O documento fornece diretrizes sobre como abordar a cultura indígena no "Dia do Índio" nas escolas, enfatizando que não deve ser feito de forma folclórica ou estereotipada. Recomenda discutir a cultura usando materiais autênticos e mostrar a diversidade dos povos indígenas hoje, em vez de mitificá-los.
2. 1.Não use o “Dia do Índio” para mitificar a figura
do indígena, com atividades que incluam vestir
as crianças com cocares ou pintá-las.
• Faça uma discussão sobre a cultura indígena usando
fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos
indígenas. “Ser índio não é estar nu ou pintado, não é
algo que se veste. A cultura indígena faz parte da
essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver
na sociedade contemporânea”, explica a antropóloga
Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental.
O que NÃO fazer no dia 19 de abril
3. 2- Não reproduza preconceitos em sala de
aula, mostrando o indígena como um ser à
parte da sociedade ocidental, que anda nu
pela mata e vive da caça de animais
selvagens.
• Mostre aos alunos que os povos
indígenas não vivem mais como em
1500. Hoje, muitos têm acesso à
tecnologia, à universidade e a tudo o que
a cidade proporciona. Nem por isso
deixam de ser indígenas e de preservar a
cultura e os costumes.
O que NÃO fazer no dia 19 de abril
4. 3- Não represente o indígena com um
desenho para colorir ou um Tupinambá do
século 14.
• Sempre recorra a exemplos reais e explique qual é a
etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique
que o Brasil tem 305 diferentes etnias indígenas, com
cerca de 274 línguas diferentes. Cada etnia tem sua
identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar.
O que NÃO fazer no dia 19 de abril
5. 4. Não tente reproduzir as casas e aldeias
de maneira simplificada, com maquetes de
ocas.
• “Oca” é uma palavra tupi, que não se
aplica a outros povos. O formato de cada
habitação varia de acordo com a etnia e
diz respeito ao seu modo de organização
social. Prefira mostrar fotos ou vídeos.
.
O que NÃO fazer no dia 19 de abril
6. 5. Não faça do 19 de abril o único dia para
as questões indígenas na escola.
• O dia 19 de abril vem sendo transformado em
momento folclórico, preconceituoso e estereotipado
por não indígenas, em especial, por práticas escolares
no ensino fundamental e médio. A inclusão da história
e da cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da
Educação Básica brasileira é prevista pelas leis 10.639,
de 2003, e 11.645, de 2008, portanto deve ser
abordado o ano todo.
O que NÃO fazer No dia 19 de abril
7. • Debata sobre o que podemos aprender com os
povos indígenas. Por exemplo, em relação à
sustentabilidade, como poderíamos aprender a nos
sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal
como fazem e valorizam as sociedades indígenas?
• Aproveite a ocasião para fazer uma leitura crítica
das questões que afetam esses povos, percebendo
que também são brasileiros e que são povos que
lutam por respeito, dignidade e pelo direito de
manter suas formas ancestrais de vida.
Faça principalmente no dia 19 de
abril:
8. • Não se aproprie da data, em especial as escolas, para
pintar o rosto ou colocar cocar em crianças e
adolescentes não indígenas, como referência à cultura
indígena e ao seu dia. Nós, não indígenas, jamais seremos
indígenas ou estaremos os valorizando por colocar
elementos dessa cultura em nossos corpos. Essa prática
ajuda a construir a errada ideia de que ser indígena é usar
este ou aquele elemento e se portar dessa ou aquela
forma e, inclusive, reforça o pensamento de que indígena
que não esteja com cocar, arco e flecha, morando na oca
ou andando nu e venha a usar calça jeans, celular ou
more na cidade deixe de ser indígena. Nenhum italiano
que adentra um restaurante japonês sai de lá japonês
pelo simples fato de comer sushi!
Majoí Gongora, Antropóloga do programa de Povos Indígenas do Brasil do
Instituto Socioambiental.
FICA A DICA:
9. QUESTÕES PARA REFLETIR:
• Como construir um currículo em que as
datas comemorativas escolhidas sejam
trabalhadas de maneira mais crítica e
reflexiva?
• Como a formação de professores pode contribuir
para as concepções das crianças, das professoras e
famílias sobre o acesso das crianças aos bens
culturais?
• Como lidar com a influência das mídias e seus
discursos colonialistas, preconceituosos e
estereotipados ao resgatar nossas origens
e ancestralidade?
10. É para
comemorar o
“dia do índio”
na escola?
• É muito comum ainda, as
escolas comemorarem a
data fantasiando e
pintando as crianças. Ou
trazendo uma atividade
que desconfigura as
origens dos povos da
floresta. E se a proposta
for essa, a resposta ao
11.
12.
13. Referências
• Amanda Rossi. Dia do Índio é data 'folclórica e
preconceituosa', diz escritor indígena Daniel
Munduruku. In:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47971962
• Majoí Gongora. O que (não) fazer no Dia do índio. In: O
que (não) fazer no Dia do índio | ACEB
(acebqualifica.org.br)
• Fernanda Clímaco. É para comemorar o “dia do índio”
na escola? In: É para comemorar o "dia do índio" na
escola? - Fernanda Clímaco (fernandaclimaco.com.br)
• Tiago Resende Botelho e Pedro Pulzatto Peruzzo - O
que fazer para não passar vergonha no "Dia do Índio"?
In: O que fazer para não passar vergonha no "Dia do
Índio"? - Artigos - Campo Grande News
14. • Daniel Munduruku
• Home - Iepé (institutoiepe.org.br)
• Ailton Krenak (@_ailtonkrenak) • Fotos e vídeos do
Instagram
• 7 livros infantis pra conhecer melhor os povos
indígena
• 10 livros para entender as culturas originárias no
Dia da Luta Indígena | CLAUDIA (abril.com.br)s -
Fafá Conta (fafaconta.com.br)
• https://youtu.be/kxM0xlN8y8o