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Aluno: Romilson de Souza Barreto
Professor: Ricardo Bahia Rios
Curso: Licenciatura em Geografia
Semestre: 2011.1
Disciplina: Cartografia Sistemática
Data: 04 de abril de 2011
Referência Bibliográfica:
ALMEIDA Rosângela Doim. - Cartografia escolar – A Sistematização da Cartografia
Temática – 1ª edição, 1ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2008
ESTUDO DIRIGIDO
A SISTEMATIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA
A Cartografia Temática é praticamente bem recente, embora a utilização de
mapas tenha ocorrido desde a antiguidade (o mapa da cidade de Hoyuk, da Anatólia,
Turquia datado em 6200 a.C. e o grafito de Babilônia, datado em 2500 a.C).
Desde o fim do século XVI mapas que representavam fenômenos particulares
já começavam a aparecer. (mapas hidrográficos, das florestas, rotas de correios,
limites políticos e administrativos) Porém, a consolidação dos mapas temáticos, só
viria a ocorrer no século XIX (O vocábulo “cartografia” foi cunhado pelo Português
Visconde de Santarém em 1877), sendo que, a expressão “cartografia temática”
referente a tais mapas surgiu apenas no século XX, na Alemanha, por volta de 1934.
Inicialmente a Cartografia preocupava-se apenas com a localização dos
objetos, sem se preocupar com a explicação ou com a descrição. Depois foi dividida
em dois ramos distintos: Cartografia Topográfica e a cartografia Temática. Sendo a
última, responsável pela descrição e localização dos elementos, além de localizá-los.
Surgindo a chamada cartografia descritiva, que tinha o propósito de inventariar os
objetos distintos.
Nos primeiros mapas temáticos, nota-se uma transformação: O mapa deixava
de se preocupar com o inventário e descrição exaustiva de todos os objetos do
espaço considerado, para destacar apenas um desses elementos. Como exemplo, os
mapas de rotas dos correios, que apresentavam uma preocupação altamente seletiva,
focados nas estalagens, deixando de lado os demais registros topográficos. Devido a
sua forma não apresentar uma total ruptura com a descrição tradicional do mundo
visível, foram chamados de mapas pré-temáticos.
A Cartografia Temática nasce num período positivista, entre a passagem do
feudalismo para o capitalismo e, é tida como ciência de síntese, pronta para atender
as exigências e metodologias da época, tendo como papel mapear os fenômenos
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empiricamente (baseado no visível), mensurando, descrevendo, enumerando e
classificando os acontecimentos. Ou seja, contava com um único método de
interpretação. Pois, a mesma superfície estática aplicada às chuvas representadas
por isolinhas podia ser empregada para mostrar distribuições espaciais vinculadas à
sociedade, expressas em isopletas.
A partir do século XVIII houve uma crescente busca da Cartografia por uma
especialização. Temas foram gradativamente acrescentados à Topografia. Essa nova
concepção de Geografia viçou evidente com a preocupação do mapa do uso do solo,
o mapa topográfico foi sendo enriquecido com acréscimos temáticos. Com isso,
surgiu uma definição para Cartografia que ainda hoje pode ser considerada válida
(apesar de todos dos avanços nessa área):
“Cartografia é a ciência da representação e do estudo da distribuiçção espaceial dos
fenômenos naturais e sociais, suas relações e suas transformações ao longo do tempo,
por meios de representações cartográficas- modelos icônicos – que reproduzem este ou
aquele aspecto da realidade de forma gráfica e generalizada” (salichtcev, 1973).
Essa definição mostra que a cartografia não é simplesmente uma técnica. Pois,
para haver uma investigação, é necessário conhecimento da essência dos fenômenos
por meio do suporte de outras ciências.
De acordo com essa concepção, em 1976, Lacoste define mapa temático como
“certo número de conjuntos espaciais resultantes da classificação dos fenômenos que
integram o objeto de estudo de determinado ramo específico, fruto da divisão do
trabalho científico”.
Outro conceito para cartografia foi dado em 1989, na Conferência Internacional
da ICA de Budapeste: “Organização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação
nas formas visual, digital ou tátil que inclui todos os processos de preparação de dados, no emprego e
estudo de todo e qualquer tipo de mapa”
A cartografia temática precisava consolidar os seus métodos de representação
e isso ocorreu em 1686, a partir dos trabalhos de Edmund Halley (considerado o
primeiro cartógrafo da cartografia temática), que criou o Mapa dos ventos oceânicos e
das monções e o Método dos fluxos. Depois disso, surgiram os métodos isarítimico e
o corocromático.
