1. JOÃO PEDRO FILES RIBEIRO
AVALIAÇÃO GLOBAL DE PERCURSOS PEDESTRES –
DESENVOLVIMENTO REGIONAL, TRILHO E SAÚDE
Tese de Mestrado
Mestrado em Desporto de Aventura Natureza e Lazer
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
VILA REAL, 2012
2. I
Júri de Apreciação
Presidente: _________________________________________________
1º Vogal: ___________________________________________________
2º Vogal: ___________________________________________________
Classificação: ________________________________________________
Data: ____/____/____
3. II
Tese de Mestrado de Desporto de Aventura Natureza e
Lazer realizada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, no ano letivo 2011/2012, sob a coordenação e
orientação do Prof. Doutor Ronaldo Gabriel.
4. Resumo
III
Agradecimentos
Ao Professor Doutor António Serôdio e ao Professor Doutor Ronaldo Gabriel pela
sua orientação, coordenação, conselhos e compreensão demonstrada em todos os
momentos durante todo o processo de elaboração da tese de mestrado.
Aos elementos pertencentes à amostra, agradeço a sua disponibilidade e atenção
que tiveram para comigo ao preencherem o questionário, sendo eles um elemento
sem o qual eu não teria conseguido obter os resultados para este estudo.
Aos meus eternos amigos, “famelga”, que sempre estiveram do meu lado nos
momentos mais difíceis e nos momentos de maior felicidade, e que sempre me
apoiaram e aconselharam, fazendo-me superar as dificuldades que surgiram ao
longo desta caminhada, para vocês, amigos, um muito obrigado.
Aos meus pais, irmã e avô queria agradecer por todo o apoio que me forneceram ao
longo destes anos, por todos os sacrifícios que fizeram ara que fosse possível a
conclusão da minha licenciatura e mestrado e por todo o amor que me deram ao
longo da minha vida. Muito obrigada.
À minha família por todo o apoio que me deu, pela amizade e afeto que
demonstraram.
A minha noiva que sempre me incentivou, acompanhou e ajudou neste trabalho que
nem sempre teve o melhor sucesso, a ela agradeço pela amizade, amor, carinho e
por todos os momentos que partilhamos até esta data, ambicionando que o futuro
nos reserve uma vida cheia de alegrias e felicidade juntos dos nossos amigos e
família, desejando criar a fórmula 1+1=3.
A todos aqueles que já partiram deste mundo, mas que nunca irei esquecer,
agradeço por tudo o que fizeram por mim em vida, e para eles dedico este meu
sucesso, pois sei que era seu desejo ver-me ter êxito na vida, e este será o primeiro
de muitos.
5. Índice Geral
IV
Resumo
Esta tese de mestrado foi elaborada com o objetivo de permitir aos utilizadores de
percursos pedestres ter uma melhor informação sobre os percursos que pretendem
percorrer assim como dar uma informação sobre toda a região em que estes estão
inseridos.
Desta forma fizemos um estudo que envolvia três temas. O desenvolvimento
regional, as características hidrográficas do percurso e o tema ligado à saúde que
aborda os problemas biomecânicos e a dificuldade encontradas nos percursos
pedestres.
Depois de procedermos a revisão bibliográfica, analisamos todos os dados e
criamos três fichas de avaliação, uma para cada diferente tema. Após termos os
instrumentos elaborados percorremos um percurso pedestre e aplicamos os
instrumentos no percurso e na região na qual este se encontra inserido, resultando
desta aplicação conclusões sobre o percurso e região avaliadas.
Como principal conclusão deste trabalho podemos afirmar que conseguimos criar
três fichas de avaliação em três diferentes áreas que vão permitir melhorar a
experiencia dos que gostam de percorrer percursos pedestres e vão permitir
melhorar as condições dos percursos assim como dar conselhos sobre o que se
poderá fazer para melhorar a procura da região em que o percurso se insere.
Palavras – chave: avaliação do trilho, biomecânica, consumo de VO2,
desenvolvimento regional, dificuldade, dispêndio energético, drenagem, escadas,
joelho, lesões, oferta regional, pedestrianismo, percursos pedestres, perfil, pontes,
pressão plantar, proteção vertical/horizontal, saúde, sinalização, solo, tornozelo,
trilho, vegetação.
6. Abstract
V
Abstract
This thesis was elaborated in order to allow the users of walking trails have better
information about the routes they intend to walk as well as giving information on the
entire region in which they are inserted.
With this idea we did a study that involved three themes. The regional development,
the hydrographical characteristics of the trail and subject related to health that
approach the biomechanical problems and difficulties encountered in the walking
trails.
After proceeding a literature review, we analyze all the data and create
three evaluation tools, one for each different theme. After having prepared the
instruments we walk in a pedestrian trail and apply the tools in the path and in the
region in which it is included, this application resulting conclusions about the walking
trail and region evaluated.
The main conclusion of this work, we can say, that we have created three evaluation
tools in three different areas that will help to improve the experience of those,
who like to go walking and will help to improve the conditions of the trails as well as
giving advice on what can be done to seeks to improve the region in which the
course falls.
Key words: Assessment of the trail, biomechanics, VO2 consumption, regional
development, difficulty, energy consumption, drainage, stairs, knee injuries, regional
offer, trekking, hiking, profile, bridges, plantar pressure, protecting vertical/horizontal,
health, signage, soil, ankle, trail, vegetation.
7. Índice Geral
VI
Índice Geral
Agradecimentos......................................................................................................................... III
Resumo.......................................................................................................................................IV
Abstract........................................................................................................................................V
Lista de Abreviaturas ..............................................................................................................VIII
Índice de quadros.......................................................................................................................X
Índice de Figuras.......................................................................................................................XI
Capitulo I – Introdução............................................................................................................... 2
1. Introdução .......................................................................................................................... 2
2. Objetivos............................................................................................................................. 8
2.1. Tema.................................................................................................................................. 8
2.2. Delimitação do Tema..................................................................................................... 9
2.3. Objetivo do estudo ........................................................................................................ 9
3. Estrutura do estudo....................................................................................................... 9
Capitulo II – Revisão de Literatura ........................................................................................ 12
1. Avaliação e planeamento do trilho ............................................................................ 12
1.1. Drenagem....................................................................................................................... 13
1.2. Áreas de Descanso...................................................................................................... 15
1.3. Perfil ................................................................................................................................ 15
1.4. Obstáculos..................................................................................................................... 16
1.4.1.Pontes ............................................................................................................................. 16
1.4.2.Escadas .......................................................................................................................... 17
1.5. Solo.................................................................................................................................. 19
1.6. Vegetação ...................................................................................................................... 20
1.7. Largura do trilho........................................................................................................... 22
1.8. Proteção lateral / vertical ........................................................................................... 22
1.9. Sinalização..................................................................................................................... 23
1.10. Inclinação....................................................................................................................... 29
1.11. Informação..................................................................................................................... 30
1.12. Erosão............................................................................................................................. 32
1.13. Impacto ........................................................................................................................... 33
1.14. Manutenção ................................................................................................................... 35
2. Desenvolvimento Regional.......................................................................................... 37
2.1 Análise da oferta............................................................................................................. 42
8. Índice Geral
VII
3 Condição física ............................................................................................................... 46
3.1 Dificuldade do trilho.................................................................................................... 47
3.2 Dispêndio energético consumo de oxigénio........................................................ 49
3.3 Biomecânica e prevenção de lesões ...................................................................... 53
Capitulo III – Metodologia ....................................................................................................... 58
1. Introdução ........................................................................................................................ 58
2. Amostra............................................................................................................................. 58
2.1. Descrição da amostra.................................................................................................... 58
3. Instrumentos.................................................................................................................... 59
4. Modelos de estudo......................................................................................................... 66
4.1. Variáveis dependentes.................................................................................................. 66
4.2. Variáveis independentes .............................................................................................. 67
5. Procedimentos ................................................................................................................ 67
5.1. Procedimento para a elaboração dos instrumentos............................................. 67
5.2. Procedimentos de recolha de dados......................................................................... 67
6. Limitações do estudo.................................................................................................... 67
7. Dificuldade ....................................................................................................................... 68
Capitulo IV – Apresentação e Discussão dos Resultados................................................ 70
Capitulo VI – Conclusão.......................................................................................................... 85
Capitulo VII – Propostas De Investigação............................................................................ 91
Capitulo VIII – Referências Bibliográficas ............................................................................ 93
ANEXOS.................................................................................................................................. 102
9. Lista de Abreviaturas
VIII
Lista de Abreviaturas
FPC Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo
ACSM American College of Sport Association
CDC Centers for Disease Control and Prevention
cm Centímetros
m Metros
BTT Bicicleta Todo o Terreno
ERA European Ramblers Association
GR Grande Rota
PR Pequena Rota
PL Percurso Local
IMBA International Mountain Bicycling Association
VO2R Consumo de oxigénio de reserva
FC reserva Frequência cardíaca de reserva
FC máxima Frequência cardíaca máxima
Kcal Calorias
Min. Minutos
MET Equivalente metabólico
VO2 Consumo de oxigénio
Kg Quilograma
CV Componente vertical
CH Componente horizontal
DE Dispêndio energético
FRA Força reativa do apoio
Fy1 Valor mais interno da primeira bossa da força reativa do apoio
Fy3 Valor mais intenso da segunda bossa da força reativa do apoio
Fz5 Valor mais alto da segunda bossa da força reativa do apoio
MaxPHL Zona lateral externa do calcanhar
MaxPT1 Halux
10. Lista de Abreviaturas
IX
MaxPM4 4º metatarso
MaxPM5 5º metatarso
MaxMTdf Momento articular dorsi-flexor do tornozelo
MaxMTPf Momento articular plantar-flexor do tornozelo
FcorTF Força de corte entre a tíbia e o fémur
FcomRF Força de compressão entre a rótula e o fémur
MaxMJIs Momento articular do joelho na segunda metade da fase de suporte
GPS Global positioning system
Et al Et Alli
11. Índice de Quadros
X
Índice de quadros
Quadro Nome Página
Quadro 1 Componente ecológica 34
Quadro 2
Classificação dos níveis de intensidade da atividade
física
50
Quadro 3
Classificação da caminhada em função do
equivalente metabólico e do consumo de oxigénio
em adultos
51
Quadro 4
Recomendações mínimas de exercício para adultos
e idosos de acordo com o American College of Sport
Medicine e o American Hearth Association
52
Quadro 5
Classificação do nível de dificuldade associado ao
declive de cada troço dos percursos, para cada uma
das variáveis estudadas
55
Quadro 6 Avaliação da drenagem 71
Quadro 7 Avaliação do perfil 71
Quadro 8 Avaliação de pontes 72
Quadro 9 Avaliação de escadas 72
Quadro 10 Avaliação da vegetação 73
Quadro 11 Avaliação da proteção lateral/vertical 73
Quadro 12 Avaliação do solo 74
Quadro 13 Avaliação da sinalização 74
Quadro 14
Ficha de Avaliação do Desenvolvimento Regional
Preenchida
76
Quadro 15 Ficha de Avaliação do Trilho 103
Quadro 16
Classificação do grau de dificuldade tendo em conta o
consumo de oxigénio
106
Quadro 17
Classificação do grau de dificuldade para cada uma
das variáveis em análise
106
12. Índice de Figuras
XI
Índice de Figuras
Figura Nome Página
Figura 1 Sinalética dos percursos pedestres 25
Figura 2 Sinalética das rotas dos percursos pedestres 25
Figura 3 Exemplo da marcação de um percurso pedestre 26
Figura 4 Exemplo da marcação de um percurso pedestre (1) 26
Figura 5 Painel informativo 28
Figura 6 Placa indicativa de sentido do percurso 29
Figura 7 Placa informativa 29
Figura 8 Percurso Pedestre do Parque de Lazer da Lameira 70
Figura 9
Inclinação do perfil do Percurso Pedestre do Parque de Lazer
da Lameira
70
Figura 10
Inclinação do perfil do Percurso Pedestre do Parque de Lazer
da Lameira
76
Figura 11
Percurso Pedestre do Parque de Lazer da Lameira dividido em
troços
76
Figura 12 Inclinação do perfil do troço vermelho 77
Figura 13 Inclinação do perfil do troço verde 78
Figura 14 Inclinação do perfil do troço amarelo 79
Figura 15 Inclinação do perfil do troço laranja 80
Figura 16 Inclinação do perfil do troço azul 81
14. Introdução
2
Capitulo I – Introdução
1. Introdução
A prática de atividade física na natureza fornece ao ser humano uma
experiência muito intensa e gratificante em vivências que se produzem em
espaços não habituais. [21]
O Pedestrianismo é uma dessas atividades e é o termo técnico utilizado para
referir o que normalmente se designa de excursão ou caminhada na natureza.
