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Notas do Curso de SMA-343 - Espa¸cos M´etricos
Prof. Wagner Vieira Leite Nunes
S˜ao Carlos 2.o semestre de 2008
2
Sum´ario
1 Introdu¸c˜ao 5
2 Espa¸cos M´etricos 7
2.1 Defini¸c˜oes b´asicas e exemplos de espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Bolas abertas, bolas fechadas e esferas em espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . 21
2.3 Subconjuntos limitados de um espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Distˆancia de um ponto a um subconjunto em um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . 41
2.5 Distˆancia entre dois subconjuntos de um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . 46
2.6 Imers˜oes isom´etricas e isometrias entre espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . 47
3 Fun¸c˜oes Cont´ınuas Definidas em Espa¸cos M´etricos 53
3.1 Defini¸c˜ao de fun¸c˜ao cont´ınua em espa¸cos m´etricos e exemplos . . . . . . . . . . . 53
3.2 Propriedades elementares de fun¸c˜oes cont´ınuas entre espa¸cos m´etricos . . . . . . 64
3.3 Homeomorfismos entre espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.4 M´etricas equivalentes em um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.5 Transforma¸c˜oes lineares e multilineares definidas em espa¸cos vetoriais normados . 100
4 Conjuntos Abertos, Fechados - Espa¸cos Topol´ogicos 115
4.1 Conjuntos abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.2 Rela¸c˜oes entre conjuntos abertos e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
4.3 Espa¸cos topol´ogicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
4.4 Conjuntos fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5 Conjuntos Conexos 165
5.1 Defini¸c˜oes e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
5.2 Propriedades gerais de conjuntos conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
5.3 Conex˜ao por caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
5.4 Componentes conexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
6 Limites 213
6.1 Limites de sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
6.2 Sequˆencias de n´umeros reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
6.3 S´eries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
6.4 Convergˆencia e topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
6.5 Sequˆencias de fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
6.6 Produtos cartesianos infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
6.7 Limites de fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
3
4 SUM ´ARIO
7 Continuidade Uniforme de Fun¸c˜oes em Espa¸cos M´etricos 253
8 Espa¸cos M´etricos Completos 263
8.1 Sequˆencias de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
8.2 Espa¸cos m´etricos completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268
8.3 Espa¸cos de Banach e espa¸cos de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
8.4 Extens˜ao de fun¸c˜oes cont´ınuas ou uniformemente cont´ınuas . . . . . . . . . . . . 281
8.5 Completamente de um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285
8.6 Espa¸co m´etricos topologicamente completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
8.7 O teorema de Baire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
8.8 M´etodo das aproxima¸c˜oes sucessivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306
9 Bibliografia 315
Cap´ıtulo 1
Introdu¸c˜ao
Este trabalho poder´a servir como notas de aula para cursos cujas ementas tratam de espa¸cos
m´etricos.
Ser˜ao exibidos todos os conceitos relacionados com o conte´udo acima, bem como propriedades
e aplica¸c˜oes dos mesmos.
As referˆencias ao final das notas poder˜ao servir como material importante para o conte´udo
aqui desenvolvido.
5
6 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO
Cap´ıtulo 2
Espa¸cos M´etricos
5.08.2008 - 1.a
7.08.2008 - 2.a
2.1 Defini¸c˜oes b´asicas e exemplos de espa¸cos m´etricos
Come¸caremos com a:
Defini¸c˜ao 2.1.1 Seja M um conjunto n˜ao vazio.
Diremos que uma aplica¸c˜ao
d : M × M → R
´e uma m´etrica (ou distˆancia) em M se as seguintes condi¸c˜oes est˜ao satisfeitas:
(d1) d(x, x) = 0;
(d2) se x, y ∈ M e x = y ent˜ao d(x, y) > 0;
(d3) d(x, y) = d(y, x) para todo x, y ∈ M;
(d4) d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z), para todo x, y, z ∈ M.
Observa¸c˜ao 2.1.1
1. (d1) e (d2) implicam que d(x, y) ≥ 0 para todo x, y ∈ M e que d(x, y) = 0 se, e somente
se, x = y.
2. (d3) nos diz que d(x, y) ´e um fun¸c˜ao sim´etrica nas vari´aveis x e y.
3. (d4) ´e conhecida como desigualdade triangular.
Este nome se deve ao fato que, na geometria euclideana, o comprimento de um lado de um
triˆangulo ´e sempre menor que a soma dos comprimentos dos outros dois lados do triˆangulo.
7
8 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
x
y
z
d(x, z) < d(x, y) + d(y, z)
Com isto temos a:
Defini¸c˜ao 2.1.2 Se d ´e uma m´etrica em M ent˜ao o par (M, d) ser´a denominado espa¸co
m´etrico.
Observa¸c˜ao 2.1.2 Quando n˜ao houver possibilidade de confus˜ao nos referiremos ao espa¸co
m´etrico M (ao inv´es de (M, d)) deixando subentendido a m´etrica d a ser considerada.
Nota¸c˜ao 2.1.1 Se (M, d) ´e um espa¸co m´etrico, os elementos de M ser˜ao ditos pontos de M.
A seguir daremos alguns exemplos de espa¸cos m´etricos.
Exemplo 2.1.1 Seja M um conjunto n˜ao vazio.
Consideremos a aplica¸c˜ao d : M × M → R dada por
d(x, y) =
0, se x = y
1, se x = y
.
Afirmamos que d ´e uma m´etrica em M.
De fato, as condi¸c˜oes (d1), (d2) e (d3) s˜ao verificadas facilmente e ser˜ao deixadas como
exerc´ıcio para o leitor.
Mostremos que (d4) ocorre.
Se x = z ent˜ao temos que
d(x, z) = 0 ≤ d(x, y) + d(y, z)
independente de y ∈ M (pois d(x, y), d(y, z) ≥ 0).
Se x = z ent˜ao temos que
d(x, z) = 1 ≤ d(x, y) + d(y, z) (∗)
independente de y ∈ M (pois se y = z teremos d(x, y) = 0 mas como y = x = z segue que
d(y, z) = 1 assim (*) ocorrer´a; de modo semelhante se y = z).
Portanto vale (d4), ou seja, d ´e uma m´etrica em M.
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 9
Observa¸c˜ao 2.1.3 A m´etrica acima ´e denominada m´etrica zero-um.
Exemplo 2.1.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico e S ⊆ M n˜ao vazio.
Ent˜ao tomando-se a restri¸c˜ao de d sobre S, isto ´e, d|S : S × S → R dada por d|S(x, y)
.
=
d(x, y) para x, y ∈ S ent˜ao segue que d|S ´e uma m´etrica em S.
A veririfica¸c˜ao que (d1)-(d4) valem para d|S ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
Observa¸c˜ao 2.1.4 No caso acima S ser´a dito subespa¸co (m´etrico) de M e a m´etrica d|S
ser´a dita m´etrica induzida pela m´etrica d de M.
Exemplo 2.1.3 Seja M = R e
d : R × R → R
dada por
d(x, y)
.
= |x − y|
para x, y ∈ R.
Ent˜ao d ´e uma m´etrica em R pois (d1)-(d4) s˜ao conseq¨uˆencias das propriedades elementares
da fun¸c˜ao valor absoluto (a verifica¸c˜ao disto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor).
Observa¸c˜ao 2.1.5 No caso acima diremos que a m´etrica d ´e a m´etrica usual de R.
Podemos generalizar o exemplo acima, a saber:
Exemplo 2.1.4 Seja M = Rn.
Podemos considerar as seguintes aplica¸c˜oes
d, d , d : Rn
× Rn
→ R, j = 1, 2, 3 :
1. d(x, y)
.
= (x1 − y1)2 + · · · (xn − yn)2 =
n
i=1
(xi − yi)2
1
2
.
2. d (x, y)
.
= |x1 − y1| + · · · |xn − yn| =
n
i=1
|xi − yi|.
3. d (x, y)
.
= max{|x1 − y1|, · · · , |xn − yn|} = max
1≤i≤n
|xi − yi|.
As aplica¸c˜oes d, d , d s˜ao m´etricas em Rn.
De fato, elas cumprem as condi¸c˜oes (d1),(d2) e (d3) (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para
o leitor).
A condi¸c˜ao (d4) ´e facilmente verificada para d e d (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para
o leitor).
A condi¸c˜ao (d4) para d ser´a verificada num exemplo a seguir.
Observa¸c˜ao 2.1.6
1. A m´etrica d acima definida ser´a denominada m´etrica euclideana.
Ela prov´em da f´ormula da distˆancia entre dois pontos (em coordenadas cartesianas) que ´e
uma conseq¨uˆencia do Teorema de Pit´agoras (a verifica¸c˜ao disto ser´a deixado como exerc´ıcio
para o leitor).
Devido a este fato a m´etrica d ser´a dita m´etrica usual de Rn.
10 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
2. Se n = 2 a m´etrica d ´e a que d´a a distˆancia entre os pontos p e q do plano (ou seja, o
comprimento do segmento de reta que une os pontos p e q, vide figura abaixo).
p
q
d(p, q)
A m´etrica d nos d´a a distˆancia entre dois pontos do plano utilizando-se dos catetos de um
triˆangulo retˆangulo determinado pelos pontos p e q (vide figura abaixo).
p
q
r
' E
T
c
‰
w
d (p, q)
A m´etrica d nos d´a a distˆancia entre dois pontos do plano utilizando-se o comprimento
do maior cateto de um triˆangulo retˆangulo determinado pelos pontos p e q (vide figura
abaixo).
p
q
r
' E
‰
d (p, q)
Geometricamente, temos a seguinte configura¸c˜ao para as trˆes distˆancias acima:
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 11
p
q
d(p, q)
d (p, q)
E'
E'
T
c
W
w
d (p, q)
3. Se n = 2 temos o plano R2 cujos elementos ser˜ao representados por (x, y) ou (u, v), onde
x, y, u, v ∈ R.
4. Em algumas situa¸c˜oes identificamos R2 com C, o conjunto dos n´umeros complexos por
meio da correspondˆencia (x, y) → x + iy, onde i2 .
= −1.
5. Se n = 3 temos o espa¸co R2 cujos elementos ser˜ao representados por (x, y, z) ou (u, v, w),
onde x, y, z, u, v, w ∈ R.
Com isto temos a
Proposi¸c˜ao 2.1.1 Consideremos d, d , d as m´etricas definidas no exemplo (2.1.4).
Ent˜ao, para todo x, y, ∈ Rn temos
d (x, y) ≤ d(x, y) ≤ d (x, y) ≤ n d (x, y).
Demonstra¸c˜ao:
Observemos que para todo a, b ≥ 0 temos que:
√
a + b ≤
√
a +
√
b (∗).
De fato, pois
[
√
a +
√
b]2
= [
√
a]2
+ 2
√
a
√
b + [
√
b]2
= a + 2
√
a
√
b + b ≥ a + b.
Portanto
√
a + b ≤
√
a +
√
b como afirmamos.
Observemos que para todo x, y, ∈ Rn temos
d (x, y) = max
1≤i≤n
|xi − yi|
[|a|=
√
a2]
= max
1≤i≤n
(xi − yi)2 ≤


n
j=1
(xj − yj)2


1
2
= d(x, y),
d(x, y) =


n
j=1
(xj − yj)2


1
2
(∗)
≤
n
j=1
(xj − yj)2
[
√
a2=|a|]
=
n
j=1
|xj − yj| = d (x, y) e
d (x, y) =
n
j=1
|xj − yj| ≤
n
j=1
max
1≤j≤n
{|xj − yj|} = max
1≤j≤n
{|xj − yj|}
n
j=1
1
= max
1≤j≤n
{|xj − yj|}.n = n.d (x, y)
12 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
completando a demonstra¸c˜ao.
Para o pr´oximo exemplo introduziremos a seguinte defini¸c˜ao:
Defini¸c˜ao 2.1.3 Seja X um conjunto n˜ao vazio.
Diremos que uma fun¸c˜ao f : X → R ´e limitada se existir k = kf > 0 tal que
|f(x)| ≤ k, para todo x ∈ X.
Denotaremos por B(X; R) o conjunto formado por todas as fun¸c˜oes, f : X → R que s˜ao
limitadas, isto ´e,
B(X; R)
.
= {f : X → R : f ´e limitada}.
Com isto temos o:
Exemplo 2.1.5 Na situa¸c˜ao acima temos que B(X; R) tornar-se-´a um espa¸co vetorial sobre R
com as opera¸c˜oes usuais de adi¸c˜ao de fun¸c˜oes e multiplica¸c˜ao de n´umero real por fun¸c˜ao (isto
ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor).
Definimos
d : B(X; R) × B(X; R) → R
por
d(f, g)
.
= sup
x∈X
|f(x) − g(x)|,
onde f, g ∈ B(X; R).
Afirmamos que d ´e uma m´etrica em B(X; R).
De fato:
1. Se f ∈ B(X; R) ent˜ao
d(f, f) = sup
x∈X
|f(x) − f(x)| = 0,
mostrando que vale (d1);
2. Se f, g ∈ B(X; R) e f = g ent˜ao existe x0 ∈ X tal que f(x0) = g(x0).
Assim
d(f, g) = sup
x∈X
|f(x) − g(x)| ≥ |f(x0) − g(x0)| > 0,
mostrando que vale (d2);
3. Se f, g ∈ B(X; R) ent˜ao
d(f, g) = sup
x∈X
|f(x) − g(x)| = sup
x∈X
| − [g(x) − f(x)]| = sup
x∈X
|g(x) − f(x)| = d(g, f),
mostrando que vale (d3);
4. Se f, g, h ∈ B(X; R) ent˜ao para cada x ∈ X temos que
|f(x) − g(x)| = |[f(x) − h(x)] + [h(x) − g(x)]|
[|a+b|≤|a|+|b|]
≤ |f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|.
Logo
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 13
d(f, g) = sup
x∈X
{|f(x) − g(x)|} ≤ sup
x∈X
{|f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|}. (∗)
Sabemos que se A e B s˜ao limitados superiormente em R ent˜ao A + B ´e limitado superi-
ormente em R e
sup[A + B] ≤ sup A + sup B.
Aplicando isto ao lado direito de (*) obteremos
d(f, g) ≤ sup
x∈X
{|f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|} ≤ sup
x∈X
{|f(x) − h(x)|} + sup
x∈X
{|h(x) − g(x)|}
= d(f, h) + d(h, g),
mostrande que (d4) ´e verdadeira.
Deste completamos a prova que d ´e uma m´etrica em B(X; R).
Observa¸c˜ao 2.1.7
1. A m´etrica definida no exemplo acima ´e denominada m´etrica da convergˆencia uniforme
ou m´etrica do sup.
2. Para ilustrar, se X
.
= [0, 1], f, g : [0, 1] → R s˜ao dadas por f(x) = x e g(x) = x2, x ∈ [0, 1]
ent˜ao, geometricamente, d(f, g) ser´a o comprimento da maior corda vertical unindo os
pontos dos gr´aficos das fun¸c˜oes f e g (vide figura abaixo).
T
E
1
1
f
g
c
d(f, g) = |f( 1
2
) − g( 1
2
)| = 1
2
− 1
2
2
= 1
4
x
y
TC
1
2
3. Vale observar que se X = {1, 2, · · · , n} ent˜ao toda fun¸c˜ao f : X → R ser´a limitada (pois
|f(x)| ≤ kf
.
= max
1≤i≤n
|f(i)|, x ∈ X), ou seja, f ∈ B(X; R).
Logo podenos identificar f com a n-upla (x1, x2, · · · , xn) onde xi
.
= f(i), 1 ≤ i ≤ n.
Portanto B(X; R) pode ser identificado com Rn.
Neste caso a m´etrica d em B(X; R) definida no exemplo acima, induzir´a a m´etrica d em
Rn, pois
d(f, g) = sup
x∈X
|f(x) − g(x)| = max
1≤i≤n
|f(i) − g(i)| = max
1≤i≤n
|xi − yi| = d (x, y),
onde xi = f(i), yi = g(i), i = 1, · · · , n.
Conclus˜ao, temos a seguinte identifica¸c˜ao: (B(X; R), d) = (Rn, d ).
14 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
12.08.2008 - 3.a
Para o pr´oximo exemplo precisaremos da:
Defini¸c˜ao 2.1.4 Seja E um espa¸co vetorial sobre R.
Diremos que uma fun¸c˜ao . :→ R ´e uma norma em E se as seguintes condi¸c˜oes s˜ao
verificadas:
(n1) Se x ∈ E ´e tal que x = 0 ent˜ao x = 0;
(n2) Se λ ∈ R e x ∈ E ent˜ao λ x = |λ| x ;
(n3) Se x, y ∈ E ent˜ao x + y ≤ x + y .
Observa¸c˜ao 2.1.8 Suponhamos que . seja uma norma em E, espa¸co vetorial sobre R.
1. Observemos para todo x ∈ E temos que
0 = 0.x
(n2)
= |0| x = 0 e − x = (−1).x
(n2)
= | − 1| x = x (∗).
2. Se x ∈ E temos
0 = x + (−x)
(n3)
≤ x + − x
(∗)
= x + x = 2 x .
Logo x ≥ 0, para todo x ∈ E.
3. Segue de (n1) e do item 2. acima segue que se x ∈ E, x = 0 ent˜ao x > 0.
Com isto temos a
Defini¸c˜ao 2.1.5 Um espa¸co vetorial normal ´e um par (E, . ) onde E ´e um espa¸co vetorial
sobre R e . ´e uma norma definida em E.
A seguir exibiremos alguns exemplos de espa¸cos vetoriais normados.
Exemplo 2.1.6 Consideremos em Rn as seguintes fun¸c˜oes . , . , . : Rn → R dadas por
x
.
=
n
i=1
x2
i , x
.
=
n
i=1
|xi|, x
.
= max
1≤i≤n
|xi|,
onde x = (x1, x2, · · · , xn) ∈ Rn.
Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que as fun¸c˜oes . , . acima s˜ao normas
em Rn.
Al´em disso ser´a deixado para o leitor a verifica¸c˜ao que . satisfaz as condi¸c˜oes (n1), (n2).
Logo adiante mostraremos que . tamb´em satisfaz a condi¸c˜ao (n3) e portanto tamb´em ser´a
uma norma em Rn.
Outro exemplo importante ´e
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 15
Exemplo 2.1.7 No exemplo (2.1.5) acima podemos considerar a fun¸c˜ao
. : B(X; R) → R
dada por
f
.
= sup
x∈X
|f(x)|, f ∈ B(X; R).
Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que . ´e uma norma em B(X; R), ou seja,
(B(X; R), . ) ´e um espa¸co vetorial normado.
Tal norma ser´a denomiada de norma da convergˆencia uniforme (ou do sup) em
B(X; R).
Podemos agora obter uma cole¸c˜ao de exemplos de espa¸cos m´etricos, a saber:
Exemplo 2.1.8 Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado.
Consideremos a fun¸c˜oes d : E × E → R dada por
d(x, y)
.
= x − y , x, y, ∈ E.
Afirmamos que d ´e um m´etrica em E.
De fato:
1.
d(x, x) = x − x = 0
[Observa¸c˜ao (2.1.8) item 1.]
= 0,
ou seja, vale (d1);
2. Se x = y temos que x − y = 0, logo
d(x, y) = x − y
[observa¸c˜ao (2.1.8) item 3.]
> 0,
ou seja, vale (d2);
3. Se x, y ∈ E temos que
d(x, y) = x − y
[observa¸c˜ao (2.1.8) item 1.]
= − (x − y) = y − x = d(y, x),
ou seja, vale (d3);
4. Se x, y, z ∈ E temos que
d(x, z) = x − z = (x − y) + (y − z)|
(n4)
≤ x − y + y − z = d(x, y) + d(y, z),
ou seja, vale (d4).
Portanto d ´e um m´etrica em E e assim (E, d) ´e um espa¸co m´etrico.
Observa¸c˜ao 2.1.9
16 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
1. O exemplo acima nos mostra que todo espa¸co vetorial normado ´e um espa¸co m´etrico (onde
a m´etrica ser´a a m´etrica do exemplo acima).
Neste caso diremos que a m´etrica d prov´em da norma . .
Por exemplo, as m´etricas d, d , d de Rn prov´em das normas . , . , . , respectiva-
mente (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor a verifica¸c˜ao destes fatos).
De modo semelhante temos que a m´etrica
d(f, g) = f − g
definida em B(X; R) (onde a norma . ´e a do exemplo (2.1.7)) ´e proveniente da norma
da convergˆencia uniforme.
2. Pergunta-se:
Seja E ´e um espa¸co vetorial sobre R e d ´e um m´etrica em E.
Existir´a uma norma em E de modo que a m´etrica dada d prov´em dessa norma? ou seja,
uma m´etrica qualquer definida E prov´em de alguma norma definida em E?
Infelizmente isto ´e falso, ou seja, existem espa¸cos vetoriais que possuem m´etricas que n˜ao
prov´em de normas definidas no espa¸co vetorial em quest˜ao.
O exerc´ıcio 3 da 1.a lista de exerc´ıcios nos d´a uma condi¸c˜ao necessaria e suficiente para
que um m´etrica em um espa¸co vetorial seja proveniente de uma norma do espa¸co vetorial
em quest˜ao.
Mais precisamente temos que:
Seja E um espa¸co vetorial sobre R.
Uma m´etrica, d, em E prov´em de uma norma em E se, e somente se,
d(x + a, y + a) = d(x, y) e d(λx, λy) = |λ|d(x, y),
para todo x, y, a ∈ E e λ ∈ R.
No exerc´ıcio 4 da 1.a lista de exerc´ıcios o leitor ´e convidado a produzir um exemplo de
espa¸co vetorial que possua uma m´etrica que n˜ao prov´em de nenhuma norma definida no
espa¸co vetorial em quest˜ao.
3. Observemos tamb´em que se (E, . ) ´e um espa¸co vetorial normado ent˜ao para todo x ∈ E
temos
d(x, 0) = x − 0 = x ,
isto ´e, a norma do vetor x ∈ E ´e a distˆancia do ponto x ∈ E `a origem 0 ∈ E.
Para considerar uma outra classe de exemplos precisaremos da
Defini¸c˜ao 2.1.6 Seja E um espa¸co vetorial sobre R.
Diremos que a fun¸c˜ao
< ., . >: E × E → R
´e um produto interno (ou escalar) em E se satisfas as seguintes condi¸c˜oes:
(p1) Para x, x , y ∈ E temos
< x + x , y >=< x, y > + < x , y >;
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 17
(p2) Para x, y ∈ E e λ ∈ R temos
< λx, y >= λ < x, y >;
(p3) Para x, y ∈ E temos
< x, y >=< y, x >;
(p4) Para x ∈ E, x = 0 temos
< x, x >> 0.
Neste caso diremos que (E, < ., . >) ´e um espa¸co com produto interno (ou escalar).
Observa¸c˜ao 2.1.10
1. Se (E, < ., . >) ´e um espa¸co com produto interno ent˜ao para x, y, y ∈ E e λ ∈ R temos
que
< x, y + y >
(p3)
= < y + y , x >
(p1)
= < y, x > + < y , x >
(p3)
= < x, y > + < x, y >
e
< x, λy >
(p3)
= < λy, x >
(p2)
= λ < y, x >
(p3)
= λ < x, y >, (∗)
ou seja, < ., . > ´e linear em cada uma das suas entradas (denominada bilinear).
2. De (p4) temos que se x ∈ E e < x, x >= 0 ent˜ao x = 0.
Logo temos que
< x, x >≥ 0
para todo x ∈ E e < x, x >= 0 se, e somente se, x = 0.
No curso de ´Algebra Linear dir´ıamos que a fun¸c˜ao < ., . > ´e bilinear, sim´etrica e positiva
definida.
A seguir exibiremos alguns exemplos de espa¸cos com produto interno:
Exemplo 2.1.9 Seja E = Rn e definamos
< ., . >: Rn
× Rn
→ R
por
< x, y >
.
= x1y1 + · · · + xnyn =
n
i=1
xi yi,
onde x = (x1, x2, · · · , xn), y = (y1, y2, · · · , yn) ∈ Rn.
Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que a fun¸c˜ao < ., . > definida acima
satisfaz as condi¸c˜oes (p1),(p2),(p3) e (p4), ou seja, < ., . > ´e um porduto interno em Rn.
Outro exemplo importante ´e:
18 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Exemplo 2.1.10 Seja C([a, b]; R) = {f : [a, b] → R; f cont´ınua em [a, b]}.
Pode-se mostrar que C([a, b]; R) munido das opera¸c˜oes usuais de adi¸c˜ao de fun¸c˜oes e multi-
plica¸c˜ao de n´umero real por fun¸c˜ao ´e um espa¸co vetorial.
Para isto basta mostrar que C([a, b]; R) ´e um subsepa¸co vetorial de B([a, b]; R) (a verifica¸c˜ao
deste fato ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor; lembremos que se f ´e cont´ınua em [a, b]
ent˜ao f ser´a limitada).
Considere a seguinte fun¸c˜ao
< ., . >: C([a, b]; R) × C([a, b]; R) → R
dada por:
< f, g >
.
=
b
a
f(x)g(x) dx,
se f, g ∈ C([a, b]; R).
Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que < ., . > definida acima satisfaz as
condi¸c˜oes (p1),(p2),(p3) e (p4), ou seja, ´e um produto interno em C([a, b]; R) .
Com isto temos uma cole¸c˜ao de espa¸cos vetoriais normados (e portanto, de espa¸cos m´etricos),
a saber:
Exemplo 2.1.11 Seja (E, < ., . >) um espa¸co vetorial com produto interno.
Considere a fun¸c˜ao
. : E → R
dada por
x
.
= < x, x >, (∗)
para x ∈ E.
Afirmamos que . ´e uma norma em E.
De fato:
1. Se x ∈ E e x = 0 ent˜ao
x = < x, x >
(p4), <x,x>0
= 0,
isto ´e, vale (n1);
2. Se x ∈ E e λ ∈ R ent˜ao
λx = < λx, λx >
[ (p1) e a observa¸c˜ao (2.1.10) (*)]
= λ2 < x, x > =
√
λ2 < x, x > = |λ| x ,
isto ´e, vale (n2);
3. Nesta situa¸c˜ao temos a Desigualdade de Cauchy-Schwarz, a saber: se (E, < ., . >) espa¸co
vetorial com produto interno ent˜ao para todo x, y ∈ E temos que
| < x, y > | ≤ x y .
De fato:
Se x = 0 valer´a a igualdade, logo ser´a verdadeira.
2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 19
Se x = 0 podemos definir
λ
.
=
< x, y >
x 2
e z
.
= y − λx.
Observemos que
< z, x > =< y − λx, x >=< y, x > −λ < x, x >=< y, x > −
< x, y >
< x, x >
< x, x >
=< x, y > − < x, y >= 0,
(isto ´e, os vetores em quest˜ao s˜ao ortogonais).
Logo
y 2
=< y, y >=< z + λx, z + λx >=< z, z > +λ < z, x > +λ < x, z > +λ2
< x, x >
[<x,z>=<z,x>=0]
= z 2
+ λ2
x 2
.
Logo
λ2
x 2
≤ y 2
,
ou seja,
< x, y >
x 2
2
x 2
≤ y 2
,
isto ´e,
< x, y >2
≤ x 2
y 2
implicando a desigualdade acima, como quer´ıamos demonstrar.
4. Utilizando a Desigualdade de Cauchy-Schwarz temos que
x + y 2
< x + y, x + y >=< x, x > + < x, y > + < y, x > + < y, y >
= x 2
+ 2 < x, y > + y 2
≤ x 2
+ 2 x y + y 2
= ( x + y )2
,
inplicando que
x + y ≤ x + y ,
ou seja , vale (n3).
Com isto temos que . ´e uma norma em E.
5. Segue do item acima que a aplica¸c˜ao d do exemplo (2.1.4) satisfaz a condi¸c˜ao (d4), ou
seja, ser´a uma m´etrica em Rn, como hav´ıamos afirmado.
Observa¸c˜ao 2.1.11
1. No caso acima diremos que a norma (*) definida acima ´e uma norma que prov´em do
produto interno de E.
2. O exemplo acima nos mostra que todo espa¸co vetorial com produto interno pode tornar-se
um espa¸co vetorial normado (com a norma que prov´em do produto interno dado).
20 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
3. Pergunta-se:
Seja E um espa¸co vetorial normado.
Toda norma de E prov´em de um produto interno?
A resposta ´e negativa, isto ´e, existem espa¸cos vetoriais que possuem normas que n˜ao
prov´em de nenhum produto interno no espa¸co vetorial em quest˜ao.
No exerc´ıcio 5 da 1.a lista de exerc´ıcios o leitor ´e convidado a mostrar que em B(X; R) a
norma da convergˆencia uniforme n˜ao prov´em de um produto interno.
Um outro exemplo pode ser obtido utilizando-se o item abaixo.
4. Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que: [Ex1.1 - +0.5]
Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado.
A norma . de E prov´em de um produto interno se, e somente se, temos que
x + y 2
+ x − y 2
= 2[ x 2
+ y 2
],
para tod x, y ∈ E, que ´e conhecida como lei do paralelogramo.
5. Logo a norma . em R2 n˜ao prov´em de um produto interno pois tomando-se x = (1, 0)
e y = (0, 1) temos que estes vetores n˜ao satisfazem a lei do paralelogramo (verifique!).
6. Como conseq¨uˆencia do que vimos acima todo espa¸co vetorial com produto interno ´e um
espa¸co m´etrico (basta tomar a m´etrica que prov´em da norma que ´e proveniente do produto
interno).
Para concluir a se¸c˜ao temos o:
Exemplo 2.1.12 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) dois espa¸cos m´etricos.
Em M × N podemos considerar as seguinte fun¸c˜oes
d, d , d : [M × N] × [M × N] → R
dadas por:
d(z, z )
.
= [dM (x, x )]2 + [dN (y, y )]2;
d (z, z )
.
= dM (x, x ) + dN (y, y );
d (z, z )
.
= max{dM (x, x ), dN (y, y )},
onde z = (x, y), z = (x , y ) ∈ M × N.
Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que d, d , d s˜ao metricas em M × N.
Observa¸c˜ao 2.1.12
1. Podemos generalizar o exemplo acima para um produto finito de espa¸cos m´etricos.
Mais precisamente, se (M1, d1), (M2, d2), · · · , (Mn, dn) s˜ao n-espa¸cos m´etricos ent˜ao pode-
mos definir as seguintes m´etricas no produto cartesiano M1 × M2 × · · · × Mn:
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 21
d(x, y)
.
