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L, N l Dr: i:i f: AS CiË hlcu5
exerr:pi,;" r; i*Co é rnaior do que as pfiÌ ií.Ì*,
'ïuasgrandezas igirais a uma te'ceira são iguais en-
tre si; a menor distância entre dCIis pantos é
umâ reta. O axioma é urn prir:cípir: regulador
do raciocínio matemático fl, por ser universal
e evideirte, é a priori.
{Jrn postutrado é um princípio cuja evidên_
cia ilepcncle de ser aceito por torlos os que
realizam unla demonstração nratemática. É
uma proposição necessária para o encaclea-
rnento de demonstrações, enrbora ela uresma
não possa ser clemonstrada, nìrìs aceita romo
verdadeira. Por exe mplo: "por Llrìr pouto tr:-
mado em um plano, não se pode traçar senão
uma paralela a ulnff reta clada ïïessfi plano',.
os post*lados são convenções básicas, acei*
tas por todas os maternáricos.
{Jrna definição poele ser nofi}inal ou real.,A
,"Í1,Ë4nição nominal nos dá o *orne do otrjeto
t@mático, dizendo o quo ele ó. E nrumxíti-
qiãr" pois c predicado é a explicitaçac do su-
jeito" Por exemplo: o triângulo é umâ figura
çÌe três lados; o círc*ïo é uma fìgura cujos
pontos são eqüidistantes do cnntro. I-rma cle-
Íìnição real nos cliz o que é o objeto designa-
do pelo nofile, isto é, oferece a gômese ou o
modo de construção clo objeto. por e,xemplo:
o triângulo é uma figura cujos ângulos so-
rnados são iguais à soma de dois ângulos r-e-
tr:s; o círculo é uma figura formacla pelo
ïïlovirnento de rotação de um senri-eixo à
r,'nlta cle um centro fixo.
Demonstrações e operações são procecli_
rnentos submeticlos a urn conjunto cie regras
que garantem a verdade e a necessidade do
Quç está sendo demonstrado, ou do resultatlo
do cálculo realizado.
A maternática é, por excelência, a ciência
hipotótico-dedutiva. porque suas demonstra-
ções e cálculos se apóiam sobre um sisterna
de axioï'as e postulados, a partir dos quais se
constrói a dedr"rção coerente ou o resultaclo
necessário do cálculo.
[Jm tema muito disc*tido na Filosofia das
ciências refere-se à natu reza cos objetos e
princípios matemáticos.
São eles riínii ab:,i;'ação e uma purilìcaçãç
dos clados de nossa experiência sensível? ürj-
ginanr-se da percepção? Ou são realiclarles
ideais, alcançadas excÍr-rsivarnente pelas ope_
rações do pensainento puro? são inteirarnente
a priori? trxistem erìt si e.por si mesmos, cÍe
tal *rodo que nossCI pensâmento silnplesmen-
te os descobre? flu são construções perteitas
cCInseguicias pelo pensamento humano? Es_
sas perguntas tornaraüï-se necessárias p(}r
vários motivos.
Em prinreil o ìugar" llorq ue uma corrente
filosótìca, iniciada corn pitágoras e platão,
manticla por Calileu, Descartes. ir{er,vton e
Leibniz, afìrma que o mnnrio é em si mes_
mo nlatemático, isto é, a estrutura da reali-
dacle é de tipo rnatemático. Essa co*cepção
gararrtiu o surgimento cla.física maternática
moderna.
Ern s*gunclo lugar, porque o clesenvolvi_
mento da rílg*bra cantemporânea e clas cha-
rnadas geornetrias não euclicíeanas (ou geo_
nretrias imaginárias) deram à matemática
uma liberdacÍe de c'iação teórica sem prece-
dentes, justamente por haver abandonado a
idéia de que a e strutura cla realidade é rnate-
miítica. Nesse segunrJo caso, como já dizia
Kant, a rnatem á,tica é uma pura invenção clo
espír'ito humano, Lrrna construção irnaginária
rigorosa e perfeita, mas sem objetos corïes-
pondentes no muudo.
Em terceil'o lugar, porque, em nosso sécu*
lo, o áìva'ço da criação e cla construção rnate-
máticas foi decisivo para o surgimento cla teo-
ria da relatividacle, na física, cla teoria das va'
Iências, na quírnica, e da teoria sobre o ácicÍo
desoxirribonucléico, na biologia. Em outras
palavras, quanto mais avançou a invenção e a
criação matemática, tanto mais ela tornou-se
útil para as ciências da hlat'rez a, fãzendo com
QUe, agora, tenhamos que indagar: Os objetcls
matemáticos existem realrnente (corno queri-
am Flatão, Galileu e Descartes), formando a
estrutura do mundo, ou esta é tima pura cons-
trução teririca e por isso pode valer-se da cons-
trução rnaternática?
ffi mmnmpm dms fr[&firffifrffis dffi ffim{ssrffiãffi
As ciônçias da Natu riz'à estudatn cluas or-
dens de fenômenos: os Íísicos e os vitais, ou
as coisas e os organismos vivos. Constitllenl,
assirn, duas grandes ciências: a física, cle que
fazem pal"te a química, a mecânica, a óptica, a
acústica, a âstronotnia, o estudo clos sólidos,
líquidos e gasosos, etc., € â biologia, ramifi-
cada ern ïisiologia, botânica, zoclogia, paleon-
tologia, anatomia, genética, etc.
Hm qualquer das trôs concepções de ciêrl-
cia que virnos no capífulo anterior, considera*
s* que as ciôncias da Naïureza:
o estuclam fartos observáveis que poclerxÌ ser sub-
metidos aos procedimentos de experimentação;
CI estabelecem leis que exprirnetn relações ne-
cessárias e universais entre os faios investi-
gados e que são de tipo causal;
6 concebern a Natureza como um conjunto ar-
ticulado de seres e acontecimentos interdepen-
clentes, ligados ou por relaçõe s necessárias de
c;ìusa e efeito, subordinação e dependôncia,
ou por relações entre funções invariáveis e
ações variáveis;
o buscarn constâncias, reguiaridacles, freqüên-
cias e invariantes dos fenômenos, isto ó, seus
modos de funcionamento e cle relacionanlen*
to, bem como estabelecem os mcios teóricos
para a previsão cle novos fatos.
neícle Aristóteles, as ciências cla lrJatureza
cïesenvolveram-se graças ao papel conferido
ìrs observações e, mais tarde, à observação
controlada, isto é, à experimentação (* labo-
ratório coïn seus instrutnentos tecnológicos de
precisãa e meriir{a}. A experimentação é a dr-
cisão do çientista de intervir no curso de r-lm
fenôrneno, rnodificanclo as condições de scu
aparecimento e desenvolvimento, a fim de en-
contrar invariantes e constantcs que clefineill
o cbjeto camo tal.
A experimentação permite as cientista for-
mular hipóteses sobre o fenômeno. urna hipó-
tese é uma conjectura racional f'eita após um
grande nútnero cle observaçõcs e cxperirnen-
tos; é Lrfiìa tese que precisa ser confirmetda ou
verificada por meio de novas observações e
e xperimentos. A intervenção científ ica sobre os
funôlnerlos se torna çada vez mais açura,Jâ, gfíl-
ças à invenção dos objetos tecnológiccs de pes-
quisa (balanças, termômetros, fertnostatos, ba-
rômetros, aparelhos para proeluzir vár:uo, mi-
croscópios e telescópios, cronômetros, tubos e
curvetas, cârnaras escuras ou ilurniriadas com
raios especiais, cümputaclores, ete.)"
O rnétodo experitnental é hipotético-induti-
vo e h ipatétiç o - $e du f i vo. Ë{ipofdfËc'o-ixnd g*iv* :
o cientista observa inúrneros fatos variando as
condições da observaÇão; elabora urna hipóte-
se e realiza novos experirnentos ol"t irtduções
parâ confirmâr ou negal a hipótese; se esfa for
ccnfinnada, chega-se à lei do fenômeno estu-
clad.o. Ffipot-ófico-dedntivo: tendo chegado à
lei, o cientista pode formular novas hipóteses,
clecluzidas do conhecirnento já adquirido, e com
elas prever novos fatos, ou fonnular novas ex-
periências, qrie o levam a cotthecitnentos no-
vos. A lei científica obtida por via iridutiva au
dedutiva permite descrever, interpretar e com-
preencler um campo cle fenônìenos selnelhart-
tes e prever nüvos, a partir clos priine iros.
A previsão é tìrnáì das maneiras pelas quais
o icleal moderno da ciência
-
dominar e con*
trolar a Natur ez,a
-
se manifesta e Se realiza.
Uma teoria çientífica permite construir obje-
tos tecnológicos para novas pesquisas e a pre-
visão ou previsibilidade dos fenômenüs per-
mite empregar as tecnologias com fins práti-
cos, criando a ciência natural aplicada.
Os objetos técnicos que usamos em nossa
vida cotidiana --_ ônibus, automóvel, avião'
cnpírulo 3 - .r
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lânipad:i" ìiqiririi fica-dor, máquina de {j,Ìii ; i,'i"l i .
de lavar, de cosrurai-, reïógios digitais, rádic,
televisão, vícleos, aparelhos de sülrì, cletergen-
te, sabonete, desodorante, cola, aclesivos, ob-
.jetos plásticos, de lauça, vidro, tecidos sinté-
ticos coïl:o nïlon e paliéster, vacinas, ântibió-
tìcos, radir:grafias, vitamirlas e proteínas cnl
eág:sulas, etc. -* são ciência aplicada ou re-
sultaclo prático de ciências naturais teóricas.
:
ffi*mmmmüe$mde m ffi{Jffisffi
À ciência rJa l,iatureza, clescle sflus inícios
gregos, scr]ìpre afirmoil que a Nature;:a segue
Ìeis naturais racionais e necessárias, isto é,
sempre negou que horives$fl aca$o ou contin-
gôncia rxo llìundo natural.
ü ac*sct se]ïÏpre f*i cçliocado s*i,' dua$; es-
pdcies Ce fat*s" srr f*tos cqja fiiïusa ainde pcr-
iìraìnece dcsconhecicla, mas virá a ser conhe-
r:ida {pr:rtantü, ü acasü d apcnas unla forma
cle ignorância); ou acontencilnf,ntos ineiivieJr:-
eis, conlo, p{}r exemplü" Llïïtr vaso que cai so-
bre a caiteça de um passante (portanto, o &ca-
so é apenas urì1a ocorrência singular que não
afeta as leis universais da ï{atureza).
Fio século XïX, a afirrnação da universali-
dade e da neçessidade plena que governam aS
relações causais da |Jatureza levaranì ao cotl*
r:e ito cle deterrninismro. O determinislno pade
l;er resumiclo da seguinte maneira:
s clad* um fenôrïìeno, seïÌlpre será i:*ssível de*
terminar sua causa necessária:
w conireciclo o estacÌo atual de um conjunto de
fatos, seffipre será possír'el collliecer o estado
subseqüeïìte, que será seu efeito necesíário. Enl
outras paial'ras, o deternlinismo afìrrna que
podemos conÌrecer eìs causas de um fenôrneno
atual lista d, o estado antedor de um conjunto
rie fatos) e os eieitos de urn fenômeno atual (isto
é, o estado posterior de urn conjunto de fatosl.
