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NOTA CIENTÍFICA
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007
Introdução
O Parque Estadual Paulo Cezar Vinha, localizado em
Setiba, Guarapari/ES, representa um dos mais
importantes fragmentos de restinga do litoral capixaba,
caracterizado por superfícies baixas e levemente
onduladas com declive rumo ao mar [1] e uma vegetação
que compreende 12 formações bem estruturadas [2],
seguindo um gradiente de distribuição e abundância de
espécies no sentido da praia para o interior do continente
[3].
A distribuição de formações ou zonas em ambientes
costeiros tem sido atribuída à salinidade [4], entretanto,
de acordo com Vince & Snow [5], as relações
nutricionais do substrato são grandes limitantes da
composição florística de ambientes costeiro, e por essa
razão, altamente determinantes da zonação.
Na restinga de Setiba, Canavalia rosea está
exclusivamente situada na formação Psamófila-reptante,
enquanto que Passiflora mucronata e Passiflora edulis
encontram-se na formação palmae e mata seca,
respectivamente [6]. Sabendo que um gradiente de
fertilidade do solo é sugerido para o substrato da
restinga, a presença de P. edulis, P mucronata e de C.
rosea poderia ser explicada pela existência de substratos
de maior e menor fertilidade, bem como as diferentes
exigências nutricionais existentes entre as espécies.
Desse modo, foi realizado este trabalho tendo como
objetivo principal investigar o efeito da disponibilidade
de nutrientes no crescimento inicial de P. edulis, C.
rosea e P. mucronata.
Material e métodos
Material vegetal e condições de crescimento
Frutos de P. edulis, P. mucronata e C. rosea foram
coletados no Parque Estadual Paulo César Vinha,
localizado em Setiba, Guarapari/ES. Após a germinação
das sementes em vermiculita, plantas com
aproximadamente 30 dias de idade foram transplantadas
para vasos (3L) com drenos, contendo areia lavada como
substrato de cultivo. O experimento se deu em condições
de temperatura e fotoperíodo em casa de vegetação, sob
a qual as plantas foram tratadas com solução nutritiva de
Hoagland & Arnon [7] em 20%, 100% e 200% de sua
força iônica, com pH ajustado para 5,5-6,0.
A metodologia de aplicação das soluções nutritivas foi
baseada em Cuzzuol et al [8], de maneira que foi
administrado semanalmente 50ml de solução nutritiva
por vaso, intercaladas com água destilada, quando
necessário, para impedir a dessecação das plantas.
Mensalmente os vasos foram encharcados com água
destilada para promover a lixiviação dos sais, evitando
assim a salinização excessiva. As coletas foram
realizadas aos 30, 60 e 90 dias, para as medidas de
crescimento (n=7).
B. Análise de crescimento
Foram tomadas medidas de altura, matéria fresca e
seca dos órgãos aéreos e raiz, número de folhas e área
foliar total. A massa seca foi determinada após secagem
em estufa a 60 ºC até a obtenção da massa constante. As
taxas de crescimento foram calculadas de acordo com
Hunt [9]. Com os dados de matéria seca da parte aérea e
da raiz foi determinada a razão raiz/ parte aérea. A área
foliar foi calculada através do programa computacional
cvision, desenvolvido na Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES).
C. Coleta e análise de solo
Foram coletadas cinco amostras do solo nas formações
psamófila-reptante e Palmae, sendo que cada amostra era
constituída de cinco sub-amostras que foram reunidas.
As análises físico-químicas dos solos foram realizadas no
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (INCAPER) situado em Linhares/ES.
Resultados
A. Análise de crescimento
De modo geral, plantas de P. edulis e P. mucronata
responderam à aplicação de solução nutritiva, obtendo
um melhor desempenho em soluções mais enriquecidas.
Entretanto, para plantas de Canavalia rosea o mesmo
não ocorreu, tendo em vista que melhor desempenho foi
encontrado em plantas submetidas a baixas
concentrações de nutrientes.
