de germoplasma




                     Planejamento


 Um aspecto básico que deve ser considerado em uma
missão de coleta é o planejamento o mais detalhado
possível. A falta de atenção a ele pode ser uma importante
causa de insucesso ou de resultados medíocres.

       Pré-coleta
       Coleta
       Pós-coleta
Coleta de germoplasma




       Razões para coletar germoplasma


 germoplasma em perigo (erosão genética ou extinção);
 área em perigo (antropismo);
 requisição de usuários (nacional ou internacional);
 perda ou insuficiência nas coleções ex situ;
 conservar parentes silvestres das plantas cultivadas;
 ampliar o conhecimento sobre o germoplasma;
 indicação de espécies potenciais (pesquisa).
Coleta de germoplasma




         Usos do germoplasma coletado



 coleta para uso imediato (melhoramento);
 coleta para uso futuro;
 coleta para pesquisa básica;
 coleta para evitar possíveis perdas de variabilidade
genética (resgate em áreas ameaçadas);
 coleta oportunista.
Coleta de germoplasma



       Grupos de espécies para coleta




 variedades obsoletas (melhoradas, mas substituídas);
 variedades primitivas (raças locais);
 parentes silvestres das plantas cultivadas;
 espécies silvestres (biodiversidade).
Coleta de germoplasma



                    Sítios de coleta




 centros de diversidade;
 culturas ou regiões de cultivo;
 hortas e pomares caseiros;
 mercados e feiras;
 habitats silvestres;
 áreas ameaçadas.
Coleta de germoplasma



             Tipos de missões de coleta


 por produto x por área
 escopo das espécies coletadas (uma x mais de uma);
 espécies cultivadas x espécies silvestres;
 forma de coleta (tradicional x novas técnicas);
 sementes x material vegetativo x florestais
 número de expedições (uma x mais de uma);
 patrocinador (formal x não formal)
Coleta de germoplasma



               Estratégias de amostragem


                             Teoria

“Postulado”


 “uma amostragem ótima no campo seria capaz de obter, com
95% de certeza, todos os alelos que ocorrem com freqüência
maior que 5 % em uma população” (Marshall & Brown 1975).
Coleta de germoplasma



                   Estratégias básicas
                 (Brown & Marshall 1995 e outros)

 amostrar cerca de 50 populações em uma área eco-geográfica;
 amostrar cerca de 50 indivíduos em cada população (30 alógamas, 60
autógamas);
 amostrar aleatoriamente em cada sítio, separando “micro-habitats”
distintos;
 número suficiente por planta, para que todas estejam representadas
em duplicatas;
 alógamas: amostras pequenas de cada matriz (núm. igual) do maior
número de populações;
 autógamas: amostras grandes de cada matriz, do maior número de
populações;
 matriz elite (abundante + vegetativo).
Coleta de germoplasma




                         Prática




   É mais importante amostrar o máximo de locais (sítios ou
populações), que amostrar o número teoricamente ideal de
plantas por local.
Coleta de germoplasma



        Estratégias para espécies silvestres



 Problemas:
 divergências genéticas em diferentes extensões - ecotipos;
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 falta generalizada de informações básica (modo de
reprodução, área de distribuição, biologia reprodutiva, etc.);
 delimitação de uma população no campo;
 distribuição espacial variável mesmo dentro da população.
Coleta de germoplasma



        Estratégias para espécies silvestres


 Estratégias:
 ampla revisão sobre a espécie;
 definir quais serão coletadas;
 definir áreas, com base na distribuição geográfica – SIG ;
 coletar em diferentes sítios (fitofisionomias); regiões de alta
diversidade;
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indivíduos por sítio.
Coleta de germoplasma



Ferramentas que podem ampliar a previsibilidade
                  de coleta
          SIG (Sistemas de Informação Geográfica)
                                  ou
                  GIS - Geographic Information System

Um sistema de hardware, software, informação espacial e
procedimentos computacionais que permite e facilita a análise,
gestão ou representação do espaço e dos fenômenos que
nele ocorrem.
Trabalha com diferentes camadas temáticas (clima, solos,
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                 Proposta para coleta

 justificativa da coleta (área x produto);
 prioridades por espécie-alvo ou produto;
 mapa da área, com itinerário;
 transporte necessário;
 propostas de divisão e distribuição do germoplasma;
 propostas de uso do germoplasma (conservação,
caracterização, etc.);
 pessoal e órgãos envolvidos (atribuições);
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Coleta de germoplasma