A formuïação do determinisnlo como prin-
cípio universaÌ e corno uÍïa doutrina sobre a
.r//
tt,
)
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ldatureza Í--bi teit*, iiuii:r ;ii'imeira vf,z, pelo as-
trônomo e físico Laplacc, qlrc oscreveu:
üeven'tos cortsid€rür o esÍarlo presettte do Uni-
let'so cot?to efeito rle seu esldtlo nas.ratio € c'olno
{:'ttLtsü tíat1uí[rs rpte virá a seE,uir: Unvr iiiteli-
gênciri que, rtuitt únit'o ins,t*nle, putlesse us-
nhecer lodcts cs fiirç*s existetzles nn Nature:o
e (ts l)osiçots de todos os .çeïes tlue rzel* e"ïr'J-
ïem trtrtderi* üpresenrür nuÍltü ún{tu formulu
t.irïtü lei que engIolsariu lotloJ í]J'rir$]tíntento,s
do IJ niversú, desde os msiore s ulé os minimos
e itn,i.çíve is. Prtra ela, trcttla seria íncerlç €, {to,ç
seu,r olht;s, o trsassudo, o futurrs e o prssenÍe
seriant uru rínico e só lernpo.
O cle terrninisrno universai é, assirn, a afinna-
ção clo princípio da razãa suficiente, ou da cau-
salidade, e da icldia de previsibilidacÍe absolura
dos fenôrnenos naturais. As leis naturais expri-
rnefii essa çausalieiacÍe e essa previsibilidacÌe e,
por isso, não existe ac.iiso n* {-lnivetso,
[iviCentemen{e, o cientista aclixritia qi:e, pare
nól;, sÈres humanos que não SlorÍflmos conhe-
cer de uma só ve.z a totalidacle clo real, existia
o aÇaso. Caminhando pür ì"lmâ rlia, para ir ao
mencado, posso pat;sar sob uma janetra, da qrial
despenca um vaso, que cai sobre minha cabe-
ça e, eÍr vez cle ir ao merciìclo, vou parar nuln
hclspital. Fìoi um ;ìcaso.
l*ío entanto, paraesse cientista. minha icla peia
ruit ê. nece ssírria do ponto cle vista cin anatornia
e ctra fisloiogia de ftieu corpo; tr]assar por urna
rua determinada ó irecessário se, por exempio,
ficar estabelecido geométrica e geügr;rÍìe amen-
te que é o trajeto mais simples e rnais rápidr:
para chegar ao rnel'caclo; peia posição rlo vaso
lia janeìa, pelo vento ou pela toqu* cle alguina
cr:isa nele, é necessário, segundo a le i univer-
sal ila gravitação, que ele caia. ü que é o aca-
so? ü encontro fortr-rito de séries cle acoriteci-
mentos independentes, cada t{rna delas per:fei-
tarnente necessária e causal ern si mssma.
um outra situação em que se falava cle acâ-
so refere*se aos chamados 'Jogos cle azaï",
romü cara-e-coroâ, roleta, certos jogos de car-
tâs, o jogo de dados. üra, dizia o cientis{a, aqui
tambéni ;,"'r i:íi rr*priamente acâ5t;' '-'''::liÌ* í-)
séçulo XVIï, coïïl pensadores toülü ï);lseal"
Leibniz, irjelviotl e, pcsteriarrrlente. Fet'tttat,
Conheceínos os estudos mat*rnáticos cltama-
ctros cálculo de pnobabilidades. Em cacla u$Ì
desses 'Jclgos de ar,ar", cotrsideratrdo o núme-
ro de objetos (uma moeda, dois dados, vinte
catrfÍts, ete .), o núrnero de jogadçres e o núnle-
ro de pafiìdas, ó possível calcular todos os re-
sultaelos possír'eis e quais são as probabilida-
des maiorcs e filen*res ele cac-la resultado. Para
um cofilputarl*r, por exemplo. não haverá âca-
so algunÌ, ffìas deterniinisnio complefo'
A idéia de necessidacle prolrabitrística otl es-
tatístìca tornou-se um instrurnento teórico de
grancle importância para aqueïes ramns clas
ciências naturais qo* iirl*In com fatos complc-
xos, como, por exempio, a estudo dos gases,
petra química, pois, nÊssc caso, o núntero cle
moléçulas é qilase iliÍnitado e
1s-rel1tões
de
*ar,rsm e efeito sórpodem ser *@*jïïi$*::*ury"
tistieeurlsnfe, pnlo cálçul* de prbÌrabílidad*s. As
treis assim obtidas são çonheçidas conl o noflle
r{e l*is clos gnmxrdes múrmerss e se exprimern
em Br$ico$, curvas, relações entre ftrnções e
variávêis, módias. Com essas leis, ü acaso es-
tava excluíclo e os dois princípios do determi-
nismo estavam mantidos, ainda que, no caso
dos fenômenos nricroscópicos altanrente com-
plexos, a noção cle causa tivesse sido substittl-
ícla pela cle freqüência estatística"
&smsm mu fr rarfletermflrlaçffi m
A física contemporânea, flo entatrto, trouxe
cle volta o acaso. Entre os r'ários estudos e vá-
rias teorias contemporâneas, vamos mencio-
ner apenas três aspectos coln os quais pode-
rn$s perceber como e por que o acaso ressur*
giu nas ciências naturais'
O pleno funcionamento do princípio da ra-
zão futiciente ou cla causalidade s do deter-
minismo universal exige que seja mantieÍa a
idéia de substância, isto é, de *ma realidade
que pefinaneça idêntica a si rnesïïlâ, seja cau-
sa cle algurnn ç; i'r, iÌ el*ito cle alguftlrÌ olrìi
Essa rea'liciade pctïc ri-'í tlllla matória. Llïlltì
energiit, uïna tnassa. um vcluffie, nÌas tem qr-re
ser algurna coisa conl prüpricdaclcs deternri-
náveis, constantes e qur püssalll sel'cotlhcci-
clas" iler'fl ser urna qtl*x'atídaelc constaxl€e el
üu urra f*rrnm *enstaxlfe. *ra, A microfísica
ou física qLrântica veia mcstrar Qtre rlão há nerrl
Lima coisa e nelll outra.
O estudo do átomo qje hidrcgânio revelotl qlre
a quanticlade de matéria *u tïìasSa nãg pel"ïÌla-
i1eçe COnStante, iltAs ïransfq:rÍ1l3-Se enl cirergia,
e esta tanrbém nãO permaï]ece CCtrStante* Ínas, o
que é pior, não se fl'ansfornla eín coisa alguma:
simplesrlente se perCe, dcsaparece. não se saï:çr
parâ oneie foi, nem o tìuc }he acontccett' A quan-
ticJade, poitanto, não ïirï {ï}anece constante'
AO n-lcsrno tentpp, t] e"ctttda; clOS átOlTÌLlS 1'e-
velcu que, clependend* cla aparelhagem
tecnológica usada, uffi çorprisculo ó o c1*e pod*
s*r visto, ïnas, corn otitrcs aparelÌros, ent lu-
gar de unt coï:púscuÏo" vê-se ïlïï}fi anda' Corn
iun*, ulna trr*r*u re aiíclat!* au substânçia- tan-
to poclt* ter a forrna c*e algr; qïje se estende no
*tpnço (onda), quanfo a ctre urn ponto que
.se
concentra no espaço {*orpúscuì-o), não tendc,
portanto, forma constanie.
Se quantidade e forrna perdem a constân-
cia, a regularidade e a freqüência, como con-
tinuar falando ern câusas e efeitos?
trJm segunclo caso, que abalou a física e ficoil
conheciclo com o norne de princípio de irecer-
t*na ou de indeterwrinaçffis, foi trazidr: pelos
estuclos do ffsica }{eisesberg ao descobrir qlie,
no nível atômico, comCI ccnseqüência elos clais
fatos qìÌe apontamos acima, cç:nhecel o estaclo
orl a situação atual rje urn fenômeno, ou Lìín
conjunto de fatos, não permite prevel: a situa-
ção ou o estaclo scguiíÌte, nem' portaitto, des*
óobrir-qual foi a situação ou o estarJo anterior.
o determinisrns baseava*se no pressuposto
de que o conhecimento Íïsico causal exige que
um fenômen0 físiço cleva s*r conhecido a pâr-
tir dç ilois critérios sirnultâneos: suas prcpri-
eciades geométricas (forma. figura, vclutns'
grandeza, posição) s suâ$ prapricclades físi-
,!1i:iiiililirl
/1;iiii:ì'rl
,r;;fli,j'.:i
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2#5
cí1s ou dinârnicas (v*ìcciilitt'1,,'" movimento, re-
pouso). Heisenberg descobriu que, quando co*
nhecemos perfeitamente as prapriedades ge-
ométricas de um átomo' não conseguirnos co-
nhecer suas propricciades físicas ctinâiiiicas e
vice-ver sa, sencïo irnpossír'e I determinâr o fls-
taclo passaclo e n cstado futuro do fenôrncno
esturjacÌo, isto é, suas causas e seus efeitos.
Em outras palavras, quanclo se conliece a
posição, nãü se consegue conhecer a veloci-
dade, e quanclo esta é conhecida, não se con-
segue conhecer a posição de urn corpúsculo.
Há, portAnto, incerteza, incletenninação do fe-
nômeno. A microfísica é incap az de de ternii-
nar a trajetória de corpúrsculos individuais.
O terceiro acontecimento que abalou o ele-
terminismo universal Íoi a teoria da relativida-
de, elaborada por Einstein. O abalo foi cluplo.
Em primeiro lugar, como vimos, a ciência
moderna organizou-se graças à separação en-
tre o subjetivo e o ob.jetivo, propondo uma
idéia de observação-experirnentação eïn que
o fenômeno observado será sempre o mesnlo
e obedecerá às mesmas leis, seja quem for o
sujeito observador.
Ora, Einstein clemonstrou que o tempo é a
cprarta dimensão clo espaço e que, na veloci-
dade da luz, o espaço ëncurva-se", "dilata-se ",
"contrai*se" de tal modo que afeta o ten"lpo.
Assim, alguém que estivesse na velocidade da
luz atravessaria num tempo rnínimo um espa-
ço imerìso, mas os que ficassem abaixo rJa-
quela velocidade senfiriam o tempo escoar len-
títrìlente ou "rìormAlrÌÌente". Para a prinreira
pessoa, teriam se passado algulnas horu, ou
dias, mas para outros, anos, meses, séculos.
I)essa maneira, Einsfen demonstrou que nos-
sa física é tal corno é porque depende da posi-
ção do obsen'ador ou do sujeito do conheci-
mento, isto é, um sujeito do conhecimento
tnarciano ou venusiano prod uzirá, uma física
completamente diferente da nossa, porque o
espaço é relativo ao observador. Assim sendo,
nossa ciôncia da Natuteza não é úniversal e
necessi,íïia em si mesmao mas exprime o ponto
de vista da sujeita do conhecimento terrestre.
c-.r n;r:gt;ncio abalo pfOVOCaci,; 1-l-,i Einstein
refere-se à pr'ópria idéia de teoria científica
da lrtratu teza.
