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A masculinidade roubada
ESC R I TO POR ALBER TO MAN SU ETI | 20 ABR I L 2016
AR TI GOS - C U LTU R A
Faz mais de 25 anos, um quarto de século, que o mundo viu a queda do Muro de Berlim, e em
seguida o colapso do império soviético. Os desorientados decretaram “o fim do socialismo”;
porém, não foi assim.
Em “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, publicado em 1884, ano
seguinte à morte de Marx (1883), Friedrich Engels mostrou aos marxistas que o capitalismo
está estritamente ligado à família. Portanto, para destruir o capitalismo, é necessário destruir a
família.
O século 20 pode ser chamado de “século do marxismo”: todos os países do mundo, quase
sem exceção, foram aplicando todas e cada uma das dez medidas econômicas enumeradas
por Marx e Engels no “Programa mínimo” do Manifesto Comunista de 1848, capítulo 2. Assim o
capitalismo foi eliminado em muitos países, e em outros foi seriamente mutilado, e tolhido em
sua capacidade de gerar riqueza, em especial para os mais pobres.
Primeira consequência: o salário normal de um trabalhador ou empregado não é suficiente
para sustentar uma família, e cada lar necessita de pelo menos dois salários para subsistir.
Segunda consequência: o trabalho da esposa já não é uma opção livremente escolhida, para
realizar-se fora do lar, em seu negócio, ofício, profissão ou atividade lucrativa, mas uma
obrigação premente, por causa da escassez material, em razão da aplicação do marxismo
clássico ortodoxo à economia.
Em uma economia capitalista, o trabalho fora do lar seria para cada mãe uma opção, não um
fado. E ao escolhê-la, tal ingresso permitiria que encontrasse paliativos para sua ausência
momentânea de casa, sem conflitos; porém isso é impossível quando tal fato é absolutamente
necessário, dada a insuficiência do ingresso apenas do marido em uma economia não
capitalista, pouco eficiente e pouco rentável. Assim, são inevitáveis os conflitos domésticos,
causando disfunções e rupturas familiares em massa. Gol do marxismo!
Assoberbada com as tarefas de casa que se superpõem às suas obrigações laborais, a mulher
do século 20 teve muito pouco tempo para pesquisar e informar-se antes de exercer seu
inflamado direito ao sufrágio. De tal sorte que a habilidosa propaganda socialista encontrou no
eleitorado feminino um voto quase cativo, presa fácil de argumentos falaciosos, porém
altamente emocionais, em prol dos “mais necessitados”, e da imagem do “Estado paternalista”:
como pai responsável que vela pelo bem-estar de seus “filhos e filhas”, dando “educação e
saúde grátis”, e programas “sociais” financiados com impostos selvagens e inflação apenas
disfarçada, que nos empobrece, e uma dívida galopante, que empobrece os nossos filhos.
Thatcher
Exceções à parte, como a senhora Thatcher, cabeça do Partido Conservador inglês, faltou aos
líderes da direita mais coragem para oporem-se às correntes dominantes, às quais dobraram-
se docilmente. Mais gols para o marxismo!
Entre essas correntes “progressistas” estava a “Nova Pedagogia”, imposta desde os anos 1970
pelos socialistas no comando da Educação. A “educação não autoritária” ou “não diretiva”: a
qual nos diz que “não se deve ensinar conhecimentos que o aluno pode aprender depois, por
conta própria, deve-se ensinar a pensar”.
Porém, como “pensar” no vazio, sem conteúdo, sem conhecimentos a serem expostos,
raciocinados e transmitidos? Eis a armadilha: o que fazem é transmitir puros slogans
progressistas, de modo emocional e não racional, que são “interiorizados” pelo aluno, sem
questionamento algum.
Inger Enkvist
É o que demonstra outra mulher admirável, a pedagoga sueca Inger Enkvist, que pesquisa as
causas do fracasso escolar, educativo em geral, e profissional. Foi assim que os socialistas
conseguiram outro de seus objetivos no fronte educacional: destruíram a capacidade de
pensar. Que golaço do marxismo!