Significa passear no campo ou na montanha durante um período de tempo
relativamente grande. É sem dúvida, a forma mais simples e de maior
facilidade de acesso, por parte da população, para realizar atividade física na
natureza uma vez que pode ser realizado por pessoas de todas as idades, em
qualquer momento e sobre quase todos os tipos de terreno. [17, 34, 55]
Um percurso pedestre bem sinalizado pode ser equiparado a uma instalação
desportiva, constituindo uma ferramenta de desenvolvimento da educação
desportiva, da competição e da gestão do desporto. Em algumas regiões, a
marcação de percursos pedestres tem uma tradição de mais de cento e trinta
anos, sendo implementada na generalidade dos casos dos casos por
associações desportivas e envolvendo o esforço voluntário de muitos milhares
de pessoas. [55]
Segundo FPC, 2001, “os percursos pedestres são instalações desportivas de
primeira ordem, sem custos elevados e são infraestruturas públicas nas quais
se podem dinamizar iniciativas privadas e geradoras de emprego”. O
pedestrianismo apresenta vantagens em muitas valências, mas podemos
dividi-los em três aspetos principais: desportivo; turístico e cultural; ambiental e
de proteção da natureza. [14]
No momento em que realizamos um percurso pedestre não necessitamos de
dominar os conhecimentos e as técnicas especializadas, pois estes decorrem
[ ] “por caminhos previamente sinalizados com marcas e códigos
internacionalmente conhecidos e aceites”. [14] A competição é inexistente,
permitindo ao pedestrianista desfrutar das pequenas maravilhas da natureza,
15. Introdução
3
da aventura e da descontração, levando a um melhor equilíbrio físico, social e
emocional. [14]
Esta atividade recruta adeptos de todas as categorias da população, não
existindo um perfil típico do caminhante, podendo ser praticado tanto pelo avô
como pelo neto, sendo uma atividade de família. Os percursos pedestres são
preferidos por pessoas com mais de cinquenta anos, pertencendo os
praticantes às camadas médias e superiores, onde se denota uma grande
adesão das mulheres. [34]
Segundo Gabriel (2001), os percursos pedestres em espaços naturais têm
despertado um crescente interesse na população europeia, inserindo-se as
atividades que neles se realizam numa lógica diferente da existente nos
desportos de competição tradicionais. Os valores que impulsionam as pessoas
a utilizar os referidos percursos pedestres são em termos gerais, a promoção
da saúde e do bem-estar, assim como o desenvolvimento duma consciência
ecológica mais esclarecida. [18]
Outras das motivações, de acordo com Tahara et al. (2006), são o desejo de
romper com o quotidiano e ir ao encontro da natureza, respirar ar puro,
reencontrar-se consigo mesmo, buscar sensações e emoções fortes, provar
limites pessoais em situações de perigo eminente, têm vindo a aumentar a
adesão às diversas atividades físicas de aventura. [63]
Também segundo Herzog et al (2003), as pessoas têm tendência a preferir
ambientes naturais em detrimento dos espaços fechados devido, em parte, à
sua capacidade de reabilitação. [25]
Existem algumas qualidades, presentes na natureza, que podem ajudar a
recuperar psicofisiologicamente do stress. A presença de elementos naturais,
como a água e vegetação podem evocar emoções positivas, afastar
pensamentos negativos e ajudar a recuperar na excitação. [52]
Existem no entanto alguns aspetos a ter em conta. Em função da altitude, os
terrenos apresentam determinadas características de flora, fauna, de existência
16. Introdução
4
ou não de água, de climatologia e de fenómenos meteorológicos que devem
ser contemplados. [17]
De forma a valorizar este património as condições dos trilhos e da sua zona
envolvente têm de se encontrar em boas condições, com uma boa
manutenção. Quando as condições dos trilhos se encontram degradadas,
manifestando-se através de problemas de diferentes impactos, tais como
erosão e zonas do trilho alagadas, os valores funcionais e de lazer do trilho são
retirados, pois vão-se agravar as condições da paisagem ecológica. [10] Como
os impactos no trilho se tornaram uma questão de elevada importância na
gestão de recursos, é imperativo que os agentes de área protegida
fundamentem as suas decisões de gestão, em informações objetivas e
confiáveis, especialmente na gravidade e extensão dos principais tipos de
impacto no trilho. [73]
Foram desenvolvidos alguns projetos benefícios que permitiram apresentar a
informação do trilho e do seu acesso ao público. Os mapas de bolso,
sinalização do trilho, fitas de áudio-descrição ou guias trilha informatizados são
concebidos para ajudar as pessoas com uma variedade de habilidades para
partilhar informação dos trilhos. Os formatos visuais usam uma combinação de
símbolos universais, detalhado e informações escritas em geral, ilustrações de
inclinação e esquemas de rotas aéreas para transmitir informações de acesso
à pista para os visitantes. Dois minutos descrições áudio, especialmente útil
para pessoas que são deficientes visuais, podem ser formatados como fitas de
áudio ou tocar em estações de trilha. [65]
Num estudo realizado em 1991, foram identificados vários elementos do trilho
que fornecem informações ao utilizador e lhe permitem decidir qual o melhor
trilho para percorrer, podendo este organizar uma caminhada com a segurança
necessária. Estes cinco elementos afetam extremamente as condições do
trilho. Os cinco elementos são a inclinação, o grau transversal, o tipo de
superfície. [65, 66]
Podemos dizer que o pedestrianismo não é uma mera atividade desportiva já
que os trilhos não são um fim, mas um meio de aproximar as pessoas das
17. Introdução
5
paisagens, da história e da cultura e sobretudo das pessoas das zonas rurais,
sendo para alguns autores considerada uma atividade que se situa “entre o
desporto e o turismo”. [15]
Serôdio (2006) diz que os percursos pedestres [ ] “podem contribuir para o
desenvolvimento económico das regiões do interior, e de alguma forma ajudar
a minorar o fenómeno da desertificação humana, através da criação de
algumas atividades económicas que podem criar um complemento da
economia doméstica.” Esse contributo pode verificar-se através de transações
de mercadorias, uma vez que aumenta o comércio local e a afluência de
população a locais onde a desertificação e o envelhecimento da população é
crescente. Outro aspeto em que se verifica é no reforço da imagem regional,
devido ao aumento do conhecimento da região por parte dos praticantes dos
percursos pedestres e sua posterior divulgação, o que necessariamente vai
atrair mais gente. Por último, têm um importante desenvolvimento do capital
humano, uma vez que além de proporcionarem para a melhoria da qualidade
de vida dos seus utilizadores dos percursos também contribuem para a
melhoria da qualidade de vida dos residentes. [60]
Rodrigues (2006) revela que o segmento mais importante do turismo de
aventura do mercado europeu se centra na prática de pedestrianismo. [52]
Os trilhos podem levar ao aumento do turismo nas regiões rurais e o aumento
do turismo faz-se acompanhar de benefícios para a região. O aumento do
turismo contribui para o desenvolvimento socioeconómico da região levando a
uma revitalização do centro rural, a um aumento no valor dos imóveis, atração
de negócios adicionais e ajuda a diminuir o fenómeno da desertificação
humana. [8, 30, 60]
Atividades de índole cultural devem ser aproveitadas na criação de uma melhor
“oferta” ao turista. Assim, além das oportunas tradicionais feiras, festas e
romarias, a música popular, os cantares e danças tradicionais, o artesanato, o
vestuário típico, os regionalismos orais e os usos e costumes locais, assim
como outros menos tradicionais, como o teatro, o cinema, a fotografia e a
poesia, são igualmente valências passíveis de aproveitamento. Também o são
18. Introdução
6
a gastronomia, sobretudo a baseada nas produções regionais e em recursos
biológicos naturais, como as carnes de bovino, de ovino, de caprino, de suíno
(enchidos, presunto, etc.), de aves e da caça, o queijo, o requeijão, o mel, o
pão, a fruta, os produtos hortícolas, os cogumelos, as plantas aromáticas e
medicinais, os frutos silvestres, as compotas e geleias. [62]
São inegáveis os benefícios do turismo rural a nível demográfico e cultural, já
que possibilitam a fixação da população mais jovem pela criação de novos
empregos, e permitem o desenvolvimento numa perspetiva de preservação do
património local, em que se incluem a criação de infraestruturas de animação.
[39]
Na área da saúde Gabriel et al (2005) refere que “a caminhada constitui uma
atividade física ideal para iniciar uma mudança de comportamento requerida
para se obterem benefícios de saúde, sendo acessível a todos os segmentos
da comunidade. A realização da mesma em ambientes naturais amplos e
atrativos, com determinadas comodidades e condições de segurança,
proporciona aos seus utilizadores a oportunidade de se tornarem mais ativos,
sendo relevante o desenvolvimento de ações que promovam o conhecimento e
a utilização eficaz dos recursos”. [56]
O caminhar é muitas vezes integrado nos programas de atividade física, uma
vez que as suas características permitem satisfazer os requisitos
recomendados pelo A.C.S.M. (American College of Sport Medicine), acerca da
quantidade de atividade física suficiente para a prevenção de doenças e
melhoria da qualidade de vida. [1]
Humpel et al (citado por Moreira, H. 2005) defende que quando a caminhada é
realizada com uma determinada intensidade, duração, frequência e
progressão, as condições do tempo e a estética do local constituem atributos
do envolvimento importantes para a sua utilização, ao contrário da caminhada
que é efetuada como um ato de prazer em que a segurança e a acessibilidade
são os fatores mais relevantes. [45]
A caminhada constitui uma atividade física ideal para iniciar a mudança de
comportamentos requerida para adquirir benefícios de saúde, sendo acessível
19. Introdução
7
a todos os segmentos da comunidade e podendo ser incorporada nas rotinas
diárias como forma de deslocação nos arredores da habitação, de exercício,
para se deslocar de um sítio para o outro por simples prazer. [45]
Caminhar é uma atividade física ideal para indivíduos sedentários dada a sua
acessibilidade, a disponibilidade e baixo risco de lesão. Além disso, a
caminhada é uma das atividades físicas mais comuns e preferenciais entre os
adultos. [57]
A atividade física tem muitos benefícios na saúde, reduzindo o risco de
mortalidade prematura em geral, de doença cardíaca coronária, acidente
vascular cerebral isquêmico, hipertensão, cancro do cólon, diabetes mellitus
(tipo 2). [31] A atividade física também melhora a saúde mental e é importante
para a saúde dos músculos, ossos e articulações.
