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revolução
dainformaçÃO
A6a
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ocê, leitor, seguiria os
nobres espanhóis que
dominavam a econo-
mia no século 17 ou os
tecelões ingleses que
exploraram a tecnologia da impres-
são de Gutenberg?
Uma resposta genuína a essa ques-
tão é muito importante, de acordo
com a historiadora econômica Elin
Whitney-Smith, uma vez que a grande
encruzilhada em que os gestores em-
presariais de hoje se encontram, diante
das mudanças tecnológicas e econômi-
cas, é muito similar à de 300 anos atrás.
Conforme Whitney-Smith, trata-se
da sexta vez, desde a aurora da civi-
lização, que as sociedades humanas
enfrentam uma onda de mudança
dessa magnitude. Em todas as vezes
anteriores, uma inovação em infor-
mação foi o gatilho da ruptura, o que
levou a nova forma de organização.
Whitney-Smith sabe do que fala: ela
passou 30 anos pesquisando e aper-
feiçoando sua teoria da evolução
econômica como uma série de rup-
turas na tecnologia da informação.
Na entrevista a seguir, a especia-
lista afirma ainda ser uma incógnita
se os líderes vão considerar, como
deveriam, as lições do passado, em-
bora eles consigam enxergar o que
está acontecendo com muito mais
clareza que seus antecessores. Com
declarações polêmicas, como a de
que o fenômeno chinês é temporá-
rio, Whitney-Smith adverte: estra-
tégias de curto prazo, embora se te-
nham mostrado irresistíveis a cada
revolução da tecnologia da informa-
ção, foram fatais para muitos.
Você afirma que os eventos turbu-
lentos da economia atual têm todos a
mesma raiz: uma mudança na manei-
ra como a informação é gerida. Pode
nos explicar essa ideia?
Cada uma das seis revoluções da infor-
mação pela qual a humanidade passou
significou uma grande mudança no
paradigma organizacional, ou seja, em
como as pessoas se reúnem em grupos
–e, portanto, nas empresas e na econo-
mia também.
A primeira delas ocorreu entre os
caçadores-coletores pouco antes da
invenção da agricultura. Depois, vie-
ram a capacidade de calcular e a lin-
guagem escrita. Em terceiro lugar,
temos a queda do Império Romano.
Em quarto, a invenção da imprensa.
O quinto ponto foi a revolução da in-
formação elétrica que acompanhou os
trens, o telégrafo e o telefone. Final-
mente, a sexta mudança é a revolu-
ção da informação digital que esta-
mos vivendo com a internet. [Veja
quadro na próxima página.]
AentrevistaédeArtKleiner,editor-che-
fe da revista strategy+business e autor
deTheageofheretics:ahistoryofradical
thinkers who reinvented corporate ma-
nagement(ed.Jossey-Bass).
Em entrevista, a historiadora
Elin Whitney-Smith mostra que há importantes
decisões a ser tomadas na revolução digital
V
“cada uma das seis revoluções da
informação significou uma grande
mudança no paradigma organizacional”
HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br 69
Nas últimas três revoluções, a eco-
nomia seguiu o mesmo padrão: um
grande boom seguido de uma gran-
de quebra. Então, uma batalha difícil
e turbulenta começa. Novas manei-
ras de organização emergem e os ve-
lhos tempos das elites estabelecidas
sucumbem.
Por que a elite perde o poder nessas
ocasiões?
No curto prazo, é sempre melhor ser
um nobre espanhol do que um tece-
lão inglês, mas no longo prazo a si-
tuação vira.
No século 17, os nobres da Espa-
nha não tinham razão para inovar,
já que sua riqueza estava assegu-
rada. Já os tecelões e comerciantes
dos países do norte da Europa, como
Inglaterra e Holanda, se reorganiza-
ram para tirar vantagem das novas
capacidades que a prensa móvel lhes
trazia. A liderança econômica do
Ocidente migrou para eles, enquan-
to os nobres foram ficando para trás.
Similarmente, nos anos 1970, era
melhor ser presidente da General
Motors do que um universitário
que escrevesse um código de com-
putador. Hoje, nossos líderes estão
fazendo as mesmas besteiras que as
elites do passado. Assim, reduzem
a possibilidade de dominação futu-
ra. Eles ignoram a nova tecnologia
da informação e perdem oportuni-
dades ou temem o mundo que ela
cria e tentam cooptá-lo, eliminá-lo
ou controlá-lo. Isso geralmente não
dá certo. As fortunas diminuem e
novo grupo de concorrentes domi-
nantes emerge.
