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EXTRAÇÃO DE MALHA VIÁRIA A PARTIR DE IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO UTILIZANDO MORFOLOGIA MATEMÁTICA 
THIAGO STATELLA (1), ERIVALDO ANTONIO DA SILVA (2) 
RESUMO 
O trabalho apresenta a extração de rodovias em imagens digitais, utilizando técnicas de Morfologia Matemática. Assim, valendo-se de operações como afinamento, esqueletização por regiões de influência e reconstrução, dentre outras, extraiu-se com sucesso parte das pistas da rodovia Presidente Dutra presentes na área de estudo. 
Palavras-chave: Morfologia Matemática, Extração de rodovias, Sensoriamento Remoto. 
ABSTRACT 
This paper presents the feature extraction from Remote Sensing imagery by Mathematical Morphology. Indeed, thining, skeleton by influence zones and morphological reconstruction were some of the operations applied in road extraction in the imagery. 
Keywords: Mathematical Morphology, Road Extraction, Remote Sensing.
INTRODUÇÃO 
Desde o surgimento da civilização, o homem tem necessidade de demarcar e/ou representar os seus limites espaciais de ocupação, seja por questões econômicas e políticas ou por questões sociais. A conseqüência direta desta necessidade foi o surgimento do mapa, que é, de todas as modalidades de comunicação, uma das mais antigas da humanidade. O ramo do conhecimento científico que se encarrega da confecção de mapas é a Cartografia, cujo termo é um neologismo inventado pelo português Visconde de Santarém em 1839, em substituição ao antigo termo “Cosmografia”. Segundo Bakker (1965), Cartografia é a ciência e a arte de expressar graficamente, por meio de mapas e cartas, o conhecimento humano da superfície terrestre. 
No Brasil, ainda hoje, existem regiões com recobrimento cartográfico deficiente, principalmente naquelas onde as dificuldades de acesso e condições climáticas oneram os procedimentos convencionais. Além disso, os mapas sofrem contínua desatualização, seja por mudanças naturais sofridas pelo meio ambiente no decorrer dos tempos, ou pela interferência direta do homem nesse ambiente. Ao falar em atualização dessas informações, a preocupação deve ser a detecção de alterações. Muitas são as técnicas que levam à detecção de alterações do ambiente. Dentre elas, o uso de Sensoriamento Remoto aliado a técnicas de Processamento Digital de Imagens (PDI) vem se destacando. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo, levando em conta a deficiência cartográfica nacional, contribuir para a automação da área de Cartografia através da utilização integrada de dados de Sensoriamento Remoto e técnicas de Processamento Digital de Imagens. Especificamente, o objetivo é a extração automática de rodovias de imagens aéreas. O intuito é apresentar uma metodologia para extração de rodovias usando Sensoriamento Remoto e técnicas de Morfologia Matemática (MM). É sabido que o Sensoriamento Remoto tem servido como fonte de dados para estudos em diversas áreas, como por exemplo, Cartografia, Áreas Urbanas, Florestas, Ambientes Agrícolas, entre outros. O uso da Morfologia Matemática neste trabalho tem como justificativa principal a utilização de operadores morfológicos como método alternativo para o processo de extração das pistas da rodovia, visando contribuir para a área de Cartografia. A MM é uma poderosa ferramenta de PDI que dispõe de um grande número de processamentos aplicáveis as mais diversas áreas, tais como Biologia, Metalografia, Medicina, Visão Robótica, Controle de Qualidade, Reconhe- cimento de Padrões.
MORFOLOGIA MATEMÁTICA 
A Morfologia Matemática trata das 
formas que a matéria pode tomar. Por exemplo, 
a morfologia social é o estudo das estruturas da 
vida social. Da mesma maneira, a morfologia 
vegetal refere-se ao estudo da estrutura dos 
organismos vegetais (FACON,1996). Portanto, 
seguindo esses exemplos, a Morfologia 
Matemática deve levar em consideração 
modelos matemáticos. Isto significa que 
devemos então estudar estruturas matemáticas 
nas imagens digitais. Porém, uma imagem não é, 
por definição, uma matéria, mas uma 
representação gráfica, plástica ou fotográfica de 
um objeto, segundo Facon (1996). Portanto, ela 
pode conter qualquer tipo de matéria. Assim, a 
Morfologia Matemática elaborada inicialmente 
por Georges Matheron e Jean Serra, concentra 
seus esforços no estudo da estrutura geométrica 
das entidades presentes em uma imagem. 