= [d1(x1, y1)]2 + · · · + [dn(xn, yn)]2 =
n
j=1
[dj(xi, yi)]2;
d (x, y)
.
= d1(x1, y1) + · · · + dn(xn, yn) =
n
j=1
dj(xi, yi);
d (x, y)
.
= max{d1(x1, y1), · · · , dn(xn, yn)} = max
1≤j≤n
{dj(xi, yi)},
onde x = (x1, x2, · · · , xn), y = (y1, y2, · · · , yn) ∈ M1 × M2 × · · · × Mn.
A verifica¸c˜ao ser´a deixcada como exerc´ıcio para o leitor.
2. A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica produto em M
.
= M1 × M2 × · · · × Mn.
A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica da soma em M
.
= M1 × M2 × · · · × Mn.
A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica do m´aximo em M
.
= M1 ×M2 ×· · ·×Mn.
3. De modo an´alogo ao feito na proposi¸c˜ao (2.1.1) pode-se mostrar (ser´a deixado como exer-
c´ıcio para o leitor) que para todo x, y, ∈ M1 × M2 × · · · × Mn temos
d (x, y) ≤ d(x, y) ≤ d (x, y) ≤ n d (x, y).
4. Quando M1 = M2 = · · · = Mn = R reobteremos o espa¸co euclideano Rn como produto
cartesiano de n c´opias do esp¸cao m´etrico R.
14.08.2008 - 4.a
2.2 Bolas abertas, bolas fechadas e esferas em espa¸cos m´etricos
Come¸caremos introduzindo a:
Defini¸c˜ao 2.2.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico, a ∈ M e r > 0.
Definimos a bola aberta de centro em a e raio r, denotada por B(a; r) como sendo o
seguinte subconjunto de M:
B(a; r)
.
= {x ∈ M : d(x, a) < r}.
a
Qr
Definimos a bola fechada de centro em a e raio r, denotada por B[a; r] como sendo o
seguinte subconjunto de M:
B[a; r]
.
= {x ∈ M : d(x, a) ≤ r}.
22 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
a
r
u
Definimos a esfera de centro em a e raio r, denotada por S(a; r) como sendo o seguinte
subconjunto de M:
S(a; r)
.
= {x ∈ M : d(x, a) = r}.
a
r
T
Observa¸c˜ao 2.2.1
1. A bola aberta de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao
ponto a ´e menor do que r.
A bola fechada de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao
ponto a ´e menor ou igual do que r.
A esfera aberta de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao
ponto a ´e igual r.
2. ´E f´acil ver que (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor)
B[a; r] = B(a; r) ∪ S(a; r),
onde a reuni˜ao ´e disjunta, isto ´e, B(a; r) ∩ S(a; r) = ∅.
3. Se M = E ´e um espa¸co vetorial e a m´etrica d prov´em de uma norma . em E, ent˜ao
segue que
B(a; r)
.
= {x ∈ E : x − a < r},
B[a; r]
.
= {x ∈ E : x − a ≤ r},
S(a; r)
.
= {x ∈ E : x − a = r}.
Temos o seguinte resultado:
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 23
Proposi¸c˜ao 2.2.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M um subsepa¸co (m´etrico) de M,
a ∈ X e r > 0.
Denotemos por BX(a; r) a bola aberta de centro em a e raio r em X.
Ent˜ao
BX(a; r) = B(a; r) ∩ X,
onde B(a; r) ´e a bola aberta de centro em a e raio r em M.
Reciprocamente, dada a bola aberta de centro em a e raio r em M ent˜ao B(a; r)∩X ´e a bola
aberta de centro em a e raio r em X, ou seja,
B(a; r) ∩ X = BX(a; r).
M
X
a
…r
©
BX (a; r)
B
B(a; r)
Demonstra¸c˜ao:
Observemos que
BX(a; r) = {x ∈ X : dX(x, a) < r} = {y ∈ M : d(y, a) < r} ∩ X = B(a : r) ∩ X,
completando deste modo a demonstra¸c˜ao do resultado.
De modo semelhante podemos provar a:
Proposi¸c˜ao 2.2.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M um subsepa¸co (m´etrico) de M,
a ∈ X e r > 0.
Denotemos por BX[a; r] e SX(a; r) a bola fechada e esfera de centro em a e raio r em X,
respectivamente.
Ent˜ao
BX[a; r] = B[a; r] ∩ X, SX[a; r] = S(a; r) ∩ X
onde B[a; r], S(a; r) s˜ao a bola fechada e a esfera de centro em a e raio r em M, respectivamente.
Reciprocamente, dada a bola fechada, ou a esfera, de centro em a e raio r em M ent˜ao
B[a; r] ∩ X, ou S(a; r) ∩ X ´e a bola fechada, ou a esfera, de centro em a e raio r em X,
respectivamente ou seja,
B[a; r] ∩ X = BX[a; r], S(a; r) ∩ X = SX[a; r].
Demonstra¸c˜ao:
A demonstra¸c˜ao ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
Para ilustrar temos os seguintes exemplos:
24 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Exemplo 2.2.1 Consideremos R2 com a m´etrica usual e X = S1 = {(x, y) ∈ R2 : x2 +y2 = 1}.
Seja a ∈ S1 e r > 0.
Da proposi¸c˜ao (2.2.1) segue que BS1 (a; r) ser´a um arco (sem os extremos) da circunferˆencia
S1 cujo ponto m´edio (no arco) ser´a o ponto a (vide figura abaixo).
E
T
x
y
ES1
a
T
r
W
BR2 (a : r)c
BS1 (a; r)
De modo semelhante, da proposi¸c˜ao (2.2.2) segue que BS1 [a; r], SS1 (a; r) s˜ao o arco (com os
extremos) da circunferˆencia S1 cujo ponto m´edio ser´a o ponto a e os pontos extremos do mesmo
arco, respectivamente (vide figura abaixo).
E
T
x
y
ES1
a
T
r
W
BR2 [a : r]c
BS1 [a; r]
B
z
SS1 (a; r)
Exemplo 2.2.2 Sejam M = ∅ munido da m´etrica zero-um, a ∈ M e r > 0.
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 25
Ent˜ao
Se r > 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r}
[d(x,a)≤1<r]
= M,
B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r}
[d(x,a)≤1<r]
= M;
Se r < 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r}
[r<1]
= {x ∈ M : d(x, a) = 0} = {a},
B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r}
[r<1]
= {x ∈ M : d(x, a) = 0} = {a};
Se r = 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r}
[r<1]
= {a},
B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r}
[r=1]
= M,
Como conseq¨uˆencia temos que
S(a, r) = B[a; r]  B(a; r) = ∅, se r = 1, S(a; 1) = B[a; 1]  B(a; 1) = M − {a}.
Exemplo 2.2.3 Sejam R com a m´etrica usual, a ∈ R e r > 0.
Ent˜ao:
B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r} = {x ∈ M : |x − a| < r} = (a − r, a + r), ou seja, um intervalo aberto,
B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r} = {x ∈ M : |x − a| ≤ r} = [a − r, a + r], ou seja, um intervalo fechado;
S(a, r) = B[a; r]  B(a; r) = {a − r, a + r}, ou seja, os extremos do intervalo.
Geometricamente temos:
E
a
a + ra − r
Bola aberta de centro em a e raio r
E
a + ra − r a
Bola fechada de centro em a e raio r
E
a + r
a
a − r
Esfera de centro em a e raio r
Exemplo 2.2.4 Consideremos em R2 as m´etricas d, d , d definidas no exemplo (2.1.4).
Sejam a = (a1, a2) ∈ R2 e r > 0. Ent˜ao:
B(a; r) = {(x, y) ∈ R2
: d[(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2
: (x − a1)2 + (y − a2)2 < r}
= {(x, y) ∈ R2
: (x − a1)2
+ (y − a2)2
< r2
},
isto ´e, a regi˜ao interior de um c´ırculo de centro no ponto a e raio r (veja figura abaixo).
26 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
a = (a1, a2)
Q
r
B (a; r) = {(x, y) ∈ R2
: d [(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2
: |x − a1| + |y − a2| < r}
isto ´e, a regi˜ao interior do quadrado de centro em a e cujas diagonais
s˜ao paralelas aos eixos coordenados (veja figura abaixo).
Observemos que
|x − a1| + |y − a2| = r se, e somente se,



x − a1 + y − a2 = r
−(x − a1) + y − a2 = r
−(x − a1) − (y − a2) = r
x − a1 − (y − a2) = r
que s˜ao as quatro retas que determinam o losango abaixo.
E
T
a = (a1, a2)
' x − a1 − y + a2 = r
' x − a1 + y − a2 = rE−x + a1 + y − a2 = r
E−x + a1 − y + a2 = r
(a1, a2 − r)
(a1 + r, a2)(a1 − r, a2)
(a1, a2 + r)
B (a; r) = {(x, y) ∈ R2
: d [(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2
: max{|x − a1|, |y − a2|} < r}
= {(x, y) ∈ R2
: |x − a1| < r e |y − a2| < r} = (a1 − r, a1 + r) × (a2 − r, a2 + r)
isto ´e, a regi˜ao interior do quadrado [a1 − r, a1 + r] × [a2 − r, a2 + r]) (veja figura abaixo).
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 27
a = (a1, a2)
E
T
a1 − r a1 + ra1
a2 − r
a2 + r
a2
Observa¸c˜ao 2.2.2 Geometricamente, o exemplo (2.2.4) ilustra que uma bola (aberta ou fechada)
pode n˜ao corresponder ao que pensamos (por exemplo, uma bola ser um quadrado!).
Exemplo 2.2.5 Seja (B([a, b]; R)), d) onde d ´e a m´etrica do sup (veja exemplo (2.1.5)).
Sejam f ∈ B([a, b]; R)) e r > 0.
Observemos que g ∈ B(f; r) se, e somente se,
r > d(f, g) = sup
x∈[a,b]
|f(x) − g(x)|
que implicar´a
|f(x) − g(x)| < r, para todo x ∈ [a, b],
ou ainda,
f(x) − r < g(x) < f(x) + r, para todo x ∈ [a, b].
Geometricamente podemos interpretar isso da seguinte forma: encontremos a representa¸c˜ao
gr´afica do gr´afico de f, isto ´e,
G(f)
.
= {(x, f(x)) : x ∈ [a, b]}.
Encontremos a faixa de amplitude 2r em torno do gr´afico de f, isto ´e, o conjunto
F2r(f)
.
= {(x, y) : a ≤ x ≤ b, f(x) − r < y < f(x) + r}.
Geometricamente temos:
28 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
T
E
G(f)
f(x)
x
c
T
T
c
r
r
F2r(f)

Deste modo, se g ∈ B(f; r) ent˜ao o gr´afico de g estar´a contido na faixa de amplitude 2r em
torno do gr´afico de f, isto ´e, G(g) ⊆ F2r(f).
Geometricamente temos
T
E
G(f)
f(x)
x
c
T
T
c
r
r
G(g)
Observa¸c˜ao 2.2.3 No exemplo acima, pode ocorrer de G(g) ⊆ F2r(f) e d(f, g) = r.
Para ver isto basta considerar f(x) = 0 para todo x ∈ [0, 1] e g(x) =
x, 0 ≤ x  1
0, x = 1
.
Neste caso
d(f, g) = sup
0≤x≤1
|f(x) − g(x)| = 1,
logo g ∈ B(f; 1) mas G(g) est´a contido em F2(f) (veja figura abaixo).
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 29
E
T
G(f)
G(g)
F2r(f)
A
Exemplo 2.2.6 Seja M
.
= {z = (x, y) ∈ R2 : z ≤ 1} subespa¸co (m´etrico) de R2 munido da
m´etrica usual.
Logo se r  1 temos que BM (0; r) = BM [0; r] = M e assim SM (0; r) = ∅.
Exemplo 2.2.7 Sejam (M1, d1), · · · (Mn, dn) espa¸cos m´etricos e M
.
= M1 × · · · Mn munido da
m´etrica do m´aximo (isto ´e, d da observa¸c˜ao (2.1.12) itens 1. e 2.).
Sejam a = (a1, · · · , an) ∈ M e r  0.
Ent˜ao
B(a; r) = {x ∈ M : d (x, a)  r} = {(x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn : max
1≤i≤n
di(xi, ai)  r}
= {(x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn : di(xi, ai)  r, para todo i = i, · · · , n}
= {x1 ∈ M1 : d1(x1, a1)  r} × · · · × {xn ∈ Mn : dn(xn, an)  r}
= BM1 (a1; r) × · · · × BMn (an; r)
De modo semelhante (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) temos
B[a; r] = BM1 [a1; r] × · · · × BMn [an; r]
Logo acabamos de mostrar que a bola aberta (ou fechada) no produto cartesiano com a m´etrica
do m´aximo ´e o produto cartesiano das bolas abertas (ou fechadas) em cada um dos fatores do
produto cartesiano.
Observa¸c˜ao 2.2.4
1. Se no exemplo acima mudarmos a m´etrica do m´aximo pela m´etrica produto ou pela m´etrica
da soma a afirma¸c˜ao ser´a falsa, isto ´e, uma bola aberta (ou fechada) no produto cartesiano
pode n˜ao ser o produto cartesiano das bolas abertas (ou fechadas) em cada um dos fatores
do produto cartesiano.
Como exerc´ıcio para o leitor deixaremos que o mesmo encontre um contra-exemplo em R2.
30 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
2. Se considerarmos R3 como sendo o produto cartesiano de R2 × R onde R2 e R est˜ao
munidos das correspondentes m´etricas euclieanas e tormarmos em R3 = R2 × R a m´etrica
d[(x, t), (x , t )]
.
= max{dR2 (x, x ), dR(t, t )},
onde (x, t), (x , t ) ∈ R2 × R ent˜ao uma bola aberta, B(a; r) (ou fechadas) em R3 munido
da m´etrica d acima ser˜ao cilindros retos com base circular (contida no plano z = a), com
centro em a e raio r)e altura 2r.
De fato, pois se (A, a) ∈ R2 × R e r  0 ent˜ao, do exemplo (2.2.7), segue que
BR2×R((A, a); r) = BR2 (A; r) × BR(a; r) = {(x, y) : x2
+ y2
 r2
} × {t ∈ R : |t − a|  r},
ou seja, o produto cartesiano do interior de um c´ırculo por um intervalo aberto que nos
d´a, geometricamente, um cilindro reto com base circular.
T
B(0; r)
T
c
T
c
I
r
r
r
E
a
A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
Temos a
Defini¸c˜ao 2.2.2 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico.
Diremos que um ponto a ∈ M ´e um ponto isolado de M se existir uma bola aberta de M
que contenha somente o ponto a, isto ´e, existe r  0 tal que B(a; r) = {a}.
Observa¸c˜ao 2.2.5
1. Um ponto a ∈ M ´e isolado em M se existe r  0 tal que n˜ao existem pontos diferentes do
ponto a a uma distˆancia menor que r do pr´oprio ponto.
2. Um ponto a ∈ M n˜ao ´e ponto isolado de M se toda bola aberta centrada em a cont´em,
pelo menos, um ponto de M diferente do ponto a, isto ´e, para todo r  0 temos
[B(a; r) ∩ M]  {a} = ∅.
Consideremos os
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 31
Exemplo 2.2.8 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico onde d ´e a m´etrica zero-um.
Ent˜ao todo ponto de M ´e ponto isolado de M.
De fato, se a ∈ M e 0  r ≤ 1 ent˜ao vimos no exemplo (2.2.2) que B(a; r) = {a}, mostrando
que a ´e ponto isolado de M.
Exemplo 2.2.9 Seja Z o conjunto formado por todos os n´umeros reais inteiros munido da
m´etrica usual induzida de R.
Afirmamos que todo ponto de Z ´e ponto isolado de Z.
De fato, se n ∈ Z e 0  r ≤ 1 ent˜ao B(n; r) ∩ Z = {n} (pois B(n; r) = {x ∈ Z : |x − n| 
r ≤ 1} = {n}), mostrando que n ∈ Z ´e ponto isolado de Z.
Exemplo 2.2.10 Seja P
.
= {0, 1,
1
2
,
1
3
, · · · ,
1
n
, · · · } munido da m´etrica usual induzida de R.
Observemos que o ponto 0 ∈ P n˜ao ´e um ponto isolado de P.
De fato, dado r  0 existe n0 ∈ N tal que n0 
1
r
.
Logo
d(
1
n0
, 0) = |
1
n0
− 0| =
1
n0
 r,
isto ´e,
1
n0
∈ [B(0; r) ∩ P]  {0},
ou seja, 0 n˜ao ´e ponto isolado de P.
Por outro lado, qualquer outro ponto de P ´e ponto isolado de P.
De fato, se
1
n
∈ P ent˜ao o ponto mais pr´oximo dele em P ´e o ponto
1
n + 1
, cuja distˆancia
a
1
n
´e
1
n(n + 1)
(pois d(
1
n
,
1
n + 1
= |
1
n
−
1
n + 1
| =
(n + 1) − n
n(n + 1)
=
1
n(n + 1)
).
Logo se tomarmos
0  r 
1
n(n + 1)
temos que se x ∈ P e
d(x,
1
n
)  r 
1
n(n + 1)
temos que x =
1
n
, ou seja,
[B(
1
n
; r) ∩ P]  {
1
n
} = ∅,
mostrando que
1
n
´e ponto isolado de P.
1
n
1
n−1
1
n+1
E'
1
n(n+1)
E' 1
(n−1)n
Observa¸c˜ao 2.2.6 Se P
.
= {1,
1
2
,
1
3
, · · · ,
1
n
, · · · } munido da m´etrica usual induzida de R ent˜ao,
segue do exemplo acima, que todo ponto de P ´e um ponto isolado de P.
32 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Exemplo 2.2.11 Seja E um espa¸co vetorial normado com E = {0}.
Afirmamos que nenhum ponto de E ´e ponto isolado de E.
De fato, dado a ∈ E, para todo r  0 mostremos que
[B(a; r) ∩ E]  {a} = ∅.
Para mostrar isso, consideremos y ∈ E, y = 0.
Logo o vetor
z
.
=
r
2 y
y
´e diferente do vetor 0 e
z =
r
2 y
y =
r
2 y
y =
r
2
,
logo
0  z  r.
Seja x
.
= a + z.
Ent˜ao x = a (pois z = 0) e
x − a = z  r,
ou seja,
x ∈ B(a; r) ∩ E e x = a,
mostrando que x ∈ [B(a; r) ∩ E]  {a}, isto ´e,
[B(a; r) ∩ E]  {a} = ∅.
Portanto todo ponto de E n˜ao ´e ponto isoldado de E.
Geometricamente temos:
~
a
r
By
b
x
.
= a + r
2 y
y
19.08.2008 - 5.a
Temos a
Defini¸c˜ao 2.2.3 Diremos que um espa¸co m´etrico (M, d) ´e discreto se todo ponto de M ´e um
ponto isolado de M.
Exemplo 2.2.12 O exemplo (2.2.9) mostra que Z com a m´etrica usual induzida de R ´e um
espa¸co m´etrico discreto.
2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 33
Exemplo 2.2.13 A observa¸c˜ao (2.2.6) mostra que P = {1,
1
2
,
1
3
, · · · ,
1
n
, · · · } com a m´etrica
usual induzida de R ´e um espa¸co m´etrico discreto.
Exemplo 2.2.14 Seja M um conjunto n˜ao vazio e d a m´etrica zero-um em M.
Ent˜ao (M, d) ´e um espa¸co m´etrico discreto, pois se a ∈ M ent˜ao para 0  r ≤ 1 temos, do
Exemplo (2.2.2), que B(a; r) = {a}, ou seja todo ponto de M ´e ponto isolado de M, portanto
M ´e um espa¸co m´etrico discreto.
Defini¸c˜ao 2.2.4 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico.
Diremos que um subconjunto X ⊆ M ´e discreto se X como subsepa¸co (m´etrico) de M for
um espa¸co m´etrico discreto.
Observa¸c˜ao 2.2.7 Na situa¸c˜ao acima, X ´e um espa¸co m´etrico discreto se, e somente se, para
cada x ∈ X existe r  0 tal que B(x; r) ∩ X = {x} (pois, da proposi¸c˜ao (2.2.1) temos que
B(x; r) ∩ X = BX(x; r)).
Exerc´ıcio 2.2.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico e X um subconjunto finito de M.
Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que X ´e um subconjunto discreto de M.
Para finalizar a se¸c˜ao temos a:
Proposi¸c˜ao 2.2.3 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico, a, b ∈ M com a = b.
Consideremos r, s  0 tais que
r + s ≤ d(a, b).
Ent˜ao as bolas abertas B(a; r) e B(b; s) s˜ao disjuntas (veja figura abaixo), isto ´e,
B(a; r) ∩ B(b; s) = ∅.
a
b
E '
r
s
E'
d(a, b)  r + s
Demonstra¸c˜ao:
Suponhamos, por absurdo, que existe x ∈ B(a; r) ∩ B(b; s).
Logo
d(a, x)  r e d(b, x)  s.
Portanto
d(a, b) ≤ d(a, x) + d(x, b)  r + s ≤ d(a, b),
ou seja, d(a, b)  d(a, b), o que ´e um absurdo.
Logo
B(a; r) ∩ B(b; s) = ∅
34 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
como quer´ıamos mostrar.
De modo semelhante temos a:
Proposi¸c˜ao 2.2.4 Na situa¸c˜ao da proposi¸c˜ao acima, se
r + s  d(a, b)
ent˜ao as bolas fechadas B[a; r] e B[b; s] s˜ao disjuntas , isto ´e,
B[a; r] ∩ B[b; s] = ∅.
Demonstra¸c˜ao:
Suponhamos, por absurdo, que existe x ∈ B[a; r] ∩ B[b; s].
Logo
d(a, x) ≤ r e d(b, x) ≤ s.
Portanto
d(a, b) ≤ d(a, x) + d(x, b) ≤ r + s  d(a, b),
ou seja, d(a, b)  d(a, b), o que ´e um absurdo.
Logo
B[a; r] ∩ B[b; s] = ∅
como quer´ıamos mostrar.
2.3 Subconjuntos limitados de um espa¸cos m´etricos
Iniciaremos com a
Defini¸c˜ao 2.3.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico.
Diremos que um subconjunto X ⊆ M, n˜ao vazio, ´e limitado em M se existir c  0 tal que
d(x, y) ≤ c para todo x, y ∈ X.
Observa¸c˜ao 2.3.1 Se X ⊆ M ´e limitado em M ent˜ao podemos considerar o conjunto
D
.
= {a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para todo x, y ∈ X} ⊆ R.
Como X ´e limitado em M segue que D ´e n˜ao vazio e limitado superiormente (ou seja, existe
c ∈ R tal que c ∈ D).
Como todo subconjunto limitado superiormente em R admite supremo, segue que existe
0 ≤ sup D  ∞.
Logo podemos introduzir a
Defini¸c˜ao 2.3.2 Na situa¸c˜ao acima, sup D ser´a denominado diˆametro de X e indicado por
diam(X), ou seja,
diam(X) = sup{a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para x, y ∈ X}.
2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 35
Observa¸c˜ao 2.3.2
1. Se X ⊆ M n˜ao for limitado em M escreveremos
diam(X)
.
= ∞.
Isto significa que para todo c  0 existem xc, yc ∈ X tal que d(xc, yc)  c.
2. Se X ⊆ M for limitado ent˜ao
d(x, y) ≤ diam(X), para todo x, y, ∈ X.
3. ´E f´acil mostrar que (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que se X ⊆ M for limitado
em M e Y ⊆ X ent˜ao Y ⊆ M ´e limitado em M e
diam(Y ) ≤ diam(X).
Consideremos alguns exemplos
Exemplo 2.3.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico.
Ent˜ao toda bola aberta (ou fechada; ou esfera) ´e subconjunto limitado de M e seu diˆametro
´e menor ou igual ao dobro do seu raio.
De fato, seja a ∈ M e r  0.
Se x, y ∈ B(a; r) ent˜ao
d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, y)  r + r = 2r
mostrando que B(a; r) ´e um subconjunto limitado de M.
Al´em disso segue que 2r ´e um limitante superior do conjunto
{a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para todo x, y ∈ B(a; r)}.
Portanto
diam[B(a; r)] ≤ 2r,
como afirmamos acima.
Vale o an´alogo para a bola fechada B[a; r] e para a esfera S(a; r) (ser´a deixado como exerc´ıcio
para o leitor).
Observa¸c˜ao 2.3.3 Em geral, n˜ao podemos garantir que o diˆametro da bola aberta (ou fechada,
ou esfera) seja igual ao dobro do seu raio, como mostra o seguinte exemplo:
Consideremos Z com a m´etrica usual induzida de R, r = 1 e n ∈ Z.
Como vimos no Exemplo (2.2.9) temos que B(n; 1) = {n} cujo diˆametro ´e zero (que ´e menor
que 2).
Quando vale a igualdade?
O exemplo a seguir responde esta quest˜ao:
Exemplo 2.3.2 Seja E um espa¸co vetorial normado tal que E = {0}.
Afirmamos que toda bola aberta (ou fechada, ou esfera) tem diˆametro igual ao dobro do raio
da mesma, isto ´e,
diam(B(a; r)) = 2r (ou diam(B[a; r]) = 2r, diam(S(a; r)) = 2r).
36 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
De fato, sejam a ∈ E e r  0.
Sabemos que B(a; r) ´e um subconjunto limitado de E e que diam[B(a; r)] ≤ 2r.
Mostremos que se 0  s  2r ent˜ao s n˜ao poder´a ser pode ser diˆametro de B(a; r), ou seja,
existem x1, y1 ∈ B(a; r) tal que d(x1, y1)  s.
Consideremos y ∈ E tal que y = 0 e seja t ∈ R tal que
s  2t  2r, ou seja, 0 
s
2
 t  r.
Observemos que o vetor
x
.
=
t
y
y ∈ E
tem a seguinte propriedade:
x =
t
y
y = t
y
y
= t,
ou seja, x = t  r.
Afirmamos que os vetores
x1
.
= a + x, x2
.
= a − x ∈ B(a; r).
De fato,
d(a + x, a) = (a + x) − a = x = t  r
e, de modo semelhante, temos
d(a − x, a) = (a − x) − a = − x = x = t  r.
Al´em disso
d(a + x, a − x) = (a + x) − (a − x) = 2x = 2 x = 2t  s,
ou seja, d(x1, y1)  s.
Logo todo s ∈ (0, 2r) n˜ao poder´a ser o diˆametro da bola aberta B(a; r).
Geometricamente temos
a
u
r

y

©
x1 = a + t y
y
y1 = a − t y
y
Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor o
Exerc´ıcio 2.3.1 Mostrar que, na situa¸c˜ao acima, temos
diam[B[a; r]] = 2r e diam[S(a; r)] = 2r.
2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 37
Observa¸c˜ao 2.3.4
1. Dado um espa¸co m´etrico qualquer (mesmo sendo n˜ao limitado) podemos considerar subes-
pa¸cos (m´etricos) do mesmo que sejam limitados.
Basta considerarmos os subconjunto limitados do mesmo e colocar a m´etrica induzida do
espa¸co m´etrico dado neste subconjunto.
2. Seja E um espa¸co vetorial normado tal que E = {0}.
Ent˜ao E n˜ao ´e limitado.
De fato, consideremos x ∈ E, x = 0 e definamos, para cada n ∈ N,
xn
.
=
2n
x
x.
Observemos que
xn =
2n
x
x = 2n
x
x
= 2n  n,
logo
d(xn, 0) = xn − 0 = xn  n,
mostrando que E n˜ao ´e limitado.
3. Seja (M, d) um espa¸co m´etrico.
Vale observar que um subconjunto X ⊆ M ´e limitado em M se, e somente se, X est´a
contido em alguma bola aberta de M, isto ´e, existe a ∈ M e r  0 tal que X ⊆ B(a; r).
De fato, se existe a ∈ M e r  0 tal que X ⊆ B(a; r) ent˜ao para todo x, y ∈ X temos que
d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, y)  r + r = 2r,
ou seja, X ´e limitado (e seu diˆamentro ´e menor ou igual a 2r).
Reciprocamente, se X ´e limitado em M ent˜ao existe c  0 tal que
d(x, y) ≤ c para todo x, y ∈ X.
Consideremos x0 ∈ X.
Temos que
d(x, x0) ≤ c para todo x ∈ X,
assim se X ⊆ B(x0; c), ou seja X est´a contido em uma bola aberta de M, como quer´ıamos
mostrar.
Temos a
Proposi¸c˜ao 2.3.1 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M limitados em M.
Ent˜ao X ∪ Y e X ∩ Y s˜ao limitados em M.
38 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Demonstra¸c˜ao:
Observemos que X ∩ Y ⊆ X e como X ´e limitado em M segue, da Observa¸c˜ao (2.3.2) item
3., que X ∩ Y tamb´em ser´a limitado em M.
Se X = ∅ ou Y = ∅ segue que X ∪ Y = Y ou X ∪ Y = X, respectivamente, implicando que
X ∪ Y ´e limitado.
Logo podemos supor, sem perda de generalidade, que X, Y = ∅.
Como X, Y s˜ao limitados em M existem c, d  0 e a, b ∈ M tais que
d(x, a) ≤ c e d(y, b) ≤ d
para todo x ∈ X e y ∈ Y .
Considere
k
.
= c + d + d(a, b)  0.
Logo se x ∈ X e y ∈ Y temos que
d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, b) + d(b, y) ≤ c + d(a, b) + d = k.
Portanto se x, y ∈ X ∪ Y temos que:
Se x, y ∈ X temos que d(x, y) ≤ c  k
Se x, y ∈ Y temos que d(x, y) ≤ c  k
Se x ∈ X e y ∈ Y temos que d(x, y) ≤ k,
ou seja, d(x, y) ≤ k para todo x, y ∈ X ∪ Y , mostrando que X ∪ Y ´e limitado em M.
Como conseq¨uˆencia temos o:
Corol´ario 2.3.1 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X1, X2, · · · , Xn ⊆ M limitados em M.
Ent˜ao X1 ∪ X2 ∪ · · · ∪ Xn e X1 ∩ X2 ∩ · · · ∩ Xn s˜ao limitados em M.
Demonstra¸c˜ao:
Utiliza-se indu¸c˜ao matem´atica e a proposi¸c˜ao acima (ser´a deixado como exerc´ıcio para o
leitor).
Como outra conseq¨uˆencia imediata temos que
Corol´ario 2.3.2 Seja (M, d) espa¸co m´etrico. Todo subconjunto finito de M ´e limitado.
Demonstra¸c˜ao:
Basta observar que se X ´e um subconjunto finito de M ele ser´a uma reuni˜ao finita dos
conjuntos formados por cada um dos seus pontos e como o conjunto formado por um ponto ´e
limitado segue, do corol´ario acima, que X ser´a limitado em M.