O CDC e a American College of Sports Medicine recomendam que adultos
obtenham, pelo menos, uma prática média entre 30 a 45 minutos de atividade
física moderada na maioria dos dias e, de preferência em todos os dias. [50] O
tempo de prática desportiva pode englobar atividades da nossa rotina diária
tais como o caminhar, andar de bicicleta ou trabalhar em casa ou no quintal.
As caminhadas em percursos pedestres ou trilhos podem provocar nos seus
utilizadores algumas lesões nos membros inferiores. Segundo Loob (2004),
citado por Gabriel e tal. (2005) “As lesões traumáticas ao nível do pé, do
tornozelo e do joelho, com a rutura ou a distensão dos ligamentos e sem o
deslocamento das superfícies articulares, são muito frequentes nos utilizadores
de percursos pedestres na montanha, com particular destaque para as
entorses ao nível do joelho.” [56]
As lesões traumáticas ao nível do membro inferior, e em especial da
articulação do joelho, são muito frequentes nos utilizadores de percursos de
montanha, justificando a importância da identificação do grau de dificuldade de
cada um dos seus troços, bem como da análise biomecânica do efeito
cumulativo das cargas e descargas a que o pedestrianista está sujeito. [56]
20. Introdução
8
Durante a locomoção bípede, o pé apresenta 3 funções biomecânicas
fundamentais: (1) adaptação do corpo as irregularidades do terreno; (2) suporte
e amortecimento da massa corporal e (3) transmissão das forças propulsivas,
permitindo gerar movimento no sentido do deslocamento desejado. [22]
A perceção de que as maiores adaptações do membro inferior às variações de
inclinação são feitas no tornozelo durante a subida e no joelho durante a
descida também pode estar associada a mudanças no comportamento durante
a caminhada. [23]
Todas as ações ou atividades humanas exigem a utilização de energia e
quanto mais difícil é um trilho, mais energia o pedestrianista irá necessitar para
concluí-lo, ficando mais cansado no final. O desafio consiste em medir a
dificuldade do trilho e prever a quantidade de energia necessária para
completar a caminhada. [26]
Pode-se argumentar que definir a dificuldade de um trilho é o resultado da
junção de um número de variáveis interdependentes, tais como a relação
topográfica de diferenças de altura, o comprimento do trilho, peso da mochila
do pedestrianista, a velocidade de caminhada, altura acima do nível do mar,
assim como bens intangíveis tais como condições meteorológicas, a forma
física do pedestrianista, a sua saúde e o planeamento deficiente do trilho como
a falta de variação ao longo da trilha. Até mesmo o estado emocional do
pedestrianista pode ter uma influência sobre o seu sentimento de cansaço. [26]
2. Objetivos
2.1.Tema
O estudo dos percursos pedestres levará a um conhecimento mais alargado
dos percursos da região, permitindo realizar melhorias nos mesmos e transmitir
mais informação a cada praticante, assegurando não só uma melhor seleção
do percurso a realizar, mas garantindo também a sua segurança e satisfação
no final de cada caminhada.
21. Introdução
9
2.2.Delimitação do Tema
Este estudo encontra-se enquadrado no desporto de natureza e lazer,
centrando-se especificamente no pedestrianismo. Sendo o nosso objetivo
melhorar as condições dos percursos pedestres já existentes, escolhemos a
região da Serra do Marão, pois é uma zona com grandes potencialidades neste
campo e que está já em crescimento no que respeita ao turismo de natureza.
Com o propósito de melhorar todo esse conjunto de percursos pedestres e
aumentar a segurança e conforto de todos os pedestrianistas aquando de uma
caminhada, bem como melhorar a oferta, iremos proceder ao estudo dos
percursos pedestres desta zona, em especial os percursos do Parque de Lazer
da Lameira.
2.3.Objetivo do estudo
Este estudo tem como objetivo melhorar as condições dos percursos pedestres
através da criação de uma grelha de avaliação que nos demonstrará as
possíveis lacunas existentes nos percursos pedestres a avaliar, tendo em conta
os três temas em estudo:
1. Propriedades Hidrofísicas dos Percursos Pedestres;
2. Condição Física e Saúde nos Percursos Pedestres;
3. Desenvolvimento Regional nos Percursos Pedestres.
3. Estrutura do estudo
Este trabalho está dividido em sete capítulos, no primeiro capítulo fazem parte
a introdução, os objetivos e a estrutura do trabalho.
No segundo capítulo é constituído pela revisão bibliográfica, onde abordamos a
avaliação e planeamento do trilho, o desenvolvimento regional e a condição
física. Na avaliação e planeamento do trilho falamos nos seguintes pontos:
drenagem, áreas de descanso, perfil, obstáculos (pontes e escadas), solo,
vegetação, largura do trilho, proteção lateral/vertical, sinalização, inclinação,
informação, erosão, impacto e manutenção. No desenvolvimento regional
22. Introdução
10
vamos analisar a oferta regional e na condição física vamos abordar a
dificuldade do trilho, o dispêndio energético e consumo de oxigénio e a
biomecânica e prevenção de lesões.
No terceiro capítulo refere-se à metodologia, constituída pelos seguintes
pontos: Amostra; Descrição da amostra; Instrumento; Modelo de estudo;
Procedimentos; Procedimento para a elaboração de instrumentos;
Procedimentos de recolha de dados; Limitações do estudo; e finaliza com as
Dificuldades do estudo
No quarto capítulo está destinado a apresentação dos resultados, no quinto
capítulo referimos a discussão de resultados, no sexto capítulo falamos das
conclusões, no sétimo capítulo sugerimos novas propostas de trabalho e no
oitavo capítulo fazem parte as referências bibliográficas.
24. Revisão de Literatura
12
Capitulo II – Revisão de Literatura
1. Avaliação e planeamento do trilho
No decurso dos últimos 100 anos os percursos pedestres tornaram-se um
elemento integrante e amplamente reconhecido da paisagem Europeia,
contribuindo de forma saliente para a proteção e compreensão do ambiente
natural, para o conhecimento de locais históricos e, de modo geral, para a
valorização do património. [55]
De forma a valorizar este património as condições dos trilhos e da sua zona
envolvente têm de se encontrar em boas condições, com uma boa
manutenção. Quando as condições dos trilhos se encontram degradadas,
manifestando-se através de problemas de diferentes impactos, tais como
erosão e zonas do trilho alagadas, os valores funcionais e de lazer do trilho são
retirados, pois vão-se agravar as condições da paisagem ecológica. [6] Como
os impactos no trilho se tornaram uma questão de elevada importância na
gestão de recursos, é imperativo que os agentes de área protegida
fundamentem as suas decisões de gestão, em informações objetivas e
confiáveis, especialmente na gravidade e extensão dos principais tipos de
impacto no trilho. [73]
Foram desenvolvidos alguns projetos benefícios que permitiram apresentar a
informação do trilho e do seu acesso ao público. Os mapas de bolso,
sinalização do trilho, fitas de áudio-descrição ou guias trilha informatizados são
concebidos para ajudar as pessoas com uma variedade de habilidades para
partilhar informação dos trilhos. Os formatos visuais usam uma combinação de
símbolos universais, detalhado e informações escritas em geral, ilustrações de
inclinação e esquemas de rotas aéreas para transmitir informações de acesso
à pista para os visitantes. Dois minutos descrições áudio, especialmente útil
para pessoas que são deficientes visuais, podem ser formatados como fitas de
áudio ou tocar em estações de trilha. [65]
Num estudo realizado em 1991, foram identificados vários elementos do trilho
que fornecem informações ao utilizador e lhe permitem decidir qual o melhor
trilho para percorrer, podendo este organizar uma caminhada com a segurança
25. Revisão de Literatura
13
necessária. Estes cinco elementos afetam extremamente as condições do
trilho. Os cinco elementos são a inclinação, o grau transversal, o tipo de
superfície. [65, 66]
Diversão, conforto e segurança são os requisitos necessários para uma
caminhada bem-sucedida, contudo, a ausência de normas para a classificação
de percursos pedestres dificulta com frequência a adequação do percurso
pedestre ao nível de aptidão exibida pelo indivíduo. [55]
Assim a elaboração de tabelas de classificação, incluindo critérios bem
estruturados e justificados, concede aos pedestrianistas uma informação mais
clara das dificuldades dos percursos, conferindo-lhe uma maior segurança e
prazer na prática pedestre. [55]
Com o objetivo de criar uma ficha de avaliação dos elementos mais
importantes do trilho que se encontre completa e real na informação a ser
fornecida aos pedestrianistas, vão ser analisados vários elementos, sendo
observados os pontos fortes e as limitações associadas a cada uma delas e
sugerido um rumo com vista à uniformização dos critérios de classificação dos
percursos pedestres.
1.1.Drenagem
Uma boa drenagem evita que o trilho sofra erosão e aumenta a longevidade do
mesmo, permitindo que os seus utilizadores usufruam de toda a experiência.
A inclinação transversal do percurso em encostas deve ser no mínimo de 10%
para permitir a drenagem da água, embora todo o percurso deva estar
planeado de forma a permitir uma boa drenagem da água sendo necessário
remover a vegetação existente neste. [20]
Para proteger os trilhos da erosão devemos criar rolos ou valetas, para que
exista uma boa drenagem de água no trilho, mas no caso em que os trilhos têm
uma inclinação transversal inferior a 20% devemos criar valas, em ambos os
lados do trilho. Em áreas planas, devemos também aumentar o nível do centro
do trilho, em aproximadamente 2%, de forma a este ficar coroado e a água
poder deslizar para as valetas. [20, 30]
26. Revisão de Literatura
14
Deve existir uma inclinação de 2 a 5 %, no mínimo, nas zonas laterais para a
água não voltar a deslizar para o trilho. [30]
Ao criar um pavimento constituído por pedras, devemos fortalece-lo com a
colocação de terra entre as pedras, de forma a manter as pedras unidas e o
pavimento seguro. Devemos permitir a drenagem de água por baixo do trilho
evitando o acumular de água nestas zonas ou então criar espaços abertos de
passagem da água, deixando um canal para a água circular por baixo do trilho,
não incomodando a caminhada do pedestrianista, nem a estabilidade do trilho.