Quanto tempo leva essa transição?
Ao longo da história, esse intervalo
vem diminuindo. Entre os caçadores-
-coletores, foram necessários milha-
res de anos para fazerem a transi-
ção para a agricultura. Da queda de
Roma à imprensa foram cerca de mil
anos. A revolução da imprensa durou
220 anos. A revolução da eletricidade,
110. A digital começou há 50 anos.
Por que chamar essas revoluções an-
tigas de “revoluções da informação”?
Se as populações pré-agrícolas eram
de alguma forma parecidas com os
povos caçadores-coletores que ain-
da existem, elas eram a cultura de
informação mais pura que já hou-
ve. Viviam segundo o que sabiam,
e não em cima do que possuíam.
Sabiam onde os animais estariam e
seu status provinha da informação
–ter uma história melhor, ou uma
canção e uma dança melhores. Sua
visão de mundo era baseada em
compartilhamento. Uma história ga-
nhava valor ao ser compartilhada.
Assim vivemos até 10 mil anos
atrás, quando as extinções levaram a
uma mudança radical na percepção
das pessoas: elas começaram a ver o
mundo sob o viés da escassez, o que
ainda persiste.
Portanto, na primeira revolução da
informação, as pessoas se distancia-
ram da cultura de informação pura e
passaram a confiar na posse de bens
materiais. Mudou, então, a organiza-
ção social, pois nos tornamos seden-
tários. Começamos a suplementar a
caça e a pesca com a agricultura e,
mais tarde, com a pecuária. De acor-
do com os arqueólogos, a qualidade
de vida piorou. Morando mais pró-
caçadores-coletores viviam num
mundo de abundância e igualdade,
confiando no que sabiam (cultura
de informação pura), mas sofreram
o impacto das extinções do final da
era do gelo, há cerca de 10 mil anos.
o ambiente mudou tão drasticamente
que, de abundância, a perspectiva pas-
sou a ser a da escassez.
inseguros, passamos a confiar mais no que temos do que
no que sabemos. tornamo-nos sedentários para armazenar
bens. surgiu a agricultura e os símbolos do sistema agrícola
evoluíram para a escrita, uma necessidade para os governos
das cidades-estado. também as habilidades de cálculo evo-
luíram e a produção pôde ser mais bem controlada.
1ªPRÉ-HISTÓRIa
2ªInVenÇÃOdaeSCRITa
agenda2020
70 HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br
ximas umas das outras, as pessoas
acumularam mais lixo, mais germes
e mais doenças surgiram. Era neces-
sário trabalhar mais para cuidar da
lavoura e dos animais. Aliado à cres-
cente confiança em bens materiais,
isso levou à especialização, e a espe-
cialização levou à hierarquização e à
estratificação social.
Evoluiu a capacidade de calcular
também. Moedas encontradas no
Oriente Médio mostram que o comér-
cio estava começando. Pelos 5 mil anos
seguintes, o mundo foi definido pela
escrita. Escrever mudou o paradig-
ma da organização: de pequenas vilas
com líderes carismáticos para uma
elite tripartite –a liderança política, a
militar e a religiosa, que controlavam
as informações. Era uma estrutura or-
ganizacional incrivelmente estável. As
cidades-Estado e os impérios surgiam
e desapareciam, mas a estrutura era
a mesma. Com a queda do Império
Romano, apenas a Igreja conseguiu
manter sua estrutura organizacional e
seu poder na Europa.
Tal mudança resultou na liberação
de informações e na melhoria de vida
das pessoas comuns. A Igreja também
mudou a percepção sobre o trabalho:
deixou de ser algo só para escravos e
passou a ser virtude. Se alguém tives-
se algo para vender, teria de destinar
um décimo à Igreja. A inovação e o
desenvolvimento tecnológico, então,
ganharam apoio crucial. Era o come-
ço da abundância no Ocidente.
a revolução da prensa não teve um
caráter diferente das revoluções da
informação que a precederam?