Nota¸c˜ao 2.3.1 Dada uma fun¸c˜ao f : X → Y denotaremos seu conjunto imagem por f(X),
isto ´e,
f(X)
.
= {f(x) : x ∈ X} ⊆ Y.
Podemos agora introduzir a
2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 39
Defini¸c˜ao 2.3.3 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X um subconjunto n˜ao vazio.
Diremos que uma fun¸c˜ao f : X → M ´e limitada em X se seu conjunto imagem, f(X), for
um subconjunto limitado de M.
Vejamos alguns exemplos
Exemplo 2.3.3 Seja R com a m´etrica usual e f : R → R dada por
f(x)
.
=
1
1 + x2
, x ∈ R.
Observemos que |f(x)| ≤ 1, para todo x ∈ R, logo f ´e uma fun¸c˜ao limitada (neste caso temos
f(R) = (0, 1]).
A figura abaixo nos d´a o gr´afico de f.
E
T
G(f)
1
Exemplo 2.3.4 Na situa¸c˜ao acima se considerarmos g : R → R dada por g(x)
.
= x2 para x ∈ R
temos que g(R) = [0, ∞) logo n˜ao ser´a um subconjunto limitado de R, mostrando que a fun¸c˜ao
g n˜ao ser´a uma fun¸c˜ao limitada.
A figura abaixo nos d´a o gr´afico de g.
E
T
G(g)
Exemplo 2.3.5 Se a m´etrica d em Rn prov´em de uma norma de Rn ent˜ao d n˜ao ´e uma fun¸c˜ao
limitada.
De fato, da Observa¸c˜ao (2.3.4) item 2. temos que Rn n˜ao ´e limitado, logo
d(Rn
, Rn
) = [0, ∞) ⊆ R
n˜ao poder´a ser um subconjunto limitado de R, logo a fun¸c˜ao d n˜ao ser´a uma fun¸c˜ao limitada.
40 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Podemos agora generalizar o exemplo (2.1.5) por meio do
Exemplo 2.3.6 Sejam X um conjunto n˜ao vazio e (M, dM ) um espa¸co m´etrico.
Indiquemos por B(X; M) o conjunto de todas as fun¸c˜oes limitadas definidas em X e tomando
valores em M, isto ´e,
B(X; M)
.
= {f : X → M : f ´e limitada em X}.
Dadas f, g ∈ B(X; M) temos que o conjunto
{dM (f(x), g(x)) : x ∈ X}
´e limitado em R.
De fato, como f e g s˜ao limitadas segue que f(X) e g(X) s˜ao subconjuntos limitados em M.
Logo da Proposi¸c˜ao (2.3.1) segue que f(X) ∪ g(X) ´e um subconjunto limitado em M, ou
seja, {dM (f(x), g(x)) : x ∈ X} ´e limitado em R, portanto admite supremo.
Logo, dadas f, g ∈ B(X; M), podemos definir
d(f, g)
.
= sup
x∈X
{dM (f(x), g(x))}.
Pode-se mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que d ´e uma m´etrica em B(X; M)
que ´e denominada m´etrica da convergˆencia uniforme ou m´etrica do sup.
Observa¸c˜ao 2.3.5
1. Na situa¸c˜ao acima podemos considerar o conjunto F(X; M) formado por todas as fun¸c˜oes
definidas em X com valores em M.
Neste caso a m´etrica do sup n˜ao tem sentido em F(X; M) pois existem fun¸c˜oes f, g : X →
M tais que o conjunto {dM (f(x), g(x)) : x ∈ X} n˜ao ´e limitado em R (logo n˜ao poderemos
considerar o supremo desse conjunto).
Nesta situa¸c˜ao podemos decompor F(X; M) como uma reuni˜ao de espa¸cos m´etricos nos
quais podemos introduzir a m´etrica do sup.
Para mais detalhes ver [1] pag. 15.
2. Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado.
Pode-se mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que se f, g ∈ B(X; E) e λ ∈ R
ent˜ao (f +g) ∈ B(X; E) e λf ∈ B(X; E), ou seja, B(X; E) tornar-se-´a um espa¸co vetorial
sobre R.
Neste caso a m´etrica da convergˆencia uniforme em B(X; E) prov´em da seguinte norma de
B(X; E):
f
.
= sup
x∈X
f(x) E, f ∈ B(X; E),
que ´e denominada norma da convergˆencia uniforme ou do sup.
De fato, pois
d(f, g) = sup{dE(f(x), g(x)) : x ∈ X} = sup
x∈X
f(x) − g(x)) .
2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO41
2.4 Distˆancia de um ponto a um subconjunto em um espa¸co
m´etrico
Observa¸c˜ao 2.4.1 Como motiva¸c˜ao consideremos o seguinte caso:
Em um plano consideremos X uma reta e a um ponto que n˜ao pertence `a reta X.
Consideremos x0 ∈ X o p´e da perpendicular `a reta X que cont´em o ponto a (vide figura
abaixo).
x0
a
X
Seja x ∈ X tal que x = x0.
Ent˜ao aplicando o Teorema de Pit´agoras ao triˆangulo retˆangulo ∆ax0x (veja figura abaixo)
obtemos
[d(a, x)]2
= [d(a, x0)]2
+ [d(x0, x)]2
.
x0
a
X
x
Em particular temos que d(a, x) ≥ d(a, x0) para todo x ∈ X, ou seja, x0 ´e o ponto mais
pr´oximo do ponto a que pertence `a reta X.
Deste modo podemos escrever
d(a, x0) = inf
x∈X
{d(a, x)}.
Podemos generalizar este fato, para isto observemos que se (M, dM ) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M
n˜ao vazio e a ∈ M ent˜ao o conjunto {dM (x, a) : x ∈ X} ⊆ R ´e limitado inferiormente por 0
(pois dM (a, x) ≥ 0).
Logo admite ´ınfimo, assim temos a:
Defini¸c˜ao 2.4.1 Sejam (M, dM ) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M, n˜ao vazio e a ∈ M.
Definimos a distˆancia do ponto a ao conjunto X, indicada por d(a, X), como sendo
d(a, X) = inf{dM (a, x) : x ∈ X}.
42 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
21.08.2008 - 6.a
Observa¸c˜ao 2.4.2
1. Das propriedades de ´ınfimo temos:
(a) Para todo x ∈ X temos que
d(a, X) ≤ d(a, x)
(isto ´e, d(a, X) ´e um limitante inferior do conjunto {d(x, a) : x ∈ X} ⊆ R);
(b) Se d(a, X)  c ent˜ao existe x ∈ X tal que d(a, x)  c (isto ´e, d(a, X) ´e o maior dos
limitantes inferiores).
2. Para todo x ∈ X temos que d(a, x) ≥ 0 logo
d(a, X) ≥ 0.
3. Observemos que se a ∈ X ent˜ao
d(a, X) = 0.
De fato, se a ∈ X ent˜ao 0 = d(a, a) ∈ {d(a, x) : x ∈ X}.
4. Al´em disso, se X ⊆ Y ent˜ao
d(a, Y ) ≤ d(a, X).
Lembremos que se A ⊆ B ent˜ao inf B ≤ inf A (*) (ser´a deixado como exerc´ıcio para o
leitor).
Logo, se X ⊆ Y ent˜ao {d(x, a) : x ∈ X} ⊆ {d(y, a) : y ∈ Y }, assim de (*) temos que
d(a, Y ) = inf{d(y, a) : y ∈ Y } ≤ inf{d(x, a) : x ∈ X} = d(a, X),
como quer´ıamos mostrar.
5. Se d(a, X) = 0 isto n˜ao implica, necessariamente, que a ∈ X como vereremos em exemplos
a seguir.
O que podemos afirmar ´e que:
d(a, X) = 0 se, e somente se, dado ε  0 existe x ∈ X tal que d(a, x)  ε.
6. Vale observar que, em geral, n˜ao podemos substituir o ´ınfimo na defini¸c˜ao acima pelo
m´ınimo, isto ´e, pode n˜ao existir um ponto em x0 ∈ X de tal modo que
d(a, X) = d(a, x0),
como veremos em exemplos a seguir.
A seguir consideraremos alguns exemplos.
Exemplo 2.4.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico, a ∈ M e X = {x1, x2, · · · , xn} um subconjunto
finito de M.
Ent˜ao
d(a, X) = inf{d(a, x) : x ∈ X}
[conjunto finito]
= inf
1≤i≤n
{d(a, xi)}
[conjunto finito]
= min
1≤i≤n
{d(a, xi)}.
2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO43
Exemplo 2.4.2 Seja R2 como a m´etrica usual e S1 = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 = 1} a circun-
ferˆencia unit´aria de centro na origem e raio 1.
Ent˜ao se z = (x, y) ∈ S1 e 0 = (0, 0) temos que
d(0, z) = (x − 0)2 + (y − 0)2 = x2 + y2 = 1,
ou seja, d(0, S1) = 1 (veja figura abaixo).
E
T
x
y
z = (x, y)
0 = (0, 0)
d(0, z) = 1
S1
‚
Exemplo 2.4.3 Seja R munido da m´etrica usual e X = (a, b) (= B(a + b−a
2 ; b−a
2 )).
Ent˜ao temos que
d(a, X) = d(b, X) = 0.
Podemos provar isto diretamente ou utilizar o seguinte resultado geral:
Proposi¸c˜ao 2.4.1 Sejam E um espa¸co vetorial normado, a ∈ E e r  0.
Ent˜ao dado b ∈ E,
d(b, B(a; r)) = 0 se, e somente se, b ∈ B[a; r].
Demonstra¸c˜ao:
(⇐=)
Suponhamos que b ∈ B[a; r], ou seja, b − a ≤ r.
Se tivermos b − a  r seguir´a que b ∈ B(a; r), logo d(b, B(a; r)) = 0.
Afirma¸c˜ao: se b − a = r  0 ent˜ao dado ε  0 afirmamos que existe x ∈ B(a; r) tal que
d(b, x)  ε.
De fato, definamos
u
.
=
1
r
(b − a) ∈ E.
Segue que
u =
1
r
(b − a) =
1
r
b − a =
1
r
r = 1.
Escolhamos t ∈ (r − ε, r), assim 0  r − t  ε.
Consideremos
x
.
= a + t.u ∈ E.
44 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Temos que
d(x, a) = x − a = (a + t.u) − a = |t| u
[ u =1]
= t  r,
ou seja, x ∈ B(a; r).
Al´em disso, temos
d(x, b) = b − x = b − (a + t.u) = (b − a) − t.u
[b−a=r.u]
= r.u − t.u = |r − t| u
[ u =1]
= r − t  ε,
logo concluimos a prova da afirma¸c˜ao acima. (veja figura abaixo).
b
a
b
!ε
“
r
x = a + tu
o
Logo dado ε  0 existe x ∈ B(a; r) tal que 0 ≤ d(b, x)  ε, ou seja,
0 ≤ d(b, B(a; r)) ≤ d(b, x)  ε,
isto ´e,
d(b, B(a; r)) = inf{d(b, x) : x ∈ B(a; r)} = 0.
(=⇒)
Reciprocamente, suponhamos que d(b, B(a; r)) = 0.
Seja p ∈ E tal que p ∈ B[a; r].
Afirmamos que d(p, B(a; r))  0.
De fato, como p ∈ B[a; r] temos que
p − a  r, logo p − a = r + c
para algum c  0.
Se x ∈ B(a; r) temos que x − a  r e como
p − a ≤ p − x + x − a
segue que
d(p, x) = p − x ≥ p − a − x − a = (r + c) − x − a  (r + c) − r = c,
ou seja, c ´e um limitante inferior do subconjunto
{d(p, x) : x ∈ B(a; r)} ⊆ R.
Como d(p, B(a; r)) ´e o ´ınfimo do conjunto acima segue que
d(p, B(a; r)) ≥ c  0,
concluindo a prova da afirma¸c˜ao (veja figura abaixo).
2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO45
T
a
p
T
r
c
Como d(b, B(a; r)) = 0, da afirma¸c˜ao, segue que b ∈ B[a; r], como quer´ıamos demonstrar.
Observa¸c˜ao 2.4.3 Em particular a afirma¸c˜ao acima nos diz que podemos ter b ∈ E com
d(b, X) = 0 e b ∈ X (onde X = B(a; r)), como afirmamos anteriormente.
Temos a:
Proposi¸c˜ao 2.4.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, a, b ∈ M e X ⊆ M n˜ao vazio. Ent˜ao
|d(a, X) − d(b, X)| ≤ d(a, b).
A figura abaixo ilustra o resultado
X
d(a, X)
d(b, X)
d(a, b)
a
b
Demonstra¸c˜ao:
A desigualdade acima ´e equivalente a
−d(a, b) ≤ d(a, X) − d(b, X) ≤ d(a, b).
Observemos que para todo x ∈ X temos que
d(a, X) ≤ d(a, x) ≤ d(a, b) + d(b, x),
46 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
ou seja,
d(a, X) − d(a, b) ≤ d(b, x),
ou ainda, o n´umero real
d(a, X) − d(a, b)
´e um limitante inferior do subconjunto {d(b, x) : x ∈ X} ⊆ R.
Da defini¸c˜ao de ´ınfimo segue
d(a, X) − d(a, b) ≤ d(b, X), isto ´e, d(a, X) − d(b, X) ≤ d(a, b). (∗)
Observemos que para todo x ∈ X temos que
d(b, X) ≤ d(b, x) ≤ d(b, a) + d(a, x),
ou seja,
d(b, X) − d(a, b) ≤ d(a, x)
ou ainda, o n´umero real
d(b, X) − d(a, b)
´e um limitante inferior do subconjunto {d(a, x) : x ∈ X} ⊆ R.
Da defini¸c˜ao de ´ınfimo segue
d(b, X) − d(a, b) ≤ d(a, X), isto ´e, d(a, X) − d(b, X) ≥ −d(a, b). (∗∗)
De (*) e (**) segue a desiguladade e a conclus˜ao da prova.
Como conseq¨uˆencia temos o
Corol´ario 2.4.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico e a, b, x ∈ M. Ent˜ao
|d(a, x) − d(a, y)| ≤ d(a, b).
Demonstra¸c˜ao:
Basta considerar X
.
= {x} na proposi¸c˜ao acima e verificar que d(a, {x}) = d(a, x).
2.5 Distˆancia entre dois subconjuntos de um espa¸co m´etrico
Temos a
Defini¸c˜ao 2.5.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M n˜ao vazios.
Definimos a distˆancia entre os conjuntos X e Y , indicada por d(X, Y ), como sendo
d(X, Y )
.
= inf{d(x, y) : x ∈ X, y ∈ Y }.
Consideremos o
Exemplo 2.5.1 Consideremos R com a m´etrica usua, X = (−∞, 0) e Y = (0, ∞).
Ent˜ao dada ε  0 existem x ∈ X e y ∈ Y tal que
d(x, y)  ε, ou seja, d(X, Y ) = 0.
Observemos que X ∩ Y = ∅ e mesmo assim d(X, Y ) = 0.
2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 47
Observa¸c˜ao 2.5.1 Se (M, d) ´e um espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M n˜ao vazios ent˜ao:
1. Se X ∩ Y = ∅ ent˜ao d(X, Y ) = 0;
2. Observemos que
d(X, X) = 0 e d(X, Y ) = d(Y, X).
3. Pode ocorrer de d(X, Y ) = 0 e X ∩ Y = ∅.
Deixaremos para o leitor encontrar um exemplo onde isto ocorre.
2.6 Imers˜oes isom´etricas e isometrias entre espa¸cos m´etricos
Come¸caremos pela
Defini¸c˜ao 2.6.1 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos.
Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e um imers˜ao isom´etrica de M em N se
dN (f(x), f(y)) = dM (x, y), x, y ∈ M.
No caso acima diremos que a fun¸c˜ao f preserva as distˆancias de M e N, respectivamente.
Observa¸c˜ao 2.6.1 Na situa¸c˜ao acima se f : M → N ´e uma imers˜ao isom´etrica temos que f ´e
injetora.
De fato, se f(x) = f(y) ent˜ao
dM (x, y) = dN (f(x), f(y)) = 0,
logo x = y, mostrando que f ´e injetora.
Com isto temos a:
Defini¸c˜ao 2.6.2 Um imers˜ao isom´etrica que ´e sobrejetora ser´a denomiada isometria de M
em N.
Observa¸c˜ao 2.6.2
1. Na situa¸c˜ao acima f : M → N ´e ums isometria se, e somente se, f preserva as distˆancias
de M e N e for sobrejetora.
2. Em particular se f : M → N ´e isometria ent˜ao f ´e bijetora.
Logo admite fun¸cao inversa f−1 : N → M e esta tamb´em ´e uma isometria.
De fato, pois se w, z ∈ N temos que existe x, y ∈ M tal que z = f(x) e w = f(y) (pois f
´e sobrejetora) assim
dM (f−1
(z), f−1
(w)) = dM (f−1
(f(x)), f−1
(f(y))) = dM (x, y)
[f ´e isometria]
= dN (f(x), f(y)) = dN (z, w),
mostrando que f−1 preserva as distˆancias de N e M.
48 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
3. Sejam (M, dM ), (N, dN ) e (P, dP ) espa¸cos m´etricos e f : M → N, g : N → P imers˜oes
isom´etricas de M em N e de N em P, respectivamente.
Ent˜ao (g ◦ f) : M → P ´e uma imers˜ao isom´etrica de M em P.
De fato, se x, y ∈ M temos que
dP ((g ◦ f)(x), (g ◦ f)(y)) = dP (g(f(x)), g(f(y)))
[g preserva distˆancias]
= dN (f(x), f(y))
[f preserva distˆancias]
= dM (x, y),
mostrando que g ◦ f preserva as distˆancias de M e P.
4. Como conseq¨uˆencia temos que composta de isometrias tamb´em ser´a uma isometria entre
os respectivos espa¸cos m´etricos.
5. Toda imers˜ao isom´etrica f : M → N define uma isometria de M sobre f(M) (pois neste
caso f : M → f(M) ser´a sobrejetora e continuar´a a preservar as distˆancias de M e N).
Com isto temos a:
Defini¸c˜ao 2.6.3 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos.
Diremos que M e N s˜ao isom´etricos se existir uma isometria de M em N e neste caso
escreveremos M ∼ N.
Observa¸c˜ao 2.6.3 1. Temos que M ∼ M (basta considerar a identidade de M em M);
2. Se M ∼ N ent˜ao N ∼ M (pois, como vimos na Observa¸c˜ao (2.6.2) item 2., a inversa de
uma isometria ´e uma isometria);
3. Se M ∼ N e N ∼ P ent˜ao M ∼ P (pois, como vimos na Observa¸c˜ao (2.6.2) item 3., a
composta de isometrias ´e uma isometria).
4. Os trˆes itens acima nos dizem que ∼ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia no conjunto formado
por todos os espa¸cos m´etricos (isto ´e, ∼ satisfaz as propriedades: reflexiva, sim´etrica e
transitiva).
5. Se existir uma imer˜ao isom´etrica f : M → N ent˜ao temos que M ∼ f(M) (pois a fun¸c˜ao
f : M → f(M) ser´a sobrejetora e preservar´a as distˆancias de M e f(M)).
26.08.2008 - 7.a
6. Sejam X um subconjunto n˜ao vazio, (M, dM ) um espa¸co m´etrico e f : X → M uma fun¸c˜ao
injetora.
Nosso objetivo ´e introduzir uma m´etrica em X de tal modo que a fun¸c˜ao f torne-se uma
imers˜ao isom´etrica de X e M.
Para isto definamos
dX : X × X → R
por
dX(x, y)
.
= dM (f(x), f(y)), x, y ∈ X.
´E f´acil verificar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que dX ´e uma m´etrica em
X (precisamos usar do fato que f ´e injetora!) e deste modo a fun¸c˜ao f tornar-se-´a uma
imers˜ao isom´etrica de (X, dX) em (M, dM ).
2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 49
Podemos mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que a m´etrica dX em X ´e a
´unica m´etrica que torna f uma imers˜ao isom´etrica de X em M.
Com isto temos a:
Defini¸c˜ao 2.6.4 Na situa¸c˜ao acima diremos que a m´etrica dX ´e a m´etrica induzida por f
em X.
Observa¸c˜ao 2.6.4 Um caso particular da situa¸c˜ao acima ´e quando X ⊆ M, n˜ao vazio onde
(M, dM ) ´e um espa¸co m´etrico.
Neste caso se considerarmos a aplica¸c˜ao inclus˜ao
i : X → M dada por i(x)
.
= x, para x ∈ X,
temos que a fun¸c˜ao i ´e injetora.
Logo podemos considerar em X a m´etrica induzida pela fun¸c˜ao i que coincidir´a com a m´etrica
induzida de M em X (pois dX(x, y) = dM (i(x), i(y)) = dM (x, y), para todo x, y ∈ X).
A seguir consideraremos alguns exemplos.
Exemplo 2.6.1 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn.
Sejam a, u ∈ Rn tal que u = 1.
Consideremos a fun¸c˜ao f : R → Rn dada por
f(t)
.
= a + t u, t ∈ R.
Afirmamos que f ´e um imers˜ao is´om´etrica de R em Rn.
De fato, se t, s ∈ R temos que
dRn (f(t), f(s)) = f(t) − f(s) = (a + t u) − (a + s u) = (t − s) u
= |t − s| u
[ u =1]
= |t − s| = dR(t, s),
mostrando que a fun¸c˜ao f preserva as distˆancias de R e Rn.
Observa¸c˜ao 2.6.5
1. Observemos que o gr´afico de f ´e a reta que passa pelo ponto a = a ∈ Rn e tem a dire¸c˜ao
do vetor unit´ario u ∈ Rn.
Em particular, f n˜ao ´e uma isometria de R em Rn se n = 1 (pois, neste caso, n˜ao ´e
sobrejetora).
2. Se n = 1 ent˜ao f ser´a isometria de R em R (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para o
leitor).
Exemplo 2.6.2 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn e a ∈ Rn.
Afirmamos que a fun¸c˜ao f : Rn → Rn dada por
f(x)
.
= x + a, x ∈ Rn
,
´e uma isometria de Rn em Rn.
50 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
De fato, se x, y ∈ Rn ent˜ao
d(f(x), f(y)) = f(x) − f(y) = (x + a) − (y + a) = x − y = d(x, y),
mostrando que f preserva a distˆancia em Rn (ou seja, ´e uma imers˜ao isom´etrica de Rn em Rn).
Al´em disso f(Rn) = Rn pois se y ∈ Rn se tomarmos
x
.
= y − a
segue que
f(x) = x + a = (y − a) + a = y,
ou seja, f ´e sobrejetora, ou seja, f ´e uma isometria de Rn em Rn.
Com isto temos a
Defini¸c˜ao 2.6.5 A fun¸c˜ao f acima definida ser´a denominada transla¸c˜ao pelo vetor a.
Exemplo 2.6.3 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn.
Afirmamos que a fun¸c˜ao f : Rn → Rn dada por
f(x)
.
= −x, x ∈ Rn
,
´e uma isometria em Rn.
De fato, se x, y ∈ Rn ent˜ao
d(f(x), f(y)) = f(x) − f(y) = (−x) − (−y) = − x + y = x − y = d(x, y),
mostrando que f preserva a distˆancia em Rn (ou seja, ´e uma imers˜ao isom´etrica de Rn em Rn).
Al´em disso f(Rn) = Rn pois se y ∈ Rn se tomarmos
x
.
= −y
segue que
f(x) = x = −(−y) = y,
ou seja, f ´e sobrejetora, isto ´e, f ´e uma isometria de Rn em Rn.
Com isto temos a
Defini¸c˜ao 2.6.6 A fun¸c˜ao f acima definida ser´a denominada reflex˜ao em torno da origem
de Rn.
Observa¸c˜ao 2.6.6
1. Observemos que na situa¸c˜ao acima, dados a, b ∈ Rn existe uma isometria f : Rn → Rn tal
que f(b) = a (basta considerar a transla¸c˜ao f(x)
.
= x + (a − b)).
2. Podemos substituir o Rn por um espa¸co vetorial normado qualquer que os exemplos acima
continuar˜ao v´alidos neste novo contexto.
A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 51
Exemplo 2.6.4 Consideremos C o conjunto formado pelo n´umeros complexos munido da m´etrica
induzida pelo valor absoluto de um n´umero complexo (isto ´e, se z = a+bi ent˜ao z = x2 + y2
e assim a m´etrica ser´a d(z1, z2) = z1 − z2 , z1, z2 ∈ C).
Sejam u ∈ C tal que u = 1 e a fun¸c˜ao
f : C → C
dada por
f(z)
.
= u.z,
para z ∈ C (onde . ´e a multiplica¸c˜ao de n´umeros complexos).
Afirmamos que f ´e uma isometria.
De fato, f ´e imers˜ao isom´etrica em C, pois
d(f(z1), f(z2)) = f(z1) − f(z2) = u.z1 − u.z2 = u.(z1 − z2)
= u z1 − z2
[ u =1]
= z1 − z2 = d(z1, z2),
mostrando que f preserva a distˆancia em C.
Al´em disso, se w ∈ C consideremos
z
.
=
w
u
∈ C.
Logo
f(z) = u.z = u.
w
u
= w,
mostrando que f ´e sobrejetora, portanto uma isometria de C em C.
Observa¸c˜ao 2.6.7 A aplica¸c˜ao f do exemplo acima ´e uma rota¸c˜ao (no sentido hor´ario) de um
ˆangulo θ =
π
2
se u = i e θ = arctg(
b
a
) se u = a + bi, se a = 0 (veja figura abaixo).
E
T C
z
f(z) = u.z
θ
Finalizaremos esta se¸c˜ao com a
Proposi¸c˜ao 2.6.1 Seja (M, dM ) um espa¸co m´etrico limitado.
Ent˜ao existe uma imers˜ao isom´etrica ϕ : M → B(M; R), onde em B(M; R) consideraremos
a m´etrica induzida pela norma da convergˆencia uniforme.
52 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS
Demonstra¸c˜ao:
Definamos ϕ : M → B(M; R) por
ϕ(x)
.
= dx,
onde dx : M → R ´e dada por
dx(y)
.
= dM (x, y)
(ou seja, a distˆancia ao ponto x).
Como M ´e limitado segue que dx ∈ B(M; R), ou seja ϕ est´a bem definida.
Mostremos que ϕ preserva as ditˆancias de M e B(M; R).
Observemos que se x, x , y ∈ M ent˜ao
|dx(y) − dx (y)| = |d(x, y) − d(x , y)|
[corol´ario (2.4.1)]
≤ dM (x, x ),
assim
dB(M;R)(ϕ(x), ϕ(x )) = ϕ(x) − ϕ(x ) = dx − dx = sup
y∈M
|dx(y) − dx (y)|≤dM (x, x ).
Por outro lado, se tomarmos y = x temos que
|dx(y) − dx (y)| = |dM (x, y) − dM (x , y)|
[y=x ]
= |dM (x, x ) − dM (x , x )| = dM (x, x ).
Logo
dx − dx = sup
y∈M
|dx(y) − dx (y)|≥dM (x, x ),
portanto
dB(M; R)(dx, dx ) = dx − dx = sup
y∈M
|dx(y) − dx (y)| = dM (x, x ),
ou seja, ϕ preserva as distˆancias de M e de B(M; R).
Observa¸c˜ao 2.6.8
1. Pode-se provar um resultado an´alogo ao exibido acima retirando-se a hip´otese de M ser
limitado.
Uma demonstra¸c˜ao para esse fato pode ser encontrada em [1] pag. 20.
2. O resultado acima garante que todo espa¸co m´etrico pode ser imerso, isometricamente, em
um espa¸co vetorial normado.
Cap´ıtulo 3
Fun¸c˜oes Cont´ınuas Definidas em
Espa¸cos M´etricos
3.1 Defini¸c˜ao de fun¸c˜ao cont´ınua em espa¸cos m´etricos e exem-
plos
Temos a:
Defini¸c˜ao 3.1.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M.
Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua no ponto a se dado ε  0 existir
δ = δ(ε, a)  0 tal que
dM (x, a)  δ implicar dN (f(x), f(a))  ε.
Geometricamente temos:
f(a)
~
ε
E
f
a
a δ
f(B(a; δ))
%
M
N
Diremos que f : M → N ´e cont´ınua em M se ela for cont´ınua em cada um dos pontos de
M.
Observa¸c˜ao 3.1.1
1. Na situa¸c˜ao acima, f ´e cont´ınua no ponto a se, e somente se, se dado ε  0 existir
δ = δ(ε, a)  0 tal que
f(B(a; δ)) ⊆ B(f(a); ε),
ou seja, dada uma bola aberta de centro em f(a) e raio ε  0 em N, existe uma bola aberta
de centro em a e raio δ  0 em M, tal que a imagem pela fun¸c˜ao f desta segunda bola
est´a contida na primeira bola.
53
54 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
2. Se M ⊆ R e N = R munidos da m´etrica usual de R ent˜ao f : M → R ser´a cont´ınua em
a ∈ M se, e somente se, dado ε  0 existir δ = δ(ε, a)  0 tal que se x ∈ M e
a − δ  x  a + δ
implicar
f(a) − ε  f(x)  f(a) + ε,
ou seja,
f((a − δ, a + δ)) ⊆ (f(a) − ε, f(a) + ε),
pois as bolas abertas em R (com a m´etrica usual) da defini¸c˜ao de contiuidade ser˜ao os,
respectivos, intervalos abertos obtidos acima.
Geometricamente temos:
T T
Ef
f(a)
a
a + δ
a − δ
f(a) + ε
f(a) − ε
A seguir exibiremos alguns exemplos.
Antes por´em temos a:
Defini¸c˜ao 3.1.2 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e uma fun¸c˜ao f : M → N que tem
a seguinte propriedade: existe c  0 tal que
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M.
Neste caso diremos que a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em M.
A constante c ser´a dita constante de Lipschitz da fun¸c˜ao f.
Exemplo 3.1.1 Se f : M → N ´e lipschitiziana em M ent˜ao f ´e cont´ınua em M.
De fato, como f ´e lipschitiziana em M existe c  0 tal que
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M.
Logo, dado ε  0 seja δ
.
=
ε
c
 0.
Ent˜ao se a ∈ M e dM (x, a)  δ temos que
dN (f(x), f(a)) ≤ c dM (x, a)  cδ ≤ c
ε
c
= ε,
mostrando que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua no ponto a ∈ M.
Como a ∈ M ´e arbitr´ario segue que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua em M.