De acordo com Facon (1996), a base da 
Morfologia Matemática está apoiada no 
princípio da análise da estrutura geométrica das 
imagens. Isto é feito através do uso de um 
conjunto conhecido e bem definido denominado 
elemento estruturante. O elemento estruturante é 
comparado ao conjunto desconhecido da 
imagem, a partir de uma transformação que 
analisa essa imagem. A seguir, dois exemplos de 
elementos estruturantes utilizados no trabalho, o 
elemento „cruz‟ (a) e o „máscara cheia‟ (b): 
0 1 0 1 1 1 
1 1 1 1 1 1 
0 1 0 1 1 1 
(a) (b) 
A Morfologia Matemática possui, em seu 
fundamento, duas operações básicas, a Erosão e 
a Dilatação, a partir das quais são derivadas 
todas as outras operações morfológicas. Seguem 
aqui as definições dessas duas operações 
primordiais: 
Erosão: A erosão, segundo Soille 
(1999), de um sinal f por um elemento 
estruturante B, é: 
 ( f )(x) min f (x b) 
b B 
B   
 
 (01) 
Como pode ser observado pela equação 
01, o valor da erosão para um dado pixel x é o 
valor mínimo da imagem na janela definida pelo 
elemento estruturante quando sua origem está 
em x. Os efeitos da erosão são: 
 Escurecimento da imagem; 
 Alargamento dos vales (padrões 
escuros); 
 Conexão de vales próximos; 
 Redução e, às vezes, eliminação de picos 
(padrões claros); e 
 Separação de picos próximos.
Dilatação: A dilatação de um sinal f por um 
elemento estruturante B, segundo Soille (1999) 
fica: 
 ( f )(x) max f (x b) 
b B 
B   
 
 (02) 
Segundo a equação 02, o valor da dilatação 
para um dado pixel x é o valor máximo da 
imagem na janela definida pelo elemento 
estruturante quando sua origem está em x. Os 
efeitos da dilatação são: 
 Clareamento da imagem; 
 Alargamento dos picos (padrões claros); 
 Conexão de picos próximos; 
 Redução e às vezes eliminação de vales 
(padrões escuros); e 
 Separação de vales próximos. 
Afinamento 
Para o caso binário, a operação de 
afinamento de um conjunto consiste em retirar 
dele pontos que correspondem a uma 
configuração dada. Uma etapa de afinamento é 
definida por Facon (1996) da seguinte maneira: 
AFI V (X)= X / ( Bi (X)   Be ( X C )) (03) 
Esqueletização por Regiões de Influência 
Em termos matemáticos, seja X uma 
imagem binária ou um conjunto e K1, K2,..., Kn 
os componentes conectados de X. A zona de 
influência IZ de uma partícula Ki é o conjunto 
dos pixels do plano da imagem que está mais 
próximo a Ki do que qualquer outra partícula de 
X. O esqueleto por zonas de influência, ou SKIZ 
é definido como sendo os pontos que não 
pertencem a qualquer zona de influência 
(SOILLE, 1999): 
c 
i 
i SKIZ X IZ K 
 
 
 
 
 
 
 
 
( )   ( ) (04) 
Pruning 
De acordo com Soille (1999), a 
transformação de pruning é implementada 
através da detecção de pontos finais e sua 
remoção até a idempotência, ou seja: 
PRUNE(X) = (X AFIs E)( ) (05) 
Onde E se refere a um elemento 
estruturante utilizado para detectar pontos finais 
e  indica que o afinamento seqüencial é iterado 
até a estabilidade. O afinamento seqüencial é 
definido como sendo: 
XAFIsB XAFI B AFI AFI B n (...(  ) ...)  1  (06) 
Onde 1B... nB denotam as n rotações do 
elemento estruturante B. 
Um pruning paramétrico de tamanho n 
consiste em remover n pixels de cada ramo do 
esqueleto, a partir de cada ponto final:
( ) ( ) ( ) ( ) n n PRUNE X  XAFIsE (07) 
Quando o pruning é levado à 
estabilidade, as únicas partes do esqueleto que 
não são suprimidas são os arcos fechados ou 
“laços” do esqueleto. 
Dilatação Condicional 
Muitos operadores morfológicos consi-deram 
as imagens como sendo conjuntos 
indivisíveis. Porém, pode surgir a necessidade 
de restringir os processos em uma região 
específica de uma imagem como, por exemplo, 
processar algumas falhas em imagens 
metalográficas, estudar uma célula específica 
numa imagem contendo vários tipos delas, etc. 