Uma teoria científica, como vimos, é uma
explicação global para urn conjunto cle fa-
tcs naturais aparentemente cliferentes, mas,
na realidade, submetidos'às rnesülas leis e
aos mesrnos princípios. E isso que permite,
pür exemplo, falar na teoria universal da
gravitação, formulada por Newton, válid;r
para os rnovimentos de todos os corpos do
Lïniverso, sejam ele s grandes ou pequenos;,
leves ou pesados, celestes ou terrestres,
aquáticos ou aéreos, coloridos ou sefiÌ cor"
saborosos ou se Ín sabor, etc.
l"antbém a idéia de teoria nos permite falal
na teoria universal da relativiclade, elabarada
por Einstein. Que cliz eia? Que a rnedida d;r
velocidade do movimento, seja este qual for, ó
Albert Einstein { 1 879-19b5} esrá
indissociavelmente ligado à física do
século XX: suâ teoria da relatividade não
so substituiu a da gravitação universal,
de Newton, como é considerada por
rnuitos como a mais perfeita e estetica-
nnente a mais bela criação de toda a
história da ciência.
a velocidade da luz; QLiu, i;*:;i;t velocidade, toda
matéria se transforrna cm energia, deixando,
portanto, de possuir massa e valume. Do ponto
de vista da vetrocidade cla lttz, a teoria da gravi-
tação universal, baseada na relação etrüe rnovi-
mento, massíì, tetnpo e vetrocidade, rtão tem va-
L*r, embora coiltinue verclacleira pzu"a os movi-
lnentos que não sejam rneclidos pela veloci-
dade cla luz. Mas não ó só isso. Do ponto de
vista da velocidade da luz, todo movimento é
relativo, isto é, não há como clistingrril obserua-
clor e observado (fenômeÍìo que experimenta-
mos eÍn nossa vida cotidiana, quando, estando
numa estaçãr: ferroviária, nunt trem imóvel,
vgnlos outro, paralelo ao nosso, mover-se, e te-
mos a impressão de que é nosso trem que está
em movimento; ou quando, olhando uur rio ve-
loz do alto de utna ponte, ternos a irnpressão de
q$e é a ponte que se ïnove e não o rio)-
, , Qual o problema? A existência de três teori-
;,.as físicas simul"tâneas quântica, para CIs
./átornos; a newtouiana, pâra {)5 çorpos visívets;
a ela relatividade, para o movimento na velo-
cidade da luz
-,
regidas por çonceitos e méto-
dos diferentes, excluindo-se umas às. outras e
todas elas verdacleiras para os fenômènos que
explicam. E, mais: a física quântica desfaz a
idéia de causa como quantidade e forma cons-
tantes; e a física da relatividade desfaz a idéia
clássica da objetividade como separação enire
sujeito e objeto do conhecimento, base da ci-
ência moderna. Em.lugar de um único paradig-
ma científïco, a física nos ofereÇe três !
&s çi&ntifis da vida
As ciências biológicas (&ios, effi grego, sig-
nifica victa) ou ciências da vida fazem parte
das ciências da Ìr{atureza ou ciências experi-
mentais.
Osprirneiros hiólogos foram médicos: os pré-
.:r
socráticos Empédocles ouAnaxágoras, e o pós-
socrático Aristóteles. Para todos eles, interes-
$ava, antes de srais nada, determinar a fonte ou
origem da vida e a localizaram no çalor, dan-
üÉi.f)í-ïUL() 3 - "AS CIENCIAS nÃ. N;TUÍìEZ'r
r-1r., iì'iu cümo sede o fígad$ i; r;'rpi:rì*cles) ou o
coração (Anaxágoras e Aristóteles). Além da
busca do princípio vital, Aristóteles interessou-
se pelo fenômeno da reprodução, distinguindo
os seres vivos em vivíparos e ovíparos. H a ele
cJeveuros a classificação dos seres vivos errÌ
gêneros e espécies.
Do século XVIï até a primeira rnetade do
séçulo XX (1939-1940), predominou na biolo-
gia a investigação fìsiológica. A fisiotogia in-
teressa-se peias funções realizadas pelos seres
vivcs: circulação do sangue (com Harvey),
digestão {com Réaumur e Spallanzani)', respi-
ração (com Priestley e Lavoisier e locomoção
ou neuromusculatura (cam Haller, V/hytt). A
seguir, o itrteresse fisiológico dirigiu-se para
o estudo do funcionamento específico dos r'á*
rios órgãos e seus tecidos e, finaïmente, para â
investigação das células. Foi no estudo celu-
lar que, no século XIX, Mendel deu iníçio ao
que iria tomar-se o centro da biologia do nos-
so sécnlo: a genética.
Todo problema epistemológico clas ciências
biológicas consiste ern saber se os procedi-
mentos e os conceitos usados pela fïsica e pela
química podem ser empregados para a inves-
tigação do fenômeno da vida.
De fato, a biologia partiu da distinção entre
seres inorgânicos e seres orgânicos
-
plantas
e animais
-
para distinguir os fenômenos vi-
tais dos fatos físicos e quírnicos. Entretanto,
dois acontecimentos puseram em dúvida a 4*t-
continuidade entre a matéria (inorgânica) e a
vida (orgânica). Em primeiro iugar, ro século
XtrX, a síntese quírnica da uréia, que revelou
fenômenos químicos como essenciais ao pro-
cesso vital, dando origem à bioquímica. Ern
segundo lugar, em nosso século, a descoberta
das nucleoproteínas revelou que os corpos quí-
micos (as xnoléculas) e os corpos vivos (as
cólulas) comportatn-se da mesma maneira. Os
estudos de bacteriologia, dos corpos catrcerí-
genos, assim como os trabalhos de embriolo-
gia e a descoberta dos vírus foram na mesma
direção, revelando profundas semelhanças en-
tre fatos químicos e vitais.
{JNIDADË7-ASC!ËNCIÂS
2fi6 2#7
. rìeprodução: a célula tem o poder de repr.o-
duzir-se e a reprodução *:::::lll"^::
l: DiÍiculdades metodológicasou pela fusão de certo tipo especral de células j ,
(os gametas femininos J.";"ii;;;. ;,;;; da biologia
chamados organismos unicelulares, pela auto-
reprodução da célula, sem a função sexual. A As ciências biológicas enfrentam vrírias di-
reprodução gaÍante a sobrevivência da espé- ficuldades para a definição de seu objeto e de
cie através dos indivíduos; seus métodos. As principais dificuldades são:
cApíruLo3-AÉ ffiFÉn_ _. ._,,. - * cqpírulo s - as ctÊN,ctAs DA NATURÊZA
---ffisl-
I definição e d*ss!{ïcação dos objetos i:loló- mais fenômenos iísico-químicos e está,
gicos: o objeto da biologia não é o indivíduo, como eles, submetida ao determinismo das
mas o gênero e a espécie. As dificuldades cien- causas e efeitos, ou é um fenômeno totalmen-
úficas estão na escolha dos critérios de classi- te diferente, corn suas leis próprias? A pri-
ficação para definir um gênero e uma espécie. meira tendência chama-se mecanicismo; a
É u iot-u dos seres vivos que deterrdina o gê- segunda, vitalismo.
nero e a espécie? Nesse caso, o critério é a Ovitalismotendeuaservitoriosoporinvo-
morfologia. Ou é a ordem temporal de apari- car dois fenômenos que só existem para os
çãodeumgêneroeumaespéciequedevesero seles vivos: arelação como tempo (diferença
óltgriot Nesse caso, a paleontologia e a em- entrevidaemorte)eafinalidade(avidaéum
briologia definiriam gêneros e espécies; processo ativo de interação com o meio am-
biente para arcalizaçáo de fins como conser-
e dificuldatles do método experimental: a vação, reprodução, reparação)'
vida é uma relação ativa, dinâmica e diferen- O vitalismo é filosoficamente problemáti-
ciada dos organismos com o meio ambiente, co. De fato, durante muitos séculos, para ex-
mas o coúecimento experirnental é realiza- plicar a temporalidade e a flnalidade dos Í'e-
do em iaboratórios, que definem condições nômenos vitais, afirmou-se a existência, nos
fixas para o relacionamento organismo-meio. corpos vivos, de almas ou inteligências, que
Comó confiar inteiramente nos resultados dirigiriamracionalmenteavida'Mesmoafas-
experimentais, se as conüções de laboratório tando essas idéias, a {ìnalidade não se toma
são abstratas e artificiais, não correspondendo um conceito cientificamente claro' Por exem-
à
jtuaçao vital concreta dos organiimo?; plo, devemos dizer que é para poder voar (fï-
-
^: ', naiidade) que os pássaros desenvolvem a for-
I diticuldades de experimentação.no,orga' ma ovóide de tfonco, a estrutura de ossos Ie-
nismo.humano: de modo geral, aexperimen- ves e ocos, aleveza do pescoço e da cabeça, a
taçãobiológicatrabalhaco;animaise,nãocom disposição das penas nas asas, ou, ao contrá-
seres humúos, e o primeiro problema consiste rio, que é por haver desenvolvido essas carac-
em saber se as conciusões obidas com animais tedsticas que, com o passar do tempo, os pás-
teriamvalidadeparaoorganismohumano.Pro- saros puderam voar?
crüa-se coiÌrpenr* tul dificuldade com o estu- os embaraços para definir com clareza o
do dos organismos humanos doentes, toman- que seja a finalidade Íepercute numa outra
do-se a doença como ulna espécie de "experi- idéia da biologia: a de evolução. Avida, por
mento natural". Mas o problãma, agora, é sa- ser interação ativa com o meio ambiente.' leva
ber se o modo de funcionamento de um orga- a mudanças nos organismos para a adapta-
;h-" ãgen; pode ser generalizado p*u o iu- ção dos indivíduos e a mariutenção da espé-
dio. o mesmo problema se põe quando a bio- cie. como essas transfonnações ocorrem no
logia estuda os^cadáveres humanos, pois cabe tempo e como se considera que os organis-
p"ïg*t* se o morto pode explicar o vivo. mos "progridem" ou "melhoram o desempe-
nho" graças à invenção de mecanismos no-
Finaridade, evor$ção ;Ïiii,,ï'ãlïi3i;i*";: iï,ïï'üïï";fx:
e 0Íigem da vida pécie. Surge,_então, a.pergunta: o que leva a
vida à finalidade evolutiva?
uma disputa atravessou a história das ci- Essa pergunta é djfíc:l de ser respondida,
ências biológicas e pode ser assim formula- potqo" ã idéiu de gvolução se refere às espéci-
oar É a vida"de *"r*u natureza que os de- es 1não aos indivíduos) e pressupõe a noção de
..;r'l,rr
.ifJ...r;
..j': i:Ì,!ji:lÌ'!;
tt,'.iiÏ'
::.i4.;::_1. al;;
i i1{:1:,r,r:i
,+iÈ.