Ao analisar os resultados apresentados na tabela 1,
percebe-se que os efeitos das soluções nutritivas sobre a
massa seca de P. edulis e P. mucronata, seguiram um
comportamento bastante similar, obtendo um maior
incremento de biomassa quando tratadas com soluções
mais enriquecidas. Por outro lado, C. rosea seguiu um
A Disponibilidade de Nutrientes Como fator de
Zonação em Plantas de Restinga
Jehová Lourenço Junior1
, Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol2
,
Pollyana Lima Peterle3
e Magda dos Santos Rocci3
________________
1. Aluno do Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES,
CEP. 29075-910. E-mail: jehovajr@yahoo.com.br.
2. Professor Adjunto do Departamento de Biologia, Setor de Botânica, Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória,
ES, CEP. 29075-910.
3. Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES, CEP. 29075-910.
Apoio financeiro: PETROBRAS.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007
895
comportamento oposto ao apresentado pelas demais
espécies, tendo em vista que a oferta de nutrientes além
de não promover um melhor crescimento, pareceu
interferir negativamente no incremento de biomassa,
sobretudo da raiz que teve o maior valor registrado para
plantas tratadas com solução de Hoagland a 20% de
força iônica.
Por essa razão, o maior valor de razão R:Pa
apresentado por C. rosea se deu também na concentração
mais baixa de nutrientes, demonstrando a importância do
investimento no sistema radicular para o crescimento
dessa espécie. Para P. edulis e P. mucronata, o aumento
da razão R:Pa também esteve relacionado com a redução
da disponibilidade de nutrientes, entretanto, a menor
oferta nutricional foi acompanhada de uma queda em
todos os parâmetros de crescimento.
A alocação, que representa o valor fracionado do
órgão em relação à planta, mostrou que soluções mais
pobres em nutrientes minerais tiveram maior incremento
de biomassa radicular (figura 1), confirmando os
resultados anteriormente apresentados.
B. Análise de solo
Os resultados obtidos das análises de solo (tabela 2)
revelaram que as formações vegetais em estudo possuem
características físico-químicas bastante específicas,
sobretudo no que diz respeito às características
nutricionais, tais como: teor de matéria orgânica (MO),
soma de bases trocáveis (SB) e saturação de bases (V),
porém as formações exibiram uma mesma quantidade de
teor de sódio (Na), não diferindo estatisticamente.
Discussão
O efeito negativo da oferta de nutrientes, a baixa ou
até mesmo a ausência de resposta de plantas nativas pode
refletir o nível de adaptação dessas espécies ao ambiente
de origem. Neste contexto, segundo Ernest [10], o
posicionamento de uma espécie num ambiente
oligotrófico depende em grande parte de suas estratégias
adaptativas.
Plantas de C. rosea tratadas com solução mais pobre,
apresentaram melhor crescimento radicular que refletiu
na maior razão raiz/parte aérea demonstrando uma
eficiente estratégia adaptativa em ambientes
oligotróficos.
Levine, Brewer & Bertness [11] correlacionaram a
maior eficiência na utilização de nutrientes com as
interações competitivas de espécies perenes de uma zona
de praia discreta da Nova Inglaterra. Os resultados
revelaram que sob condições de limitação nutricional, a
dominância competitiva resultaria da eficiência na
competição por nutrientes, o que desencadearia no
posicionamento das espécies de acordo com as regiões
de maior ou menor fertilidade.
Desse modo, tem sido sugerida a existência de uma
hierarquia competitiva nutriente-dependente em plantas
de ambientes oligotróficos que, segundo Emery,
Ewanchuk & Bertness [12], seria direcionada pela
habilidade das plantas em competir abaixo da terra
quando em condições de escassez de nutrientes e acima
da terra quando em condições de maiores níveis de
nutrientes.