O método Corocromático apresenta dados geográficos e utiliza diferenças de cor
na implantação zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso
mostrar diferenças nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou
hierarquia. Como exemplo: o registro de vegetação de área. O primeiro Mapa
Corocromático foi desenhado pó Milne, em 1800, que codificou o uso de terras por
cores. (dando início a ruptura entre o mundo visível e a terceira dimensão visual,
dissociada do espaço em duas dimensões)
A evolução do homem em sociedade passaria a exigir cada vez mais formas
diferentes de relações com a natureza. O que fez que houvesse a utilização de novos
territórios ou espaços geográficos. E, e para entender o posicionamento do homem
nesse espaço, caberia explorar a utilização de cores frias (associada à ordem
naturalística) e quentes (associada ao meio técnico-científico-informacional).
Inicialmente as realizações da cartografia temática quantitativa eram feitas
diretamente sobre o mapa, até o primeiro mapa de qualificação populacional, de Carte
Générale de Sévennes em 1726. Depois, em 1786, William Playfair (inventou da
aritmética linear) estabeleceu uma forma de visualização quantitativa de dados
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aplicando gráficos de linha e de colunas às estatísticas financeiras (tratando de dados
e revelando a informação), e, em 1805, inventou o setograma. (forma de
representação em que se divide o espaço por setores)
Em 1826 Dupim elaborou o primeiro mapa estatístico, criando assim, o primeiro
método para representações temáticas quantitativas: o método coroplético. Esse
método utiliza uma série de estatística de dados agrupados em classes significativas
numa seqüência de cores que vão do claro ao escuro. Esse foi firmemente aplicado
no século XIX na Geografia da população e na Cartografia dinâmica.
Outro método inventado no início do século XIX foi o método dos pontos de
contagem desenvolvido por Dupim. Tal método, que se confirmou no início do século
XX com a publicação do Atlas da agricultura mundial (Finch e Beker – 1917), consiste
em considerar a variação do número de pontos de tamanho e forma constantes
distribuídos regularmente ou não pela área de ocorrência. Cada ponto sintetiza um
determinado valor. Esse método é adequado para representar um fenômeno de
distribuição disperso, como por exemplo a população rural e o rebanho bovino.
Outra contribuição para a Cartografia temática foi dada por Lalanne em 1843, com
a criação, hoje denominada, método isarítmico. Esse método considera que cada
valor exprime a intensidade do fenômeno, tomado em pontos localizados e
identificados em (X e Y) constitui uma terceira dimensão (Z), visto como uma
superfície tridimensional.
A história de representação de relevo teve início bem antes das teorias de
Lananne, mas precisamente em 1791, quando Dupain-Triel publicou (de forma um
tanto deficiente) um mapa de curva de nível. Porém, com o a advento da litografia,
(Técnica de gravura que envolve a criação de marcas ou desenhos sobre uma matriz
com um lápis gorduroso) e impressão em cores a partir de 1872, houve considerável
avanço na geração de mapas e emprego de curva de nível com ampla difusão,
substituindo as hachuras na representação do relevo.
Em 1845, Minard propôs uma cartografia dinâmica abordando os movimentos no
espaço e no tempo. Instituiu assim o método dos fluxos, que é a largura dos corpos
das flechas que percorrem os caminhos estabelecidos e que fazem saltar aos olhos
as relações de proporção entre os dados numéricos das quantidades em movimento.
Embora esse método tenha criado base para o método das figuras geométricas
proporcionais, o credito de tal método foi dado a Minard em 1851. Esse método
considera o traçado de figuras geométricas, geralmente círculos, com áreas
proporcionais aos valores absolutos que quantificam determinado aspectos, lançados
nos locais dos acontecimentos ou centrados nas áreas que contabilizam suas
quantidades.
Nos anos 1950, a Cartografia como um todo, ganhou uma importante contribuição
do professor Bertin, com a criação dum sistema de signos que estabeleceu a
representação gráfica. A representação gráfica é um domínio bastante específico.
Inclui-se no universo da comunicação visual que por sua vez, faz parte da
comunicação social. Ou seja, compõe uma numa linguagem fácil de sistemas de
sinais para comunicação humana. Tem supremacia sobre as demais formas de
comunicação, pois demanda apenas um instante de percepção, deixando para
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segundo plano a preocupação com a relação entre o significado e o significante dos
signos, dispensando qualquer convenção constituída. É lógica e monossêmica. Sua
tarefa principal é transcrever as três relações fundamentais (diversidade, ordem e
proporcionalidade) que se pode estabelecer entre os objetos por relações visuais da
mesma natureza.