Podemos ainda criar um local só constituído por pedras acumuladas, que
permite a perfeita drenagem da água, com imenso espaço entre elas, mas
permitindo uma caminhar estável a todos os pedestrianistas. Não esquecer que
mesmo assim é necessário criar barreiras ou desvios para drenagem de água
para fora do trilho. [20]
Ao passar por uma campina pantanosa, no lado do declive da drenagem, é
necessário que exista uma alteração na direção da caminhada ao mesmo
tempo que existe uma alteração no perfil do trilho. [20]
Trilhos que contornam encostas permitem evitar um percurso mais direto até
ao ponto final do trilho sendo necessário manter uma inclinação sustentável
com reversões de inclinação (subidas/descidas) onde se cria espaço para o
deslocamento da água no trilho (valetas) de forma a evitar o acumular da
mesma e permitir que os pedestrianistas possam caminhar no trilho. Devemos
ter em atenção as folhas acumuladas no chão durante o percurso para evitar
que o acumular de água e a queda de pedestrianistas. [20, 27]
Todas as drenagens devem ser pensadas e planeadas mediante o estudo da
inclinação do local e dificuldades de isto acontecer. [20]
Não mais do que 5% do comprimento de um trilho deve ter incisão excessiva,
definidos como um segmento onde a incisão é superior a 30 centímetros (cm)
de profundidade estende por mais de 10 metros (m) de comprimento. [20]
27. Revisão de Literatura
15
1.2.Áreas de Descanso
As áreas de descanso são, geralmente, pequenas estruturas de apoio
localizadas ao longo de uma trilha, que não permitem o acesso às amenidades
circundantes. As áreas de descanso são lugares para parar e descansar fora
da via principal do trilho. [30]
A conceção de áreas de repouso pode ser tão variada como os modos de fuga
que servem, e os projetos específicos em cada local deve ser considerados
individualmente. Estão definidas algumas diretrizes gerais sobre as áreas de
descanso: [30]
• Devem incluir pelo menos uma área inicial e um lugar para estacionar o
meio de transporte.
• Devem incluir água potável, instalações sanitárias e sinalética adequada
no início.
• Deve existir uma a cada meia hora de tempo de viagem, sendo que a
distância entre áreas de descanso é ditada pelos modos de uso sobre a
pista.
• Deve estar situado após qualquer inclinação prolongada.
1.3.Perfil
O perfil refere-se a curvatura da altura do trilho. [30]
Uma inclinação no perfil do trilho superior a 12%, na maioria das inclinações
transversais e nos vários tipos de solo são propensas à erosão. [20]
Recomenda-se que mais de um terço do comprimento total de uma pista de
caminhada / trilha a pé exceder 8,3%. Além disso, as seguintes diretrizes
devem ser seguidas: [30]
• Grau de inclinação pode ser de 5% ou menos, para qualquer distância.
• Grau de inclinação pode ser de 8,3% para uma distância máxima de sessenta
e um metros.
28. Revisão de Literatura
16
• Grau de inclinação pode ser de 10% para uma distância máxima de nove
metros.
• Grau de inclinação pode ser de 12,5% para uma distância máxima de três
metros.
A inclinação da trilha entre os segmentos pontuação máxima deve retornar 5%
para uma distância mínima de 1,5 metros para permitir oportunidades de
descanso para as pessoas que têm maior dificuldade em percorrer superfícies
inclinadas. [30]
1.4.Obstáculos
1.4.1. Pontes
Em relação ao uso de pontes nos trilhos, estas são usadas para atravessar
rios, locais com água ou quando se encontra uma depressão de grandes
dimensões. [20]
Como são construídas em locais onde a natureza se encontra sempre
presente, convém que se adaptem aos locais onde se inserem e convém
serem construídas com material composto por madeira (embora também possa
ser constituído por metal, plástico, etc.). [20]
As pontes podem ser utilizadas para a passagem rápida sobre fluxos de água,
áreas propensas a enchentes e outros locais que apresentam riscos potenciais
à segurança. Alternativas menos invasivas que as pontes seria a relocalização
do trilho. Uma ponte pode ser a alternativa preferida quando necessário para
evitar a erosão das margens ou para proteger as zonas húmidas. [20]
Melhor concebidas por profissionais, as pontes existentes em caminhos de
montanha são muitas vezes necessárias para evitar os impactos nos recursos
ao mesmo tempo que pretendem proporcionar a passagem entre dois pontos
que se encontram sem ligação. [20]
A principal consideração na conceção de pontes sobre cursos de água é o
impacto ambiental. As seguintes diretrizes dizem respeito à vedação e para
mitigar os impactos ambientais potenciais de pontes: [30]
29. Revisão de Literatura
17
• Reduza o espaço que os pilares da ponte ocupam no seguimento da
linha de água;
• Evite colocar os pilares da ponte diretamente nos cursos de água. Isso
poderia interromper o fluxo e o acumular de detritos;
• Proteções laterais nas pontes com um metro de altura de cada lado;
• Entre o trilho e a ponte deve existir uma zona de transição.
• Podem ser exigidas proteções laterais se existir uma linha de queda
superior a um metro. [20]
A ponte é uma estrutura projetada para elevar o trilho acima da linha de água
para as preocupações dos recursos e segurança. As pontes são construídas a
partir de uma variedade de materiais, incluindo madeira, pedra natural, metais
e plásticos, madeira tratada a pressão e materiais reciclados ou híbridos. [20]
Por razões de segurança, bem como questões de responsabilidade, as pontes
estão a ser devidamente planeado e executado. Quanto mais complicado o
projeto, mais significativo vai ser o investimento de tempo e material necessário
para construir e manter a estrutura. Mesmo os modelos mais básicos podem
exigir algum avanço em habilidades, ferramentas e trabalho para construir. [20]
Atravessar uma ravina ou barranco ou um fluxo de água são os locais onde é
mais comum verificar a existência de uma ponte. [20]
A construção de pontes nos trilhos deve minimizar os danos na linha de água,
não permitindo a erosão das margens da linha de água. As elevações
transições são lisas, de modo a parecer o mais natural possível e melhor
obedecerem a princípios de design sustentável. [20]
1.4.2. Escadas
As escadas de pedra podem ser usadas onde se pretende alcançar uma
altitude mais elevada num espaço de tempo mais curto. As escadas apenas se
destinam a trilho exclusivamente pedestres, não estando destinas a trilhos
30. Revisão de Literatura
18
equestres ou de btt. Construir escadas de pedra para resistir ao uso e impactos
significativos requer algumas normas e dicas: [20]
• Devemos escolher pedras com o formato ideal para uma escada.
• Temos de começar a construir de baixo para cima.
• Usar as maiores pedras possíveis de forma a estender o trilho.
• Certifique-se de pessoas fisicamente robustas constituem a equipa de
construção.
• As escadas que são constituídas por uma pedra por degrau são as
melhores, duas por degrau também são boas e três é geralmente o
máximo usado por degrau.
• As pedras têm de atravessar o trilho por completo.
• Devemos escolher áreas onde os utilizadores do trilho possam parar.
• Construir com as dimensões indicadas e fazer com que cada conjunto
de escadas seja uniforme.
• Nota máxima inclinação de perfil deve ser de 8%.
• Depois de concluída a escada, devemos caminhar sobre ela para
comprovar que é lisa e uniforme.
Quando se considera construir uma escada numa zona do trilho que sofre de
erosão devido a uma linha de água que cruza o trilho nesse local e a alteração
da direção do trilho não é uma opção devemos seguir alguns passos: [20]
• Tal como acontece nas escadas de pedra, devemos escolher pedras
grandes, podendo mesmo as pedras cruzar o trilho.
• Escavar para permitir que a pedra da escada assente sobre uma zona
do chão que não se encontre perturbada.
• Cobrir essa zona inferior com numa camada compacta de dez
centímetros (cm) de terra.
31. Revisão de Literatura
19
• Um canal por baixo do bloco deve ser criado de forma a permitir que a
água tenha uma abertura para a sua passagem e não inunde o trilho,
minimizando o efeito da drenagem no piso do trilho.
1.5.Solo
Os solos dividem-se em grosseiras e fino. O solo grosseiro (cobles, cascalho e
areia) é o melhor para percursos e normalmente coincide com a prevalência
perante a faixa de inclinação transversal. O solo fino (siltes e argilas) coincide
com solo desfavorável e insustentável e prevalecem nas faixas de inclinação
transversal. [20]
O registo do tipo de solo assim como uma descrição das suas características é
uma grande ajuda na informação aos seus utilizadores, pois ajuda a determinar
o grau de acesso. [65]
A passagem de pedestrianistas pelos percursos, por um lado provoca
compactação e, por outro lado, é responsável pela erosão do solo. [8]
Explica-se a erosão do solo através da passagem dos pedestrianistas, porque
o pisoteamento do solo faz diminuir os seus poros, levando á sua
compactação. A compactação vai provocar uma diminuição da capacidade de
retenção do ar e de absorção de água, modificando a sua capacidade de
sustentar a vida vegetal e animal (microfauna do solo) associada. O pisoteio e
a consequente compactação diminuem a quantidade de poros entre as
partículas, com efeitos diretos no sucesso de germinação e vigor das plantas.
Os percursos alteram, ainda, o padrão de circulação da água. Com efeito, ao
deixar de absorver uma quantidade significativa da água, esta passa a circular
ao longo da superfície do percurso, provocando o arrastamento de partículas. A
erosão depende da inclinação do terreno, do tipo de solo e do padrão de
drenagem da região. [8]
No que diz respeito aos usuários, foi recomendado que os trilhos equestres e
trilhas motorizadas devam ser mantidos a um grau máximo de 10% e ter uma
superfície de cascalho, devido à alta cilindrada e desgaste sofrido com esses
32. Revisão de Literatura
20
tipos de usurário. [40] Em relação aos pedestrianistas o solo deve ser sempre
firme e estável, independentemente do que constitui o solo, podendo estes ser
revestidos com lascas de madeira, pedra britada ou terra compactada. [30, 66]
Deve-se notar, contudo, que as aparas de madeira não são consideradas uma
superfície acessível. [30]
Qualquer obstáculo no piso do trilho, como rochas ou raízes, embutida na
superfície do trilho deve ser inferior a cinco centímetros. [30]
Todas as aberturas na superfície do trilho, incluindo pontes, não devem permitir
a passagem de uma esfera de 1,3 centímetros de diâmetro e deve ser
perpendicular à direção dominante da viagem. [30]
Não mais de 5% do comprimento do trilho deve sofrer de incisão excessiva no
trilho, definidos como segmentos onde a incisão superior a trinta centímetros
de profundidade se estende por mais de dez metros de comprimento. [73]
Manter o piso limpo e regular, permitindo uma passagem sem dificuldades,
ajuda na prevenção de lesões dos seus utilizadores assim como ajuda a
prolongar a viabilidade de todo o percurso. [20]
1.6.Vegetação
Todos os esforços devem ser efetuados para preservar a terra e os recursos
provenientes do solo, uma vez que estes são importantes recursos naturais e
visuais, para que não ocorram impactos que o possam colocar em risco. [20]
As plantas podem ser destruídas quer diretamente pelo pisoteamento, quer
devido à compactação do solo e que a erosão “ expõe as raízes das plantas
dificultando sua sustentação e facilitando a contaminação das raízes por
pragas, o que compromete toda a planta”. [8]
A abertura de um trilho provoca mudanças na composição da vegetação ao
longo deste. É sabido que as alterações ambientais fazem com que espécies
vegetais mais resistentes tenham mais hipóteses de sobreviver do que as
outras mais sensíveis. No caso do trilho quando este é aberto, há alteração da
luminosidade, o que favorece o crescimento de plantas tolerantes à luz. [8]
33. Revisão de Literatura
21
A passagem de pedestrianistas pelos percursos provoca a compactação do
solo e com ela provoca a uma diminuição da capacidade de retenção do ar e
de absorção de água, modificando a sua capacidade de sustentar a vida
vegetal e animal (micro fauna do solo) associada, ou seja, o pisoteamento e a
consequente compactação diminuem a quantidade de poros entre as
partículas, com efeitos diretos no sucesso de germinação e vigor das plantas.
