O documento discute a importância da terra e da natureza para os povos indígenas. Ele descreve como os rios são considerados parentes e como a terra é sagrada. Também contrasta a visão do mundo dos povos indígenas com a dos colonizadores, notando que as cidades são ruidosas demais e não permitem ouvir a natureza.
3. Mallku Chanez Pacha Lea Chanez
Medicina Kallawaya Itinerante
Luquiqaman Tink’u
A transcendência energética
A grande emanação das forças energéticas vibratórias,
a qual se relaciona com os movimentos magnéticos
naturais e sobrenaturais.
5. O sentimento instintivo dos honis silvestres aperfeiçoam,
aprimoram e enriquecem as suas habilidades
intuitivas quando concebem e concedem uma bela alegria.
6. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo
as lembranças do povo vermelho...
7. Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas
água, mas o sangue de nossos antepassados.
8. Os rios são
nossos parentes,
irmãos e irmãs,
que
saciam nossa
sede.
Os rios
carregam nossas
canoas
e alimentam
nossas
crianças.
9. Se lhes vendermos
nossa terra, devem
lembrar e ensinar a
suas filhas e seus
filhos que os rios são
nossos parentes.
E, assim sendo,
vocês devem dar aos
rios a importância que
dedicariam a qualquer
parente.
10. Sabemos que o
homem e a mulher
branca
não compreendem
nossos costumes.
Uma porção de terra,
para eles, tem o
mesmo significado que
qualquer coisa, pois é
um forasteiro
que vem à noite e
extrai o “sangue” da
Mãe-terra.
11. A terra não é sua
mãe e nem sua irmã.
É sua inimiga. Quando
ele a conquista, prossegue
seu caminho.
Deixa para trás os túmulos
de seus antepassados e
não se incomoda.
Arrebata da Mãe-terra
aquilo que seria
de suas
filhas e de seus filhos e
não se importa...
12. Seu apetite devorará a Mãe-terra,
deixando-a como um deserto...
Nossos costumes são diferentes dos seus.
13. A visão de suas cidades
fere os olhos do povo
vermelho.
Talvez porque o povo
vermelho
seja diferente e
não compreenda.
Não há um lugar
silencioso nas cidades do
homem branco.
14. Nenhum lugar
onde se
possa ver o
desabrochar das
flores
na primavera ou
ouvir o
bater das asas
dos insetos.
Os ruídos parecem
apenas insultar os
meus ouvidos.
15. E o que restará na
vida de um
homem vermelho
se não pode ouvir o
choro solitário de
uma ave ou o debate
dos sapos ao redor
de uma lagoa à
noite?
Eu sou um homem
vermelho e não
compreendo.
16. As pessoas vermelhas
preferem as crianças, o suave
murmúrio dos ventos
encrespando as faces dos
lagos, e o próprio vento limpo
por uma chuva diurna e
perfumado pelas árvores.
Se vendermos a nossa terra,
vocês devem lembrar-se de
que ela é sagrada, devem
ensinar as crianças que ela é
sagrada e que cada reflexo
nas águas límpidas dos lagos
e rios fala de acontecimentos e
lembranças vivas de meu
povo.
17. Os honis, nossos parentes, são capazes de criar uma
afeição extremamente forte e profunda através da
continuidade dos seus sentimentos intuitivos.