A construção de mapas exige o uso de representações gráficas variantes. Estas
variantes visuais são: Tamanho, valor, graduação, cor, orientação e forma. As
dimensões de tamanho e cor constroem a imagem e são chamadas de variáveis da
imagem. A graduação, a cor, a orientação e a forma, apenas separam os elementos
das imagens e são ditas variáveis de separação. Estas seis conjugadas com as
duas dimensões do plano (X,Y formando o total de oito) traduzem as três relações
fundamentais dos objetos: diversidade (#), ordem (O) e proporcionalidade (Q). Com
isso, teremos as seguintes percepções: Dissociativa (=/), associativa (=), seletiva (#),
ordenada (O) e quantitativa (Q).
Sendo assim pode-se resumir que o aspecto qualitativo mostrará o “O QUÊ”, o
aspecto ordenado mostrará “EM QUE ORDEM” e o aspecto quantitativo mostrará
“QUANTO”.
Bertin inventou também, em 1967, uma solução ideal para expressão quantitativa
de fenômenos com manifestação em área, o método de distribuição de pontos de
tamanhos crescentes, que coloca regularmente disposto toda a extensão da
superfície de ocorrência. Na época de sua invenção não teve muita difusão como os
outros métodos, mas, é utilizado ainda hoje com ajuda da informática.
Uma série de variáveis foi acrescentada na animação da Cartografia. Entre elas as
chamadas variáveis de visualização dinâmica que são: Data da manifestação (data
do início da mudança); duração (Intervalo de tempo entre os dois estados identificados); freqüência
(número de estados distintos por unidade de tempo); ordem (seqüência de senas); taxa da
mudança (diferença na magnitude da mudança por unidade de tempo, para a seqüência de cenas);
sincronização (Correspondência temporal entre duas ou mais séries temporais) e forma de
transição (modo de a mudança ocorrer: em área, linha, ponto, insular)
Lobben (2003) considera quatro categorias de animação: Animação por séries
temporais, animação das áreas; animação temática e animação de processo.
A cartografia temática avança juntamente com a tecnologia, surgindo expressões
como: multimídia interativa, cartografia virtual, telecartografia, atlas eletrônicos,
etc.
Como questão metodológica, a cartografia de síntese é utilizada desde o início
de sua sistematização, na proposta de Vidal de La Blache, na década de 1870. Hoje,
a cartografia de síntese conta com um grande aliado: os Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), que representam um conjunto de funções voltadas à integração de
dados. Cada mapa analítico do conjunto de componentes da realidade, entra como
um dado distinto no sistema. Daí, o sistema de análise dos componentes principais
faz o controle de redundância para eliminar o mesmo dado entre os mapas. Em
seguida é feita uma análise de agrupamento, agrupando os elementos principais.
A cartografia de síntese é pensada em relação a situações estáticas. Mas, pode
ser utilizada em abordagens dinâmicas. Para se chegar a essa síntese é necessário
fazer um tratamento de dados, que pode ser elaborado a partir de coleções de
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gráficos evolutivos. Depois de prontos, os mapas podem propiciar, em termos de
apreensão, ou uma leitura em nível elementar ou uma visão de conjunto..
1) Quais foram as primeiras transformações percebidas na transição dos
primeiros mapas para os mapas temáticos?
O mapa deixava de se preocupar com o inventário e descrição exaustiva de todos
os objetos do espaço considerado, para destacar apenas um desses elementos. Ex:
Os mapas pré-temáticos
2) Como surge a Cartografia Temática?
A Cartografia Temática nasce num período positivista, entre a passagem do
feudalismo para o capitalismo e, é tida como ciência de síntese, pronta para atender
as exigências e metodologias da época, tendo como papel principal, mapear os
fenômenos empiricamente (baseado no visível), mensurando, descrevendo,
enumerando e classificando os acontecimentos. Ou seja, contava com um único
método de interpretação
3) Explique a relação histórica constituída entre a Geografia e a Cartografia
A partir do século XVIII houve uma crescente busca da Cartografia por uma
especialização. Temas foram gradativamente acrescentados à Topografia. Essa nova
concepção de Geografia ficou evidente com a preocupação do mapa do uso do solo.
O mapa topográfico foi sendo enriquecido com acréscimos temáticos. A topografia
mostrava-se mais que uma simples técnica.
4) Qual da definição de Lacoste para a Cartografia Temática?
Define como “certo número de conjuntos espaciais resultantes da classificação
dos fenômenos que integram o objeto de estudo de determinado ramo específico,
fruto da divisão do trabalho científico”.
5) Explique como ocorreu a consolidação dos métodos da Cartografia
Temática
Ocorreu em 1686, a partir dos trabalhos de Edmund Halley (considerado o
primeiro cartógrafo da cartografia temática), que criou o Mapa dos ventos oceânicos e
das monções e o Método dos fluxos, dando início a uma nova visão descritiva do
objeto dissociando o espaço físico do virtual.