Parâmetros para o enquadramento de espécies na
         lista de prioridades de resgate

 espécie que possua interesse econômico e/ou interesse para pesquisa.
 espécie que possua um sistema organizado de Bancos de Germoplasma,
ou, conservação garantida.
 espécie cujas populações concentrem-se na área do futuro reservatório.
 espécie a ser utilizada no repovoamento de áreas degradadas (áreas de
empréstimo, etc.) pela obra, ou em futuros replantios nas margens do
reservatório.
 espécie endêmica.
 "espécie ameaçada; por exploração predatória (madeira, carvão) ou
ameaçada de extinção".
 "espécie com mais de uma aptidão".
Coleta de germoplasma



                 Níveis de prioridade




 Nível 1: a espécie deve enquadrar-se nos parâmetros 1, 2
ou 3, ou ainda a três ou mais dos parâmetros.
 Nível 2: pertencer a dois dos parâmetros.
 Nível 3: pertencer a pelo menos um dos parâmetros.
Coleta de germoplasma



                        Pré-coleta
definição: atividades técnicas e logísticas conduzidas antes de
uma expedição.

 extenso levantamento bibliográfico sobre a espécie-alvo
(produtos); consulta a herbários e especialistas;
 estratégia de amostragem (parte da planta*, época do ano,
duração da expedição, etc.);
 destino do material coletado;
 documentação necessária para ir a campo (legislação);
 definição de equipamentos e técnicas de amostragem;
 prospecção - se necessário.
Coleta de germoplasma



                       Pré-coleta


logística:

 tamanho e composição da equipe;
 transporte necessário (equipamento; volume coleta);
 roteiro (período em cada local, trechos);
 contatos (órgãos públicos e privados) – para atividades de
campo e pós-coleta.
Coleta de germoplasma



             Equipamentos e Materiais



 Equipamento de coleta (altímetro, bússola, GPS, etc.,
material para herborização, prensa, etc.);
 Material para coleta (caderneta, sacos, estufa, etc.);
 Vestuário (roupas adequadas)
 Acampamento (camping + cozinha + “almoxarifado” +
alimento);
 Segurança e medicamentos (+ vacinas).
Coleta de germoplasma



                        Coleta
        Rotina de campo:
 diariamente estabelecer horários;
 sítios de coleta coletar nos sítios;
 acondicionar germoplasma e herborizar o material de
herbário coletado (remanejar prensas);
 conferir acondicionamento do germoplasma estocado.


      Garantir:
 amostras sadias e representativas;
 documentação detalhada;
 vouchers de herbário.
Coleta de germoplasma



       Definição das populações no campo




 variações conforme mudanças no terreno;
 diferenças fitofisionômicas;
 diferenças nas culturas (tratos culturais, características
sanitárias, variedade diferente, maturidade, etc.);
 mudanças a cada 10 ou 20 km, de acordo com a natureza
do terreno (Bennett 1970).
Coleta de germoplasma


           Dados de passaporte




Folha de caderneta de campo utilizada pelo CENARGEN.
Coleta de germoplasma



               Vouchers de herbário



 para documentar o germoplasma coletado
 para identificar um acesso em particular;
 para mostrar as variações observadas em um indivíduo;
 para mostrar a gama de variações nas características
selecionadas na população amostrada;
 para identificar pragas ou doenças;
 para documentar a flora de um local ou região.
Coleta de germoplasma



               Vouchers de herbário




 material representativo do táxon;
 bem registrado;
 número suficiente de exemplares;
 prensagem imediata (diferentes técnicas).
Coleta de germoplasma



              Cuidados com o material
                durante a expedição




 checar o material coletado periodicamente;
 acondicionamento correto;
 tratos com o germoplasma (regar, aerar, etc.);
 garantir o processo de secagem;
 envio antecipado do germoplasma, se necessário.
Coleta de germoplasma



                      Pós-coleta
definição: atividades técnicas e logísticas conduzidas após
uma expedição.
 beneficiar o germoplasma obtido;
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 iniciar digitação dos dados coletados*;
 distribuir germoplasma;
 acondicionar amostras para envio posterior;
 organizar material fotográfico e fixado;
 preparar relatório detalhado da expedição.
Coleta de germoplasma




Obrigado
bianchet@cenargen.embrapa.br
bwalter@cenargen.embrapa.br
msimon@cenargen.embrapa.br

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Aspectos técnicos da coleta de recursos genéticos