3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 55
Exemplo 3.1.2 Sejam (E, . E) um espa¸co vetorial normado e λ ∈ R.
Afirmamos que a aplica¸c˜ao
fλ : E → E
dada por
fλ(x)
.
= λ.x, x ∈ E,
´e lipschitiziana em E.
De fato,
dE(fλ(x),fλ(y)) = fλ(x), fλ(y) E = λ.x − λ.y E = λ(x − y) E
= |λ| x − y E = |λ|dE(x, y),
ou seja,
dE(fλ(x),fλ(y)) = |λ|dE(x, y), x, y ∈ E,
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao fλ : E → E s´er´a cont´ınua em E para cada λ ∈ R fixado.
Observa¸c˜ao 3.1.2
1. Se f1, · · · , fn : E → E, onde E ´e um espa¸co vetorial normado, s˜ao lipschitzianas ent˜ao
dados a1, · · · , an ∈ R temos que
f
.
= a1f1 + · · · anfn
tamb´em ser´a uma aplica¸c˜ao lipschitziana em E.
A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor.
Conclus˜ao: combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes lipschitzianas ´e uma fun¸c˜ao lipschitziana.
Em particular, a aplica¸c˜ao f : E → E ser´a cont´ınua em E.
2. Seja R munido da m´etrica usual.
Ent˜ao f : R → R ´e lipschitiziana em M se, e somente se, existe c  0 tal que
|f(x) − f(y)|
|x − y|
=
dR(f(x), f(y))
dR(x, y)
≤ c, x, y ∈ R, x = y.
3. Observemos se f : I → R ´e diferenci´avel em I, um intervalo de R e |f (x)| ≤ c para todo
x ∈ I ent˜ao a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em I.
De fato, dados x, y ∈ I do Teorema do Valor Intermedi´ario segue que existe ¯x ∈ [x, y] ( ou
[y, x]) tal que
f(x) − f(y)
x − y
= f (¯x).
Logo
|f(x) − f(y)|
|x − y|
= |f (¯x)| ≤ c,
ou seja, a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em I, como afirmamos acima.
Conclus˜ao: toda fun¸c˜ao real, de vari´avel real, diferenci´avel em um intervalo da reta e tal
que sua derivada ´e limitada neste intervalo ´e uma fun¸c˜ao lipschitiziana no intervalo em
quest˜ao.
56 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
2.09.2008 - 8.a
Uma situa¸c˜ao mais geral ´e dada pela
Defini¸c˜ao 3.1.3 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N.
Diremos que a fun¸c˜ao f ´e localmente lipschitziana em M se para cada a ∈ M existe
ra  0 tal que a restri¸c˜ao da fun¸c˜ao f a bola aberta B(a; ra) (isto ´e, f|B(a;ra)
) ´e uma fun¸c˜ao
lischitziana, ou seja, existe c = c(B(a; ra))  0 satisfazendo
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ B(a; ra).
Geometricamente temos:
E
a
o ra
fx
y
f(x)
f(y)
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM (x, y)
Com isto temos o
Exemplo 3.1.3 Se f : M → N ´e localmente lipschitziana em M ent˜ao f ´e cont´ınua em M.
De fato, dado a ∈ M seja ra  0 tal que restri¸c˜ao da fun¸c˜ao f a bola aberta B(a; ra) seja
uma fun¸c˜ao lipschitziana, isto ´e, existe c = c(B(a; ra))  0 tal que
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ B(a; ra).
Dado ε  0 seja δ
.
= min{
ε
c
, ra}  0.
Logo se, dM (x, a)  δ temos que
dN (f(x), f(a))
[dM (x,a)δ≤ra]
≤ c dM (x, a)c δ
[dM (x,a)δ≤ε
c
]
≤ c
ε
c
= ε,
mostrando que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua no ponto a ∈ M.
Como a ∈ M ´e arbitr´ario segue que a fun¸c˜ao f : M → N ser´a cont´ınua em M.
Observa¸c˜ao 3.1.3 Se f1, · · · , fn :→ E, onde E ´e um espa¸co vetorial normado, s˜ao localmente
lipschitzianas em E ent˜ao, dados a1, · · · , an ∈ R, temos que
f
.
= a1f1 + · · · anfn
tamb´em ser´a localmente lipschitziana em E.
A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
Conclus˜ao: combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes localmente lipschitzianas num espa¸co vetorial nor-
mado ´e uma fun¸c˜ao localmente lipschitziana neste espa¸co.
Em particular, a aplica¸c˜ao f : E → E acima definida ser´a cont´ınua em E.
3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 57
Exemplo 3.1.4 Seja f : R → R dada por f(x)
.
= xn, x ∈ R e n ∈ N.
Afirmamos que f ´e localmente lispchitziana em R.
De fato, sejam x, y ∈ B(0; a), isto ´e, |x|, |y| ≤ a.
Ent˜ao temos que
dR(f(x), f(y)) = |f(x) − f(y)| = |xn
− yn
| = |(x − y)(xn−1
+ xn−2
y + · · · xyn−2
+ yn−1
)|
≤ |x − y|[|x|n−1
+ |x|n−2
|y| + · · · |x||y|n−2
+ |y|n−1
]
≤ |x − y|[|a|n−1
+ |a|n−2
|a| + · · · |a||a|n−2
+ |a|n−1
n−parcelas
]
= nan−1
|x − y| = nan−1
dR(x, y),
ou seja, f ´e localmente lischitziana em R (a constante de Lipschitz ser´a c
.
= nan−1).
Em particular, a aplica¸c˜ao f : R → R ser´a cont´ınua em R.
Observa¸c˜ao 3.1.4 Do exemplo acima e da observa¸c˜ao (3.1.3) segue que toda fun¸c˜ao polinomial
p : R → R (isto ´e, se a1, · · · , an ∈ R temos que
p(x)
.
= a0 + a1x + · · · , anxn
, x ∈ R
´e uma fun¸c˜ao localmente lispchitziana em R e portanto ser´a uma aplica¸c˜ao cont´ınua em R.
Exemplo 3.1.5 Seja f : R∗ .
= R  {0} → R dada por
r(x)
.
=
1
x
, x ∈ R∗
.
Para cada a  0 temos que f ´e lipschitiziana em Ra, onde Ra
.
= {x ∈ R : |x| ≥ a}.
De fato, se x, y ∈ Ra ent˜ao |x|, |y| ≥ a logo,
dR(f(x), f(y)) = |f(x)−f(y)| = |
1
x
−
1
y
| = |
y − x
x.y
| =
1
|x|.|y|
|x−y|
[|x|,|y|≥a0]
≤
1
a2
|x−y| =
1
a2
dR(x, y),
mostrando que f ´e lipschitziana em Ra (basta tomar a constante de Lipschitz como sendo c
.
=
1
a2
)
para cada a  0.
Em particular, a aplica¸c˜ao f : R∗ → R ´e cont´ınua em Ra para todo a  0, isto ´e, f ´e
cont´ınua em R∗.
Exemplo 3.1.6 Sejam (E, . E) um espa¸co vetorial normado, R com a m´etrica usual e λ ∈ R.
Afirmamos que a aplica¸c˜ao
m : R × E → E
dada por
m(λ, x)
.
= λ.x, λ ∈ R, x ∈ E,
´e localmente lipschitiziana em R × E onde no produto cartesiano R × E considerarmos a norma
da soma (isto ´e,
(λ, x) R×E = |λ| + x E,
(λ, x) ∈ R × E) e assim podemos tomar a m´etrica
dR×E[(λ, x), (β, y)] = |λ − β| + x − y E,
58 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
se (λ, x), (β, y) ∈ R × E).
De fato, dado (λ0, x0) ∈ R × E, fixado r  0, se
(λ, x), (β, y) ∈ B((λ0, x0); r) ⊆ R × E
temos que
|λ − λ0|, |β − β0|  r e x − x0 E, y − x0 E  r.
Logo
dE(m(λ, x), m(β, y)) = m(λ, x) − m(β, y) E = λ.x − β.y E = λ.x − λ.y + λy − β.y E
= λ.(x − y) + (λ − β).y E ≤ λ(x − y) E + (λ − β)y E
= |λ| x − y E + |λ − β| y E
[|λ|≤|λ−λ0|+|λ0|≤r+|λ0|]
≤ [r + |λ0|] x − y E + |λ − β| y E
[ y E≤ y−x0 E+ x0 E≤r+ x0 E]
≤ [r + |λ0|] x − y E + [r + x0 E]|λ − β|
≤ max{r + |λ0|, r + x0 E}[ x − y E + |λ − β|]
[c
.=max{r+|λ0|,r+ x0 E}]
= c[|λ − β| + x − y E]
= c dR×E[(λ, x), (β, y)]
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao m : R × E → E ser´a cont´ınua em R × E (munido da m´etrica
acima).
Exerc´ıcio 3.1.1 Em particular, vale o mesmo para multiplica¸c˜ao de n´umeros reais ou multi-
plica¸c˜ao de n´umeros reais por vetores de Rn.
Uma outra classe de fun¸c˜oes importantes ´e dada pela
Defini¸c˜ao 3.1.4 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N.
Diremos que a fun¸c˜ao f ´e uma contra¸c˜ao fraca se
dN (f(x), f(y)) ≤ dM ((x, y), x, y ∈ M.
e uma subclasse desta ´e dada pela
Defini¸c˜ao 3.1.5 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N.
Diremos que a fun¸c˜ao f ´e uma contra¸c˜ao (forte) se existir c ∈ [0, 1) tal que
dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M.
Observa¸c˜ao 3.1.5
1. ´E f´acil de ver que toda contra¸c˜ao forte ´e uma contra¸c˜ao fraca.
2. Tamb´em ´e evidente que toda contra¸c˜ao fraca ou forte ´e uma aplica¸c˜ao lipschitiziana e
portanto cont´ınua em todo o espa¸co m´etrico.
Seguir daremos alguns exemplos de contra¸c˜oes fracas.
3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 59
Exemplo 3.1.7 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e k ∈ N fixo.
Se f : M → N ´e dada por
f(x)
.
= k, para todo x ∈ M
ent˜ao f ´e uma contra¸c˜ao forte, pois
dN (f(x), f(y)) = dN (k, k) = 0 ≤
1
2
dM (x, y), x, y ∈ M,
(no caso escolhemos c
.
=
1
2
 1).
Em particular, a aplica¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua em M.
Exemplo 3.1.8 Sejam (M, dM ) espa¸co m´etrico e X ⊆ M subespa¸co m´etrico de M.
A aplica¸c˜ao de inclus˜ao, i : X → M dada por i(x)
.
= x, x ∈ X ´e uma contra¸c˜ao fraca pois
dM (i(x), i(y)) = dX(x, y), x, y ∈ X.
Em particular, a aplica¸c˜ao i : X → M ´e cont´ınua em X.
Em geral temos o
Exemplo 3.1.9 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos.
Se f : M → N ´e uma imers˜ao isom´etrica ent˜ao f ´e uma contra¸c˜ao fraca pois
dN (f(x), f(y)) = dM (x, y), x, y ∈ M.
Em particular, a aplica¸c˜ao f : M → N ser´a cont´ınua em M.
Observa¸c˜ao 3.1.6 Como caso particular do exemplo acima temos que toda isometria ´e uma
contra¸c˜ao fraca, logo cont´ınua em todo o espa¸co m´etrico.
Exemplo 3.1.10 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos.
Independente de uma das trˆes m´etricas que escolhamos para M × N (ver exemplo (2.1.12) e
observa¸c˜ao (2.1.12) item 3.), para cada a ∈ M e b ∈ N se considerarmos as aplica¸c˜oes
ib : M → M × N e ja : N → M × N
dadas por
ib(x)
.
= (x, b) e ja(y)
.
= (a, y),
ent˜ao ib e ja s˜ao uma contra¸c˜oes fracas.
De fato, pois
dM×N (ib(x1), ib(x2)) = dM×N [(x1, b), (x2, b)]
(∗)
≤ dM (x1, x2), x1, x2 ∈ M,
dM×N (ja(y1), ib(y2)) = dM×N [(a, y1), (a, y2)]
(∗∗)
≤ dN (y1, y2), y1, y2 ∈ N
mostrando a afirma¸c˜ao acima.
Vale observar que as desigualdades (*) e (**) s˜ao v´alidas, independentementes, de qual das
trˆes m´etricas que considerarmos no produto cartesiano (verifique!).
Em particular, as aplica¸c˜oes ib : M → M × N e ja : N → M × N s˜ao cont´ınuas em M e N,
respectivamente.
60 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
Exemplo 3.1.11 Sejam (M, dM ) espa¸co m´etrico e X ⊆ M n˜ao vazio.
Definamos dX : M → R por
dX(y)
.
= d(y, X), y ∈ M.
Afirmamos que dX ´e uma contra¸c˜ao fraca.
De fato, se y1, y2 ∈ M temos que
dR(dX(y1), dX(y2)) = |dX(y1) − dX(y2)| = |d(y1, X) − d(y2, X)|
[proposi¸c˜ao (2.4.2)]
≤ dM (y1, y2),
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao dx : M → R ´e cont´ınua em M.
Observa¸c˜ao 3.1.7 Do exemplo acima segue que para cada x ∈ M temos que a aplica¸c˜ao
dx : M → R dada por dx(y)
.
= dM (x, y), y ∈ M,
´e uma contra¸c˜ao fraca.
Para ver isto basta considerar X
.
= {x} ⊆ M.
Em particular, a aplica¸c˜ao dx : M → R ser´a cont´ınua em M.
Exemplo 3.1.12 Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado.
A aplica¸c˜ao . : E → R ´e uma contra¸c˜ao fraca.
De fato, se x, y ∈ E temos que
dR( x , y ) = | x − y | = |dE(x, 0) − dE(y, 0)| ≤ |dE(x, y)| = x − y = dE(x, y),
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao . : E → R ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua em E.
Exemplo 3.1.13 Seja (M1, d1), · · · (Mn, dn) espa¸cos m´etricos.
Pra cada i = 1, · · · n a aplica¸c˜ao
pi : M1 × · · · × Mn → Mi, dada por pi(x)
.
= xi,
onde x = (x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn (conhecida como i-´esima proje¸c˜ao) ´e uma contra¸c˜ao
fraca onde podemos considerar no produto cartesiano M
.
= M1 ×· · ·×Mn qualquer uma das trˆes
m´etricas da observa¸c˜ao (2.1.12).
De fato, se xi, yi ∈ Mi temos que
dM1 (pi(x), pi(y)) = dMi (xi, yi) ≤ dM (x, y),
onde x = (x1, · · · , xi−1, xi, xi+1, · · · , xn), y = (y1, · · · , yi−1, yi, yi+1, · · · , yn) ∈ M, mostrando
que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao pi : M1 × · · · × Mn → Mi ´e cont´ınua em M1 × · · · × Mn para cada
i = 1, · · · , n.
Exemplo 3.1.14 Seja (M, dM ) espa¸co m´etrico.
Ent˜ao a aplica¸c˜ao
dM : M × M → R
3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 61
´e uma contra¸c˜ao fraca se em M ×M considerarmos a m´etrica da soma ou do m´aximo em M ×M
(veja exemplo (2.1.12)).
De fato, se (x, y), (x , y ) ∈ M × M ent˜ao
dR(dM (x, y), dM (x , y )) = |dM (x, y) − dM (x , y )| = |dM (x, y) − dM (x , y) + dM (x , y) − dM (x , y )|
≤ |dM (x, y) − dM (x , y)| + |dM (x , y) − dM (x , y )| ≤ dM (x, x ) + dM (y, y )
≤ dM×M [(x, y), (x , y )],
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao dM : M × M → R ser´a cont´ınua em M × M.
4.09.2008 - 9.a
Exemplo 3.1.15 Seja (E, . E) um espa¸co vetorial normado e λ ∈ R.
Afirmamos que a aplica¸c˜ao
s : E × E → E
dada por
s(x, y)
.
= x + y, x, y ∈ E,
´e uma contra¸c˜ao fraca onde em E×E estamos considerando a norma da soma (isto ´e, (x, y) E×E
.
=
x E + y E e sua respectiva m´etrica associada).
De fato,
dE(s(x, y), s(x , y )) = s(x, y) − s(x , y ) E = (x + y) − (x + y ) E = (x − x ) + (y − y ) E
≤ x − x + y − y E = (x, y) − (x , y ) E×E = dE×E((x, y), (x , y )).
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao s : E × E → E ser´a cont´ınua em E × E.
Exerc´ıcio 3.1.2 Em particular, vale o mesmo para soma n´umeros reais ou soma de vetores em
Rn e B(X; M) munido da m´etrica do sup.
Exemplo 3.1.16 Sejam (M, dM ) um espa¸co m´etrico, a ∈ M, X um conjunto n˜ao vazio e
B(X; M) munido da m´etrica do sup.
Definamos a aplica¸c˜ao
va : B(X; M) → M por va(f)
.
= f(a), f ∈ B(X; M).
Ent˜ao va ´e uma contra¸c˜ao em B(X; M).
De fato, se f, g ∈ B(X; M) temos que
dM (va(f), va(g) = dM (f(a), g(a)) ≤ sup{dM (f(x), g(x)) : x ∈ M} = dB(X;M)(f, g),
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Em particular, a aplica¸c˜ao va : B(X; M) → M ser´a cont´ınua em B(X; M).
Observa¸c˜ao 3.1.8
62 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
1. Sejam (M, dM ), (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M um ponto isolado de M.
Afirmamos que f : M → N ´e cont´ınua em a ∈ M.
De fato, como a ∈ M ´e um ponto isolado de M, existe δ0  0 tal que B(a; δ0) ∩ M = {a}.
Dado ε  0 seja 0  δ ≤ δ0.
Se dM (x, a)  δ ≤ δ0 temos que x = a logo
dN (f(x), f(a)) = dN (f(a), f(a)) = 0  ε,
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
2. Como conseq¨uˆencia da observa¸c˜ao acima temos que se (M, dM ) for um espa¸co discreto
(isto ´e, todo ponto dele ´e ponto isolado) ent˜ao toda fun¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua em M.
Em particular, a m´etrica de M ´e a m´etrica zero-um ent˜ao vale o mesmo.
3. Por outro lado se (N, dN ) for um espa¸co discreto temos que: f : M → N cont´ınua em
M se, e somente se, para cada a ∈ M a fun¸c˜ao f ´e constante em alguma bola aberta de
centro em a.
De fato, se a ∈ M ent˜ao dado 0  ε ≤ 1 temos que B(f(a); ε) = {f(a)} assim para todo
δ  0 se x ∈ B(a; δ) para que f(x) ∈ B(f(a), ε) = {f(a)} deveremos ter f(x) = f(a) na
bola aberta B(a; δ), como afirmamos acima.
Em particular, a m´etrica de N ´e a m´etrica zero-um ent˜ao vale o mesmo.
Temos a
Defini¸c˜ao 3.1.6 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M.
Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e descont´ınua no ponto a se ela n˜ao for cont´ınua
no ponto a.
Observa¸c˜ao 3.1.9
1. Na situa¸c˜ao acima f ´e descont´ınua no ponto a ∈ M se, e somente se, existe ε  0 tal que
para todo δ  0 existe xδ ∈ M tal que
dM (xδ, a)  δ mas dN (f(xδ), f(a)) ≥ ε.
2. Um formula¸c˜ao equivalente seria: f ´e descont´ınua no ponto a ∈ M se, e somente se, existe
ε  0 tal que para todo n ∈ N existe xn ∈ M tal que
dM (xn, a) 
1
n
mas dN (f(xn), f(a)) ≥ ε.
Isto poderia ser dito da seguinte forma: existe uma seq¨uˆencia (xn)n∈N em M que ´e con-
vergente para a em M tal que a seq¨uˆencia (f(xn))n∈N em N n˜ao ´e convergente em N.
Vale observar que ainda n˜ao introduzimos a no¸c˜ao de convergˆencia de seq¨uˆencias.
Na verdade isto ser´a tratado num c´ap´ıtulo mais adiante.
3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 63
Exemplo 3.1.17 A fun¸c˜ao f : R → R dada por f(x) =
1, se x ∈ Q
0, se x ∈ I
n˜ao ´e cont´ınua em
nenhum ponto de R.
De fato, sejam a ∈ Q e ε =
1
2
 0.
Dado δ  0 consideremos x ∈ I tal que |x − a|  δ, isto ´e, d(x, a)  δ (veja figura abaixo).
E
a ∈ Q a + δa − δ
c
x ∈ I
Como f(x) = 0 e f(a) = 1 segue que
dR(f(x), f(a)) = |f(x) − f(a)| = |0 − 1| = 1 ≥
1
2
= ε,
mostrando que f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum a ∈ Q.
Por outro lado, sejam a ∈ I e ε =
1
2
 0.
Dado δ  0 consideremos x ∈ Q tal que |x − a|  δ, isto ´e, d(x, a)  δ (veja figura abaixo).
E
a ∈ I a + δa − δ
c
x ∈ Q
Como f(x) = 1 e f(a) = 0 segue que
dR(f(x), f(a)) = |f(x) − f(a)| = |1 − 0| = 1 ≥
1
2
= ε,
mostrando que f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum a ∈ I.
Portanto f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum ponto de R.
Observa¸c˜ao 3.1.10 Observemos que no exemplo acima temos que f|Q
e f|I
s˜ao cont´ınuas (na
verdade a primeira ´e constante e igual a 0 e a segunda ´e constante e igual a 1).
Para f : M → N e X ⊆ M n˜ao vazio, o exemplo acima nos mostra a diferen¸ca entre:
1. f|X
: X → N cont´ınua em X;
2. f : M → N cont´ınua em todos os pontos de M.
Podemos sempre afirmar que na situa¸c˜ao acima (b) implicar´a sempre em (a).
Mas, em geral, (a) pode n˜ao implicar em (b), como mostra o exemplo acima.
Exemplo 3.1.18 Consideremos f : R → R dada por
f(x) =
sen(1
x), se x = 0
0, se x = 0
.
Afirmamos que f ´e descont´ınua em x = 0.
De fato, seja ε =
1
2
 0.
64 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
Dado δ  0 seja N0 ∈ N tal que N0 ≥
1
δ
.
Consideremos x ∈ R dado por
x
.
=
2
(2N0 + 1)π
.
Como (2N0 + 1)π  2N0 temos que
dR(x, 0) = x =
2
(2N0 + 1)π

2
2N0
=
1
N0
 δ.
Mas
dR(f(x), f(0)) = |sen(
1
2
(2N0+1)π
) − 0| = |sen(
(2N0 + 1)π
2
)|
[sen(
(2N0+1)π
2
)=±1]
= 1 ≥
1
2
= ε,
mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira.
Observa¸c˜ao 3.1.11 Seja f : M → N e consideremos N1
.
= f(M) = {f(x) : x ∈ M} visto
como subsepa¸co m´etrico de N (ou seja, com a m´etrica induzida de N).
Definamos f1 : M → N1 por f1(x)
.
= f(x), x ∈ M.
Afirmamos que f ´e cont´ınua em M se, e somente se, f1 ´e cont´ınua em M.
A demonstra¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
3.2 Propriedades elementares de fun¸c˜oes cont´ınuas entre espa¸cos
m´etricos
Come¸caremos pela
Proposi¸c˜ao 3.2.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ) e (P, dP ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M.
Se f : M → N ´e cont´ınua em a e g : N → P ´e cont´ınua em f(a) ent˜ao g ◦ f : M → P ´e
cont´ınua em a.
Demonstra¸c˜ao:
Dado ε  0, como g ´e cont´ınua no ponto f(a), existe λ  0 tal que se y ∈ N e
dN (y, f(a))  λ ent˜ao dP (g(y), g(f(a)))  ε. (∗)
Mas f ´e cont´ınua em a, logo dado λ  0 (obtido acima), existe δ  0 tal que se x ∈ M e
dM (x, a)  δ ent˜ao dN (f(x), f(a))  λ.
Logo, se f(x) ∈ N, de (*) temos
dP (g(f(x)), g(f(a)))  λ,
mostrando que g ◦ f ´e cont´ınua em a, como quer´ıamos mostrar.
Observa¸c˜ao 3.2.1
1. O resultado acima nos diz que a composta de duas fun¸c˜oes cont´ınuas ´e uma fun¸c˜ao
cont´ınua.
3.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DE FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS65
2. Temos a seguinte caracteriza¸c˜ao geom´etrica para a demonstra¸c˜ao do resultado acima:
g(f(a))
”
ε
E
gf(a)
…
λ
g(B(f(a); λ))
‡
Ef
”
δ
f(B(a; δ))
c
a
Como conseq¨uˆencia temos
Corol´ario 3.2.1 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos.
Se f : M → N ´e cont´ınua em a ∈ X ⊆ M ent˜ao f|X
: X → N ´e cont´ınua em a.
Demonstra¸c˜ao:
Sabemos que a aplica¸c˜ao inclus˜ao, i : X → M ´e cont´ınua em X (ver exemplo (3.1.8)).
Observemos que f|X
= f ◦ i.
Como f ´e cont´ınua em a segue, da proposi¸c˜ao acima, que f|X
= f ◦ i ser´a cont´ınua no ponto
a, completando a demosntra¸c˜ao do corol´ario.
Observa¸c˜ao 3.2.2 O corol´ario acima nos diz que a restri¸c˜ao de uma fun¸c˜ao cont´ınua a um
subconjunto do seu dom´ınio ser´a uma fun¸c˜ao cont´ınua nesse subconjunto.
Antes de prosseguir temos a
Observa¸c˜ao 3.2.3 Sejam (M, dM ), (N, dN ), (P, dP ) espa¸cos m´etricos, f : M×N → P onde em
M × N consideramos uma das trˆes m´etricas usuais (da raiz quadrada, da soma ou do m´aximo).
Logo f ser´a cont´ınua em (a, b) ∈ M × N se dado ε  0 existe δ  0 tal que
dM×N ((x, y), (a, b))  δ implicar dP (f(x, y), f(a, b))  ε.
Neste caso ´e comum dizermos que f ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (a, b).
Temos tamb´em a:
Defini¸c˜ao 3.2.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ), (P, dP ) espa¸cos m´etricos, f : M × N → P e (a, b) ∈
M × N.
Diremos que f ´e cont´ınua em rela¸c˜ao a 1.a vari´avel no ponto (a, b) se a aplica¸c˜ao
fb : M → P
dada por
fb(x)
.
= f(x, b), x ∈ M,
for cont´ınua no ponto a.
Diremos que f ´e cont´ınua em rela¸c˜ao a 2.a vari´avel no ponto (a, b) se a aplica¸c˜ao
fa
: N → P
66 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS
dada por
fa
(y)
.
= f(a, y), y ∈ N,
for cont´ınua no ponto b.
Diremos que f ´e cont´ınua separadamente no ponto (a, b) se ela for cont´ınua em rela¸c˜ao
a cada uma das vari´aveis no ponto (a, b).
Observa¸c˜ao 3.2.4
1. Na situa¸c˜ao acima se f ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (a, b) ent˜ao temos que
fa
= f ◦ ja fb = f ◦ ib,
onde ib : M → M × N e ja : N → M × N s˜ao as aplica¸c˜oes de M, e de N, em M × N
dadas pelo exemplo (3.1.10), respectivamente.
Assim, como ib e ja s˜ao cont´ınuas em M e N, respectivamente, segue que que fa e fb s˜ao
cont´ınuas nos pontos a e b, respectivamente.
Portanto f ser´a cont´ınua separadamente no ponto (a, b).
2. N˜ao vale, em geral, a rec´ıproca do resultado acima, isto ´e, existem fun¸c˜oes f : M ×N → P
que s˜ao cont´ınuas separadamente no ponto (a, b) mas n˜ao s˜ao cont´ınuas (conjuntamente)
no ponto (a, b).
Para ver isto, consideremos o seguinte exemplo:
Seja
f : R × R → R
dada por
f(x)
.
=



xy
x2 + y2
, se (x, y) = (0, 0)
0 , se (x, y) = (0, 0)
.
No ponto (0, 0) temos que f ´e cont´ınua separamente (pois f(x, 0) = 0 e f(0, y) = 0 para
todo x, y, ∈ R que s˜ao cont´ınuas em R).
Mas f n˜ao ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (0, 0) pois se tomarmos a restri¸c˜ao da
fun¸c˜ao f `a reta y = ax, com a = 0 (que torna-se um espa¸co m´etrico com a m´etrica
induzida pela m´etrica de R2) ent˜ao teremos
f(x, ax) =
ax2
x2 + a2x2
=
a
1 + a2
= 0 se x = 0
e se x = 0 teremos que f(0, a.0) = (0, 0), mostrando que f ´e descont´ınua no ponto (0, 0).
Para o pr´oximo resultado precisaremos da
Defini¸c˜ao 3.2.2 Sejam (M, dM ), (N1, d1), (N2, d2) espa¸cos m´etricos,
f : M → N1 × N2
dada por
f(x)
.
= (f1(x), f2(x)), x ∈ M
onde fj : M → Nj, j = 1, 2 s˜ao ditas fun¸c˜oes coordenadas da fun¸c˜ao f.
Neste caso escreveremos f = (f1, f2).
3.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DE FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS67
Com isto temos a
Proposi¸c˜ao 3.2.2 Sejam (M, dM ), (N1, d1), (N2, d2), N1×N2 espa¸cos m´etricos, onde no ´ultimo
consideramos uma das trˆes m´etricas usuais, f : M → N1 × N2 dada por f(x)
.
= (f1(x), f2(x)),
x ∈ M onde fj : M → Nj, j = 1, 2 e a ∈ M.
Ent˜ao f ´e cont´ınua no ponto a se, e somente se, f1 e f2 s˜ao cont´ınuas no ponto a.
Demonstra¸c˜ao:
Suponhamos que f ´e cont´ınua no ponto a.
Temos que
f1 = p1 ◦ f e f2 = p2 ◦ f,
onde pj : N1 × N2 → Nj, j = 1, 2 s˜ao as proje¸c˜oes em N1 e N2 definidas no exemplo (3.1.13),
respectivamente.
Como p1, p2 s˜ao cont´ınuas em N1 e N2, respectivamente, segue que f1 e f2 s˜ao cont´ınuas em
a ∈ M.
Reciprocamente,
(i) Consideremos em N1 × N2 a m´etrica do m´aximo.
Se f1 e f2 s˜ao cont´ınuas em a ∈ M ent˜ao dado ε  0 segue que existem δ1, δ2  0 tal que
se
dM (x, a)  δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a))  ε, i = 1, 2. (∗)
Seja δ
.
= min{δ1, δ2}  0.