[8]
Embora os usuários, dos trilhos, se movam a uma velocidade relativamente
lenta, é necessário aparar os arbustos para que não perturbem os usuários e
para que não invadam o trilho, perturbando a passagem no local. [30]
As espécies raras e os seus habitats
Proteger as espécies raras é um objetivo fundamental das agências de gestão
dos trilhos. Proteger as plantas raras é fácil, mas trazê-los de volta é muito
difícil! Os ecossistemas naturais suportam uma flora diversificada e fascinante.
[20]
Algumas espécies de plantas podem ser endémicas (não sendo conhecidas em
outro lugar do mundo), e embora possam existir em larga escala, apenas
existem naquele microclima de uma única montanha. Algumas plantas raras
podem ser parte de populações muito isoladas, raramente encontrados em
habitats similares em todo o mundo. [20]
A restauração ecológica tem sido definida como a prática de restabelecer
ecossistema natural, processo responsável pela forma que o ecossistema e a
função, incluindo as principais componentes bióticos e abióticos, em terras
onde essas forças foram interrompidos. [20]
As trilhas sociais que sofreram impactos menores poderão ser restabelecidas
de forma passiva, limitando-se a fechar o trilho, oferecendo um percurso
alternativo, e instalando barreiras e sinalização educativa. [20]
Restaurar trilhos pode ajudar nos processos naturais e nas suas condições,
melhorando os padrões de drenagem de água, reconstrução do contorno da
34. Revisão de Literatura
22
encosta, reduzir a fragmentação do habitat e criar uma comunidade vegetal
autossustentável. [13]
Os benefícios dos espaços verdes abrangem desde a estrutura ecológica e o
desenvolvimento económico e social. Ao ajudar a conservar os ecossistemas
nativos e a paisagem, as áreas verdes podem ser um componente importante
de uma estratégia de conservação distrital, regional ou local. A água e a terra
ao longo de vias verdes podem expandir os negócios do turismo e associados
e proporcionar oportunidades de lazer para moradores e visitantes ao oferecer
a oportunidade de desfrutar do ambiente natura. [22]
1.7.Largura do trilho
Informações objetivas sobre a largura da trilha e os locais das secções mais
estreitas são fundamentais para informar os seus utilizadores do espaço que
possuem para percorrer o trilho e conseguir escolher o meio mais adequado ao
local. [65]
Recomenda-se que a média de largura do trilho para caminhadas seja de 1,22
metros nunca podendo exceder os dois metros. [30, 73]
Os trilhos devem incluir áreas alargadas em intervalos regulares para permitir
aos utilizadores passarem um ao outro. Estas áreas deverão ser alargadas
para uma largura de pelo menos cinco metros. [30]
1.8.Proteção lateral / vertical
Os trilhos necessitam de um proteção lateral e vertical de forma a proteger o
usuário e permitir que este usufrua do melhor que o trilho tem sem que a sua
segurança seja colocada em causa. Não é necessário ter uma cerca em volta
de todo o trilho mas apenas nas zonas em que o perigo é maior, podendo nas
zonas de menor perigo existir zonas com vegetação rasteira.
A nível vertical os trilhos devem ter uma distância do solo a qualquer objeto no
plano vertical de uma distância mínima de 2,44 metros. [30] Esta distância
permite que todo o tipo de usuário percorra o trilho sem a preocupação de
embater em algum objeto num plano mais elevado.
35. Revisão de Literatura
23
A proteção lateral pode ser feita ao longo do trilho através de uma zona com
vegetação, que não seja perturbadora para a paisagem e que permita que o
usuário possa caminhar ou cair em cima desta sem que sofra danos físicos, ou
então através de uma cerca entre o trilho e os terrenos adjacentes. [30]
Os trilhos por vezes podem-se cruzar com estradas onde circulam veículo
motorizados ou até caminho-de-ferro. Nestes locais deve existir uma proteção
lateral com uma distância mínima de pelo menos 7,6 metros desde a linha
central do trilho até ao início da pista de veículos motorizados. Neste local deve
sempre ser colocado uma cerca ou barreira e uma zona com vegetação de
forma a evitar que quem esteja a percorrer o trilho não consiga entrar na pista
dos veículos motorizados ou de caminho-de-ferro. [30]
Por vezes nas laterais dos trilhos encontram-se postes de iluminação, torres,
caixas de controlo e outras estruturas acima do solo. Estas estruturas têm de
ter a sua volta cercas ou barreiras de proteção de forma a proteger os usuários
do trilho e de forma a evitar que estes possam entrar em contacto com estas
estruturas de forma voluntária. [30]
1.9.Sinalização
A balizagem é indispensável a todos os utilizadores que percorrem os trilhos e
gostam de desfrutar das qualidades que estes têm para lhes oferecer, sempre
em segurança. [34]
Existem várias formas de balizagem:
• As marcas deverão ser colocadas em suportes devidamente escolhidos,
de preferência em locais onde se vejam muito bem, com leitura nos dois
sentidos. Poderão ser usados como suporte, rochas ou velhos troncos
de árvore e devem ser usadas “tintas plásticas de exterior de boa
qualidade - tinta de água ou outras soluções que não sejam agressivas
para o ambiente”. [12, 34]
• Pictogramas ou figuras de cor e em plásticos colocados em postes; [34]
• Simples montes de pedras. [34]
36. Revisão de Literatura
24
O mais importante e mais problemático é definir previamente um mapa de
balizagem à escala de um território. Sem um mapa corre-se o risco de
multiplicação de balizas de todas as formas e todas as cores, que ao fim de
algum tempo se tornarão incompreensíveis para o utilizador. Este risco de
proliferação é ainda acentuado pelo facto de outras atividades também
colocarem as suas próprias balizas: BTT, passeio equestre. [34]
A balizagem pode ser completada por outras sinaléticas, sobretudo um painel
colocado à partida dos itinerários com um plano geral do circuito, o código de
balizagem, a duração e a distância, as regras a respeitar, as informações
turísticas, etc. [34]
As regras estabelecidas são simples: [34]
• Cada disciplina (ciclismo, equitação, esqui de fundo, etc.) Tem um
código de balizagem específico;
• No caso de itinerários comuns a várias disciplinas, é a balizagem do
passeio pedestre que prevalece;
• É recomendada a balizagem com tinta.
A Marcação dos percursos
Não existe uma marcação de trilhos universal, contudo tem havido algum
esforço no sentido de tentar uniformizar, de que são exemplo os princípios
gerais de marcação de percursos pedestres adotados, a 9 de Outubro de 2004,
na Declaração de Bachyne, aprovada na Assembleia Geral da Federação
Europeia de Pedestrianismo (European Ramblers Association, ERA). [8]
São três, as marcas utilizadas: caminho certo, caminho errado e mudança de
direção: à esquerda e à direita (Figura 1). [8]
37. Revisão de Literatura
25
Figura 1 – Sinalética dos percursos pedestres [8]
Podemos dividir os trilhos em três tipos de rota. O percurso local (PL), o
percurso de pequena rota (PR) e o percurso de grande rota (GR).
Figura 2 – Sinalética das rotas dos percursos pedestres [67]
A marca “Caminho Certo” deve ser colocada no início e ao longo de um
percurso. Esta marca deverá ser colocada no início e no final do percurso, a
uma distância inferior a 50 metros dos painéis informativos, a menos de 50
metros e para confirmar o caminho certo, logo após as mudanças de direção. A
marca mudança de direção deve ser colocada imediatamente antes de um
cruzamento para indicar mudança de direção (Figura 3). Esta marca deve ser
colocada a menos de 30 metros dos cruzamentos e bifurcações. [12]
38. Revisão de Literatura
26
Figura 3 – Exemplo da marcação de um percurso pedestre [12]
A marca “Caminho Errado” deve ser colocada à entrada de caminhos que se
pretendem evitar (Figura 4), a menos de 30 metros. [12]
Figura 4 – Exemplo da marcação de um percurso pedestre (1) [12]
Em qualquer percurso, o número de marcas e a distância entre elas é variável,
dependendo das características de cada percurso (número de cruzamentos,
extensão, etc.), a morfologia do terreno e as condições climatéricas da região
onde está implantado, mas a distância entre as marcas não deve ultrapassar
os 250 metros. [12]
A marcação em edificações exige autorização dos proprietários e deverá ser
muito bem ponderada, não sendo aceitável a utilização de monumentos,
alminhas, fontanários e outras construções de interesse histórico e/ou
arquitetónico. [12]
Em alguns casos, haverá necessidade de usar postos para colocação das
marcas que deverão estar suficientemente enterrados, com cerca de oitenta
centímetros fora do solo. [14]
39. Revisão de Literatura
27
O trilho quanto à forma
São diversas as formas dos trilhos. Neste texto iremos fazer referência às
seguintes: linear, circular, oito, em anéis contíguos, em anéis satélites e em
labirinto. [8]
A) Linear
É a forma mais adequada para os percursos de longa distância e para os que
têm um objetivo específico, como por exemplo, ligar duas localidades. Para
aumentar a variedade de aspetos a observar é possível acrescentar algumas
variantes ou variações. O seu objetivo, também, pode ser ligar o ponto de
partida com algum ponto de interesse, como uma lagoa, uma fajã, uma gruta,
um pico, etc. Apresenta a desvantagem de o caminho de volta ser igual ao de
ida.
B) Circular ou anel
É uma forma mais interessante pois oferece a possibilidade de voltar ao ponto
de partida sem percorrer o mesmo trajeto, suavizando-se, assim, a pressão
exercida sobre o caminho e o ambiente.
C) Oito
Esta forma é usada em áreas pequenas, pois aumenta a possibilidade de uso
destes espaços.
D) Em anéis contíguos
Esta forma oferece, aos visitantes, diversos hipóteses de acordo com as suas
capacidades físicas ou outras motivações.
E) Em anéis satélites
Esta forma, tal como a anterior, permitem aumentar o número de possibilidades
de escolha.
F) Em labirinto
40. Revisão de Literatura
28
Esta forma explora uma dada região ao máximo, apresentando uma grande
variedade de opções. Mais do que nas anteriores, é importante que o trilho
esteja muito bem sinalizado.
Sinalética complementar
Para além da sinalética já referida, poderá ser usada sinalética complementar,
sobretudo em percursos temáticos ou de interpretação ambiental. [8]
Os painéis informativos
Os painéis informativos devem ser colocados no início e no final de cada
percurso, podendo também ser colocados em pontos intermédios, servindo
para fornecer um conjunto de informações úteis sobre o mesmo, como o seu
esquema, a duração aproximada, os obstáculos, o grau de dificuldade, o grau
de perigosidade, informações gerais sobre os locais onde passa, telefones
úteis, etc. [8, 12, 14]
Figura 5 - Painel Informativo [8]
As placas indicativas
As placas indicativas de sentido do percurso (Figura 6), que devem ser
colocadas nos cruzamentos de um percurso ou num ponto que se considere
importante a sua presença, servem para indicar o sentido do percurso e a
distância entre as placas e um ou mais locais. [12]
41. Revisão de Literatura
29
Figura 6 - Placa indicativa de sentido do percurso [8]
As placas informativas
As placas informativas ou indicativas de local ou curiosidade servem para
indicar um lugar ou curiosidade (miradouro, local de acampamento, etc.) E
devem ser colocadas junto dos locais ou curiosidades. [12, 14]
Figura 7 - Placa Informativa [14]
1.10. Inclinação
Por inclinação pode ser definida como uma obliquidade de duas linhas, de duas
superfícies ou de dois corpos, um em relação ao outro, já a inclinação
transversal é avalia a inclinação da encosta em relação ao trilho. [65]
As análises dos declives são fundamentais para a elaboração do percurso e
para o seu planeamento básico. As inclinações mais íngremes levam mais
tempo a percorrer e necessitam de mais material para serem reparados e
alterados (solução: fazer desvios – trilhos oblíquos e descidas suaves). [20] Ou
seja devemos planear o trilho de forma que este contorne a encosta (evitando
as linhas diretas de queda), tenha uma inclinação sustentável, possua
reversões de inclinação (descidas/subidas), evitar criar superfícies sempre
planas e deve ter espaço para construir valetas dos lados do trilho de forma a
escoar a água do mesmo. [27, 28]
42. Revisão de Literatura
30
As zonas planas no trilho são zonas propícias a inundações por não existir
escoamento da água. Ou seja, quando um trilho não possui uma encosta por
perto, a probabilidade de se tornar uma bacia de captação de água é elevado.