Sim, mas a principal diferença talvez
seja o fato de termos um relato mais
detalhado disso. A partir da prensa,
podemos detectar duas correntes
distintas de inovação, como agora:
“a partir da revolução da prensa, podemos
detectar duas fases distintas de inovação,
como está acontecendo agora”
3ªQUedadOIMPÉRIO
ROManO
havia excesso de informação e os go-
vernantes não souberam como lidar
com isso. com a queda de roma, no
ano 476, houve liberação de informação.
a invenção da prensa móvel por guten-
berg, por volta de 1439, levou ao fim do
feudalismo e ao início do capitalismo,
após ter possibilitado que os artesãos
enriquecessem e os nobres decaís-
sem. os países do norte da europa
assumiram a liderança no ocidente e
houve o retorno a uma visão de abun-
dância. nascia a idade moderna.
4ªInVenÇÃOda
PRenSaMÓVeL
5ªInFORMaÇÃO
eLÉTRICa
6ªInFORMaÇÃO
dIgITaL
a partir de 1830, o sistema de trens e te-
légrafos conectou as pessoas de locali-
dades diferentes e o mundo se ampliou.
a hierarquia e a gestão se tornaram ra-
cionais. a liderança do mundo ocidental
migrou de londres para nova york.
fase instalada em 1957, com os
mainframes. na gestão, é chegado o
tempo da pouca hierarquização e da
ampla abertura.
migrou de londres para nova york.
71HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br
• A primeira, fomentada pela elite,
abrangeu novas formas de governo,
ciência, poesia e até de fazer a corte.
O governo foi de pequenos Estados
feudais a grandes Estados liderados
por monarcas com a ajuda de mi-
nistros que aprendiam gestão nas
faculdades. As elites também usa-
ram a tecnologia de impressão para
iniciar a era da exploração. Todos os
exploradores passaram a comparti-
lhar a mesma informação, os mapas
que eram aperfeiçoados conforme se
aprendia. Isso levou a maneiras mais
consistentes de pensar o mundo.
• A segunda fase da inovação aconte-
ceu no norte protestante, onde a im-
prensa não era restrita. Muitos apren-
deram a ler, já que, na doutrina pro-
testante, homens comuns podiam ler
a Bíblia. Os impressores começaram
a concorrer entre si, o que aumentou
o volume de material publicado.
Das classes mais baixas, como a dos
artesãos, surgiu a inovação. Jack
O’Newbury, filho de tecelão, contratou
cem aprendizes, enquanto seu mestre
tinha apenas dois ou três. A diferença
era que Jack, letrado, agora era capaz de
controlar a produção sem ter de viver
com os aprendizes. A produção aumen-
tou, os preços caíram e mais dinheiro
foi acumulado pelos artesãos, que se
tornaram os primeiros capitalistas.
além da nobreza, quem não ficou feliz
com a mudança?
A Europa católica ficou para trás, mas,
mesmo na protestante, a mudança não
foi boa para todos. As mulheres, por
exemplo, perderam seu poder e privi-
légio, pois os negócios deixaram de ser
feitos em casa. Elas não eram tão letra-
das quanto os homens e seu domínio
passou a ser percebido como o do lar.
a revolução seguinte envolve a ferrovia
e o telégrafo, nos anos 1830, e o telefo-
ne, na década seguinte. Que diferença
fizeram?
Os sinais de telégrafo eram necessá-
rios para coordenar os trens. Essa re-
volução tornou as pessoas mais cons-
cientes da abrangência geográfica da
nação, ou seja, elas se conectaram a
outras localidades. No contexto dos
negócios, a velha hierarquia local, na
qual os de baixo deveriam obedecer
a todos os que estivessem acima, foi
substituída por uma hierarquia mais
ampla na base e mais restrita e racio-
nal também.
Agora, os trabalhadores tinham
apenas de obedecer a seu chefe di-
reto. De repente, todos sabiam seu
lugar no organograma, cuja repre-
sentação é inspirada nos diagramas
dos telégrafos. As estradas de ferro
foram as primeiras empresas com
esse tipo de administração, o que as
colocou em vantagem sobre outras
empresas na depressão de 1880.
saibamaissobreWHITneY-SMITH
a historiadora elin Whitney-smith tem grande trânsito no meio empresarial; com
frequência é chamada a falar sobre o impacto crescente das tecnologias nos am-
bientes econômico e organizacional. fundou e dirige, nos estados unidos, a ne-
talyst, firma de consultoria especializada na interface entre a organização social
–que inclui a empresa com fins lucrativos, naturalmente– e a tecnologia. sua
companhia funciona de modo virtual, o que mostra que Whitney-smith é uma
early-adopter do que ela entende como forma vitoriosa de gestão para o futuro.