6) Explique:
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a) Método Coroplético
Esse método utiliza uma série de estatística de dados agrupados em classes
significativas numa seqüência de cores que vão do claro ao escuro.
É um mapa que retrata uma superfície estatística por meio da primitiva gráfica
área - equivalente a estrutura de dados "polígono", usada em Sistemas de Informação
Geográfica. Símbolos criados a partir desta primitiva coincidem com as regiões onde
foram coletados os dados, o que dá a impressão de que há uniformidade de dados
dentro de cada uma das regiões e que as quebras ocorrem sempre nos limites destas
áreas. Assim, cada unidade de interesse passa a ser destacada de forma a
representar diferentes magnitudes de um determinado atributo, ou seja,
proporcionalmente ao nível de medida da variável estatística que está sendo retratada
no mapa.
Ex:
A Eleição presidencial dos Estados Unidos da América (2004) representada em um mapa coroplético
b) Método de pontos de contagem
Método inventado no início do século XIX por Dupim. Que ganhou confirmação
no início do século XX com a publicação do Atlas da agricultura mundial (Finch e
Beker – 1917),
O método de pontos de contagem é a representação do aspecto quantitativo
em escala zonal que considera as quantidades que se estendem por toda área de
ocorrência. Nesta representação considera-se o número de pontos, que tem tamanho
e formas constantes distribuídos pela área de ocorrência. Esse método é utilizado
para representar fenômenos com padrão de distribuição disperso, também é ideal
para valores absolutos. Nesse tipo de mapa é possível uma dupla percepção da
densidade e da quantidade.
c) Método Isarítmico
Esse método considera que cada valor exprime a intensidade do fenômeno,
tomado em pontos localizados e identificados em (X e Y) constitui uma terceira
dimensão (Z), visto como uma superfície tridimensional.
d) Método da figuras geométricas proporcionais
Esse método considera o traçado de figuras geométricas, geralmente círculos,
com áreas proporcionais aos valores absolutos que quantificam determinado
aspectos, lançados nos locais dos acontecimentos ou centrados nas áreas que
contabilizam suas quantidades
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7) Qual a importância das representações gráficas para a Cartografia
Temática?
A representação gráfica é um domínio bastante específico. Inclui-se no universo
da comunicação visual que por sua vez, faz parte da comunicação social. Ou seja,
compõe uma numa linguagem fácil de sistemas de sinais para comunicação humana.
Tem supremacia sobre as demais formas de comunicação, pois demanda apenas um
instante de percepção, deixando para segundo plano a preocupação com a relação
entre o significado e o significante dos signos, dispensando qualquer convenção
constituída. É lógica e monossêmica. Sua tarefa principal é transcrever as três
relações fundamentais (diversidade, ordem e proporcionalidade) que se pode
estabelecer entre os objetos por relações visuais da mesma natureza
8) Explique as propriedades da pespectiva das seis variáveis visuais
A construção de mapas exige o uso de representações gráficas variantes. Estas
variantes visuais são: Tamanho, valor, graduação, cor, orientação e forma. As
dimensões de tamanho e cor constroem a imagem e são chamadas de variáveis da
imagem. A graduação, a cor, a orientação e a forma, apenas separam os elementos
das imagens e são ditas variáveis de separação. Estas seis conjugadas com as
duas dimensões do plano (X,Y formando o total de oito) traduzem as três relações
fundamentais dos objetos: diversidade (#), ordem (O) e proporcionalidade (Q). Com
isso, teremos as seguintes percepções: Dissociativa (=/), associativa (=), seletiva (#),
ordenada (O) e quantitativa (Q).
9) O que significa “Cartografia de Síntese”?
Como questão metodológica, a cartografia de síntese é utilizada desde o início
de sua sistematização, na proposta de Vidal de La Blache, na década de 1870. Hoje,
a cartografia de síntese conta com um grande aliado: os Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), que representam um conjunto de funções voltadas à integração de
dados. Cada mapa analítico do conjunto de componentes da realidade, entra como
um dado distinto no sistema. Daí, o sistema de análise dos componentes principais
faz o controle de redundância para eliminar o mesmo dado entre os mapas. Em
seguida é feita uma análise de agrupamento, agrupando os elementos principais.
A cartografia de síntese é pensada em relação a situações estáticas. Mas, pode
ser utilizada em abordagens dinâmicas. Para se chegar a essa síntese é necessário
fazer um tratamento de dados, que pode ser elaborado a partir de coleções de
gráficos evolutivos. Depois de prontos, os mapas podem propiciar, em termos de
apreensão, ou uma leitura em nível elementar ou uma visão de conjunto