  • 1. Aspectos técnicos relacionados à coleta de germoplasma de Recursos Genéticos Curso de Conservação de Recursos Genéticos in situ , Brasília, 2010 Luciano de Bem Bianchetti Bruno Machado Teles Walter Marcelo Fragomeni Simon
  • 2. Coleta de germoplasma Definição  Coletade germoplasma: atividades que visam a obtenção de unidades físicas vivas, que contenham a composição genética de um organismo com a habilidade de se reproduzir.
  • 3. Coleta de germoplasma Planejamento  Um aspecto básico que deve ser considerado em uma missão de coleta é o planejamento o mais detalhado possível. A falta de atenção a ele pode ser uma importante causa de insucesso ou de resultados medíocres. Pré-coleta Coleta Pós-coleta
  • 4. Coleta de germoplasma Razões para coletar germoplasma  germoplasma em perigo (erosão genética ou extinção);  área em perigo (antropismo);  requisição de usuários (nacional ou internacional);  perda ou insuficiência nas coleções ex situ;  conservar parentes silvestres das plantas cultivadas;  ampliar o conhecimento sobre o germoplasma;  indicação de espécies potenciais (pesquisa).
  • 5. Coleta de germoplasma Usos do germoplasma coletado  coleta para uso imediato (melhoramento);  coleta para uso futuro;  coleta para pesquisa básica;  coleta para evitar possíveis perdas de variabilidade genética (resgate em áreas ameaçadas);  coleta oportunista.
  • 6. Coleta de germoplasma Grupos de espécies para coleta  variedades obsoletas (melhoradas, mas substituídas);  variedades primitivas (raças locais);  parentes silvestres das plantas cultivadas;  espécies silvestres (biodiversidade).
  • 7. Coleta de germoplasma Sítios de coleta  centros de diversidade;  culturas ou regiões de cultivo;  hortas e pomares caseiros;  mercados e feiras;  habitats silvestres;  áreas ameaçadas.
  • 8. Coleta de germoplasma Tipos de missões de coleta  por produto x por área  escopo das espécies coletadas (uma x mais de uma);  espécies cultivadas x espécies silvestres;  forma de coleta (tradicional x novas técnicas);  sementes x material vegetativo x florestais  número de expedições (uma x mais de uma);  patrocinador (formal x não formal)
  • 9. Coleta de germoplasma Estratégias de amostragem Teoria “Postulado” “uma amostragem ótima no campo seria capaz de obter, com 95% de certeza, todos os alelos que ocorrem com freqüência maior que 5 % em uma população” (Marshall & Brown 1975).
  • 10. Coleta de germoplasma Estratégias básicas (Brown & Marshall 1995 e outros)  amostrar cerca de 50 populações em uma área eco-geográfica;  amostrar cerca de 50 indivíduos em cada população (30 alógamas, 60 autógamas);  amostrar aleatoriamente em cada sítio, separando “micro-habitats” distintos;  número suficiente por planta, para que todas estejam representadas em duplicatas;  alógamas: amostras pequenas de cada matriz (núm. igual) do maior número de populações;  autógamas: amostras grandes de cada matriz, do maior número de populações;  matriz elite (abundante + vegetativo).
  • 11. Coleta de germoplasma Prática É mais importante amostrar o máximo de locais (sítios ou populações), que amostrar o número teoricamente ideal de plantas por local.
  • 12. Coleta de germoplasma Estratégias para espécies silvestres Problemas:  divergências genéticas em diferentes extensões - ecotipos;  área geográfica (disjunções) e populações variáveis;  falta generalizada de informações básica (modo de reprodução, área de distribuição, biologia reprodutiva, etc.);  delimitação de uma população no campo;  distribuição espacial variável mesmo dentro da população.
  • 13. Coleta de germoplasma Estratégias para espécies silvestres Estratégias:  ampla revisão sobre a espécie;  definir quais serão coletadas;  definir áreas, com base na distribuição geográfica – SIG ;  coletar em diferentes sítios (fitofisionomias); regiões de alta diversidade;  enfatizar número de sítios ao invés de número de indivíduos por sítio.
  • 14. Coleta de germoplasma Ferramentas que podem ampliar a previsibilidade de coleta SIG (Sistemas de Informação Geográfica) ou GIS - Geographic Information System Um sistema de hardware, software, informação espacial e procedimentos computacionais que permite e facilita a análise, gestão ou representação do espaço e dos fenômenos que nele ocorrem. Trabalha com diferentes camadas temáticas (clima, solos, vegetação, altitude, p. ex.) possibilitando relacionar a informação existente através da posição e topologia dos objetos, com o fim de gerar nova informação.
  • 15. Coleta de germoplasma Ferramentas que podem ampliar a previsibilidade de coleta SIG (Sistemas de Informação Geográfica)