a pesquisadora tem se dedicado a um novo livro, intitulado Winning infor-
mation revolutions: from the ice age to the internet, que vem sendo publi-
cado capítulo a capítulo na internet (information-revolutions.com),
conforme ela o escreve. nessa obra digital, Whitney-smith
aprofunda sua ideia de que uma revolução da informação
é uma mudança importante na relação entre infor-
mação e bens materiais.
agenda2020
HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br72
HSM Management
“isso [na china] É temporário. a inovação
duradoura não vem das elites, mas das
bordas; requer amplo acesso a informação”
No início da Grande Depressão, em
1929, as únicas grandes empresas
que restaram eram as geridas racio-
nalmente, como Ford, DuPont e Birds
Eye. O país que mais tinha abraça-
do as novas tecnologias da infor-
mação, os Estados Unidos, tomou a
liderança da economia. A Inglaterra
perdeu seu poder.
Chegamos, então, à revolução digital.
Como começou?
Considero 1957 o início da revolução
digital, é o ano do filme Amor eletrônico
(Desk set), de Walter Lang. É uma co-
média em que Spencer Tracy é um en-
genheiro que instala um computador
chamado Emerac (parodiando o Eniac,
da IBM) em uma rede de televisão. Na-
quele ano, as pessoas já anteviam que
os computadores seriam universaliza-
dos e conteriam todo tipo de comunica-
ção: áudio, vídeo, texto e dados.
Estavam começando a se preocupar
com a possibilidade de serem substi-
tuídas por máquinas inteligentes. O
filme, inclusive, foi parcialmente pa-
trocinado pela IBM, que queria ate-
nuar esse sentimento.
De novo, houve uma fase inicial,
a dos mainframes, durante a qual as
instituições estabelecidas adotaram
os computadores como ferramenta de
gestão. A administração científica as-
cendeu. Nessa época, a União Soviética
(URSS) era o maior rival dos Estados
Unidos, que adotaram uma política de
informação aberta, e não conseguia fa-
zer frente a isso. Na tecnologia digital, a
entidade com mais liberdade de infor-
mação vence.
e o presente?
Hoje, estamos apenas começando a
ver a inovação organizacional da se-
gunda fase emergir. As novas empre-
sas assumem a internet como algo
certo. Elas foram criadas por uma ge-
ração que teve acesso aos computado-
res desde a infância.
Os negócios que estão menos sujei-
tos à abordagem hierárquica, como o
Facebook, em que qualquer engenhei-
ro pode modificar qualquer parte do
código do programa, vêm prosperan-
do. O mesmo vale para empresas que
contam com a contribuição maciça dos
funcionários, como as de gestão aberta.
Mas há uma China em que o governo
parece ser capaz de controlar o fluxo
de informações enquanto mantém uma
sociedade tecnologicamente vibrante...
Isso é temporário, como foi para os
nobres espanhóis. A inovação dura-
doura não vem das elites, mas das
bordas, das pessoas que estão tendo
acesso ao sistema pela primeira vez.
A inovação duradoura requer amplo
acesso a informação.
ao comparar as corporações de hoje
com os nobres espanhóis, você quer di-
zer que sua sobrevivência é duvidosa?
Sim, a menos que mudem, o que é
possível. A DuPont sobreviveu como
empresa familiar na última grande re-
volução da informação ao profissiona-
lizar-se e adotar princípios difundidos
pelas ferrovias. No mundo atual, a nova
onda das organizações sobreviventes
também virá com estrutura diferente.
Não está claro como elas serão, mas
sabemos que envolverão muito mais
pessoas dos níveis mais baixos na to-
mada de decisão. De fato, a cada nova
revolução da informação, os direitos
decisórios foram sendo empurrados
mais para baixo. Uma das inovações
sociais da revolução da informação
elétrica foi o condutor de trem. Ele era
um indivíduo da classe trabalhadora,
mas vestia terno e gravata e tinha um
relógio. Podia dizer “Todos a bordo!”
para um aristocrata, que deveria subir
no trem ou ficaria para trás. Essa foi
uma enorme inovação social.
