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A CONJURAÇÃO BAIANA (1798)
Outro movimento com objetivo de independência foi a Conjuração Baiana,
ocorrida em Salvador, em 1798. Na época, a cidade possuía por volta de 60 mil
habitantes, dos quais 40 mil eram afrodescendentes. Muitos deles eram
escravizados; outros, libertos ou livres, trabalhavam como soldados, artesãos,
carregadores, pescadores, pedreiros e vendedores ambulantes.
Em Salvador, no final do século XVIII, a população e o comércio vinham
crescendo e levando prosperidade para os senhores de terra e grandes
comerciantes. Para a maioria da população, porém, a situação era crítica, pois os
preços, principalmente da carne e da farinha de mandioca, vinham subindo mais
do que seus ganhos. Os impostos abusivos também contribuíam para a alta nos
preços de outros alimentos e, além disso, a obrigação de importar produtos
industrializados, já que o Brasil era proibido de fabricá-los, encarecia esses
produtos. O racismo contra os afrodescendentes prejudicava a vida em sociedade.
Essa situação gerava uma insatisfação generalizada entre as camadas pobres
e médias da população. Isso explica por que, em 1798, as ruas e ladeiras das cidades
alta e baixa de Salvador foram palcos de várias agitações políticas. Entre os
insatisfeitos estavam alguns intelectuais, como o médico Cipriano Barata e o padre
Agostinho Gomes, que começaram a pregar ideias de liberdade, igualdade e
fraternidade, atraindo com isso muitas pessoas pobres (artesãos, soldados,
trabalhadores escravizados e libertos). Alguns homens ricos da Bahia também se
sentiram atraídos pelo movimento, pela possibilidade de romper com Portugal e
estabelecer o livre-comércio com as nações.
Em 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com dezenas de panfletos
afixados em seus prédios públicos, alguns deles com a seguinte mensagem: “O Povo
Bahinense e Republicano ordena, manda e quer que para o futuro seja feita a sua
digníssima Revolução”. Em seus panfletos, os rebeldes defendiam:
a) o fim do domínio português na Bahia;
b) a proclamação de uma república em que todos tivessem igualdade de
tratamento;
c) a abertura do porto de Salvador para o livre comércio;
EMEIEF NORBERTO ALVES BATALHA
DISCIPLINA:HISTÓRIA PROF° NIVIA
MAGALHÃES
SERIE: 8 ANO DATA:21/07/2020
CONTEÚDO: REVOLTAS BRASIL COLONIAL (CONJURAÇÃO BAIANA)
d) a diminuição dos impostos e o aumento dos soldos e da oferta de alimentos;
e) o fim do preconceito contra os negros.
As palavras usadas pelos rebeldes, liberdade e república, atemorizaram as
autoridades dos dois lados do Atlântico; elas sabiam que esses ideais tinham
inspirado a Revolução Americana (1776), a Revolução Francesa (1789) e as lutas
por liberdade em São Domingos (1791). Isso explica por que a reação do
governador-geral da Bahia, D. Fernando José de Portugal e Castro, foi imediata:
mandou prender dezenas de rebeldes e condenou à morte quatro líderes da
rebelião, todos afrodescendentes e pobres.
Em 8 de novembro de 1799, por ordem da rainha de Portugal, D. Maria I, os
soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens e os alfaiates João de Deus e
Manoel Faustino – todos filhos e netos de escravos – foram enforcados e
esquartejados na Praça da Piedade, em Salvador.

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A Conjuração Baiana de 1798

  • 1. A CONJURAÇÃO BAIANA (1798) Outro movimento com objetivo de independência foi a Conjuração Baiana, ocorrida em Salvador, em 1798. Na época, a cidade possuía por volta de 60 mil habitantes, dos quais 40 mil eram afrodescendentes. Muitos deles eram escravizados; outros, libertos ou livres, trabalhavam como soldados, artesãos, carregadores, pescadores, pedreiros e vendedores ambulantes. Em Salvador, no final do século XVIII, a população e o comércio vinham crescendo e levando prosperidade para os senhores de terra e grandes comerciantes. Para a maioria da população, porém, a situação era crítica, pois os preços, principalmente da carne e da farinha de mandioca, vinham subindo mais do que seus ganhos. Os impostos abusivos também contribuíam para a alta nos preços de outros alimentos e, além disso, a obrigação de importar produtos industrializados, já que o Brasil era proibido de fabricá-los, encarecia esses produtos. O racismo contra os afrodescendentes prejudicava a vida em sociedade. Essa situação gerava uma insatisfação generalizada entre as camadas pobres e médias da população. Isso explica por que, em 1798, as ruas e ladeiras das cidades alta e baixa de Salvador foram palcos de várias agitações políticas. Entre os insatisfeitos estavam alguns intelectuais, como o médico Cipriano Barata e o padre Agostinho Gomes, que começaram a pregar ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, atraindo com isso muitas pessoas pobres (artesãos, soldados, trabalhadores escravizados e libertos). Alguns homens ricos da Bahia também se sentiram atraídos pelo movimento, pela possibilidade de romper com Portugal e estabelecer o livre-comércio com as nações. Em 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com dezenas de panfletos afixados em seus prédios públicos, alguns deles com a seguinte mensagem: “O Povo Bahinense e Republicano ordena, manda e quer que para o futuro seja feita a sua digníssima Revolução”. Em seus panfletos, os rebeldes defendiam: a) o fim do domínio português na Bahia; b) a proclamação de uma república em que todos tivessem igualdade de tratamento; c) a abertura do porto de Salvador para o livre comércio; EMEIEF NORBERTO ALVES BATALHA DISCIPLINA:HISTÓRIA PROF° NIVIA MAGALHÃES SERIE: 8 ANO DATA:21/07/2020 CONTEÚDO: REVOLTAS BRASIL COLONIAL (CONJURAÇÃO BAIANA)
  • 2. d) a diminuição dos impostos e o aumento dos soldos e da oferta de alimentos; e) o fim do preconceito contra os negros. As palavras usadas pelos rebeldes, liberdade e república, atemorizaram as autoridades dos dois lados do Atlântico; elas sabiam que esses ideais tinham inspirado a Revolução Americana (1776), a Revolução Francesa (1789) e as lutas por liberdade em São Domingos (1791). Isso explica por que a reação do governador-geral da Bahia, D. Fernando José de Portugal e Castro, foi imediata: mandou prender dezenas de rebeldes e condenou à morte quatro líderes da rebelião, todos afrodescendentes e pobres. Em 8 de novembro de 1799, por ordem da rainha de Portugal, D. Maria I, os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens e os alfaiates João de Deus e Manoel Faustino – todos filhos e netos de escravos – foram enforcados e esquartejados na Praça da Piedade, em Salvador.