Esses relatos sustentam a hipótese de que P. edulis e
P. mucronata estariam mais aptas a competir por sítios
de maior fertilidade do que C. rosea, tendo em vista seu
melhor desenvolvimento, principalmente dos órgãos
aéreos, quando as plantas foram cultivadas em maiores
níveis de nutrientes.
Pelo exposto, torna-se perceptível a influência da
disponibilidade de nutrientes no posicionamento das
espécies de ambientes oligotróficos como o de restinga.
Este fato vai ao encontro de pesquisas recentes que
apontam [...] “a sucessão e a alta diversidade na restinga
como dependentes da exposição a fatores edáficos, e
talvez a uma crítica massa de vegetação requerida para
estabelecer as relações nutricionais do sistema”, Reinert
et al [13].
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal
da UFES pelo suporte científico, ao laboratório de
análise de solo da INCAPER e à Petrobrás pelo apoio
financeiro.
Referências
[1] SUGUIO, K.; MARTIN, L. Geomorfologia das restingas. In:
Anais do Simpósio de Ecossistema da Costa Sul e Sudeste
Brasileira: Estrutura, Função e Manejo, 2, 1990, Águas de
Lindóia. São Paulo: ACIESP (org.), 3; 185-205.
[2] PEREIRA, O.J. 1990. Caracterização Fitofisionômica da Restinga
de Setiba, Guarapari, ES. In: Anais do Simpósio de Ecossistema
da Costa Sul e Sudeste Brasileira: Estrutura, Função e Manejo, 2,
1990, Águas de Lindóia. São Paulo: ACIESP (org.), 3: 207–220.
[3] ASSIS, A. M., PEREIRA, O. J. & THOMAZ, E. D. 2004.
Fitossociologia de uma floresta de restinga no Parque Estadual
Paulo Cezar Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). Revista
Brasileira de Botânica. 27(2): 349-361
[4] JEFFERIES, R.L. & DAVY, A.J. 1979. Ecological Processes in
coastal environments. Oxford: Blackwell Scientific Publications.
[5] VINCE, S.W.; SNOW, A. 1984. Plant zonation in an Alaskan salt
marsh: II. An experimental study of the role of edaphic
conditions. Journal of Ecology. 72(1): 669–684.
[6] PEREIRA, O. J.; ARAÚJO, D. S. D. 2000. Análise Florística das
Restingas dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. In:
ESTEVES, F. de A. e Lacerda, L. D. de (org). Ecologia de
Restingas e Lagoas Costeiras. Macaé: NUPEM/UFRJ, 25-63.
[7] HOAGLAND, D. R. & ARNON, D. I. 1938. The water-culture
method for growing plants without soil. California Agricultural
Experimental Station. Circ. n. 347.
[8] CUZZUOL, G. R. F.; CARVALHO, A. M. C.; ZAIDAN, L. B. P.
2005. Soluções nutritivas para o cultivo e produção de frutanos
em plantas de Vernonia herbacea. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, 40(9): 911-917.
[9] HUNT, R. 1982. Plant growth curves: The functional approach to
plant growth analysis. Edward Arnold Publishers, London.
[10] ERNEST, W.H.O. 1983. Okologische Anpassungsstretegien an
Bodenfaktoren. Ber. Dstch. Bot. Ges. [ S.l.], 96: 49-71.
[11] LEVINE, J.M.; BREWER, J.S. & BERTNESS, M.D. 1998.
Nutrients, competition and plant zonation in a New England salt
marsh. Journal of Ecology. 86: 285-292.
[12] EMERY, N.C.; EWANCHUK, P.J. & BERTNESS M.D. 2001.
Competiiton and salt-marsh plant zonation: Stress tolerators may
be dominant competitors. Ecology. 82(9): 2471-2485.
