SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 141
Baixar para ler offline
Ministério da
Integração Nacional
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE
VULNERABILIDADE PARA MAPEAMENTO DE
ÁREAS SUSCETÍVEIS A DESLIZAMENTOS E
INUNDAÇÕES – PROPOSTA PILOTO EM
SANTA CATARINA
RELATÓRIO DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS SETORES
DE RISCO DE DESASTRE – MUNICÍPIO DE ANITÁPOLIS
Realização:
Realização:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM GESTÃO DE RISCOS E
DESASTRES
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE PARA MAPEAMENTO
DE ÁREAS SUSCETÍVEIS A DESLIZAMENTOS E INUNDAÇÕES – PROPOSTA
PILOTO EM SANTA CATARINA
RELATÓRIO DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS SETORES DE RISCO
DE DESASTRE – MUNICÍPIO DE ANITÁPOLIS
CEPED UFSC
Florianópolis, maio de 2014
© 2014. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC/Universidade Federal de Santa Catarina
– UFSC. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s)
respectivo(s) autor(es). A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser
feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro
constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184,
Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Dilma Vana Rousseff
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL
Francisco José Coelho Teixeira
SECRETÁRIO NACIONAL DE
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
Adriano Pereira Júnior
Diretor do Centro Nacional de
Gerenciamento de Riscos e Desastres/
CENAD
Élcio Alves Barbosa
Chefe de Divisão de Análise Técnica
Getúlio Ezequiel da costa Peixoto f-
Filho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
Reitora da Universidade Federal de
Santa Catarina
Professora Roselane Neckel, Drª.
Diretor do Centro Tecnológico da
Universidade Federal de Santa Cata-
rina
Professor Sebastião Roberto Soares,
Dr.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS
E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Diretor Geral
Professor Antônio Edesio Jungles, Dr.
Diretor Técnico e de Ensino
Professor Marcos Baptista Lopez
Dalmau, Dr.
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA
E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Superintendente Geral
Professor Gilberto Vieira Ângelo, Esp.
Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Pesquisa e
Estudos sobre Desastres. Laboratório de tecnologias Sociais em Gestão
de Riscos e Desastres.
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de
áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações: proposta piloto em Santa
Catarina / [Coordenação Janaína Rocha Furtado]. - Florianópolis: CEPED
UFSC, 2014.
137 p.
Relatório de intervenções para mitigação dos setores de risco de
desastre: Município de Anitápolis.
1. Desastres - avaliação. 2. Redução de riscos. 3. Deslizamentos. 4.
Inundações. 5. Santa Catarina. I. Universidade Federal de Santa Catarina.
II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III.
Laboratório de tecnologias Sociais em Gestão de Riscos e Desastres.
CDU 504.4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM GESTÃO DE RISCOS E
DESASTRES
Coordenação Executiva do Projeto
Janaina Rocha Furtado
Construção de Metodologia do
Projeto
Janaina Rocha Furtado
Antonio Guarda
Rita de Cássia Dutra
Sugestões de Intervenções
Estruturais para Mitigação dos
Riscos
Eng. Civil - Rafael Fabiano
Cordeiro– CREA/SC101753-5
Análise Geomorfológica
Geógrafa - Mari Angela Machado–
CREA/SC 121539-9
Elaboração do Relatório
Janaina Rocha Furtado
Mari Angela Machado
Rafael Fabiano Cordeiro
Débora Ferreira
Elaboração dos Mapas
Higor Hugo Batista
Colaboração
Laboratório de Tecnologias Sociais
em Gestão de Riscos de Desastre
LabTec/ CEPED UFSC
Larissa Mazzoli
Marcela Souza Silva
Agradecimentos
Ceane de Almeida Coelho Boing -
Órgão Municipal de Proteção e
Defesa Civil de Anitápolis
Prefeitura Municipal de Anitápolis
2
Apresentação
Com o objetivo de mitigar e prevenir os impactos decorrentes dos desastres
naturais no Brasil, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil está
desenvolvendo em todo o país o processo de análise das áreas com risco em
municípios prioritários. A seleção dos municípios para compor a lista, e
direcionar a ação do Governo Federal na redução de riscos, fundamentou-se
no registro de ocorrências de desastre por deslizamento e/ou inundação, e na
quantidade de perdas e danos decorrentes.
A primeira etapa deste processo de avaliação dos riscos está sendo realizada,
progressivamente, por uma equipe de geólogos do Instituto de Geologia do
Brasil (CPRM), que desenvolve a setorização das ameaças relacionadas à
inundações e/ou deslizamentos. Conquanto a análise do risco dependa da
análise das ameaças e, também, da análise da vulnerabilidade, tornou-se
relevante realizar a segunda etapa deste processo: desenvolver metodologia
para avaliar a vulnerabilidade ao risco desastre.
Neste sentido, a SEDEC em cooperação técnico-científica com a Universidade
de Santa Catarina,firmaram parceria para construir uma metodologia para
avaliação da vulnerabilidade em áreas suscetíveis a deslizamentos e
inundações. Para testar a metodologia elaborada, foi desenvolvido um
projeto piloto no estado de Santa Catarina, visando a aplicação prática desta
metodologia de forma a garantir a ampliação destes instrumentos aos demais
municípios de interesse.
O CEPED UFSC ficou responsável por propor uma metodologia e desenvolver
o projeto piloto em cinco municípios de Santa Catarina: Navegantes,
3
Balneário Camboriú, Itajaí, Anitápolis e Alfredo Wagner.O mapeamento dos
riscos de desastres é processo fundamental para a gestão dos riscos e,
consequentemente, para atuar na redução dos mesmos. Caracteriza-se pelo
desenvolvimento de etapas, as quais integram entre outras a identificação,
classificação e análise dos riscos de desastres.
Os riscos de desastres são produtos da combinação de uma ameaça sobre um
ambiente vulnerável. A análise das ameaças não constitui, por si só, condições
suficientes para compreender as complexidades que envolvem os riscos de
desastres, possibilitando que comunidades sejam mais resilentes que outras.
Estabelecer critérios e construir indicadores de vulnerabilidade ao risco de
desastre é uma necessidade nacional, já que o país ainda não disponibiliza
estudos e metodologias nesta área, que contemplem a sua realidade de risco.
A proposta apresentada teve a finalidade de contribuir com a construção de
indicadores, que permitam a avaliação dos riscos no município e a gestão dos
riscos direcionando as ações nas áreas prioritárias. Também possibilitará
produzir dados e informações que orientem a reflexão sobre os processos de
vulnerabilização ao risco de desastre no Brasil, ainda que a metodologia não
abranja, por si só, todas as problemáticas relacionadas.
Tendo em vista este objetivo pontual de construir instrumentos que
favoreçam a gestão local dos riscos, no âmbito municipal, propôs-se a
elaboração de uma metodologia para ser aplicada em áreas socioterritoriais
específicas, de forma setorizada.
4
Este relatório apresenta um dos produtos decorrentes do mapeamento
realizado em Anitápolis, relacionado às sugestões de Intervenções Técnicas
para Mitigação dos Setores de Risco de Desastre.
5
Inundações, Enchentes e Alagamentos
Com relação às inundações, são eventos naturais que ocorrem com
periodicidade nos cursos d’ água, frequentemente ocorrem devido às chuvas
fortes e rápidas ou chuvas de longa duração.
A inundação, popularmente tratada como enchente é o
aumento do nível dos rios além da sua vazão normal,
ocorrendo o transbordamento de suas águas sobre as
áreas próximas a ele. Estas áreas planas próximas aos rios
sobre as quais as águas extravasam são chamadas de
planícies de inundação (KOBIYAMA et al., 2006, p.451
) .
De acordo com o Manual de Defesa Civil (Castro, 19992
), as inundações são
classificadas de acordo com sua magnitude (excepcionais, de grande
magnitude, normais ou regulares e pequena magnitude) e sua evolução
(enchentes ou inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas,
alagamentos e inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do
mar). As inundações graduais resultam da elevação das águas de forma
gradativa, suficiente para inundar as regiões marginais e as inundações
bruscas resultam da elevação das águas de forma rápida e violenta,
provocadas por chuvas intensas e concentradas.
Sobre a questão de diferenciação de inundação e enchente, Kobiyama et al.
(2006) destaca que esta última ocorre quando não há o transbordamento do
rio, apesar do rio ficar praticamente cheio, conforme representado na figura
abaixo. Todo rio tem sua área natural de inundação, ou seja, as planícies de
1
KOBIYAMA, Masato. et al. Prevenção de Desastres Naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic
Trading, 2006.
2
CASTRO, A.L.C. Manual de planejamento em defesa civil. Vol.1. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa
Civil, Ministério da Integração Nacional, 1999.
6
inundação. E, quando o homem deixa de respeitar estes limites dos rios e
ocupa estas áreas de forma inadequada, as inundações passam a ser um
problema frequente.
Na figura 1 a seguir, pode-se visualizar o perfil esquemático do processo de
enchente e inundação.
Figura 1: Perfil esquemático do processo de enchente e inundação.
Fonte: Min. Cidades/IPT (2007)
Além de inundação e enchente, existem os conceitos de alagamento e
enxurrada. De acordo com o Ministério das Cidades/IPT (2007)3
,
O alagamento pode ser definido como o acúmulo momentâneo de águas em
uma dada área por problemas no sistema de drenagem, podendo ter ou não
relação com processos de natureza fluvial.
A enxurrada é definida como o escoamento superficial concentrado e com
alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de
domínio dos processos fluviais. É comum a ocorrência de enxurradas ao
3
Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Mapeamento de Riscos em Encostas
e Margem de Rios. In: CARVALHO, Celso S.; MACEDO, Eduardo S.; OGURA, Agostinho T. (Org.). Brasília:
Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007.
7
longo de vias implantadas sobre antigos cursos d’água com alto gradiente
hidráulico e em terrenos com alta declividade natural.
Sabe-se que o processo de urbanização da bacia hidrográfica, com a
impermeabilização do solo e obstrução dos sistemas de drenagem podem
agravar as inundações, tornando-as mais frequentes. Para avaliar o processo
de produção de risco de inundação, se decorrente da ocupação em regiões
ribeirinhas e/ou da urbanização das áreas, e torna-se necessário a realização
de estudos hidrológicos e hidráulicos específicos.
Neste sentido, o CEPED UFSC destaca que as sugestões técnicas e estruturais
para mitigação das áreas suscetíveis a inundações, enxurradas ou
alagamentos demandam a realização de estudos aprofundados nas bacias de
cada região. Sem estes estudos hidrológicos e hidráulicos, as sugestões
encaminhadas neste relatório não objetivam sanar o problema das áreas de
risco, limitando-se a indicar intervenções básicas de caráter pontual, tais
como serviços de limpeza, obras de drenagem, proteção vegetal e remoção
de moradias quando necessário.
Movimentos de Massa
De acordo com Tominaga (2009)4
, movimentos de massa são movimentos de
solo, rocha ou vegetação ao longo da vertente sob ação direta da gravidade.
Consistem em importante processo natural que atua na dinâmica das
vertentes, fazendo parte da evolução geomorfológica nas regiões serranas.
Com a crescente ocupação do solo em áreas inadequadas, intensivo processo
de urbanização sem adequado planejamento e ações protetivas de redução
4
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do. Desastres naturais: conhecer para
prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009.
8
de riscos, está aumentando o número de ocorrências de desastres
relacionados a estes eventos e processos.
Classificação dos Movimentos Gravitacionais de Massa
São inúmeros os sistemas classificatórios de movimentos gravitacionais de
massa, sendo os mais recentes apresentados na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Classificação dos movimentos gravitacionais
Fonte: GEORIO (2000) apud AUGUSTO FILHO (1992) .
De acordo com Caputo (1987), a definição dos tipos de movimentos de massa
pode ser:
9
 Escorregamento (Landslide)- É o deslocamento rápido de uma massa
de solo ou de rocha que, rompendo-se do maciço, desliza para baixo e
para o lado, ao longo de uma superfície de deslizamento. Conforme o
movimento seja acompanhado predominantemente por uma rotação
(caso de solos coesivos homogêneos) ou uma translação (caso de
maciços rochosos estratificados), estes são denominados,
respectivamente, escorregamento rotacional e escorregamento
translacional.
Figura 2: Escorregamento rotacional.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Figura 3: Escorregamento translacional
10
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Figura 4: Escorregamento em cunha.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
 Desprendimento de terra ou rocha – É uma porção de um maciço
11
terroso ou de fragmentos de rocha que se destaca do resto do maciço,
caindo livre e rapidamente, acumulando-se onde se estaciona.
Figura 5: Desplacamento de rocha.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Figura 6: Queda de blocos de rocha.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Figura 7: Rolamento de blocos instáveis.
12
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Figura 8: Tombamento de blocos por descontinuidades.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
 Rastejo (“creep”) - É o deslocamento lento e contínuo de camadas
13
superficiais sobre camadas mais profundas, com ou sem limite definido
entre a massa de terreno que se desloca e a que permanece
estacionária.
Figura 9: Escorregamento sob a forma de rastejo.
Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001.
Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11b.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
 Escoamento, deformação ou movimento contínuo, com ou sem
superfície definida de escorregamento – Segundo suas características,
subdividi-se em: corridos (escoamento fluido-viscoso) e rastejo ou
reptação (escoamento plástico).
Figura 10: Corrida de detritos no Morro do Baú em Santa Catarina. Novembro, 2008.
14
Fonte: Base de dados de domínio público.
Disponível em: <http://humbertosaggin.zip.net/arch2008-11-01_2008-11-30.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Agentes Causadores de Escorregamentos
Geralmente como causas de escorregamentos constituem “[...] o aumento de
peso do talude (incluindo as cargas aplicadas) e a diminuição da resistência
ao cisalhamento do material. As primeiras classificam-se como externas e as
segundas, como internas”(CAPUTO, 1987)5
.
Ainda Caputo (1987) salienta que a ação desses fatores combinada com
períodos de chuvas ou pouco depois, satura o solo, elevando seu peso
específico e reduzindo assim a resistência ao cisalhamento devido ao
aumento da pressão neutra. Esta situação explica a ocorrência da maioria dos
escorregamentos nos períodos de grande precipitação pluviométrica.
De acordo com GEORIO (2000), a classificação de instabilidade nas encostas
na região metropolitana do Rio de Janeiro pode ser:
5
CAPUTO, H.P. Mecânica dos solos e suas aplicações: mecânica das rochas – fundações –
obras de terra. 6 ed. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos editora, 1987.
15
Em rocha os escorregamentos são causados por:
 Estados diferenciados de alteração;
 Diáclases com extensões, mergulhos, direções, espaçamento e
preenchimentos diversos;
 Xistosidade de direções e mergulhos diversos;
 Esfoliação esferoidal;
 Formação de lascas de origem térmica;
 Superfície de alívio de tensões;
 Heterogeneidades litológicas.
Em tálus:
 Escorregamentos causados por grandes variações de pressão da
água infiltrada, nos períodos de alta pluviosidade, provocadas por formas
diversas de infiltração e ação no contato impermeável com a rocha ou com o
solo residual.
Em solo residual:
 As instabilidades mostram, com frequência, estreita correlação com
as características mineralógicas, texturais, estruturais e de espessura do
horizonte C (solo residual jovem). O dos gnaisses e granitos, de texturas
grosseiras, areno-argilosos, pouco micáceos e homogêneos, são os mais
estáveis. Em razão das descontinuidades remanescentes da rocha matriz,
principalmente xistosidades e heterogeneidades litológicas, os solos residuais
jovens dos migmatitos e dos biotita gnaisses são os mais suscetíveis à
instabilidade, via de regra deflagrada por processos erosivos superficiais ou
em subsuperfície que levam ao solapamento do terreno. São ainda outros
casos frequentes:
- Solo coluvial (solo residual maduro – horizonte B) em passagem
brusca para o solo residual jovem (horizonte C);
16
- Solo coluvial assentado diretamente sobre a rocha;
- Solo litólico (horizonte A) assentado diretamente sobre a rocha.
Em solo + rocha:
 Está normalmente associado a uma cobertura de solo coluvial
assentado diretamente sobre a camada de rocha fraturada e decomposta. O
contato entre a rocha sotoposta menos alterada com a camada de rocha
superior forma uma superfície contínua e impermeável que acompanha a
forma do maciço. Nos períodos de altas precipitações, as poropressões
instabilizam o material acima da rocha sã.
Em blocos in situ:
 São blocos de rochas arredondados anteriormente envolvidos por
litologias de grande alterabilidade podendo ser de núcleos graníticos ou
migmatitos.
Figura 11: Rolamento de blocos envolvidos na massa de solo após escorregamento
na SC-401 em Florianópolis – SC. Novembro, 2008.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Em depósitos de lixo:
 O acumulo de lixo nas encostas e ao longo de ruas e estradas a meia
encosta depositado por moradores e empresas.
17
Figura 12: Escorregamento no lixão em Niterói, Rio de Janeiro. Abril, 2010.
Fonte: Base de dados de domínio público.
Disponível em: <http://www.ambiencia.org/site/publicacoes/publicacoes/dia-
mundial-do-meio-ambiente/entenda-o-que-aconteceu-no-morro-do-bumba/>.
Acesso em: 22 maio 2014.
De maneira geral GEORIO, 2000, apud FERNANDES e AMARAL, 20036
,
apresenta várias feições geológicas e geomorfológicas que podem levar aos
processos de instabilização de encostas:
 Fraturas – Tectônicas e atectônicas. Representam importantes
descontinuidades, tanto em termos mecânicos quanto hidráulicos.
 Falhas – Têm grande influência no condicionamento de movimentos
de massa. As juntas favorecem o intemperismo e, quando silicificadas, geram
uma barreira ao fluxo de água pela impermeabilização do plano de falha.
 Foliação e bandeamento composicional – A orientação destes
condicionantes influencia diretamente a estabilidade das encostas em áreas
onde afloram rochas metamórficas. Deste modo chama-se a atenção para a
situação desfavorável em que a foliação e/ou bandeamento mergulham para
fora da encosta em cortes de estrada.
6
FERNANDES, N. F.; AMARAL, C. P.,2003, Movimentos de Massa: Uma Abordagem
Geológico- geomorfológica, In: Guerra, A. J. T.; Cunha, S. B., Geomorfologia e meio ambiente,
Ed. Bertrand Brasil, 4ª edição, Rio de Janeiro, Brasil
18
 Descontinuidades no solo – Estas descontinuidades incluem
principalmente, feições estruturais reliquiares do embasamento rochoso
(fraturas, falhas, foliação, bandeamentos etc.) e horizontes de solo formados
por processos pedogenéticos. Escorregamentos rotacionais podem
predominar em encostas onde as fraturas no embasamento rochoso se
encontram pouco espaçadas, fazendo com que o saprólito se comporte como
um material granular. Escorregamentos translacionais podem predominar em
encostas com juntas reliquiares originadas a partir da alteração de fraturas de
alívio ou mesmo a partir de bandas composicionais.
 Morfologia da encosta – Ligada a tendência de correlação entre a
declividade e a frequência dos movimentos de massa embora o maior
número de escorregamentos não ocorra necessariamente nas encostas mais
íngremes. A morfologia da encosta também está ligada ao papel que a forma
da encosta, exerce na geração de zonas de convergência e divergência dos
fluxos d'água superficiais e subsuperficais.
 Depósitos de encosta – tanto os depósitos de tálus quanto os de
colúvio apresentam uma heterogeneidade interna, a qual é resultante direta
da descontinuidade espacial e temporal dos processos formadores desses
depósitos. Muitos destes estão assentados sobre rocha sã, gerando uma
descontinuidade mecânica e hidrológica ao longo desse contato. A drástica
descontinuidade hidrológica favorece a geração de fluxos d'água e elevação
da poropressão durante períodos de chuva intensa ocasionando
escorregamentos translacionais.
Mecanismos de deflagração de escorregamentos
Alguns mecanismos de deflagração de instabilidades são indicados na
literatura especializada (GEORIO, 2000). A tabela 2, a seguir, apresenta alguns
exemplos:
19
Tabela 2 - Mecanismos de deflagração de instabilidades
Fonte: GEORIO (2000).
Com relação à água de subsuperfície, os principais mecanismos que atuam
para a deflagração dos escorregamentos segundo o Instituto GeoRio (2000)
são:
 Formação ou aumento das poropressões, reduzindo assim a
resistência ao cisalhamento, podendo levar a ruptura dos taludes. Relaciona-
se com a elevação do nível piezométrico em períodos chuvosos.
 Diminuição da coesão aparente do solo com o aumento da
saturação, em face da variação da permeabilidade através do maciço terroso.
Este é o principal agente de escorregamentos planares de solo na Serra do
Mar, no litoral Paulista.
 Vinculação entre pluviosidade e escorregamentos principalmente
em períodos de chuvas intensas.
20
Com relação a ação antrópica os fatores condicionantes dos movimentos de
massa de acordo com GEORIO(2000) e AUGUSTO-FILHO (1992)7
são:
 Remoção da cobertura vegetal;
 Lançamento e concentração de águas pluviais e/ou servidas;
 Vazamentos na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas;
 Execução de cortes com geometria incorreta (altura/inclinação);
 Execução deficiente de aterros (geometria, compactação e
fundação);
 Lançamento de lixo nas encostas/taludes.
Além disso muitos escorregamentos são verificados devido ao uso e a
ocupação desordenada do solo. Os processos de favelização das encostas
levam a destruição da camada vegetal contribuindo para o surgimento de
rupturas seguidos de movimentos de massa (GEORIO, 2000).
Resistência ao Cisalhamento dos Solos
A estabilidade de taludes (aterros, cortes e barragens), empuxos de terra
sobre paredes de contenção e túneis, capacidade de carga de sapatas e
estacas, por exemplo, dependem basicamente das características da
resistência ao cisalhamento dos solos.
Para Caputo (1987) “[...]a propriedade dos solos em suportar cargas e
conservar sua estabilidade, depende da resistência ao cisalhamento do solo;
toda massa de solo se rompe quanto esta resistência é excedida” . Já para
7
AUGUSTO FILHO, O., 1992, Caracterização Geológico-Geotécnica Voltada à Estabilização de
Encostas: Uma Proposta Metodológica, 1ª COBRAE, Vol. 2 p: 721-
733, Rio de Janeiro, Brasil.
21
Bastos (2000)8
é a tensão cisalhante máxima que o solo pode suportar sem
sofrer ruptura ou tensão cisalhante no plano de ruptura(planos onde a tensão
cisalhante supera a resistência ao cisalhamento) no momento da ruptura.
A resistência ao cisalhamento dos solos é função de dois componentes
principais: o embricamento (ou entrosamento) entre as partículas e a
resistência entre elas. O embricamento afeta a resistência do solo bem como
o seu comportamento principalmente em materiais não coesivos. Por
exemplo, nas areias fofas os grãos movimentam-se horizontalmente
mobilizando a resistência entre as partículas. Já nas areias densas para
superar o entrosamento entre os grãos é necessário um esforço adicional o
que causa expansão volumétrica(dilatância) durante o cisalhamento.
Sendo assim, quanto mais denso for o solo, maior a parcela de embricamento
e maior a resistência do solo.O ângulo de atrito pode ser definido como o
ângulo formado pela força normal à partícula (N) e a força horizontal que
tende a deslocá-la (T).
A resistência por atrito entre as partículas pode ser demonstrada por analogia
com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana
horizontal, onde a força T para fazer o corpo deslizar deve ser superior a f.N,
sendo f o coeficiente de atrito entre os dois materiais. A proporcionalidade
entre a força tangencial e a força normal pode ser definida da seguinte forma:
T=N×tgφ, onde φ é chamado de ângulo de atrito.
Para solos essa relação é escrita da seguinte forma:
8
BASTOS, C.A.B.; MILITITSKY,J.; GEHLING, W.Y.Y. A avaliação da erodibilidade dos solos sob o
enfoque geotécnico-pesquisas e tendências. Teoria e Prática na Engenharia Civil, Rio
Grande/RS, v. 1, p. 17-26, 2000.
22
T=σ×tgφ (1)
Onde T é a tensão de cisalhamento, σ é a tensão normal, e φ é o ângulo de
atrito interno do solo.
Segundo Pinto (2002)9
a resistência ao cisalhamento dos solos é
essencialmente devida ao atrito entre as partículas, porém a atração química
entre estas partículas pode provocar uma resistência independente da tensão
normal atuando no plano e que constitui a coesão real, como se uma cola
tivesse sido aplicada entre os dois corpos.
A coesão é típica de solos muito finos (siltes e argilas), os mesmos são
denominados solos coesivos, já as areias puras e pedregulhos que não
apresentam essa propriedade são denominados não-coesivos. A resistência
ao cisalhamento proporcionada pela coesão pode ter as seguintes origens:
 Cimento natural aglutinando os grãos de solo entre si;
 Ligação entre os grãos exercida pelo potencial atrativo de natureza
molecular ou coloidal, fazendo com que os grãos mantenham-se
unidos pelas cargas estáticas existentes na sua superfície;
 Tensão capilar da água intersticial quando o corpo de prova, torrão ou
camada de solo sofre um esforço de ruptura.
A tensão capilar é considerada como coesão aparente porque desaparece
totalmente com a saturação do solo.Os parâmetros de resistência do solo c
(coesão) e φ (ângulo de atrito) não dependem somente do tipo de solo, mas
9
PINTO, J.S. Estudo da condutividade hidráulica de solos para disposição de resíduos sólidos
na região de Santa Maria. 2005. 148p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia
Civil) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2005.
23
também da velocidade de carregamento a que o mesmo estará submetido
em relação à sua capacidade de dissipar pressões neutras ou excesso de
pressão neutra.
Ensaios Laboratoriais para a Determinação da Resistência ao Cisalhamento
dos Solos
Ensaios laboratoriais visam, antes de tudo, simular as condições de uma
amostra de solo, apresentadas em campo. A determinação da resistência ao
cisalhamento, normalmente é realizada simulando as piores condições de
campo, ou seja, saturada, ou pelo menos, inundada. Os ensaios de resistência
ao cisalhamento são utilizados principalmente na análise da estabilidade de
taludes.
Para determinação da resistência ao cisalhamento dos solos através de
ensaios laboratoriais podem ser realizados os seguintes ensaios:
 Cisalhamento Direto;
 Triaxial (CD, CU ou UU);
 Compressão Simples;
 RingShear;
 Cisalhamento Direto Simples.
24
Estabilidade de Taludes
Sob o nome genérico de taludes compreende-se quaisquer superfícies
inclinadas que limitam um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha.
Podem ser naturais, caso das encostas, ou artificiais, como os taludes de
cortes e aterros (CAPUTO, 1987). A seguir, apresenta-se os principais sistemas
de estabilização de encostas e suas respectivas características.
Retaludamento
É um processo de terraplanagem através do qual se alteram, por cortes
ou aterros, os taludes originalmente existentes em um determinado local para
se conseguir uma estabilização do mesmo. Das obras de estabilização de
taludes é amais usada devido à sua simplicidade, eficácia e menor custo se
comparada com outras soluções.Geralmente é associado a obras de controle
de drenagem superficial e de proteção superficial, de modo a reduzir a
infiltração d´água no terreno e disciplinar o escoamento superficial, inibindo
os processos erosivos.
A figura 13 apresenta um desenho esquemático de um retaludamento.
25
Figura 13: Desenho esquemático de um retaludamento.
Disponível em: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/7/obras-
de-retaludamento-235540-1.aspx>.Acesso em: 22 maio 2014.
Muro de Pedra Argamassada
São estruturas formadas como o próprio nome já diz pela alvenaria de pedras
argamassadas.O muro de pedra ou muro de peso é um tipo de obra de
contenção construída com a finalidade de conter os empuxos de solo,
eventuais sobrecargas e evitar a instabilização do sistema.Também
conhecidas por "muro de gravidade", estas obras atuam basicamente em
função de seu peso próprio, determinado através do peso de seu material.
O atrito da sua base contra o solo deve ser suficiente para assegurar a
estabilidade da obra, e sua geometria destina-se a evitar o tombamento por
rotação em torno da aresta externa da base.Quando os esforços
26
desenvolvidos no maciço resultam em uma força cisalhante maior do que o
peso do muro, ocorre o deslizamento.
Normalmente, são utilizados para pequenas e médias alturas, viabilizando
desníveis que não são estáveis por taludes naturais.Devem ser compostos de
dispositivos de drenagem afim de dissipar a água presente no interior do
maciço e evitar o excesso de poro-pressão na massa arrimada.
A figura 14 apresenta um desenho esquemático de um muro de pedra
argamassada.
Figura 14: Detalhe esquemático de um muro de pedra argamassada.
Disponível em: <http://japaopedras.blogspot.com.br/p/muros-de-pedra.html>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Muro de Gabião
São estruturas em forma de caixa formadas por elementos metálicos
confeccionados com tela de malha hexagonal de dupla torção preenchidos
27
com rocha.O muro de gabião também é um muro de peso e exerce a mesma
função que o muro de pedra argamassada.
Em ambientes agressivos como por exemplo os canais a serem retificados, a
malha do gabião recebe um revestimento em PVC para evitar a corrosão.A
utilização deste tipo de estrutura proporciona vantagens como:
 Flexibilidade – são facilmente adaptados aos movimentos do terreno;
 Permeabilidade – por serem totalmente permeáveis permitem a
dissipação das dasporopressões no interior do maciço terroso;
 Praticidade – são estruturas de grande facilidade construtiva trazendo
velocidade a sua execução
As figuras 15 e 16 apresentam respectivamente um desenho esquemático e
uma obra real de um muro de gabião.
Figura 15: Detalhe esquemático de um muro de pedra argamassada.
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA70QAC/muros-arrimo>.
Acesso em: 22 maio 2014.
28
Figura 16: Caso real de obra de muro de gabião ao longo de uma rodovia.
Fonte: Autores, 2013.
Muro de concreto Armado
Este tipo de estrutura consiste em um muro de flexão com seção transversal
em forma de “L” resistindo aos empuxos de terra por flexão utilizando parte
do peso próprio do maciço, que se apoia sobre a base em “L”, para manter-se
equilibrado. São construídos em concreto armado onde para alturas
superiores a 5 m, é necessária a utilização de contrafortes para aumentar a
estabilidade contra o tombamento.
A figura 17 apresenta um detalhe esquemático de um muro de concreto
armado.
Figura 17: Muro de concreto armado.