A tecnologia digital torna possível
àqueles que têm interesse na saúde
de longo prazo da empresa obter
mais informações. Nas novas orga-
nizações achatadas, que se parecem
mais com redes do que hierarquias,
todos saberão tudo sobre elas, in-
cluindo seus segredos financeiros.
Todos conhecerão os salários uns
dos outros e poderão dizer: “Acho
que você ganha muito pelo volume
de valor que produz”. Essas empre-
sas superarão as concorrentes. Pen-
so que podemos esperar essa nova
ordem se manifestar já em 2012.
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A revolução digital e as lições do passado para os gestores de hoje

  • 2. ocê, leitor, seguiria os nobres espanhóis que dominavam a econo- mia no século 17 ou os tecelões ingleses que exploraram a tecnologia da impres- são de Gutenberg? Uma resposta genuína a essa ques- tão é muito importante, de acordo com a historiadora econômica Elin Whitney-Smith, uma vez que a grande encruzilhada em que os gestores em- presariais de hoje se encontram, diante das mudanças tecnológicas e econômi- cas, é muito similar à de 300 anos atrás. Conforme Whitney-Smith, trata-se da sexta vez, desde a aurora da civi- lização, que as sociedades humanas enfrentam uma onda de mudança dessa magnitude. Em todas as vezes anteriores, uma inovação em infor- mação foi o gatilho da ruptura, o que levou a nova forma de organização. Whitney-Smith sabe do que fala: ela passou 30 anos pesquisando e aper- feiçoando sua teoria da evolução econômica como uma série de rup- turas na tecnologia da informação. Na entrevista a seguir, a especia- lista afirma ainda ser uma incógnita se os líderes vão considerar, como deveriam, as lições do passado, em- bora eles consigam enxergar o que está acontecendo com muito mais clareza que seus antecessores. Com declarações polêmicas, como a de que o fenômeno chinês é temporá- rio, Whitney-Smith adverte: estra- tégias de curto prazo, embora se te- nham mostrado irresistíveis a cada revolução da tecnologia da informa- ção, foram fatais para muitos. Você afirma que os eventos turbu- lentos da economia atual têm todos a mesma raiz: uma mudança na manei- ra como a informação é gerida. Pode nos explicar essa ideia? Cada uma das seis revoluções da infor- mação pela qual a humanidade passou significou uma grande mudança no paradigma organizacional, ou seja, em como as pessoas se reúnem em grupos –e, portanto, nas empresas e na econo- mia também. A primeira delas ocorreu entre os caçadores-coletores pouco antes da invenção da agricultura. Depois, vie- ram a capacidade de calcular e a lin- guagem escrita. Em terceiro lugar, temos a queda do Império Romano. Em quarto, a invenção da imprensa. O quinto ponto foi a revolução da in- formação elétrica que acompanhou os trens, o telégrafo e o telefone. Final- mente, a sexta mudança é a revolu- ção da informação digital que esta- mos vivendo com a internet. [Veja quadro na próxima página.] AentrevistaédeArtKleiner,editor-che- fe da revista strategy+business e autor deTheageofheretics:ahistoryofradical thinkers who reinvented corporate ma- nagement(ed.Jossey-Bass). Em entrevista, a historiadora Elin Whitney-Smith mostra que há importantes decisões a ser tomadas na revolução digital V “cada uma das seis revoluções da informação significou uma grande mudança no paradigma organizacional” HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br 69
  • 3. Nas últimas três revoluções, a eco- nomia seguiu o mesmo padrão: um grande boom seguido de uma gran- de quebra. Então, uma batalha difícil e turbulenta começa. Novas manei- ras de organização emergem e os ve- lhos tempos das elites estabelecidas sucumbem. Por que a elite perde o poder nessas ocasiões? No curto prazo, é sempre melhor ser um nobre espanhol do que um tece- lão inglês, mas no longo prazo a si- tuação vira. No século 17, os nobres da Espa- nha não tinham razão para inovar, já que sua riqueza estava assegu- rada. Já os tecelões e comerciantes dos países do norte da Europa, como Inglaterra e Holanda, se reorganiza- ram para tirar vantagem das novas capacidades que a prensa móvel lhes trazia. A liderança econômica do Ocidente migrou para eles, enquan- to os nobres foram ficando para trás. Similarmente, nos anos 1970, era melhor ser presidente da General Motors do que um universitário que escrevesse um código