.::.iìi:,'
:ii:li- .'
rfi:.'lllai.:
F{c entttriii(). ;!-'-;.,:ìr das discussões sui,r*. ;i
essôncia da vida nã* tcrem chegado a coílclu-
sões deÍ-initivas. a biolcgia distinglÌe os seres
incrgânicos e üs rivGS definindo estes úItimos
pclas icÌtiias de cóNuïa e flunções realizaclas pe la
cólu1a, unidade vital e orgâllica hásica. A viCa
caracteriz-a-se pelas seguirrtes frrnçõcs:
w ürrËtaltilÍdade: unla célula ó uma ativicla-
rÌe que ïeage e responde iìs excitações rìu e s-
tíinuïos clo meio arnbier:te *-_- temperirtura,
iriz, obscuriclade, pres são, al inlent*. etc. A
virJa é rima adaptação afiva e pr*tetara dían-
[e d*s alt*rações do rneio anr]:i*nte, Eenelo.
a.qsim, relaçã* do organisnlc com seu ambi-
eil[e. na qual o ser vivo busca eqmitríbrto com
o meio" A rupïura desse equilíbrio é a rJoen-
ça e â rnorte;
ffi rffietafum$fisnas: a imitabilidarie ou adaptação
. r' f n.
rro meio e t'eita por Llm conjunfo de tr*cas en*
trt o *rganisrnnl fl o m*i*. A *dìuia assinrila r
fransfarma aquilç r4ue consoïne sob a forma
cle aïimentação, respiração, assinrilação ou
perda de substância, gastos *nergéticos, etc.
(} metabolismo é, pois, um conjunto de trans-
frrrmações químicas realizadas no interior clo
organisïno numa relação de troca e corìsilmo
Çom o rneio ambiente;
a clivisão e crescinrent*: uma célula teln o
proder de dividir-se, .ou seja, cle cresr:er para
garantir que o ser vivo atinja seu desenvoivi-
mento próprio e tambérn para reparar clanos
sofridos pelo organisïïìo, coïno por exemplo a
tÌivisão e a multiplicação de cólulas da
epidernie para curar um ferimento;
& in*lividuatris'Ë*sr-Ìa:" iiiìì ser vivo, rnesrno
unieelular, forma uïït inclivídu*, isto d. um sis-
tema único e fechado, cujas p;ìrtes se cones-
ptrndem recipracarnente e conÇürrenÌ para â
mesïna ação;
âoE
& or"gÍìnf,cËdmde: o s*r vivc ó constituíelo por
órgãos (palavra quc vcrn d* gr"ego, órgrmon,
instrumento que reaiira rnna função), isto é, por
urn conjunto cliterenciado de funções, qrre ga-
rantem e conservação e a repïoclução da virJa.
O ser vil,o ó, pois, um organismo e uiïl indi-
r,íduo. H portador cÍe quatro características
principaÍs: a iuterioriclarJe. a auto-apresenïa-
Ção, a auíc*organizeção e a aLÌfo-reproduçrão.
Imferiorielade: realiza coïïportamentcrs, isto
é, possui disposições int*rnas, que lhe pemri-
tem relacionâr*se ativarnente com o rneio anl*
biente. Amts-apreserntnçx*CI: maniÍ'esta-se coÍÏl
ilffira estrutura ou f,qlnna extnrna cornplefa, que
pressupõe a existência *Íe estrilturas intei:ras
Xlarciais, çoïtl as quais CI ürgenisrno se aprosen*
ta ccrno indivíduü e çoíno espá*ie diferente de
toclas as outras. Auto-rlrgnmiuaç#o: é o resul-
tarÌo cle um longo processo de evolução e acïap-
tação ao meio, qtte pemite â um organismo
tornar-se cada vez rnais complexo e ter, interna
e externarnente, funções cada yez rnais
especializadas para seus órgãos. Auto-r*pro-
dnção: por meio cla função sexual, o organis-
mo é c.apaz cle reproduzir um outro seu sefile-
Ihante, perpetuando, tanto quanto possível, a
espécie; por meio da clivisão e da separação (no
caso dos seres que se reproduzem assexuada-
mente), o organismo é, capaz de engendrar um
outro, semelhante a si, perpetuando-se.
?ffi8 ?fis
uNtDAnË7-Â,$iltÊNCTAS
heredimïlLjii;i'-!r, irlr: é, transmissão clo;; '.,iiì r;r.)
teres adquiridos por evolução a todos os lÌleln-
bros da espécie. Com a idéia de evolução das
espécies e hereditariedade dos caracteres ad-
quiridos, surgem novas indagações:
6 se a evolução não é do indivíduo e sim da
espécie, porém, se são os indivíctuos qne são
levados a se transfonnar para se adaptar, o q$e
é uma espécie?
@ se a espócie evolui, mas se o faz transmitin-
do as estruturas hereditárias, o clue podem ser
as leis da hereditariedade, já que uma espócie
pode rnuclar?
ü: se há leis da hereditariedade e se há muta-
ção das espécies, como se relacionam a l'ina-
lidade hereditária e a finalidade evolutiva?
#
ffi so g;prganisrno vivo é, como dizem a bio-
quím$_$a e a gonética contemporâneas, uma
rnáqr$na que se constrói a si mesma e dá a si
mesr&â sua finalidade , o que significa a icléia
de adaptação ao rneio, central na teoria da
e vol ução ?
Questões conlo essas não invalidam a bio-
logia como ciência, pelo contrário, indicam
que esta não é um conjunto de verdades aca-
badas e absolutas, mas um processo cle çonhe-
cimento. For isso, a biologia também possui
suas rupturas epistemológicas e Íiuas revolu-
çÕes científicas.
A mais recente dessas nrpturas e revoluções
liga-se ao que se convençionou chamar de "des-
coberta clo segredo da origem da vida", isto é,
a descoberta das nucleoproteínas" ou do ADI{
_* ácido desoxirribonucléico
-,
defïniclo como
código genético. Essa descoberta, recentíssima
(data dos fins dos anos 60), resulta do estudo
microscópico de açúcares e bases nitrogenaclas,
que são macromoléculas constituídas por
micramoléculas chamadas aminoácidos {o
DI.íA e o RNA), consideraclos, até o momento,
responsáveis pelo fenômena da vida.
.Essa clesçoberfa i e ve;ï;r *1go muito novo: por
um lado, que a vicla resulta de um processo
quínúco, ïnas, por outro, que esse processo ó
uma ruptura que separa os seres naturais
inorgânicos e os seres naturais vivos.
No entarlto, os estudiosos do ADN não he-
sitam em aflrrïlar qlre, embòra com esse coíì-
ceito se possa construir um paradigma bio-
lógico que tenha por modelo a cibernética e
a informática (donde a ielóia de cóeligo gené-
tico), a existência e os modos cle funciona-
mento do ADN são enigrnas e rnistórios e,
por enqnanto, a origem da vida parece ter
resultado de um puro acaso e não de uma
necessidade causal, nem de uma finalidacle
necessári a.
O que é espantoso, porém, é que nìe smo sern
conhecer exata e rigorosamente os fenômenos
investigaclos, a biologia genética já desenvolr
veu teçnologias para a invenção de novos ali-
rnentos, mutações ern anirnais e vegetais, a fa-
bricação ele vacinas Çontra vírus, etÇ.
ffis dmil$ Wrffi$Bdms ffiffiËïrpos da bilmtmgim
A biologia contemporânea trabalha ern dois
grandes campos de investigação:
1. o da investigação genética e fisiológica no
nível hiper-microscópico clos processos e for-
nìas micromoleculares e, com ajuda da bio-
quírnica, o estudo da célula em seus fenôme-
nos internos e de reprodução, isto é, investi-
ga o ADÌt{;
2. o da investigação das formas, das estrutu-
ras e dos processos visíveis dos organismos'
na relação com o meio ambiente, isto ó, o es-
tudo do comportamento dos seres vivos e, por-
tanto, as relações vitais entre meios e fins. Tem
em seu centro a idéia de equilíbrio vital, en-
tendido como conjunto de processos e funçÕes
que permitem ao organismo conservar-se e re-
produzir-se.
"r
Sffi m pffi$$ívmEs çã#sr*Fms $xaxr"nrsmíçffis?
Embora seja evidente que toda e qualquer
ciência é hurnana, porque resulta da atividade
humana de conhecimento, ã expressão ciên-
cias hunaanas €k$;Sg*qggffi*
têirr o próprio ser hutnatto cotìlo objeto. A si-
tdãç..-àïo ãe tais ciências ó muito especial. Em
primeiro higar, porque seu objefo é bastante
recetrte: o hotnem coïno otrieto científico é
:'*L:t}éi* b#&*Je-
Sg**-ggsgstsle*sg:ekg-Ma
estudado nela fìilosofia.
ïegündo lugar, porque surgirarn depois
,r nuç as ciências matemáticas e naturais esta*
f .,la* corìstitgídas e já haviam definiclo a idéia
 ** çientificiclacle, de métodos e conhecinren-
 tor científicoso de modo que as ciências hu-
*onu, foram leva6as a ir*itar e copiar o que
I
/ aquelas ciências haviam estabelecido, tratan*
( do o homem como unla coisa natural mate-
 matizável e experimentável. Em outras pala-
ì
f uror, para ga'har respeiiabilidade científica,
Í ur disciplinas corlhecidas como ciências hu-
 *unus procuraraltl estudar seu objeto empre-
gatrdo conceitos, métoclos e técnicas propos-
tos pelas ciências da Ì{atttreza.
dos ïorilâIítriír-:,' i,li;i{'o cotlt*stírveis ü tr-rr
cientí{icírs.
Essa situação levou tnuitos cientistas e fi-
lósofos a cluviriar cla possibilitlacJe dt-' ciêrlcias
que tivessem o horuem cütllo abjeto" Quais
as principais objeções feitas à possibilirJacle
das ciências hurnanas?
* A ciência lida coffì fatos obserr'áveis. isl.o é.,
com seres e acontecirnentos qlÌe, nas condi-
ções especiais cle iaboratório. são objetiis de
experirnentação" Corno observar-expel itnen-
tar, p*r exernpìo, a consciência hutnana indi-
vidual, qiln ssria o objeto da psicologia? Ou
unla sociedade, objeto da saciologia? Cu utna
época passada, cbjeto da histórialt
í** A ciência lida coilÌ fatos regiclos pela íleces-
I sidade causal au pelo princípio clo determi-
I
;rrisino universaï. O homem é dotado de ra*
z,ãa, vontade e liberdade, é capaz de criar fins
e valores, ile escolher entle várias opçõe s pos-
síveis. Como dar ltma explicação científica
neçessária àquilo que, por essência, ó contin-
gente, pois é livre Õ age por liberdade'?
ciência lida com fatos objetivos, isto é,
os fenÔmenos, depois que forattt puritì-
fà n ciôncia busca as leis objetivus ge rais, uni-
bersais e nece$sárias dos fatos. Corno estabe-
leçer leis objetivas para o qrÀe é essençialmen-
te subjetivo, colllo o psiquisrno hutnauo?
C*rno estabelecer leis universais piu:a algo que
ó particular, eotno ó o caso de uma sociedade
lir;mar:a? Como estabelccer leis necessárias
paÍa o que acontece uma única vflz, como é o
caso do acontecimento histórico?
$ n ciência opera por análise (decomposição
I de urn fato complexo em elementos simples)
I e síntese (recomposição do fato cotnplexo por
l',
seleção dos elementos sirnple s, clistinguinclo
[os essenciais rlos acictrentais). conro analisar
ì sinteLtzar o psiquismo hutnapo. tllllÍÌ stlcie-
clacle, unÌ acontecimeuto histórico?