29
Disponível em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA70QAC/muros-arrimo>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Cortina Atirantada
Uma cortina ancorada compreende uma parede de concreto armado, de
espessura em geral entre 20 e 30cm, em função das cargas nos tirantes,
fixada no terreno através das ancoragens pré-tensionadas. Com isso obtém-
se uma estrutura com rigidez suficiente para minimizar deslocamentos no
terreno (GEORIO 2000).Igualmente ao solo grampeado a execução é feita em
etapas e nichos.
Os tirantes são elementos ativos, pois são fortemente pré-tensionados com
cargas elevadas, para prevenir deslocamentos da cortina e iniciam seu
trabalho sem necessidade de deformação do maciço (GEORIO, 2000).Já os
grampos não são protendidos (elementos passivos), sendo a mobilização do
atrito no contato solo-grampo mobilizado pela deformação do solo. Assim,
considerando-se nulas as movimentações relativas solo grampo, as
30
deformações que ocorrem no solo são controladas pela deformabilidade do
grampo (EHRLICH, 200310
).
O dimensionamento estrutural do paramento de concreto da cortina
atirantada é muito importante, haja vista o puncionamento causado pela
aplicação das elevadas cargas de teste . No solo grampeado a face tem por
objetivos garantir a estabilidade local e evitar o desenvolvimento de
processos erosivos, ao contrário do que se verifica nas cortinas atirantadas
nas quais a face é o promotor direto da estabilidade da zona potencialmente
instável (EHRLICH, 2003).
Os grampos, ao contrário das ancoragens, não têm trecho livre, transferindo
tensões para o solo ao longo de todo o seu comprimento (GEORIO, 2000). Já
os tirantes são projetados para transferir carga somente na região ancorada
atrás da superfície potencial de ruptura.
No tirante, uma parcela do comprimento encontra-se livre, enquanto a
parcela restante é ancorada. A carga no trecho livre do tirante é
aproximadamente constante e no trecho ancorado é variável. A figura 18
ilustra a diferença entre o comportamento de uma cortina atirantada e o solo
grampeado.
10
ERLICH, M. Solos grampeados: comportamento e procedimentos de análise. In: Workshop
Solo Grampeado: projeto, execução, instrumentação e comportamento, 2003. São Paulo:
Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica, 2003, p127-138.
31
Figura 18: Diferença entre o comportamento de uma cortina atirantada e o solo
grampeado.
Disponível em:<http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/10979/10979_3.PDF>.
Acesso em: 22 maio 2014.
Solo Grampeado
Segundo EHRLICH,
O solo grampeado consiste no reforço do terreno natural. Os reforços
comumente são barras de aço protegidas por argamassa em furos
pré-abertos. A argamassa é injetada por gravidade, aderida à barra ao
longo de todo o comprimento e o grampo não é protendido. Em
obras provisórias as barras podem ser simplesmente cravadas sem a
proteção de argamassa. Em geral, a execução da escavação se
processa em etapas, vertical e horizontalmente, minimizando os
movimentos, que normalmente apresentam-se inferiores a 0,2% a
0,3% da altura da escavação. A face tem função secundária na
estabilização, compreendendo basicamente em evitar roturas
localizadas e garantir o controle dos processos erosivos. Comumente
o faceamento é efetuado em concreto projetado reforçado com
malha metálica. Cobertura vegetal vem também sendo adotada em
taludes menos íngremes (2003, p.129).
32
De acordo com a Norma de estabilidade de encostas, ABNT NBR 11682
(2009), os grampos são elementos de reforço do terreno constituído de
perfuração preenchida com calda de cimento, ou argamassa, compósito ou
outro aglutinante e elemento resistente à tração/cisalhamento. Tem a
finalidade de distribuir cargas ao longo de todo o seu comprimento,
interagindo com o terreno circunvizinho, podendo parte da carga mobilizada
ser absorvida pela cabeça. A mobilização de carga no grampo é induzida pela
deformação do terreno por pequena carga aplicada na extremidade externa.
Diferem dos tirantes, conforme descrito na ABNT NBR 5629, por não
apresentarem trecho livre e serem passivos.
Normalmente o método de execução dos grampos consiste na perfuração
inclinada do maciço de solo(normalmente 15º) e o preenchimento do furo
com calda de cimento executado em conjunto com a instalação da barra de
aço. Os furos são, geralmente, executados com diâmetros de 75 ou 100 mm,
que permitem a instalação da barra de aço e um ou mais tubos de injeção.
Por meio da tubulação acessória, injeta-se a calda de cimento (execução da
“bainha”), a partir do fundo do furo, preenchendo totalmente a cavidade.
Deve-se garantir a resistência da barra de aço ao longo do tempo, por meio
de tratamento anticorrosivo adequado com um recobrimento mínimo de
calda de cimento contínuo e constante, garantido por dispositivos
centralizadores instalados ao longo das barras, normalmente espaçados de
1,5 m.
Quanto a conexão com a face as figuras 19, 20 e 21 apresentam algumas
opções para fixação das cabeças dos grampos na face do paramento. Quando
as barras possuirem bitolas menores que 20mm a conexação faz-se através
de uma dobra a 90º de no mínimo 20cm. Porém, quando as barras possuirem
bitolas acima de 20mm a conexão deverá ser feita através de um conjunto
33
placa metálica e porca. No caso de revestimento com proteção vegetal, a
cabeça é protegida com argamassa e não é ancorada.
Figura 19: Fixação da cabeça para barras menores que 20mm de diâmetro.
Disponível em: <http://www.metalica.com.br/chumbadores-injetados-a-qualidade-
do-solo-grampeado>. Acesso em: 22 maio 2014.
34
Figura 20: Fixação da cabeça para barras maiores que 20mm de diâmetro.
Figura 21: Fixação da cabeça para grampos embutidos no terreno.
Fonte: Ortigão & Sayão, 2014.
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAhTgAE/solo-
grampeado?part=2>. Acesso em: 22 maio 2014.
Fonte: Ortigão & Sayão, 2004.
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAhTgAE/solo-
grampeado?part=2>. Acesso em: 22 maio 2014.
35
Faceamento
O faceamento não é determinante na estabilidade global do maciço. A
principal função da face é garantir a estabilidade local do solo entre os
grampos e garantir o controle de processos erosivos. Concreto projetado com
tela de aço ou com fibras de aço, blocos pré-moldados, painéis de concreto,
bio-mantas e vegetação têm sido empregados no revestimento do
faceamento de estruturas grampeadas para satisfazer critérios de projeto,
executivos e aspectos estéticos. Em complemento, dependendo do tipo de
faceamento deve-se implantar uma drenagem eficiente na interface do solo
com o revestimento.
A face do solo grampeado pode ser desde vertical (α = 90º), levemente
inclinada (80º <α< 90º), até acompanhando as inclinações naturais do
terreno.No caso da face ser executada com inclinação entre 80º e 90º, os
grampos deverão ser executados com cabeça, placa e porca afim de garantir
um contato solo-concreto projetado adequado. Nas faces com inclinações
α< 80º, os grampos devem ser instalados através de uma dobra a 90º de no
mínimo 20cm.
Armação
As telas eletrossoldadas tem sido a armação convencional do concreto
projetado. Sua instalação é feita em uma ou duas camadas, conforme
especifica o projeto. Aplica-se a primeira camada com a primeira tela, a
segunda camada do projetado, a segunda tela e o concreto final. Pode-se
instalar telas antes do concreto. Entretanto, é preciso tomar um cuidado
36
especial para evitar que a tela funcione como anteparo e ocorram vazios atrás
da mesma.
É utilizada alternativamente às telas, fibras metálicas de aço, adicionadas
diretamente na betoneira ou caminhão-betoneira, obtendo uma mistura
perfeitamente homogênea. Isto não obriga qualquer mudança nos
equipamentos, promove redução da equipe de trabalho, visto que não há
necessidade de mão-de-obra para preparo e instalação das telas. Elas se
ajustam perfeitamente ao corte realizado no talude, aceitando superfícies
irregulares, com espessura constante.
O resultado é um concreto extremamente tenaz. A presença das fibras produz
concreto de baixa permeabilidade, uma vez que age no combate as tensões
de tração, durante o início da cura, homogeneamente em todas as regiões da
peça.Não há cuidado especial com cobrimento de armadura, pois a corrosão
eventual se limita àquela fibra que está em contato com a atmosfera, não
prosseguindo para as outras, imersas no concreto.
A construção de uma estrutura grampeada envolve o reforço do solo,
enquanto o trabalho de escavação progride, através do faceamento e da
introdução de barras de aço em furos pré-abertos preenchidos com calda de
cimento, que trabalham essencialmente à tração. Estas barras podem,
também, trabalhar parcialmente ao cisalhamento e flexão. Os grampos
moldados “in situ” são, geralmente, paralelos e ligeiramente inclinados com a
horizontal, variando de 5º a 30º.
A sequência de escavação e introdução dos grampos influencia
significativamente a movimentação da massa de solo que reflete no
37
faceamento. De maneira geral, é pequena a movimentação da face no nível
do grampeamento após a colocação dos grampos. Assim, para redução das
movimentações, o grampeamento deve ser o mais rápido possível. Em vista
do caráter irreversível da influência das movimentações, o grampeamento
tardio tem efeitos praticamente irrecuperáveis. Nos casos em que a altura e
inclinação da escavação não garante a estabilidade do talude para o período
de tempo requerido, uma banqueta contínua pode ser empregada para
estabilizar a etapa da escavação, bem como apoiar e operar os equipamentos.
Tipicamente, a execução do solo grampeado deve ser realizada em nichos, de
forma descendente, com inclinação vertical e profundidade de escavação
máxima de 1,5m (figura 22 e 23). Após a escavação dá-se início a perfuração
do solo, instalação dos grampos e preenchimento do furo com calda cimento.
Após perfurados, instalados e injetados todos os grampos, inicia-se a
construção da parede de acordo com as inclinações e especificações
indicadas no projeto.
Figura 22: Execução do solo grampeado realizada em nichos, de forma descendente,
com inclinação vertical e profundidade de escavação máxima de 1,5m.
38
Disponível em: <http://www.sologrampeado.com.br/psg-sistema.htm>. Acesso em:
22 maio 2014.
Figura 23: Execução do solo grampeado realizada em nichos, de forma descendente,
com inclinação vertical e profundidade de escavação máxima de 1,5m.
Fonte: Lazarte et al., 2003.
Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-
rio.br/10979/10979_3.PDF>.Acesso em: 22 maio 2014.
Talude de Rocha Chumbado
Este tipo de estrutura nada mais é que uma outra versão do solo grampeado
onde o maciço reforçado, neste caso, é composto por rocha alterada,
fraturada ou solo com matacões em seu meio.Pode ter sua face revestida com
concreto projetado e tela metálica ou esta pode ser revestida somente com
tela de alta resistência contra queda de blocos.Normalmente são utilizados os
mesmos reforços do solo grampeado ou seja, barras de aço CA 50 de 20 a
25mm de diâmetro.
39
Limpeza de Blocos de Rocha Instáveis
Como o próprio nome já diz, consiste na remoção e/ou desmonte, podendo
ser a quente(explosivos), a frio(gel expansivo), ou manual(martelete), dos
blocos de rocha instáveis, situados ao longo da encosta, seja ela composta
somente por solo, solo e rocha ou somente rocha.
Proteção Contra Erosão
Os sistemas de proteção contra erosão existentes se constituem de materiais
naturais como enleivamentos, hidrossemeaduras etc. ou ainda, de materiais
sintéticos como as geomantas de polipropileno.
Recomenda-se o emprego desta proteção, a fim de se evitar a manifestação
dos processos erosivos em áreas afetadas pela construção, devendo-se
executar o sistema adotado, imediatamente após a execução dos serviços,
pois áreas eventualmente expostas por longo tempo às intempéries, podem
ser degradadas pela manifestação de processos erosivos.
Dispositivos de Drenagem
Os dispositivos de drenagem tem a função como o próprio nome já diz, de
drenar ou escoar as águas superficiais e/ou profundas oriundas das chuvas,
ou de fluxos de água subterrânea, que podem ocorrer no interior de um
maciço terroso.As figuras 25 e 26 apresentam exemplos de dispositivos de
drenagem.
40
Figura 24: Exemplo de drenagem com vala de proteção de corte.
Fonte: Autores, 2013.
Figura 25: Exemplo de drenagem com sarjeta trapezoidal de concreto.
Fonte: Autores, 2013.
Remoção das Famílias e Desapropriação das Edificações
Esta é uma solução definitiva que elimina praticamente todo o risco a vidas
humanas porém, não elimina os riscos geológicos de uma futura ruptura que
venha a interromper rodovias e causar danos materiais na região.Deve ser
estudada com cautela pelas autoridades responsáveis visto que envolve não
só um problema geológico mas também sócio-econômico.
41
Metodologia para elaboração das sugestões de intervenção para mitigação
dos setores de risco
Esta etapa se refere à proposição das intervenções necessárias, e respectivas
estimativas de custos, para mitigação dos riscos nas áreas de interesse
(setores). 11
Nesta etapa do projeto, devem ser indicadas a(s) alternativa(s) de
intervenção adequada(s) para cada setor de risco.
As proposições de intervenção estruturais para deslizamento e inundação
indicadas deverão visar a melhor relação custo/benefício, a menor
complexidade técnica e específica para cada situação identificada.
Estabelecidas as obras necessárias para a mitigação de risco de cada setor,
deverão ser estimados os custos necessários para cada obra/serviço e
remoção.
A proposição de ações estruturais deverá considerar:
• Identificação de intervenções estruturais para cada uma das áreas de
interesse;
• As ações devem estar sintonizadas com as características dos processos
geológico-geotécnicos identificados no local;
• Obras de estabilização de encostas privilegiando solução coletiva;
• Zoneamento das áreas inadequadas para ocupação (apontar setores de risco
onde
não é possível executar obras e onde a ocupação tem que ser removida).
11
Utilizou-se como base a metodologia disponibilizada pela SEDEC em edital aberto para
contratação de empresas, tendo como objeto a realização do mapeamento de
vulnerabilidade.
42
Para definição das ações estruturais tem-se como referência o Quadro da
UNDRO(Office ofthe United NationsDisasterReliefCo-ordinator, ONU, 1991),
apresentado na tabela 3 a seguir:
Tabela 3: Sugestões de intervenções em áreas de risco de desastre.
TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO
Serviços de Limpeza e
Recuperação
Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc.
Recuperação e/ou limpeza de sistemas de
drenagem, esgotos e acessos. Também
incluem obras de limpeza de canais de
drenagem.
Correspondem a serviços manuais e/ou
utilizando maquinário de pequeno porte.
Obras de drenagem superficial,
proteção vegetal (gramíneas) e
desmonte de blocos e matacões
Implantação de sistema drenagem
superficial (canaletas, rápidos, caixas de
transição, escadas d’água, etc.). Implantação
de proteção superficial vegetal (gramíneas)
em taludes com solo exposto. Eventual
execução de acessos para pedestres
(calçadas, escadarias, etc.) integrados ao
sistema de drenagem. Proteção vegetal de
margens de canais de drenagem. Desmonte
de blocos rochosos e matacões. Predomínio
de serviços manuais e/ou com maquinário
de pequeno porte.
Obras de urbanização
Agregadas a drenagem e
Esgotamento sanitário
Pequenas obras de urbanização tais como
urbanização de becos, abertura de acessos,
execução de passarelas, urbanização de áreas
visando implantação adequada de redes de
drenagem e esgotamento sanitário,
estabelecimento de “rotas de fuga” e
destinação de uso a áreas de risco
desocupadas ou remanescentes de remoção
de famílias.
43
Estruturas de contenção
De pequeno porte
Implantação de estruturas de contenção de
pequeno porte (hmax = 3,5 m e lmax = 10
m). Obras de contenção e proteção de
margens de canais (gabiões, muros de
concreto, etc.). Correspondem a serviços
parciais ou totalmente mecanizados.
Obras de terraplenagem
De médio a grande porte
Execução de serviços de terraplenagem.
Execução combinada de obras de drenagem
superficial e proteção vegetal (obras
complementares aos serviços de
terraplenagem).
Obras de desvio e canalização de córregos.
Predomínio de serviços mecanizados.
Estruturas de contenção de médio
a grande portes
Implantação de estruturas de contenção de
médio a grande porte (h > 3,5 m e l > 10
m), envolvendo obras de contenção
passivas e ativas (muros de gravidade,
cortinas, etc.).
Poderão envolver serviços complementares
de terraplenagem. Predomínio de serviços
mecanizados.
Remoção de moradias As remoções poderão ser definitivas ou não
(para implantação de uma obra, por
exemplo).
Priorizar eventuais realocações dentro da
própria área ocupada, em local seguro.
Fonte: UNDRO - Office of the United Nations Disaster Relief Co-ordinator (ONU,
1991).
Além das intervenções descritas no quadro acima, devem ser consideradas
obras de dragagem e derrocamento de canais e leitos de rios e córregos, que
resultem na redução dos riscos de inundação nas áreas de interesse, sendo
indicados, se necessários, as avaliações e estudos que devem preceder a
execução dos projetos e obras.
44
Para o dimensionamento dos custos das propostas de ações estruturais,
deve-se considerar:
 Os custos necessários para execução das ações estruturais devem ser
estimados para cada uma das áreas de interesse (setores),
apresentados neste documento;
 A estimativa de custos será obtida a partir de composições de custos
unitários, previstas no projeto, menores ou iguais à mediana de seus
correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices
da Construção Civil - SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela
Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, e, no caso de obras e serviços
rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias -
SICRO, excetuados os itens caracterizados como montagem industrial
ou que não possam ser considerados como de construção civil.
Metodologia de campo
Em se tratando de uma metodologia para ser aplicadas em áreas
territorialmente selecionadas (polígonos), estimou-se que informações
deverão ser coletadas in loco, a partir dos instrumentos metodológicos
elaborados pelos pesquisadores.
As visitas de campo possibilitaram agregar as informações adquiridas nas
pesquisas em bases de dados. A equipe de campo foi constituída de:
 1 profissional de engenharia civil para propor e quantificar as soluções
técnicas visando a mitigação dos riscos;
 1 geógrafo para avaliação geomorfológicado setor e colaboração na
análise de soluções técnicas para o setor de risco;
45
Para entrada em campo das equipes foi realizada uma etapa de sensibilização
por meio de reunião com a defesa Civil local para apresentação do projeto e
solicitação de apoio para as atividades de campo. Esta etapa incluiu a
realização de reuniões com as lideranças comunitárias, visando organizar a
entrada em campo das equipes e fomentar a participação das comunidades
no processo de gestão ou redução riscos que venham a ocorrer futuramente
ou que estejam em desenvolvimento. Além disso, as comunidades são as
maiores interessadas nas decisões que venham a melhorar suas condições de
vida e são elas as pessoas mais aptas a relatar sobre os problemas ali
existentes.
Estimou-se, ainda, a realização de uma reunião devolutiva com as instituições,
poder pública e comunidades, apresentando e disponibilizando os resultados
do projeto. Esta reunião deverá ocorrer após a elaboração deste relatório com
a apresentação dos produtos.
Resultados
Análise Geomorfológica do Município de Anitápolis
Conforme DNPM12
(1986), a geologia regional de Anitápolis é caracterizada
pela existência de embasamento cristalino e depósitos sedimentares. O
embasamento cristalino engloba as rochas mais antigas do Estado e na área
de estudo constitui-se de rochas metamórficas (gnaisse-granito), granito e
diabásios. Os depósitos sedimentares são produtos de processos originários
de ambientes glaciais, fluviais e marinhos pretéritos.
12
Departamento Nacional Da Produção MINERAL – DNPM. 1986. Mapa geológico do Estado
de Santa Catarina. E= 1:500.000. Florianópolis.
46
A litologia regional pode ser dividida em:
 Faixa granito-gnaissica Santa Rosa de Lima: Composta de granitóides
foliados de composição diversa e estrutura planar orientada,
apresentando foliação milonítica de alto ângulo relacionada a
fenômenos de cizalhamento.
 Suíte intrusiva pedras grandes: Caracteriza-se por rochas graníticas,
com granulação de média a grossa, por conta do tamanho dos cristais
de feldspato alcalino, que podem variar de 1 e 3 cm. Apresentam
coloração rósea.
 Formação Rio do Sul: Sequência glacio-marinha. Na porção inferior é
constituída de folhelhos e argilitos cinza escuros, de aspecto várvico e
na porção superior é composta por argilitos, folhelhos várvicos,
ritmitos, arenitos finos e diamictitos.
 Formação Rio Bonito: Na seção superior esta formação é composta por
depósitos litorâneos e flúvio-deltáicos formados por arenitos finos a
muito finos, escuros, intercalados com argilitos e folhelhos carbonosos.
Na seção média é composta por sedimentos marinhos formados de
siltitos e folhelhos esverdeados. Seção inferior depósitos flúvio-
deltáicos de arenitos imaturos, finos a médios.
O município está inserido na unidade geomorfológica Serras do
Tabuleiro/Itajaí, que se caracteriza por uma sequência de serras subparalelas
com altitudes máximas de aproximadamente 1.200 metros e que são
reduzidas gradativamente em direção ao litoral, onde constituem-se de
pontas ou ilhas. Com relação o relevo da unidade, apresenta vales profundos
e encostas íngremes, características estas que guardam íntima relação com a
47
intensa dissecação controlada de forma estrutural. Dessa forma, a unidade é
suscetível a ocorrência de movimentos de massa (CARUSO Jr., 199513
).
Setores de Risco do Município de Anitápolis
Setor 1: SC_AN_SR_01_CPRM
Av. Ivo Silveira – Centro
Ponto 1: UTM: 684490 / 6912090
Este setor encontra-se no centro do município de Anitápolis, na margem
direita do rio Braço do Norte. Corresponde a uma encosta composta parte de
solo residual de granito-gnaisse recoberto por colúvio com muitos blocos de
granito e presença de surgência de água. No local ocorreu, em 2009, um
grande deslizamento do tipo planar, que danificou completamente uma
moradia causando o óbito do residente. O material deslizado foi depositado
junto ao rio, o que causou o represamento do mesmo e o alagamento das
residências à montante. Esta encosta já foi submetida a obras de
retaludamento que atualmente, no entanto, se encontram danificadas, com
zonas de erosão e de drenagem insuficiente. Recomenda-se a manutenção da
obra para evitar recorrência do evento.
13
CARUSO Jr., F. Mapa Geológico e de recursos minerais do sudeste de Santa Catarina, escala
1:100.000 - Texto explicativo e mapa (Programa Cartas de síntese e estudos de integração
geológica, n°1). Brasília, DNPM, 1995.
48
Figura 26: Retaludamento danificado, com focos de erosão e recoberto
porvegetação.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Figura 27: Blocos rocha remanescentes da obra de retaludamento.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
49
Setor 2: SC_AN_SR_02_CPRM
Av. Ivo Silveira, estrada para Tubarão
Ponto 1: Casa Azul S/N - UTM : 684440 / 6911811
Neste ponto ocorreu invasão da margem do rio para a construção das
moradias, que foram edificadas sob o sistema corte de talude/aterro.
Durante a execução do aterro o leito do rio foi assoreado e estrangulado,
comprometendo assim o seu curso. Como pode ser visto na figura 3, as
tubulações são destinadas diretamente ao rio, sobre o talude, aumentando a
erosão das margens e o consequente alagamento da região.
Figura 28: Invasão da margem do rio para construção das moradias.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
50
Figura 29: Água servida jogada diretamente no rio.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 2: Casa Branca S/N – UTM: 684430 / 6911877
Esta moradia foi edificada na base de um talude de corte vertical que
atualmente encontra-se suavizado pela recorrência de movimentos de massa.
Conforme os proprietários, foi executado o corte da encosta e subsequente
aterro para a preparação do terreno. A encosta é composta de gnaisse-
granito bastante fraturado, com uma fina cobertura de solo e depósito
coluvionar.
51
Figura 30: Moradia edificada muito próxima à base do talude. É possível observar o
fraturamento do gnaisse.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 3: Casa azul, ao lado da ponte. Nº72 – UTM: 684311/6911830
Neste ponto há uma moradia edificada muito próxima da base do talude e
igualmente próxima da margem de um curso d’água. A encosta é íngreme,
composta de rocha alterada (gnaisse) e colúvio e possui indícios de queda de
blocos. A residência aparenta estar abandonada, no entanto deve-se tomar
providências para que a área não seja utilizada para ocupação.
52
Figura 31: Moradia edificada entre um curso d’água e uma encosta íngreme.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 4: Moradia edificada na base de um talude de rocha gnáissica bastante
fraturada. No topo há presença de vegetação de grande porte, acelerando o
processo de intemperismo e aumentando as chances de quedas de blocos.
Recomenda-se a diminuição da vegetação e o monitoramento do talude com
relação a futuras quedas de blocos.
53
Figura 32: Talude rochoso com vegetação de grande porte no topo e evidência de
eminência de quedas de blocos.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 5: Casa de três andares – UTM 684214/6911695
Este terreno consiste em uma encosta bastante elevada e inclinada, composta
de rocha gnáissica, rocha alterada e colúvio. A moradia foi edificada parte
sobre rocha e parte sobre o solo (figura 35a). A propriedade apresenta muita
surgência e os proprietários fazem a captação de água diretamente na
encosta. Improvisaram também um pequeno açude na base da encosta
(figura 35b). Este conjunto de situações configura alto risco de deslizamento
no local. Dessa forma, é necessário que se realize trabalhos de controle da
drenagem na encosta.
54
Figura 33: Terreno com encosta de elevada altitude e inclinação.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Figura 34: a) moradia de três andares estando uma parte edificada sobre rocha e
solo. b) açude na base da encosta aproveitando surgência de água na encosta. c)
terreno com elevada inclinação.
Fonte: CEPED UFSC, 2013
Ponto 6: Neste ponto as moradias encontram-se na base de um talude
vertical composto de solo residual de gnaisse e colúvio (figura 36). Algumas
moradias encontram-se na base de um talude e no topo de outro (Figuras 37
e 38). Em sua maioria são moradias de baixo padrão construtivo e edificadas
sob sistema corte de talude/aterro. No caso da moradia da figura 36 é
55
possível a execução de trabalhos de suavização da encosta e drenagem
adequada da água para diminuir os riscos de movimento de massa. As
moradias das figuras 37 e 38 encontram-se sob situação de alto risco, com
possibilidade de deslizamento do talude superior e também de deslizamento
do talude no qual as casas encontram-se edificadas.
Figura 35: Moradias edificadas na base de talude de corte vertical.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Figura 36: Moradia edificada entre a base e o topo de taludes verticais.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
56
Figura 37: Moradias construídas entre a base de um talude e o topo de outro
(fundos). Muito alto risco.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 3: SC_AN_SR_03_CPRM
Perímetro Urbano, estrada para Tubarão
Ponto 1: UTM: 684008/6911159.
Residência de baixo padrão construtivo edificada de forma inadequada
(figura 13) no topo de um talude de 4 a 5 metros, composto parte de solo
residual e parte de aterro (material gnáissico). A base do talude corresponde
a margem do rio e está solapando pelo processo de erosão fluvial. Há um
muro de contenção, no entanto é insuficiente do ponto de vista estrutural e
sustenta apenas parte da encosta. A situação torna-se mais crítica pelo fato
de a casa ser habitada por um idoso e uma criança.
57
Figura 38: Casa de baixo padrão construto, edificada de forma inadequada e
embasada em porção do terreno que apresenta processos erosivos.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Figura 39: Muro de concreto utilizado para a contenção do aterro. Apresenta pontos
danificados.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
58
Setor 4: SC_AN_SR_04_CPRM
Bairro Antônio David
Ponto 1: Casa de dois andares - UTM: 683928/6911414.
Esta moradia foi totalmente reformada, contando com obra de
retaludamento da encosta nos fundos do terreno e aplicação de um sistema
de controle de drenagem (figuras 40 e 41).
Figura 40: Residência já conta com retaludamento nos fundos do terreno e
aplocação de sistemas de controle de drenagem.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
59
Figura 41: Aplicação de sistemas de drenagem. No topo deste talude estão
edificadasas moradias do ponto 2.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 2: Três moradias no topo do talude do ponto 1 – UTM:
683939/6911456.
A encosta é composta de colúvio sobre horizonte C de Gnaisse. As moradias
foram construídas sob sistema corte de talude/aterro, na base de uma
encosta íngreme (figuras 43 e 44) e estão próximas do limite do topo do
talude de corte realizado para a edificação da casa localizada logo abaixo
(Figuras 42 e 41). Dentre elas a que está em pior situação é a terceira, que
apresenta trincas no piso, nos pilares e apresenta sinais de movimentação na
encosta abaixo.
60
Figura 42: Residência próxima a corte de talude.
Fonte:CEPED UFSC, 2013.
Figura 43: Encosta íngreme situada na frente das moradias.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
61
Figura 44: Residência e terreno com indícios de movimentação.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 5: SC_AN_SR_05_CEPED
Rua Quinze de Novembro
Ponto 1: Creche Municipal – UTM: 683979/6911862.
Este ponto corresponde a um grande deslizamento ocorrido em um talude de
corte de aproximadamente 15 metros, ao lado do qual a creche municipal foi
construída. A encosta foi retaludada anteriormente, no entanto a obra
encontra-se danificada, com muitos pontos de erosão e sujeita a novos
movimentos de massa.
62
Figura 45: Retaludamento sem sistemas adequados de controle de drenagem e com
muro de concreto na base do mesmo, igualmente ineficiente.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 2: Madeireira – UTM 683916/6911570.
Este ponto corresponde a um talude verticalizado, fruto de exploração do
material do terreno. A encosta é composta de horizonte C de gnaisse, muito
erodido, recoberto por colúvio. No topo do talude há uma moradia muito
próxima da crista, que encontra-se em situação de risco (figura 21).
Figura 46: Moradia edificada no topo do talude verticalizado.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
63
Setor 6: SC_AN_SR_06_CEPED
Rua Ângelo Carrara
Ponto 1: Este ponto compreende as casas de nº 37, 59 e 63.
Para a construção destas moradias foi realizada retirada de material
resultando em um talude de corte verticalizado de aproximadamente 8
metros. As residências encontra-se a uma distância não segura da base deste
talude e as feições de movimentação na encosta demonstram que o sistema