Assim, se dM (x, a)  δ logo dM (x, a)  δ1 e dM (x, a)  δ2 e de (*) teremos
dN1×N2 (f(x), f(a)) = max{d1(f1(x), f1(a)), d2(f2(x), f2(a))}  ε,
mostrando que f ´e cont´ınua no ponto a.
(ii) Se considerarmos em N1 × N2 a m´etrica da raiz quadrada temos que dado ε  0 existem
δ1, δ2  0 tal que se
dM (x, a)  δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a)) 
ε
√
2
, i = 1, 2. (∗)
tomando-se δ
.
= min{δ1, δ2}  0.
Assim, se dM (x, a)  δ logo dM (x, a)  δ1 e dM (x, a)  δ2 e de (*) teremos
dN1×N2 (f(x), f(a)) = [d1(f1(x), f1(a))]2 + [d2(f2(x), f2(a))]2  [
ε
√
2
]2 + [
ε
√
2
]2
=
ε2
2
+
ε2
2
=
√
ε2 = ε,
mostrando que f ´e cont´ınua no ponto a.
(iii) Se considerarmos em N1 × N2 a m´etrica da soma temos que dado ε  0 existem δ1, δ2  0
tal que se
dM (x, a)  δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a)) 
ε
2
, i = 1, 2. (∗)
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  • 1. Notas do Curso de SMA-343 - Espa¸cos M´etricos Prof. Wagner Vieira Leite Nunes S˜ao Carlos 2.o semestre de 2008
  • 2. 2
  • 3. Sum´ario 1 Introdu¸c˜ao 5 2 Espa¸cos M´etricos 7 2.1 Defini¸c˜oes b´asicas e exemplos de espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2 Bolas abertas, bolas fechadas e esferas em espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . 21 2.3 Subconjuntos limitados de um espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.4 Distˆancia de um ponto a um subconjunto em um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . 41 2.5 Distˆancia entre dois subconjuntos de um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . 46 2.6 Imers˜oes isom´etricas e isometrias entre espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . 47 3 Fun¸c˜oes Cont´ınuas Definidas em Espa¸cos M´etricos 53 3.1 Defini¸c˜ao de fun¸c˜ao cont´ınua em espa¸cos m´etricos e exemplos . . . . . . . . . . . 53 3.2 Propriedades elementares de fun¸c˜oes cont´ınuas entre espa¸cos m´etricos . . . . . . 64 3.3 Homeomorfismos entre espa¸cos m´etricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 3.4 M´etricas equivalentes em um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 3.5 Transforma¸c˜oes lineares e multilineares definidas em espa¸cos vetoriais normados . 100 4 Conjuntos Abertos, Fechados - Espa¸cos Topol´ogicos 115 4.1 Conjuntos abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 4.2 Rela¸c˜oes entre conjuntos abertos e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 4.3 Espa¸cos topol´ogicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 4.4 Conjuntos fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 5 Conjuntos Conexos 165 5.1 Defini¸c˜oes e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 5.2 Propriedades gerais de conjuntos conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 5.3 Conex˜ao por caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 5.4 Componentes conexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 6 Limites 213 6.1 Limites de sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 6.2 Sequˆencias de n´umeros reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 6.3 S´eries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224 6.4 Convergˆencia e topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 6.5 Sequˆencias de fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 6.6 Produtos cartesianos infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241 6.7 Limites de fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248 3
  • 4. 4 SUM ´ARIO 7 Continuidade Uniforme de Fun¸c˜oes em Espa¸cos M´etricos 253 8 Espa¸cos M´etricos Completos 263 8.1 Sequˆencias de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 8.2 Espa¸cos m´etricos completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268 8.3 Espa¸cos de Banach e espa¸cos de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274 8.4 Extens˜ao de fun¸c˜oes cont´ınuas ou uniformemente cont´ınuas . . . . . . . . . . . . 281 8.5 Completamente de um espa¸co m´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285 8.6 Espa¸co m´etricos topologicamente completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 8.7 O teorema de Baire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 8.8 M´etodo das aproxima¸c˜oes sucessivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306 9 Bibliografia 315
  • 5. Cap´ıtulo 1 Introdu¸c˜ao Este trabalho poder´a servir como notas de aula para cursos cujas ementas tratam de espa¸cos m´etricos. Ser˜ao exibidos todos os conceitos relacionados com o conte´udo acima, bem como propriedades e aplica¸c˜oes dos mesmos. As referˆencias ao final das notas poder˜ao servir como material importante para o conte´udo aqui desenvolvido. 5
  • 6. 6 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO
  • 7. Cap´ıtulo 2 Espa¸cos M´etricos 5.08.2008 - 1.a 7.08.2008 - 2.a 2.1 Defini¸c˜oes b´asicas e exemplos de espa¸cos m´etricos Come¸caremos com a: Defini¸c˜ao 2.1.1 Seja M um conjunto n˜ao vazio. Diremos que uma aplica¸c˜ao d : M × M → R ´e uma m´etrica (ou distˆancia) em M se as seguintes condi¸c˜oes est˜ao satisfeitas: (d1) d(x, x) = 0; (d2) se x, y ∈ M e x = y ent˜ao d(x, y) > 0; (d3) d(x, y) = d(y, x) para todo x, y ∈ M; (d4) d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z), para todo x, y, z ∈ M. Observa¸c˜ao 2.1.1 1. (d1) e (d2) implicam que d(x, y) ≥ 0 para todo x, y ∈ M e que d(x, y) = 0 se, e somente se, x = y. 2. (d3) nos diz que d(x, y) ´e um fun¸c˜ao sim´etrica nas vari´aveis x e y. 3. (d4) ´e conhecida como desigualdade triangular. Este nome se deve ao fato que, na geometria euclideana, o comprimento de um lado de um triˆangulo ´e sempre menor que a soma dos comprimentos dos outros dois lados do triˆangulo. 7
  • 8. 8 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS x y z d(x, z) < d(x, y) + d(y, z) Com isto temos a: Defini¸c˜ao 2.1.2 Se d ´e uma m´etrica em M ent˜ao o par (M, d) ser´a denominado espa¸co m´etrico. Observa¸c˜ao 2.1.2 Quando n˜ao houver possibilidade de confus˜ao nos referiremos ao espa¸co m´etrico M (ao inv´es de (M, d)) deixando subentendido a m´etrica d a ser considerada. Nota¸c˜ao 2.1.1 Se (M, d) ´e um espa¸co m´etrico, os elementos de M ser˜ao ditos pontos de M. A seguir daremos alguns exemplos de espa¸cos m´etricos. Exemplo 2.1.1 Seja M um conjunto n˜ao vazio. Consideremos a aplica¸c˜ao d : M × M → R dada por d(x, y) = 0, se x = y 1, se x = y . Afirmamos que d ´e uma m´etrica em M. De fato, as condi¸c˜oes (d1), (d2) e (d3) s˜ao verificadas facilmente e ser˜ao deixadas como exerc´ıcio para o leitor. Mostremos que (d4) ocorre. Se x = z ent˜ao temos que d(x, z) = 0 ≤ d(x, y) + d(y, z) independente de y ∈ M (pois d(x, y), d(y, z) ≥ 0). Se x = z ent˜ao temos que d(x, z) = 1 ≤ d(x, y) + d(y, z) (∗) independente de y ∈ M (pois se y = z teremos d(x, y) = 0 mas como y = x = z segue que d(y, z) = 1 assim (*) ocorrer´a; de modo semelhante se y = z). Portanto vale (d4), ou seja, d ´e uma m´etrica em M.
  • 9. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 9 Observa¸c˜ao 2.1.3 A m´etrica acima ´e denominada m´etrica zero-um. Exemplo 2.1.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico e S ⊆ M n˜ao vazio. Ent˜ao tomando-se a restri¸c˜ao de d sobre S, isto ´e, d|S : S × S → R dada por d|S(x, y) . = d(x, y) para x, y ∈ S ent˜ao segue que d|S ´e uma m´etrica em S. A veririfica¸c˜ao que (d1)-(d4) valem para d|S ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor. Observa¸c˜ao 2.1.4 No caso acima S ser´a dito subespa¸co (m´etrico) de M e a m´etrica d|S ser´a dita m´etrica induzida pela m´etrica d de M. Exemplo 2.1.3 Seja M = R e d : R × R → R dada por d(x, y) . = |x − y| para x, y ∈ R. Ent˜ao d ´e uma m´etrica em R pois (d1)-(d4) s˜ao conseq¨uˆencias das propriedades elementares da fun¸c˜ao valor absoluto (a verifica¸c˜ao disto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Observa¸c˜ao 2.1.5 No caso acima diremos que a m´etrica d ´e a m´etrica usual de R. Podemos generalizar o exemplo acima, a saber: Exemplo 2.1.4 Seja M = Rn. Podemos considerar as seguintes aplica¸c˜oes d, d , d : Rn × Rn → R, j = 1, 2, 3 : 1. d(x, y) . = (x1 − y1)2 + · · · (xn − yn)2 = n i=1 (xi − yi)2 1 2 . 2. d (x, y) . = |x1 − y1| + · · · |xn − yn| = n i=1 |xi − yi|. 3. d (x, y) . = max{|x1 − y1|, · · · , |xn − yn|} = max 1≤i≤n |xi − yi|. As aplica¸c˜oes d, d , d s˜ao m´etricas em Rn. De fato, elas cumprem as condi¸c˜oes (d1),(d2) e (d3) (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). A condi¸c˜ao (d4) ´e facilmente verificada para d e d (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). A condi¸c˜ao (d4) para d ser´a verificada num exemplo a seguir. Observa¸c˜ao 2.1.6 1. A m´etrica d acima definida ser´a denominada m´etrica euclideana. Ela prov´em da f´ormula da distˆancia entre dois pontos (em coordenadas cartesianas) que ´e uma conseq¨uˆencia do Teorema de Pit´agoras (a verifica¸c˜ao disto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Devido a este fato a m´etrica d ser´a dita m´etrica usual de Rn.
  • 10. 10 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 2. Se n = 2 a m´etrica d ´e a que d´a a distˆancia entre os pontos p e q do plano (ou seja, o comprimento do segmento de reta que une os pontos p e q, vide figura abaixo). p q d(p, q) A m´etrica d nos d´a a distˆancia entre dois pontos do plano utilizando-se dos catetos de um triˆangulo retˆangulo determinado pelos pontos p e q (vide figura abaixo). p q r ' E T c ‰ w d (p, q) A m´etrica d nos d´a a distˆancia entre dois pontos do plano utilizando-se o comprimento do maior cateto de um triˆangulo retˆangulo determinado pelos pontos p e q (vide figura abaixo). p q r ' E ‰ d (p, q) Geometricamente, temos a seguinte configura¸c˜ao para as trˆes distˆancias acima:
  • 11. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 11 p q d(p, q) d (p, q) E' E' T c W w d (p, q) 3. Se n = 2 temos o plano R2 cujos elementos ser˜ao representados por (x, y) ou (u, v), onde x, y, u, v ∈ R. 4. Em algumas situa¸c˜oes identificamos R2 com C, o conjunto dos n´umeros complexos por meio da correspondˆencia (x, y) → x + iy, onde i2 . = −1. 5. Se n = 3 temos o espa¸co R2 cujos elementos ser˜ao representados por (x, y, z) ou (u, v, w), onde x, y, z, u, v, w ∈ R. Com isto temos a Proposi¸c˜ao 2.1.1 Consideremos d, d , d as m´etricas definidas no exemplo (2.1.4). Ent˜ao, para todo x, y, ∈ Rn temos d (x, y) ≤ d(x, y) ≤ d (x, y) ≤ n d (x, y). Demonstra¸c˜ao: Observemos que para todo a, b ≥ 0 temos que: √ a + b ≤ √ a + √ b (∗). De fato, pois [ √ a + √ b]2 = [ √ a]2 + 2 √ a √ b + [ √ b]2 = a + 2 √ a √ b + b ≥ a + b. Portanto √ a + b ≤ √ a + √ b como afirmamos. Observemos que para todo x, y, ∈ Rn temos d (x, y) = max 1≤i≤n |xi − yi| [|a|= √ a2] = max 1≤i≤n (xi − yi)2 ≤   n j=1 (xj − yj)2   1 2 = d(x, y), d(x, y) =   n j=1 (xj − yj)2   1 2 (∗) ≤ n j=1 (xj − yj)2 [ √ a2=|a|] = n j=1 |xj − yj| = d (x, y) e d (x, y) = n j=1 |xj − yj| ≤ n j=1 max 1≤j≤n {|xj − yj|} = max 1≤j≤n {|xj − yj|} n j=1 1 = max 1≤j≤n {|xj − yj|}.n = n.d (x, y)
  • 12. 12 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS completando a demonstra¸c˜ao. Para o pr´oximo exemplo introduziremos a seguinte defini¸c˜ao: Defini¸c˜ao 2.1.3 Seja X um conjunto n˜ao vazio. Diremos que uma fun¸c˜ao f : X → R ´e limitada se existir k = kf > 0 tal que |f(x)| ≤ k, para todo x ∈ X. Denotaremos por B(X; R) o conjunto formado por todas as fun¸c˜oes, f : X → R que s˜ao limitadas, isto ´e, B(X; R) . = {f : X → R : f ´e limitada}. Com isto temos o: Exemplo 2.1.5 Na situa¸c˜ao acima temos que B(X; R) tornar-se-´a um espa¸co vetorial sobre R com as opera¸c˜oes usuais de adi¸c˜ao de fun¸c˜oes e multiplica¸c˜ao de n´umero real por fun¸c˜ao (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Definimos d : B(X; R) × B(X; R) → R por d(f, g) . = sup x∈X |f(x) − g(x)|, onde f, g ∈ B(X; R). Afirmamos que d ´e uma m´etrica em B(X; R). De fato: 1. Se f ∈ B(X; R) ent˜ao d(f, f) = sup x∈X |f(x) − f(x)| = 0, mostrando que vale (d1); 2. Se f, g ∈ B(X; R) e f = g ent˜ao existe x0 ∈ X tal que f(x0) = g(x0). Assim d(f, g) = sup x∈X |f(x) − g(x)| ≥ |f(x0) − g(x0)| > 0, mostrando que vale (d2); 3. Se f, g ∈ B(X; R) ent˜ao d(f, g) = sup x∈X |f(x) − g(x)| = sup x∈X | − [g(x) − f(x)]| = sup x∈X |g(x) − f(x)| = d(g, f), mostrando que vale (d3); 4. Se f, g, h ∈ B(X; R) ent˜ao para cada x ∈ X temos que |f(x) − g(x)| = |[f(x) − h(x)] + [h(x) − g(x)]| [|a+b|≤|a|+|b|] ≤ |f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|. Logo
  • 13. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 13 d(f, g) = sup x∈X {|f(x) − g(x)|} ≤ sup x∈X {|f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|}. (∗) Sabemos que se A e B s˜ao limitados superiormente em R ent˜ao A + B ´e limitado superi- ormente em R e sup[A + B] ≤ sup A + sup B. Aplicando isto ao lado direito de (*) obteremos d(f, g) ≤ sup x∈X {|f(x) − h(x)| + |h(x) − g(x)|} ≤ sup x∈X {|f(x) − h(x)|} + sup x∈X {|h(x) − g(x)|} = d(f, h) + d(h, g), mostrande que (d4) ´e verdadeira. Deste completamos a prova que d ´e uma m´etrica em B(X; R). Observa¸c˜ao 2.1.7 1. A m´etrica definida no exemplo acima ´e denominada m´etrica da convergˆencia uniforme ou m´etrica do sup. 2. Para ilustrar, se X . = [0, 1], f, g : [0, 1] → R s˜ao dadas por f(x) = x e g(x) = x2, x ∈ [0, 1] ent˜ao, geometricamente, d(f, g) ser´a o comprimento da maior corda vertical unindo os pontos dos gr´aficos das fun¸c˜oes f e g (vide figura abaixo). T E 1 1 f g c d(f, g) = |f( 1 2 ) − g( 1 2 )| = 1 2 − 1 2 2 = 1 4 x y TC 1 2 3. Vale observar que se X = {1, 2, · · · , n} ent˜ao toda fun¸c˜ao f : X → R ser´a limitada (pois |f(x)| ≤ kf . = max 1≤i≤n |f(i)|, x ∈ X), ou seja, f ∈ B(X; R). Logo podenos identificar f com a n-upla (x1, x2, · · · , xn) onde xi . = f(i), 1 ≤ i ≤ n. Portanto B(X; R) pode ser identificado com Rn. Neste caso a m´etrica d em B(X; R) definida no exemplo acima, induzir´a a m´etrica d em Rn, pois d(f, g) = sup x∈X |f(x) − g(x)| = max 1≤i≤n |f(i) − g(i)| = max 1≤i≤n |xi − yi| = d (x, y), onde xi = f(i), yi = g(i), i = 1, · · · , n. Conclus˜ao, temos a seguinte identifica¸c˜ao: (B(X; R), d) = (Rn, d ).
  • 14. 14 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 12.08.2008 - 3.a Para o pr´oximo exemplo precisaremos da: Defini¸c˜ao 2.1.4 Seja E um espa¸co vetorial sobre R. Diremos que uma fun¸c˜ao . :→ R ´e uma norma em E se as seguintes condi¸c˜oes s˜ao verificadas: (n1) Se x ∈ E ´e tal que x = 0 ent˜ao x = 0; (n2) Se λ ∈ R e x ∈ E ent˜ao λ x = |λ| x ; (n3) Se x, y ∈ E ent˜ao x + y ≤ x + y . Observa¸c˜ao 2.1.8 Suponhamos que . seja uma norma em E, espa¸co vetorial sobre R. 1. Observemos para todo x ∈ E temos que 0 = 0.x (n2) = |0| x = 0 e − x = (−1).x (n2) = | − 1| x = x (∗). 2. Se x ∈ E temos 0 = x + (−x) (n3) ≤ x + − x (∗) = x + x = 2 x . Logo x ≥ 0, para todo x ∈ E. 3. Segue de (n1) e do item 2. acima segue que se x ∈ E, x = 0 ent˜ao x > 0. Com isto temos a Defini¸c˜ao 2.1.5 Um espa¸co vetorial normal ´e um par (E, . ) onde E ´e um espa¸co vetorial sobre R e . ´e uma norma definida em E. A seguir exibiremos alguns exemplos de espa¸cos vetoriais normados. Exemplo 2.1.6 Consideremos em Rn as seguintes fun¸c˜oes . , . , . : Rn → R dadas por x . = n i=1 x2 i , x . = n i=1 |xi|, x . = max 1≤i≤n |xi|, onde x = (x1, x2, · · · , xn) ∈ Rn. Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que as fun¸c˜oes . , . acima s˜ao normas em Rn. Al´em disso ser´a deixado para o leitor a verifica¸c˜ao que . satisfaz as condi¸c˜oes (n1), (n2). Logo adiante mostraremos que . tamb´em satisfaz a condi¸c˜ao (n3) e portanto tamb´em ser´a uma norma em Rn. Outro exemplo importante ´e
  • 15. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 15 Exemplo 2.1.7 No exemplo (2.1.5) acima podemos considerar a fun¸c˜ao . : B(X; R) → R dada por f . = sup x∈X |f(x)|, f ∈ B(X; R). Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que . ´e uma norma em B(X; R), ou seja, (B(X; R), . ) ´e um espa¸co vetorial normado. Tal norma ser´a denomiada de norma da convergˆencia uniforme (ou do sup) em B(X; R). Podemos agora obter uma cole¸c˜ao de exemplos de espa¸cos m´etricos, a saber: Exemplo 2.1.8 Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado. Consideremos a fun¸c˜oes d : E × E → R dada por d(x, y) . = x − y , x, y, ∈ E. Afirmamos que d ´e um m´etrica em E. De fato: 1. d(x, x) = x − x = 0 [Observa¸c˜ao (2.1.8) item 1.] = 0, ou seja, vale (d1); 2. Se x = y temos que x − y = 0, logo d(x, y) = x − y [observa¸c˜ao (2.1.8) item 3.] > 0, ou seja, vale (d2); 3. Se x, y ∈ E temos que d(x, y) = x − y [observa¸c˜ao (2.1.8) item 1.] = − (x − y) = y − x = d(y, x), ou seja, vale (d3); 4. Se x, y, z ∈ E temos que d(x, z) = x − z = (x − y) + (y − z)| (n4) ≤ x − y + y − z = d(x, y) + d(y, z), ou seja, vale (d4). Portanto d ´e um m´etrica em E e assim (E, d) ´e um espa¸co m´etrico. Observa¸c˜ao 2.1.9
  • 16. 16 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 1. O exemplo acima nos mostra que todo espa¸co vetorial normado ´e um espa¸co m´etrico (onde a m´etrica ser´a a m´etrica do exemplo acima). Neste caso diremos que a m´etrica d prov´em da norma . . Por exemplo, as m´etricas d, d , d de Rn prov´em das normas . , . , . , respectiva- mente (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor a verifica¸c˜ao destes fatos). De modo semelhante temos que a m´etrica d(f, g) = f − g definida em B(X; R) (onde a norma . ´e a do exemplo (2.1.7)) ´e proveniente da norma da convergˆencia uniforme. 2. Pergunta-se: Seja E ´e um espa¸co vetorial sobre R e d ´e um m´etrica em E. Existir´a uma norma em E de modo que a m´etrica dada d prov´em dessa norma? ou seja, uma m´etrica qualquer definida E prov´em de alguma norma definida em E? Infelizmente isto ´e falso, ou seja, existem espa¸cos vetoriais que possuem m´etricas que n˜ao prov´em de normas definidas no espa¸co vetorial em quest˜ao. O exerc´ıcio 3 da 1.a lista de exerc´ıcios nos d´a uma condi¸c˜ao necessaria e suficiente para que um m´etrica em um espa¸co vetorial seja proveniente de uma norma do espa¸co vetorial em quest˜ao. Mais precisamente temos que: Seja E um espa¸co vetorial sobre R. Uma m´etrica, d, em E prov´em de uma norma em E se, e somente se, d(x + a, y + a) = d(x, y) e d(λx, λy) = |λ|d(x, y), para todo x, y, a ∈ E e λ ∈ R. No exerc´ıcio 4 da 1.a lista de exerc´ıcios o leitor ´e convidado a produzir um exemplo de espa¸co vetorial que possua uma m´etrica que n˜ao prov´em de nenhuma norma definida no espa¸co vetorial em quest˜ao. 3. Observemos tamb´em que se (E, . ) ´e um espa¸co vetorial normado ent˜ao para todo x ∈ E temos d(x, 0) = x − 0 = x , isto ´e, a norma do vetor x ∈ E ´e a distˆancia do ponto x ∈ E `a origem 0 ∈ E. Para considerar uma outra classe de exemplos precisaremos da Defini¸c˜ao 2.1.6 Seja E um espa¸co vetorial sobre R. Diremos que a fun¸c˜ao < ., . >: E × E → R ´e um produto interno (ou escalar) em E se satisfas as seguintes condi¸c˜oes: (p1) Para x, x , y ∈ E temos < x + x , y >=< x, y > + < x , y >;
  • 17. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 17 (p2) Para x, y ∈ E e λ ∈ R temos < λx, y >= λ < x, y >; (p3) Para x, y ∈ E temos < x, y >=< y, x >; (p4) Para x ∈ E, x = 0 temos < x, x >> 0. Neste caso diremos que (E, < ., . >) ´e um espa¸co com produto interno (ou escalar). Observa¸c˜ao 2.1.10 1. Se (E, < ., . >) ´e um espa¸co com produto interno ent˜ao para x, y, y ∈ E e λ ∈ R temos que < x, y + y > (p3) = < y + y , x > (p1) = < y, x > + < y , x > (p3) = < x, y > + < x, y > e < x, λy > (p3) = < λy, x > (p2) = λ < y, x > (p3) = λ < x, y >, (∗) ou seja, < ., . > ´e linear em cada uma das suas entradas (denominada bilinear). 2. De (p4) temos que se x ∈ E e < x, x >= 0 ent˜ao x = 0. Logo temos que < x, x >≥ 0 para todo x ∈ E e < x, x >= 0 se, e somente se, x = 0. No curso de ´Algebra Linear dir´ıamos que a fun¸c˜ao < ., . > ´e bilinear, sim´etrica e positiva definida. A seguir exibiremos alguns exemplos de espa¸cos com produto interno: Exemplo 2.1.9 Seja E = Rn e definamos < ., . >: Rn × Rn → R por < x, y > . = x1y1 + · · · + xnyn = n i=1 xi yi, onde x = (x1, x2, · · · , xn), y = (y1, y2, · · · , yn) ∈ Rn. Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que a fun¸c˜ao < ., . > definida acima satisfaz as condi¸c˜oes (p1),(p2),(p3) e (p4), ou seja, < ., . > ´e um porduto interno em Rn. Outro exemplo importante ´e:
  • 18. 18 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Exemplo 2.1.10 Seja C([a, b]; R) = {f : [a, b] → R; f cont´ınua em [a, b]}. Pode-se mostrar que C([a, b]; R) munido das opera¸c˜oes usuais de adi¸c˜ao de fun¸c˜oes e multi- plica¸c˜ao de n´umero real por fun¸c˜ao ´e um espa¸co vetorial. Para isto basta mostrar que C([a, b]; R) ´e um subsepa¸co vetorial de B([a, b]; R) (a verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor; lembremos que se f ´e cont´ınua em [a, b] ent˜ao f ser´a limitada). Considere a seguinte fun¸c˜ao < ., . >: C([a, b]; R) × C([a, b]; R) → R dada por: < f, g > . = b a f(x)g(x) dx, se f, g ∈ C([a, b]; R). Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que < ., . > definida acima satisfaz as condi¸c˜oes (p1),(p2),(p3) e (p4), ou seja, ´e um produto interno em C([a, b]; R) . Com isto temos uma cole¸c˜ao de espa¸cos vetoriais normados (e portanto, de espa¸cos m´etricos), a saber: Exemplo 2.1.11 Seja (E, < ., . >) um espa¸co vetorial com produto interno. Considere a fun¸c˜ao . : E → R dada por x . = < x, x >, (∗) para x ∈ E. Afirmamos que . ´e uma norma em E. De fato: 1. Se x ∈ E e x = 0 ent˜ao x = < x, x > (p4), <x,x>0 = 0, isto ´e, vale (n1); 2. Se x ∈ E e λ ∈ R ent˜ao λx = < λx, λx > [ (p1) e a observa¸c˜ao (2.1.10) (*)] = λ2 < x, x > = √ λ2 < x, x > = |λ| x , isto ´e, vale (n2); 3. Nesta situa¸c˜ao temos a Desigualdade de Cauchy-Schwarz, a saber: se (E, < ., . >) espa¸co vetorial com produto interno ent˜ao para todo x, y ∈ E temos que | < x, y > | ≤ x y . De fato: Se x = 0 valer´a a igualdade, logo ser´a verdadeira.
  • 19. 2.1. DEFINIC¸ ˜OES B ´ASICAS E EXEMPLOS DE ESPAC¸OS M´ETRICOS 19 Se x = 0 podemos definir λ . = < x, y > x 2 e z . = y − λx. Observemos que < z, x > =< y − λx, x >=< y, x > −λ < x, x >=< y, x > − < x, y > < x, x > < x, x > =< x, y > − < x, y >= 0, (isto ´e, os vetores em quest˜ao s˜ao ortogonais). Logo y 2 =< y, y >=< z + λx, z + λx >=< z, z > +λ < z, x > +λ < x, z > +λ2 < x, x > [<x,z>=<z,x>=0] = z 2 + λ2 x 2 . Logo λ2 x 2 ≤ y 2 , ou seja, < x, y > x 2 2 x 2 ≤ y 2 , isto ´e, < x, y >2 ≤ x 2 y 2 implicando a desigualdade acima, como quer´ıamos demonstrar. 4. Utilizando a Desigualdade de Cauchy-Schwarz temos que x + y 2 < x + y, x + y >=< x, x > + < x, y > + < y, x > + < y, y > = x 2 + 2 < x, y > + y 2 ≤ x 2 + 2 x y + y 2 = ( x + y )2 , inplicando que x + y ≤ x + y , ou seja , vale (n3). Com isto temos que . ´e uma norma em E. 5. Segue do item acima que a aplica¸c˜ao d do exemplo (2.1.4) satisfaz a condi¸c˜ao (d4), ou seja, ser´a uma m´etrica em Rn, como hav´ıamos afirmado. Observa¸c˜ao 2.1.11 1. No caso acima diremos que a norma (*) definida acima ´e uma norma que prov´em do produto interno de E. 2. O exemplo acima nos mostra que todo espa¸co vetorial com produto interno pode tornar-se um espa¸co vetorial normado (com a norma que prov´em do produto interno dado).