Nestes casos o trilho deve sempre ter uma zona mais elevada para que a água
possa escoar adequadamente para um dos lados. [28]
Segundo o livro “Trailbuilding School, (IMBA, 2005) ”, existem cinco elementos
de sustentação da inclinação: [6]
1. A regra da metade (a inclinação do trilho não deve ser superior à metade
da inclinação da encosta);
2. Numa distância de 30,48 metros não devemos realizar uma descida
superior a 2,4384 metros, ou seja, o trilho não deve ter uma inclinação
superior a 8% ou 10%.
3. Inclinação máxima sustentável (sendo que esta deve ter em conta a
regra da metade o tipo de solo, as rochas existentes no trilho (quer no
percurso em si quer nas suas encostas/ restaurar o trilho de forma a
evitar a queda de pedras, melhorar todo o aspeto do percurso), a
quantidade de precipitação anual (Nas encostas convém ter em atenção
a vegetação e fazer a limpeza da mesma de forma a evitar que pedras
ou terra possa deslizar para o trilho), a reversão da inclinação (para criar
pontos de escoamento de água), os utilizadores do percurso, o número
de utilizadores ao ano e o nível de dificuldade)
4. Reversão da inclinação (subidas/descidas)
5. Declividade (Aumentar a inclinação da encosta numa linha paralela ao
trilho, mantendo uma inclinação menos acentuada no trilho de forma a
permitir a passagem da água que se encontra a realizar a descida da
encosta)
1.11. Informação
O conceito de base é a descrição do itinerário. Esta pode vir em forma de
fichas, brochuras, folhas de papel fotocopiadas, verdadeiros guias, painéis
43. Revisão de Literatura
31
informativos, painéis indicativos e placas informativas, sendo que as ambições
e a forma dos documentos de informação diferem em função dos objetivos e
dos orçamentos disponíveis. [34]
A descrição deve ser simples e compreensível para um caminhante neófito,
que não saiba consultar um mapa nem situar os pontos cardeais no terreno.
[34]
Alguns guias mais sofisticados incluirão, além das informações sobre a região
percorrida, a fauna e a flora, os monumentos que se avistam, etc. [34]
Por último, o guia do percurso pode aproximar-se do guia turístico, fornecendo
informações de natureza turística sobre os alojamentos, os meios de
transporte, etc. [34]
Os inventários dos trilhos podem ser utilizados para localizar e mapear trilhos e
para o documentar as características da rota do tracejamento como o tipo de
utilização, comprimentos, dificuldade do trilho e características naturais e
culturais. [38]
Painéis informativos
Os painéis informativos devem ser colocados no início e no final de cada
percurso, podendo também ser colocados em pontos intermédios, servindo
para fornecer um conjunto de informações úteis sobre o mesmo, como o seu
esquema, a duração aproximada, os obstáculos, o grau de dificuldade, o grau
de perigosidade, informações gerais sobre os locais onde passa, telefones
úteis, etc. [8]
Placas indicativas
As placas indicativas de sentido do percurso, que devem ser colocadas nos
cruzamentos de um percurso ou num ponto que se considere importante a sua
presença, servem para indicar o sentido do percurso e a distância entre as
placas e um ou mais locais. [8]
44. Revisão de Literatura
32
Placas informativas
As placas informativas ou indicativas de local ou curiosidade servem para
indicar um lugar ou curiosidade (miradouro, local de acampamento, etc.) e
devem ser colocadas junto dos locais ou curiosidades. [8]
De forma a garantir que os utilizadores percorrem o trilho em segurança,
evitando acidentes e causando o menor impacto possível na área, existem um
conjunto de regras que deverão ser seguidas. A Federação de Campismo e
Montanhismo de Portugal aconselha as seguintes normas de Ética e Conduta:
[14]
1. Seguir somente pelos trilhos sinalizados;
2. Ter cuidado com o gado. Embora manso não gosta da aproximação de
estranhos às suas crias;
3. Evitar barulhos e atitudes que perturbem a paz do local;
4. Observar a fauna à distância, preferencialmente com binóculos;
5. Não danificar a flora;
6. Não abandonar o lixo, levando-o até um local onde haja serviço de
recolha;
7. Fechar cancelas e portelas;
8. Respeitar a propriedade privada;
9. Ter cuidado com o lume;
10.Não colher amostras de plantas ou rochas;
11.Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à atividade em
curso e às marcas do percurso.
1.12. Erosão
Um dos problemas que afeta um percurso pedestre é a erosão, sendo que é
um processo natural causado pelo vento e pela água. Uma das soluções para
evitar a erosão é a criação de trilhos ondulantes que contornam o percurso
45. Revisão de Literatura
33
mais direto e permitem a drenagem da água sem que esta fique retida no trilho.
[27]
A erosão do solo expõe pedras e raízes, criando um sulco e superfícies
irregulares que aumentam a dificuldade da caminhada. [16]
Impactos tais como grandes erosões do solo e raízes expostas são
visualmente ofensivas e podem degradar a estética visual de todo o trilho
podendo degradar a qualidade da atividade de recreação. [53, 69]
Nas áreas que sofrem de erosão deve-se plantar vegetação rasteira ou reforçar
com mais cobertura. [30]
A passagem de pedestrianistas pelos percursos, por um lado provoca
compactação e, por outro lado, é responsável pela erosão do solo. [8]
O pisoteamento do solo faz diminuir os seus poros. A compactação provoca
uma diminuição da sua capacidade de retenção do ar e de absorção de água,
modificando a sua “capacidade de sustentar a vida vegetal e animal (micro
fauna do solo) associada”. O pisoteamento e a consequente compactação
diminuem a quantidade de poros entre as partículas, com efeitos diretos no
sucesso de germinação e vigor das plantas”. [8]
Os percursos alteram, ainda, o padrão de circulação da água. Com efeito, ao
deixar de absorver uma quantidade significativa da água, esta passa a circular
ao longo da superfície do percurso, provocando o arrastamento de partículas. A
erosão depende da inclinação do terreno, do tipo de solo e do padrão de
drenagem da região. [8]
A degradação das condições do trilho é manifestada através do impacto de
vários problemas, tais como, erosão e presença de lama ao longo do trilho do
percurso. [10]
1.13. Impacto
Uma atividade de recreação pode causar impacto a todos os elementos de um
ecossistema selvagem. Solo, vegetação, fauna e água são os quatro
componentes principais que são afetados (quadro 1). [73]
46. Revisão de Literatura
34
Componente Ecológica
Solo Vegetação Vida Selvagem Água
Efeitos Diretos Compactação
do solo.
Perda de lixo
orgânico.
Perda de solo
mineral.
Reduzir a altura
e vigor. Perda da
cobertura vegetal
do solo.
Perda de
espécies frágeis.
Perda de árvores
e arbustos.
Danos de tronco
de árvore.
Introdução de
espécies
exóticas.
Alteração de
habitat. Perda de
habitats.
Introdução de
espécies exóticas.
Assédio da vida
selvagem.
Modificação de
comportamento da
vida selvagem.
Deslocamento de
água, comida e
abrigo.
Introdução de
espécies
exóticas.
Aumento da
turbidez.
Aumento
entradas de
nutrientes.
Aumento dos
níveis de
bactérias
patogénicas.
Alterada a
qualidade da
água.
Efeitos indiretos /
derivados
Reduzir a
humidade do
solo. Reduzir o
espaço poroso
do solo.
Erosão
acelerada do
solo.
Atividades
microbianas do
solo alteradas.
Mudança de
composição.
Microclima
alterado.
Erosão acelerada
do solo.
Diminui a saúde e
a capacidade.
Reduziu as taxas
de reprodução.
Aumento da
mortalidade.
Mudança de
composição.
Saúde nos
ecossistemas
aquáticos
reduzidos.
Mudança de
composição.
Crescimento
excessivo de
algas.
Quadro 1 – Componente ecológica [73]
A Wilderness Act tem duas preocupações em relação aos impactos nas
atividades de recreação: (1) a proteção da integridade dos ambientes
selvagens, e (2) a proteção da qualidade das experiências de lazer. Um
sistema mínimo de trilhos e parques de campismo é geralmente visto como um
apoio essencial. [73]
47. Revisão de Literatura
35
Os visitantes parecem ser mais sensíveis aos impactos causados pelo
comportamento inadequado, como o lixo e os danos na natureza, a exemplos
particularmente intrusivos de impactos físicos, tais como raízes de árvores
expostos. [73]
Impactos associados a um tipo específico de utilização podem intensificar a
aglomeração percebida e conflito entre diferentes visitantes ou grupos. [73]
As formas mais comuns dos impactos durante o uso recreativo nos trilhos
incluem a erosão do solo, pistas lamacentas, extensão e alargamento da pista,
danos na vegetação, desordem no trilho e anéis de fogo. [24, 38]
A fim de proteger a qualidade das experiências de caminhada, técnicas de
gestão devem ser implementadas para reduzir a quantidade de lixo, árvores e
danos na planta, os anéis de fogo, pista de extensão e ampliação, e pela
erosão. [48]
O tipo de utilização também se tem mostrado importante e determinante para
alguns impactos sobre os trilhos. [37]
O conhecimento das relações entre os fatores ambientais e os impactos no
trilho pode ser aplicado na rota de trilhos mais resistentes. As zonas
lamacentas podem ser limitadas, evitando solos orgânicos molhados e terreno
plano, e a erosão pode ser limitada, evitando trilhos íngremes e paralelos. [7]
A utilização do trilho por parte de cavalos deve ser limitada, restringindo a sua
utilização à zona mais resistente do trilho, limitando os seus números, ou
proibindo a sua utilização durante a época de chuva. [37]
1.14. Manutenção
Para realizar a manutenção de um trilho, um profissional da gestão de
percursos tem de ter informação objetiva e útil sobre as condições dos recursos
do trilho, tais como as características físicas dos recursos, dos impactos e
quais os trabalhos de manutenção necessários. [37]
48. Revisão de Literatura
36
O principal desafio na manutenção do trilho é evitar a degradação de ambos os
processos, de uso recreativo e o natural, tal como precipitação e escoamento
superficial da água. [37]
Impactos comuns incluem a perda de vegetação e alterações da sua
composição, compactação do solo, erosão e locais cheios de lama, exposição
de plantas, raízes, alargamento do trilho, e com a presença de utilizadores. [37]
A conservação dos caminhos é indispensável para assegurar a continuidade do
itinerário e para oferecer um bom produto aos praticantes. [34]
Intervenções regulares e/ou sazonais permitem combater a invasão de silvas e
de mato, verificar o estado do caminho, substituir as balizas em falta ou
estragadas, etc. [34]
Deve ser realizada a manutenção de todo o percurso tendo em atenção á
vegetação, a limpeza do trilho e correção de todos os perigos que possam
aparecer por falta de manutenção. [20]
No caso de os percursos serem percorridos por pessoas com uma fraca
“consciência ecológica”, irá haver, ao longo dos mesmos, deposição de
resíduos. [8] Esta fraca “consciência ecológica”, em algumas circunstâncias,
em conjunto com a falta de limpeza do trilho, pode potenciar o aparecimento de
fogos florestais. [8]
49. Revisão de Literatura
37
2. Desenvolvimento Regional
Os trilhos podem levar ao aumento do turismo nas regiões rurais e o aumento
do turismo faz-se acompanhar de benefícios para a região. O aumento do
turismo contribui para o desenvolvimento socioeconómico da região levando a
uma revitalização do centro rural, a um aumento no valor dos imóveis, atração
de negócios adicionais e ajuda a diminuir o fenómeno da desertificação
humana. [8, 30, 60]
Segundo Iowa (2000) existem três maneiras diferentes que as zonas rurais têm
para promover o desenvolvimento: [29]
1. Desenvolvimento Económico Regional – Criação de trilhos como
melhoria da qualidade de vida para manter ou contratar empresas e
moradores.