escolhido para a drenagem não é suficiente. É necessário que se realize
trabalho de suavização da encosta e aplicação de um sistema de controle de
drenagem eficiente.
Figura 47: Residência muito próxima da base do talude que apresenta sinais de
antigas e ativas movimentações.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
64
Ponto 2: Última casa da rua – UTM 684515/6912360.
Moradia e rancho construídos próximos a base do talude de corte composto
por horizonte C e colúvio (material gnáissico). A encosta apresenta sinais de
deslizamento recente e de movimentações ainda ativas. É necessário que se
realize trabalhos de retaludamento e de sistemas de controle de drenagem.
Figura 48: Residência próxima ao talude verticalizado composto de Horizonte C +
colúvio.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
65
Figura 49: Material deslizado recentemente.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 3: UTM684357/6912354.
Esta moradia encontrava-se muito próxima da base de um talude vertical
composto de material coluvionar que colapsou atingindo-a. É necessário
averiguar a possibilidade de execução de obras de contenção que não
danifiquem a edificação. Do contrário, recomenda-se a interdição da
residência.
Figura 50:Moradia muito próxima da base de um talude vertical composto de
material coluvionar e atingida por material proveniente do topo.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
66
Ponto 4: UTM 684315/6912377.
Terreno com talude de corte em material coluvionar depositado sobre
horizonte C de gnaisse. Dentre a casa azul e o galpão as edificações não se
encontram em alto risco, no entanto o galpão encontra-se muito próximo do
topo do talude. É necessário realizar um trabalho de drenagem e suavização
da verticalização do talude.
Figura 51: Galpão logo acima, muito próximo do topo do talude.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 7: SC_AN_SR_07_CPRM
Início da Rod. SC 407
Ponto 1: UTM 684245/6912683.
Este ponto corresponde a um grande talude de corte realizado em material
gnáissico. É composto dos horizontes B, C e colúvio. Embora sejam visíveis
os sinais de instabilização da encosta, não há residências nas proximidades,
com a exceção de um galpão aparentemente abandonado.
67
Figura 52: Perfil com horizontes C, B e colúvio.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 8: SC_AN_SR_08_CPRM
Bairro Rio do Ouro
Ponto 1: Casa S/N, em frente a casa nº589.
Moradia edificada muito próxima a um talude vertical, de altura elevada. Esta
moradia já encontra-se interditada pela defesa civil municipal. No entanto, há
indícios de que a família ainda ocupa o local, que é considerado de alto risco.
68
Figura 53: Moradia edificada muito próxima a um talude vertical, de altura elevada.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 2: Estas edificações encontram-se em uma encosta íngreme,
embasadas nos limites da base e do topo dos taludes verticais, executados
para a construção das mesmas. Sugere-se trabalhos de controle de drenagem
e de contenção/suavização dos taludes.
Figura 54: Moradias edificadas.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
69
Ponto 3: Moradia na subida para o topo da encosta, antes do ponto 2 – UTM
684943/6911504.
Esta residência encontra-se edificada na base de um talude de corte vertical,
com vegetação de grande porte no topo. Para diminuir o rsico de ruptura é
necessário que se realize trabalhos de controle de drenagem e
suavização/relatudamento da encosta.
Figura 55: Talude vertical horizonte B e C de gnaisse. Casa muito próxima ao talude.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 4: Casa S/N - UTM 684578 /6911684.
Esta morada foi edificada muito próxima da base de um talude de corte.
Também encontra-se na direção do eixo de drenagem natural da encosta e é
constantemente atingida por material proveniente da encosta, como pode ser
observado na figura 33. É necessário que se realize obras de controle de
drenagem e contenção do talude ou a interdição da moradia.
70
Figura 56: Moradia edificada na base do talude e na direção do eixo de drenagem.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 5:Esta moradia foi construída sob o sistema corte de talude/aterro. Não
possui nenhum sistema de controle de drenagem e o muro construído para
conter o talude/aterro já foi danificado por movimentações pretéritas. É
necessário a realização de trabalhos de controle de drenagem e
contenção/suavização do talude.
Figura 57: Muro já danificado pelo peso do material de aterro do vizinho.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
71
Ponto 6: A moradia correspondente ao ponto 6 constava na setorização do
CPRM, no entanto não foram encontrados no local sinais de instabilidade e
risco a movimento de massa ou inundação.
Figura 58: Moradia sem indícios de processos de instabilização.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 7: Esta moradia encontra-se edificada muito próxima da margem do
rio, no topo de um talude que tem como base a própria calha do curso
d’água. É necessária a realização de obras para evitar a erosão da base do
talude.
72
Figura 59: Moradia muito próxima da margem do rio.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 8: Este ponto corresponde a uma moradia do tipo palafita, de baixo
padrão construtivo, embasada na calha do rio. Esta situação configura muito
alto risco e recomenda-se a interdição da casa e a remoção da família.
Figura 60: Moradia em situação de alto risco.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
73
Setor 9: SC_AN_SR_09_CPRM
Rio Braço do Norte, área central do município.
Ponto 1: Casa número 637 – UTM 683840/6911341.
A moradia em questão foi construída na margem do rio, que está em
processo de erosão. No local há sinais de movimentação, como trincas na
edificação e degraus de abatimento no terreno.
Figura 61: Terreno com sinais de movimentação devido a erosão da margem do rio.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
74
Figura 62: Edificação apresentando sinais de movimentação do terreno.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Ponto 2: As moradias situadas nesse local foram afetadas no passado por
eventos de inundação, no entanto, executou-se uma alteração no curso do rio
e atualmente estas casas encontram-se distantes das margens do mesmo.
Figura 63: Conforme vistoria e relato dos moradores, não foram encontradas
evidências de que ainda ocorra inundação na localidade.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
75
Ponto 3: Este ponto corresponde a ponte sobre o rio Braço do Norte. Como
pode ser observado na figura 40, já foram realizadas obras de contenção nas
cabeceiras da ponte.
Figura 64: Conforme vistoria e relato dos moradores, não foram encontradas
evidências de que ainda ocorra inundação na localidade.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 10: SC_AN_SR_09_CPRM.
Rio das Pedras, área central do município
Neste setor o rio apresenta muitos pontos com obras já executadas pela
prefeitura, como muros de gabião e enrocamentos (Figura 66). Nas demais
áreas (figura 67) é necessário que se realize limpeza do canal, com retirada de
sedimentos e também de alguns blocos de rocha.
Figura 65: Calha do rio protegida por muro de pedras.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
76
Figura 66: Calha do rio com grande volume de sedimentos e blocos do rocha.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 11: SC_AN_SR_09_CPRM.
Rio Branco, área Agrícola
Ponto 1: Neste ponto esta propriedade encontra-se na margem do Rio
Branco, que possui grande velocidade a poder de transporte. Dessa forma, é
possível observar a ocorrência de erosão fluvial (figura 68) e depósito de
sedimentos e blocos de rocha. A moradia não se encontra em situação de
risco, visto que encontra-se distante da margem do rio. No entanto é
necessário que ser realize obras de desassoreamento do rio e contenção da
erosão fluvial.
77
Figura 67: Calha do rio com grande volume de sedimentos e blocos do rocha.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Sugestões de Intervenções para Mitigação dos Setores de Risco de Desastre
de Anitápolis
Setor 01 – SC_AN_SR_01 – Bairro – Centro - Av. Ivo Silveira
O setor 01corresponde a uma encosta com elevada altura e inclinação,
composta por um misto de colúvio de granito-gnaisse, solo residual e blocos
de rocha. Durante as inspeções de campo foram identificados fragmentos de
diabásio na massa de solo o que indica a presença de um dique de diabásio
no local. Ainda, foram identificadas surgências d'água no pé da encosta
mesmo em período de seca, o que tende a confirmar a presença do dique
visto, que estes são normalmente grandes coletores de água.
A seguir, a figura 69 apresenta uma imagem geral do setor 01 onde podem
ser visualizadas ainda as cicatrizes de ruptura.
78
Figura 68: Visão geral do setor 01, Anitápolis.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude heterogêneo constituído por colúvio, solo residual e blocos de
rocha de granito-gnaisse.;
 Encosta já sofreu processos de ruptura em 2009;
 Encosta de elevada altura e inclinação;
 Surgência d'água no pé da encosta;
 Evidências da presença de dique de diabásio na encosta devido a
existência de fragmentos de diabásio na massa escorregada.
Soluções Geotécnicas
Para a correção da instabilidade do setor 01 foram adotadas as seguintes
soluções:
79
 Retaludamento da encosta em inclinação de 1:1 na porção inferior.
 Execução de drenos sub-horizontais na base do retaludamento para o
alívio das poro-pressões no interior da massa. Os drenos deverão estar
espaçados a cada 5m e o comprimento estimado deverá ser de em
média 25m.
 Execução de dispositivos de drenagem como vala de crista e descida
d'água.
 Execução de proteção contra erosão com enleivamento.
 Na porção superior(escarpa) executar grampeamento do solo com face
em concreto projetado.
 Grampos compostos por barras de aço do tipo CA 50 com 25mm de
diâmetro.
 O espaçamento médio adotado entre os grampos, tanto na vertical
quanto na horizontal foi da ordem de 1,5m.
 O comprimento adotado dos grampos foi da ordem de 15m.
 Execução de dispositivos de drenagem na crista do grampeamento e
descida d'água para condução das águas.
 Execução de drenos sub-horizontais para o alívio das poro-pressões no
interior do maciço. Os drenos deverão estar espaçados a cada 5m e o
comprimento estimado deverá ser de em média 20m.
 Vale ressaltar que os comprimentos e espaçamentos foram estimados.
As dimensões exatas serão verificadas somente após a elaboração das
investigações geotécnicas e consequentemente do projeto.
A seguir a figura 69 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
80
Figura 69: Croqui esquemático da solução adotada. Solo grampeado na porção
superior e retaludamento na porção inferior. Também foram previstos drenos sub-
horizontais.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Tabela 4: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 01 Estrutura de
contenção de
médio a grande
porte
- Retaludamento da
encosta na porção
inferior;
- Execução de solo
grampeado na
porção superior da
encosta;
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Execução de
proteção contra
erosão.
- Levantamento
topográfico da
área;
- investigações
geotécnicas de
campo;
- Investigações
geotécnicas de
laboratório;
- Projeto
geotécnico da
contenção;
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01 R$
15.195.643,0
3
81
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 02 – SC_AN_SR_02 – Av. Ivo Silveira – Estrada Rio Tubarão
O setor 02 corresponde a uma encosta com declividades superiores a 35%,
composta por solo residual, colúvio e afloramentos de rocha, ambos deriva
dos de gnaisse, situada às margens do Rio Braço do Norte, onde ocorre
uma urbanização esparsa e desordenada, com edificações de médio e baixo
padrão.
Durante as inspeções de campo devido as diferentes características
encontradas no setor, tanto em geologia quanto na situação das edificações,
o setor 02 foi dividido em 07 pontos.
A seguir, a figura 70 apresenta uma imagem geral do setor 02.
Figura 70: Visão geral do setor 02.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
82
 Edificações situadas as margens do rio;
 Proprietários destas edificações ampliaram seu terreno original através
de aterro do terreno natural, chegando muito próximo da calha do rio;
 Percebe-se que em alguns pontos o rio foi “estrangulado” devido ao
avanço dos terrenos, reduzindo sua vazão, e ocasionando erosão das
margens;
 Proprietários das edificações executaram muros de concreto armado
(não dimensionados como contenção) para conter o talude de aterro
do terreno;
 Foi verificada ainda a presença de tubulações de água e esgoto
escoando pela face do talude de aterro o qual já apresenta sinais de
erosão devido a este escoamento.
Soluções Geotécnicas – Ponto 01
Para a correção desta situação foram adotadas as soluções:
 Remoção dos muros de concreto existentes e execução de muros de
gabião os quais se adaptam melhor as deformações do terreno, além
de serem auto-drenantes, ou seja, permitem que as águas que infiltram
no terreno a montante, escoem por ele evitando assim, excessos de
poropressão no interior do maciço terroso;
 Execução de dispositivos de drenagem para canalizar as águas servidas
e destinar ao seu devido local.
A seguir a figura 71 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
83
Figura 71: Croqui esquemático da solução adotada. Proteção das margens e dos
terrenos ampliados com a execução de muros de gabião.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Tabela 5: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 01
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto 01
Estruturas de
contenção de
pequeno porte
- Remover os muros
de concreto
existentes que estão
servindo como
contenção e refazê-
los como muro de
contenção do tipo
Gabião.
- Levantamento
topográfico da
área;
- investigações
geotécnicas de
campo;
- investigações
geotécnicas de
laboratório;
- Projeto
geotécnico da
contenção
Anexo 01 R$
279.461,95
Obras de
terraplanagem
de médio a
grande porte
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Projeto de
drenagem.
84
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 02
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude de elevada altura e inclinação composto por horizonte B,
horizonte C, e rocha alterada, ambos derivados de gnaisse;
 Planos preferenciais de ruptura do solo e da rocha, neste caso a
xistosidade que também é característica dos gnaisses, estão voltados
no sentido favorável ao escorregamento;
 Proprietário do terreno informou que o talude já rompeu em chuvas
passadas pois o mesmo efetuou um corte verticalizado no talude;
 Devido ao escorregamento anterior, a massa de solo e rocha que hoje
está exposta tem sua geometria um pouco mais suavizada e o material
do talude que comanda a ruptura, é a própria rocha alterada.
 Percebe-se ainda, que a maior parte do talude é composta por rocha
alterada e somente uma pequena parcela é composta por uma cada de
solo, de pouca espessura, dividida em horizontes B e C;
 Ausência de dispositivos de drenagem.
Soluções Geotécnicas – Ponto 02
Para a correção da instabilidade do ponto 02 foram adotadas as soluções:
 Execução de uma conformação manual na porção do talude que é
composta por solo, diminuindo ao máximo a sua inclinação;
 Revestir o talude exposto com concreto projetado e tela metálica para
evitar erosão;
 Execução de dispositivos de drenagem.
A seguir a figura 72 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
85
Figura 72: Croqui esquemático da solução adotada. Conformação manual do talude e
revestimento com concreto projetado para evitar erosão.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Tabela6: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 02.
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto
02
Estrutura de
contenção de
médio a grande
porte
- Retaludamento
manual do talude
porção composta
por solo;
- Revestimento do
talude com concreto
projetado e tela
metálica;
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Levantamento
topográfico da
área;
- investigações
geotécnicas de
campo;
- Investigações
geotécnicas de
laboratório;
- Projeto
geotécnico da
contenção;
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01 R$224.210,05
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
86
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 03
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude de elevada altura e inclinação composto solo residual, colúvio e
rocha, ambos derivados de gnaisse;
 Evidenciadas quedas de bloco do talude;
 Edificação de baixo padrão muito próxima ao talude de corte;
 Edificação localiza-se muito próxima a margem de um canal.
 Edificação apresenta sinais de que está abandonada.
Soluções Geotécnicas – Ponto 03
Para solucionar a situação das famílias do ponto 03 adotou-se a seguinte
medida:
 A única solução é a remoção da família que possa estar ocupando a
edificação e a sua realocação em local seguro;
 Esta media se faz necessária porque a situação é de risco e além disso
o custo para remover uma única família será muito menor que
qualquer obra de contenção.
87
Tabela 7: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 03
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto 03
Remoção de
Moradias
- Remoção da
família e realocação
em local seguro
--- Anexo 01 R$163.456,25
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 04
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude de elevada altura, verticalizado, composto por rocha fraturada,
caracterizada como um gnaisse;
 Famílias de descontinuidades da rocha estão propensas a ocasionar
queda de blocos de pequena a grandes dimensões;
 Árvores de grande porte recobrem este maciço rochoso, onde suas
raízes penetram nas fraturas, sendo mais um agente favorável a queda
de blocos.
Soluções Geotécnicas – Ponto 04
Para a correção da instabilidade do ponto 04 foram adotadas as soluções:
 Limpeza da vegetação que recobre o maciço;
 Limpeza dos blocos de rocha instáveis;
 Monitoramento e manutenção periódica do surgimento de novos
blocos de rocha instáveis.
 Há a alternativa de se executar uma tela de alta resistência, chumbada
na rocha, para evitar queda de blocos. Porém, esta solução seria muito
mais onerosa que desapropriar a edificação.
88
A seguir a figura 73 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
Figura 73: Croqui esquemático da solução adotada. Limpeza dos blocos de rocha
instáveis no talude rochoso.
Tabela 8: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 04
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto 04
Estrutura de
contenção de
médio a grande
porte
- Limpeza dos blocos
de rocha instáveis;
- Limpeza da
vegetação que
recobre o maciço.
--- Anexo 01 R$ 27.427,50
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 05
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
89
 Encosta de elevada altura e inclinação composta principalmente por
solo residual e colúvio derivados de gnaisse;
 Edificação de grande porte assentada em terreno composto em partes
por rocha e partes por solo;
 Edificação situada no alinhamento de um talvegue;
 Surgência d'água na encosta mesmo em período de seca;
 Moradores instalaram tubulação cravada na encosta para captação
desta água;
 Tubulação instalada serviu como dreno sub-horizontal a qual
promoveu o grande alívio das poro-pressões no interior da encosta.
 Ausência de dispositivos de drenagem.
Soluções Geotécnicas – Ponto 05
Para a correção da instabilidade do ponto 05 foram adotadas as soluções:
 Execução de drenos sub-horizontais ao longo da encosta para o alívio
das poro-pressões;
 Execução de dispositivos de drenagem ao longo da encosta compostos
por descida d'água, vala de crista, sarjeta etc;
A seguir a figura 74 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
90
Figura 74: Croqui esquemático da solução adotada. Somente execução de drenos
sub-horizontais, vala de crista e descidas d´água.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Tabela 9: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 05
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto 05
Obras de
terraplanagem
de médio a
grande porte
Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Levantamento
topográfico da
área;
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01
R$
167.815,00
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 06
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude composto por solo residual derivado de gnaisse;
 Talude bastante verticalizado;
 Corte no terreno das edificações executados com geometria incorreta;
 Ausência de dispositivos de drenagem e proteção contra erosão.
91
Soluções Geotécnicas – Ponto 06
Para a correção da instabilidade do 06 foram adotadas as soluções:
 Conformação manual do talude em inclinação de 1:1. Esta
conformação deverá ser manual visto, que não há espaço para a
entrada de maquinário;
 Execução de dispositivos de drenagem na crista do talude e descida
d'água para condução das águas;
 Execução de proteção contra erosão com enleivamento.
A seguir a figura 75 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
Figura 75: Croqui esquemático da solução adotada. Conformação manual do talude,
proteção contra erosão e execução de dispositivos de drenagem.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Tabela 10: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 06
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
92
Setor 02
Ponto 06
Obras de
terraplanagem
de médio a
grande porte
- Retaludamento
manual da encosta;
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Execução de
proteção contra
erosão.
- Levantamento
topográfico da
área;
- Projeto
geotécnico do
retaludamento.
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01 R$ 75.116,63
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 07
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Talude composto por solo residual e colúvio ambos derivados de
gnaisse;
 Talude de elevada altura e inclinação bastante verticalizado;
 Cortes no terreno e acesso às edificações executados com geometria
incorreta;
 Edificações de baixo padrão situadas muito próximas a crista do talude
verticalizado estando na eminência de desabamento caso haja alguma
movimentação do talude;
 Ausência de dispositivos de drenagem e proteção contra erosão.
Soluções Geotécnicas – Ponto 07
Para solucionar a situação das famílias do ponto 07 adotou-se a seguinte
medida:
 A única solução é a remoção das famílias e casas e a sua realocação em
local seguro;
93
Esta media se faz necessária porque a situação de risco é generalizada, ou
seja, abrange boa parte da encosta. Além do risco geológico de uma ruptura,
a própria ocupação desordenada, ações antrópicas e a falta de fiscalização,
contribuíram significativamente para a indicação desta solução.
Tabela 11: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 07
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS
ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 02
Ponto 07
Remoção de
Moradias
- Remoção da
família e realocação
em local seguro
--- Anexo 01 R$ 784.590,00
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 03 – SC_AN_SR_03 – Perímetro Urbano – Estrada Rio Tubarão
O setor 03corresponde a uma edificação implantada em terreno composto
parte por solo residual e parte por material de aterro, as margens do Rio
Braço do Norte, em um atual meandro, onde a água percola com velocidade,
causando erosão e solapamento do talude da margem.
A seguir, a figura 76 apresenta uma imagem geral do setor 03.
94
Figura 76: Visão geral do setor 03.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Encosta íngreme situada na frente da edificação.;
 Fundos do terreno abrange o talude das margens do Rio;
 Talude das margens erodido devido velocidade das águas;
 Devido a erosão, o talude está solapando e causando risco de ruptura;
 Edificação comprometida devido a situação de risco do talude e
também, pela sua própria estrutura e fundação, as quais não foram
executadas corretamente;
 Muro de concreto que serve como contenção do aterro do terreno já
rompeu em partes devido a erosão do talude.
95
Soluções Geotécnicas
Para a correção da instabilidade do setor 03 foram adotadas as seguintes
soluções:
 Proteger a margem do rio na área da edificação e no seu entorno
através da execução de enrocamento com rocha;
 Para gerar economia, pode-se utilizar como material do enrocamento a
rocha existente na calha do rio, ou seja, os seixos e blocos trazidos pela
força das águas;
 Esta medida além de gerar economia para a obra de proteção da
margem, auxilia no desassoreamento do rio;
 Em outros setores de Anitápolis já verificou-se este tipo de solução
para proteção das margens dos rios;
 Demolir muro de concreto e dimensionar muro de pedra argamassada
como contenção;
 Reaterrar atrás deste muro de contenção para recompor o terreno da
edificação;
 Orientar proprietário da edificação para refazer ou melhorar a
estrutura e as fundações da edificação;
 Também foi quantificada a alternativa de desapropriação da edificação
ficando a cargo da executora e da Prefeitura de Anitápolis a decisão de
desapropriar ou não.
A seguir a figura 77 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
96
Figura 77: Croqui esquemático da solução adotada. Executar muro de pedra
argamassada como contenção, recompor terreno da edificação e proteger as
margens do rio com enrocamento.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
97
Tabela12: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 03 Obras de
terraplanagem
de médio a
grande porte
- Enrocamento de
pedra jogada;
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Levantamento
topográfico da
área;
- investigações
geotécnicas de
campo;
- Projeto
geotécnico do
enrocamento;
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01 R$
194.304,25
Estrututras de
contenção de
pequeno porte
- Remover muro de
concreto rompido e
refazê-lo como muro
de contenção do
tipo pedra
argamassada.
- investigações
geotécnicas de
campo;
- investigações
geotécnicas de
laboratório;
- Projeto
geotécnico da
contenção
Remoção de
Moradias
- Remoção da
edificação
--- R$
263.776,00
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 04 – SC_AN_SR_04 – Bairro – Antônio David
O setor 04corresponde a uma encosta com declividade superior a 35%,
composta por solo residual derivado de gnaisse, onde estão situadas 03
edificações. Uma delas está situada no pé do talude de corte, ao nível da
estrada existente. As outras duas estão situadas na porção superior do talude,
acima daquela edificação.Sendo assim, este setor foi dividido em dois pontos
sendo o ponto 01 a edificação situada no pé da encosta e o ponto 02 as duas
edificações situadas na porção superior do talude.
98
A seguir, a figura 78 apresenta uma imagem geral do setor 04.
Figura 78: Visão geral do setor 04.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01
A edificação do ponto 01, situada no pé do talude corte já foi totalmente
reformada e a encosta em seu entorno já retaludada. Também já foram
executados os devidos dispositivos de drenagem como vala de crista e
descida d'água.
Soluções Geotécnicas – Ponto 01
Para o ponto 01 não foi indicada nenhuma solução geotécnica.
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 02
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Edificações construídas em frente a uma encosta íngreme;
99
 Nos fundos das edificações encontra-se a crista de um talude de corte o
qual tem seu pé localizado na estrada existente, ou seja, a mesma
estrada onde localiza-se a edificação do ponto 01.
 Verifica-se que em uma das edificações já ocorrem trincas no contra-
piso, provenientes da movimentação do maciço.
Soluções Geotécnicas – Ponto 02
Para a correção da instabilidade do ponto 02 foram adotadas as seguintes
soluções:
 Retaludamento da encosta em frente as edificações;
 Execução de dispositivos de drenagem;
 Execução de proteção contra erosão;
 Retaludamento do talude de corte localizado no fundo das edificações
com pé situado na estrada existente;
 Execução de muro de gabião após o retaludamento;
 Execução de dispositivos de drenagem;
 Execução de proteção contra erosão;
A seguir a figura 79 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
100
Figura 79: Croqui esquemático da solução adotada. Muro de gabião na base e
retaludamento na porção superior.
Tabela 13: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS
ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/
PROJETOS
MEMÓRIA
DE
CÁLCULO
CUSTO (R$)
Setor 04
Ponto 02
Obras de
terraplanagem
de médio a
grande porte
- Retaludamento da
encosta em frente as
edificações;
- Retaludamento do
talude de corte nos
fundos das
edificações;
- Execução de
dispositivos de
drenagem;
- Execução de
proteção contra
erosão.
- Levantamento
topográfico da
área;
- investigações
geotécnicas de
campo;
- Projeto
geotécnico do
retaludamento.
- Projeto de
drenagem.
Anexo 01 R$ 640.228,20
Estrututras de
contenção de
pequeno porte
- Execução de muro
de gabião.
- investigações
geotécnicas de
campo;
- investigações
geotécnicas de
laboratório;
- Projeto
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
101
geotécnico da
contenção
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Setor 05 – SC_AN_SR_05 – Rua Quinze de Novembro
O setor 05corresponde a uma encosta com declividade superior a 35%,
composta por solo residual derivado de gnaisse e colúvio onde verifica-se
uma massa de colúvio assentada sobre o horizonte C do gnaisse.No pé desta
encosta localizam-se a creche municipal, um ginásio de esportes e um galpão
de uma serraria.Durante as inspeções de campo devido as diferentes
características encontradas no setor como alterações de geometria nos
terrenos, abertura de ruas etc, o setor 05 foi dividido em 02 pontos.
A seguir, a figura 80 apresenta uma imagem geral do setor 05.
Figura 80: Visão geral do setor 05.
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
102
Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01
Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes
características:
 Camada de colúvio assentado sobre o horizonte C do gnaisse;
 Colúvio composto por matriz argilosa com fragmentos de rocha e
pedregulhos em seu meio;
 Horizonte C do gnaisse exposto e muito erodível;
 Talvegue bem definido conduzindo a água com velocidade pela face
dos taludes, ocasionando erosão e progredindo para escorregamento;
 Retaludamento já executado nesta encosta com taludes com altura
superior a 8m;
 Inclinação dos taludes superior a 1:1;
 Condução da drenagem de maneira incorreta;
 Obstrução dos dispositivos de drenagem;
 Ausência de dispositivos de drenagem na crista do talude(vala de crista
na última banqueta);
 Declividade transversal das banquetas voltada para a face do talude;
 Ausência de vegetação(proteção contra erosão) no talude;
 Muro de blocos de concreto servindo como muro de contenção. Ou
seja, é um muro sem função estrutural pois, não é calculado para servir
como contenção e suportar os empuxos de terra.
As figuras 81 e 82 ilustram situação do ponto 01.
103
Fonte: CEPED UFSC, 2013.
Figura 82: Horizonte C do gnaisse apresentando processos erosivos.
Fonte: CEPED UFSC, 2013
Figura 811: Talude exposto apresentando o contato entre o colúvio e o
horizonte C do Gnaisse.
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina
Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
Maria José Brollo
 