Dorothy Sayers
Décadas antes, em 1947, a escritora britânica Dorothy Sayers, havia descoberto o antídoto
para este veneno modernista: o retorno à educação clássica. Porém, como sempre, quase
ninguém deu atenção a essa “reacionária”, e as esquerdas prosseguiram tenazmente em seu
trabalho destrutivo até os dias de hoje.
María Calvo
Citei três mulheres brilhantes, porém há mais: a professora María Calvo, de Madrid, advogada
e psicopedagoga que acaba de descobrir outras falhas desastrosas naquilo que nos disseram
ser “progressos”, como a educação mista para crianças e adolescentes de ambos os sexos,
juntos nas aulas.
A educação separada por sexos não era uma ideia ruim de “conservadores retrógrados”, como
disseram os “educadores” socialistas nos anos 1980 e 90, que nos decretaram o ensino misto,
não como opção a escolher, mas como força de lei, como todas as “soluções” dos marxistas.
Em seus livros, como La masculinidade robada (2011), Calvo explica, por exemplo, os efeitos
de negar as óbvias e naturais diferenças entre meninos e meninas: a menina é mais tranquila,
e por isso as professoras a põem como modelo de comportamento a ser imitado. A educação
mista deu o tiro de misericórdia na família, ao feminilizar o homem, novo “sexo frágil”, ou
colocá-lo em uma tremenda crise de identidade. Leiam María Calvo!
Há três coisas nessas quatro mulheres que faltam em muitos homens: (1) boa informação
sobre os fatos, e sobre as teorias ruins e suas consequências nefastas; (2) inteligência
cultivada para processar corretamente tal informação; (3) coragem para defender as
conclusões que surgem desse processamento intelectual, que vão bater de frente com as
correntes dominantes do feminismo, o “progressismo” e o “politicamente correto”, estimulados
pelas esquerdas de todas as cores e matizes.
A civilização está em perigo, e não se pode fazer política liberal sem tratar destes temas
culturais.
Alberto Mansueti é advogado e cientista político.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
A masculinidade roubada

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A masculinidade roubada

  • 1. A masculinidade roubada ESC R I TO POR ALBER TO MAN SU ETI | 20 ABR I L 2016 AR TI GOS - C U LTU R A Faz mais de 25 anos, um quarto de século, que o mundo viu a queda do Muro de Berlim, e em seguida o colapso do império soviético. Os desorientados decretaram “o fim do socialismo”; porém, não foi assim. Em “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, publicado em 1884, ano seguinte à morte de Marx (1883), Friedrich Engels mostrou aos marxistas que o capitalismo está estritamente ligado à família. Portanto, para destruir o capitalismo, é necessário destruir a família. O século 20 pode ser chamado de “século do marxismo”: todos os países do mundo, quase sem exceção, foram aplicando todas e cada uma das dez medidas econômicas enumeradas por Marx e Engels no “Programa mínimo” do Manifesto Comunista de 1848, capítulo 2. Assim o capitalismo foi eliminado em muitos países, e em outros foi seriamente mutilado, e tolhido em sua capacidade de gerar riqueza, em especial para os mais pobres. Primeira consequência: o salário normal de um trabalhador ou empregado não é suficiente para sustentar uma família, e cada lar necessita de pelo menos dois salários para subsistir. Segunda consequência: o trabalho da esposa já não é uma opção livremente escolhida, para realizar-se fora do lar, em seu negócio, ofício, profissão ou atividade lucrativa, mas uma obrigação premente, por causa da escassez material, em razão da aplicação do marxismo clássico ortodoxo à economia. Em uma economia capitalista, o trabalho fora do lar seria para cada mãe uma opção, não um fado. E ao escolhê-la, tal ingresso permitiria que encontrasse paliativos para sua ausência momentânea de casa, sem conflitos; porém isso é impossível quando tal fato é absolutamente necessário, dada a insuficiência do ingresso apenas do marido em uma economia não capitalista, pouco eficiente e