2. Desenvolvimento do Turismo - com trilhas, como forma de atrair
hotéis, restaurantes e outras empresas ligadas ao turismo.
3. Revitalização das principais zonas - a ligação com os distritos de
negócios trilhas históricas a fim de canalizar a procura lojas de
varejo, restaurantes e serviços.
“Ignorado ou subestimado durante muito tempo, o turismo de passeio pedestre
é hoje considerado como um desafio do desenvolvimento local. Sendo
atualmente uma atividade muito divulgada entre a população dos países
europeus, os percursos pedestres evoluíram, passando da categoria de um
lazer informal para uma verdadeira ação turística, potencialmente geradora de
benefícios económicos a nível local.” [34]
A descoberta faz parte do das caminhadas no trilho e é um meio de descobrir
uma região, modos de vida, o património natural, cultural, histórico, etc. Tudo
pode servir de pretexto para a descoberta, ou quase tudo, desde que o objeto
da descoberta esteja próximo da natureza e tenha um carácter “autêntico”.
Prova disto é o sucesso dos passeios até explorações agrícolas, com provas
de queijo ou de tartes, bem como os circuitos de descoberta de vales e aldeias.
[34]
50. Revisão de Literatura
38
Os serviços de base, oferecidos aos turistas, são, classicamente, o alojamento,
a restauração e os transportes. Também podem ser criados outros serviços:
acompanhamento, visitas guiadas, transferência de bagagens, etc. A tendência
vai no sentido do aumento dos serviços propostos aos caminhantes. Existem
mil e uma maneiras de apresentar um território, mas é necessário que este
tenha um verdadeiro potencial turístico. A qualidade e a diversidade das
paisagens, a riqueza do património natural, a vivacidade das tradições locais
ou a presença de um património histórico ou cultural importante constituem
vantagens essenciais. Um ambiente respeitado, ou mesmo preservado, é
também um critério determinante para a imagem do território. [34]
Atividades de índole cultural devem ser aproveitadas na criação de uma melhor
“oferta” ao turista. Assim, além das oportunas tradicionais feiras, festas e
romarias, a música popular, os cantares e danças tradicionais, o artesanato, o
vestuário típico, os regionalismos orais e os usos e costumes locais, assim
como outros menos tradicionais, como o teatro, o cinema, a fotografia e a
poesia, são igualmente valências passíveis de aproveitamento. Também o são
a gastronomia, sobretudo a baseada nas produções regionais e em recursos
biológicos naturais, como as carnes de bovino, de ovino, de caprino, de suíno
(enchidos, presunto, etc.), de aves e da caça, o queijo, o requeijão, o mel, o
pão, a fruta, os produtos hortícolas, os cogumelos, as plantas aromáticas e
medicinais, os frutos silvestres, as compotas e geleias. [62]
Para uma promoção, exemplar e com qualidade, de uma região, na qual os
trilhos possuem grande influência, os agentes locais devem realizar uma
reflexão conjunta no sentido de definir uma clientela neste mercado muito
segmentado e conceber um produto completo e coerente, arranjar com
modéstia e rigor, balizar e informar e criar serviços ajustados ao meio onde se
inserem. [34]
Segundo Yruela (2003), “estimular o desenvolvimento das zonas rurais requer
uma certa engenharia social”.
Lane (1994) diz que existem quatro chaves fundamentais para o sucesso da
região. [32]
51. Revisão de Literatura
39
Em primeiro lugar, é importante que a pessoa ou equipa de formulação da
estratégia seja hábil, não só no desenvolvimento turístico, mas também na
análise económica, ecológica e social. Enquanto o conhecimento local é útil, a
imparcialidade é muito mais importante e a confiança deve ser mantida entre
as várias partes que integram o processo de elaboração das estratégias.
Em segundo lugar, variadas análises aos principais grupos, ligados a um bom
desenvolvimento regional, é essencial. Estas consultas incluem os
comerciantes locais, administradores de empresas, empresas de transportes,
agricultores e os defensores do património natural e histórico da área.
Em terceiro lugar – “glasnost” – abertura social, tem um papel muito especial a
desempenhar. O turismo depende mais do que qualquer outra indústria da boa
vontade local, da capacidade de fazer os turistas sentirem bem-vindos. A
população local deve estar feliz com os seus visitantes, com a certeza de que o
afluxo de visitantes não irá sobrecarregar a sua vida, aumentar as suas
despesas de alojamento e impor novos sistemas de valores indesejáveis sobre
eles. A abertura pode ser alcançada através de discussões públicas, mediante
o uso cuidadoso da imprensa, rádio e televisão, bem como pelo
desenvolvimento de um diálogo de duas vias com a comunidade.
Em quarto lugar, o processo de elaboração das estratégias não deve ser um
caso de uma única vez. Tem que ser um processo em evolução a longo prazo,
capaz de lidar com a mudança, e ser capaz de admitir seus próprios erros e
deficiências. Deve ser o início de uma parceria entre empresas, governos e
interesses culturais e de conservação.
Assim sendo é necessário proceder a um planeamento dos trilhos tendo em
conta um desenvolvimento regional sustentável e bem planeado, desta forma
existe um processo de planeamento do trilho a seguir: [29]
1. Entender a população local, a sua capacidade e os seus desejos.
2. Identificar o mercado alvo baseado nas características do trilho e da
região.
52. Revisão de Literatura
40
3. Determine o posicionamento da zona rural em comparação com
posicionamento do sistema de trilhos.
4. Escolheras zonas por onde o trilho irá passar tendo em conta o tipo de
usuário que a zona rural está pronta para servir adequadamente
5. Localize os trilhos nas zonas próximas às zonas rurais de forma a poder
aumentar o impacto económico destes na região.
6. Revitalizar os mercados existentes de forma a prolongar o tempo de
permanência e incentivar as visitas periódicas á região e aos trilhos.
7. Cultive Parcerias.
O mundo rural deve experimentar uma crescente evolução, apoiando-se nos
mecanismos financeiros e institucionais existentes em diferentes planos e
programas de desenvolvimento rural e regional, com base na sua
multifuncionalidade. [62]
Considerando várias escalas espaciais, o turismo assume-se como importante
gerador de riqueza, como fenómeno capaz de contribuir para o
desenvolvimento de economias deprimidas, nomeadamente através do
aproveitamento de recursos endógenos. [39]
São inegáveis os benefícios do turismo rural a nível demográfico e cultural, já
que possibilitam a fixação da população mais jovem pela criação de novos
empregos, e permitem o desenvolvimento numa perspetiva de preservação do
património local, em que se incluem a criação de infraestruturas de animação.
[39]
Além disso, há que considerar, que os percursos pedestres sinalizados
constituem ferramentas úteis para a conservação do património, no entanto
para que assumam essa finalidade necessitam obrigatoriamente de
planeamento, ordenamento e de controlo. [39]
Existem nove princípios que resumem os principais elementos de gestão do
turismo sustentável de natureza em áreas protegidas [44, 61]:
53. Revisão de Literatura
41
1. Os valores naturais devem ser preservados e todas as atividades devem
promover a conservação da natureza.
2. O ambiente deve ser submetido a pouca pressão, quanto possível. Todo
esforço deve ser feito para evitar danos e perturbações; nenhum vestígio
de visitantes deve ser deixado para trás; as emissões e fontes de
energia renováveis devem ser minimizadas.
3. Tradições locais, culturas e comunidades devem ser respeitados. Os
visitantes são incentivados a aprender sobre as comunidades e culturas
da região.
4. Os visitantes devem aumentar a sua compreensão e apreciação da
natureza e das culturas. As informações devem estar disponíveis antes
da visita, sendo que as informações disponíveis no momento da
chegada devem ser transmitidas através de guias bem treinados,
transmitindo, estes, informações de interpretação facilmente acessível e
atraente.
5. Devem ser proporcionadas as melhores condições aos visitantes, quer a
nível de equipamento, instalações ou atividades para que estes possam
desfrutar da paz e da tranquilidade, bem como de atividades guiadas,
instalações e serviços desenvolvidos em cooperação com empresas
locais.
6. Os visitantes devem ser encorajados a desfrutar de recreação, tanto
física e mental.
7. Economias locais e do emprego deve ser promovido. As empresas
locais devem ser usadas sempre que possível, o emprego dado a
população local é uma prioridade.
8. O material publicitário deve ser produzido de forma responsável e com
cuidado. A informação deve ser confiável e atualizada; publicidade é
feita abertamente e de forma interpretativa e não funciona contra a
conservação da natureza.
9. Atividades devem ser planejadas e organizadas de forma cooperativa.
Opiniões do visitante são importantes; formação organizada com as
54. Revisão de Literatura
42
empresas locais; todas as partes envolvidas devem entrar no
planeamento.
2.1Análise da oferta
Existem elementos indispensáveis que devemos ter em conta na oferta turística
local sendo eles os fatores naturais, fatores socioeconómicos, estrutura sócio
demográfica, estrutura político-administrativa, infraestruturas e serviços
disponíveis, transportes, serviços, fatores culturais, a oferta a nível de desporto
e tempos livres, oferta ligadas à saúde, ofertas de alojamento, ofertas ao nível
da restauração e a existência da possibilidade de organização de conferências.
[33]
Mas na perspetiva de um desenvolvimento local apoiado no turismo, a análise
da oferta deve ir além destes elementos e considerar fatores como a população
local as organizações turísticas e a comercialização turística. [33]
Para que exista um desenvolvimento turístico apoiado nas regiões rurais é
necessário que a população local apoie e esteja integrada no projeto, é
necessário existir uma boa organização turística e o comércio local tem de
estar dirigida para os turistas. [33]
População local
• A população está sensibilizada para o turismo?
• Quais são as suas aspirações?
• Como poderá contribuir para o seu desenvolvimento?
• Já existe um plano de desenvolvimento turístico?
• Quem pode desempenhar o papel de “locomotiva” e empreender os
primeiros projetos?
• Quem “faz” a opinião e quais são os “multiplicadores”?
Organizações turísticas locais
• Quais são as organizações turísticas já ativas localmente?
• Quais são as suas competências e campos de atividade?