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio GrandeRetratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
fcmatosbh
 
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
fcmatosbh
 
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básicoAnálise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
ProjetoBr
 

Mais procurados (20)

Mapeamento de Áreas de Risco de Guaratinguetá - Instituto Geológico -29 de ag...
Mapeamento de Áreas de Risco de Guaratinguetá - Instituto Geológico -29 de ag...Mapeamento de Áreas de Risco de Guaratinguetá - Instituto Geológico -29 de ag...
Mapeamento de Áreas de Risco de Guaratinguetá - Instituto Geológico -29 de ag...
 
Palestrante Jorge Pimentel - CPRM
Palestrante Jorge Pimentel  - CPRMPalestrante Jorge Pimentel  - CPRM
Palestrante Jorge Pimentel - CPRM
 
Archive total
Archive totalArchive total
Archive total
 
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES DEVIDO A FENÔMENOS GEODINÂMICOS NO ESTADO DE SÃ...
 
Situação dos desastres e riscos no estado de São Paulo e instrumentos de ge...
Situação dos desastres e riscos no estado de  São Paulo  e instrumentos de ge...Situação dos desastres e riscos no estado de  São Paulo  e instrumentos de ge...
Situação dos desastres e riscos no estado de São Paulo e instrumentos de ge...
 
PCFernandes
PCFernandesPCFernandes
PCFernandes
 
Revista Geografica Academica Volume 1
Revista Geografica Academica Volume 1Revista Geografica Academica Volume 1
Revista Geografica Academica Volume 1
 
Avaliação e mapeamento de áreas de risco do Estado de São Paulo - Programa Es...
Avaliação e mapeamento de áreas de risco do Estado de São Paulo - Programa Es...Avaliação e mapeamento de áreas de risco do Estado de São Paulo - Programa Es...
Avaliação e mapeamento de áreas de risco do Estado de São Paulo - Programa Es...
 
Cultivando mananciais
Cultivando mananciaisCultivando mananciais
Cultivando mananciais
 
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio GrandeRetratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grande
 
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Verd...
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Verd...Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Verd...
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Verd...
 
Identificación y análisis de los niveles de riesgo en zonas vulnerables a inu...
Identificación y análisis de los niveles de riesgo en zonas vulnerables a inu...Identificación y análisis de los niveles de riesgo en zonas vulnerables a inu...
Identificación y análisis de los niveles de riesgo en zonas vulnerables a inu...
 