[13] REINERT, F.; ROBERTS, A.; WILSON, J.M.; deRIBAS, L.;
CARDINOT, G. & GRIFFITH, H. 1997. Gradation in nutrient
composition and photosynthetic pathway across the restinga
vegetation of Brazil. Acta Botânica. 110(2): 135-142.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007
896
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros de crescimento de plantas tratadas com solução de Hoagland & Arnon, aos 90 dias de
cultivo, onde MSR = massa seca da raiz, MSC = massa seca do caule, MSF = massa seca da folha, MSPa = massa seca da parte
aérea, MST = massa seca total, R:Pa = razão raiz:parte aérea. Letras distintas referem-se às diferenças significativas encontradas
entre os tratamentos, pelo teste de Duncan a 5% de significância (n=7). O teste estatístico foi precedido por ANOVA.
Espécies Família
Solução
Hoagland
Caule
(cm)
Nº de
folhas
MSR (g) MSC (g) MSF (g)
MSPa
(g)
MST (g) R:Pa
20% 154,71a 65,57a 5,62b 4,66a 8,27a 12,93a 18,55b 0,43b
100% 171,43a 51,71b 3,36a 4,74a 6,18b 10,92a 14,28a 0,31a
Canavalia
rosea
Fabaceae
200% 166,43a 63,28a 3,39a 4,31a 7,88a 12,20a 15,59a 0,27a
20% 68,66b 16a 0,29a 0,32b 0,47c 0,79b 1,08c 0,36a
100% 124,0a 17,6a 0,85a 0,99a 1,36b 2,35a 3,20b 0,36a
Passiflora
mucronata
Passifloraceae
200% 138,86a 28,6a 0,84a 1,36a 2,00a 3,36a 4,20a 0,25b
20% 15,3b 9,14b 0,37b 0,41c 0,43c 0,64c 1,01c 0,59b
100% 46,33b 13,85a 0,67a 0,68b 1,14b 1,82b 2,49b 0,37a
Passiflora
edulis
Passifloraceae
200% 88,10a 15,43a 0,67a 1,24a 1,65a 2,89a 3,56a 0,25a
Tabela 2. Valores dos parâmetros físico-químicos da rizosfera de Passiflora mucronata e Canavalia rosea presentes
respectivamente na formação palmae e psamófila-reptante da restinga do parque estadual Paulo Cezar Vinha, Guarapari/ES. Letras
distintas referem-se às diferenças significativas encontradas pelo teste de Duncan a 5% de significância (n=5). Os valores que
seguem as médias representam o desvio padrão e o CV representa o coeficiente de variação. Na = sódio, ISNa = índice de saturação
de sódio, MO = matéria orgânica, SB = soma de bases trocáveis, T = capacidade de troca catiônica total, V = percentagem de
saturação de bases, m = índice de saturação de alumínio. Os índices analíticos estão baseados nos valores adotados pelo laboratório
de análise de solos da Incaper, Linhares/ES.
Figura 1. Efeito da solução nutritiva de Hoagland e Arnon na alocação de massa seca em raiz, caule e folhas de plantas de P. mucronata (esquerda),