  • 16. Coleta de germoplasma Ferramentas que podem ampliar a previsibilidade de coleta SIG (Sistemas de Informação Geográfica)
  • 17. Coleta de germoplasma Ferramentas que podem ampliar a previsibilidade de coleta SIG (Sistemas de Informação Geográfica)
  • 18. Coleta de germoplasma Proposta para coleta  justificativa da coleta (área x produto);  prioridades por espécie-alvo ou produto;  mapa da área, com itinerário;  transporte necessário;  propostas de divisão e distribuição do germoplasma;  propostas de uso do germoplasma (conservação, caracterização, etc.);  pessoal e órgãos envolvidos (atribuições);  orçamento.
  • 19. Coleta de germoplasma Parâmetros para o enquadramento de espécies na lista de prioridades de resgate  espécie que possua interesse econômico e/ou interesse para pesquisa.  espécie que possua um sistema organizado de Bancos de Germoplasma, ou, conservação garantida.  espécie cujas populações concentrem-se na área do futuro reservatório.  espécie a ser utilizada no repovoamento de áreas degradadas (áreas de empréstimo, etc.) pela obra, ou em futuros replantios nas margens do reservatório.  espécie endêmica.  "espécie ameaçada; por exploração predatória (madeira, carvão) ou ameaçada de extinção".  "espécie com mais de uma aptidão".
  • 20. Coleta de germoplasma Níveis de prioridade  Nível 1: a espécie deve enquadrar-se nos parâmetros 1, 2 ou 3, ou ainda a três ou mais dos parâmetros.  Nível 2: pertencer a dois dos parâmetros.  Nível 3: pertencer a pelo menos um dos parâmetros.
  • 21. Coleta de germoplasma Pré-coleta definição: atividades técnicas e logísticas conduzidas antes de uma expedição.  extenso levantamento bibliográfico sobre a espécie-alvo (produtos); consulta a herbários e especialistas;  estratégia de amostragem (parte da planta*, época do ano, duração da expedição, etc.);  destino do material coletado;  documentação necessária para ir a campo (legislação);  definição de equipamentos e técnicas de amostragem;  prospecção - se necessário.
  • 22. Coleta de germoplasma Pré-coleta logística:  tamanho e composição da equipe;  transporte necessário (equipamento; volume coleta);  roteiro (período em cada local, trechos);  contatos (órgãos públicos e privados) – para atividades de campo e pós-coleta.
  • 23. Coleta de germoplasma Equipamentos e Materiais  Equipamento de coleta (altímetro, bússola, GPS, etc., material para herborização, prensa, etc.);  Material para coleta (caderneta, sacos, estufa, etc.);  Vestuário (roupas adequadas)  Acampamento (camping + cozinha + “almoxarifado” + alimento);  Segurança e medicamentos (+ vacinas).
  • 24. Coleta de germoplasma Coleta Rotina de campo:  diariamente estabelecer horários;  sítios de coleta coletar nos sítios;  acondicionar germoplasma e herborizar o material de herbário coletado (remanejar prensas);  conferir acondicionamento do germoplasma estocado. Garantir:  amostras sadias e representativas;  documentação detalhada;  vouchers de herbário.
  • 25. Coleta de germoplasma Definição das populações no campo  variações conforme mudanças no terreno;  diferenças fitofisionômicas;  diferenças nas culturas (tratos culturais, características sanitárias, variedade diferente, maturidade, etc.);  mudanças a cada 10 ou 20 km, de acordo com a natureza do terreno (Bennett 1970).
  • 26. Coleta de germoplasma Dados de passaporte Folha de caderneta de campo utilizada pelo CENARGEN.
  • 27. Coleta de germoplasma Vouchers de herbário  para documentar o germoplasma coletado  para identificar um acesso em particular;  para mostrar as variações observadas em um indivíduo;  para mostrar a gama de variações nas características selecionadas na população amostrada;  para identificar pragas ou doenças;  para documentar a flora de um local ou região.
  • 28. Coleta de germoplasma Vouchers de herbário  material representativo do táxon;  bem registrado;  número suficiente de exemplares;  prensagem imediata (diferentes técnicas).
  • 29. Coleta de germoplasma Cuidados com o material durante a expedição  checar o material coletado periodicamente;  acondicionamento correto;  tratos com o germoplasma (regar, aerar, etc.);  garantir o processo de secagem;  envio antecipado do germoplasma, se necessário.
  • 30. Coleta de germoplasma Pós-coleta definição: atividades técnicas e logísticas conduzidas após uma expedição.  beneficiar o germoplasma obtido;  fumigar e preparar material botânico;  complementar os dados de campo (códigos);  iniciar digitação dos dados coletados*;  distribuir germoplasma;  acondicionar amostras para envio posterior;  organizar material fotográfico e fixado;  preparar relatório detalhado da expedição.