2. Introdução
O problema focalizado por Paulo nos capítulos 8 a
10 desta Primeira Carta aos Coríntios relaciona-se
com o uso para alimentação da carne sacrificada
aos ídolos. A pergunta era esta: É lícito crentes
comerem dessa carne? Não estão cometendo um
pecado contra Deus, alimentando-se do que fora
dedicado a falsos deuses? Alguns crentes não viam
mal algum.
A carne em si mesma não tinha qualquer impureza,
argumentavam. Outros crentes escandalizavam-se
com esse comportamento de irmãos. Qual devia ser
a atitude cristã diante do problema? Paulo responde
essas questões, ensinando como devem os crentes
proceder diante de situações semelhantes.
3. O limite da liberdade cristã é o amor cristão. Há
coisas que não trazem mal a quem delas
participe. Mas essa participação enfraquece o
testemunho e escandaliza o irmão mais fraco.
Por amor ao irmão, para não escandalizá-lo,
para não colocarmos tropeço diante dele,
abstenhamo-nos dessas coisas “Se com o nosso
comportamento descuidado ofendemos a
consciência dele, pecamos contra Cristo.
4. Versos 8 a 13 - Relembremos em poucas
palavras o problema da carne sacrificada aos
ídolos em Corinto. Uma parte da carne, depois
de derramado o sangue do animal, era entregue
aos sacerdotes, e usada em sua alimentação.
Outra parte era dada aos que tinham pedido o
sacrifício. Estes a usavam para banquetes em
suas casas ou no templo. Nesses banquetes, os
participantes se entregavam a todo o tipo de
licenciosidade e imoralidade. Os cultuadores
pobres, quando recebiam de volta uma parte da
carne dedicada, vendiam-na nos açougues. Os
crentes corriam o risco de comer dessa carne,
convidados para os banquetes, ou comprando-as
nos mercados.
5. A igreja estava dividida quanto a esse procedimento.
Os crentes de origem judia viam nisso um grande
pecado: servos de Deus comendo daquilo que se
oferecia aos falsos deuses. Outros crentes invocavam
a liberdade cristã, achando que comer não fazia
diferença, desde que não cultuavam aos ídolos.
Argumentavam dizendo que um ídolo nada é.
Sacrificar a ídolos é sacrificar a coisa nenhuma.
Paulo não concorda com a posição desses crentes.
Ele não recomenda em nenhum lugar que os crentes
participem desses banquetes. O culto a ídolos é no
fundo um culto aos demônios. Veja o que está dito
em 10.19, 20: “Mas que digo? Que o sacrifício ao
ídolo é alguma coisa? Ou que ídolo é alguma coisa?
Antes digo que as coisas que eles sacrificam,
sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não
quero que sejais participantes com os demônios”.
6. O apóstolo invoca outra razão para que os
crentes se abstenham dessa carne: É o amor ao
irmão mais fraco. Se comer ou deixar de comer
não faz diferença diante de Deus, porque não
nos abstemos, pensando no irmão mais novo e
mais fraco. A liberdade cristã tem limite. Sou
livre mas minha liberdade esbarra no meu irmão.
Se eu tenho ciência e conhecimento, e creio que
tal coisa não me faz mal, mas o meu
comportamento põe um tropeço diante do outro,
então eu peco contra Cristo. A palavra escândalo
é transiteração do grego que significa tropeço.
Escandalizar ou colocar tropeço diante do irmão
é pecar contra Deus.
7. Há um fato a ser levado em consideração: O
irmão prejudicado é alguém por quem Cristo
morreu. Veja a inconveniência de nosso
comportamento. Cristo morreu para salvar o
nosso irmão, mas nós colocamos pedra no
caminho dele. A decisão tomada por Paulo
precisa ser a nossa também “Se a comida fizer
tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei
carne, para não servir de tropeço a meu irmão”.
Onde aparece comida e comer carne podem ser
colocadas outras coisas que, talvez em si
mesmas, não constituam pecado, mas
escandalizam outros crentes, e nos leva a
cometer pecado contra o Salvador Jesus.
8. Verso 23 - Naturalmente , Paulo fala das coisas
contra as quais não há mandamento expresso de
Deus. Há coisas não lícitas, a respeito das quais
não há dúvida quanto à condenação divina. Por
exemplo: a adoração de deuses falsos, o
adultério, a mentira, a maledicência, o uso de
palavras torpes, a ausência do amor. Paulo
jamais diria que tais coisas seriam lícitas. Suas
palavras têm de ser entendidas à luz do contexto
dos coríntios, do problema que enfrentavam.
Mesmo assim coisas lícitas podem ser
inconvenientes e inadequadas. O crente precisa
tomar cuidado para que não esteja fazendo uso
do inconveniente em sua vida cristã.
9. Verso 24 - Lembra Paulo que não vivemos
somente para nós. Fazemos parte de uma
comunidade cristã, da família de Deus. Ao tomar
uma decisão, ao praticar um ato, não devo
pensar em meu próprio proveito, mas levar em
consideração que meus atos podem implicar
outros irmãos. Eu serei um egoísta, se invocar os
direitos de minha liberdade cristã, sem levar em
consideração os meus irmãos.
10. Versos 25 e 26 - A parte da carne vendida no
mercado não era mais sacrifício aos falsos
deuses, mas uma mercadoria para alimentação.
Nesse caso, o crente podia comprá-la, sem
perguntar a sua origem. Deus criou a terra com
animais e vegetais, para a alimentação do ser
humano. Nenhum alimento em si mesmo é
impuro. Mas a carne servida nos banquetes,
com que os adoradores de falsos deuses
continuavam cultuando os ídolos, era
inconveniente para os crentes.
11. Versos 27 a 30 - Paulo fala aqui de um
compromisso de natureza social, um convite
para uma refeição com um incrédulo. O crente
podia aceitá-lo e comer do que se pusesse à
frente. Ele não precisa perguntar a origem do
alimento. Mas se um irmão viesse e dissesse que
o alimento fora sacrificado, seria melhor o
crente não comer. Comer não influiria nada em
sua consciência. Mas prejudicaria a do irmão,
mais fraco. O crente continua livre, mas o amor
leva-o a restringir, a auto-limitar-se em atenção
ao irmão.
12. Se por um lado, devo, devo por causa do amor
abster-me de coisas que escandalizam o meu
irmão, por outro lado, não têm os outros o
direito de me julgarem no meu procedimento se
eu busco fazer a vontade de Deus, se posso dar
graças naquilo que faço. Da mesma forma não
me cabe policiar e fiscalizar a vida do irmão meu
em Cristo. Se existe verdadeiro amor cristão
(uma rara peça hoje convenhamos). e se nós
estamos em busca da vontade do Senhor, esses
problemas podem ser enfrentados e vencidos na
comunidade cristã.
13. Versos 31 a 34 - Ao final da discussão deste
assunto, Paulo estabelece o princípio maior para
nosso procedimento cristão. É difícil estabelecer
regras. Quando se estabelece uma, abriu-se o
caminho para um inifinidade de delas. A
disciplina na igreja não deve guiar-se por um
código de regras, mas pela obediência a Deus,
pelo amor cristão. O procedimento do crente
deve buscar o cumprimento desse princípio
maior, mencionado por Paulo, a glória de Deus.
Fazendo tudo para a glória de Deus não
ofenderemos o irmão, não poremos tropeço aos
crentes e à igreja, e agradaremos sobremaneira
ao Senhor.
14. Disponível em:
http://www.ebdweb.com.br/2009/05/21/coisas-sacrificadas-
aos-idolos-pr-jurandir/
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