Uma primeira possibilidade de processar 
parcialmente uma imagem consiste em definir 
um sub-conjunto da imagem onde as operações 
são válidas. Por exemplo, tratar um sub-conjunto 
Z do conjunto inicial X. A operação 
dilatação dita condicional permite realizar esse 
tipo de processamento (FACON, 1996). 
Pode-se definir, então, para imagens 
binárias, a dilatação do sub-conjunto Z 
condicionada a X (com Z  X) pelo elemento 
estruturante B, como: 
Z Z X B B 
cX    (08) 
E para imagens em tons de cinza, como: 
Z Z X B B 
cX    (09) 
Procedendo-se desta maneira, é possível 
pensar em reconstruir o conjunto X através de 
sucessivas dilatações condicionais do sub-conjunto 
Z (com respeito a X) até a estabilidade. 
Assim, baseado em Soille (1999), a reconstrução 
por dilatação condicional de uma imagem 
máscara X a partir de uma imagem marcadora Z 
(com Dx = Dz e Z  X) pode ser definida como: 
    R X Z i 
cx  (10) 
Onde i é tal que cx 
(i) (Z) = cx 
(i+1) (Z) 
Neste trabalho, como o interesse é a 
extração das pistas da rodovia, contidas na 
imagem, a dilatação condicional foi aplicada 
para realizar esta tarefa na sub-área onde tais 
feições estão presentes. 
Abertura e Fechamento 
Uma vez que uma imagem tenha sido 
erodida, não há uma transformação inversa para 
obter a imagem original de volta. A idéia por 
trás da abertura morfológica é dilatar a imagem 
erodida para recuperar o quanto for possível da 
imagem original. 
Segundo Soille (1999), a abertura  de 
uma imagem f por um elemento estruturante B é 
denotada por B(f) e é definida como a erosão de
f por B, seguida da dilatação pelo elemento 
estruturante transposto B’: 
( )  ( ) ' f f B B B    (11) 
Já a idéia por trás do fechamento 
morfológico é construir um operador tendendo a 
recuperar a forma inicial das estruturas da 
imagem que tenham sido dilatadas. Isso é 
conseguido erodindo-se a imagem dilatada. 
O fechamento de uma imagem f por um 
elemento estruturante B é denotado B(f) e é 
definido como a dilatação de f com um elemento 
estruturante seguida por uma erosão com o 
elemento estruturante transposto B’: 
( )  ( ) ' f f B B B    (12) 
Top-hats 
A escolha de um dado filtro morfológico 
é guiada pelo conhecimento disponível sobre a 
forma, tamanho e orientação das estruturas que 
se pretende filtrar. Realmente, a aplicação de 
top-hats consiste em usar conhecimento sobre 
características da forma que não são 
compartilhadas pelas estruturas relevantes da 
imagem. Uma abertura ou fechamento com um 
elemento estruturante que não se ajusta às 
estruturas relevantes da imagem é então usado 
para remove-las da imagem. Essas estruturas são 
recuperadas através da diferença aritmética entre 
a imagem e sua abertura ou entre o fechamento e 
a imagem. Essas diferenças aritméticas são a 
base da definição de top-hats morfológicos. 
Para Soille (1999), o top-hat por abertura 
de uma imagem f é a diferença entre a imagem 
original f e sua abertura  : 
WTH( f )  f  ( f ) (13) 
E o top-hat por fechamento é definido 
como a diferença entre o fechamento  da 
imagem original e a imagem original: 
BTH( f )  ( f )  f (14) 
MÉTODO 
A execução do trabalho teve início com a 
escolha da imagem a ser utilizada. A imagem 
contém parte das pistas da rodovia Presidente 
Dutra, na região de São José dos Campos (SP). 
Na seqüência, com base nos tipos de alvos 
presentes na imagem, foram selecionadas quais 
operações morfológicas seriam mais adequadas 
para processar a imagem em questão com intuito 
de extrair as pistas. Terminada esta etapa, as 
operações escolhidas foram aplicadas e os 
resultados obtidos foram analisados. 
Para a execução das tarefas de 
processamento a área de estudo utilizou-se o 
software Matlab, através do qual pôde-se acessar 
uma caixa de ferramentas específica contendo 
operadores morfológicos.
RESULTADOS 
A seguir, na Figura 01, é mostrada a imagem da área de estudo escolhida. 
Figura 01: Fotografia aérea da Rodovia Presidente Dutra, na cidade de São José dos Campos (SP). 