P. edulis (centro) e C. rosea (direita) aos 90 dias de cultivo.
CV Índices analíticosParâmetros
analisados
Formação palmae
Formação psamófila-
reptante (%) Baixo Médio Alto
PH 8,04 ± 0,054 b 8,52 ± 0,21 a 1,9 5,0 a 5,5 7,0 ≥7,8
Na (mg/dm³) 32,2 ± 4,22 ns 28,8 ± 1,3 ns 10,2 - - -
ISNa (%) 1,76 ± 0,95 b 7,54 ± 1,22 a 23,6 < 1,0 1,0 a 15,0 > 15,0
MO (g/dm³) 107,32 ± 47,78 a 23,68 ± 16,22 b 52,4 <15 15 a 30 30 a 45
SB 9,28 ± 3,33 a 1,7 ± 0,33 b 43,1 < 2,5 2,5 a 5,0 5,0 a 7,5
T (cmolc/dm³) 9,99 ± 3,33 a 2,31 ± 0,33 b 38,8 < 5,0 5,0 a 10 10 a 15
V (%) 91,84 ± 4,04 a 73,22 ± 3,32 b 4,5 25 a 50 50 a 70 70 a 90
m (%) 0 0 0 < 15 16 a 35 35 a 50
0
0,1
0,2
0,3
0,4
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raiz caule folha
g/gMMS
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A disponibilidade de nutrientes como fator de Zonação em Plantas de restinga

  • 1. NOTA CIENTÍFICA Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007 Introdução O Parque Estadual Paulo Cezar Vinha, localizado em Setiba, Guarapari/ES, representa um dos mais importantes fragmentos de restinga do litoral capixaba, caracterizado por superfícies baixas e levemente onduladas com declive rumo ao mar [1] e uma vegetação que compreende 12 formações bem estruturadas [2], seguindo um gradiente de distribuição e abundância de espécies no sentido da praia para o interior do continente [3]. A distribuição de formações ou zonas em ambientes costeiros tem sido atribuída à salinidade [4], entretanto, de acordo com Vince & Snow [5], as relações nutricionais do substrato são grandes limitantes da composição florística de ambientes costeiro, e por essa razão, altamente determinantes da zonação. Na restinga de Setiba, Canavalia rosea está exclusivamente situada na formação Psamófila-reptante, enquanto que Passiflora mucronata e Passiflora edulis encontram-se na formação palmae e mata seca, respectivamente [6]. Sabendo que um gradiente de fertilidade do solo é sugerido para o substrato da restinga, a presença de P. edulis, P mucronata e de C. rosea poderia ser explicada pela existência de substratos de maior e menor fertilidade, bem como as diferentes exigências nutricionais existentes entre as espécies. Desse modo, foi realizado este trabalho tendo como objetivo principal investigar o efeito da disponibilidade de nutrientes no crescimento inicial de P. edulis, C. rosea e P. mucronata. Material e métodos Material vegetal e condições de crescimento Frutos de P. edulis, P. mucronata e C. rosea foram coletados no Parque Estadual Paulo César Vinha, localizado em Setiba, Guarapari/ES. Após a germinação das sementes em vermiculita, plantas com aproximadamente 30 dias de idade foram transplantadas para vasos (3L) com drenos, contendo areia lavada como substrato de cultivo. O experimento se deu em condições de temperatura e fotoperíodo em casa de vegetação, sob a qual as plantas foram tratadas com solução nutritiva de Hoagland & Arnon [7] em 20%, 100% e 200% de sua força iônica, com pH ajustado para 5,5-6,0. A metodologia de aplicação das soluções nutritivas foi baseada em Cuzzuol et al [8], de maneira que foi administrado semanalmente 50ml de solução nutritiva por vaso, intercaladas com água destilada, quando necessário, para impedir a dessecação das plantas. Mensalmente os vasos foram encharcados com água destilada para promover a lixiviação dos sais, evitando assim a salinização excessiva. As coletas foram realizadas aos 30, 60 e 90 dias, para as medidas de crescimento (n=7). B. Análise de crescimento Foram tomadas medidas de altura, matéria fresca e seca dos órgãos aéreos e raiz, número de folhas e área foliar total. A massa seca foi determinada após secagem em estufa a 60 ºC até a obtenção da massa constante. As taxas de crescimento foram calculadas de acordo com Hunt [9]. Com os dados de matéria seca da parte aérea e da raiz foi determinada a razão raiz/ parte aérea. A área foliar foi calculada através do programa computacional cvision, desenvolvido na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). C. Coleta e análise de solo Foram coletadas cinco amostras do solo nas formações psamófila-reptante e Palmae, sendo que cada amostra era constituída de cinco sub-amostras que foram reunidas. As análises físico-químicas dos solos foram realizadas no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) situado em Linhares/ES. Resultados A. Análise de crescimento De modo geral, plantas de P. edulis e P. mucronata responderam à aplicação de solução nutritiva, obtendo um melhor desempenho em soluções mais enriquecidas. Entretanto, para plantas de Canavalia rosea o mesmo não ocorreu, tendo em vista que melhor desempenho foi encontrado em plantas submetidas a baixas concentrações de nutrientes. Ao analisar os resultados apresentados na tabela 1, percebe-se que os efeitos das soluções nutritivas sobre a massa seca de P. edulis e P. mucronata, seguiram um comportamento bastante similar, obtendo um maior incremento de biomassa quando tratadas com soluções mais enriquecidas. Por outro lado, C. rosea seguiu um A Disponibilidade de Nutrientes Como fator de Zonação em Plantas de Restinga Jehová Lourenço Junior1 , Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol2 , Pollyana Lima Peterle3 e Magda dos Santos Rocci3 ________________ 1. Aluno do Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES, CEP. 29075-910. E-mail: jehovajr@yahoo.com.br. 2. Professor Adjunto do Departamento de Biologia, Setor de Botânica, Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES, CEP. 29075-910. 3. Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES, CEP. 29075-910. Apoio financeiro: PETROBRAS.