de com- putador. Hoje, nossos líderes estão fazendo as mesmas besteiras que as elites do passado. Assim, reduzem a possibilidade de dominação futu- ra. Eles ignoram a nova tecnologia da informação e perdem oportuni- dades ou temem o mundo que ela cria e tentam cooptá-lo, eliminá-lo ou controlá-lo. Isso geralmente não dá certo. As fortunas diminuem e novo grupo de concorrentes domi- nantes emerge. Quanto tempo leva essa transição? Ao longo da história, esse intervalo vem diminuindo. Entre os caçadores- -coletores, foram necessários milha- res de anos para fazerem a transi- ção para a agricultura. Da queda de Roma à imprensa foram cerca de mil anos. A revolução da imprensa durou 220 anos. A revolução da eletricidade, 110. A digital começou há 50 anos. Por que chamar essas revoluções an- tigas de “revoluções da informação”? Se as populações pré-agrícolas eram de alguma forma parecidas com os povos caçadores-coletores que ain- da existem, elas eram a cultura de informação mais pura que já hou- ve. Viviam segundo o que sabiam, e não em cima do que possuíam. Sabiam onde os animais estariam e seu status provinha da informação –ter uma história melhor, ou uma canção e uma dança melhores. Sua visão de mundo era baseada em compartilhamento. Uma história ga- nhava valor ao ser compartilhada. Assim vivemos até 10 mil anos atrás, quando as extinções levaram a uma mudança radical na percepção das pessoas: elas começaram a ver o mundo sob o viés da escassez, o que ainda persiste. Portanto, na primeira revolução da informação, as pessoas se distancia- ram da cultura de informação pura e passaram a confiar na posse de bens materiais. Mudou, então, a organiza- ção social, pois nos tornamos seden- tários. Começamos a suplementar a caça e a pesca com a agricultura e, mais tarde, com a pecuária. De acor- do com os arqueólogos, a qualidade de vida piorou. Morando mais pró- caçadores-coletores viviam num mundo de abundância e igualdade, confiando no que sabiam (cultura de informação pura), mas sofreram o impacto das extinções do final da era do gelo, há cerca de 10 mil anos. o ambiente mudou tão drasticamente que, de abundância, a perspectiva pas- sou a ser a da escassez. inseguros, passamos a confiar mais no que temos do que no que sabemos. tornamo-nos sedentários para armazenar bens. surgiu a agricultura e os símbolos do sistema agrícola evoluíram para a escrita, uma necessidade para os governos das cidades-estado. também as habilidades de cálculo evo- luíram e a produção pôde ser mais bem controlada. 1ªPRÉ-HISTÓRIa 2ªInVenÇÃOdaeSCRITa agenda2020 70 HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 4. ximas umas das outras, as pessoas acumularam mais lixo, mais germes e mais doenças surgiram. Era neces- sário trabalhar mais para cuidar da lavoura e dos animais. Aliado à cres- cente confiança em bens materiais, isso levou à especialização, e a espe- cialização levou à hierarquização e à estratificação social. Evoluiu a capacidade de calcular também. Moedas encontradas no Oriente Médio mostram que o comér- cio estava começando. Pelos 5 mil anos seguintes, o mundo foi definido pela escrita. Escrever mudou o paradig- ma da organização: de pequenas vilas com líderes carismáticos para uma elite tripartite –a liderança política, a militar e a religiosa, que controlavam as informações. Era uma estrutura or- ganizacional incrivelmente estável. As cidades-Estado e os impérios surgiam e desapareciam, mas a estrutura era a mesma. Com a queda do Império Romano, apenas a Igreja conseguiu manter sua estrutura organizacional e seu poder na Europa. Tal mudança resultou na liberação de informações e na melhoria de vida das pessoas comuns. A Igreja também mudou a percepção sobre o trabalho: deixou de ser algo só para escravos e passou a ser virtude. Se alguém tives- se algo para vender, teria de destinar um décimo à Igreja. A inovação e o desenvolvimento tecnológico, então, ganharam apoio crucial. Era o come- ço da abundância no Ocidente. a revolução da prensa não teve um caráter diferente das revoluções da informação que a precederam? Sim, mas a principal diferença talvez seja o fato de termos um relato mais detalhado disso. A partir da prensa, podemos detectar duas correntes distintas de inovação, como agora: “a partir da revolução da prensa, podemos detectar duas fases distintas de inovação, como está acontecendo agora” 3ªQUedadOIMPÉRIO ROManO havia excesso de informação e os go- vernantes não souberam como lidar com isso. com a queda de roma, no ano 476, houve liberação de informação. a invenção da prensa móvel por guten- berg, por volta de 1439, levou ao fim do feudalismo e ao início do capitalismo, após ter possibilitado que os artesãos enriquecessem e os nobres decaís- sem. os países do norte da europa assumiram a liderança no ocidente e houve o retorno a uma visão de abun- dância. nascia a idade moderna. 