^/ Em terceiro lugar, por terern surgido no pe-
{ ríodo em que prevalecia a concepção empi-
{ rista e determinista cla ciência, tatnbérn pro-
 curaram tr atar o objeto humano usanclo os mo-
 a*tor hipotético-indutivos e experinrentais de
) esdlo empirista, e buscavarn leis cartsais ne-
 cessárias e universais para os fe1ômenos hu-
t***os. Como, entretanto, não era possível re-
alizar uma transposição integral e perfeita das
méiodos, clas técnicas e das tecrias naturais
para os estudos dos tatos humanos, as ciên-
,,, cias humanas acabaram trabalhantlo por anâ-
,,,' tcgin collL as ciências naturais e Seus resulta-
f.n
corn
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A ciência da natureza

  • 1. - L, N l Dr: i:i f: AS CiË hlcu5 exerr:pi,;" r; i*Co é rnaior do que as pfiÌ ií.Ì*, 'ïuasgrandezas igirais a uma te'ceira são iguais en- tre si; a menor distância entre dCIis pantos é umâ reta. O axioma é urn prir:cípir: regulador do raciocínio matemático fl, por ser universal e evideirte, é a priori. {Jrn postutrado é um princípio cuja evidên_ cia ilepcncle de ser aceito por torlos os que realizam unla demonstração nratemática. É uma proposição necessária para o encaclea- rnento de demonstrações, enrbora ela uresma não possa ser clemonstrada, nìrìs aceita romo verdadeira. Por exe mplo: "por Llrìr pouto tr:- mado em um plano, não se pode traçar senão uma paralela a ulnff reta clada ïïessfi plano',. os post*lados são convenções básicas, acei* tas por todas os maternáricos. {Jrna definição poele ser nofi}inal ou real.,A ,"Í1,Ë4nição nominal nos dá o *orne do otrjeto t@mático, dizendo o quo ele ó. E nrumxíti- qiãr" pois c predicado é a explicitaçac do su- jeito" Por exemplo: o triângulo é umâ figura çÌe três lados; o círc*ïo é uma fìgura cujos pontos são eqüidistantes do cnntro. I-rma cle- Íìnição real nos cliz o que é o objeto designa- do pelo nofile, isto é, oferece a gômese ou o modo de construção clo objeto. por e,xemplo: o triângulo é uma figura cujos ângulos so- rnados são iguais à soma de dois ângulos r-e- tr:s; o círculo é uma figura formacla pelo ïïlovirnento de rotação de um senri-eixo à r,'nlta cle um centro fixo. Demonstrações e operações são procecli_ rnentos submeticlos a urn conjunto cie regras que garantem a verdade e a necessidade do Quç está sendo demonstrado, ou do resultatlo do cálculo realizado. A maternática é, por excelência, a ciência hipotótico-dedutiva. porque suas demonstra- ções e cálculos se apóiam sobre um sisterna de axioï'as e postulados, a partir dos quais se constrói a dedr"rção coerente ou o resultaclo necessário do cálculo. [Jm tema muito disc*tido na Filosofia das ciências refere-se à natu reza cos objetos e princípios matemáticos. São eles riínii ab:,i;'ação e uma purilìcaçãç dos clados de nossa experiência sensível? ürj- ginanr-se da percepção? Ou são realiclarles ideais, alcançadas excÍr-rsivarnente pelas ope_ rações do pensainento puro? são inteirarnente a priori? trxistem erìt si e.por si mesmos, cÍe tal *rodo que nossCI pensâmento silnplesmen- te os descobre? flu são construções perteitas cCInseguicias pelo pensamento humano? Es_ sas perguntas tornaraüï-se necessárias p(}r vários motivos. Em prinreil o ìugar" llorq ue uma corrente filosótìca, iniciada corn pitágoras e platão, manticla por Calileu, Descartes. ir{er,vton e Leibniz, afìrma que o mnnrio é em si mes_ mo nlatemático, isto é, a estrutura da reali- dacle é de tipo rnatemático. Essa co*cepção gararrtiu o surgimento cla.física maternática moderna. Ern s*gunclo lugar, porque o clesenvolvi_ mento da rílg*bra cantemporânea e clas cha- rnadas geornetrias não euclicíeanas (ou geo_ nretrias imaginárias) deram à matemática uma liberdacÍe de c'iação teórica sem prece- dentes, justamente por haver abandonado a idéia de que a e strutura cla realidade é rnate- miítica. Nesse segunrJo caso, como já dizia Kant, a rnatem á,tica é uma pura invenção clo espír'ito humano, Lrrna construção irnaginária rigorosa e perfeita, mas sem objetos corïes- pondentes no muudo. Em terceil'o lugar, porque, em nosso sécu* lo, o áìva'ço da criação e cla construção rnate- máticas foi decisivo para o surgimento cla teo- ria da relatividacle, na física, cla teoria das va' Iências, na quírnica, e da teoria sobre o ácicÍo desoxirribonucléico, na biologia. Em outras palavras, quanto mais avançou a invenção e a criação matemática, tanto mais ela tornou-se útil para as ciências da hlat'rez a, fãzendo com QUe, agora, tenhamos que indagar: Os objetcls matemáticos existem realrnente (corno queri- am Flatão, Galileu e Descartes), formando a estrutura do mundo, ou esta é tima pura cons- trução teririca e por isso pode valer-se da cons- trução rnaternática? ffi mmnmpm dms fr[&firffifrffis dffi ffim{ssrffiãffi As ciônçias da Natu riz'à estudatn cluas or- dens de fenômenos: os Íísicos e os vitais, ou as coisas e os organismos vivos. Constitllenl, assirn, duas grandes ciências: a física, cle que fazem pal"te a química, a mecânica, a óptica, a acústica, a âstronotnia, o estudo clos sólidos, líquidos e gasosos, etc., € â biologia, ramifi- cada ern ïisiologia, botânica, zoclogia, paleon- tologia, anatomia, genética, etc. Hm qualquer das trôs concepções de ciêrl- cia que virnos no capífulo anterior, considera* s* que as ciôncias da Naïureza: o estuclam fartos observáveis que poclerxÌ ser sub- metidos aos procedimentos de experimentação; CI estabelecem leis que exprirnetn relações ne- cessárias e universais entre os faios investi- gados e que são de tipo causal; 6 concebern a Natureza como um conjunto ar- ticulado de seres e acontecimentos interdepen- clentes, ligados ou por relaçõe s necessárias de c;ìusa e efeito, subordinação e dependôncia, ou por relações entre funções invariáveis e ações variáveis; o buscarn constâncias, reguiaridacles, freqüên- cias e invariantes dos fenômenos, isto ó, seus modos de funcionamento e cle relacionanlen* to, bem como estabelecem os mcios teóricos para a previsão cle novos fatos. neícle Aristóteles, as ciências cla lrJatureza cïesenvolveram-se graças ao papel conferido ìrs observações e, mais tarde, à observação controlada, isto é, à experimentação (* labo- ratório coïn seus instrutnentos tecnológicos de precisãa e meriir{a}. A experimentação é a dr- cisão do çientista de intervir no curso de r-lm fenôrneno, rnodificanclo as condições de scu aparecimento e desenvolvimento, a fim de en- contrar invariantes e constantcs que clefineill o cbjeto camo tal. A experimentação permite as cientista for- mular hipóteses sobre o fenômeno. urna hipó- tese é uma conjectura racional f'eita após um grande nútnero cle observaçõcs e cxperirnen- tos; é Lrfiìa tese que precisa ser confirmetda ou verificada por meio de novas observações e e xperimentos. A intervenção científ ica sobre os funôlnerlos se torna çada vez mais açura,Jâ, gfíl- ças à invenção dos objetos tecnológiccs de pes- quisa (balanças, termômetros, fertnostatos, ba- rômetros, aparelhos para proeluzir vár:uo, mi- croscópios e telescópios, cronômetros, tubos e curvetas, cârnaras escuras ou ilurniriadas com raios especiais, cümputaclores, ete.)" O rnétodo experitnental é hipotético-induti- vo e h ipatétiç o - $e du f i vo. Ë{ipofdfËc'o-ixnd g*iv* : o cientista observa inúrneros fatos variando as condições da observaÇão; elabora urna hipóte- se e realiza novos experirnentos ol"t irtduções parâ confirmâr ou negal a hipótese; se esfa for ccnfinnada, chega-se à lei do fenômeno estu- clad.o. Ffipot-ófico-dedntivo: tendo chegado à lei, o cientista pode formular novas hipóteses, clecluzidas do conhecirnento já adquirido, e com elas prever novos fatos, ou fonnular novas ex- periências, qrie o levam a cotthecitnentos no- vos. A lei científica obtida por via iridutiva au dedutiva permite descrever, interpretar e com- preencler um campo cle fenônìenos selnelhart- tes e prever nüvos, a partir clos priine iros. A previsão é tìrnáì das maneiras pelas quais o icleal moderno da ciência - dominar e con* trolar a Natur ez,a - se manifesta e Se realiza. Uma teoria çientífica permite construir obje- tos tecnológicos para novas pesquisas e a pre- visão ou previsibilidade dos fenômenüs per- mite empregar as tecnologias com fins práti- cos, criando a ciência natural aplicada. Os objetos técnicos que usamos em nossa vida cotidiana --_ ônibus, automóvel, avião' cnpírulo 3 - .r 2ü2 2S3