Na Figura 01, as feições cartográficas de interesse para a extração são as pistas da rodovia. O primeiro passo dado foi, então, realizar um pré-processamento na imagem, aumentando o contraste entre as pistas e sua vizinhança, de maneira a se obter uma melhor definição dos alvos de interesse e, ao mesmo tempo, tornar os valores de brilho das feições vizinhas os mais distintos possíveis. Com esse intuito, as operações morfológicas realizadas foram: 
 Eliminação de picos de contraste; 
 Eliminação de componentes conectados de tamanho inferior a 100 pixels; e 
 Aplicação de top-hat por abertura. 
O resultado obtido é mostrado na Figura 02. 
Figura 02: Resultado do pré-proces-samento sobre a imagem original. 
A partir de então, o passo seguinte foi obter a imagem de marcadores usada para a reconstrução morfológica da imagem pré- processada por dilatações condicionais controladas, de maneira que somente as pistas fossem reconstruídas. Para tanto, a imagem de marcadores deveria possuir somente sub- conjuntos representativos da rodovia. Assim, os passos efetuados para gerar tal imagem foram: 
 Binarização da Figura 02 com limiar 120; 
 Afinamento até a idempotência; 
 Aplicação de pruning com 500 iterações; 
 Eliminação (novamente) de componentes conectados com tamanho inferior a 100; 
A Figura 03 exibe a imagem de marcadores obtida via o procedimento descrito:
Figura 03: Imagem de marcadores. 
Utilizando a imagem de marcadores, foi possível reconstruir somente as pistas da Rodovia Presidente Dutra. O processo consistiu na execução de 160 iterações da dilatação da imagem de marcadores, pelo elemento estruturante „cruz‟, condicionada a imagem pré- processada. O resultado está apresentado na Figura 04, onde pode ser observado que somente as pistas da rodovia foram extraídas atendendo ao objetivo do trabalho. 
Figura 04: Reconstrução morfológica das pistas da Figura 02. 
Na seqüência, o resultado da reconstrução foi então binarizado utilizando o valor 80 como limiar. Tal resultado está mostrado na Figura 05. 
Figura 05: Imagem binarizada. 
Finalmente, a imagem limiarizada foi erodida com o elemento „cruz‟, e o resultado subtraído dela. Esse procedimento gerou a imagem de bordas ilustrada na Figura 06, que é o resultado final deste trabalho. 
Figura 06: Extração das bordas da Figura 5.
CONCLUSÃO 
Extrair feições de imagens digitais obtidas por Sensoriamento Remoto não é uma tarefa simples, e várias são as aplicações em Processamento Digital de Imagens que podem ser utilizadas com esse intuito. Neste trabalho, a técnica de PDI empregada foi a Morfologia Matemática, escolhida por apresentar operações capazes de fazer a análise da estrutura geométrica das entidades presentes nas imagens. Isso porque a Morfologia Matemática tem como fundamento a teoria de conjuntos, o que permite quantificar as entidades do ponto de vista da forma. Em vista disto e, como se esperava, as operações morfológicas foram totalmente eficazes na extração das pistas presentes na imagem. Os resultados mostrados na Figura 06 atestam que, a partir da imagem original, foi possível, com a técnica de Morfologia Matemática utilizada, extrair apenas as bordas das pistas da rodovia, eliminando todos os demais alvos presentes na imagem original. No resultado final obtido, as entidades de interesse estão completamente extraídas e não há presença de quaisquer segmentos pertencentes à vizinhança das pistas da rodovia. 
O resultado da extração foi extremamente positivo e pode ser utilizado em processos convencionais de atualização de produtos cartográficos, o que auxiliará, sobremaneira, a área de Cartografia, uma vez que a maioria dos produtos cartográficos existentes no Brasil estão desatualizados. A metodologia empregada para a extração das pistas pode ser utilizada para a extração dos demais alvos presentes na cena, de acordo com o objetivo. Pode-se querer, por exemplo, extrair áreas urbanas, redes de drenagem, etc. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BAKKER, M. P. R. Cartografia: Noções básicas. Rio de Janeiro: DHN, 1965. 242p. 
FACON, J. Morfologia Matemática: Teoria e Exemplos. Curitiba, PUC,1996. 
SOILLE, P. Morphological Image Analysis. Berlin. Springer-Verlag, 1999. 
DADOS DOS AUTORES 
(1) Thiago Statella, Engenheiro Cartógrafo formado em 2002 pela Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP, Campus de Presidente Prudente, local onde atualmente cursa o mestrado em Ciências Cartográficas no qual aborda técnicas de Morfologia Matemática para extração de feições a partir de imagens de Sensoriamento Remoto. 