4ªInVenÇÃOda PRenSaMÓVeL 5ªInFORMaÇÃO eLÉTRICa 6ªInFORMaÇÃO dIgITaL a partir de 1830, o sistema de trens e te- légrafos conectou as pessoas de locali- dades diferentes e o mundo se ampliou. a hierarquia e a gestão se tornaram ra- cionais. a liderança do mundo ocidental migrou de londres para nova york. fase instalada em 1957, com os mainframes. na gestão, é chegado o tempo da pouca hierarquização e da ampla abertura. migrou de londres para nova york. 71HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 5. • A primeira, fomentada pela elite, abrangeu novas formas de governo, ciência, poesia e até de fazer a corte. O governo foi de pequenos Estados feudais a grandes Estados liderados por monarcas com a ajuda de mi- nistros que aprendiam gestão nas faculdades. As elites também usa- ram a tecnologia de impressão para iniciar a era da exploração. Todos os exploradores passaram a comparti- lhar a mesma informação, os mapas que eram aperfeiçoados conforme se aprendia. Isso levou a maneiras mais consistentes de pensar o mundo. • A segunda fase da inovação aconte- ceu no norte protestante, onde a im- prensa não era restrita. Muitos apren- deram a ler, já que, na doutrina pro- testante, homens comuns podiam ler a Bíblia. Os impressores começaram a concorrer entre si, o que aumentou o volume de material publicado. Das classes mais baixas, como a dos artesãos, surgiu a inovação. Jack O’Newbury, filho de tecelão, contratou cem aprendizes, enquanto seu mestre tinha apenas dois ou três. A diferença era que Jack, letrado, agora era capaz de controlar a produção sem ter de viver com os aprendizes. A produção aumen- tou, os preços caíram e mais dinheiro foi acumulado pelos artesãos, que se tornaram os primeiros capitalistas. além da nobreza, quem não ficou feliz com a mudança? A Europa católica ficou para trás, mas, mesmo na protestante, a mudança não foi boa para todos. As mulheres, por exemplo, perderam seu poder e privi- légio, pois os negócios deixaram de ser feitos em casa. Elas não eram tão letra- das quanto os homens e seu domínio passou a ser percebido como o do lar. a revolução seguinte envolve a ferrovia e o telégrafo, nos anos 1830, e o telefo- ne, na década seguinte. Que diferença fizeram? Os sinais de telégrafo eram necessá- rios para coordenar os trens. Essa re- volução tornou as pessoas mais cons- cientes da abrangência geográfica da nação, ou seja, elas se conectaram a outras localidades. No contexto dos negócios, a velha hierarquia local, na qual os de baixo deveriam obedecer a todos os que estivessem acima, foi substituída por uma hierarquia mais ampla na base e mais restrita e racio- nal também. Agora, os trabalhadores tinham apenas de obedecer a seu chefe di- reto. De repente, todos sabiam seu lugar no organograma, cuja repre- sentação é inspirada nos diagramas dos telégrafos. As estradas de ferro foram as primeiras empresas com esse tipo de administração, o que as colocou em vantagem sobre outras empresas na depressão de 1880. saibamaissobreWHITneY-SMITH a historiadora elin Whitney-smith tem grande trânsito no meio empresarial; com frequência é chamada a falar sobre o impacto crescente das tecnologias nos am- bientes econômico e organizacional. fundou e dirige, nos estados unidos, a ne- talyst, firma de consultoria especializada na interface entre a organização social –que inclui a empresa com fins lucrativos, naturalmente– e a tecnologia. sua companhia funciona de modo virtual, o que mostra que Whitney-smith é uma early-adopter do que ela entende como forma vitoriosa de gestão para o futuro. a pesquisadora tem se dedicado a um novo livro, intitulado Winning infor- mation revolutions: from the ice age to the internet, que vem sendo publi- cado capítulo a capítulo na internet (information-revolutions.com), conforme ela o escreve. nessa obra digital, Whitney-smith aprofunda sua ideia de que uma revolução da informação é uma mudança importante na relação entre infor- mação e bens materiais. agenda2020 HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br72