20160331 Hausing finance: Planeamento das Cidades Costeiras de Angola para a...
20160331 Hausing  finance: Planeamento das Cidades Costeiras de Angola para a...20160331 Hausing  finance: Planeamento das Cidades Costeiras de Angola para a...
20160331 Hausing finance: Planeamento das Cidades Costeiras de Angola para a...
 
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios ...
 
Cartilha defesa civil
Cartilha defesa civilCartilha defesa civil
Cartilha defesa civil
 
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básicoAnálise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
Análise da gestão ambiental nas companhias estaduais de saneamento básico
 
Ana comite de bacia - o que é o que faz
Ana   comite de bacia - o que é o que fazAna   comite de bacia - o que é o que faz
Ana comite de bacia - o que é o que faz
 
Grupo de trabalho Coral Sol relatório final
Grupo de trabalho Coral Sol relatório finalGrupo de trabalho Coral Sol relatório final
Grupo de trabalho Coral Sol relatório final
 
áReas de risco geológico conceitos e métodos
áReas de risco geológico   conceitos e métodosáReas de risco geológico   conceitos e métodos
áReas de risco geológico conceitos e métodos
 
Trabalho+2013
Trabalho+2013Trabalho+2013
Trabalho+2013
 

Semelhante a Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina

A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
Maria José Brollo
 
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
Diego Rocha
 

Semelhante a Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina (20)

Pesquisa sobre Prevenção, Tecnologias e Efeitos - Enchente
Pesquisa sobre Prevenção, Tecnologias e Efeitos - Enchente Pesquisa sobre Prevenção, Tecnologias e Efeitos - Enchente
Pesquisa sobre Prevenção, Tecnologias e Efeitos - Enchente
 
A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
A REDUÇÃO DOS RISCOS DE DESASTRES COMEÇA NA ESCOLA: ESTUDO DE CASO EM CAMPOS ...
 
Livro mapeamento%20de%20riscos
Livro mapeamento%20de%20riscosLivro mapeamento%20de%20riscos
Livro mapeamento%20de%20riscos
 
Livro desastres naturais, 2011
Livro desastres naturais, 2011Livro desastres naturais, 2011
Livro desastres naturais, 2011
 
Desastres naturais
Desastres naturaisDesastres naturais
Desastres naturais
 
Pereira antoniofernandodearaujonavarro
Pereira antoniofernandodearaujonavarroPereira antoniofernandodearaujonavarro
Pereira antoniofernandodearaujonavarro
 
Plano Integrado de Gestão de Riscos de Desastres do Estado do Ceará - PIGRD-CE
Plano Integrado de Gestão de Riscos de Desastres do Estado do Ceará - PIGRD-CEPlano Integrado de Gestão de Riscos de Desastres do Estado do Ceará - PIGRD-CE
Plano Integrado de Gestão de Riscos de Desastres do Estado do Ceará - PIGRD-CE
 
Palestrante Aline Freitas - DRM/RJ
Palestrante Aline Freitas - DRM/RJPalestrante Aline Freitas - DRM/RJ
Palestrante Aline Freitas - DRM/RJ
 
Atlas santa catarina
Atlas santa catarinaAtlas santa catarina
Atlas santa catarina
 
Meio Ambiente e Gestão Comunitária de Riscos
Meio Ambiente e Gestão Comunitária de RiscosMeio Ambiente e Gestão Comunitária de Riscos
Meio Ambiente e Gestão Comunitária de Riscos
 
Projeto Alerta nas Escolas 2013
Projeto Alerta nas Escolas 2013Projeto Alerta nas Escolas 2013
Projeto Alerta nas Escolas 2013
 
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIE...
 
Defesa civil diagnóstico estadual de risco - 26/06/2012
Defesa civil  diagnóstico estadual de risco - 26/06/2012Defesa civil  diagnóstico estadual de risco - 26/06/2012
Defesa civil diagnóstico estadual de risco - 26/06/2012
 
Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geol...
Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geol...Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geol...
Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e Redução de Riscos Geol...
 
09h10 st4 renato lima 21 08 leblon
09h10 st4 renato lima 21 08 leblon09h10 st4 renato lima 21 08 leblon
09h10 st4 renato lima 21 08 leblon
 
Seminário Defesa Civil - Planos de Contigências
Seminário Defesa Civil - Planos de ContigênciasSeminário Defesa Civil - Planos de Contigências
Seminário Defesa Civil - Planos de Contigências
 
Planejamento e gestão ambiental das cidades dissertaçao final 23.07.2005
Planejamento e gestão ambiental das cidades dissertaçao final 23.07.2005Planejamento e gestão ambiental das cidades dissertaçao final 23.07.2005
Planejamento e gestão ambiental das cidades dissertaçao final 23.07.2005
 
CENÁRIOS METODOLÓGICOS DISTINTOS PARA O MAPEAMENTO DE ÁREAS DE INUNDAÇÃO
CENÁRIOS METODOLÓGICOS DISTINTOS PARA O MAPEAMENTO DE ÁREAS  DE INUNDAÇÃOCENÁRIOS METODOLÓGICOS DISTINTOS PARA O MAPEAMENTO DE ÁREAS  DE INUNDAÇÃO
CENÁRIOS METODOLÓGICOS DISTINTOS PARA O MAPEAMENTO DE ÁREAS DE INUNDAÇÃO
 
Revista Opiniao.Seg agosto de 2011
Revista Opiniao.Seg   agosto de 2011Revista Opiniao.Seg   agosto de 2011
Revista Opiniao.Seg agosto de 2011
 
Geotecnia
GeotecniaGeotecnia
Geotecnia
 

Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações – proposta piloto em santa catarina