  • 2. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007 895 comportamento oposto ao apresentado pelas demais espécies, tendo em vista que a oferta de nutrientes além de não promover um melhor crescimento, pareceu interferir negativamente no incremento de biomassa, sobretudo da raiz que teve o maior valor registrado para plantas tratadas com solução de Hoagland a 20% de força iônica. Por essa razão, o maior valor de razão R:Pa apresentado por C. rosea se deu também na concentração mais baixa de nutrientes, demonstrando a importância do investimento no sistema radicular para o crescimento dessa espécie. Para P. edulis e P. mucronata, o aumento da razão R:Pa também esteve relacionado com a redução da disponibilidade de nutrientes, entretanto, a menor oferta nutricional foi acompanhada de uma queda em todos os parâmetros de crescimento. A alocação, que representa o valor fracionado do órgão em relação à planta, mostrou que soluções mais pobres em nutrientes minerais tiveram maior incremento de biomassa radicular (figura 1), confirmando os resultados anteriormente apresentados. B. Análise de solo Os resultados obtidos das análises de solo (tabela 2) revelaram que as formações vegetais em estudo possuem características físico-químicas bastante específicas, sobretudo no que diz respeito às características nutricionais, tais como: teor de matéria orgânica (MO), soma de bases trocáveis (SB) e saturação de bases (V), porém as formações exibiram uma mesma quantidade de teor de sódio (Na), não diferindo estatisticamente. Discussão O efeito negativo da oferta de nutrientes, a baixa ou até mesmo a ausência de resposta de plantas nativas pode refletir o nível de adaptação dessas espécies ao ambiente de origem. Neste contexto, segundo Ernest [10], o posicionamento de uma espécie num ambiente oligotrófico depende em grande parte de suas estratégias adaptativas. Plantas de C. rosea tratadas com solução mais pobre, apresentaram melhor crescimento radicular que refletiu na maior razão raiz/parte aérea demonstrando uma eficiente estratégia adaptativa em ambientes oligotróficos. Levine, Brewer & Bertness [11] correlacionaram a maior eficiência na utilização de nutrientes com as interações competitivas de espécies perenes de uma zona de praia discreta da Nova Inglaterra. Os resultados revelaram que sob condições de limitação nutricional, a dominância competitiva resultaria da eficiência na competição por nutrientes, o que desencadearia no posicionamento das espécies de acordo com as regiões de maior ou menor fertilidade. Desse modo, tem sido sugerida a existência de uma hierarquia competitiva nutriente-dependente em plantas de ambientes oligotróficos que, segundo Emery, Ewanchuk & Bertness [12], seria direcionada pela habilidade das plantas em competir abaixo da terra quando em condições de escassez de nutrientes e acima da terra quando em condições de maiores níveis de nutrientes. Esses relatos sustentam a hipótese de que P. edulis e P. mucronata estariam mais aptas a competir por sítios de maior fertilidade do que C. rosea, tendo em vista seu melhor desenvolvimento, principalmente dos órgãos aéreos, quando