55. Revisão de Literatura
43
• Quem são as pessoas que lá trabalham? A que título?
• De que orçamento dispõem?
• Quais são as possibilidades de cooperação com esses organismos?
• Quais são as atividades previstas?
Comercialização turística
• Qual é a política seguida quanto à oferta e ao preço?
• Quais são os canais de distribuição utilizados?
• Quais são os instrumentos de comunicação utilizados (publicidade,
relações públicas, vendas)? Quais são as suas qualidades e os seus
defeitos?
• Quais são as estratégias de comercialização previstas?
Existindo um desenvolvimento turístico apoiado há outros elementos
indispensáveis a análise da oferta turística local. Esses elementos
indispensáveis, que deverão ser alvo de um levantamento, são: [33]
• Fatores naturais
• Fatores socioeconómicos
• Infraestruturas e serviços disponíveis
• Fatores culturais
• Oferta de desporto e tempo livre
• Oferta de saúde e curas
• Oferta de alojamento
• Oferta de restauração
• Possibilidade de organização de conferências e seminários
Fatores naturais:
• Situação geográfica e extensão do território
• Situação geológica e condições climáticas
• Planos de água (mar, rios, lagos, etc.)
56. Revisão de Literatura
44
• Paisagens, fauna e flora
Fatores socioeconómicos:
• Estrutura económica (importância dos diversos sectores de atividade,
etc.)
• Estrutura sociodemográfica (pirâmides etárias, saldo migratório,
repartição socioprofissional, etc.)
• Estrutura político-administrativa
Infraestruturas e serviços disponíveis:
• Equipamentos (água, gás, eletricidade, tratamento de resíduos, etc.)
• Transportes (rede rodoviária, ferroviária, transportes coletivos, etc.)
• Serviços (comércios, serviços de saúde, etc.)
Fatores culturais:
• História
• Tradições/produtos artesanais locais
• Configuração dos locais
• Monumentos e curiosidades
• Locais a visitar, visitas com guia
• Distrações, acontecimentos culturais, etc.
Oferta: desporto e tempos livres
• Desportos náuticos, natação
• Aviação
• Equitação
• Passeios pedestres e ciclo turismo
• Desportos de Inverno
• Golfe, pé tanque (jogo de bolas)
• Outras atividades desportivas e de lazer
57. Revisão de Literatura
45
Oferta: saúde e curas
• Termalismo, curas, cuidados de saúde, condição física, desenvolvimento
pessoal
• Terapias diversas, etc.
Oferta: alojamento
• Capacidade global
• Repartição da oferta de camas e de estabelecimentos de alojamento
segundo a capacidade de alojamento
• Repartição da oferta de camas e de estabelecimentos de alojamento
segundo o tipo de alojamento
• Repartição local dos estabelecimentos de alojamento
• Qualidade e tarifas
• Possibilidades de férias na quinta, casas rústicas
• Campismo, caravanismo
• Desenvolvimento da oferta de alojamento
Oferta: restauração
• Capacidade global
• Repartição local dos restaurantes
• Qualidade e preço
Possibilidades de organização de conferências e seminários
• Centro (s) de congressos e de exposições
• Hotel com salas para seminários e os respetivos equipamentos técnicos
Todos estes pontos poderão ser avaliados em pormenor com as fichas que se
encontram em anexo e se destinam a uma recolha de dados sobre todos estes
elementos e fatores permitindo avaliar de uma forma coerente e fiável se uma
região rural contém uma oferta turística sustentável e de boa qualidade.
58. Revisão de Literatura
46
3 Condição física
As atividades de recreação ao ar livre encontram-se no bom caminho para se
tornarem um elemento importante para uma vida saudável e uma solução para
as deficiências de uma vida moderna longe da natureza. Evidências sugerem
que as florestas e áreas de outra natureza ajudam na recuperação das
pessoas que sofrem de stress e fadiga de atenção. Pessoas com necessidades
especiais, como os idosos ou pessoas com deficiência física ou mental, têm,
muitas vezes, benefícios terapêuticos nas atividades desenvolvidas em
ambientes naturais. [61]
A caminhada constitui uma atividade física ideal para iniciar a mudança de
comportamentos requerida para adquirir benefícios de saúde, sendo acessível
a todos os segmentos da comunidade e podendo ser incorporada nas rotinas
diárias como forma de deslocação nos arredores da habitação, de exercício,
para se deslocar de um sítio para o outro por simples prazer. [46]
Segundo Gordon et al. (2004) e comparando com os praticantes regulares de
atividade física, os sedentários tendem a estar mais dependentes dos
percursos pedestres para iniciar e manter a referida atividade, habitualmente a
caminhada, sendo muito sensíveis à segurança e a proximidade dos mesmos
em relação a sua área residencial. [19]
Caminhar é uma atividade física ideal para indivíduos sedentários dada a sua
acessibilidade, a disponibilidade e baixo risco de lesão. Além disso, a
caminhada é uma das atividades físicas mais comuns e preferenciais entre os
adultos. [57]
A atividade física regular está associada a melhoria da saúde através dos
exercícios regulares realizados com mais frequência e por um longo período,
mas com uma intensidade menor para obter benefícios em várias doenças
crónicas, por exemplo, doença cardiovasculares, cancro de cólon, diabetes,
hipertensão, osteoporose, obesidade e controle de peso. [2, 3, 4, 5, 31, 41, 57,
64, 68]
59. Revisão de Literatura
47
A atividade física também ajuda a melhorar a saúde mental, estimula os
músculos, ossos, articulações e ajuda a manter a unção e a preservar a
independência dos idosos. [31, 64]
3.1Dificuldade do trilho
A informação que descreve o trilho deve esclarecer o pedestrianista através de
uma descrição detalhada quer de todo o percurso quer de todo o seu meio
ambiente para que este tenha a oportunidade de escolher qual o trilho se sente
mais a vontade para percorrer de acordo com os seus gostos e/ou capacidades
de forma a poder desfrutar da experiencia e prazeres que um percurso
pedestre pode trazer sem que todo o momento possa ser estragado. [26]
Pode-se argumentar que definir a dificuldade de um trilho é o resultado da
junção de um número de variáveis interdependentes, tais como a relação
topográfica de diferenças de altura, o comprimento do trilho, peso da mochila
do pedestrianista, a velocidade de caminhada, altura acima do nível do mar,
assim como bens intangíveis tais como condições meteorológicas, a forma
física do pedestrianista, a sua saúde e o seu planeamento deficiente do trilho
como a falta de variação ao longo da trilha. Até mesmo o estado emocional do
pedestrianista poderia ter uma influência sobre o seu sentimento de cansaço.
[26]
As lesões traumáticas ao nível do membro inferior, e em especial da
articulação do joelho, são muito frequentes nos utilizadores de percursos de
montanha, justificando a importância da identificação do grau de dificuldade de
cada um dos troços, bem como da análise biomecânica do efeito cumulativo
das cargas a que o pedestrianista está sujeito. [54]
O declive existente em determinados troços pode causar forças internas e/ou
externas suficientemente intensas para originar de imediato uma lesão
traumática ou solicitar um determinado nível de execução motora para a qual o
pedestrianista não está preparado, originando um padrão de caminhar
inadequado. [54]
60. Revisão de Literatura
48
Os pedestrianistas sem experiência, que iniciam o seu contacto com percursos
pedestres devem ser avisados sobre as características da caminhada e devem
seguir primeiro por um trilho considerado fácil, para que possam avaliar a sua
capacidade física individual. [26]
Longos trilhos com declive positivo de difícil caminhada podem ser muito
cansativos e não são propícios para caminhadas agradáveis. As más práticas
por parte dos pedestrianistas nas suas caminhadas nos trilhos levam a grandes
gastos energéticos por parte destes. As subidas muito íngremes no início da
manhã logo no início do trilho não são aconselháveis, assim como é importante
evitar secções difíceis depois do almoço. Estas alterações e adaptações
poderiam ser feitas antes de o trilho ser realmente construídas, sendo que deve
ser planeado todos estes passos antes de construir o trilho. No passado, os
trilhos com uma baixa taxa de ocupação, muitas vezes tiveram de ser
planeados de novo e reconstruída, de forma a melhora-los, tudo com um
elevado custo, e isto após o percurso sofrer uma falta de uso, devido
planeamento com falhas. [26]
A Federação Aragonesa de Montanhismo classifica os percursos pedestres em
três níveis de dificuldade: Fácil, Médio e Alto. [51]
Para aquela Federação, é Fácil o percurso razoável quanto à sua extensão e
desnível, que se realiza por caminhos bem balizados e marcados, não
apresentando quaisquer dificuldades. Por sua vez, apresenta um grau de
dificuldade Médio o percurso que requer uma forma física aceitável. Poderá
atravessar terrenos um pouco acidentados, embora sem apresentar grandes
dificuldades. Por último, alto é o grau de dificuldade dos percursos que obrigam
a uma boa forma física devido à extensão e desnível a superar, sendo
indispensável experiência em atividades de montanha. [51]
Para a Federação Francesa de Pedestrianismo, são quatro os graus de
dificuldade dos percursos: muito fácil, fácil, médio e difícil. [13]
Muito fácil é o grau de dificuldade de um percurso pedestre efetuado em menos
de duas horas de caminhada, num trilho bem balizado. Fácil é o grau de
dificuldade de uma caminhada com menos de três horas de duração sobre
61. Revisão de Literatura
49
caminhos com algumas passagens menos fáceis. Médio é o grau de
dificuldade de uma caminhada com menos de 4 horas de duração, destinado a
pessoas habituadas a caminhar, com alguns desníveis. Por último, Difícil é o
grau de dificuldade de uma caminhada com mais de quatro horas de marcha,
com um itinerário longo e/ou difícil (desnivelado e com passagens delicadas).
[13]
Todas as ações ou atividades humanas exigem a utilização de energia. Quanto
mais difícil é um trilho, mais energia o pedestrianista irá necessitar para
concluí-lo e mais cansado estará no final. O desafio consiste em medir a
dificuldade do trilho e portanto, ser capaz de prever a quantidade de energia
necessária para completar a caminhada. A dificuldade do trilho, no entanto, não
deve apenas ser determinada em função da pista na sua totalidade. [26]
Esta determinação do grau de dificuldade deve contemplar o consumo de
energia por parte do pedestrianista ou a frequência cardíaca deste durante o
percurso.
3.2Dispêndio energético consumo de oxigénio
Sendo a definição de atividade física “qualquer movimento corporal realizado
pelos músculos esqueléticos do qual resulta em gasto energético, enquanto o
exercício físico é entendido como uma forma de atividade física planeada,
estruturada, repetitiva, realizada com o propósito de melhorar uma ou mais
componentes da aptidão física, isto é a composição corporal, a aptidão
muscular (força e resistência musculares e flexibilidade) ou a aptidão aeróbia
(Casperson et al, 1985) ”, podemos afirmar que quando realizamos um
percurso pedestre, com o objetivo de nos deslocarmos de um local para o
outro, estamos a praticar atividade física. Mas se realizarmos o percurso
pedestre com o objetivo de atingir determinados níveis de intensidade, duração
e frequência, para controlar os nossos níveis de adiposidade, então estamos a
realizar exercício físico. [47]
De acordo com o quadro 2, a atividade física possui vários níveis de
intensidade associados (muito leve, leve, moderada, vigorosa, muito vigorosa e
maximal), classificados em função da percentagem do consumo de oxigénio de