  • 20. 20 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 3. Pergunta-se: Seja E um espa¸co vetorial normado. Toda norma de E prov´em de um produto interno? A resposta ´e negativa, isto ´e, existem espa¸cos vetoriais que possuem normas que n˜ao prov´em de nenhum produto interno no espa¸co vetorial em quest˜ao. No exerc´ıcio 5 da 1.a lista de exerc´ıcios o leitor ´e convidado a mostrar que em B(X; R) a norma da convergˆencia uniforme n˜ao prov´em de um produto interno. Um outro exemplo pode ser obtido utilizando-se o item abaixo. 4. Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que: [Ex1.1 - +0.5] Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado. A norma . de E prov´em de um produto interno se, e somente se, temos que x + y 2 + x − y 2 = 2[ x 2 + y 2 ], para tod x, y ∈ E, que ´e conhecida como lei do paralelogramo. 5. Logo a norma . em R2 n˜ao prov´em de um produto interno pois tomando-se x = (1, 0) e y = (0, 1) temos que estes vetores n˜ao satisfazem a lei do paralelogramo (verifique!). 6. Como conseq¨uˆencia do que vimos acima todo espa¸co vetorial com produto interno ´e um espa¸co m´etrico (basta tomar a m´etrica que prov´em da norma que ´e proveniente do produto interno). Para concluir a se¸c˜ao temos o: Exemplo 2.1.12 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) dois espa¸cos m´etricos. Em M × N podemos considerar as seguinte fun¸c˜oes d, d , d : [M × N] × [M × N] → R dadas por: d(z, z ) . = [dM (x, x )]2 + [dN (y, y )]2; d (z, z ) . = dM (x, x ) + dN (y, y ); d (z, z ) . = max{dM (x, x ), dN (y, y )}, onde z = (x, y), z = (x , y ) ∈ M × N. Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor mostrar que d, d , d s˜ao metricas em M × N. Observa¸c˜ao 2.1.12 1. Podemos generalizar o exemplo acima para um produto finito de espa¸cos m´etricos. Mais precisamente, se (M1, d1), (M2, d2), · · · , (Mn, dn) s˜ao n-espa¸cos m´etricos ent˜ao pode- mos definir as seguintes m´etricas no produto cartesiano M1 × M2 × · · · × Mn:
  • 21. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 21 d(x, y) . = [d1(x1, y1)]2 + · · · + [dn(xn, yn)]2 = n j=1 [dj(xi, yi)]2; d (x, y) . = d1(x1, y1) + · · · + dn(xn, yn) = n j=1 dj(xi, yi); d (x, y) . = max{d1(x1, y1), · · · , dn(xn, yn)} = max 1≤j≤n {dj(xi, yi)}, onde x = (x1, x2, · · · , xn), y = (y1, y2, · · · , yn) ∈ M1 × M2 × · · · × Mn. A verifica¸c˜ao ser´a deixcada como exerc´ıcio para o leitor. 2. A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica produto em M . = M1 × M2 × · · · × Mn. A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica da soma em M . = M1 × M2 × · · · × Mn. A m´etrica d definida acima ser´a dita m´etrica do m´aximo em M . = M1 ×M2 ×· · ·×Mn. 3. De modo an´alogo ao feito na proposi¸c˜ao (2.1.1) pode-se mostrar (ser´a deixado como exer- c´ıcio para o leitor) que para todo x, y, ∈ M1 × M2 × · · · × Mn temos d (x, y) ≤ d(x, y) ≤ d (x, y) ≤ n d (x, y). 4. Quando M1 = M2 = · · · = Mn = R reobteremos o espa¸co euclideano Rn como produto cartesiano de n c´opias do esp¸cao m´etrico R. 14.08.2008 - 4.a 2.2 Bolas abertas, bolas fechadas e esferas em espa¸cos m´etricos Come¸caremos introduzindo a: Defini¸c˜ao 2.2.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico, a ∈ M e r > 0. Definimos a bola aberta de centro em a e raio r, denotada por B(a; r) como sendo o seguinte subconjunto de M: B(a; r) . = {x ∈ M : d(x, a) < r}. a Qr Definimos a bola fechada de centro em a e raio r, denotada por B[a; r] como sendo o seguinte subconjunto de M: B[a; r] . = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r}.
  • 22. 22 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS a r u Definimos a esfera de centro em a e raio r, denotada por S(a; r) como sendo o seguinte subconjunto de M: S(a; r) . = {x ∈ M : d(x, a) = r}. a r T Observa¸c˜ao 2.2.1 1. A bola aberta de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao ponto a ´e menor do que r. A bola fechada de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao ponto a ´e menor ou igual do que r. A esfera aberta de centro em a e raio r ´e o conjunto dos pontos de M cuja a distˆancia ao ponto a ´e igual r. 2. ´E f´acil ver que (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) B[a; r] = B(a; r) ∪ S(a; r), onde a reuni˜ao ´e disjunta, isto ´e, B(a; r) ∩ S(a; r) = ∅. 3. Se M = E ´e um espa¸co vetorial e a m´etrica d prov´em de uma norma . em E, ent˜ao segue que B(a; r) . = {x ∈ E : x − a < r}, B[a; r] . = {x ∈ E : x − a ≤ r}, S(a; r) . = {x ∈ E : x − a = r}. Temos o seguinte resultado:
  • 23. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 23 Proposi¸c˜ao 2.2.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M um subsepa¸co (m´etrico) de M, a ∈ X e r > 0. Denotemos por BX(a; r) a bola aberta de centro em a e raio r em X. Ent˜ao BX(a; r) = B(a; r) ∩ X, onde B(a; r) ´e a bola aberta de centro em a e raio r em M. Reciprocamente, dada a bola aberta de centro em a e raio r em M ent˜ao B(a; r)∩X ´e a bola aberta de centro em a e raio r em X, ou seja, B(a; r) ∩ X = BX(a; r). M X a …r © BX (a; r) B B(a; r) Demonstra¸c˜ao: Observemos que BX(a; r) = {x ∈ X : dX(x, a) < r} = {y ∈ M : d(y, a) < r} ∩ X = B(a : r) ∩ X, completando deste modo a demonstra¸c˜ao do resultado. De modo semelhante podemos provar a: Proposi¸c˜ao 2.2.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M um subsepa¸co (m´etrico) de M, a ∈ X e r > 0. Denotemos por BX[a; r] e SX(a; r) a bola fechada e esfera de centro em a e raio r em X, respectivamente. Ent˜ao BX[a; r] = B[a; r] ∩ X, SX[a; r] = S(a; r) ∩ X onde B[a; r], S(a; r) s˜ao a bola fechada e a esfera de centro em a e raio r em M, respectivamente. Reciprocamente, dada a bola fechada, ou a esfera, de centro em a e raio r em M ent˜ao B[a; r] ∩ X, ou S(a; r) ∩ X ´e a bola fechada, ou a esfera, de centro em a e raio r em X, respectivamente ou seja, B[a; r] ∩ X = BX[a; r], S(a; r) ∩ X = SX[a; r]. Demonstra¸c˜ao: A demonstra¸c˜ao ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor. Para ilustrar temos os seguintes exemplos:
  • 24. 24 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Exemplo 2.2.1 Consideremos R2 com a m´etrica usual e X = S1 = {(x, y) ∈ R2 : x2 +y2 = 1}. Seja a ∈ S1 e r > 0. Da proposi¸c˜ao (2.2.1) segue que BS1 (a; r) ser´a um arco (sem os extremos) da circunferˆencia S1 cujo ponto m´edio (no arco) ser´a o ponto a (vide figura abaixo). E T x y ES1 a T r W BR2 (a : r)c BS1 (a; r) De modo semelhante, da proposi¸c˜ao (2.2.2) segue que BS1 [a; r], SS1 (a; r) s˜ao o arco (com os extremos) da circunferˆencia S1 cujo ponto m´edio ser´a o ponto a e os pontos extremos do mesmo arco, respectivamente (vide figura abaixo). E T x y ES1 a T r W BR2 [a : r]c BS1 [a; r] B z SS1 (a; r) Exemplo 2.2.2 Sejam M = ∅ munido da m´etrica zero-um, a ∈ M e r > 0.
  • 25. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 25 Ent˜ao Se r > 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r} [d(x,a)≤1<r] = M, B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r} [d(x,a)≤1<r] = M; Se r < 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r} [r<1] = {x ∈ M : d(x, a) = 0} = {a}, B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r} [r<1] = {x ∈ M : d(x, a) = 0} = {a}; Se r = 1 temos que: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r} [r<1] = {a}, B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r} [r=1] = M, Como conseq¨uˆencia temos que S(a, r) = B[a; r] B(a; r) = ∅, se r = 1, S(a; 1) = B[a; 1] B(a; 1) = M − {a}. Exemplo 2.2.3 Sejam R com a m´etrica usual, a ∈ R e r > 0. Ent˜ao: B(a; r) = {x ∈ M : d(x, a) < r} = {x ∈ M : |x − a| < r} = (a − r, a + r), ou seja, um intervalo aberto, B[a; r] = {x ∈ M : d(x, a) ≤ r} = {x ∈ M : |x − a| ≤ r} = [a − r, a + r], ou seja, um intervalo fechado; S(a, r) = B[a; r] B(a; r) = {a − r, a + r}, ou seja, os extremos do intervalo. Geometricamente temos: E a a + ra − r Bola aberta de centro em a e raio r E a + ra − r a Bola fechada de centro em a e raio r E a + r a a − r Esfera de centro em a e raio r Exemplo 2.2.4 Consideremos em R2 as m´etricas d, d , d definidas no exemplo (2.1.4). Sejam a = (a1, a2) ∈ R2 e r > 0. Ent˜ao: B(a; r) = {(x, y) ∈ R2 : d[(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2 : (x − a1)2 + (y − a2)2 < r} = {(x, y) ∈ R2 : (x − a1)2 + (y − a2)2 < r2 }, isto ´e, a regi˜ao interior de um c´ırculo de centro no ponto a e raio r (veja figura abaixo).
  • 26. 26 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS a = (a1, a2) Q r B (a; r) = {(x, y) ∈ R2 : d [(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2 : |x − a1| + |y − a2| < r} isto ´e, a regi˜ao interior do quadrado de centro em a e cujas diagonais s˜ao paralelas aos eixos coordenados (veja figura abaixo). Observemos que |x − a1| + |y − a2| = r se, e somente se,    x − a1 + y − a2 = r −(x − a1) + y − a2 = r −(x − a1) − (y − a2) = r x − a1 − (y − a2) = r que s˜ao as quatro retas que determinam o losango abaixo. E T a = (a1, a2) ' x − a1 − y + a2 = r ' x − a1 + y − a2 = rE−x + a1 + y − a2 = r E−x + a1 − y + a2 = r (a1, a2 − r) (a1 + r, a2)(a1 − r, a2) (a1, a2 + r) B (a; r) = {(x, y) ∈ R2 : d [(x, y), (a1, a2)] < r} = {(x, y) ∈ R2 : max{|x − a1|, |y − a2|} < r} = {(x, y) ∈ R2 : |x − a1| < r e |y − a2| < r} = (a1 − r, a1 + r) × (a2 − r, a2 + r) isto ´e, a regi˜ao interior do quadrado [a1 − r, a1 + r] × [a2 − r, a2 + r]) (veja figura abaixo).
  • 27. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 27 a = (a1, a2) E T a1 − r a1 + ra1 a2 − r a2 + r a2 Observa¸c˜ao 2.2.2 Geometricamente, o exemplo (2.2.4) ilustra que uma bola (aberta ou fechada) pode n˜ao corresponder ao que pensamos (por exemplo, uma bola ser um quadrado!). Exemplo 2.2.5 Seja (B([a, b]; R)), d) onde d ´e a m´etrica do sup (veja exemplo (2.1.5)). Sejam f ∈ B([a, b]; R)) e r > 0. Observemos que g ∈ B(f; r) se, e somente se, r > d(f, g) = sup x∈[a,b] |f(x) − g(x)| que implicar´a |f(x) − g(x)| < r, para todo x ∈ [a, b], ou ainda, f(x) − r < g(x) < f(x) + r, para todo x ∈ [a, b]. Geometricamente podemos interpretar isso da seguinte forma: encontremos a representa¸c˜ao gr´afica do gr´afico de f, isto ´e, G(f) . = {(x, f(x)) : x ∈ [a, b]}. Encontremos a faixa de amplitude 2r em torno do gr´afico de f, isto ´e, o conjunto F2r(f) . = {(x, y) : a ≤ x ≤ b, f(x) − r < y < f(x) + r}. Geometricamente temos:
  • 28. 28 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS T E G(f) f(x) x c T T c r r F2r(f) Deste modo, se g ∈ B(f; r) ent˜ao o gr´afico de g estar´a contido na faixa de amplitude 2r em torno do gr´afico de f, isto ´e, G(g) ⊆ F2r(f). Geometricamente temos T E G(f) f(x) x c T T c r r G(g) Observa¸c˜ao 2.2.3 No exemplo acima, pode ocorrer de G(g) ⊆ F2r(f) e d(f, g) = r. Para ver isto basta considerar f(x) = 0 para todo x ∈ [0, 1] e g(x) = x, 0 ≤ x 1 0, x = 1 . Neste caso d(f, g) = sup 0≤x≤1 |f(x) − g(x)| = 1, logo g ∈ B(f; 1) mas G(g) est´a contido em F2(f) (veja figura abaixo).
  • 29. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 29 E T G(f) G(g) F2r(f) A Exemplo 2.2.6 Seja M . = {z = (x, y) ∈ R2 : z ≤ 1} subespa¸co (m´etrico) de R2 munido da m´etrica usual. Logo se r 1 temos que BM (0; r) = BM [0; r] = M e assim SM (0; r) = ∅. Exemplo 2.2.7 Sejam (M1, d1), · · · (Mn, dn) espa¸cos m´etricos e M . = M1 × · · · Mn munido da m´etrica do m´aximo (isto ´e, d da observa¸c˜ao (2.1.12) itens 1. e 2.). Sejam a = (a1, · · · , an) ∈ M e r 0. Ent˜ao B(a; r) = {x ∈ M : d (x, a) r} = {(x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn : max 1≤i≤n di(xi, ai) r} = {(x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn : di(xi, ai) r, para todo i = i, · · · , n} = {x1 ∈ M1 : d1(x1, a1) r} × · · · × {xn ∈ Mn : dn(xn, an) r} = BM1 (a1; r) × · · · × BMn (an; r) De modo semelhante (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) temos B[a; r] = BM1 [a1; r] × · · · × BMn [an; r] Logo acabamos de mostrar que a bola aberta (ou fechada) no produto cartesiano com a m´etrica do m´aximo ´e o produto cartesiano das bolas abertas (ou fechadas) em cada um dos fatores do produto cartesiano. Observa¸c˜ao 2.2.4 1. Se no exemplo acima mudarmos a m´etrica do m´aximo pela m´etrica produto ou pela m´etrica da soma a afirma¸c˜ao ser´a falsa, isto ´e, uma bola aberta (ou fechada) no produto cartesiano pode n˜ao ser o produto cartesiano das bolas abertas (ou fechadas) em cada um dos fatores do produto cartesiano. Como exerc´ıcio para o leitor deixaremos que o mesmo encontre um contra-exemplo em R2.
  • 30. 30 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 2. Se considerarmos R3 como sendo o produto cartesiano de R2 × R onde R2 e R est˜ao munidos das correspondentes m´etricas euclieanas e tormarmos em R3 = R2 × R a m´etrica d[(x, t), (x , t )] . = max{dR2 (x, x ), dR(t, t )}, onde (x, t), (x , t ) ∈ R2 × R ent˜ao uma bola aberta, B(a; r) (ou fechadas) em R3 munido da m´etrica d acima ser˜ao cilindros retos com base circular (contida no plano z = a), com centro em a e raio r)e altura 2r. De fato, pois se (A, a) ∈ R2 × R e r 0 ent˜ao, do exemplo (2.2.7), segue que BR2×R((A, a); r) = BR2 (A; r) × BR(a; r) = {(x, y) : x2 + y2 r2 } × {t ∈ R : |t − a| r}, ou seja, o produto cartesiano do interior de um c´ırculo por um intervalo aberto que nos d´a, geometricamente, um cilindro reto com base circular. T B(0; r) T c T c I r r r E a A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor. Temos a Defini¸c˜ao 2.2.2 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico. Diremos que um ponto a ∈ M ´e um ponto isolado de M se existir uma bola aberta de M que contenha somente o ponto a, isto ´e, existe r 0 tal que B(a; r) = {a}. Observa¸c˜ao 2.2.5 1. Um ponto a ∈ M ´e isolado em M se existe r 0 tal que n˜ao existem pontos diferentes do ponto a a uma distˆancia menor que r do pr´oprio ponto. 2. Um ponto a ∈ M n˜ao ´e ponto isolado de M se toda bola aberta centrada em a cont´em, pelo menos, um ponto de M diferente do ponto a, isto ´e, para todo r 0 temos [B(a; r) ∩ M] {a} = ∅. Consideremos os
  • 31. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 31 Exemplo 2.2.8 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico onde d ´e a m´etrica zero-um. Ent˜ao todo ponto de M ´e ponto isolado de M. De fato, se a ∈ M e 0 r ≤ 1 ent˜ao vimos no exemplo (2.2.2) que B(a; r) = {a}, mostrando que a ´e ponto isolado de M. Exemplo 2.2.9 Seja Z o conjunto formado por todos os n´umeros reais inteiros munido da m´etrica usual induzida de R. Afirmamos que todo ponto de Z ´e ponto isolado de Z. De fato, se n ∈ Z e 0 r ≤ 1 ent˜ao B(n; r) ∩ Z = {n} (pois B(n; r) = {x ∈ Z : |x − n| r ≤ 1} = {n}), mostrando que n ∈ Z ´e ponto isolado de Z. Exemplo 2.2.10 Seja P . = {0, 1, 1 2 , 1 3 , · · · , 1 n , · · · } munido da m´etrica usual induzida de R. Observemos que o ponto 0 ∈ P n˜ao ´e um ponto isolado de P. De fato, dado r 0 existe n0 ∈ N tal que n0 1 r . Logo d( 1 n0 , 0) = | 1 n0 − 0| = 1 n0 r, isto ´e, 1 n0 ∈ [B(0; r) ∩ P] {0}, ou seja, 0 n˜ao ´e ponto isolado de P. Por outro lado, qualquer outro ponto de P ´e ponto isolado de P. De fato, se 1 n ∈ P ent˜ao o ponto mais pr´oximo dele em P ´e o ponto 1 n + 1 , cuja distˆancia a 1 n ´e 1 n(n + 1) (pois d( 1 n , 1 n + 1 = | 1 n − 1 n + 1 | = (n + 1) − n n(n + 1) = 1 n(n + 1) ). Logo se tomarmos 0 r 1 n(n + 1) temos que se x ∈ P e d(x, 1 n ) r 1 n(n + 1) temos que x = 1 n , ou seja, [B( 1 n ; r) ∩ P] { 1 n } = ∅, mostrando que 1 n ´e ponto isolado de P. 1 n 1 n−1 1 n+1 E' 1 n(n+1) E' 1 (n−1)n Observa¸c˜ao 2.2.6 Se P . = {1, 1 2 , 1 3 , · · · , 1 n , · · · } munido da m´etrica usual induzida de R ent˜ao, segue do exemplo acima, que todo ponto de P ´e um ponto isolado de P.
  • 32. 32 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Exemplo 2.2.11 Seja E um espa¸co vetorial normado com E = {0}. Afirmamos que nenhum ponto de E ´e ponto isolado de E. De fato, dado a ∈ E, para todo r 0 mostremos que [B(a; r) ∩ E] {a} = ∅. Para mostrar isso, consideremos y ∈ E, y = 0. Logo o vetor z . = r 2 y y ´e diferente do vetor 0 e z = r 2 y y = r 2 y y = r 2 , logo 0 z r. Seja x . = a + z. Ent˜ao x = a (pois z = 0) e x − a = z r, ou seja, x ∈ B(a; r) ∩ E e x = a, mostrando que x ∈ [B(a; r) ∩ E] {a}, isto ´e, [B(a; r) ∩ E] {a} = ∅. Portanto todo ponto de E n˜ao ´e ponto isoldado de E. Geometricamente temos: ~ a r By b x . = a + r 2 y y 19.08.2008 - 5.a Temos a Defini¸c˜ao 2.2.3 Diremos que um espa¸co m´etrico (M, d) ´e discreto se todo ponto de M ´e um ponto isolado de M. Exemplo 2.2.12 O exemplo (2.2.9) mostra que Z com a m´etrica usual induzida de R ´e um espa¸co m´etrico discreto.
  • 33. 2.2. BOLAS ABERTAS, BOLAS FECHADAS E ESFERAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 33 Exemplo 2.2.13 A observa¸c˜ao (2.2.6) mostra que P = {1, 1 2 , 1 3 , · · · , 1 n , · · · } com a m´etrica usual induzida de R ´e um espa¸co m´etrico discreto. Exemplo 2.2.14 Seja M um conjunto n˜ao vazio e d a m´etrica zero-um em M. Ent˜ao (M, d) ´e um espa¸co m´etrico discreto, pois se a ∈ M ent˜ao para 0 r ≤ 1 temos, do Exemplo (2.2.2), que B(a; r) = {a}, ou seja todo ponto de M ´e ponto isolado de M, portanto M ´e um espa¸co m´etrico discreto. Defini¸c˜ao 2.2.4 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico. Diremos que um subconjunto X ⊆ M ´e discreto se X como subsepa¸co (m´etrico) de M for um espa¸co m´etrico discreto. Observa¸c˜ao 2.2.7 Na situa¸c˜ao acima, X ´e um espa¸co m´etrico discreto se, e somente se, para cada x ∈ X existe r 0 tal que B(x; r) ∩ X = {x} (pois, da proposi¸c˜ao (2.2.1) temos que B(x; r) ∩ X = BX(x; r)). Exerc´ıcio 2.2.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico e X um subconjunto finito de M. Deixaremos como exerc´ıcio para o leitor mostrar que X ´e um subconjunto discreto de M. Para finalizar a se¸c˜ao temos a: Proposi¸c˜ao 2.2.3 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico, a, b ∈ M com a = b. Consideremos r, s 0 tais que r + s ≤ d(a, b). Ent˜ao as bolas abertas B(a; r) e B(b; s) s˜ao disjuntas (veja figura abaixo), isto ´e, B(a; r) ∩ B(b; s) = ∅. a b E ' r s E' d(a, b) r + s Demonstra¸c˜ao: Suponhamos, por absurdo, que existe x ∈ B(a; r) ∩ B(b; s). Logo d(a, x) r e d(b, x) s. Portanto d(a, b) ≤ d(a, x) + d(x, b) r + s ≤ d(a, b), ou seja, d(a, b) d(a, b), o que ´e um absurdo. Logo B(a; r) ∩ B(b; s) = ∅
  • 34. 34 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS como quer´ıamos mostrar. De modo semelhante temos a: Proposi¸c˜ao 2.2.4 Na situa¸c˜ao da proposi¸c˜ao acima, se r + s d(a, b) ent˜ao as bolas fechadas B[a; r] e B[b; s] s˜ao disjuntas , isto ´e, B[a; r] ∩ B[b; s] = ∅. Demonstra¸c˜ao: Suponhamos, por absurdo, que existe x ∈ B[a; r] ∩ B[b; s]. Logo d(a, x) ≤ r e d(b, x) ≤ s. Portanto d(a, b) ≤ d(a, x) + d(x, b) ≤ r + s d(a, b), ou seja, d(a, b) d(a, b), o que ´e um absurdo. Logo B[a; r] ∩ B[b; s] = ∅ como quer´ıamos mostrar. 2.3 Subconjuntos limitados de um espa¸cos m´etricos Iniciaremos com a Defini¸c˜ao 2.3.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico. Diremos que um subconjunto X ⊆ M, n˜ao vazio, ´e limitado em M se existir c 0 tal que d(x, y) ≤ c para todo x, y ∈ X. Observa¸c˜ao 2.3.1 Se X ⊆ M ´e limitado em M ent˜ao podemos considerar o conjunto D . = {a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para todo x, y ∈ X} ⊆ R. Como X ´e limitado em M segue que D ´e n˜ao vazio e limitado superiormente (ou seja, existe c ∈ R tal que c ∈ D). Como todo subconjunto limitado superiormente em R admite supremo, segue que existe 0 ≤ sup D ∞. Logo podemos introduzir a Defini¸c˜ao 2.3.2 Na situa¸c˜ao acima, sup D ser´a denominado diˆametro de X e indicado por diam(X), ou seja, diam(X) = sup{a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para x, y ∈ X}.
  • 35. 2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 35 Observa¸c˜ao 2.3.2 1. Se X ⊆ M n˜ao for limitado em M escreveremos diam(X) . = ∞. Isto significa que para todo c 0 existem xc, yc ∈ X tal que d(xc, yc) c. 2. Se X ⊆ M for limitado ent˜ao d(x, y) ≤ diam(X), para todo x, y, ∈ X. 3. ´E f´acil mostrar que (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que se X ⊆ M for limitado em M e Y ⊆ X ent˜ao Y ⊆ M ´e limitado em M e diam(Y ) ≤ diam(X). Consideremos alguns exemplos Exemplo 2.3.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico. Ent˜ao toda bola aberta (ou fechada; ou esfera) ´e subconjunto limitado de M e seu diˆametro ´e menor ou igual ao dobro do seu raio. De fato, seja a ∈ M e r 0. Se x, y ∈ B(a; r) ent˜ao d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, y) r + r = 2r mostrando que B(a; r) ´e um subconjunto limitado de M. Al´em disso segue que 2r ´e um limitante superior do conjunto {a ∈ R : d(x, y) ≤ a, para todo x, y ∈ B(a; r)}. Portanto diam[B(a; r)] ≤ 2r, como afirmamos acima. Vale o an´alogo para a bola fechada B[a; r] e para a esfera S(a; r) (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Observa¸c˜ao 2.3.3 Em geral, n˜ao podemos garantir que o diˆametro da bola aberta (ou fechada, ou esfera) seja igual ao dobro do seu raio, como mostra o seguinte exemplo: Consideremos Z com a m´etrica usual induzida de R, r = 1 e n ∈ Z. Como vimos no Exemplo (2.2.9) temos que B(n; 1) = {n} cujo diˆametro ´e zero (que ´e menor que 2). Quando vale a igualdade? O exemplo a seguir responde esta quest˜ao: Exemplo 2.3.2 Seja E um espa¸co vetorial normado tal que E = {0}. Afirmamos que toda bola aberta (ou fechada, ou esfera) tem diˆametro igual ao dobro do raio da mesma, isto ´e, diam(B(a; r)) = 2r (ou diam(B[a; r]) = 2r, diam(S(a; r)) = 2r).
  • 36. 36 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS De fato, sejam a ∈ E e r 0. Sabemos que B(a; r) ´e um subconjunto limitado de E e que diam[B(a; r)] ≤ 2r. Mostremos que se 0 s 2r ent˜ao s n˜ao poder´a ser pode ser diˆametro de B(a; r), ou seja, existem x1, y1 ∈ B(a; r) tal que d(x1, y1) s. Consideremos y ∈ E tal que y = 0 e seja t ∈ R tal que s 2t 2r, ou seja, 0 s 2 t r. Observemos que o vetor x . = t y y ∈ E tem a seguinte propriedade: x = t y y = t y y = t, ou seja, x = t r. Afirmamos que os vetores x1 . = a + x, x2 . = a − x ∈ B(a; r). De fato, d(a + x, a) = (a + x) − a = x = t r e, de modo semelhante, temos d(a − x, a) = (a − x) − a = − x = x = t r. Al´em disso d(a + x, a − x) = (a + x) − (a − x) = 2x = 2 x = 2t s, ou seja, d(x1, y1) s. Logo todo s ∈ (0, 2r) n˜ao poder´a ser o diˆametro da bola aberta B(a; r). Geometricamente temos a u r y © x1 = a + t y y y1 = a − t y y Ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor o Exerc´ıcio 2.3.1 Mostrar que, na situa¸c˜ao acima, temos diam[B[a; r]] = 2r e diam[S(a; r)] = 2r.
  • 37. 2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 37 Observa¸c˜ao 2.3.4 1. Dado um espa¸co m´etrico qualquer (mesmo sendo n˜ao limitado) podemos considerar subes- pa¸cos (m´etricos) do mesmo que sejam limitados. Basta considerarmos os subconjunto limitados do mesmo e colocar a m´etrica induzida do espa¸co m´etrico dado neste subconjunto. 2. Seja E um espa¸co vetorial normado tal que E = {0}. Ent˜ao E n˜ao ´e limitado. De fato, consideremos x ∈ E, x = 0 e definamos, para cada n ∈ N, xn . = 2n x x. Observemos que xn = 2n x x = 2n x x = 2n n, logo d(xn, 0) = xn − 0 = xn n, mostrando que E n˜ao ´e limitado. 3. Seja (M, d) um espa¸co m´etrico. Vale observar que um subconjunto X ⊆ M ´e limitado em M se, e somente se, X est´a contido em alguma bola aberta de M, isto ´e, existe a ∈ M e r 0 tal que X ⊆ B(a; r). De fato, se existe a ∈ M e r 0 tal que X ⊆ B(a; r) ent˜ao para todo x, y ∈ X temos que d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, y) r + r = 2r, ou seja, X ´e limitado (e seu diˆamentro ´e menor ou igual a 2r). Reciprocamente, se X ´e limitado em M ent˜ao existe c 0 tal que d(x, y) ≤ c para todo x, y ∈ X. Consideremos x0 ∈ X. Temos que d(x, x0) ≤ c para todo x ∈ X, assim se X ⊆ B(x0; c), ou seja X est´a contido em uma bola aberta de M, como quer´ıamos mostrar. Temos a Proposi¸c˜ao 2.3.1 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M limitados em M. Ent˜ao X ∪ Y e X ∩ Y s˜ao limitados em M.
  • 38. 38 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Demonstra¸c˜ao: Observemos que X ∩ Y ⊆ X e como X ´e limitado em M segue, da Observa¸c˜ao (2.3.2) item 3., que X ∩ Y tamb´em ser´a limitado em M. Se X = ∅ ou Y = ∅ segue que X ∪ Y = Y ou X ∪ Y = X, respectivamente, implicando que X ∪ Y ´e limitado. Logo podemos supor, sem perda de generalidade, que X, Y = ∅. Como X, Y s˜ao limitados em M existem c, d 0 e a, b ∈ M tais que d(x, a) ≤ c e d(y, b) ≤ d para todo x ∈ X e y ∈ Y . Considere k . = c + d + d(a, b) 0. Logo se x ∈ X e y ∈ Y temos que d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, b) + d(b, y) ≤ c + d(a, b) + d = k. Portanto se x, y ∈ X ∪ Y temos que: Se x, y ∈ X temos que d(x, y) ≤ c k Se x, y ∈ Y temos que d(x, y) ≤ c k Se x ∈ X e y ∈ Y temos que d(x, y) ≤ k, ou seja, d(x, y) ≤ k para todo x, y ∈ X ∪ Y , mostrando que X ∪ Y ´e limitado em M. Como conseq¨uˆencia temos o: Corol´ario 2.3.1 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X1, X2, · · · , Xn ⊆ M limitados em M. Ent˜ao X1 ∪ X2 ∪ · · · ∪ Xn e X1 ∩ X2 ∩ · · · ∩ Xn s˜ao limitados em M. Demonstra¸c˜ao: Utiliza-se indu¸c˜ao matem´atica e a proposi¸c˜ao acima (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Como outra conseq¨uˆencia imediata temos que Corol´ario 2.3.2 Seja (M, d) espa¸co m´etrico. Todo subconjunto finito de M ´e limitado. Demonstra¸c˜ao: Basta observar que se X ´e um subconjunto finito de M ele ser´a uma reuni˜ao finita dos conjuntos formados por cada um dos seus pontos e como o conjunto formado por um ponto ´e limitado segue, do corol´ario acima, que X ser´a limitado em M. Nota¸c˜ao 2.3.1 Dada uma fun¸c˜ao f : X → Y denotaremos seu conjunto imagem por f(X), isto ´e, f(X) . = {f(x) : x ∈ X} ⊆ Y. Podemos agora introduzir a
  • 39. 2.3. SUBCONJUNTOS LIMITADOS DE UM ESPAC¸OS M´ETRICOS 39 Defini¸c˜ao 2.3.3 Sejam (M, d) espa¸co m´etrico e X um subconjunto n˜ao vazio. Diremos que uma fun¸c˜ao f : X → M ´e limitada em X se seu conjunto imagem, f(X), for um subconjunto limitado de M. Vejamos alguns exemplos Exemplo 2.3.3 Seja R com a m´etrica usual e f : R → R dada por f(x) . = 1 1 + x2 , x ∈ R. Observemos que |f(x)| ≤ 1, para todo x ∈ R, logo f ´e uma fun¸c˜ao limitada (neste caso temos f(R) = (0, 1]). A figura abaixo nos d´a o gr´afico de f. E T G(f) 1 Exemplo 2.3.4 Na situa¸c˜ao acima se considerarmos g : R → R dada por g(x) . = x2 para x ∈ R temos que g(R) = [0, ∞) logo n˜ao ser´a um subconjunto limitado de R, mostrando que a fun¸c˜ao g n˜ao ser´a uma fun¸c˜ao limitada. A figura abaixo nos d´a o gr´afico de g. E T G(g) Exemplo 2.3.5 Se a m´etrica d em Rn prov´em de uma norma de Rn ent˜ao d n˜ao ´e uma fun¸c˜ao limitada. De fato, da Observa¸c˜ao (2.3.4) item 2. temos que Rn n˜ao ´e limitado, logo d(Rn , Rn ) = [0, ∞) ⊆ R n˜ao poder´a ser um subconjunto limitado de R, logo a fun¸c˜ao d n˜ao ser´a uma fun¸c˜ao limitada.