as plantas foram cultivadas em maiores níveis de nutrientes. Pelo exposto, torna-se perceptível a influência da disponibilidade de nutrientes no posicionamento das espécies de ambientes oligotróficos como o de restinga. Este fato vai ao encontro de pesquisas recentes que apontam [...] “a sucessão e a alta diversidade na restinga como dependentes da exposição a fatores edáficos, e talvez a uma crítica massa de vegetação requerida para estabelecer as relações nutricionais do sistema”, Reinert et al [13]. Agradecimentos Ao Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da UFES pelo suporte científico, ao laboratório de análise de solo da INCAPER e à Petrobrás pelo apoio financeiro. Referências [1] SUGUIO, K.; MARTIN, L. Geomorfologia das restingas. In: Anais do Simpósio de Ecossistema da Costa Sul e Sudeste Brasileira: Estrutura, Função e Manejo, 2, 1990, Águas de Lindóia. São Paulo: ACIESP (org.), 3; 185-205. [2] PEREIRA, O.J. 1990. Caracterização Fitofisionômica da Restinga de Setiba, Guarapari, ES. In: Anais do Simpósio de Ecossistema da Costa Sul e Sudeste Brasileira: Estrutura, Função e Manejo, 2, 1990, Águas de Lindóia. São Paulo: ACIESP (org.), 3: 207–220. [3] ASSIS, A. M., PEREIRA, O. J. & THOMAZ, E. D. 2004. Fitossociologia de uma floresta de restinga no Parque Estadual Paulo Cezar Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). Revista Brasileira de Botânica. 27(2): 349-361 [4] JEFFERIES, R.L. & DAVY, A.J. 1979. Ecological Processes in coastal environments. Oxford: Blackwell Scientific Publications. [5] VINCE, S.W.; SNOW, A. 1984. Plant zonation in an Alaskan salt marsh: II. An experimental study of the role of edaphic conditions. Journal of Ecology. 72(1): 669–684. [6] PEREIRA, O. J.; ARAÚJO, D. S. D. 2000. Análise Florística das Restingas dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. In: ESTEVES, F. de A. e Lacerda, L. D. de (org). Ecologia de Restingas e Lagoas Costeiras. Macaé: NUPEM/UFRJ, 25-63. [7] HOAGLAND, D. R. & ARNON, D. I. 1938. The water-culture method for growing plants without soil. California Agricultural Experimental Station. Circ. n. 347. [8] CUZZUOL, G. R. F.; CARVALHO, A. M. C.; ZAIDAN, L. B. P. 2005. Soluções nutritivas para o cultivo e produção de frutanos em plantas de Vernonia herbacea. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 40(9): 911-917. [9] HUNT, R. 1982. Plant growth curves: The functional approach to plant growth analysis. Edward Arnold Publishers, London. [10] ERNEST, W.H.O. 1983. Okologische Anpassungsstretegien an Bodenfaktoren. Ber. Dstch. Bot. Ges. [ S.l.], 96: 49-71. [11] LEVINE, J.M.; BREWER, J.S. & BERTNESS, M.D. 1998. Nutrients, competition and plant zonation in a New England salt marsh. Journal of Ecology. 86: 285-292. [12] EMERY, N.C.; EWANCHUK, P.J. & BERTNESS M.D. 2001. Competiiton and salt-marsh plant zonation: Stress tolerators may be dominant competitors. Ecology. 82(9): 2471-2485. [13] REINERT, F.; ROBERTS, A.; WILSON, J.M.; deRIBAS, L.; CARDINOT, G. & GRIFFITH, H. 1997. Gradation in nutrient composition and photosynthetic pathway across the restinga vegetation of Brazil. Acta Botânica. 110(2): 135-142.