pouco rentável. Assim, são inevitáveis os conflitos domésticos, causando disfunções e rupturas familiares em massa. Gol do marxismo! Assoberbada com as tarefas de casa que se superpõem às suas obrigações laborais, a mulher do século 20 teve muito pouco tempo para pesquisar e informar-se antes de exercer seu inflamado direito ao sufrágio. De tal sorte que a habilidosa propaganda socialista encontrou no eleitorado feminino um voto quase cativo, presa fácil de argumentos falaciosos, porém altamente emocionais, em prol dos “mais necessitados”, e da imagem do “Estado paternalista”: como pai responsável que vela pelo bem-estar de seus “filhos e filhas”, dando “educação e
  • 2. saúde grátis”, e programas “sociais” financiados com impostos selvagens e inflação apenas disfarçada, que nos empobrece, e uma dívida galopante, que empobrece os nossos filhos. Thatcher Exceções à parte, como a senhora Thatcher, cabeça do Partido Conservador inglês, faltou aos líderes da direita mais coragem para oporem-se às correntes dominantes, às quais dobraram- se docilmente. Mais gols para o marxismo! Entre essas correntes “progressistas” estava a “Nova Pedagogia”, imposta desde os anos 1970 pelos socialistas no comando da Educação. A “educação não autoritária” ou “não diretiva”: a qual nos diz que “não se deve ensinar conhecimentos que o aluno pode aprender depois, por conta própria, deve-se ensinar a pensar”. Porém, como “pensar” no vazio, sem conteúdo, sem conhecimentos a serem expostos, raciocinados e transmitidos? Eis a armadilha: o que fazem é transmitir puros slogans progressistas, de modo emocional e não racional, que são “interiorizados” pelo aluno, sem questionamento algum. Inger Enkvist É o que demonstra outra mulher admirável, a pedagoga sueca Inger Enkvist, que pesquisa as causas do fracasso escolar, educativo em geral, e profissional. Foi assim que os socialistas conseguiram outro de seus objetivos no fronte educacional: destruíram a capacidade de pensar. Que golaço do marxismo! Dorothy Sayers Décadas antes, em 1947, a escritora britânica Dorothy Sayers, havia descoberto o antídoto para este veneno modernista: o retorno à educação clássica. Porém, como sempre, quase ninguém deu atenção a essa “reacionária”, e as esquerdas prosseguiram tenazmente em seu trabalho destrutivo até os dias de hoje. María Calvo Citei três mulheres brilhantes, porém há mais: a professora María Calvo, de Madrid, advogada e psicopedagoga que acaba de descobrir outras falhas desastrosas naquilo que nos disseram ser “progressos”, como a educação mista para crianças e adolescentes de ambos os sexos, juntos nas aulas. A educação separada por sexos não era uma ideia ruim de “conservadores retrógrados”, como disseram os “educadores” socialistas nos anos 1980 e 90, que nos decretaram o ensino misto, não como opção a escolher, mas como força de lei, como todas as “soluções” dos marxistas. Em seus livros, como La masculinidade robada (2011), Calvo explica, por exemplo, os efeitos de negar as óbvias e naturais diferenças entre meninos e meninas: a menina é mais tranquila, e por isso as professoras a põem como modelo de comportamento a ser imitado. A educação mista deu o tiro de misericórdia na família, ao feminilizar o homem, novo “sexo frágil”, ou colocá-lo em uma tremenda crise de identidade. Leiam María Calvo! Há três coisas nessas quatro mulheres que faltam em muitos homens: (1) boa informação sobre os fatos, e sobre as teorias ruins e suas consequências nefastas; (2) inteligência cultivada para processar corretamente tal informação; (3) coragem para defender as conclusões que surgem desse processamento intelectual, que vão bater de frente com as correntes dominantes do feminismo, o “progressismo” e o “politicamente correto”, estimulados pelas esquerdas de todas as cores e matizes. A civilização está em perigo, e não se pode fazer política liberal sem tratar destes temas culturais. Alberto Mansueti é advogado e cientista político. Tradução: Márcio Santana Sobrinho