  • 2. u N TDtPLJ _']sì c I *Lq!19 ,i :ï.], -::' Âi'Íìi:!:. ':jr;i:Ì::i: ' :illl.; :.:iiìr.'. : l-:lt:tl '::.ili:r .r!:íiì ';zl:::::'l lânipad:i" ìiqiririi fica-dor, máquina de {j,Ìii ; i,'i"l i . de lavar, de cosrurai-, reïógios digitais, rádic, televisão, vícleos, aparelhos de sülrì, cletergen- te, sabonete, desodorante, cola, aclesivos, ob- .jetos plásticos, de lauça, vidro, tecidos sinté- ticos coïl:o nïlon e paliéster, vacinas, ântibió- tìcos, radir:grafias, vitamirlas e proteínas cnl eág:sulas, etc. -* são ciência aplicada ou re- sultaclo prático de ciências naturais teóricas. : ffi*mmmmüe$mde m ffi{Jffisffi À ciência rJa l,iatureza, clescle sflus inícios gregos, scr]ìpre afirmoil que a Nature;:a segue Ìeis naturais racionais e necessárias, isto é, sempre negou que horives$fl aca$o ou contin- gôncia rxo llìundo natural. ü ac*sct se]ïÏpre f*i cçliocado s*i,' dua$; es- pdcies Ce fat*s" srr f*tos cqja fiiïusa ainde pcr- iìraìnece dcsconhecicla, mas virá a ser conhe- r:ida {pr:rtantü, ü acasü d apcnas unla forma cle ignorância); ou acontencilnf,ntos ineiivieJr:- eis, conlo, p{}r exemplü" Llïïtr vaso que cai so- bre a caiteça de um passante (portanto, o &ca- so é apenas urì1a ocorrência singular que não afeta as leis universais da ï{atureza). Fio século XïX, a afirrnação da universali- dade e da neçessidade plena que governam aS relações causais da |Jatureza levaranì ao cotl* r:e ito cle deterrninismro. O determinislno pade l;er resumiclo da seguinte maneira: s clad* um fenôrïìeno, seïÌlpre será i:*ssível de* terminar sua causa necessária: w conireciclo o estacÌo atual de um conjunto de fatos, seffipre será possír'el collliecer o estado subseqüeïìte, que será seu efeito necesíário. Enl outras paial'ras, o deternlinismo afìrrna que podemos conÌrecer eìs causas de um fenôrneno atual lista d, o estado antedor de um conjunto rie fatos) e os eieitos de urn fenômeno atual (isto é, o estado posterior de urn conjunto de fatosl. A formuïação do determinisnlo como prin- cípio universaÌ e corno uÍïa doutrina sobre a .r// tt, ) I ldatureza Í--bi teit*, iiuii:r ;ii'imeira vf,z, pelo as- trônomo e físico Laplacc, qlrc oscreveu: üeven'tos cortsid€rür o esÍarlo presettte do Uni- let'so cot?to efeito rle seu esldtlo nas.ratio € c'olno {:'ttLtsü tíat1uí[rs rpte virá a seE,uir: Unvr iiiteli- gênciri que, rtuitt únit'o ins,t*nle, putlesse us- nhecer lodcts cs fiirç*s existetzles nn Nature:o e (ts l)osiçots de todos os .çeïes tlue rzel* e"ïr'J- ïem trtrtderi* üpresenrür nuÍltü ún{tu formulu t.irïtü lei que engIolsariu lotloJ í]J'rir$]tíntento,s do IJ niversú, desde os msiore s ulé os minimos e itn,i.çíve is. Prtra ela, trcttla seria íncerlç €, {to,ç seu,r olht;s, o trsassudo, o futurrs e o prssenÍe seriant uru rínico e só lernpo. O cle terrninisrno universai é, assirn, a afinna- ção clo princípio da razãa suficiente, ou da cau- salidade, e da icldia de previsibilidacÍe absolura dos fenôrnenos naturais. As leis naturais expri- rnefii essa çausalieiacÍe e essa previsibilidacÌe e, por isso, não existe ac.iiso n* {-lnivetso, [iviCentemen{e, o cientista aclixritia qi:e, pare nól;, sÈres humanos que não SlorÍflmos conhe- cer de uma só ve.z a totalidacle clo real, existia o aÇaso. Caminhando pür ì"lmâ rlia, para ir ao mencado, posso pat;sar sob uma janetra, da qrial despenca um vaso, que cai sobre minha cabe- ça e, eÍr vez cle ir ao merciìclo, vou parar nuln hclspital. Fìoi um ;ìcaso. l*ío entanto, paraesse cientista. minha icla peia ruit ê. nece ssírria do ponto cle vista cin anatornia e ctra fisloiogia de ftieu corpo; tr]assar por urna rua determinada ó irecessário se, por exempio, ficar estabelecido geométrica e geügr;rÍìe amen- te que é o trajeto mais simples e rnais rápidr: para chegar ao rnel'caclo; peia posição rlo vaso lia janeìa, pelo vento ou pela toqu* cle alguina cr:isa nele, é necessário, segundo a le i univer- sal ila gravitação, que ele caia. ü que é o aca- so? ü encontro fortr-rito de séries cle acoriteci- mentos independentes, cada t{rna delas per:fei- tarnente necessária e causal ern si mssma. um outra situação em que se falava cle acâ- so refere*se aos chamados 'Jogos cle azaï", romü cara-e-coroâ, roleta, certos jogos de car- tâs, o jogo de dados. üra, dizia o cientis{a, aqui tambéni ;,"'r i:íi rr*priamente acâ5t;' '-'''::liÌ* í-) séçulo XVIï, coïïl pensadores toülü ï);lseal" Leibniz, irjelviotl e, pcsteriarrrlente. Fet'tttat, Conheceínos os estudos mat*rnáticos cltama- ctros cálculo de pnobabilidades. Em cacla u$Ì desses 'Jclgos de ar,ar", cotrsideratrdo o núme- ro de objetos (uma moeda, dois dados, vinte catrfÍts, ete .), o núrnero de jogadçres e o núnle- ro de pafiìdas, ó possível calcular todos os re- sultaelos possír'eis e quais são as probabilida- des maiorcs e filen*res ele cac-la resultado. Para um cofilputarl*r, por exemplo. não haverá âca- so algunÌ, ffìas deterniinisnio complefo' A idéia de necessidacle prolrabitrística otl es- tatístìca tornou-se um instrurnento teórico de grancle importância para aqueïes ramns clas ciências naturais qo* iirl*In com fatos complc- xos, como, por exempio, a estudo dos gases, petra química, pois, nÊssc caso, o núntero cle moléçulas é qilase iliÍnitado e 1s-rel1tões de *ar,rsm e efeito sórpodem ser *@*jïïi$*::*ury" tistieeurlsnfe, pnlo cálçul* de prbÌrabílidad*s. As treis assim obtidas são çonheçidas conl o noflle r{e l*is clos gnmxrdes múrmerss e se exprimern em Br$ico$, curvas, relações entre ftrnções e variávêis, módias. Com essas leis, ü acaso es- tava excluíclo e os dois princípios do determi- nismo estavam mantidos, ainda que, no caso dos fenômenos nricroscópicos altanrente com- plexos, a noção cle causa tivesse sido substittl- ícla pela cle freqüência estatística" &smsm mu fr rarfletermflrlaçffi m A física contemporânea, flo entatrto, trouxe cle volta o acaso. Entre os r'ários estudos e vá- rias teorias contemporâneas, vamos mencio- ner apenas três aspectos coln os quais pode- rn$s perceber como e por que o acaso ressur* giu nas ciências naturais' O pleno funcionamento do princípio da ra- zão futiciente ou cla causalidade s do deter- minismo universal exige que seja mantieÍa a idéia de substância, isto é, de *ma realidade que pefinaneça idêntica a si rnesïïlâ, seja cau- sa cle algurnn ç; i'r, iÌ el*ito cle alguftlrÌ olrìi Essa rea'liciade pctïc ri-'í tlllla matória. Llïlltì energiit, uïna tnassa. um vcluffie, nÌas tem qr-re ser algurna coisa conl prüpricdaclcs deternri- náveis, constantes e qur püssalll sel'cotlhcci- clas" iler'fl ser urna qtl*x'atídaelc constaxl€e el üu urra f*rrnm *enstaxlfe. *ra, A microfísica ou física qLrântica veia mcstrar Qtre rlão há nerrl Lima coisa e nelll outra. O estudo do átomo qje hidrcgânio revelotl qlre a quanticlade de matéria *u tïìasSa nãg pel"ïÌla- i1eçe COnStante, iltAs ïransfq:rÍ1l3-Se enl cirergia, e esta tanrbém nãO permaï]ece CCtrStante* Ínas, o que é pior, não se fl'ansfornla eín coisa alguma: simplesrlente se perCe, dcsaparece. não se saï:çr parâ oneie foi, nem o tìuc }he acontccett' A quan- ticJade, poitanto, não ïirï {ï}anece constante' AO n-lcsrno tentpp, t] e"ctttda; clOS átOlTÌLlS 1'e- velcu que, clependend* cla aparelhagem tecnológica usada, uffi çorprisculo ó o c1*e pod* s*r visto, ïnas, corn otitrcs aparelÌros, ent lu- gar de unt coï:púscuÏo" vê-se ïlïï}fi anda' Corn iun*, ulna trr*r*u re aiíclat!* au substânçia- tan- to poclt* ter a forrna c*e algr; qïje se estende no *tpnço (onda), quanfo a ctre urn ponto que .se concentra no espaço {*orpúscuì-o), não tendc, portanto, forma constanie. Se quantidade e forrna perdem a constân- cia, a regularidade e a freqüência, como con- tinuar falando ern câusas e efeitos? trJm segunclo caso, que abalou a física e ficoil conheciclo com o norne de princípio de irecer- t*na ou de indeterwrinaçffis, foi trazidr: pelos estuclos do ffsica }{eisesberg ao descobrir qlie, no nível atômico, comCI ccnseqüência elos clais fatos qìÌe apontamos acima, cç:nhecel o estaclo orl a situação atual rje urn fenômeno, ou Lìín conjunto de fatos, não permite prevel: a situa- ção ou o estaclo scguiíÌte, nem' portaitto, des* óobrir-qual foi a situação ou o estarJo anterior. o determinisrns baseava*se no pressuposto de que o conhecimento Íïsico causal exige que um fenômen0 físiço cleva s*r conhecido a pâr- tir dç ilois critérios sirnultâneos: suas prcpri- eciades geométricas (forma. figura, vclutns' grandeza, posição) s suâ$ prapricclades físi- ,!1i:iiiililirl /1;iiii:ì'rl ,r;;fli,j'.:i r'i.. -'ì,i.:t ,.ij 'rili,'.':lilií1 :tit':.ii:ri:'' ,r'l ;:.. j .: ''.., ' t''''iiti .,l.i. ?Õ4 2#5
  • 3. cí1s ou dinârnicas (v*ìcciilitt'1,,'" movimento, re- pouso). Heisenberg descobriu que, quando co* nhecemos perfeitamente as prapriedades ge- ométricas de um átomo' não conseguirnos co- nhecer suas propricciades físicas ctinâiiiicas e vice-ver sa, sencïo irnpossír'e I determinâr o fls- taclo passaclo e n cstado futuro do fenôrncno esturjacÌo, isto é, suas causas e seus efeitos. Em outras palavras, quanclo se conliece a posição, nãü se consegue conhecer a veloci- dade, e quanclo esta é conhecida, não se con- segue conhecer a posição de urn corpúsculo. Há, portAnto, incerteza, incletenninação do fe- nômeno. A microfísica é incap az de de ternii- nar a trajetória de corpúrsculos individuais. O terceiro acontecimento que abalou o ele- terminismo universal Íoi a teoria da relativida- de, elaborada por Einstein. O abalo foi cluplo. Em primeiro lugar, como vimos, a ciência moderna organizou-se graças à separação en- tre o subjetivo e o ob.jetivo, propondo uma idéia de observação-experirnentação eïn que o fenômeno observado será sempre o mesnlo e obedecerá às mesmas leis, seja quem for o sujeito observador. Ora, Einstein clemonstrou que o tempo é a cprarta dimensão clo espaço e que, na veloci- dade da luz, o espaço ëncurva-se", "dilata-se ", "contrai*se" de tal modo que afeta o ten"lpo. Assim, alguém que estivesse na velocidade da luz atravessaria num tempo rnínimo um espa- ço imerìso, mas os que ficassem abaixo rJa- quela velocidade senfiriam o tempo escoar len- títrìlente ou "rìormAlrÌÌente". Para a prinreira pessoa, teriam se passado algulnas horu, ou dias, mas para outros, anos, meses, séculos. I)essa maneira, Einsfen demonstrou que nos- sa física é tal corno é porque depende da posi- ção do obsen'ador ou do sujeito do conheci- mento, isto é, um sujeito do conhecimento tnarciano ou venusiano prod uzirá, uma física completamente diferente da nossa, porque o espaço é relativo ao observador. Assim sendo, nossa ciôncia da Natuteza não é úniversal e necessi,íïia em si mesmao mas exprime o ponto de vista da sujeita do conhecimento terrestre. c-.r n;r:gt;ncio abalo pfOVOCaci,; 1-l-,i Einstein refere-se à pr'ópria idéia de teoria científica da lrtratu teza. Uma teoria científica, como vimos, é uma explicação global para urn conjunto cle fa- tcs naturais aparentemente cliferentes, mas, na realidade, submetidos'às rnesülas leis e aos mesrnos princípios. E isso que permite, pür exemplo, falar na teoria universal da gravitação, formulada