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PÓS-SÍNODO PANAMAZÔNICO
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia integral”
PRESENÇA das FMA em Terra Indígena (Bororo e Xavante)
Inspetoria “Nossa Senhora da Paz”
Cuiabá – Brasil
Os primeiros salesianos chegaram à terra Bororo em 18 de janeiro de 1892. Em 1995 salesianos,
salesianas e leigos, foram com o objetivo de desenvolver um trabalho educativo-pastoral em conjunto. O
Diretor era o Padre João Bálzola sdb e a Diretora era a Irmã Rosa Kiste fma. Construíram a primeira
missão na região denominada “toripó” (Tachos). Aí fizeram os primeiros contatos com o povo Bororo,
desenvolvendo posteriormente atividades educativas e de autossustento.
A localização da Missão de Meruri encontra-se na Rodovia BR 070/MT.
No início a Missão era composta exclusivamente por índios Bororos atendidos pelos Salesianos
e FMA, com a colaboração de voluntárias leigas e alguns empregados, primeiro na Colônia Sagrado
Coração, nos Tachos. De 1905 até 1921 também se estendeu à Colônia Imaculada, na beira da cachoeira
do Córrego Araci, próximo ao Rio Garças. Caracteriza-se pela assistência exclusiva aos Bororos, pois
não consta nos registros paroquiais a presença de fiéis não indígenas na região. A Missão, durante este
período, dá aos Bororos assistência econômica, assistência à saúde, à educação e à evangelização.
No período de 1965 a 1985 a população Bororo de Meruri aumenta com a chegada de um grupo
de Bororos de Pobojari (Reserva de Jarudori), conservadores da língua e tradições Bororos.
Com a fundação do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), em 1972, o compromisso
missionário de evangelização passa a ser também de apoio aos índios na conservação da cultura, da
língua e ao direito a um território onde possam continuar vivendo como povos diferenciados.
É construído o hospital e aprimora-se o atendimento à saúde dos Bororos com a colaboração de
especialistas de Minas Gerais e São Paulo. Especialmente do Dr. Geraldo Chaves Salomon, professor da
USP, o qual, num trabalho em conjunto com as Irmãs Salesianas por mais de dez anos, conseguiu
erradicar a tuberculose entre os Bororos e Xavantes das Missões Salesianas.
Com a venda das terras - dois lotes - por parte do governo do Estado, os conflitos de terra
chegam à sua culminância e terminam em 1976, com a redemarcação da Área Indígena Bororo de
Meruri, que custou a vida ao então Diretor e Pároco de Meruri, Padre Rodolfo Lunkenbein e ao Bororo
Simão Koge Ekudugodu. Foram assassinados por fazendeiros da região, contrários à demarcação da
reserva indígena.
No dia 16 de julho de 2018 foi aberto o processo Diocesano para a causa de Beatificação e
Canonização dos servos de Deus: Padre Rodolfo Lunkenbein e o indígena Bororo Simão Koge
Ekudugodu, na Diocese de Barra do Garças – Mato Grosso/Brasil.
ATENDIMENTO AO POVO XAVANTE EM SÃO MARCOS
O trabalho na Terra Indígena de São Marcos teve início oficialmente no dia 24 de abril de 1958,
às vésperas da festa litúrgica de São Marcos, evangelista. Os Xavantes vieram inicialmente da região ao
norte do Rio das Mortes para Meruri, em busca de apoio para sua sobrevivência, ameaçada pelos
fazendeiros e pelas doenças.
Após seis anos da presença dos SDB, as Filhas de Maria Auxiliadora chegaram a São Marcos.
Era o dia 3 de março de 1964, e a comunidade era formada por três Irmãs: Giuseppina Molteni, Ida
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Altoé e Iolanda Verzeni e duas jovens voluntárias: Josina Maria Ludimila Silva (que ainda hoje continua
sua generosa dedicação entre os indígenas) e Maria Luiza Morais. Chegaram a São Marcos num
caminhão carregado de bagagens, dirigido pelo diretor Padre Mário Panziera.