(2) Erivaldo Antonio da Silva, Engenheiro Cartógrafo formado em 1985 pela FCT – UNESP, mestre em Sensoriamento Remoto em 1983 pelo INPE, Doutor em Engenharia de Transportes em 1995 pela USP, Livre Docente em Sensoriamento Remoto no ano de 2002 pela UNESP.
Atualmente é professor adjunto, atua nas áreas de Sensoriamento Remoto - Processamento Digital de Imagens, junto ao departamento de Cartografia da UNESP, Campus de Presidente Prudente – SP, onde tem ministrado aulas nos cursos de graduação em Engenharia Cartográfica, Engenharia e Ambiental e na Pós- Graduação, em Ciências Cartográficas. Tem orientado vários alunos de iniciação científica e mestrado.

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  • 1. EXTRAÇÃO DE MALHA VIÁRIA A PARTIR DE IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO UTILIZANDO MORFOLOGIA MATEMÁTICA THIAGO STATELLA (1), ERIVALDO ANTONIO DA SILVA (2) RESUMO O trabalho apresenta a extração de rodovias em imagens digitais, utilizando técnicas de Morfologia Matemática. Assim, valendo-se de operações como afinamento, esqueletização por regiões de influência e reconstrução, dentre outras, extraiu-se com sucesso parte das pistas da rodovia Presidente Dutra presentes na área de estudo. Palavras-chave: Morfologia Matemática, Extração de rodovias, Sensoriamento Remoto. ABSTRACT This paper presents the feature extraction from Remote Sensing imagery by Mathematical Morphology. Indeed, thining, skeleton by influence zones and morphological reconstruction were some of the operations applied in road extraction in the imagery. Keywords: Mathematical Morphology, Road Extraction, Remote Sensing.
  • 2. INTRODUÇÃO Desde o surgimento da civilização, o homem tem necessidade de demarcar e/ou representar os seus limites espaciais de ocupação, seja por questões econômicas e políticas ou por questões sociais. A conseqüência direta desta necessidade foi o surgimento do mapa, que é, de todas as modalidades de comunicação, uma das mais antigas da humanidade. O ramo do conhecimento científico que se encarrega da confecção de mapas é a Cartografia, cujo termo é um neologismo inventado pelo português Visconde de Santarém em 1839, em substituição ao antigo termo “Cosmografia”. Segundo Bakker (1965), Cartografia é a ciência e a arte de expressar graficamente, por meio de mapas e cartas, o conhecimento humano da superfície terrestre. No Brasil, ainda hoje, existem regiões com recobrimento cartográfico deficiente, principalmente naquelas onde as dificuldades de acesso e condições climáticas oneram os procedimentos convencionais. Além disso, os mapas sofrem contínua desatualização, seja por mudanças naturais sofridas pelo meio ambiente no decorrer dos tempos, ou pela interferência direta do homem nesse ambiente. Ao falar em atualização dessas informações, a preocupação deve ser a detecção de alterações. Muitas são as técnicas que levam à detecção de alterações do ambiente. Dentre elas, o uso de Sensoriamento Remoto aliado a técnicas de Processamento Digital de Imagens (PDI) vem se destacando. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo, levando em conta a deficiência cartográfica nacional, contribuir para a automação da área de Cartografia através da utilização integrada de dados de Sensoriamento Remoto e técnicas de Processamento Digital de Imagens. Especificamente, o objetivo é a extração automática de rodovias de imagens aéreas. O intuito é apresentar uma metodologia para extração de rodovias usando Sensoriamento Remoto e técnicas de Morfologia Matemática (MM). É sabido que o Sensoriamento Remoto tem servido como fonte de dados para estudos em diversas áreas, como por exemplo, Cartografia, Áreas Urbanas, Florestas, Ambientes Agrícolas, entre outros. O uso da Morfologia Matemática neste trabalho tem como justificativa principal a utilização de operadores morfológicos como método alternativo para o processo de extração das pistas da rodovia, visando contribuir para a área de Cartografia. A MM é uma poderosa ferramenta de PDI que dispõe de um grande número de processamentos aplicáveis as mais diversas áreas, tais como Biologia, Metalografia, Medicina, Visão Robótica, Controle de Qualidade, Reconhe- cimento de Padrões.