  • 3. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 894-896, jul. 2007 896 Tabela 1. Valores médios dos parâmetros de crescimento de plantas tratadas com solução de Hoagland & Arnon, aos 90 dias de cultivo, onde MSR = massa seca da raiz, MSC = massa seca do caule, MSF = massa seca da folha, MSPa = massa seca da parte aérea, MST = massa seca total, R:Pa = razão raiz:parte aérea. Letras distintas referem-se às diferenças significativas encontradas entre os tratamentos, pelo teste de Duncan a 5% de significância (n=7). O teste estatístico foi precedido por ANOVA. Espécies Família Solução Hoagland Caule (cm) Nº de folhas MSR (g) MSC (g) MSF (g) MSPa (g) MST (g) R:Pa 20% 154,71a 65,57a 5,62b 4,66a 8,27a 12,93a 18,55b 0,43b 100% 171,43a 51,71b 3,36a 4,74a 6,18b 10,92a 14,28a 0,31a Canavalia rosea Fabaceae 200% 166,43a 63,28a 3,39a 4,31a 7,88a 12,20a 15,59a 0,27a 20% 68,66b 16a 0,29a 0,32b 0,47c 0,79b 1,08c 0,36a 100% 124,0a 17,6a 0,85a 0,99a 1,36b 2,35a 3,20b 0,36a Passiflora mucronata Passifloraceae 200% 138,86a 28,6a 0,84a 1,36a 2,00a 3,36a 4,20a 0,25b 20% 15,3b 9,14b 0,37b 0,41c 0,43c 0,64c 1,01c 0,59b 100% 46,33b 13,85a 0,67a 0,68b 1,14b 1,82b 2,49b 0,37a Passiflora edulis Passifloraceae 200% 88,10a 15,43a 0,67a 1,24a 1,65a 2,89a 3,56a 0,25a Tabela 2. Valores dos parâmetros físico-químicos da rizosfera de Passiflora mucronata e Canavalia rosea presentes respectivamente na formação palmae e psamófila-reptante da restinga do parque estadual Paulo Cezar Vinha, Guarapari/ES. Letras distintas referem-se às diferenças significativas encontradas pelo teste de Duncan a 5% de significância (n=5). Os valores que seguem as médias representam o desvio padrão e o CV representa o coeficiente de variação. Na = sódio, ISNa = índice de saturação de sódio, MO = matéria orgânica, SB = soma de bases trocáveis, T = capacidade de troca catiônica total, V = percentagem de saturação de bases, m = índice de saturação de alumínio. Os índices analíticos estão baseados nos valores adotados pelo laboratório de análise de solos da Incaper, Linhares/ES. Figura 1. Efeito da solução nutritiva de Hoagland e Arnon na alocação de massa seca em raiz, caule e folhas de plantas de P. mucronata (esquerda), P. edulis (centro) e C. rosea (direita) aos 90 dias de cultivo. CV Índices analíticosParâmetros analisados Formação palmae Formação psamófila- reptante (%) Baixo Médio Alto PH 8,04 ± 0,054 b 8,52 ± 0,21 a 1,9 5,0 a 5,5 7,0 ≥7,8 Na (mg/dm³) 32,2 ± 4,22 ns 28,8 ± 1,3 ns 10,2 - - - ISNa (%) 1,76 ± 0,95 b 7,54 ± 1,22 a 23,6 < 1,0 1,0 a 15,0 > 15,0 MO (g/dm³) 107,32 ± 47,78 a 23,68 ± 16,22 b 52,4 <15 15 a 30 30 a 45 SB 9,28 ± 3,33 a 1,7 ± 0,33 b 43,1 < 2,5 2,5 a 5,0 5,0 a 7,5 T (cmolc/dm³) 9,99 ± 3,33 a 2,31 ± 0,33 b 38,8 < 5,0 5,0 a 10 10 a 15 V (%) 91,84 ± 4,04 a 73,22 ± 3,32 b 4,5 25 a 50 50 a 70 70 a 90 m (%) 0 0 0 < 15 16 a 35 35 a 50 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 raiz caule folha g/gMMS raíz caule folha 20% 100% 200% raíz caule folha