  • 1. Ministério da Integração Nacional METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE PARA MAPEAMENTO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS A DESLIZAMENTOS E INUNDAÇÕES – PROPOSTA PILOTO EM SANTA CATARINA RELATÓRIO DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS SETORES DE RISCO DE DESASTRE – MUNICÍPIO DE ANITÁPOLIS Realização: Realização:
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE PARA MAPEAMENTO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS A DESLIZAMENTOS E INUNDAÇÕES – PROPOSTA PILOTO EM SANTA CATARINA RELATÓRIO DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS SETORES DE RISCO DE DESASTRE – MUNICÍPIO DE ANITÁPOLIS CEPED UFSC Florianópolis, maio de 2014
  • 3. © 2014. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC/Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie. PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Francisco José Coelho Teixeira SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Adriano Pereira Júnior Diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres/ CENAD Élcio Alves Barbosa Chefe de Divisão de Análise Técnica Getúlio Ezequiel da costa Peixoto f- Filho UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina Professora Roselane Neckel, Drª. Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Cata- rina Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Superintendente Geral Professor Gilberto Vieira Ângelo, Esp. Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Pesquisa e Estudos sobre Desastres. Laboratório de tecnologias Sociais em Gestão de Riscos e Desastres. Metodologia de avaliação de vulnerabilidade para mapeamento de áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações: proposta piloto em Santa Catarina / [Coordenação Janaína Rocha Furtado]. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2014. 137 p. Relatório de intervenções para mitigação dos setores de risco de desastre: Município de Anitápolis. 1. Desastres - avaliação. 2. Redução de riscos. 3. Deslizamentos. 4. Inundações. 5. Santa Catarina. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III. Laboratório de tecnologias Sociais em Gestão de Riscos e Desastres. CDU 504.4
  • 4. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES Coordenação Executiva do Projeto Janaina Rocha Furtado Construção de Metodologia do Projeto Janaina Rocha Furtado Antonio Guarda Rita de Cássia Dutra Sugestões de Intervenções Estruturais para Mitigação dos Riscos Eng. Civil - Rafael Fabiano Cordeiro– CREA/SC101753-5 Análise Geomorfológica Geógrafa - Mari Angela Machado– CREA/SC 121539-9 Elaboração do Relatório Janaina Rocha Furtado Mari Angela Machado Rafael Fabiano Cordeiro Débora Ferreira Elaboração dos Mapas Higor Hugo Batista Colaboração Laboratório de Tecnologias Sociais em Gestão de Riscos de Desastre LabTec/ CEPED UFSC Larissa Mazzoli Marcela Souza Silva Agradecimentos Ceane de Almeida Coelho Boing - Órgão Municipal de Proteção e Defesa Civil de Anitápolis Prefeitura Municipal de Anitápolis
  • 5. 2 Apresentação Com o objetivo de mitigar e prevenir os impactos decorrentes dos desastres naturais no Brasil, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil está desenvolvendo em todo o país o processo de análise das áreas com risco em municípios prioritários. A seleção dos municípios para compor a lista, e direcionar a ação do Governo Federal na redução de riscos, fundamentou-se no registro de ocorrências de desastre por deslizamento e/ou inundação, e na quantidade de perdas e danos decorrentes. A primeira etapa deste processo de avaliação dos riscos está sendo realizada, progressivamente, por uma equipe de geólogos do Instituto de Geologia do Brasil (CPRM), que desenvolve a setorização das ameaças relacionadas à inundações e/ou deslizamentos. Conquanto a análise do risco dependa da análise das ameaças e, também, da análise da vulnerabilidade, tornou-se relevante realizar a segunda etapa deste processo: desenvolver metodologia para avaliar a vulnerabilidade ao risco desastre. Neste sentido, a SEDEC em cooperação técnico-científica com a Universidade de Santa Catarina,firmaram parceria para construir uma metodologia para avaliação da vulnerabilidade em áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações. Para testar a metodologia elaborada, foi desenvolvido um projeto piloto no estado de Santa Catarina, visando a aplicação prática desta metodologia de forma a garantir a ampliação destes instrumentos aos demais municípios de interesse. O CEPED UFSC ficou responsável por propor uma metodologia e desenvolver o projeto piloto em cinco municípios de Santa Catarina: Navegantes,
  • 6. 3 Balneário Camboriú, Itajaí, Anitápolis e Alfredo Wagner.O mapeamento dos riscos de desastres é processo fundamental para a gestão dos riscos e, consequentemente, para atuar na redução dos mesmos. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de etapas, as quais integram entre outras a identificação, classificação e análise dos riscos de desastres. Os riscos de desastres são produtos da combinação de uma ameaça sobre um ambiente vulnerável. A análise das ameaças não constitui, por si só, condições suficientes para compreender as complexidades que envolvem os riscos de desastres, possibilitando que comunidades sejam mais resilentes que outras. Estabelecer critérios e construir indicadores de vulnerabilidade ao risco de desastre é uma necessidade nacional, já que o país ainda não disponibiliza estudos e metodologias nesta área, que contemplem a sua realidade de risco. A proposta apresentada teve a finalidade de contribuir com a construção de indicadores, que permitam a avaliação dos riscos no município e a gestão dos riscos direcionando as ações nas áreas prioritárias. Também possibilitará produzir dados e informações que orientem a reflexão sobre os processos de vulnerabilização ao risco de desastre no Brasil, ainda que a metodologia não abranja, por si só, todas as problemáticas relacionadas. Tendo em vista este objetivo pontual de construir instrumentos que favoreçam a gestão local dos riscos, no âmbito municipal, propôs-se a elaboração de uma metodologia para ser aplicada em áreas socioterritoriais específicas, de forma setorizada.
  • 7. 4 Este relatório apresenta um dos produtos decorrentes do mapeamento realizado em Anitápolis, relacionado às sugestões de Intervenções Técnicas para Mitigação dos Setores de Risco de Desastre.
  • 8. 5 Inundações, Enchentes e Alagamentos Com relação às inundações, são eventos naturais que ocorrem com periodicidade nos cursos d’ água, frequentemente ocorrem devido às chuvas fortes e rápidas ou chuvas de longa duração. A inundação, popularmente tratada como enchente é o aumento do nível dos rios além da sua vazão normal, ocorrendo o transbordamento de suas águas sobre as áreas próximas a ele. Estas áreas planas próximas aos rios sobre as quais as águas extravasam são chamadas de planícies de inundação (KOBIYAMA et al., 2006, p.451 ) . De acordo com o Manual de Defesa Civil (Castro, 19992 ), as inundações são classificadas de acordo com sua magnitude (excepcionais, de grande magnitude, normais ou regulares e pequena magnitude) e sua evolução (enchentes ou inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas, alagamentos e inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do mar). As inundações graduais resultam da elevação das águas de forma gradativa, suficiente para inundar as regiões marginais e as inundações bruscas resultam da elevação das águas de forma rápida e violenta, provocadas por chuvas intensas e concentradas. Sobre a questão de diferenciação de inundação e enchente, Kobiyama et al. (2006) destaca que esta última ocorre quando não há o transbordamento do rio, apesar do rio ficar praticamente cheio, conforme representado na figura abaixo. Todo rio tem sua área natural de inundação, ou seja, as planícies de 1 KOBIYAMA, Masato. et al. Prevenção de Desastres Naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 2 CASTRO, A.L.C. Manual de planejamento em defesa civil. Vol.1. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Civil, Ministério da Integração Nacional, 1999.
  • 9. 6 inundação. E, quando o homem deixa de respeitar estes limites dos rios e ocupa estas áreas de forma inadequada, as inundações passam a ser um problema frequente. Na figura 1 a seguir, pode-se visualizar o perfil esquemático do processo de enchente e inundação. Figura 1: Perfil esquemático do processo de enchente e inundação. Fonte: Min. Cidades/IPT (2007) Além de inundação e enchente, existem os conceitos de alagamento e enxurrada. De acordo com o Ministério das Cidades/IPT (2007)3 , O alagamento pode ser definido como o acúmulo momentâneo de águas em uma dada área por problemas no sistema de drenagem, podendo ter ou não relação com processos de natureza fluvial. A enxurrada é definida como o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais. É comum a ocorrência de enxurradas ao 3 Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Mapeamento de Riscos em Encostas e Margem de Rios. In: CARVALHO, Celso S.; MACEDO, Eduardo S.; OGURA, Agostinho T. (Org.). Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007.
  • 10. 7 longo de vias implantadas sobre antigos cursos d’água com alto gradiente hidráulico e em terrenos com alta declividade natural. Sabe-se que o processo de urbanização da bacia hidrográfica, com a impermeabilização do solo e obstrução dos sistemas de drenagem podem agravar as inundações, tornando-as mais frequentes. Para avaliar o processo de produção de risco de inundação, se decorrente da ocupação em regiões ribeirinhas e/ou da urbanização das áreas, e torna-se necessário a realização de estudos hidrológicos e hidráulicos específicos. Neste sentido, o CEPED UFSC destaca que as sugestões técnicas e estruturais para mitigação das áreas suscetíveis a inundações, enxurradas ou alagamentos demandam a realização de estudos aprofundados nas bacias de cada região. Sem estes estudos hidrológicos e hidráulicos, as sugestões encaminhadas neste relatório não objetivam sanar o problema das áreas de risco, limitando-se a indicar intervenções básicas de caráter pontual, tais como serviços de limpeza, obras de drenagem, proteção vegetal e remoção de moradias quando necessário. Movimentos de Massa De acordo com Tominaga (2009)4 , movimentos de massa são movimentos de solo, rocha ou vegetação ao longo da vertente sob ação direta da gravidade. Consistem em importante processo natural que atua na dinâmica das vertentes, fazendo parte da evolução geomorfológica nas regiões serranas. Com a crescente ocupação do solo em áreas inadequadas, intensivo processo de urbanização sem adequado planejamento e ações protetivas de redução 4 TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do. Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009.
  • 11. 8 de riscos, está aumentando o número de ocorrências de desastres relacionados a estes eventos e processos. Classificação dos Movimentos Gravitacionais de Massa São inúmeros os sistemas classificatórios de movimentos gravitacionais de massa, sendo os mais recentes apresentados na Tabela 1 a seguir. Tabela 1 - Classificação dos movimentos gravitacionais Fonte: GEORIO (2000) apud AUGUSTO FILHO (1992) . De acordo com Caputo (1987), a definição dos tipos de movimentos de massa pode ser:
  • 12. 9  Escorregamento (Landslide)- É o deslocamento rápido de uma massa de solo ou de rocha que, rompendo-se do maciço, desliza para baixo e para o lado, ao longo de uma superfície de deslizamento. Conforme o movimento seja acompanhado predominantemente por uma rotação (caso de solos coesivos homogêneos) ou uma translação (caso de maciços rochosos estratificados), estes são denominados, respectivamente, escorregamento rotacional e escorregamento translacional. Figura 2: Escorregamento rotacional. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 3: Escorregamento translacional
  • 13. 10 Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 4: Escorregamento em cunha. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html>. Acesso em: 22 maio 2014.  Desprendimento de terra ou rocha – É uma porção de um maciço
  • 14. 11 terroso ou de fragmentos de rocha que se destaca do resto do maciço, caindo livre e rapidamente, acumulando-se onde se estaciona. Figura 5: Desplacamento de rocha. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 6: Queda de blocos de rocha. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 7: Rolamento de blocos instáveis.
  • 15. 12 Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 8: Tombamento de blocos por descontinuidades. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em:<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11c.html>. Acesso em: 22 maio 2014.  Rastejo (“creep”) - É o deslocamento lento e contínuo de camadas
  • 16. 13 superficiais sobre camadas mais profundas, com ou sem limite definido entre a massa de terreno que se desloca e a que permanece estacionária. Figura 9: Escorregamento sob a forma de rastejo. Fonte: Curso de Geologia Ambiental Via Internet, Módulo 09. UNESP, 2001. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11b.html>. Acesso em: 22 maio 2014.  Escoamento, deformação ou movimento contínuo, com ou sem superfície definida de escorregamento – Segundo suas características, subdividi-se em: corridos (escoamento fluido-viscoso) e rastejo ou reptação (escoamento plástico). Figura 10: Corrida de detritos no Morro do Baú em Santa Catarina. Novembro, 2008.
  • 17. 14 Fonte: Base de dados de domínio público. Disponível em: <http://humbertosaggin.zip.net/arch2008-11-01_2008-11-30.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Agentes Causadores de Escorregamentos Geralmente como causas de escorregamentos constituem “[...] o aumento de peso do talude (incluindo as cargas aplicadas) e a diminuição da resistência ao cisalhamento do material. As primeiras classificam-se como externas e as segundas, como internas”(CAPUTO, 1987)5 . Ainda Caputo (1987) salienta que a ação desses fatores combinada com períodos de chuvas ou pouco depois, satura o solo, elevando seu peso específico e reduzindo assim a resistência ao cisalhamento devido ao aumento da pressão neutra. Esta situação explica a ocorrência da maioria dos escorregamentos nos períodos de grande precipitação pluviométrica. De acordo com GEORIO (2000), a classificação de instabilidade nas encostas na região metropolitana do Rio de Janeiro pode ser: 5 CAPUTO, H.P. Mecânica dos solos e suas aplicações: mecânica das rochas – fundações – obras de terra. 6 ed. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos editora, 1987.
  • 18. 15 Em rocha os escorregamentos são causados por:  Estados diferenciados de alteração;  Diáclases com extensões, mergulhos, direções, espaçamento e preenchimentos diversos;  Xistosidade de direções e mergulhos diversos;  Esfoliação esferoidal;  Formação de lascas de origem térmica;  Superfície de alívio de tensões;  Heterogeneidades litológicas. Em tálus:  Escorregamentos causados por grandes variações de pressão da água infiltrada, nos períodos de alta pluviosidade, provocadas por formas diversas de infiltração e ação no contato impermeável com a rocha ou com o solo residual. Em solo residual:  As instabilidades mostram, com frequência, estreita correlação com as características mineralógicas, texturais, estruturais e de espessura do horizonte C (solo residual jovem). O dos gnaisses e granitos, de texturas grosseiras, areno-argilosos, pouco micáceos e homogêneos, são os mais estáveis. Em razão das descontinuidades remanescentes da rocha matriz, principalmente xistosidades e heterogeneidades litológicas, os solos residuais jovens dos migmatitos e dos biotita gnaisses são os mais suscetíveis à instabilidade, via de regra deflagrada por processos erosivos superficiais ou em subsuperfície que levam ao solapamento do terreno. São ainda outros casos frequentes: - Solo coluvial (solo residual maduro – horizonte B) em passagem brusca para o solo residual jovem (horizonte C);
  • 19. 16 - Solo coluvial assentado diretamente sobre a rocha; - Solo litólico (horizonte A) assentado diretamente sobre a rocha. Em solo + rocha:  Está normalmente associado a uma cobertura de solo coluvial assentado diretamente sobre a camada de rocha fraturada e decomposta. O contato entre a rocha sotoposta menos alterada com a camada de rocha superior forma uma superfície contínua e impermeável que acompanha a forma do maciço. Nos períodos de altas precipitações, as poropressões instabilizam o material acima da rocha sã. Em blocos in situ:  São blocos de rochas arredondados anteriormente envolvidos por litologias de grande alterabilidade podendo ser de núcleos graníticos ou migmatitos. Figura 11: Rolamento de blocos envolvidos na massa de solo após escorregamento na SC-401 em Florianópolis – SC. Novembro, 2008. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Em depósitos de lixo:  O acumulo de lixo nas encostas e ao longo de ruas e estradas a meia encosta depositado por moradores e empresas.
  • 20. 17 Figura 12: Escorregamento no lixão em Niterói, Rio de Janeiro. Abril, 2010. Fonte: Base de dados de domínio público. Disponível em: <http://www.ambiencia.org/site/publicacoes/publicacoes/dia- mundial-do-meio-ambiente/entenda-o-que-aconteceu-no-morro-do-bumba/>. Acesso em: 22 maio 2014. De maneira geral GEORIO, 2000, apud FERNANDES e AMARAL, 20036 , apresenta várias feições geológicas e geomorfológicas que podem levar aos processos de instabilização de encostas:  Fraturas – Tectônicas e atectônicas. Representam importantes descontinuidades, tanto em termos mecânicos quanto hidráulicos.  Falhas – Têm grande influência no condicionamento de movimentos de massa. As juntas favorecem o intemperismo e, quando silicificadas, geram uma barreira ao fluxo de água pela impermeabilização do plano de falha.  Foliação e bandeamento composicional – A orientação destes condicionantes influencia diretamente a estabilidade das encostas em áreas onde afloram rochas metamórficas. Deste modo chama-se a atenção para a situação desfavorável em que a foliação e/ou bandeamento mergulham para fora da encosta em cortes de estrada. 6 FERNANDES, N. F.; AMARAL, C. P.,2003, Movimentos de Massa: Uma Abordagem Geológico- geomorfológica, In: Guerra, A. J. T.; Cunha, S. B., Geomorfologia e meio ambiente, Ed. Bertrand Brasil, 4ª edição, Rio de Janeiro, Brasil
  • 21. 18  Descontinuidades no solo – Estas descontinuidades incluem principalmente, feições estruturais reliquiares do embasamento rochoso (fraturas, falhas, foliação, bandeamentos etc.) e horizontes de solo formados por processos pedogenéticos. Escorregamentos rotacionais podem predominar em encostas onde as fraturas no embasamento rochoso se encontram pouco espaçadas, fazendo com que o saprólito se comporte como um material granular. Escorregamentos translacionais podem predominar em encostas com juntas reliquiares originadas a partir da alteração de fraturas de alívio ou mesmo a partir de bandas composicionais.  Morfologia da encosta – Ligada a tendência de correlação entre a declividade e a frequência dos movimentos de massa embora o maior número de escorregamentos não ocorra necessariamente nas encostas mais íngremes. A morfologia da encosta também está ligada ao papel que a forma da encosta, exerce na geração de zonas de convergência e divergência dos fluxos d'água superficiais e subsuperficais.  Depósitos de encosta – tanto os depósitos de tálus quanto os de colúvio apresentam uma heterogeneidade interna, a qual é resultante direta da descontinuidade espacial e temporal dos processos formadores desses depósitos. Muitos destes estão assentados sobre rocha sã, gerando uma descontinuidade mecânica e hidrológica ao longo desse contato. A drástica descontinuidade hidrológica favorece a geração de fluxos d'água e elevação da poropressão durante períodos de chuva intensa ocasionando escorregamentos translacionais. Mecanismos de deflagração de escorregamentos Alguns mecanismos de deflagração de instabilidades são indicados na literatura especializada (GEORIO, 2000). A tabela 2, a seguir, apresenta alguns exemplos:
  • 22. 19 Tabela 2 - Mecanismos de deflagração de instabilidades Fonte: GEORIO (2000). Com relação à água de subsuperfície, os principais mecanismos que atuam para a deflagração dos escorregamentos segundo o Instituto GeoRio (2000) são:  Formação ou aumento das poropressões, reduzindo assim a resistência ao cisalhamento, podendo levar a ruptura dos taludes. Relaciona- se com a elevação do nível piezométrico em períodos chuvosos.  Diminuição da coesão aparente do solo com o aumento da saturação, em face da variação da permeabilidade através do maciço terroso. Este é o principal agente de escorregamentos planares de solo na Serra do Mar, no litoral Paulista.  Vinculação entre pluviosidade e escorregamentos principalmente em períodos de chuvas intensas.
  • 23. 20 Com relação a ação antrópica os fatores condicionantes dos movimentos de massa de acordo com GEORIO(2000) e AUGUSTO-FILHO (1992)7 são:  Remoção da cobertura vegetal;  Lançamento e concentração de águas pluviais e/ou servidas;  Vazamentos na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas;  Execução de cortes com geometria incorreta (altura/inclinação);  Execução deficiente de aterros (geometria, compactação e fundação);  Lançamento de lixo nas encostas/taludes. Além disso muitos escorregamentos são verificados devido ao uso e a ocupação desordenada do solo. Os processos de favelização das encostas levam a destruição da camada vegetal contribuindo para o surgimento de rupturas seguidos de movimentos de massa (GEORIO, 2000). Resistência ao Cisalhamento dos Solos A estabilidade de taludes (aterros, cortes e barragens), empuxos de terra sobre paredes de contenção e túneis, capacidade de carga de sapatas e estacas, por exemplo, dependem basicamente das características da resistência ao cisalhamento dos solos. Para Caputo (1987) “[...]a propriedade dos solos em suportar cargas e conservar sua estabilidade, depende da resistência ao cisalhamento do solo; toda massa de solo se rompe quanto esta resistência é excedida” . Já para 7 AUGUSTO FILHO, O., 1992, Caracterização Geológico-Geotécnica Voltada à Estabilização de Encostas: Uma Proposta Metodológica, 1ª COBRAE, Vol. 2 p: 721- 733, Rio de Janeiro, Brasil.
  • 24. 21 Bastos (2000)8 é a tensão cisalhante máxima que o solo pode suportar sem sofrer ruptura ou tensão cisalhante no plano de ruptura(planos onde a tensão cisalhante supera a resistência ao cisalhamento) no momento da ruptura. A resistência ao cisalhamento dos solos é função de dois componentes principais: o embricamento (ou entrosamento) entre as partículas e a resistência entre elas. O embricamento afeta a resistência do solo bem como o seu comportamento principalmente em materiais não coesivos. Por exemplo, nas areias fofas os grãos movimentam-se horizontalmente mobilizando a resistência entre as partículas. Já nas areias densas para superar o entrosamento entre os grãos é necessário um esforço adicional o que causa expansão volumétrica(dilatância) durante o cisalhamento. Sendo assim, quanto mais denso for o solo, maior a parcela de embricamento e maior a resistência do solo.O ângulo de atrito pode ser definido como o ângulo formado pela força normal à partícula (N) e a força horizontal que tende a deslocá-la (T). A resistência por atrito entre as partículas pode ser demonstrada por analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal, onde a força T para fazer o corpo deslizar deve ser superior a f.N, sendo f o coeficiente de atrito entre os dois materiais. A proporcionalidade entre a força tangencial e a força normal pode ser definida da seguinte forma: T=N×tgφ, onde φ é chamado de ângulo de atrito. Para solos essa relação é escrita da seguinte forma: 8 BASTOS, C.A.B.; MILITITSKY,J.; GEHLING, W.Y.Y. A avaliação da erodibilidade dos solos sob o enfoque geotécnico-pesquisas e tendências. Teoria e Prática na Engenharia Civil, Rio Grande/RS, v. 1, p. 17-26, 2000.
  • 25. 22 T=σ×tgφ (1) Onde T é a tensão de cisalhamento, σ é a tensão normal, e φ é o ângulo de atrito interno do solo. Segundo Pinto (2002)9 a resistência ao cisalhamento dos solos é essencialmente devida ao atrito entre as partículas, porém a atração química entre estas partículas pode provocar uma resistência independente da tensão normal atuando no plano e que constitui a coesão real, como se uma cola tivesse sido aplicada entre os dois corpos. A coesão é típica de solos muito finos (siltes e argilas), os mesmos são denominados solos coesivos, já as areias puras e pedregulhos que não apresentam essa propriedade são denominados não-coesivos. A resistência ao cisalhamento proporcionada pela coesão pode ter as seguintes origens:  Cimento natural aglutinando os grãos de solo entre si;  Ligação entre os grãos exercida pelo potencial atrativo de natureza molecular ou coloidal, fazendo com que os grãos mantenham-se unidos pelas cargas estáticas existentes na sua superfície;  Tensão capilar da água intersticial quando o corpo de prova, torrão ou camada de solo sofre um esforço de ruptura. A tensão capilar é considerada como coesão aparente porque desaparece totalmente com a saturação do solo.Os parâmetros de resistência do solo c (coesão) e φ (ângulo de atrito) não dependem somente do tipo de solo, mas 9 PINTO, J.S. Estudo da condutividade hidráulica de solos para disposição de resíduos sólidos na região de Santa Maria. 2005. 148p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2005.
  • 26. 23 também da velocidade de carregamento a que o mesmo estará submetido em relação à sua capacidade de dissipar pressões neutras ou excesso de pressão neutra. Ensaios Laboratoriais para a Determinação da Resistência ao Cisalhamento dos Solos Ensaios laboratoriais visam, antes de tudo, simular as condições de uma amostra de solo, apresentadas em campo. A determinação da resistência ao cisalhamento, normalmente é realizada simulando as piores condições de campo, ou seja, saturada, ou pelo menos, inundada. Os ensaios de resistência ao cisalhamento são utilizados principalmente na análise da estabilidade de taludes. Para determinação da resistência ao cisalhamento dos solos através de ensaios laboratoriais podem ser realizados os seguintes ensaios:  Cisalhamento Direto;  Triaxial (CD, CU ou UU);  Compressão Simples;  RingShear;  Cisalhamento Direto Simples.
  • 27. 24 Estabilidade de Taludes Sob o nome genérico de taludes compreende-se quaisquer superfícies inclinadas que limitam um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha. Podem ser naturais, caso das encostas, ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros (CAPUTO, 1987). A seguir, apresenta-se os principais sistemas de estabilização de encostas e suas respectivas características. Retaludamento É um processo de terraplanagem através do qual se alteram, por cortes ou aterros, os taludes originalmente existentes em um determinado local para se conseguir uma estabilização do mesmo. Das obras de estabilização de taludes é amais usada devido à sua simplicidade, eficácia e menor custo se comparada com outras soluções.Geralmente é associado a obras de controle de drenagem superficial e de proteção superficial, de modo a reduzir a infiltração d´água no terreno e disciplinar o escoamento superficial, inibindo os processos erosivos. A figura 13 apresenta um desenho esquemático de um retaludamento.
  • 28. 25 Figura 13: Desenho esquemático de um retaludamento. Disponível em: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/7/obras- de-retaludamento-235540-1.aspx>.Acesso em: 22 maio 2014. Muro de Pedra Argamassada São estruturas formadas como o próprio nome já diz pela alvenaria de pedras argamassadas.O muro de pedra ou muro de peso é um tipo de obra de contenção construída com a finalidade de conter os empuxos de solo, eventuais sobrecargas e evitar a instabilização do sistema.Também conhecidas por "muro de gravidade", estas obras atuam basicamente em função de seu peso próprio, determinado através do peso de seu material. O atrito da sua base contra o solo deve ser suficiente para assegurar a estabilidade da obra, e sua geometria destina-se a evitar o tombamento por rotação em torno da aresta externa da base.Quando os esforços
  • 29. 26 desenvolvidos no maciço resultam em uma força cisalhante maior do que o peso do muro, ocorre o deslizamento. Normalmente, são utilizados para pequenas e médias alturas, viabilizando desníveis que não são estáveis por taludes naturais.Devem ser compostos de dispositivos de drenagem afim de dissipar a água presente no interior do maciço e evitar o excesso de poro-pressão na massa arrimada. A figura 14 apresenta um desenho esquemático de um muro de pedra argamassada. Figura 14: Detalhe esquemático de um muro de pedra argamassada. Disponível em: <http://japaopedras.blogspot.com.br/p/muros-de-pedra.html>. Acesso em: 22 maio 2014. Muro de Gabião São estruturas em forma de caixa formadas por elementos metálicos confeccionados com tela de malha hexagonal de dupla torção preenchidos
  • 30. 27 com rocha.O muro de gabião também é um muro de peso e exerce a mesma função que o muro de pedra argamassada. Em ambientes agressivos como por exemplo os canais a serem retificados, a malha do gabião recebe um revestimento em PVC para evitar a corrosão.A utilização deste tipo de estrutura proporciona vantagens como:  Flexibilidade – são facilmente adaptados aos movimentos do terreno;  Permeabilidade – por serem totalmente permeáveis permitem a dissipação das dasporopressões no interior do maciço terroso;  Praticidade – são estruturas de grande facilidade construtiva trazendo velocidade a sua execução As figuras 15 e 16 apresentam respectivamente um desenho esquemático e uma obra real de um muro de gabião. Figura 15: Detalhe esquemático de um muro de pedra argamassada. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA70QAC/muros-arrimo>. Acesso em: 22 maio 2014.
  • 31. 28 Figura 16: Caso real de obra de muro de gabião ao longo de uma rodovia. Fonte: Autores, 2013. Muro de concreto Armado Este tipo de estrutura consiste em um muro de flexão com seção transversal em forma de “L” resistindo aos empuxos de terra por flexão utilizando parte do peso próprio do maciço, que se apoia sobre a base em “L”, para manter-se equilibrado. São construídos em concreto armado onde para alturas superiores a 5 m, é necessária a utilização de contrafortes para aumentar a estabilidade contra o tombamento. A figura 17 apresenta um detalhe esquemático de um muro de concreto armado. Figura 17: Muro de concreto armado.
  • 32. 29 Disponível em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA70QAC/muros-arrimo>. Acesso em: 22 maio 2014. Cortina Atirantada Uma cortina ancorada compreende uma parede de concreto armado, de espessura em geral entre 20 e 30cm, em função das cargas nos tirantes, fixada no terreno através das ancoragens pré-tensionadas. Com isso obtém- se uma estrutura com rigidez suficiente para minimizar deslocamentos no terreno (GEORIO 2000).Igualmente ao solo grampeado a execução é feita em etapas e nichos. Os tirantes são elementos ativos, pois são fortemente pré-tensionados com cargas elevadas, para prevenir deslocamentos da cortina e iniciam seu trabalho sem necessidade de deformação do maciço (GEORIO, 2000).Já os grampos não são protendidos (elementos passivos), sendo a mobilização do atrito no contato solo-grampo mobilizado pela deformação do solo. Assim, considerando-se nulas as movimentações relativas solo grampo, as