por Newton, válid;r para os rnovimentos de todos os corpos do Lïniverso, sejam ele s grandes ou pequenos;, leves ou pesados, celestes ou terrestres, aquáticos ou aéreos, coloridos ou sefiÌ cor" saborosos ou se Ín sabor, etc. l"antbém a idéia de teoria nos permite falal na teoria universal da relativiclade, elabarada por Einstein. Que cliz eia? Que a rnedida d;r velocidade do movimento, seja este qual for, ó Albert Einstein { 1 879-19b5} esrá indissociavelmente ligado à física do século XX: suâ teoria da relatividade não so substituiu a da gravitação universal, de Newton, como é considerada por rnuitos como a mais perfeita e estetica- nnente a mais bela criação de toda a história da ciência. a velocidade da luz; QLiu, i;*:;i;t velocidade, toda matéria se transforrna cm energia, deixando, portanto, de possuir massa e valume. Do ponto de vista da vetrocidade cla lttz, a teoria da gravi- tação universal, baseada na relação etrüe rnovi- mento, massíì, tetnpo e vetrocidade, rtão tem va- L*r, embora coiltinue verclacleira pzu"a os movi- lnentos que não sejam rneclidos pela veloci- dade cla luz. Mas não ó só isso. Do ponto de vista da velocidade da luz, todo movimento é relativo, isto é, não há como clistingrril obserua- clor e observado (fenômeÍìo que experimenta- mos eÍn nossa vida cotidiana, quando, estando numa estaçãr: ferroviária, nunt trem imóvel, vgnlos outro, paralelo ao nosso, mover-se, e te- mos a impressão de que é nosso trem que está em movimento; ou quando, olhando uur rio ve- loz do alto de utna ponte, ternos a irnpressão de q$e é a ponte que se ïnove e não o rio)- , , Qual o problema? A existência de três teori- ;,.as físicas simul"tâneas quântica, para CIs ./átornos; a newtouiana, pâra {)5 çorpos visívets; a ela relatividade, para o movimento na velo- cidade da luz -, regidas por çonceitos e méto- dos diferentes, excluindo-se umas às. outras e todas elas verdacleiras para os fenômènos que explicam. E, mais: a física quântica desfaz a idéia de causa como quantidade e forma cons- tantes; e a física da relatividade desfaz a idéia clássica da objetividade como separação enire sujeito e objeto do conhecimento, base da ci- ência moderna. Em.lugar de um único paradig- ma científïco, a física nos ofereÇe três ! &s çi&ntifis da vida As ciências biológicas (&ios, effi grego, sig- nifica victa) ou ciências da vida fazem parte das ciências da Ìr{atureza ou ciências experi- mentais. Osprirneiros hiólogos foram médicos: os pré- .:r socráticos Empédocles ouAnaxágoras, e o pós- socrático Aristóteles. Para todos eles, interes- $ava, antes de srais nada, determinar a fonte ou origem da vida e a localizaram no çalor, dan- üÉi.f)í-ïUL() 3 - "AS CIENCIAS nÃ. N;TUÍìEZ'r r-1r., iì'iu cümo sede o fígad$ i; r;'rpi:rì*cles) ou o coração (Anaxágoras e Aristóteles). Além da busca do princípio vital, Aristóteles interessou- se pelo fenômeno da reprodução, distinguindo os seres vivos em vivíparos e ovíparos. H a ele cJeveuros a classificação dos seres vivos errÌ gêneros e espécies. Do século XVIï até a primeira rnetade do séçulo XX (1939-1940), predominou na biolo- gia a investigação fìsiológica. A fisiotogia in- teressa-se peias funções realizadas pelos seres vivcs: circulação do sangue (com Harvey), digestão {com Réaumur e Spallanzani)', respi- ração (com Priestley e Lavoisier e locomoção ou neuromusculatura (cam Haller, V/hytt). A seguir, o itrteresse fisiológico dirigiu-se para o estudo do funcionamento específico dos r'á* rios órgãos e seus tecidos e, finaïmente, para â investigação das células. Foi no estudo celu- lar que, no século XIX, Mendel deu iníçio ao que iria tomar-se o centro da biologia do nos- so sécnlo: a genética. Todo problema epistemológico clas ciências biológicas consiste ern saber se os procedi- mentos e os conceitos usados pela fïsica e pela química podem ser empregados para a inves- tigação do fenômeno da vida. De fato, a biologia partiu da distinção entre seres inorgânicos e seres orgânicos - plantas e animais - para distinguir os fenômenos vi- tais dos fatos físicos e quírnicos. Entretanto, dois acontecimentos puseram em dúvida a 4*t- continuidade entre a matéria (inorgânica) e a vida (orgânica). Em primeiro iugar, ro século XtrX, a síntese quírnica da uréia, que revelou fenômenos químicos como essenciais ao pro- cesso vital, dando origem à bioquímica. Ern segundo lugar, em nosso século, a descoberta das nucleoproteínas revelou que os corpos quí- micos (as xnoléculas) e os corpos vivos (as cólulas) comportatn-se da mesma maneira. Os estudos de bacteriologia, dos corpos catrcerí- genos, assim como os trabalhos de embriolo- gia e a descoberta dos vírus foram na mesma direção, revelando profundas semelhanças en- tre fatos químicos e vitais. {JNIDADË7-ASC!ËNCIÂS 2fi6 2#7
  • 4. . rìeprodução: a célula tem o poder de repr.o- duzir-se e a reprodução *:::::lll"^:: l: DiÍiculdades metodológicasou pela fusão de certo tipo especral de células j , (os gametas femininos J.";"ii;;;. ;,;;; da biologia chamados organismos unicelulares, pela auto- reprodução da célula, sem a função sexual. A As ciências biológicas enfrentam vrírias di- reprodução gaÍante a sobrevivência da espé- ficuldades para a definição de seu objeto e de cie através dos indivíduos; seus métodos. As principais dificuldades são: cApíruLo3-AÉ ffiFÉn_ _. ._,,. - * cqpírulo s - as ctÊN,ctAs DA NATURÊZA ---ffisl- I definição e d*ss!{ïcação dos objetos i:loló- mais fenômenos iísico-químicos e está, gicos: o objeto da biologia não é o indivíduo, como eles, submetida ao determinismo das mas o gênero e a espécie. As dificuldades cien- causas e efeitos, ou é um fenômeno totalmen- úficas estão na escolha dos critérios de classi- te diferente, corn suas leis próprias? A pri- ficação para definir um gênero e uma espécie. meira tendência chama-se mecanicismo; a É u iot-u dos seres vivos que deterrdina o gê- segunda, vitalismo. nero e a espécie? Nesse caso, o critério é a Ovitalismotendeuaservitoriosoporinvo- morfologia. Ou é a ordem temporal de apari- car dois fenômenos que só existem para os çãodeumgêneroeumaespéciequedevesero seles vivos: arelação como tempo (diferença óltgriot Nesse caso, a paleontologia e a em- entrevidaemorte)eafinalidade(avidaéum briologia definiriam gêneros e espécies; processo ativo de interação com o meio am- biente para arcalizaçáo de fins como conser- e dificuldatles do método experimental: a vação, reprodução, reparação)' vida é uma relação ativa, dinâmica e diferen- O vitalismo é filosoficamente problemáti- ciada dos organismos com o meio ambiente, co. De fato, durante muitos séculos, para ex- mas o coúecimento experirnental é realiza- plicar a temporalidade e a flnalidade dos Í'e- do em iaboratórios, que definem condições nômenos vitais, afirmou-se a existência, nos fixas para o relacionamento organismo-meio. corpos vivos, de almas ou inteligências, que Comó confiar inteiramente nos resultados dirigiriamracionalmenteavida'Mesmoafas- experimentais, se as conüções de laboratório tando essas idéias, a {ìnalidade não se toma são abstratas e artificiais, não correspondendo um conceito cientificamente claro' Por exem- à jtuaçao vital concreta dos organiimo?; plo, devemos dizer que é para poder voar (fï- - ^: ', naiidade) que os pássaros desenvolvem a for- I diticuldades de experimentação.no,orga' ma ovóide de tfonco, a estrutura de ossos Ie- nismo.humano: de modo geral, aexperimen- ves e ocos, aleveza do pescoço e da cabeça, a taçãobiológicatrabalhaco;animaise,nãocom disposição das penas nas asas, ou, ao contrá- seres humúos, e o primeiro problema consiste rio, que é por haver desenvolvido essas carac- em saber se as conciusões obidas com animais tedsticas que, com o passar do tempo, os pás- teriamvalidadeparaoorganismohumano.Pro- saros puderam voar? crüa-se coiÌrpenr* tul dificuldade com o estu- os embaraços para definir com clareza o do dos organismos humanos doentes, toman- que seja a finalidade Íepercute numa outra do-se a doença como ulna espécie de "experi- idéia da biologia: a de evolução. Avida, por mento natural". Mas o problãma, agora, é sa- ser interação ativa com o meio ambiente.' leva ber se o modo de funcionamento de um orga- a mudanças nos organismos para a adapta- ;h-" ãgen; pode ser generalizado p*u o iu- ção dos indivíduos e a mariutenção da espé- dio. o mesmo problema se põe quando a bio- cie. como essas transfonnações ocorrem no logia estuda os^cadáveres humanos, pois cabe tempo e como se considera que os organis- p"ïg*t* se o morto pode explicar o vivo. mos "progridem" ou "melhoram o desempe- nho" graças à invenção de mecanismos no- Finaridade, evor$ção ;Ïiii,,ï'ãlïi3i;i*";: iï,ïï'üïï";fx: e 0Íigem da vida pécie. Surge,_então, a.pergunta: o que leva a vida à finalidade evolutiva? uma disputa atravessou a história das ci- Essa pergunta é djfíc:l de ser respondida, ências biológicas e pode ser assim formula- potqo" ã idéiu de gvolução se refere às espéci- oar É a vida"de *"r*u natureza que os de- es 1não aos indivíduos) e pressupõe a noção de ..;r'l,rr .ifJ...r; ..j': i:Ì,!ji:lÌ'!; tt,'.iiÏ' ::.i4.;::_1. al;; i i1{:1:,r,r:i ,+iÈ. .::.iìi:,' :ii:li- .' rfi:.'lllai.: F{c entttriii(). ;!