  • 3. MORFOLOGIA MATEMÁTICA A Morfologia Matemática trata das formas que a matéria pode tomar. Por exemplo, a morfologia social é o estudo das estruturas da vida social. Da mesma maneira, a morfologia vegetal refere-se ao estudo da estrutura dos organismos vegetais (FACON,1996). Portanto, seguindo esses exemplos, a Morfologia Matemática deve levar em consideração modelos matemáticos. Isto significa que devemos então estudar estruturas matemáticas nas imagens digitais. Porém, uma imagem não é, por definição, uma matéria, mas uma representação gráfica, plástica ou fotográfica de um objeto, segundo Facon (1996). Portanto, ela pode conter qualquer tipo de matéria. Assim, a Morfologia Matemática elaborada inicialmente por Georges Matheron e Jean Serra, concentra seus esforços no estudo da estrutura geométrica das entidades presentes em uma imagem. De acordo com Facon (1996), a base da Morfologia Matemática está apoiada no princípio da análise da estrutura geométrica das imagens. Isto é feito através do uso de um conjunto conhecido e bem definido denominado elemento estruturante. O elemento estruturante é comparado ao conjunto desconhecido da imagem, a partir de uma transformação que analisa essa imagem. A seguir, dois exemplos de elementos estruturantes utilizados no trabalho, o elemento „cruz‟ (a) e o „máscara cheia‟ (b): 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 (a) (b) A Morfologia Matemática possui, em seu fundamento, duas operações básicas, a Erosão e a Dilatação, a partir das quais são derivadas todas as outras operações morfológicas. Seguem aqui as definições dessas duas operações primordiais: Erosão: A erosão, segundo Soille (1999), de um sinal f por um elemento estruturante B, é:  ( f )(x) min f (x b) b B B     (01) Como pode ser observado pela equação 01, o valor da erosão para um dado pixel x é o valor mínimo da imagem na janela definida pelo elemento estruturante quando sua origem está em x. Os efeitos da erosão são:  Escurecimento da imagem;  Alargamento dos vales (padrões escuros);  Conexão de vales próximos;  Redução e, às vezes, eliminação de picos (padrões claros); e  Separação de picos próximos.
  • 4. Dilatação: A dilatação de um sinal f por um elemento estruturante B, segundo Soille (1999) fica:  ( f )(x) max f (x b) b B B     (02) Segundo a equação 02, o valor da dilatação para um dado pixel x é o valor máximo da imagem na janela definida pelo elemento estruturante quando sua origem está em x. Os efeitos da dilatação são:  Clareamento da imagem;  Alargamento dos picos (padrões claros);  Conexão de picos próximos;  Redução e às vezes eliminação de vales (padrões escuros); e  Separação de vales próximos. Afinamento Para o caso binário, a operação de afinamento de um conjunto consiste em retirar dele pontos que correspondem a uma configuração dada. Uma etapa de afinamento é definida por Facon (1996) da seguinte maneira: AFI V (X)= X / ( Bi (X)   Be ( X C )) (03) Esqueletização por Regiões de Influência Em termos matemáticos, seja X uma imagem binária ou um conjunto e K1, K2,..., Kn os componentes conectados de X. A zona de influência IZ de uma partícula Ki é o conjunto dos pixels do plano da imagem que está mais próximo a Ki do que qualquer outra partícula de X. O esqueleto por zonas de influência, ou SKIZ é definido como sendo os pontos que não pertencem a qualquer zona de influência (SOILLE, 1999): c i i SKIZ X IZ K         ( )   ( ) (04) Pruning De acordo com Soille (1999), a transformação de pruning é implementada através da detecção de pontos finais e sua remoção até a idempotência, ou seja: PRUNE(X) = (X AFIs E)( ) (05) Onde E se refere a um elemento estruturante utilizado para detectar pontos finais e  indica que o afinamento seqüencial é iterado até a estabilidade. O afinamento seqüencial é definido como sendo: XAFIsB XAFI B AFI AFI B n (...(  ) ...)  1  (06) Onde 1B... nB denotam as n rotações do elemento estruturante B. Um pruning paramétrico de tamanho n consiste em remover n pixels de cada ramo do esqueleto, a partir de cada ponto final:
  • 5. ( ) ( ) ( ) ( ) n n PRUNE X  XAFIsE (07) Quando o pruning é levado à estabilidade, as únicas partes do esqueleto que não são suprimidas são os arcos fechados ou “laços” do esqueleto. Dilatação Condicional Muitos operadores morfológicos consi-deram as imagens como sendo conjuntos indivisíveis. Porém, pode surgir a necessidade de restringir os processos em uma região específica de uma imagem como, por exemplo, processar algumas falhas em imagens metalográficas, estudar uma célula específica numa imagem contendo vários tipos delas, etc. Uma primeira possibilidade de processar parcialmente uma imagem consiste em definir um sub-conjunto da imagem onde as operações são válidas. Por exemplo, tratar um sub-conjunto Z do conjunto inicial X. A operação dilatação dita condicional permite realizar esse tipo de processamento (FACON, 1996). Pode-se definir, então, para imagens binárias, a dilatação do sub-conjunto Z condicionada a X (com Z  X) pelo elemento estruturante B, como: Z Z X B B cX    (08) E para imagens em tons de cinza, como: Z Z X B B cX    (09) Procedendo-se desta maneira, é possível pensar em reconstruir o conjunto X através de sucessivas dilatações condicionais do sub-conjunto Z (com respeito a X) até a estabilidade. Assim, baseado em Soille (1999), a reconstrução por dilatação condicional de uma imagem máscara X a partir de uma imagem marcadora Z (com Dx = Dz e Z  X) pode ser definida como:     R X Z i cx  (10) Onde i é tal que cx (i) (Z) = cx (i+1) (Z) Neste trabalho, como o interesse é a extração das pistas da rodovia, contidas na imagem, a dilatação condicional foi aplicada para realizar esta tarefa na sub-área onde tais feições estão presentes. Abertura e Fechamento Uma vez que uma imagem tenha sido erodida, não há uma transformação inversa para obter a imagem original de volta. A idéia por trás da abertura morfológica é dilatar a imagem erodida para recuperar o quanto for possível da imagem original. Segundo Soille (1999), a abertura  de uma imagem f por um elemento estruturante B é denotada por B(f) e é definida como a erosão de
  • 6. f por B, seguida da dilatação pelo elemento estruturante transposto B’: ( )  ( ) ' f f B B B    (11) Já a idéia por trás do fechamento morfológico é construir um operador tendendo a recuperar a forma inicial das estruturas da imagem que tenham sido dilatadas. Isso é conseguido erodindo-se a imagem dilatada. O fechamento de uma imagem f por um elemento estruturante B é denotado B(f) e é definido como a dilatação de f com um elemento estruturante seguida por uma erosão com o elemento estruturante transposto B’: ( )  ( ) ' f f B B B    (12) Top-hats A escolha de um dado filtro morfológico é guiada pelo conhecimento disponível sobre a forma, tamanho e orientação das estruturas que se pretende filtrar. Realmente, a aplicação de top-hats consiste em usar conhecimento sobre características da forma que não são compartilhadas pelas estruturas relevantes da imagem. Uma abertura ou fechamento com um elemento estruturante que não se ajusta às estruturas relevantes da imagem é então usado para remove-las da imagem. Essas estruturas são recuperadas através da diferença aritmética entre a imagem e sua abertura ou entre o fechamento e a imagem. Essas diferenças aritméticas são a base da definição de top-hats morfológicos. Para Soille (1999), o top-hat por abertura de uma imagem f é a diferença entre a imagem original f e sua abertura  : WTH( f )  f  ( f ) (13) E o top-hat por fechamento é definido como a diferença entre o fechamento  da imagem original e a imagem original: BTH( f )  ( f )  f (14) MÉTODO A execução do trabalho teve início com a escolha da imagem a ser utilizada. A imagem contém parte das pistas da rodovia Presidente Dutra, na região de São José dos Campos (SP). Na seqüência, com base nos tipos de alvos presentes na imagem, foram selecionadas quais operações morfológicas seriam mais adequadas para processar a imagem em questão com intuito de extrair as pistas. Terminada esta etapa, as operações escolhidas foram aplicadas e os resultados obtidos foram analisados. Para a execução das tarefas de processamento a área de estudo utilizou-se o software Matlab, através do qual pôde-se acessar uma caixa de ferramentas específica contendo operadores morfológicos.