  • 6. HSM Management “isso [na china] É temporário. a inovação duradoura não vem das elites, mas das bordas; requer amplo acesso a informação” No início da Grande Depressão, em 1929, as únicas grandes empresas que restaram eram as geridas racio- nalmente, como Ford, DuPont e Birds Eye. O país que mais tinha abraça- do as novas tecnologias da infor- mação, os Estados Unidos, tomou a liderança da economia. A Inglaterra perdeu seu poder. Chegamos, então, à revolução digital. Como começou? Considero 1957 o início da revolução digital, é o ano do filme Amor eletrônico (Desk set), de Walter Lang. É uma co- média em que Spencer Tracy é um en- genheiro que instala um computador chamado Emerac (parodiando o Eniac, da IBM) em uma rede de televisão. Na- quele ano, as pessoas já anteviam que os computadores seriam universaliza- dos e conteriam todo tipo de comunica- ção: áudio, vídeo, texto e dados. Estavam começando a se preocupar com a possibilidade de serem substi- tuídas por máquinas inteligentes. O filme, inclusive, foi parcialmente pa- trocinado pela IBM, que queria ate- nuar esse sentimento. De novo, houve uma fase inicial, a dos mainframes, durante a qual as instituições estabelecidas adotaram os computadores como ferramenta de gestão. A administração científica as- cendeu. Nessa época, a União Soviética (URSS) era o maior rival dos Estados Unidos, que adotaram uma política de informação aberta, e não conseguia fa- zer frente a isso. Na tecnologia digital, a entidade com mais liberdade de infor- mação vence. e o presente? Hoje, estamos apenas começando a ver a inovação organizacional da se- gunda fase emergir. As novas empre- sas assumem a internet como algo certo. Elas foram criadas por uma ge- ração que teve acesso aos computado- res desde a infância. Os negócios que estão menos sujei- tos à abordagem hierárquica, como o Facebook, em que qualquer engenhei- ro pode modificar qualquer parte do código do programa, vêm prosperan- do. O mesmo vale para empresas que contam com a contribuição maciça dos funcionários, como as de gestão aberta. Mas há uma China em que o governo parece ser capaz de controlar o fluxo de informações enquanto mantém uma sociedade tecnologicamente vibrante... Isso é temporário, como foi para os nobres espanhóis. A inovação dura- doura não vem das elites, mas das bordas, das pessoas que estão tendo acesso ao sistema pela primeira vez. A inovação duradoura requer amplo acesso a informação. ao comparar as corporações de hoje com os nobres espanhóis, você quer di- zer que sua sobrevivência é duvidosa? Sim, a menos que mudem, o que é possível. A DuPont sobreviveu como empresa familiar na última grande re- volução da informação ao profissiona- lizar-se e adotar princípios difundidos pelas ferrovias. No mundo atual, a nova onda das organizações sobreviventes também virá com estrutura diferente. Não está claro como elas serão, mas sabemos que envolverão muito mais pessoas dos níveis mais baixos na to- mada de decisão. De fato, a cada nova revolução da informação, os direitos decisórios foram sendo empurrados mais para baixo. Uma das inovações sociais da revolução da informação elétrica foi o condutor de trem. Ele era um indivíduo da classe trabalhadora, mas vestia terno e gravata e tinha um relógio. Podia dizer “Todos a bordo!” para um aristocrata, que deveria subir no trem ou ficaria para trás. Essa foi uma enorme inovação social. A tecnologia digital torna possível àqueles que têm interesse na saúde de longo prazo da empresa obter mais informações. Nas novas orga- nizações achatadas, que se parecem mais com redes do que hierarquias, todos saberão tudo sobre elas, in- cluindo seus segredos financeiros. Todos conhecerão os salários uns dos outros e poderão dizer: “Acho que você ganha muito pelo volume de valor que produz”. Essas empre- sas superarão as concorrentes. Pen- so que podemos esperar essa nova ordem se manifestar já em 2012. © strategy+business Reproduzido com autorização. Todos os direitos reservados. agenda2020 HSMManagement 89 • novembro-dezembro 2011 hsmmanagement.com.br74