Ao entrarem na casa o primeiro encontro das Irmãs foi com a estátua de Maria Auxiliadora ali
colocada pelo Padre Mário.
A educação e promoção da juventude é o principal alvo da educação salesiana. Em S. Marcos
não foi diferente. A escola foi minimamente organizada após 1964, com a chegada das Irmãs Salesianas
à aldeia. A escola estadual de São Marcos foi criada em 26 de agosto de 1974, pelo Decreto nº 2.179. O
processo educativo é diferenciado, valorizando, respeitando, incentivando o cultivo da própria cultura.
Em 2008 comemoraram-se os 50 anos da Missão. A festa foi toda organizada pelos próprios Xavantes,
num sinal de gratidão, de organização e de espírito empreendedor.
No dia 1º de março de 2019, na Casa Nossa Senhora da Paz – Cuiabá, Mato Grosso, com a
presença da Conselheira Geral para as Missões, Ir. Alaíde Deretti, da Inspetora da INSPAZ, Ir. Antonia
Brioschi, do Inspetor da Missão Salesiana de Mato Grosso, Padre Gildásio Mendes dos Santos,
juntamente com os missionários, as missionárias e voluntários leigos aconteceu a reunião de reflexão e
troca de experiências sobre a Itinerância Missionária. Os temas evidenciados foram: Formação de
colaboradores leigos, evangelização, sustentabilidade, elaboração de Projetos, a importância de
estabelecer pontes entre as aldeias, atual conjuntura política nacional, sendo esta última o grande desafio
que o Brasil atravessa.
Atualmente, há três irmãs em São Marcos que marcam presença em Meruri e Sangradouro com
um trabalho itinerante: Ir. Nelcina Alves de Souza, diretora; Ir. Cleide Palo Janeiro, Ir. Maria Imelda
Velasco Estrada e a voluntária Josina Ludimila, que há 55 anos vive entre o povo xavante de São
Marcos. O grupo realiza um trabalho em rede com os Salesianos de Dom Bosco, o CIMI (Conselho
Indigenista Missionário), a Igreja local, os funcionários da SESAI – (Secretaria Especial de Saúde
Indígena) e com o Povo Bororo e Xavante.
Diante dos atuais desafios optou-se por dar prioridade às Mulheres e jovens – “Educação e
formação das mulheres e jovens com uma visão integral”: a prospectiva cultural, evangelizadora, social
e comunicativa. Continuar o acompanhamento em vista da saúde preventiva e resgate da medicina
natural.
O objetivo do grupo, iluminado pelos documentos da Igreja, do carisma, dos direitos humanos e
da realidade, é o seguinte: assumir o novo estilo de Comunidade Itinerante missionária para dar
respostas concretas aos povos indígenas Xavante e Bororo, dando prioridade à educação e à formação
das mulheres jovens segundo as prospectivas cultural, evangelizadora, social e comunicativa, indicadas
nas Linhas Orientadoras da missão educativa do Instituto FMA.
Nas visitas às comunidades indígenas e nas escolas, o grupo itinerante proporciona
oportunidades para refletir sobre a utilização crítica das redes sociais e seus valores frente aos valores
culturais. Verifica e acompanha se os indígenas possuem seu registro de nascimento e os diversos
documentos pessoais.
Em comunhão com outras obras e organizações, procura-se favorecer o crescimento integral da
pessoa e, em parceira com os agentes de saúde da SESAI, se acompanha e se verifica o atendimento
realizado em especial àqueles indígenas que mais necessitam.
Como Família Salesiana, a opção é dar continuidade ao estudo da língua Xavante e à realização
de Encontros de Missionários/as que estão presentes junto aos indígenas, na Terra Indígena, que são
produtivas e valiosas.
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Abertura do Processo de Beatificação dos mártires Padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo
No centro, a indígena Alrizena com duas Irmãs salesianas da Comunidade itinerante
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Comunidade itinerante, uma voluntária e mulheres Xavante
Encontro de Itinerância Missionária com a Conselheira, Ir. Alaíde Deretti