  • 7. RESULTADOS A seguir, na Figura 01, é mostrada a imagem da área de estudo escolhida. Figura 01: Fotografia aérea da Rodovia Presidente Dutra, na cidade de São José dos Campos (SP). Na Figura 01, as feições cartográficas de interesse para a extração são as pistas da rodovia. O primeiro passo dado foi, então, realizar um pré-processamento na imagem, aumentando o contraste entre as pistas e sua vizinhança, de maneira a se obter uma melhor definição dos alvos de interesse e, ao mesmo tempo, tornar os valores de brilho das feições vizinhas os mais distintos possíveis. Com esse intuito, as operações morfológicas realizadas foram:  Eliminação de picos de contraste;  Eliminação de componentes conectados de tamanho inferior a 100 pixels; e  Aplicação de top-hat por abertura. O resultado obtido é mostrado na Figura 02. Figura 02: Resultado do pré-proces-samento sobre a imagem original. A partir de então, o passo seguinte foi obter a imagem de marcadores usada para a reconstrução morfológica da imagem pré- processada por dilatações condicionais controladas, de maneira que somente as pistas fossem reconstruídas. Para tanto, a imagem de marcadores deveria possuir somente sub- conjuntos representativos da rodovia. Assim, os passos efetuados para gerar tal imagem foram:  Binarização da Figura 02 com limiar 120;  Afinamento até a idempotência;  Aplicação de pruning com 500 iterações;  Eliminação (novamente) de componentes conectados com tamanho inferior a 100; A Figura 03 exibe a imagem de marcadores obtida via o procedimento descrito:
  • 8. Figura 03: Imagem de marcadores. Utilizando a imagem de marcadores, foi possível reconstruir somente as pistas da Rodovia Presidente Dutra. O processo consistiu na execução de 160 iterações da dilatação da imagem de marcadores, pelo elemento estruturante „cruz‟, condicionada a imagem pré- processada. O resultado está apresentado na Figura 04, onde pode ser observado que somente as pistas da rodovia foram extraídas atendendo ao objetivo do trabalho. Figura 04: Reconstrução morfológica das pistas da Figura 02. Na seqüência, o resultado da reconstrução foi então binarizado utilizando o valor 80 como limiar. Tal resultado está mostrado na Figura 05. Figura 05: Imagem binarizada. Finalmente, a imagem limiarizada foi erodida com o elemento „cruz‟, e o resultado subtraído dela. Esse procedimento gerou a imagem de bordas ilustrada na Figura 06, que é o resultado final deste trabalho. Figura 06: Extração das bordas da Figura 5.
  • 9. CONCLUSÃO Extrair feições de imagens digitais obtidas por Sensoriamento Remoto não é uma tarefa simples, e várias são as aplicações em Processamento Digital de Imagens que podem ser utilizadas com esse intuito. Neste trabalho, a técnica de PDI empregada foi a Morfologia Matemática, escolhida por apresentar operações capazes de fazer a análise da estrutura geométrica das entidades presentes nas imagens. Isso porque a Morfologia Matemática tem como fundamento a teoria de conjuntos, o que permite quantificar as entidades do ponto de vista da forma. Em vista disto e, como se esperava, as operações morfológicas foram totalmente eficazes na extração das pistas presentes na imagem. Os resultados mostrados na Figura 06 atestam que, a partir da imagem original, foi possível, com a técnica de Morfologia Matemática utilizada, extrair apenas as bordas das pistas da rodovia, eliminando todos os demais alvos presentes na imagem original. No resultado final obtido, as entidades de interesse estão completamente extraídas e não há presença de quaisquer segmentos pertencentes à vizinhança das pistas da rodovia. O resultado da extração foi extremamente positivo e pode ser utilizado em processos convencionais de atualização de produtos cartográficos, o que auxiliará, sobremaneira, a área de Cartografia, uma vez que a maioria dos produtos cartográficos existentes no Brasil estão desatualizados. A metodologia empregada para a extração das pistas pode ser utilizada para a extração dos demais alvos presentes na cena, de acordo com o objetivo. Pode-se querer, por exemplo, extrair áreas urbanas, redes de drenagem, etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKKER, M. P. R. Cartografia: Noções básicas. Rio de Janeiro: DHN, 1965. 242p. FACON, J. Morfologia Matemática: Teoria e Exemplos. Curitiba, PUC,1996. SOILLE, P. Morphological Image Analysis. Berlin. Springer-Verlag, 1999. DADOS DOS AUTORES (1) Thiago Statella, Engenheiro Cartógrafo formado em 2002 pela Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP, Campus de Presidente Prudente, local onde atualmente cursa o mestrado em Ciências Cartográficas no qual aborda técnicas de Morfologia Matemática para extração de feições a partir de imagens de Sensoriamento Remoto. (2) Erivaldo Antonio da Silva, Engenheiro Cartógrafo formado em 1985 pela FCT – UNESP, mestre em Sensoriamento Remoto em 1983 pelo INPE, Doutor em Engenharia de Transportes em 1995 pela USP, Livre Docente em Sensoriamento Remoto no ano de 2002 pela UNESP.
  • 10. Atualmente é professor adjunto, atua nas áreas de Sensoriamento Remoto - Processamento Digital de Imagens, junto ao departamento de Cartografia da UNESP, Campus de Presidente Prudente – SP, onde tem ministrado aulas nos cursos de graduação em Engenharia Cartográfica, Engenharia e Ambiental e na Pós- Graduação, em Ciências Cartográficas. Tem orientado vários alunos de iniciação científica e mestrado.