  • 40. 40 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Podemos agora generalizar o exemplo (2.1.5) por meio do Exemplo 2.3.6 Sejam X um conjunto n˜ao vazio e (M, dM ) um espa¸co m´etrico. Indiquemos por B(X; M) o conjunto de todas as fun¸c˜oes limitadas definidas em X e tomando valores em M, isto ´e, B(X; M) . = {f : X → M : f ´e limitada em X}. Dadas f, g ∈ B(X; M) temos que o conjunto {dM (f(x), g(x)) : x ∈ X} ´e limitado em R. De fato, como f e g s˜ao limitadas segue que f(X) e g(X) s˜ao subconjuntos limitados em M. Logo da Proposi¸c˜ao (2.3.1) segue que f(X) ∪ g(X) ´e um subconjunto limitado em M, ou seja, {dM (f(x), g(x)) : x ∈ X} ´e limitado em R, portanto admite supremo. Logo, dadas f, g ∈ B(X; M), podemos definir d(f, g) . = sup x∈X {dM (f(x), g(x))}. Pode-se mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que d ´e uma m´etrica em B(X; M) que ´e denominada m´etrica da convergˆencia uniforme ou m´etrica do sup. Observa¸c˜ao 2.3.5 1. Na situa¸c˜ao acima podemos considerar o conjunto F(X; M) formado por todas as fun¸c˜oes definidas em X com valores em M. Neste caso a m´etrica do sup n˜ao tem sentido em F(X; M) pois existem fun¸c˜oes f, g : X → M tais que o conjunto {dM (f(x), g(x)) : x ∈ X} n˜ao ´e limitado em R (logo n˜ao poderemos considerar o supremo desse conjunto). Nesta situa¸c˜ao podemos decompor F(X; M) como uma reuni˜ao de espa¸cos m´etricos nos quais podemos introduzir a m´etrica do sup. Para mais detalhes ver [1] pag. 15. 2. Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado. Pode-se mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que se f, g ∈ B(X; E) e λ ∈ R ent˜ao (f +g) ∈ B(X; E) e λf ∈ B(X; E), ou seja, B(X; E) tornar-se-´a um espa¸co vetorial sobre R. Neste caso a m´etrica da convergˆencia uniforme em B(X; E) prov´em da seguinte norma de B(X; E): f . = sup x∈X f(x) E, f ∈ B(X; E), que ´e denominada norma da convergˆencia uniforme ou do sup. De fato, pois d(f, g) = sup{dE(f(x), g(x)) : x ∈ X} = sup x∈X f(x) − g(x)) .
  • 41. 2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO41 2.4 Distˆancia de um ponto a um subconjunto em um espa¸co m´etrico Observa¸c˜ao 2.4.1 Como motiva¸c˜ao consideremos o seguinte caso: Em um plano consideremos X uma reta e a um ponto que n˜ao pertence `a reta X. Consideremos x0 ∈ X o p´e da perpendicular `a reta X que cont´em o ponto a (vide figura abaixo). x0 a X Seja x ∈ X tal que x = x0. Ent˜ao aplicando o Teorema de Pit´agoras ao triˆangulo retˆangulo ∆ax0x (veja figura abaixo) obtemos [d(a, x)]2 = [d(a, x0)]2 + [d(x0, x)]2 . x0 a X x Em particular temos que d(a, x) ≥ d(a, x0) para todo x ∈ X, ou seja, x0 ´e o ponto mais pr´oximo do ponto a que pertence `a reta X. Deste modo podemos escrever d(a, x0) = inf x∈X {d(a, x)}. Podemos generalizar este fato, para isto observemos que se (M, dM ) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M n˜ao vazio e a ∈ M ent˜ao o conjunto {dM (x, a) : x ∈ X} ⊆ R ´e limitado inferiormente por 0 (pois dM (a, x) ≥ 0). Logo admite ´ınfimo, assim temos a: Defini¸c˜ao 2.4.1 Sejam (M, dM ) um espa¸co m´etrico, X ⊆ M, n˜ao vazio e a ∈ M. Definimos a distˆancia do ponto a ao conjunto X, indicada por d(a, X), como sendo d(a, X) = inf{dM (a, x) : x ∈ X}.
  • 42. 42 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 21.08.2008 - 6.a Observa¸c˜ao 2.4.2 1. Das propriedades de ´ınfimo temos: (a) Para todo x ∈ X temos que d(a, X) ≤ d(a, x) (isto ´e, d(a, X) ´e um limitante inferior do conjunto {d(x, a) : x ∈ X} ⊆ R); (b) Se d(a, X) c ent˜ao existe x ∈ X tal que d(a, x) c (isto ´e, d(a, X) ´e o maior dos limitantes inferiores). 2. Para todo x ∈ X temos que d(a, x) ≥ 0 logo d(a, X) ≥ 0. 3. Observemos que se a ∈ X ent˜ao d(a, X) = 0. De fato, se a ∈ X ent˜ao 0 = d(a, a) ∈ {d(a, x) : x ∈ X}. 4. Al´em disso, se X ⊆ Y ent˜ao d(a, Y ) ≤ d(a, X). Lembremos que se A ⊆ B ent˜ao inf B ≤ inf A (*) (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Logo, se X ⊆ Y ent˜ao {d(x, a) : x ∈ X} ⊆ {d(y, a) : y ∈ Y }, assim de (*) temos que d(a, Y ) = inf{d(y, a) : y ∈ Y } ≤ inf{d(x, a) : x ∈ X} = d(a, X), como quer´ıamos mostrar. 5. Se d(a, X) = 0 isto n˜ao implica, necessariamente, que a ∈ X como vereremos em exemplos a seguir. O que podemos afirmar ´e que: d(a, X) = 0 se, e somente se, dado ε 0 existe x ∈ X tal que d(a, x) ε. 6. Vale observar que, em geral, n˜ao podemos substituir o ´ınfimo na defini¸c˜ao acima pelo m´ınimo, isto ´e, pode n˜ao existir um ponto em x0 ∈ X de tal modo que d(a, X) = d(a, x0), como veremos em exemplos a seguir. A seguir consideraremos alguns exemplos. Exemplo 2.4.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico, a ∈ M e X = {x1, x2, · · · , xn} um subconjunto finito de M. Ent˜ao d(a, X) = inf{d(a, x) : x ∈ X} [conjunto finito] = inf 1≤i≤n {d(a, xi)} [conjunto finito] = min 1≤i≤n {d(a, xi)}.
  • 43. 2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO43 Exemplo 2.4.2 Seja R2 como a m´etrica usual e S1 = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 = 1} a circun- ferˆencia unit´aria de centro na origem e raio 1. Ent˜ao se z = (x, y) ∈ S1 e 0 = (0, 0) temos que d(0, z) = (x − 0)2 + (y − 0)2 = x2 + y2 = 1, ou seja, d(0, S1) = 1 (veja figura abaixo). E T x y z = (x, y) 0 = (0, 0) d(0, z) = 1 S1 ‚ Exemplo 2.4.3 Seja R munido da m´etrica usual e X = (a, b) (= B(a + b−a 2 ; b−a 2 )). Ent˜ao temos que d(a, X) = d(b, X) = 0. Podemos provar isto diretamente ou utilizar o seguinte resultado geral: Proposi¸c˜ao 2.4.1 Sejam E um espa¸co vetorial normado, a ∈ E e r 0. Ent˜ao dado b ∈ E, d(b, B(a; r)) = 0 se, e somente se, b ∈ B[a; r]. Demonstra¸c˜ao: (⇐=) Suponhamos que b ∈ B[a; r], ou seja, b − a ≤ r. Se tivermos b − a r seguir´a que b ∈ B(a; r), logo d(b, B(a; r)) = 0. Afirma¸c˜ao: se b − a = r 0 ent˜ao dado ε 0 afirmamos que existe x ∈ B(a; r) tal que d(b, x) ε. De fato, definamos u . = 1 r (b − a) ∈ E. Segue que u = 1 r (b − a) = 1 r b − a = 1 r r = 1. Escolhamos t ∈ (r − ε, r), assim 0 r − t ε. Consideremos x . = a + t.u ∈ E.
  • 44. 44 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Temos que d(x, a) = x − a = (a + t.u) − a = |t| u [ u =1] = t r, ou seja, x ∈ B(a; r). Al´em disso, temos d(x, b) = b − x = b − (a + t.u) = (b − a) − t.u [b−a=r.u] = r.u − t.u = |r − t| u [ u =1] = r − t ε, logo concluimos a prova da afirma¸c˜ao acima. (veja figura abaixo). b a b !ε “ r x = a + tu o Logo dado ε 0 existe x ∈ B(a; r) tal que 0 ≤ d(b, x) ε, ou seja, 0 ≤ d(b, B(a; r)) ≤ d(b, x) ε, isto ´e, d(b, B(a; r)) = inf{d(b, x) : x ∈ B(a; r)} = 0. (=⇒) Reciprocamente, suponhamos que d(b, B(a; r)) = 0. Seja p ∈ E tal que p ∈ B[a; r]. Afirmamos que d(p, B(a; r)) 0. De fato, como p ∈ B[a; r] temos que p − a r, logo p − a = r + c para algum c 0. Se x ∈ B(a; r) temos que x − a r e como p − a ≤ p − x + x − a segue que d(p, x) = p − x ≥ p − a − x − a = (r + c) − x − a (r + c) − r = c, ou seja, c ´e um limitante inferior do subconjunto {d(p, x) : x ∈ B(a; r)} ⊆ R. Como d(p, B(a; r)) ´e o ´ınfimo do conjunto acima segue que d(p, B(a; r)) ≥ c 0, concluindo a prova da afirma¸c˜ao (veja figura abaixo).
  • 45. 2.4. DIST ˆANCIA DE UM PONTO A UM SUBCONJUNTO EM UM ESPAC¸O M´ETRICO45 T a p T r c Como d(b, B(a; r)) = 0, da afirma¸c˜ao, segue que b ∈ B[a; r], como quer´ıamos demonstrar. Observa¸c˜ao 2.4.3 Em particular a afirma¸c˜ao acima nos diz que podemos ter b ∈ E com d(b, X) = 0 e b ∈ X (onde X = B(a; r)), como afirmamos anteriormente. Temos a: Proposi¸c˜ao 2.4.2 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico, a, b ∈ M e X ⊆ M n˜ao vazio. Ent˜ao |d(a, X) − d(b, X)| ≤ d(a, b). A figura abaixo ilustra o resultado X d(a, X) d(b, X) d(a, b) a b Demonstra¸c˜ao: A desigualdade acima ´e equivalente a −d(a, b) ≤ d(a, X) − d(b, X) ≤ d(a, b). Observemos que para todo x ∈ X temos que d(a, X) ≤ d(a, x) ≤ d(a, b) + d(b, x),
  • 46. 46 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS ou seja, d(a, X) − d(a, b) ≤ d(b, x), ou ainda, o n´umero real d(a, X) − d(a, b) ´e um limitante inferior do subconjunto {d(b, x) : x ∈ X} ⊆ R. Da defini¸c˜ao de ´ınfimo segue d(a, X) − d(a, b) ≤ d(b, X), isto ´e, d(a, X) − d(b, X) ≤ d(a, b). (∗) Observemos que para todo x ∈ X temos que d(b, X) ≤ d(b, x) ≤ d(b, a) + d(a, x), ou seja, d(b, X) − d(a, b) ≤ d(a, x) ou ainda, o n´umero real d(b, X) − d(a, b) ´e um limitante inferior do subconjunto {d(a, x) : x ∈ X} ⊆ R. Da defini¸c˜ao de ´ınfimo segue d(b, X) − d(a, b) ≤ d(a, X), isto ´e, d(a, X) − d(b, X) ≥ −d(a, b). (∗∗) De (*) e (**) segue a desiguladade e a conclus˜ao da prova. Como conseq¨uˆencia temos o Corol´ario 2.4.1 Seja (M, d) um espa¸co m´etrico e a, b, x ∈ M. Ent˜ao |d(a, x) − d(a, y)| ≤ d(a, b). Demonstra¸c˜ao: Basta considerar X . = {x} na proposi¸c˜ao acima e verificar que d(a, {x}) = d(a, x). 2.5 Distˆancia entre dois subconjuntos de um espa¸co m´etrico Temos a Defini¸c˜ao 2.5.1 Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M n˜ao vazios. Definimos a distˆancia entre os conjuntos X e Y , indicada por d(X, Y ), como sendo d(X, Y ) . = inf{d(x, y) : x ∈ X, y ∈ Y }. Consideremos o Exemplo 2.5.1 Consideremos R com a m´etrica usua, X = (−∞, 0) e Y = (0, ∞). Ent˜ao dada ε 0 existem x ∈ X e y ∈ Y tal que d(x, y) ε, ou seja, d(X, Y ) = 0. Observemos que X ∩ Y = ∅ e mesmo assim d(X, Y ) = 0.
  • 47. 2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 47 Observa¸c˜ao 2.5.1 Se (M, d) ´e um espa¸co m´etrico e X, Y ⊆ M n˜ao vazios ent˜ao: 1. Se X ∩ Y = ∅ ent˜ao d(X, Y ) = 0; 2. Observemos que d(X, X) = 0 e d(X, Y ) = d(Y, X). 3. Pode ocorrer de d(X, Y ) = 0 e X ∩ Y = ∅. Deixaremos para o leitor encontrar um exemplo onde isto ocorre. 2.6 Imers˜oes isom´etricas e isometrias entre espa¸cos m´etricos Come¸caremos pela Defini¸c˜ao 2.6.1 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos. Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e um imers˜ao isom´etrica de M em N se dN (f(x), f(y)) = dM (x, y), x, y ∈ M. No caso acima diremos que a fun¸c˜ao f preserva as distˆancias de M e N, respectivamente. Observa¸c˜ao 2.6.1 Na situa¸c˜ao acima se f : M → N ´e uma imers˜ao isom´etrica temos que f ´e injetora. De fato, se f(x) = f(y) ent˜ao dM (x, y) = dN (f(x), f(y)) = 0, logo x = y, mostrando que f ´e injetora. Com isto temos a: Defini¸c˜ao 2.6.2 Um imers˜ao isom´etrica que ´e sobrejetora ser´a denomiada isometria de M em N. Observa¸c˜ao 2.6.2 1. Na situa¸c˜ao acima f : M → N ´e ums isometria se, e somente se, f preserva as distˆancias de M e N e for sobrejetora. 2. Em particular se f : M → N ´e isometria ent˜ao f ´e bijetora. Logo admite fun¸cao inversa f−1 : N → M e esta tamb´em ´e uma isometria. De fato, pois se w, z ∈ N temos que existe x, y ∈ M tal que z = f(x) e w = f(y) (pois f ´e sobrejetora) assim dM (f−1 (z), f−1 (w)) = dM (f−1 (f(x)), f−1 (f(y))) = dM (x, y) [f ´e isometria] = dN (f(x), f(y)) = dN (z, w), mostrando que f−1 preserva as distˆancias de N e M.
  • 48. 48 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS 3. Sejam (M, dM ), (N, dN ) e (P, dP ) espa¸cos m´etricos e f : M → N, g : N → P imers˜oes isom´etricas de M em N e de N em P, respectivamente. Ent˜ao (g ◦ f) : M → P ´e uma imers˜ao isom´etrica de M em P. De fato, se x, y ∈ M temos que dP ((g ◦ f)(x), (g ◦ f)(y)) = dP (g(f(x)), g(f(y))) [g preserva distˆancias] = dN (f(x), f(y)) [f preserva distˆancias] = dM (x, y), mostrando que g ◦ f preserva as distˆancias de M e P. 4. Como conseq¨uˆencia temos que composta de isometrias tamb´em ser´a uma isometria entre os respectivos espa¸cos m´etricos. 5. Toda imers˜ao isom´etrica f : M → N define uma isometria de M sobre f(M) (pois neste caso f : M → f(M) ser´a sobrejetora e continuar´a a preservar as distˆancias de M e N). Com isto temos a: Defini¸c˜ao 2.6.3 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos. Diremos que M e N s˜ao isom´etricos se existir uma isometria de M em N e neste caso escreveremos M ∼ N. Observa¸c˜ao 2.6.3 1. Temos que M ∼ M (basta considerar a identidade de M em M); 2. Se M ∼ N ent˜ao N ∼ M (pois, como vimos na Observa¸c˜ao (2.6.2) item 2., a inversa de uma isometria ´e uma isometria); 3. Se M ∼ N e N ∼ P ent˜ao M ∼ P (pois, como vimos na Observa¸c˜ao (2.6.2) item 3., a composta de isometrias ´e uma isometria). 4. Os trˆes itens acima nos dizem que ∼ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia no conjunto formado por todos os espa¸cos m´etricos (isto ´e, ∼ satisfaz as propriedades: reflexiva, sim´etrica e transitiva). 5. Se existir uma imer˜ao isom´etrica f : M → N ent˜ao temos que M ∼ f(M) (pois a fun¸c˜ao f : M → f(M) ser´a sobrejetora e preservar´a as distˆancias de M e f(M)). 26.08.2008 - 7.a 6. Sejam X um subconjunto n˜ao vazio, (M, dM ) um espa¸co m´etrico e f : X → M uma fun¸c˜ao injetora. Nosso objetivo ´e introduzir uma m´etrica em X de tal modo que a fun¸c˜ao f torne-se uma imers˜ao isom´etrica de X e M. Para isto definamos dX : X × X → R por dX(x, y) . = dM (f(x), f(y)), x, y ∈ X. ´E f´acil verificar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que dX ´e uma m´etrica em X (precisamos usar do fato que f ´e injetora!) e deste modo a fun¸c˜ao f tornar-se-´a uma imers˜ao isom´etrica de (X, dX) em (M, dM ).
  • 49. 2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 49 Podemos mostrar (ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor) que a m´etrica dX em X ´e a ´unica m´etrica que torna f uma imers˜ao isom´etrica de X em M. Com isto temos a: Defini¸c˜ao 2.6.4 Na situa¸c˜ao acima diremos que a m´etrica dX ´e a m´etrica induzida por f em X. Observa¸c˜ao 2.6.4 Um caso particular da situa¸c˜ao acima ´e quando X ⊆ M, n˜ao vazio onde (M, dM ) ´e um espa¸co m´etrico. Neste caso se considerarmos a aplica¸c˜ao inclus˜ao i : X → M dada por i(x) . = x, para x ∈ X, temos que a fun¸c˜ao i ´e injetora. Logo podemos considerar em X a m´etrica induzida pela fun¸c˜ao i que coincidir´a com a m´etrica induzida de M em X (pois dX(x, y) = dM (i(x), i(y)) = dM (x, y), para todo x, y ∈ X). A seguir consideraremos alguns exemplos. Exemplo 2.6.1 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn. Sejam a, u ∈ Rn tal que u = 1. Consideremos a fun¸c˜ao f : R → Rn dada por f(t) . = a + t u, t ∈ R. Afirmamos que f ´e um imers˜ao is´om´etrica de R em Rn. De fato, se t, s ∈ R temos que dRn (f(t), f(s)) = f(t) − f(s) = (a + t u) − (a + s u) = (t − s) u = |t − s| u [ u =1] = |t − s| = dR(t, s), mostrando que a fun¸c˜ao f preserva as distˆancias de R e Rn. Observa¸c˜ao 2.6.5 1. Observemos que o gr´afico de f ´e a reta que passa pelo ponto a = a ∈ Rn e tem a dire¸c˜ao do vetor unit´ario u ∈ Rn. Em particular, f n˜ao ´e uma isometria de R em Rn se n = 1 (pois, neste caso, n˜ao ´e sobrejetora). 2. Se n = 1 ent˜ao f ser´a isometria de R em R (isto ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor). Exemplo 2.6.2 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn e a ∈ Rn. Afirmamos que a fun¸c˜ao f : Rn → Rn dada por f(x) . = x + a, x ∈ Rn , ´e uma isometria de Rn em Rn.
  • 50. 50 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS De fato, se x, y ∈ Rn ent˜ao d(f(x), f(y)) = f(x) − f(y) = (x + a) − (y + a) = x − y = d(x, y), mostrando que f preserva a distˆancia em Rn (ou seja, ´e uma imers˜ao isom´etrica de Rn em Rn). Al´em disso f(Rn) = Rn pois se y ∈ Rn se tomarmos x . = y − a segue que f(x) = x + a = (y − a) + a = y, ou seja, f ´e sobrejetora, ou seja, f ´e uma isometria de Rn em Rn. Com isto temos a Defini¸c˜ao 2.6.5 A fun¸c˜ao f acima definida ser´a denominada transla¸c˜ao pelo vetor a. Exemplo 2.6.3 Consideremos Rn com a metrica induzida por alguma norma de Rn. Afirmamos que a fun¸c˜ao f : Rn → Rn dada por f(x) . = −x, x ∈ Rn , ´e uma isometria em Rn. De fato, se x, y ∈ Rn ent˜ao d(f(x), f(y)) = f(x) − f(y) = (−x) − (−y) = − x + y = x − y = d(x, y), mostrando que f preserva a distˆancia em Rn (ou seja, ´e uma imers˜ao isom´etrica de Rn em Rn). Al´em disso f(Rn) = Rn pois se y ∈ Rn se tomarmos x . = −y segue que f(x) = x = −(−y) = y, ou seja, f ´e sobrejetora, isto ´e, f ´e uma isometria de Rn em Rn. Com isto temos a Defini¸c˜ao 2.6.6 A fun¸c˜ao f acima definida ser´a denominada reflex˜ao em torno da origem de Rn. Observa¸c˜ao 2.6.6 1. Observemos que na situa¸c˜ao acima, dados a, b ∈ Rn existe uma isometria f : Rn → Rn tal que f(b) = a (basta considerar a transla¸c˜ao f(x) . = x + (a − b)). 2. Podemos substituir o Rn por um espa¸co vetorial normado qualquer que os exemplos acima continuar˜ao v´alidos neste novo contexto. A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor.
  • 51. 2.6. IMERS ˜OES ISOM´ETRICAS E ISOMETRIAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS 51 Exemplo 2.6.4 Consideremos C o conjunto formado pelo n´umeros complexos munido da m´etrica induzida pelo valor absoluto de um n´umero complexo (isto ´e, se z = a+bi ent˜ao z = x2 + y2 e assim a m´etrica ser´a d(z1, z2) = z1 − z2 , z1, z2 ∈ C). Sejam u ∈ C tal que u = 1 e a fun¸c˜ao f : C → C dada por f(z) . = u.z, para z ∈ C (onde . ´e a multiplica¸c˜ao de n´umeros complexos). Afirmamos que f ´e uma isometria. De fato, f ´e imers˜ao isom´etrica em C, pois d(f(z1), f(z2)) = f(z1) − f(z2) = u.z1 − u.z2 = u.(z1 − z2) = u z1 − z2 [ u =1] = z1 − z2 = d(z1, z2), mostrando que f preserva a distˆancia em C. Al´em disso, se w ∈ C consideremos z . = w u ∈ C. Logo f(z) = u.z = u. w u = w, mostrando que f ´e sobrejetora, portanto uma isometria de C em C. Observa¸c˜ao 2.6.7 A aplica¸c˜ao f do exemplo acima ´e uma rota¸c˜ao (no sentido hor´ario) de um ˆangulo θ = π 2 se u = i e θ = arctg( b a ) se u = a + bi, se a = 0 (veja figura abaixo). E T C z f(z) = u.z θ Finalizaremos esta se¸c˜ao com a Proposi¸c˜ao 2.6.1 Seja (M, dM ) um espa¸co m´etrico limitado. Ent˜ao existe uma imers˜ao isom´etrica ϕ : M → B(M; R), onde em B(M; R) consideraremos a m´etrica induzida pela norma da convergˆencia uniforme.
  • 52. 52 CAP´ITULO 2. ESPAC¸OS M´ETRICOS Demonstra¸c˜ao: Definamos ϕ : M → B(M; R) por ϕ(x) . = dx, onde dx : M → R ´e dada por dx(y) . = dM (x, y) (ou seja, a distˆancia ao ponto x). Como M ´e limitado segue que dx ∈ B(M; R), ou seja ϕ est´a bem definida. Mostremos que ϕ preserva as ditˆancias de M e B(M; R). Observemos que se x, x , y ∈ M ent˜ao |dx(y) − dx (y)| = |d(x, y) − d(x , y)| [corol´ario (2.4.1)] ≤ dM (x, x ), assim dB(M;R)(ϕ(x), ϕ(x )) = ϕ(x) − ϕ(x ) = dx − dx = sup y∈M |dx(y) − dx (y)|≤dM (x, x ). Por outro lado, se tomarmos y = x temos que |dx(y) − dx (y)| = |dM (x, y) − dM (x , y)| [y=x ] = |dM (x, x ) − dM (x , x )| = dM (x, x ). Logo dx − dx = sup y∈M |dx(y) − dx (y)|≥dM (x, x ), portanto dB(M; R)(dx, dx ) = dx − dx = sup y∈M |dx(y) − dx (y)| = dM (x, x ), ou seja, ϕ preserva as distˆancias de M e de B(M; R). Observa¸c˜ao 2.6.8 1. Pode-se provar um resultado an´alogo ao exibido acima retirando-se a hip´otese de M ser limitado. Uma demonstra¸c˜ao para esse fato pode ser encontrada em [1] pag. 20. 2. O resultado acima garante que todo espa¸co m´etrico pode ser imerso, isometricamente, em um espa¸co vetorial normado.
  • 53. Cap´ıtulo 3 Fun¸c˜oes Cont´ınuas Definidas em Espa¸cos M´etricos 3.1 Defini¸c˜ao de fun¸c˜ao cont´ınua em espa¸cos m´etricos e exem- plos Temos a: Defini¸c˜ao 3.1.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M. Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua no ponto a se dado ε 0 existir δ = δ(ε, a) 0 tal que dM (x, a) δ implicar dN (f(x), f(a)) ε. Geometricamente temos: f(a) ~ ε E f a a δ f(B(a; δ)) % M N Diremos que f : M → N ´e cont´ınua em M se ela for cont´ınua em cada um dos pontos de M. Observa¸c˜ao 3.1.1 1. Na situa¸c˜ao acima, f ´e cont´ınua no ponto a se, e somente se, se dado ε 0 existir δ = δ(ε, a) 0 tal que f(B(a; δ)) ⊆ B(f(a); ε), ou seja, dada uma bola aberta de centro em f(a) e raio ε 0 em N, existe uma bola aberta de centro em a e raio δ 0 em M, tal que a imagem pela fun¸c˜ao f desta segunda bola est´a contida na primeira bola. 53
  • 54. 54 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 2. Se M ⊆ R e N = R munidos da m´etrica usual de R ent˜ao f : M → R ser´a cont´ınua em a ∈ M se, e somente se, dado ε 0 existir δ = δ(ε, a) 0 tal que se x ∈ M e a − δ x a + δ implicar f(a) − ε f(x) f(a) + ε, ou seja, f((a − δ, a + δ)) ⊆ (f(a) − ε, f(a) + ε), pois as bolas abertas em R (com a m´etrica usual) da defini¸c˜ao de contiuidade ser˜ao os, respectivos, intervalos abertos obtidos acima. Geometricamente temos: T T Ef f(a) a a + δ a − δ f(a) + ε f(a) − ε A seguir exibiremos alguns exemplos. Antes por´em temos a: Defini¸c˜ao 3.1.2 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e uma fun¸c˜ao f : M → N que tem a seguinte propriedade: existe c 0 tal que dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M. Neste caso diremos que a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em M. A constante c ser´a dita constante de Lipschitz da fun¸c˜ao f. Exemplo 3.1.1 Se f : M → N ´e lipschitiziana em M ent˜ao f ´e cont´ınua em M. De fato, como f ´e lipschitiziana em M existe c 0 tal que dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M. Logo, dado ε 0 seja δ . = ε c 0. Ent˜ao se a ∈ M e dM (x, a) δ temos que dN (f(x), f(a)) ≤ c dM (x, a) cδ ≤ c ε c = ε, mostrando que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua no ponto a ∈ M. Como a ∈ M ´e arbitr´ario segue que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua em M.
  • 55. 3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 55 Exemplo 3.1.2 Sejam (E, . E) um espa¸co vetorial normado e λ ∈ R. Afirmamos que a aplica¸c˜ao fλ : E → E dada por fλ(x) . = λ.x, x ∈ E, ´e lipschitiziana em E. De fato, dE(fλ(x),fλ(y)) = fλ(x), fλ(y) E = λ.x − λ.y E = λ(x − y) E = |λ| x − y E = |λ|dE(x, y), ou seja, dE(fλ(x),fλ(y)) = |λ|dE(x, y), x, y ∈ E, mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao fλ : E → E s´er´a cont´ınua em E para cada λ ∈ R fixado. Observa¸c˜ao 3.1.2 1. Se f1, · · · , fn : E → E, onde E ´e um espa¸co vetorial normado, s˜ao lipschitzianas ent˜ao dados a1, · · · , an ∈ R temos que f . = a1f1 + · · · anfn tamb´em ser´a uma aplica¸c˜ao lipschitziana em E. A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixado como exerc´ıcio para o leitor. Conclus˜ao: combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes lipschitzianas ´e uma fun¸c˜ao lipschitziana. Em particular, a aplica¸c˜ao f : E → E ser´a cont´ınua em E. 2. Seja R munido da m´etrica usual. Ent˜ao f : R → R ´e lipschitiziana em M se, e somente se, existe c 0 tal que |f(x) − f(y)| |x − y| = dR(f(x), f(y)) dR(x, y) ≤ c, x, y ∈ R, x = y. 3. Observemos se f : I → R ´e diferenci´avel em I, um intervalo de R e |f (x)| ≤ c para todo x ∈ I ent˜ao a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em I. De fato, dados x, y ∈ I do Teorema do Valor Intermedi´ario segue que existe ¯x ∈ [x, y] ( ou [y, x]) tal que f(x) − f(y) x − y = f (¯x). Logo |f(x) − f(y)| |x − y| = |f (¯x)| ≤ c, ou seja, a fun¸c˜ao f ´e lipschitziana em I, como afirmamos acima. Conclus˜ao: toda fun¸c˜ao real, de vari´avel real, diferenci´avel em um intervalo da reta e tal que sua derivada ´e limitada neste intervalo ´e uma fun¸c˜ao lipschitiziana no intervalo em quest˜ao.