  • 33. 30 deformações que ocorrem no solo são controladas pela deformabilidade do grampo (EHRLICH, 200310 ). O dimensionamento estrutural do paramento de concreto da cortina atirantada é muito importante, haja vista o puncionamento causado pela aplicação das elevadas cargas de teste . No solo grampeado a face tem por objetivos garantir a estabilidade local e evitar o desenvolvimento de processos erosivos, ao contrário do que se verifica nas cortinas atirantadas nas quais a face é o promotor direto da estabilidade da zona potencialmente instável (EHRLICH, 2003). Os grampos, ao contrário das ancoragens, não têm trecho livre, transferindo tensões para o solo ao longo de todo o seu comprimento (GEORIO, 2000). Já os tirantes são projetados para transferir carga somente na região ancorada atrás da superfície potencial de ruptura. No tirante, uma parcela do comprimento encontra-se livre, enquanto a parcela restante é ancorada. A carga no trecho livre do tirante é aproximadamente constante e no trecho ancorado é variável. A figura 18 ilustra a diferença entre o comportamento de uma cortina atirantada e o solo grampeado. 10 ERLICH, M. Solos grampeados: comportamento e procedimentos de análise. In: Workshop Solo Grampeado: projeto, execução, instrumentação e comportamento, 2003. São Paulo: Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica, 2003, p127-138.
  • 34. 31 Figura 18: Diferença entre o comportamento de uma cortina atirantada e o solo grampeado. Disponível em:<http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/10979/10979_3.PDF>. Acesso em: 22 maio 2014. Solo Grampeado Segundo EHRLICH, O solo grampeado consiste no reforço do terreno natural. Os reforços comumente são barras de aço protegidas por argamassa em furos pré-abertos. A argamassa é injetada por gravidade, aderida à barra ao longo de todo o comprimento e o grampo não é protendido. Em obras provisórias as barras podem ser simplesmente cravadas sem a proteção de argamassa. Em geral, a execução da escavação se processa em etapas, vertical e horizontalmente, minimizando os movimentos, que normalmente apresentam-se inferiores a 0,2% a 0,3% da altura da escavação. A face tem função secundária na estabilização, compreendendo basicamente em evitar roturas localizadas e garantir o controle dos processos erosivos. Comumente o faceamento é efetuado em concreto projetado reforçado com malha metálica. Cobertura vegetal vem também sendo adotada em taludes menos íngremes (2003, p.129).
  • 35. 32 De acordo com a Norma de estabilidade de encostas, ABNT NBR 11682 (2009), os grampos são elementos de reforço do terreno constituído de perfuração preenchida com calda de cimento, ou argamassa, compósito ou outro aglutinante e elemento resistente à tração/cisalhamento. Tem a finalidade de distribuir cargas ao longo de todo o seu comprimento, interagindo com o terreno circunvizinho, podendo parte da carga mobilizada ser absorvida pela cabeça. A mobilização de carga no grampo é induzida pela deformação do terreno por pequena carga aplicada na extremidade externa. Diferem dos tirantes, conforme descrito na ABNT NBR 5629, por não apresentarem trecho livre e serem passivos. Normalmente o método de execução dos grampos consiste na perfuração inclinada do maciço de solo(normalmente 15º) e o preenchimento do furo com calda de cimento executado em conjunto com a instalação da barra de aço. Os furos são, geralmente, executados com diâmetros de 75 ou 100 mm, que permitem a instalação da barra de aço e um ou mais tubos de injeção. Por meio da tubulação acessória, injeta-se a calda de cimento (execução da “bainha”), a partir do fundo do furo, preenchendo totalmente a cavidade. Deve-se garantir a resistência da barra de aço ao longo do tempo, por meio de tratamento anticorrosivo adequado com um recobrimento mínimo de calda de cimento contínuo e constante, garantido por dispositivos centralizadores instalados ao longo das barras, normalmente espaçados de 1,5 m. Quanto a conexão com a face as figuras 19, 20 e 21 apresentam algumas opções para fixação das cabeças dos grampos na face do paramento. Quando as barras possuirem bitolas menores que 20mm a conexação faz-se através de uma dobra a 90º de no mínimo 20cm. Porém, quando as barras possuirem bitolas acima de 20mm a conexão deverá ser feita através de um conjunto
  • 36. 33 placa metálica e porca. No caso de revestimento com proteção vegetal, a cabeça é protegida com argamassa e não é ancorada. Figura 19: Fixação da cabeça para barras menores que 20mm de diâmetro. Disponível em: <http://www.metalica.com.br/chumbadores-injetados-a-qualidade- do-solo-grampeado>. Acesso em: 22 maio 2014.
  • 37. 34 Figura 20: Fixação da cabeça para barras maiores que 20mm de diâmetro. Figura 21: Fixação da cabeça para grampos embutidos no terreno. Fonte: Ortigão & Sayão, 2014. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAhTgAE/solo- grampeado?part=2>. Acesso em: 22 maio 2014. Fonte: Ortigão & Sayão, 2004. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAhTgAE/solo- grampeado?part=2>. Acesso em: 22 maio 2014.
  • 38. 35 Faceamento O faceamento não é determinante na estabilidade global do maciço. A principal função da face é garantir a estabilidade local do solo entre os grampos e garantir o controle de processos erosivos. Concreto projetado com tela de aço ou com fibras de aço, blocos pré-moldados, painéis de concreto, bio-mantas e vegetação têm sido empregados no revestimento do faceamento de estruturas grampeadas para satisfazer critérios de projeto, executivos e aspectos estéticos. Em complemento, dependendo do tipo de faceamento deve-se implantar uma drenagem eficiente na interface do solo com o revestimento. A face do solo grampeado pode ser desde vertical (α = 90º), levemente inclinada (80º <α< 90º), até acompanhando as inclinações naturais do terreno.No caso da face ser executada com inclinação entre 80º e 90º, os grampos deverão ser executados com cabeça, placa e porca afim de garantir um contato solo-concreto projetado adequado. Nas faces com inclinações α< 80º, os grampos devem ser instalados através de uma dobra a 90º de no mínimo 20cm. Armação As telas eletrossoldadas tem sido a armação convencional do concreto projetado. Sua instalação é feita em uma ou duas camadas, conforme especifica o projeto. Aplica-se a primeira camada com a primeira tela, a segunda camada do projetado, a segunda tela e o concreto final. Pode-se instalar telas antes do concreto. Entretanto, é preciso tomar um cuidado
  • 39. 36 especial para evitar que a tela funcione como anteparo e ocorram vazios atrás da mesma. É utilizada alternativamente às telas, fibras metálicas de aço, adicionadas diretamente na betoneira ou caminhão-betoneira, obtendo uma mistura perfeitamente homogênea. Isto não obriga qualquer mudança nos equipamentos, promove redução da equipe de trabalho, visto que não há necessidade de mão-de-obra para preparo e instalação das telas. Elas se ajustam perfeitamente ao corte realizado no talude, aceitando superfícies irregulares, com espessura constante. O resultado é um concreto extremamente tenaz. A presença das fibras produz concreto de baixa permeabilidade, uma vez que age no combate as tensões de tração, durante o início da cura, homogeneamente em todas as regiões da peça.Não há cuidado especial com cobrimento de armadura, pois a corrosão eventual se limita àquela fibra que está em contato com a atmosfera, não prosseguindo para as outras, imersas no concreto. A construção de uma estrutura grampeada envolve o reforço do solo, enquanto o trabalho de escavação progride, através do faceamento e da introdução de barras de aço em furos pré-abertos preenchidos com calda de cimento, que trabalham essencialmente à tração. Estas barras podem, também, trabalhar parcialmente ao cisalhamento e flexão. Os grampos moldados “in situ” são, geralmente, paralelos e ligeiramente inclinados com a horizontal, variando de 5º a 30º. A sequência de escavação e introdução dos grampos influencia significativamente a movimentação da massa de solo que reflete no
  • 40. 37 faceamento. De maneira geral, é pequena a movimentação da face no nível do grampeamento após a colocação dos grampos. Assim, para redução das movimentações, o grampeamento deve ser o mais rápido possível. Em vista do caráter irreversível da influência das movimentações, o grampeamento tardio tem efeitos praticamente irrecuperáveis. Nos casos em que a altura e inclinação da escavação não garante a estabilidade do talude para o período de tempo requerido, uma banqueta contínua pode ser empregada para estabilizar a etapa da escavação, bem como apoiar e operar os equipamentos. Tipicamente, a execução do solo grampeado deve ser realizada em nichos, de forma descendente, com inclinação vertical e profundidade de escavação máxima de 1,5m (figura 22 e 23). Após a escavação dá-se início a perfuração do solo, instalação dos grampos e preenchimento do furo com calda cimento. Após perfurados, instalados e injetados todos os grampos, inicia-se a construção da parede de acordo com as inclinações e especificações indicadas no projeto. Figura 22: Execução do solo grampeado realizada em nichos, de forma descendente, com inclinação vertical e profundidade de escavação máxima de 1,5m.
  • 41. 38 Disponível em: <http://www.sologrampeado.com.br/psg-sistema.htm>. Acesso em: 22 maio 2014. Figura 23: Execução do solo grampeado realizada em nichos, de forma descendente, com inclinação vertical e profundidade de escavação máxima de 1,5m. Fonte: Lazarte et al., 2003. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc- rio.br/10979/10979_3.PDF>.Acesso em: 22 maio 2014. Talude de Rocha Chumbado Este tipo de estrutura nada mais é que uma outra versão do solo grampeado onde o maciço reforçado, neste caso, é composto por rocha alterada, fraturada ou solo com matacões em seu meio.Pode ter sua face revestida com concreto projetado e tela metálica ou esta pode ser revestida somente com tela de alta resistência contra queda de blocos.Normalmente são utilizados os mesmos reforços do solo grampeado ou seja, barras de aço CA 50 de 20 a 25mm de diâmetro.
  • 42. 39 Limpeza de Blocos de Rocha Instáveis Como o próprio nome já diz, consiste na remoção e/ou desmonte, podendo ser a quente(explosivos), a frio(gel expansivo), ou manual(martelete), dos blocos de rocha instáveis, situados ao longo da encosta, seja ela composta somente por solo, solo e rocha ou somente rocha. Proteção Contra Erosão Os sistemas de proteção contra erosão existentes se constituem de materiais naturais como enleivamentos, hidrossemeaduras etc. ou ainda, de materiais sintéticos como as geomantas de polipropileno. Recomenda-se o emprego desta proteção, a fim de se evitar a manifestação dos processos erosivos em áreas afetadas pela construção, devendo-se executar o sistema adotado, imediatamente após a execução dos serviços, pois áreas eventualmente expostas por longo tempo às intempéries, podem ser degradadas pela manifestação de processos erosivos. Dispositivos de Drenagem Os dispositivos de drenagem tem a função como o próprio nome já diz, de drenar ou escoar as águas superficiais e/ou profundas oriundas das chuvas, ou de fluxos de água subterrânea, que podem ocorrer no interior de um maciço terroso.As figuras 25 e 26 apresentam exemplos de dispositivos de drenagem.
  • 43. 40 Figura 24: Exemplo de drenagem com vala de proteção de corte. Fonte: Autores, 2013. Figura 25: Exemplo de drenagem com sarjeta trapezoidal de concreto. Fonte: Autores, 2013. Remoção das Famílias e Desapropriação das Edificações Esta é uma solução definitiva que elimina praticamente todo o risco a vidas humanas porém, não elimina os riscos geológicos de uma futura ruptura que venha a interromper rodovias e causar danos materiais na região.Deve ser estudada com cautela pelas autoridades responsáveis visto que envolve não só um problema geológico mas também sócio-econômico.
  • 44. 41 Metodologia para elaboração das sugestões de intervenção para mitigação dos setores de risco Esta etapa se refere à proposição das intervenções necessárias, e respectivas estimativas de custos, para mitigação dos riscos nas áreas de interesse (setores). 11 Nesta etapa do projeto, devem ser indicadas a(s) alternativa(s) de intervenção adequada(s) para cada setor de risco. As proposições de intervenção estruturais para deslizamento e inundação indicadas deverão visar a melhor relação custo/benefício, a menor complexidade técnica e específica para cada situação identificada. Estabelecidas as obras necessárias para a mitigação de risco de cada setor, deverão ser estimados os custos necessários para cada obra/serviço e remoção. A proposição de ações estruturais deverá considerar: • Identificação de intervenções estruturais para cada uma das áreas de interesse; • As ações devem estar sintonizadas com as características dos processos geológico-geotécnicos identificados no local; • Obras de estabilização de encostas privilegiando solução coletiva; • Zoneamento das áreas inadequadas para ocupação (apontar setores de risco onde não é possível executar obras e onde a ocupação tem que ser removida). 11 Utilizou-se como base a metodologia disponibilizada pela SEDEC em edital aberto para contratação de empresas, tendo como objeto a realização do mapeamento de vulnerabilidade.
  • 45. 42 Para definição das ações estruturais tem-se como referência o Quadro da UNDRO(Office ofthe United NationsDisasterReliefCo-ordinator, ONU, 1991), apresentado na tabela 3 a seguir: Tabela 3: Sugestões de intervenções em áreas de risco de desastre. TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO Serviços de Limpeza e Recuperação Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Recuperação e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos. Também incluem obras de limpeza de canais de drenagem. Correspondem a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte. Obras de drenagem superficial, proteção vegetal (gramíneas) e desmonte de blocos e matacões Implantação de sistema drenagem superficial (canaletas, rápidos, caixas de transição, escadas d’água, etc.). Implantação de proteção superficial vegetal (gramíneas) em taludes com solo exposto. Eventual execução de acessos para pedestres (calçadas, escadarias, etc.) integrados ao sistema de drenagem. Proteção vegetal de margens de canais de drenagem. Desmonte de blocos rochosos e matacões. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno porte. Obras de urbanização Agregadas a drenagem e Esgotamento sanitário Pequenas obras de urbanização tais como urbanização de becos, abertura de acessos, execução de passarelas, urbanização de áreas visando implantação adequada de redes de drenagem e esgotamento sanitário, estabelecimento de “rotas de fuga” e destinação de uso a áreas de risco desocupadas ou remanescentes de remoção de famílias.
  • 46. 43 Estruturas de contenção De pequeno porte Implantação de estruturas de contenção de pequeno porte (hmax = 3,5 m e lmax = 10 m). Obras de contenção e proteção de margens de canais (gabiões, muros de concreto, etc.). Correspondem a serviços parciais ou totalmente mecanizados. Obras de terraplenagem De médio a grande porte Execução de serviços de terraplenagem. Execução combinada de obras de drenagem superficial e proteção vegetal (obras complementares aos serviços de terraplenagem). Obras de desvio e canalização de córregos. Predomínio de serviços mecanizados. Estruturas de contenção de médio a grande portes Implantação de estruturas de contenção de médio a grande porte (h > 3,5 m e l > 10 m), envolvendo obras de contenção passivas e ativas (muros de gravidade, cortinas, etc.). Poderão envolver serviços complementares de terraplenagem. Predomínio de serviços mecanizados. Remoção de moradias As remoções poderão ser definitivas ou não (para implantação de uma obra, por exemplo). Priorizar eventuais realocações dentro da própria área ocupada, em local seguro. Fonte: UNDRO - Office of the United Nations Disaster Relief Co-ordinator (ONU, 1991). Além das intervenções descritas no quadro acima, devem ser consideradas obras de dragagem e derrocamento de canais e leitos de rios e córregos, que resultem na redução dos riscos de inundação nas áreas de interesse, sendo indicados, se necessários, as avaliações e estudos que devem preceder a execução dos projetos e obras.
  • 47. 44 Para o dimensionamento dos custos das propostas de ações estruturais, deve-se considerar:  Os custos necessários para execução das ações estruturais devem ser estimados para cada uma das áreas de interesse (setores), apresentados neste documento;  A estimativa de custos será obtida a partir de composições de custos unitários, previstas no projeto, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO, excetuados os itens caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil. Metodologia de campo Em se tratando de uma metodologia para ser aplicadas em áreas territorialmente selecionadas (polígonos), estimou-se que informações deverão ser coletadas in loco, a partir dos instrumentos metodológicos elaborados pelos pesquisadores. As visitas de campo possibilitaram agregar as informações adquiridas nas pesquisas em bases de dados. A equipe de campo foi constituída de:  1 profissional de engenharia civil para propor e quantificar as soluções técnicas visando a mitigação dos riscos;  1 geógrafo para avaliação geomorfológicado setor e colaboração na análise de soluções técnicas para o setor de risco;
  • 48. 45 Para entrada em campo das equipes foi realizada uma etapa de sensibilização por meio de reunião com a defesa Civil local para apresentação do projeto e solicitação de apoio para as atividades de campo. Esta etapa incluiu a realização de reuniões com as lideranças comunitárias, visando organizar a entrada em campo das equipes e fomentar a participação das comunidades no processo de gestão ou redução riscos que venham a ocorrer futuramente ou que estejam em desenvolvimento. Além disso, as comunidades são as maiores interessadas nas decisões que venham a melhorar suas condições de vida e são elas as pessoas mais aptas a relatar sobre os problemas ali existentes. Estimou-se, ainda, a realização de uma reunião devolutiva com as instituições, poder pública e comunidades, apresentando e disponibilizando os resultados do projeto. Esta reunião deverá ocorrer após a elaboração deste relatório com a apresentação dos produtos. Resultados Análise Geomorfológica do Município de Anitápolis Conforme DNPM12 (1986), a geologia regional de Anitápolis é caracterizada pela existência de embasamento cristalino e depósitos sedimentares. O embasamento cristalino engloba as rochas mais antigas do Estado e na área de estudo constitui-se de rochas metamórficas (gnaisse-granito), granito e diabásios. Os depósitos sedimentares são produtos de processos originários de ambientes glaciais, fluviais e marinhos pretéritos. 12 Departamento Nacional Da Produção MINERAL – DNPM. 1986. Mapa geológico do Estado de Santa Catarina. E= 1:500.000. Florianópolis.
  • 49. 46 A litologia regional pode ser dividida em:  Faixa granito-gnaissica Santa Rosa de Lima: Composta de granitóides foliados de composição diversa e estrutura planar orientada, apresentando foliação milonítica de alto ângulo relacionada a fenômenos de cizalhamento.  Suíte intrusiva pedras grandes: Caracteriza-se por rochas graníticas, com granulação de média a grossa, por conta do tamanho dos cristais de feldspato alcalino, que podem variar de 1 e 3 cm. Apresentam coloração rósea.  Formação Rio do Sul: Sequência glacio-marinha. Na porção inferior é constituída de folhelhos e argilitos cinza escuros, de aspecto várvico e na porção superior é composta por argilitos, folhelhos várvicos, ritmitos, arenitos finos e diamictitos.  Formação Rio Bonito: Na seção superior esta formação é composta por depósitos litorâneos e flúvio-deltáicos formados por arenitos finos a muito finos, escuros, intercalados com argilitos e folhelhos carbonosos. Na seção média é composta por sedimentos marinhos formados de siltitos e folhelhos esverdeados. Seção inferior depósitos flúvio- deltáicos de arenitos imaturos, finos a médios. O município está inserido na unidade geomorfológica Serras do Tabuleiro/Itajaí, que se caracteriza por uma sequência de serras subparalelas com altitudes máximas de aproximadamente 1.200 metros e que são reduzidas gradativamente em direção ao litoral, onde constituem-se de pontas ou ilhas. Com relação o relevo da unidade, apresenta vales profundos e encostas íngremes, características estas que guardam íntima relação com a
  • 50. 47 intensa dissecação controlada de forma estrutural. Dessa forma, a unidade é suscetível a ocorrência de movimentos de massa (CARUSO Jr., 199513 ). Setores de Risco do Município de Anitápolis Setor 1: SC_AN_SR_01_CPRM Av. Ivo Silveira – Centro Ponto 1: UTM: 684490 / 6912090 Este setor encontra-se no centro do município de Anitápolis, na margem direita do rio Braço do Norte. Corresponde a uma encosta composta parte de solo residual de granito-gnaisse recoberto por colúvio com muitos blocos de granito e presença de surgência de água. No local ocorreu, em 2009, um grande deslizamento do tipo planar, que danificou completamente uma moradia causando o óbito do residente. O material deslizado foi depositado junto ao rio, o que causou o represamento do mesmo e o alagamento das residências à montante. Esta encosta já foi submetida a obras de retaludamento que atualmente, no entanto, se encontram danificadas, com zonas de erosão e de drenagem insuficiente. Recomenda-se a manutenção da obra para evitar recorrência do evento. 13 CARUSO Jr., F. Mapa Geológico e de recursos minerais do sudeste de Santa Catarina, escala 1:100.000 - Texto explicativo e mapa (Programa Cartas de síntese e estudos de integração geológica, n°1). Brasília, DNPM, 1995.
  • 51. 48 Figura 26: Retaludamento danificado, com focos de erosão e recoberto porvegetação. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Figura 27: Blocos rocha remanescentes da obra de retaludamento. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 52. 49 Setor 2: SC_AN_SR_02_CPRM Av. Ivo Silveira, estrada para Tubarão Ponto 1: Casa Azul S/N - UTM : 684440 / 6911811 Neste ponto ocorreu invasão da margem do rio para a construção das moradias, que foram edificadas sob o sistema corte de talude/aterro. Durante a execução do aterro o leito do rio foi assoreado e estrangulado, comprometendo assim o seu curso. Como pode ser visto na figura 3, as tubulações são destinadas diretamente ao rio, sobre o talude, aumentando a erosão das margens e o consequente alagamento da região. Figura 28: Invasão da margem do rio para construção das moradias. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 53. 50 Figura 29: Água servida jogada diretamente no rio. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 2: Casa Branca S/N – UTM: 684430 / 6911877 Esta moradia foi edificada na base de um talude de corte vertical que atualmente encontra-se suavizado pela recorrência de movimentos de massa. Conforme os proprietários, foi executado o corte da encosta e subsequente aterro para a preparação do terreno. A encosta é composta de gnaisse- granito bastante fraturado, com uma fina cobertura de solo e depósito coluvionar.
  • 54. 51 Figura 30: Moradia edificada muito próxima à base do talude. É possível observar o fraturamento do gnaisse. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 3: Casa azul, ao lado da ponte. Nº72 – UTM: 684311/6911830 Neste ponto há uma moradia edificada muito próxima da base do talude e igualmente próxima da margem de um curso d’água. A encosta é íngreme, composta de rocha alterada (gnaisse) e colúvio e possui indícios de queda de blocos. A residência aparenta estar abandonada, no entanto deve-se tomar providências para que a área não seja utilizada para ocupação.
  • 55. 52 Figura 31: Moradia edificada entre um curso d’água e uma encosta íngreme. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 4: Moradia edificada na base de um talude de rocha gnáissica bastante fraturada. No topo há presença de vegetação de grande porte, acelerando o processo de intemperismo e aumentando as chances de quedas de blocos. Recomenda-se a diminuição da vegetação e o monitoramento do talude com relação a futuras quedas de blocos.
  • 56. 53 Figura 32: Talude rochoso com vegetação de grande porte no topo e evidência de eminência de quedas de blocos. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 5: Casa de três andares – UTM 684214/6911695 Este terreno consiste em uma encosta bastante elevada e inclinada, composta de rocha gnáissica, rocha alterada e colúvio. A moradia foi edificada parte sobre rocha e parte sobre o solo (figura 35a). A propriedade apresenta muita surgência e os proprietários fazem a captação de água diretamente na encosta. Improvisaram também um pequeno açude na base da encosta (figura 35b). Este conjunto de situações configura alto risco de deslizamento no local. Dessa forma, é necessário que se realize trabalhos de controle da drenagem na encosta.
  • 57. 54 Figura 33: Terreno com encosta de elevada altitude e inclinação. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Figura 34: a) moradia de três andares estando uma parte edificada sobre rocha e solo. b) açude na base da encosta aproveitando surgência de água na encosta. c) terreno com elevada inclinação. Fonte: CEPED UFSC, 2013 Ponto 6: Neste ponto as moradias encontram-se na base de um talude vertical composto de solo residual de gnaisse e colúvio (figura 36). Algumas moradias encontram-se na base de um talude e no topo de outro (Figuras 37 e 38). Em sua maioria são moradias de baixo padrão construtivo e edificadas sob sistema corte de talude/aterro. No caso da moradia da figura 36 é
  • 58. 55 possível a execução de trabalhos de suavização da encosta e drenagem adequada da água para diminuir os riscos de movimento de massa. As moradias das figuras 37 e 38 encontram-se sob situação de alto risco, com possibilidade de deslizamento do talude superior e também de deslizamento do talude no qual as casas encontram-se edificadas. Figura 35: Moradias edificadas na base de talude de corte vertical. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Figura 36: Moradia edificada entre a base e o topo de taludes verticais. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 59. 56 Figura 37: Moradias construídas entre a base de um talude e o topo de outro (fundos). Muito alto risco. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 3: SC_AN_SR_03_CPRM Perímetro Urbano, estrada para Tubarão Ponto 1: UTM: 684008/6911159. Residência de baixo padrão construtivo edificada de forma inadequada (figura 13) no topo de um talude de 4 a 5 metros, composto parte de solo residual e parte de aterro (material gnáissico). A base do talude corresponde a margem do rio e está solapando pelo processo de erosão fluvial. Há um muro de contenção, no entanto é insuficiente do ponto de vista estrutural e sustenta apenas parte da encosta. A situação torna-se mais crítica pelo fato de a casa ser habitada por um idoso e uma criança.
  • 60. 57 Figura 38: Casa de baixo padrão construto, edificada de forma inadequada e embasada em porção do terreno que apresenta processos erosivos. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Figura 39: Muro de concreto utilizado para a contenção do aterro. Apresenta pontos danificados. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 61. 58 Setor 4: SC_AN_SR_04_CPRM Bairro Antônio David Ponto 1: Casa de dois andares - UTM: 683928/6911414. Esta moradia foi totalmente reformada, contando com obra de retaludamento da encosta nos fundos do terreno e aplicação de um sistema de controle de drenagem (figuras 40 e 41). Figura 40: Residência já conta com retaludamento nos fundos do terreno e aplocação de sistemas de controle de drenagem. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 62. 59 Figura 41: Aplicação de sistemas de drenagem. No topo deste talude estão edificadasas moradias do ponto 2. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 2: Três moradias no topo do talude do ponto 1 – UTM: 683939/6911456. A encosta é composta de colúvio sobre horizonte C de Gnaisse. As moradias foram construídas sob sistema corte de talude/aterro, na base de uma encosta íngreme (figuras 43 e 44) e estão próximas do limite do topo do talude de corte realizado para a edificação da casa localizada logo abaixo (Figuras 42 e 41). Dentre elas a que está em pior situação é a terceira, que apresenta trincas no piso, nos pilares e apresenta sinais de movimentação na encosta abaixo.
  • 63. 60 Figura 42: Residência próxima a corte de talude. Fonte:CEPED UFSC, 2013. Figura 43: Encosta íngreme situada na frente das moradias. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 64. 61 Figura 44: Residência e terreno com indícios de movimentação. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 5: SC_AN_SR_05_CEPED Rua Quinze de Novembro Ponto 1: Creche Municipal – UTM: 683979/6911862. Este ponto corresponde a um grande deslizamento ocorrido em um talude de corte de aproximadamente 15 metros, ao lado do qual a creche municipal foi construída. A encosta foi retaludada anteriormente, no entanto a obra encontra-se danificada, com muitos pontos de erosão e sujeita a novos movimentos de massa.