-'-;.,:ìr das discussões sui,r*. ;i essôncia da vida nã* tcrem chegado a coílclu- sões deÍ-initivas. a biolcgia distinglÌe os seres incrgânicos e üs rivGS definindo estes úItimos pclas icÌtiias de cóNuïa e flunções realizaclas pe la cólu1a, unidade vital e orgâllica hásica. A viCa caracteriz-a-se pelas seguirrtes frrnçõcs: w ürrËtaltilÍdade: unla célula ó uma ativicla- rÌe que ïeage e responde iìs excitações rìu e s- tíinuïos clo meio arnbier:te *-_- temperirtura, iriz, obscuriclade, pres são, al inlent*. etc. A virJa é rima adaptação afiva e pr*tetara dían- [e d*s alt*rações do rneio anr]:i*nte, Eenelo. a.qsim, relaçã* do organisnlc com seu ambi- eil[e. na qual o ser vivo busca eqmitríbrto com o meio" A rupïura desse equilíbrio é a rJoen- ça e â rnorte; ffi rffietafum$fisnas: a imitabilidarie ou adaptação . r' f n. rro meio e t'eita por Llm conjunfo de tr*cas en* trt o *rganisrnnl fl o m*i*. A *dìuia assinrila r fransfarma aquilç r4ue consoïne sob a forma cle aïimentação, respiração, assinrilação ou perda de substância, gastos *nergéticos, etc. (} metabolismo é, pois, um conjunto de trans- frrrmações químicas realizadas no interior clo organisïno numa relação de troca e corìsilmo Çom o rneio ambiente; a clivisão e crescinrent*: uma célula teln o proder de dividir-se, .ou seja, cle cresr:er para garantir que o ser vivo atinja seu desenvoivi- mento próprio e tambérn para reparar clanos sofridos pelo organisïïìo, coïno por exemplo a tÌivisão e a multiplicação de cólulas da epidernie para curar um ferimento; & in*lividuatris'Ë*sr-Ìa:" iiiìì ser vivo, rnesrno unieelular, forma uïït inclivídu*, isto d. um sis- tema único e fechado, cujas p;ìrtes se cones- ptrndem recipracarnente e conÇürrenÌ para â mesïna ação; âoE & or"gÍìnf,cËdmde: o s*r vivc ó constituíelo por órgãos (palavra quc vcrn d* gr"ego, órgrmon, instrumento que reaiira rnna função), isto é, por urn conjunto cliterenciado de funções, qrre ga- rantem e conservação e a repïoclução da virJa. O ser vil,o ó, pois, um organismo e uiïl indi- r,íduo. H portador cÍe quatro características principaÍs: a iuterioriclarJe. a auto-apresenïa- Ção, a auíc*organizeção e a aLÌfo-reproduçrão. Imferiorielade: realiza coïïportamentcrs, isto é, possui disposições int*rnas, que lhe pemri- tem relacionâr*se ativarnente com o rneio anl* biente. Amts-apreserntnçx*CI: maniÍ'esta-se coÍÏl ilffira estrutura ou f,qlnna extnrna cornplefa, que pressupõe a existência *Íe estrilturas intei:ras Xlarciais, çoïtl as quais CI ürgenisrno se aprosen* ta ccrno indivíduü e çoíno espá*ie diferente de toclas as outras. Auto-rlrgnmiuaç#o: é o resul- tarÌo cle um longo processo de evolução e acïap- tação ao meio, qtte pemite â um organismo tornar-se cada vez rnais complexo e ter, interna e externarnente, funções cada yez rnais especializadas para seus órgãos. Auto-r*pro- dnção: por meio cla função sexual, o organis- mo é c.apaz cle reproduzir um outro seu sefile- Ihante, perpetuando, tanto quanto possível, a espécie; por meio da clivisão e da separação (no caso dos seres que se reproduzem assexuada- mente), o organismo é, capaz de engendrar um outro, semelhante a si, perpetuando-se. ?ffi8 ?fis
  • 5. uNtDAnË7-Â,$iltÊNCTAS heredimïlLjii;i'-!r, irlr: é, transmissão clo;; '.,iiì r;r.) teres adquiridos por evolução a todos os lÌleln- bros da espécie. Com a idéia de evolução das espécies e hereditariedade dos caracteres ad- quiridos, surgem novas indagações: 6 se a evolução não é do indivíduo e sim da espécie, porém, se são os indivíctuos qne são levados a se transfonnar para se adaptar, o q$e é uma espécie? @ se a espócie evolui, mas se o faz transmitin- do as estruturas hereditárias, o clue podem ser as leis da hereditariedade, já que uma espócie pode rnuclar? ü: se há leis da hereditariedade e se há muta- ção das espécies, como se relacionam a l'ina- lidade hereditária e a finalidade evolutiva? # ffi so g;prganisrno vivo é, como dizem a bio- quím$_$a e a gonética contemporâneas, uma rnáqr$na que se constrói a si mesma e dá a si mesr&â sua finalidade , o que significa a icléia de adaptação ao rneio, central na teoria da e vol ução ? Questões conlo essas não invalidam a bio- logia como ciência, pelo contrário, indicam que esta não é um conjunto de verdades aca- badas e absolutas, mas um processo cle çonhe- cimento. For isso, a biologia também possui suas rupturas epistemológicas e Íiuas revolu- çÕes científicas. A mais recente dessas nrpturas e revoluções liga-se ao que se convençionou chamar de "des- coberta clo segredo da origem da vida", isto é, a descoberta das nucleoproteínas" ou do ADI{ _* ácido desoxirribonucléico -, defïniclo como código genético. Essa descoberta, recentíssima (data dos fins dos anos 60), resulta do estudo microscópico de açúcares e bases nitrogenaclas, que são macromoléculas constituídas por micramoléculas chamadas aminoácidos {o DI.íA e o RNA), consideraclos, até o momento, responsáveis pelo fenômena da vida. .Essa clesçoberfa i e ve;ï;r *1go muito novo: por um lado, que a vicla resulta de um processo quínúco, ïnas, por outro, que esse processo ó uma ruptura que separa os seres naturais inorgânicos e os seres naturais vivos. No entarlto, os estudiosos do ADN não he- sitam em aflrrïlar qlre, embòra com esse coíì- ceito se possa construir um paradigma bio- lógico que tenha por modelo a cibernética e a informática (donde a ielóia de cóeligo gené- tico), a existência e os modos cle funciona- mento do ADN são enigrnas e rnistórios e, por enqnanto, a origem da vida parece ter resultado de um puro acaso e não de uma necessidade causal, nem de uma finalidacle necessári a. O que é espantoso, porém, é que nìe smo sern conhecer exata e rigorosamente os fenômenos investigaclos, a biologia genética já desenvolr veu teçnologias para a invenção de novos ali- rnentos, mutações ern anirnais e vegetais, a fa- bricação ele vacinas Çontra vírus, etÇ. ffis dmil$ Wrffi$Bdms ffiffiËïrpos da bilmtmgim A biologia contemporânea trabalha ern dois grandes campos de investigação: 1. o da investigação genética e fisiológica no nível hiper-microscópico clos processos e for- nìas micromoleculares e, com ajuda da bio- quírnica, o estudo da célula em seus fenôme- nos internos e de reprodução, isto é, investi- ga o ADÌt{; 2. o da investigação das formas, das estrutu- ras e dos processos visíveis dos organismos' na relação com o meio ambiente, isto ó, o es- tudo do comportamento dos seres vivos e, por- tanto, as relações vitais entre meios e fins. Tem em seu centro a idéia de equilíbrio vital, en- tendido como conjunto de processos e funçÕes que permitem ao organismo conservar-se e re- produzir-se. "r Sffi m pffi$$ívmEs çã#sr*Fms $xaxr"nrsmíçffis? Embora seja evidente que toda e qualquer ciência é hurnana, porque resulta da atividade humana de conhecimento, ã expressão ciên- cias hunaanas €k$;Sg*qggffi* têirr o próprio ser hutnatto cotìlo objeto. A si- tdãç..-àïo ãe tais ciências ó muito especial. Em primeiro higar, porque seu objefo é bastante recetrte: o hotnem coïno otrieto científico é :'*L:t}éi* b#&*Je- Sg**-ggsgstsle*sg:ekg-Ma estudado nela fìilosofia. ïegündo lugar, porque surgirarn depois ,r nuç as ciências matemáticas e naturais esta* f .,la* corìstitgídas e já haviam definiclo a idéia ** çientificiclacle, de métodos e conhecinren- tor científicoso de modo que as ciências hu- *onu, foram leva6as a ir*itar e copiar o que I / aquelas ciências haviam estabelecido, tratan* ( do o homem como unla coisa natural mate- matizável e experimentável. Em outras pala- ì f uror, para ga'har respeiiabilidade científica, Í ur disciplinas corlhecidas como ciências hu- *unus procuraraltl estudar seu objeto empre- gatrdo conceitos, métoclos e técnicas propos- tos pelas ciências da Ì{atttreza. dos ïorilâIítriír-:,' i,li;i{'o cotlt*stírveis ü tr-rr cientí{icírs. Essa situação levou tnuitos cientistas e fi- lósofos a cluviriar cla possibilitlacJe dt-' ciêrlcias que tivessem o horuem cütllo abjeto" Quais as principais objeções feitas à possibilirJacle das ciências hurnanas? * A ciência lida coffì fatos obserr'áveis. isl.o é., com seres e acontecirnentos qlÌe, nas condi- ções especiais cle iaboratório. são objetiis de experirnentação" Corno observar-expel itnen- tar, p*r exernpìo, a consciência hutnana indi- vidual, qiln ssria o objeto da psicologia? Ou unla sociedade, objeto da saciologia? Cu utna época passada, cbjeto da histórialt í** A ciência lida coilÌ fatos regiclos pela íleces- I sidade causal au pelo princípio clo determi- I ;rrisino universaï. O homem é dotado de ra* z,ãa, vontade e liberdade, é capaz de criar fins e valores, ile escolher entle várias opçõe s pos- síveis. Como dar ltma explicação científica neçessária àquilo que, por essência, ó contin- gente, pois é livre Õ age por liberdade'? ciência lida com fatos objetivos, isto é, os fenÔmenos, depois que forattt puritì- fà n ciôncia busca as leis objetivus ge rais, uni- bersais e nece$sárias dos fatos. Corno estabe- leçer leis objetivas para o qrÀe é essençialmen- te subjetivo, colllo o psiquisrno hutnauo? C*rno estabelecer leis universais piu:a algo que ó particular, eotno ó o caso de uma sociedade lir;mar:a? Como estabelccer leis necessárias paÍa o que acontece uma única vflz, como é o caso do acontecimento histórico? $ n ciência opera por análise (decomposição I de urn fato complexo em elementos simples) I e síntese (recomposição do fato cotnplexo por l', seleção dos elementos sirnple s, clistinguinclo [os essenciais rlos acictrentais). conro analisar ì sinteLtzar o psiquismo hutnapo. tllllÍÌ stlcie- clacle, unÌ acontecimeuto histórico? ^/ Em terceiro lugar, por terern surgido no pe- { ríodo em que prevalecia a concepção empi- { rista e determinista cla ciência, tatnbérn pro- curaram tr atar o objeto humano usanclo os mo- a*tor hipotético-indutivos e experinrentais de ) esdlo empirista, e buscavarn leis cartsais ne- cessárias e universais para os fe1ômenos hu- t***os. Como, entretanto, não era possível re- alizar uma transposição integral e perfeita das méiodos, clas técnicas e das tecrias naturais para os estudos dos tatos humanos, as ciên- ,,, cias humanas acabaram trabalhantlo por anâ- ,,,' tcgin collL as ciências naturais e Seus resulta- f.n corn 274 ?71