  • 56. 56 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 2.09.2008 - 8.a Uma situa¸c˜ao mais geral ´e dada pela Defini¸c˜ao 3.1.3 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N. Diremos que a fun¸c˜ao f ´e localmente lipschitziana em M se para cada a ∈ M existe ra 0 tal que a restri¸c˜ao da fun¸c˜ao f a bola aberta B(a; ra) (isto ´e, f|B(a;ra) ) ´e uma fun¸c˜ao lischitziana, ou seja, existe c = c(B(a; ra)) 0 satisfazendo dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ B(a; ra). Geometricamente temos: E a o ra fx y f(x) f(y) dN (f(x), f(y)) ≤ c dM (x, y) Com isto temos o Exemplo 3.1.3 Se f : M → N ´e localmente lipschitziana em M ent˜ao f ´e cont´ınua em M. De fato, dado a ∈ M seja ra 0 tal que restri¸c˜ao da fun¸c˜ao f a bola aberta B(a; ra) seja uma fun¸c˜ao lipschitziana, isto ´e, existe c = c(B(a; ra)) 0 tal que dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ B(a; ra). Dado ε 0 seja δ . = min{ ε c , ra} 0. Logo se, dM (x, a) δ temos que dN (f(x), f(a)) [dM (x,a)δ≤ra] ≤ c dM (x, a)c δ [dM (x,a)δ≤ε c ] ≤ c ε c = ε, mostrando que a fun¸c˜ao f ´e cont´ınua no ponto a ∈ M. Como a ∈ M ´e arbitr´ario segue que a fun¸c˜ao f : M → N ser´a cont´ınua em M. Observa¸c˜ao 3.1.3 Se f1, · · · , fn :→ E, onde E ´e um espa¸co vetorial normado, s˜ao localmente lipschitzianas em E ent˜ao, dados a1, · · · , an ∈ R, temos que f . = a1f1 + · · · anfn tamb´em ser´a localmente lipschitziana em E. A verifica¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor. Conclus˜ao: combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes localmente lipschitzianas num espa¸co vetorial nor- mado ´e uma fun¸c˜ao localmente lipschitziana neste espa¸co. Em particular, a aplica¸c˜ao f : E → E acima definida ser´a cont´ınua em E.
  • 57. 3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 57 Exemplo 3.1.4 Seja f : R → R dada por f(x) . = xn, x ∈ R e n ∈ N. Afirmamos que f ´e localmente lispchitziana em R. De fato, sejam x, y ∈ B(0; a), isto ´e, |x|, |y| ≤ a. Ent˜ao temos que dR(f(x), f(y)) = |f(x) − f(y)| = |xn − yn | = |(x − y)(xn−1 + xn−2 y + · · · xyn−2 + yn−1 )| ≤ |x − y|[|x|n−1 + |x|n−2 |y| + · · · |x||y|n−2 + |y|n−1 ] ≤ |x − y|[|a|n−1 + |a|n−2 |a| + · · · |a||a|n−2 + |a|n−1 n−parcelas ] = nan−1 |x − y| = nan−1 dR(x, y), ou seja, f ´e localmente lischitziana em R (a constante de Lipschitz ser´a c . = nan−1). Em particular, a aplica¸c˜ao f : R → R ser´a cont´ınua em R. Observa¸c˜ao 3.1.4 Do exemplo acima e da observa¸c˜ao (3.1.3) segue que toda fun¸c˜ao polinomial p : R → R (isto ´e, se a1, · · · , an ∈ R temos que p(x) . = a0 + a1x + · · · , anxn , x ∈ R ´e uma fun¸c˜ao localmente lispchitziana em R e portanto ser´a uma aplica¸c˜ao cont´ınua em R. Exemplo 3.1.5 Seja f : R∗ . = R {0} → R dada por r(x) . = 1 x , x ∈ R∗ . Para cada a 0 temos que f ´e lipschitiziana em Ra, onde Ra . = {x ∈ R : |x| ≥ a}. De fato, se x, y ∈ Ra ent˜ao |x|, |y| ≥ a logo, dR(f(x), f(y)) = |f(x)−f(y)| = | 1 x − 1 y | = | y − x x.y | = 1 |x|.|y| |x−y| [|x|,|y|≥a0] ≤ 1 a2 |x−y| = 1 a2 dR(x, y), mostrando que f ´e lipschitziana em Ra (basta tomar a constante de Lipschitz como sendo c . = 1 a2 ) para cada a 0. Em particular, a aplica¸c˜ao f : R∗ → R ´e cont´ınua em Ra para todo a 0, isto ´e, f ´e cont´ınua em R∗. Exemplo 3.1.6 Sejam (E, . E) um espa¸co vetorial normado, R com a m´etrica usual e λ ∈ R. Afirmamos que a aplica¸c˜ao m : R × E → E dada por m(λ, x) . = λ.x, λ ∈ R, x ∈ E, ´e localmente lipschitiziana em R × E onde no produto cartesiano R × E considerarmos a norma da soma (isto ´e, (λ, x) R×E = |λ| + x E, (λ, x) ∈ R × E) e assim podemos tomar a m´etrica dR×E[(λ, x), (β, y)] = |λ − β| + x − y E,
  • 58. 58 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS se (λ, x), (β, y) ∈ R × E). De fato, dado (λ0, x0) ∈ R × E, fixado r 0, se (λ, x), (β, y) ∈ B((λ0, x0); r) ⊆ R × E temos que |λ − λ0|, |β − β0| r e x − x0 E, y − x0 E r. Logo dE(m(λ, x), m(β, y)) = m(λ, x) − m(β, y) E = λ.x − β.y E = λ.x − λ.y + λy − β.y E = λ.(x − y) + (λ − β).y E ≤ λ(x − y) E + (λ − β)y E = |λ| x − y E + |λ − β| y E [|λ|≤|λ−λ0|+|λ0|≤r+|λ0|] ≤ [r + |λ0|] x − y E + |λ − β| y E [ y E≤ y−x0 E+ x0 E≤r+ x0 E] ≤ [r + |λ0|] x − y E + [r + x0 E]|λ − β| ≤ max{r + |λ0|, r + x0 E}[ x − y E + |λ − β|] [c .=max{r+|λ0|,r+ x0 E}] = c[|λ − β| + x − y E] = c dR×E[(λ, x), (β, y)] mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao m : R × E → E ser´a cont´ınua em R × E (munido da m´etrica acima). Exerc´ıcio 3.1.1 Em particular, vale o mesmo para multiplica¸c˜ao de n´umeros reais ou multi- plica¸c˜ao de n´umeros reais por vetores de Rn. Uma outra classe de fun¸c˜oes importantes ´e dada pela Defini¸c˜ao 3.1.4 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N. Diremos que a fun¸c˜ao f ´e uma contra¸c˜ao fraca se dN (f(x), f(y)) ≤ dM ((x, y), x, y ∈ M. e uma subclasse desta ´e dada pela Defini¸c˜ao 3.1.5 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e f : M → N. Diremos que a fun¸c˜ao f ´e uma contra¸c˜ao (forte) se existir c ∈ [0, 1) tal que dN (f(x), f(y)) ≤ c dM ((x, y), x, y ∈ M. Observa¸c˜ao 3.1.5 1. ´E f´acil de ver que toda contra¸c˜ao forte ´e uma contra¸c˜ao fraca. 2. Tamb´em ´e evidente que toda contra¸c˜ao fraca ou forte ´e uma aplica¸c˜ao lipschitiziana e portanto cont´ınua em todo o espa¸co m´etrico. Seguir daremos alguns exemplos de contra¸c˜oes fracas.
  • 59. 3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 59 Exemplo 3.1.7 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e k ∈ N fixo. Se f : M → N ´e dada por f(x) . = k, para todo x ∈ M ent˜ao f ´e uma contra¸c˜ao forte, pois dN (f(x), f(y)) = dN (k, k) = 0 ≤ 1 2 dM (x, y), x, y ∈ M, (no caso escolhemos c . = 1 2 1). Em particular, a aplica¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua em M. Exemplo 3.1.8 Sejam (M, dM ) espa¸co m´etrico e X ⊆ M subespa¸co m´etrico de M. A aplica¸c˜ao de inclus˜ao, i : X → M dada por i(x) . = x, x ∈ X ´e uma contra¸c˜ao fraca pois dM (i(x), i(y)) = dX(x, y), x, y ∈ X. Em particular, a aplica¸c˜ao i : X → M ´e cont´ınua em X. Em geral temos o Exemplo 3.1.9 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos. Se f : M → N ´e uma imers˜ao isom´etrica ent˜ao f ´e uma contra¸c˜ao fraca pois dN (f(x), f(y)) = dM (x, y), x, y ∈ M. Em particular, a aplica¸c˜ao f : M → N ser´a cont´ınua em M. Observa¸c˜ao 3.1.6 Como caso particular do exemplo acima temos que toda isometria ´e uma contra¸c˜ao fraca, logo cont´ınua em todo o espa¸co m´etrico. Exemplo 3.1.10 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos. Independente de uma das trˆes m´etricas que escolhamos para M × N (ver exemplo (2.1.12) e observa¸c˜ao (2.1.12) item 3.), para cada a ∈ M e b ∈ N se considerarmos as aplica¸c˜oes ib : M → M × N e ja : N → M × N dadas por ib(x) . = (x, b) e ja(y) . = (a, y), ent˜ao ib e ja s˜ao uma contra¸c˜oes fracas. De fato, pois dM×N (ib(x1), ib(x2)) = dM×N [(x1, b), (x2, b)] (∗) ≤ dM (x1, x2), x1, x2 ∈ M, dM×N (ja(y1), ib(y2)) = dM×N [(a, y1), (a, y2)] (∗∗) ≤ dN (y1, y2), y1, y2 ∈ N mostrando a afirma¸c˜ao acima. Vale observar que as desigualdades (*) e (**) s˜ao v´alidas, independentementes, de qual das trˆes m´etricas que considerarmos no produto cartesiano (verifique!). Em particular, as aplica¸c˜oes ib : M → M × N e ja : N → M × N s˜ao cont´ınuas em M e N, respectivamente.
  • 60. 60 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS Exemplo 3.1.11 Sejam (M, dM ) espa¸co m´etrico e X ⊆ M n˜ao vazio. Definamos dX : M → R por dX(y) . = d(y, X), y ∈ M. Afirmamos que dX ´e uma contra¸c˜ao fraca. De fato, se y1, y2 ∈ M temos que dR(dX(y1), dX(y2)) = |dX(y1) − dX(y2)| = |d(y1, X) − d(y2, X)| [proposi¸c˜ao (2.4.2)] ≤ dM (y1, y2), mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao dx : M → R ´e cont´ınua em M. Observa¸c˜ao 3.1.7 Do exemplo acima segue que para cada x ∈ M temos que a aplica¸c˜ao dx : M → R dada por dx(y) . = dM (x, y), y ∈ M, ´e uma contra¸c˜ao fraca. Para ver isto basta considerar X . = {x} ⊆ M. Em particular, a aplica¸c˜ao dx : M → R ser´a cont´ınua em M. Exemplo 3.1.12 Seja (E, . ) um espa¸co vetorial normado. A aplica¸c˜ao . : E → R ´e uma contra¸c˜ao fraca. De fato, se x, y ∈ E temos que dR( x , y ) = | x − y | = |dE(x, 0) − dE(y, 0)| ≤ |dE(x, y)| = x − y = dE(x, y), mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao . : E → R ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua em E. Exemplo 3.1.13 Seja (M1, d1), · · · (Mn, dn) espa¸cos m´etricos. Pra cada i = 1, · · · n a aplica¸c˜ao pi : M1 × · · · × Mn → Mi, dada por pi(x) . = xi, onde x = (x1, · · · , xn) ∈ M1 × · · · × Mn (conhecida como i-´esima proje¸c˜ao) ´e uma contra¸c˜ao fraca onde podemos considerar no produto cartesiano M . = M1 ×· · ·×Mn qualquer uma das trˆes m´etricas da observa¸c˜ao (2.1.12). De fato, se xi, yi ∈ Mi temos que dM1 (pi(x), pi(y)) = dMi (xi, yi) ≤ dM (x, y), onde x = (x1, · · · , xi−1, xi, xi+1, · · · , xn), y = (y1, · · · , yi−1, yi, yi+1, · · · , yn) ∈ M, mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao pi : M1 × · · · × Mn → Mi ´e cont´ınua em M1 × · · · × Mn para cada i = 1, · · · , n. Exemplo 3.1.14 Seja (M, dM ) espa¸co m´etrico. Ent˜ao a aplica¸c˜ao dM : M × M → R
  • 61. 3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 61 ´e uma contra¸c˜ao fraca se em M ×M considerarmos a m´etrica da soma ou do m´aximo em M ×M (veja exemplo (2.1.12)). De fato, se (x, y), (x , y ) ∈ M × M ent˜ao dR(dM (x, y), dM (x , y )) = |dM (x, y) − dM (x , y )| = |dM (x, y) − dM (x , y) + dM (x , y) − dM (x , y )| ≤ |dM (x, y) − dM (x , y)| + |dM (x , y) − dM (x , y )| ≤ dM (x, x ) + dM (y, y ) ≤ dM×M [(x, y), (x , y )], mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao dM : M × M → R ser´a cont´ınua em M × M. 4.09.2008 - 9.a Exemplo 3.1.15 Seja (E, . E) um espa¸co vetorial normado e λ ∈ R. Afirmamos que a aplica¸c˜ao s : E × E → E dada por s(x, y) . = x + y, x, y ∈ E, ´e uma contra¸c˜ao fraca onde em E×E estamos considerando a norma da soma (isto ´e, (x, y) E×E . = x E + y E e sua respectiva m´etrica associada). De fato, dE(s(x, y), s(x , y )) = s(x, y) − s(x , y ) E = (x + y) − (x + y ) E = (x − x ) + (y − y ) E ≤ x − x + y − y E = (x, y) − (x , y ) E×E = dE×E((x, y), (x , y )). mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao s : E × E → E ser´a cont´ınua em E × E. Exerc´ıcio 3.1.2 Em particular, vale o mesmo para soma n´umeros reais ou soma de vetores em Rn e B(X; M) munido da m´etrica do sup. Exemplo 3.1.16 Sejam (M, dM ) um espa¸co m´etrico, a ∈ M, X um conjunto n˜ao vazio e B(X; M) munido da m´etrica do sup. Definamos a aplica¸c˜ao va : B(X; M) → M por va(f) . = f(a), f ∈ B(X; M). Ent˜ao va ´e uma contra¸c˜ao em B(X; M). De fato, se f, g ∈ B(X; M) temos que dM (va(f), va(g) = dM (f(a), g(a)) ≤ sup{dM (f(x), g(x)) : x ∈ M} = dB(X;M)(f, g), mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Em particular, a aplica¸c˜ao va : B(X; M) → M ser´a cont´ınua em B(X; M). Observa¸c˜ao 3.1.8
  • 62. 62 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS 1. Sejam (M, dM ), (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M um ponto isolado de M. Afirmamos que f : M → N ´e cont´ınua em a ∈ M. De fato, como a ∈ M ´e um ponto isolado de M, existe δ0 0 tal que B(a; δ0) ∩ M = {a}. Dado ε 0 seja 0 δ ≤ δ0. Se dM (x, a) δ ≤ δ0 temos que x = a logo dN (f(x), f(a)) = dN (f(a), f(a)) = 0 ε, mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. 2. Como conseq¨uˆencia da observa¸c˜ao acima temos que se (M, dM ) for um espa¸co discreto (isto ´e, todo ponto dele ´e ponto isolado) ent˜ao toda fun¸c˜ao f : M → N ´e cont´ınua em M. Em particular, a m´etrica de M ´e a m´etrica zero-um ent˜ao vale o mesmo. 3. Por outro lado se (N, dN ) for um espa¸co discreto temos que: f : M → N cont´ınua em M se, e somente se, para cada a ∈ M a fun¸c˜ao f ´e constante em alguma bola aberta de centro em a. De fato, se a ∈ M ent˜ao dado 0 ε ≤ 1 temos que B(f(a); ε) = {f(a)} assim para todo δ 0 se x ∈ B(a; δ) para que f(x) ∈ B(f(a), ε) = {f(a)} deveremos ter f(x) = f(a) na bola aberta B(a; δ), como afirmamos acima. Em particular, a m´etrica de N ´e a m´etrica zero-um ent˜ao vale o mesmo. Temos a Defini¸c˜ao 3.1.6 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M. Diremos que uma fun¸c˜ao f : M → N ´e descont´ınua no ponto a se ela n˜ao for cont´ınua no ponto a. Observa¸c˜ao 3.1.9 1. Na situa¸c˜ao acima f ´e descont´ınua no ponto a ∈ M se, e somente se, existe ε 0 tal que para todo δ 0 existe xδ ∈ M tal que dM (xδ, a) δ mas dN (f(xδ), f(a)) ≥ ε. 2. Um formula¸c˜ao equivalente seria: f ´e descont´ınua no ponto a ∈ M se, e somente se, existe ε 0 tal que para todo n ∈ N existe xn ∈ M tal que dM (xn, a) 1 n mas dN (f(xn), f(a)) ≥ ε. Isto poderia ser dito da seguinte forma: existe uma seq¨uˆencia (xn)n∈N em M que ´e con- vergente para a em M tal que a seq¨uˆencia (f(xn))n∈N em N n˜ao ´e convergente em N. Vale observar que ainda n˜ao introduzimos a no¸c˜ao de convergˆencia de seq¨uˆencias. Na verdade isto ser´a tratado num c´ap´ıtulo mais adiante.
  • 63. 3.1. DEFINIC¸ ˜AO DE FUNC¸ ˜AO CONT´INUA EM ESPAC¸OS M´ETRICOS E EXEMPLOS 63 Exemplo 3.1.17 A fun¸c˜ao f : R → R dada por f(x) = 1, se x ∈ Q 0, se x ∈ I n˜ao ´e cont´ınua em nenhum ponto de R. De fato, sejam a ∈ Q e ε = 1 2 0. Dado δ 0 consideremos x ∈ I tal que |x − a| δ, isto ´e, d(x, a) δ (veja figura abaixo). E a ∈ Q a + δa − δ c x ∈ I Como f(x) = 0 e f(a) = 1 segue que dR(f(x), f(a)) = |f(x) − f(a)| = |0 − 1| = 1 ≥ 1 2 = ε, mostrando que f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum a ∈ Q. Por outro lado, sejam a ∈ I e ε = 1 2 0. Dado δ 0 consideremos x ∈ Q tal que |x − a| δ, isto ´e, d(x, a) δ (veja figura abaixo). E a ∈ I a + δa − δ c x ∈ Q Como f(x) = 1 e f(a) = 0 segue que dR(f(x), f(a)) = |f(x) − f(a)| = |1 − 0| = 1 ≥ 1 2 = ε, mostrando que f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum a ∈ I. Portanto f n˜ao ´e cont´ınua em nenhum ponto de R. Observa¸c˜ao 3.1.10 Observemos que no exemplo acima temos que f|Q e f|I s˜ao cont´ınuas (na verdade a primeira ´e constante e igual a 0 e a segunda ´e constante e igual a 1). Para f : M → N e X ⊆ M n˜ao vazio, o exemplo acima nos mostra a diferen¸ca entre: 1. f|X : X → N cont´ınua em X; 2. f : M → N cont´ınua em todos os pontos de M. Podemos sempre afirmar que na situa¸c˜ao acima (b) implicar´a sempre em (a). Mas, em geral, (a) pode n˜ao implicar em (b), como mostra o exemplo acima. Exemplo 3.1.18 Consideremos f : R → R dada por f(x) = sen(1 x), se x = 0 0, se x = 0 . Afirmamos que f ´e descont´ınua em x = 0. De fato, seja ε = 1 2 0.
  • 64. 64 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS Dado δ 0 seja N0 ∈ N tal que N0 ≥ 1 δ . Consideremos x ∈ R dado por x . = 2 (2N0 + 1)π . Como (2N0 + 1)π 2N0 temos que dR(x, 0) = x = 2 (2N0 + 1)π 2 2N0 = 1 N0 δ. Mas dR(f(x), f(0)) = |sen( 1 2 (2N0+1)π ) − 0| = |sen( (2N0 + 1)π 2 )| [sen( (2N0+1)π 2 )=±1] = 1 ≥ 1 2 = ε, mostrando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Observa¸c˜ao 3.1.11 Seja f : M → N e consideremos N1 . = f(M) = {f(x) : x ∈ M} visto como subsepa¸co m´etrico de N (ou seja, com a m´etrica induzida de N). Definamos f1 : M → N1 por f1(x) . = f(x), x ∈ M. Afirmamos que f ´e cont´ınua em M se, e somente se, f1 ´e cont´ınua em M. A demonstra¸c˜ao deste fato ser´a deixada como exerc´ıcio para o leitor. 3.2 Propriedades elementares de fun¸c˜oes cont´ınuas entre espa¸cos m´etricos Come¸caremos pela Proposi¸c˜ao 3.2.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ) e (P, dP ) espa¸cos m´etricos e a ∈ M. Se f : M → N ´e cont´ınua em a e g : N → P ´e cont´ınua em f(a) ent˜ao g ◦ f : M → P ´e cont´ınua em a. Demonstra¸c˜ao: Dado ε 0, como g ´e cont´ınua no ponto f(a), existe λ 0 tal que se y ∈ N e dN (y, f(a)) λ ent˜ao dP (g(y), g(f(a))) ε. (∗) Mas f ´e cont´ınua em a, logo dado λ 0 (obtido acima), existe δ 0 tal que se x ∈ M e dM (x, a) δ ent˜ao dN (f(x), f(a)) λ. Logo, se f(x) ∈ N, de (*) temos dP (g(f(x)), g(f(a))) λ, mostrando que g ◦ f ´e cont´ınua em a, como quer´ıamos mostrar. Observa¸c˜ao 3.2.1 1. O resultado acima nos diz que a composta de duas fun¸c˜oes cont´ınuas ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua.
  • 65. 3.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DE FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS65 2. Temos a seguinte caracteriza¸c˜ao geom´etrica para a demonstra¸c˜ao do resultado acima: g(f(a)) ” ε E gf(a) … λ g(B(f(a); λ)) ‡ Ef ” δ f(B(a; δ)) c a Como conseq¨uˆencia temos Corol´ario 3.2.1 Sejam (M, dM ) e (N, dN ) espa¸cos m´etricos. Se f : M → N ´e cont´ınua em a ∈ X ⊆ M ent˜ao f|X : X → N ´e cont´ınua em a. Demonstra¸c˜ao: Sabemos que a aplica¸c˜ao inclus˜ao, i : X → M ´e cont´ınua em X (ver exemplo (3.1.8)). Observemos que f|X = f ◦ i. Como f ´e cont´ınua em a segue, da proposi¸c˜ao acima, que f|X = f ◦ i ser´a cont´ınua no ponto a, completando a demosntra¸c˜ao do corol´ario. Observa¸c˜ao 3.2.2 O corol´ario acima nos diz que a restri¸c˜ao de uma fun¸c˜ao cont´ınua a um subconjunto do seu dom´ınio ser´a uma fun¸c˜ao cont´ınua nesse subconjunto. Antes de prosseguir temos a Observa¸c˜ao 3.2.3 Sejam (M, dM ), (N, dN ), (P, dP ) espa¸cos m´etricos, f : M×N → P onde em M × N consideramos uma das trˆes m´etricas usuais (da raiz quadrada, da soma ou do m´aximo). Logo f ser´a cont´ınua em (a, b) ∈ M × N se dado ε 0 existe δ 0 tal que dM×N ((x, y), (a, b)) δ implicar dP (f(x, y), f(a, b)) ε. Neste caso ´e comum dizermos que f ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (a, b). Temos tamb´em a: Defini¸c˜ao 3.2.1 Sejam (M, dM ), (N, dN ), (P, dP ) espa¸cos m´etricos, f : M × N → P e (a, b) ∈ M × N. Diremos que f ´e cont´ınua em rela¸c˜ao a 1.a vari´avel no ponto (a, b) se a aplica¸c˜ao fb : M → P dada por fb(x) . = f(x, b), x ∈ M, for cont´ınua no ponto a. Diremos que f ´e cont´ınua em rela¸c˜ao a 2.a vari´avel no ponto (a, b) se a aplica¸c˜ao fa : N → P
  • 66. 66 CAP´ITULO 3. FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS DEFINIDAS EM ESPAC¸OS M´ETRICOS dada por fa (y) . = f(a, y), y ∈ N, for cont´ınua no ponto b. Diremos que f ´e cont´ınua separadamente no ponto (a, b) se ela for cont´ınua em rela¸c˜ao a cada uma das vari´aveis no ponto (a, b). Observa¸c˜ao 3.2.4 1. Na situa¸c˜ao acima se f ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (a, b) ent˜ao temos que fa = f ◦ ja fb = f ◦ ib, onde ib : M → M × N e ja : N → M × N s˜ao as aplica¸c˜oes de M, e de N, em M × N dadas pelo exemplo (3.1.10), respectivamente. Assim, como ib e ja s˜ao cont´ınuas em M e N, respectivamente, segue que que fa e fb s˜ao cont´ınuas nos pontos a e b, respectivamente. Portanto f ser´a cont´ınua separadamente no ponto (a, b). 2. N˜ao vale, em geral, a rec´ıproca do resultado acima, isto ´e, existem fun¸c˜oes f : M ×N → P que s˜ao cont´ınuas separadamente no ponto (a, b) mas n˜ao s˜ao cont´ınuas (conjuntamente) no ponto (a, b). Para ver isto, consideremos o seguinte exemplo: Seja f : R × R → R dada por f(x) . =    xy x2 + y2 , se (x, y) = (0, 0) 0 , se (x, y) = (0, 0) . No ponto (0, 0) temos que f ´e cont´ınua separamente (pois f(x, 0) = 0 e f(0, y) = 0 para todo x, y, ∈ R que s˜ao cont´ınuas em R). Mas f n˜ao ´e cont´ınua (conjuntamente) no ponto (0, 0) pois se tomarmos a restri¸c˜ao da fun¸c˜ao f `a reta y = ax, com a = 0 (que torna-se um espa¸co m´etrico com a m´etrica induzida pela m´etrica de R2) ent˜ao teremos f(x, ax) = ax2 x2 + a2x2 = a 1 + a2 = 0 se x = 0 e se x = 0 teremos que f(0, a.0) = (0, 0), mostrando que f ´e descont´ınua no ponto (0, 0). Para o pr´oximo resultado precisaremos da Defini¸c˜ao 3.2.2 Sejam (M, dM ), (N1, d1), (N2, d2) espa¸cos m´etricos, f : M → N1 × N2 dada por f(x) . = (f1(x), f2(x)), x ∈ M onde fj : M → Nj, j = 1, 2 s˜ao ditas fun¸c˜oes coordenadas da fun¸c˜ao f. Neste caso escreveremos f = (f1, f2).
  • 67. 3.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DE FUNC¸ ˜OES CONT´INUAS ENTRE ESPAC¸OS M´ETRICOS67 Com isto temos a Proposi¸c˜ao 3.2.2 Sejam (M, dM ), (N1, d1), (N2, d2), N1×N2 espa¸cos m´etricos, onde no ´ultimo consideramos uma das trˆes m´etricas usuais, f : M → N1 × N2 dada por f(x) . = (f1(x), f2(x)), x ∈ M onde fj : M → Nj, j = 1, 2 e a ∈ M. Ent˜ao f ´e cont´ınua no ponto a se, e somente se, f1 e f2 s˜ao cont´ınuas no ponto a. Demonstra¸c˜ao: Suponhamos que f ´e cont´ınua no ponto a. Temos que f1 = p1 ◦ f e f2 = p2 ◦ f, onde pj : N1 × N2 → Nj, j = 1, 2 s˜ao as proje¸c˜oes em N1 e N2 definidas no exemplo (3.1.13), respectivamente. Como p1, p2 s˜ao cont´ınuas em N1 e N2, respectivamente, segue que f1 e f2 s˜ao cont´ınuas em a ∈ M. Reciprocamente, (i) Consideremos em N1 × N2 a m´etrica do m´aximo. Se f1 e f2 s˜ao cont´ınuas em a ∈ M ent˜ao dado ε 0 segue que existem δ1, δ2 0 tal que se dM (x, a) δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a)) ε, i = 1, 2. (∗) Seja δ . = min{δ1, δ2} 0. Assim, se dM (x, a) δ logo dM (x, a) δ1 e dM (x, a) δ2 e de (*) teremos dN1×N2 (f(x), f(a)) = max{d1(f1(x), f1(a)), d2(f2(x), f2(a))} ε, mostrando que f ´e cont´ınua no ponto a. (ii) Se considerarmos em N1 × N2 a m´etrica da raiz quadrada temos que dado ε 0 existem δ1, δ2 0 tal que se dM (x, a) δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a)) ε √ 2 , i = 1, 2. (∗) tomando-se δ . = min{δ1, δ2} 0. Assim, se dM (x, a) δ logo dM (x, a) δ1 e dM (x, a) δ2 e de (*) teremos dN1×N2 (f(x), f(a)) = [d1(f1(x), f1(a))]2 + [d2(f2(x), f2(a))]2 [ ε √ 2 ]2 + [ ε √ 2 ]2 = ε2 2 + ε2 2 = √ ε2 = ε, mostrando que f ´e cont´ınua no ponto a. (iii) Se considerarmos em N1 × N2 a m´etrica da soma temos que dado ε 0 existem δ1, δ2 0 tal que se dM (x, a) δi implicar´a dNi (fi(x), fi(a)) ε 2 , i = 1, 2. (∗)