  • 65. 62 Figura 45: Retaludamento sem sistemas adequados de controle de drenagem e com muro de concreto na base do mesmo, igualmente ineficiente. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 2: Madeireira – UTM 683916/6911570. Este ponto corresponde a um talude verticalizado, fruto de exploração do material do terreno. A encosta é composta de horizonte C de gnaisse, muito erodido, recoberto por colúvio. No topo do talude há uma moradia muito próxima da crista, que encontra-se em situação de risco (figura 21). Figura 46: Moradia edificada no topo do talude verticalizado. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 66. 63 Setor 6: SC_AN_SR_06_CEPED Rua Ângelo Carrara Ponto 1: Este ponto compreende as casas de nº 37, 59 e 63. Para a construção destas moradias foi realizada retirada de material resultando em um talude de corte verticalizado de aproximadamente 8 metros. As residências encontra-se a uma distância não segura da base deste talude e as feições de movimentação na encosta demonstram que o sistema escolhido para a drenagem não é suficiente. É necessário que se realize trabalho de suavização da encosta e aplicação de um sistema de controle de drenagem eficiente. Figura 47: Residência muito próxima da base do talude que apresenta sinais de antigas e ativas movimentações. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 67. 64 Ponto 2: Última casa da rua – UTM 684515/6912360. Moradia e rancho construídos próximos a base do talude de corte composto por horizonte C e colúvio (material gnáissico). A encosta apresenta sinais de deslizamento recente e de movimentações ainda ativas. É necessário que se realize trabalhos de retaludamento e de sistemas de controle de drenagem. Figura 48: Residência próxima ao talude verticalizado composto de Horizonte C + colúvio. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 68. 65 Figura 49: Material deslizado recentemente. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 3: UTM684357/6912354. Esta moradia encontrava-se muito próxima da base de um talude vertical composto de material coluvionar que colapsou atingindo-a. É necessário averiguar a possibilidade de execução de obras de contenção que não danifiquem a edificação. Do contrário, recomenda-se a interdição da residência. Figura 50:Moradia muito próxima da base de um talude vertical composto de material coluvionar e atingida por material proveniente do topo. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 69. 66 Ponto 4: UTM 684315/6912377. Terreno com talude de corte em material coluvionar depositado sobre horizonte C de gnaisse. Dentre a casa azul e o galpão as edificações não se encontram em alto risco, no entanto o galpão encontra-se muito próximo do topo do talude. É necessário realizar um trabalho de drenagem e suavização da verticalização do talude. Figura 51: Galpão logo acima, muito próximo do topo do talude. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 7: SC_AN_SR_07_CPRM Início da Rod. SC 407 Ponto 1: UTM 684245/6912683. Este ponto corresponde a um grande talude de corte realizado em material gnáissico. É composto dos horizontes B, C e colúvio. Embora sejam visíveis os sinais de instabilização da encosta, não há residências nas proximidades, com a exceção de um galpão aparentemente abandonado.
  • 70. 67 Figura 52: Perfil com horizontes C, B e colúvio. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 8: SC_AN_SR_08_CPRM Bairro Rio do Ouro Ponto 1: Casa S/N, em frente a casa nº589. Moradia edificada muito próxima a um talude vertical, de altura elevada. Esta moradia já encontra-se interditada pela defesa civil municipal. No entanto, há indícios de que a família ainda ocupa o local, que é considerado de alto risco.
  • 71. 68 Figura 53: Moradia edificada muito próxima a um talude vertical, de altura elevada. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 2: Estas edificações encontram-se em uma encosta íngreme, embasadas nos limites da base e do topo dos taludes verticais, executados para a construção das mesmas. Sugere-se trabalhos de controle de drenagem e de contenção/suavização dos taludes. Figura 54: Moradias edificadas. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 72. 69 Ponto 3: Moradia na subida para o topo da encosta, antes do ponto 2 – UTM 684943/6911504. Esta residência encontra-se edificada na base de um talude de corte vertical, com vegetação de grande porte no topo. Para diminuir o rsico de ruptura é necessário que se realize trabalhos de controle de drenagem e suavização/relatudamento da encosta. Figura 55: Talude vertical horizonte B e C de gnaisse. Casa muito próxima ao talude. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 4: Casa S/N - UTM 684578 /6911684. Esta morada foi edificada muito próxima da base de um talude de corte. Também encontra-se na direção do eixo de drenagem natural da encosta e é constantemente atingida por material proveniente da encosta, como pode ser observado na figura 33. É necessário que se realize obras de controle de drenagem e contenção do talude ou a interdição da moradia.
  • 73. 70 Figura 56: Moradia edificada na base do talude e na direção do eixo de drenagem. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 5:Esta moradia foi construída sob o sistema corte de talude/aterro. Não possui nenhum sistema de controle de drenagem e o muro construído para conter o talude/aterro já foi danificado por movimentações pretéritas. É necessário a realização de trabalhos de controle de drenagem e contenção/suavização do talude. Figura 57: Muro já danificado pelo peso do material de aterro do vizinho. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 74. 71 Ponto 6: A moradia correspondente ao ponto 6 constava na setorização do CPRM, no entanto não foram encontrados no local sinais de instabilidade e risco a movimento de massa ou inundação. Figura 58: Moradia sem indícios de processos de instabilização. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 7: Esta moradia encontra-se edificada muito próxima da margem do rio, no topo de um talude que tem como base a própria calha do curso d’água. É necessária a realização de obras para evitar a erosão da base do talude.
  • 75. 72 Figura 59: Moradia muito próxima da margem do rio. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 8: Este ponto corresponde a uma moradia do tipo palafita, de baixo padrão construtivo, embasada na calha do rio. Esta situação configura muito alto risco e recomenda-se a interdição da casa e a remoção da família. Figura 60: Moradia em situação de alto risco. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 76. 73 Setor 9: SC_AN_SR_09_CPRM Rio Braço do Norte, área central do município. Ponto 1: Casa número 637 – UTM 683840/6911341. A moradia em questão foi construída na margem do rio, que está em processo de erosão. No local há sinais de movimentação, como trincas na edificação e degraus de abatimento no terreno. Figura 61: Terreno com sinais de movimentação devido a erosão da margem do rio. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 77. 74 Figura 62: Edificação apresentando sinais de movimentação do terreno. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Ponto 2: As moradias situadas nesse local foram afetadas no passado por eventos de inundação, no entanto, executou-se uma alteração no curso do rio e atualmente estas casas encontram-se distantes das margens do mesmo. Figura 63: Conforme vistoria e relato dos moradores, não foram encontradas evidências de que ainda ocorra inundação na localidade. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 78. 75 Ponto 3: Este ponto corresponde a ponte sobre o rio Braço do Norte. Como pode ser observado na figura 40, já foram realizadas obras de contenção nas cabeceiras da ponte. Figura 64: Conforme vistoria e relato dos moradores, não foram encontradas evidências de que ainda ocorra inundação na localidade. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 10: SC_AN_SR_09_CPRM. Rio das Pedras, área central do município Neste setor o rio apresenta muitos pontos com obras já executadas pela prefeitura, como muros de gabião e enrocamentos (Figura 66). Nas demais áreas (figura 67) é necessário que se realize limpeza do canal, com retirada de sedimentos e também de alguns blocos de rocha. Figura 65: Calha do rio protegida por muro de pedras. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 79. 76 Figura 66: Calha do rio com grande volume de sedimentos e blocos do rocha. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 11: SC_AN_SR_09_CPRM. Rio Branco, área Agrícola Ponto 1: Neste ponto esta propriedade encontra-se na margem do Rio Branco, que possui grande velocidade a poder de transporte. Dessa forma, é possível observar a ocorrência de erosão fluvial (figura 68) e depósito de sedimentos e blocos de rocha. A moradia não se encontra em situação de risco, visto que encontra-se distante da margem do rio. No entanto é necessário que ser realize obras de desassoreamento do rio e contenção da erosão fluvial.
  • 80. 77 Figura 67: Calha do rio com grande volume de sedimentos e blocos do rocha. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Sugestões de Intervenções para Mitigação dos Setores de Risco de Desastre de Anitápolis Setor 01 – SC_AN_SR_01 – Bairro – Centro - Av. Ivo Silveira O setor 01corresponde a uma encosta com elevada altura e inclinação, composta por um misto de colúvio de granito-gnaisse, solo residual e blocos de rocha. Durante as inspeções de campo foram identificados fragmentos de diabásio na massa de solo o que indica a presença de um dique de diabásio no local. Ainda, foram identificadas surgências d'água no pé da encosta mesmo em período de seca, o que tende a confirmar a presença do dique visto, que estes são normalmente grandes coletores de água. A seguir, a figura 69 apresenta uma imagem geral do setor 01 onde podem ser visualizadas ainda as cicatrizes de ruptura.
  • 81. 78 Figura 68: Visão geral do setor 01, Anitápolis. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude heterogêneo constituído por colúvio, solo residual e blocos de rocha de granito-gnaisse.;  Encosta já sofreu processos de ruptura em 2009;  Encosta de elevada altura e inclinação;  Surgência d'água no pé da encosta;  Evidências da presença de dique de diabásio na encosta devido a existência de fragmentos de diabásio na massa escorregada. Soluções Geotécnicas Para a correção da instabilidade do setor 01 foram adotadas as seguintes soluções:
  • 82. 79  Retaludamento da encosta em inclinação de 1:1 na porção inferior.  Execução de drenos sub-horizontais na base do retaludamento para o alívio das poro-pressões no interior da massa. Os drenos deverão estar espaçados a cada 5m e o comprimento estimado deverá ser de em média 25m.  Execução de dispositivos de drenagem como vala de crista e descida d'água.  Execução de proteção contra erosão com enleivamento.  Na porção superior(escarpa) executar grampeamento do solo com face em concreto projetado.  Grampos compostos por barras de aço do tipo CA 50 com 25mm de diâmetro.  O espaçamento médio adotado entre os grampos, tanto na vertical quanto na horizontal foi da ordem de 1,5m.  O comprimento adotado dos grampos foi da ordem de 15m.  Execução de dispositivos de drenagem na crista do grampeamento e descida d'água para condução das águas.  Execução de drenos sub-horizontais para o alívio das poro-pressões no interior do maciço. Os drenos deverão estar espaçados a cada 5m e o comprimento estimado deverá ser de em média 20m.  Vale ressaltar que os comprimentos e espaçamentos foram estimados. As dimensões exatas serão verificadas somente após a elaboração das investigações geotécnicas e consequentemente do projeto. A seguir a figura 69 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 83. 80 Figura 69: Croqui esquemático da solução adotada. Solo grampeado na porção superior e retaludamento na porção inferior. Também foram previstos drenos sub- horizontais. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Tabela 4: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 01 Estrutura de contenção de médio a grande porte - Retaludamento da encosta na porção inferior; - Execução de solo grampeado na porção superior da encosta; - Execução de dispositivos de drenagem; - Execução de proteção contra erosão. - Levantamento topográfico da área; - investigações geotécnicas de campo; - Investigações geotécnicas de laboratório; - Projeto geotécnico da contenção; - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$ 15.195.643,0 3
  • 84. 81 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 02 – SC_AN_SR_02 – Av. Ivo Silveira – Estrada Rio Tubarão O setor 02 corresponde a uma encosta com declividades superiores a 35%, composta por solo residual, colúvio e afloramentos de rocha, ambos deriva dos de gnaisse, situada às margens do Rio Braço do Norte, onde ocorre uma urbanização esparsa e desordenada, com edificações de médio e baixo padrão. Durante as inspeções de campo devido as diferentes características encontradas no setor, tanto em geologia quanto na situação das edificações, o setor 02 foi dividido em 07 pontos. A seguir, a figura 70 apresenta uma imagem geral do setor 02. Figura 70: Visão geral do setor 02. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:
  • 85. 82  Edificações situadas as margens do rio;  Proprietários destas edificações ampliaram seu terreno original através de aterro do terreno natural, chegando muito próximo da calha do rio;  Percebe-se que em alguns pontos o rio foi “estrangulado” devido ao avanço dos terrenos, reduzindo sua vazão, e ocasionando erosão das margens;  Proprietários das edificações executaram muros de concreto armado (não dimensionados como contenção) para conter o talude de aterro do terreno;  Foi verificada ainda a presença de tubulações de água e esgoto escoando pela face do talude de aterro o qual já apresenta sinais de erosão devido a este escoamento. Soluções Geotécnicas – Ponto 01 Para a correção desta situação foram adotadas as soluções:  Remoção dos muros de concreto existentes e execução de muros de gabião os quais se adaptam melhor as deformações do terreno, além de serem auto-drenantes, ou seja, permitem que as águas que infiltram no terreno a montante, escoem por ele evitando assim, excessos de poropressão no interior do maciço terroso;  Execução de dispositivos de drenagem para canalizar as águas servidas e destinar ao seu devido local. A seguir a figura 71 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 86. 83 Figura 71: Croqui esquemático da solução adotada. Proteção das margens e dos terrenos ampliados com a execução de muros de gabião. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Tabela 5: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 01 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 01 Estruturas de contenção de pequeno porte - Remover os muros de concreto existentes que estão servindo como contenção e refazê- los como muro de contenção do tipo Gabião. - Levantamento topográfico da área; - investigações geotécnicas de campo; - investigações geotécnicas de laboratório; - Projeto geotécnico da contenção Anexo 01 R$ 279.461,95 Obras de terraplanagem de médio a grande porte - Execução de dispositivos de drenagem; - Projeto de drenagem.
  • 87. 84 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 02 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude de elevada altura e inclinação composto por horizonte B, horizonte C, e rocha alterada, ambos derivados de gnaisse;  Planos preferenciais de ruptura do solo e da rocha, neste caso a xistosidade que também é característica dos gnaisses, estão voltados no sentido favorável ao escorregamento;  Proprietário do terreno informou que o talude já rompeu em chuvas passadas pois o mesmo efetuou um corte verticalizado no talude;  Devido ao escorregamento anterior, a massa de solo e rocha que hoje está exposta tem sua geometria um pouco mais suavizada e o material do talude que comanda a ruptura, é a própria rocha alterada.  Percebe-se ainda, que a maior parte do talude é composta por rocha alterada e somente uma pequena parcela é composta por uma cada de solo, de pouca espessura, dividida em horizontes B e C;  Ausência de dispositivos de drenagem. Soluções Geotécnicas – Ponto 02 Para a correção da instabilidade do ponto 02 foram adotadas as soluções:  Execução de uma conformação manual na porção do talude que é composta por solo, diminuindo ao máximo a sua inclinação;  Revestir o talude exposto com concreto projetado e tela metálica para evitar erosão;  Execução de dispositivos de drenagem. A seguir a figura 72 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 88. 85 Figura 72: Croqui esquemático da solução adotada. Conformação manual do talude e revestimento com concreto projetado para evitar erosão. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Tabela6: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 02. PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 02 Estrutura de contenção de médio a grande porte - Retaludamento manual do talude porção composta por solo; - Revestimento do talude com concreto projetado e tela metálica; - Execução de dispositivos de drenagem; - Levantamento topográfico da área; - investigações geotécnicas de campo; - Investigações geotécnicas de laboratório; - Projeto geotécnico da contenção; - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$224.210,05 Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 89. 86 Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 03 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude de elevada altura e inclinação composto solo residual, colúvio e rocha, ambos derivados de gnaisse;  Evidenciadas quedas de bloco do talude;  Edificação de baixo padrão muito próxima ao talude de corte;  Edificação localiza-se muito próxima a margem de um canal.  Edificação apresenta sinais de que está abandonada. Soluções Geotécnicas – Ponto 03 Para solucionar a situação das famílias do ponto 03 adotou-se a seguinte medida:  A única solução é a remoção da família que possa estar ocupando a edificação e a sua realocação em local seguro;  Esta media se faz necessária porque a situação é de risco e além disso o custo para remover uma única família será muito menor que qualquer obra de contenção.
  • 90. 87 Tabela 7: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 03 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 03 Remoção de Moradias - Remoção da família e realocação em local seguro --- Anexo 01 R$163.456,25 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 04 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude de elevada altura, verticalizado, composto por rocha fraturada, caracterizada como um gnaisse;  Famílias de descontinuidades da rocha estão propensas a ocasionar queda de blocos de pequena a grandes dimensões;  Árvores de grande porte recobrem este maciço rochoso, onde suas raízes penetram nas fraturas, sendo mais um agente favorável a queda de blocos. Soluções Geotécnicas – Ponto 04 Para a correção da instabilidade do ponto 04 foram adotadas as soluções:  Limpeza da vegetação que recobre o maciço;  Limpeza dos blocos de rocha instáveis;  Monitoramento e manutenção periódica do surgimento de novos blocos de rocha instáveis.  Há a alternativa de se executar uma tela de alta resistência, chumbada na rocha, para evitar queda de blocos. Porém, esta solução seria muito mais onerosa que desapropriar a edificação.
  • 91. 88 A seguir a figura 73 apresenta um croqui esquemático da solução adotada. Figura 73: Croqui esquemático da solução adotada. Limpeza dos blocos de rocha instáveis no talude rochoso. Tabela 8: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 04 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 04 Estrutura de contenção de médio a grande porte - Limpeza dos blocos de rocha instáveis; - Limpeza da vegetação que recobre o maciço. --- Anexo 01 R$ 27.427,50 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 05 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características: Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 92. 89  Encosta de elevada altura e inclinação composta principalmente por solo residual e colúvio derivados de gnaisse;  Edificação de grande porte assentada em terreno composto em partes por rocha e partes por solo;  Edificação situada no alinhamento de um talvegue;  Surgência d'água na encosta mesmo em período de seca;  Moradores instalaram tubulação cravada na encosta para captação desta água;  Tubulação instalada serviu como dreno sub-horizontal a qual promoveu o grande alívio das poro-pressões no interior da encosta.  Ausência de dispositivos de drenagem. Soluções Geotécnicas – Ponto 05 Para a correção da instabilidade do ponto 05 foram adotadas as soluções:  Execução de drenos sub-horizontais ao longo da encosta para o alívio das poro-pressões;  Execução de dispositivos de drenagem ao longo da encosta compostos por descida d'água, vala de crista, sarjeta etc; A seguir a figura 74 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 93. 90 Figura 74: Croqui esquemático da solução adotada. Somente execução de drenos sub-horizontais, vala de crista e descidas d´água. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Tabela 9: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 05 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 05 Obras de terraplanagem de médio a grande porte Execução de dispositivos de drenagem; - Levantamento topográfico da área; - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$ 167.815,00 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 06 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude composto por solo residual derivado de gnaisse;  Talude bastante verticalizado;  Corte no terreno das edificações executados com geometria incorreta;  Ausência de dispositivos de drenagem e proteção contra erosão.
  • 94. 91 Soluções Geotécnicas – Ponto 06 Para a correção da instabilidade do 06 foram adotadas as soluções:  Conformação manual do talude em inclinação de 1:1. Esta conformação deverá ser manual visto, que não há espaço para a entrada de maquinário;  Execução de dispositivos de drenagem na crista do talude e descida d'água para condução das águas;  Execução de proteção contra erosão com enleivamento. A seguir a figura 75 apresenta um croqui esquemático da solução adotada. Figura 75: Croqui esquemático da solução adotada. Conformação manual do talude, proteção contra erosão e execução de dispositivos de drenagem. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Tabela 10: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 06 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$)
  • 95. 92 Setor 02 Ponto 06 Obras de terraplanagem de médio a grande porte - Retaludamento manual da encosta; - Execução de dispositivos de drenagem; - Execução de proteção contra erosão. - Levantamento topográfico da área; - Projeto geotécnico do retaludamento. - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$ 75.116,63 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 07 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Talude composto por solo residual e colúvio ambos derivados de gnaisse;  Talude de elevada altura e inclinação bastante verticalizado;  Cortes no terreno e acesso às edificações executados com geometria incorreta;  Edificações de baixo padrão situadas muito próximas a crista do talude verticalizado estando na eminência de desabamento caso haja alguma movimentação do talude;  Ausência de dispositivos de drenagem e proteção contra erosão. Soluções Geotécnicas – Ponto 07 Para solucionar a situação das famílias do ponto 07 adotou-se a seguinte medida:  A única solução é a remoção das famílias e casas e a sua realocação em local seguro;
  • 96. 93 Esta media se faz necessária porque a situação de risco é generalizada, ou seja, abrange boa parte da encosta. Além do risco geológico de uma ruptura, a própria ocupação desordenada, ações antrópicas e a falta de fiscalização, contribuíram significativamente para a indicação desta solução. Tabela 11: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas – Ponto 07 PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 02 Ponto 07 Remoção de Moradias - Remoção da família e realocação em local seguro --- Anexo 01 R$ 784.590,00 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 03 – SC_AN_SR_03 – Perímetro Urbano – Estrada Rio Tubarão O setor 03corresponde a uma edificação implantada em terreno composto parte por solo residual e parte por material de aterro, as margens do Rio Braço do Norte, em um atual meandro, onde a água percola com velocidade, causando erosão e solapamento do talude da margem. A seguir, a figura 76 apresenta uma imagem geral do setor 03.
  • 97. 94 Figura 76: Visão geral do setor 03. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Encosta íngreme situada na frente da edificação.;  Fundos do terreno abrange o talude das margens do Rio;  Talude das margens erodido devido velocidade das águas;  Devido a erosão, o talude está solapando e causando risco de ruptura;  Edificação comprometida devido a situação de risco do talude e também, pela sua própria estrutura e fundação, as quais não foram executadas corretamente;  Muro de concreto que serve como contenção do aterro do terreno já rompeu em partes devido a erosão do talude.
  • 98. 95 Soluções Geotécnicas Para a correção da instabilidade do setor 03 foram adotadas as seguintes soluções:  Proteger a margem do rio na área da edificação e no seu entorno através da execução de enrocamento com rocha;  Para gerar economia, pode-se utilizar como material do enrocamento a rocha existente na calha do rio, ou seja, os seixos e blocos trazidos pela força das águas;  Esta medida além de gerar economia para a obra de proteção da margem, auxilia no desassoreamento do rio;  Em outros setores de Anitápolis já verificou-se este tipo de solução para proteção das margens dos rios;  Demolir muro de concreto e dimensionar muro de pedra argamassada como contenção;  Reaterrar atrás deste muro de contenção para recompor o terreno da edificação;  Orientar proprietário da edificação para refazer ou melhorar a estrutura e as fundações da edificação;  Também foi quantificada a alternativa de desapropriação da edificação ficando a cargo da executora e da Prefeitura de Anitápolis a decisão de desapropriar ou não. A seguir a figura 77 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 99. 96 Figura 77: Croqui esquemático da solução adotada. Executar muro de pedra argamassada como contenção, recompor terreno da edificação e proteger as margens do rio com enrocamento. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 100. 97 Tabela12: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 03 Obras de terraplanagem de médio a grande porte - Enrocamento de pedra jogada; - Execução de dispositivos de drenagem; - Levantamento topográfico da área; - investigações geotécnicas de campo; - Projeto geotécnico do enrocamento; - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$ 194.304,25 Estrututras de contenção de pequeno porte - Remover muro de concreto rompido e refazê-lo como muro de contenção do tipo pedra argamassada. - investigações geotécnicas de campo; - investigações geotécnicas de laboratório; - Projeto geotécnico da contenção Remoção de Moradias - Remoção da edificação --- R$ 263.776,00 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 04 – SC_AN_SR_04 – Bairro – Antônio David O setor 04corresponde a uma encosta com declividade superior a 35%, composta por solo residual derivado de gnaisse, onde estão situadas 03 edificações. Uma delas está situada no pé do talude de corte, ao nível da estrada existente. As outras duas estão situadas na porção superior do talude, acima daquela edificação.Sendo assim, este setor foi dividido em dois pontos sendo o ponto 01 a edificação situada no pé da encosta e o ponto 02 as duas edificações situadas na porção superior do talude.
  • 101. 98 A seguir, a figura 78 apresenta uma imagem geral do setor 04. Figura 78: Visão geral do setor 04. Fonte: CEPED UFSC, 2013. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01 A edificação do ponto 01, situada no pé do talude corte já foi totalmente reformada e a encosta em seu entorno já retaludada. Também já foram executados os devidos dispositivos de drenagem como vala de crista e descida d'água. Soluções Geotécnicas – Ponto 01 Para o ponto 01 não foi indicada nenhuma solução geotécnica. Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 02 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Edificações construídas em frente a uma encosta íngreme;
  • 102. 99  Nos fundos das edificações encontra-se a crista de um talude de corte o qual tem seu pé localizado na estrada existente, ou seja, a mesma estrada onde localiza-se a edificação do ponto 01.  Verifica-se que em uma das edificações já ocorrem trincas no contra- piso, provenientes da movimentação do maciço. Soluções Geotécnicas – Ponto 02 Para a correção da instabilidade do ponto 02 foram adotadas as seguintes soluções:  Retaludamento da encosta em frente as edificações;  Execução de dispositivos de drenagem;  Execução de proteção contra erosão;  Retaludamento do talude de corte localizado no fundo das edificações com pé situado na estrada existente;  Execução de muro de gabião após o retaludamento;  Execução de dispositivos de drenagem;  Execução de proteção contra erosão; A seguir a figura 79 apresenta um croqui esquemático da solução adotada.
  • 103. 100 Figura 79: Croqui esquemático da solução adotada. Muro de gabião na base e retaludamento na porção superior. Tabela 13: Resumo das Soluções Geotécnicas Adotadas PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS ID INTERVENÇÃO SERVIÇOS ESTUDOS/ PROJETOS MEMÓRIA DE CÁLCULO CUSTO (R$) Setor 04 Ponto 02 Obras de terraplanagem de médio a grande porte - Retaludamento da encosta em frente as edificações; - Retaludamento do talude de corte nos fundos das edificações; - Execução de dispositivos de drenagem; - Execução de proteção contra erosão. - Levantamento topográfico da área; - investigações geotécnicas de campo; - Projeto geotécnico do retaludamento. - Projeto de drenagem. Anexo 01 R$ 640.228,20 Estrututras de contenção de pequeno porte - Execução de muro de gabião. - investigações geotécnicas de campo; - investigações geotécnicas de laboratório; - Projeto Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 104. 101 geotécnico da contenção Fonte: CEPED UFSC, 2013. Setor 05 – SC_AN_SR_05 – Rua Quinze de Novembro O setor 05corresponde a uma encosta com declividade superior a 35%, composta por solo residual derivado de gnaisse e colúvio onde verifica-se uma massa de colúvio assentada sobre o horizonte C do gnaisse.No pé desta encosta localizam-se a creche municipal, um ginásio de esportes e um galpão de uma serraria.Durante as inspeções de campo devido as diferentes características encontradas no setor como alterações de geometria nos terrenos, abertura de ruas etc, o setor 05 foi dividido em 02 pontos. A seguir, a figura 80 apresenta uma imagem geral do setor 05. Figura 80: Visão geral do setor 05. Fonte: CEPED UFSC, 2013.
  • 105. 102 Diagnóstico Geotécnico Local – Ponto 01 Durante as inspeções de campo foram identificadas as seguintes características:  Camada de colúvio assentado sobre o horizonte C do gnaisse;  Colúvio composto por matriz argilosa com fragmentos de rocha e pedregulhos em seu meio;  Horizonte C do gnaisse exposto e muito erodível;  Talvegue bem definido conduzindo a água com velocidade pela face dos taludes, ocasionando erosão e progredindo para escorregamento;  Retaludamento já executado nesta encosta com taludes com altura superior a 8m;  Inclinação dos taludes superior a 1:1;  Condução da drenagem de maneira incorreta;  Obstrução dos dispositivos de drenagem;  Ausência de dispositivos de drenagem na crista do talude(vala de crista na última banqueta);  Declividade transversal das banquetas voltada para a face do talude;  Ausência de vegetação(proteção contra erosão) no talude;  Muro de blocos de concreto servindo como muro de contenção. Ou seja, é um muro sem função estrutural pois, não é calculado para servir como contenção e suportar os empuxos de terra. As figuras 81 e 82 ilustram situação do ponto 01.
  • 106. 103 Fonte: CEPED UFSC, 2013. Figura 82: Horizonte C do gnaisse apresentando processos erosivos. Fonte: CEPED UFSC, 2013 Figura 811: Talude exposto apresentando o contato entre o colúvio e o horizonte C do Gnaisse.