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“Como se o orvalho te houvesse beijado”1 – Ignacio Spina 

         Não sei o que estou esperando. Que você acredite novamente nos homens? Que você 
sinta mais uma vez vontade de combinar um encontro com um de nós? Ou que você fique nos 
odiando até desistir e virar freira – ou lésbica, se tiver coragem. Sei lá o que estou esperando... 
Acho que hoje me senti invadido de compaixão, o que me fez entender algumas coisas do sexo 
feminino e é por isso que resolvi escrever. Antes de recusar esse meu desabafo argumentando 
que  minha  natureza  masculina  não  me  permitiria  jamais  entender  o  pensamento  de  uma 
mulher, faço questão de afirmar que sei perfeitamente o que você sente. Definitivamente, a 
falta de entendimento do sexo feminino – que não pretendo colocar em questão – não explica 
os nossos atos egoístas. 

        Veja só: primeiro você tem de fazer o enorme esforço de fingir  que não se interessa 
em  saber  o  telefone  do  cara  nem  dar  para  ele  o  seu,  e  até  ocultar  a  sua  expressão  de 
desespero virando em direção contrária ao sujeito com boca de acento circunflexo e olhos de 
travessão, enquanto ele lança para você cantadas pouco originais – que você adora, é claro. 

        Quando finalmente tua amiga se cansa de dançar sozinha e te oferece uma carona de 
volta para casa, você simula uma resolução forçada fazendo de conta que dá o telefone apenas 
para evitar a insistência dele te pisando os calcanhares no caminho à porta de saída da boate – 
mesmo suspeitando que ele soubesse que você ia dar tarde ou cedo. 

          Já  no  carro,  você  começa  improvisar  um  interminável  monólogo  entusiasta  em 
pretérito perfeito que relata a história que tua amiga já conhece e viu com seus próprios olhos. 
Ela apenas te responde que você nem conhece o rapaz e te aconselha para ter cuidado e não 
ficar  tão  entusiasmada  antecipadamente  –  o  que  do  teu  ponto  de  vista  pode  até  ser  inveja, 
mas você evita dizer para não estragar a noite. 

        Chega  em  casa,  tira  a  maquiagem  (apenas  para  não  manchar  os  travesseiros),  fecha 
todas as janelas impedindo o avanço do menor raio de sol e deita na cama. Mal fecha os olhos, 
não consegue evitar o trabalho do seu cérebro: “Amanhã quando ele me ligar eu vou dizer que 
gostei muito dele. Não, melhor, vou fazer de conta que não me lembro. Será que ele vai me 
ligar amanhã? Será que ele vai me ligar mesmo? Quando ele me ligar eu vou dizer que...” – e 
pega no sono desejando sonhar com ele. 

         No dia seguinte, já de noite, você morre de vontade de receber aquela ligação que o 
relógio  sugere  que  não  vai  chegar  nesse  dia.  Procura  no  bolso  do  dia  anterior  o  papelzinho 
com o número dele – com receio de não encontrá‐lo – e o deixa apoiado ao lado do telefone, 
mas não liga para conservar o orgulho. 

         Dias  depois,  você  cansa  de  ver  aquele  papelzinho,  que  nem  proposta  do  diabo  para 
comprar sua alma, e tem a brilhante ideia enviar um torpedo perguntando a quem pertence 
aquele misterioso número que você achou por acaso no seu bolso – aí ele com certeza iria te 
ligar  para  te  lembrar  daquela  maravilhosa  noite  e,  assim,  você  poderia,  mais  uma  vez,  lhe 
responder fingindo não ter interesse. 
                                                            
1
  SPINA, Ignacio. "Como se o orvalho te houvesse beijado." em Encontro Literário Cronicando II. Instituto Camões. 
Centro de Línuga Portuguesa, Buenos Aires, 7 de Junho de 2012. 
Você sente uma inevitável desilusão quando ele te responde assinando com um nome 
diferente  ao  que  te  falou  na  danceteria.  Porém,  vai  que  é  o  segundo  nome  dele.  E  se  ele 
mentiu também não é tão terrível assim... afinal de contas você também lhe disse ter alguns 
aninhos menos dos que atesta sua carteira de identidade. 

         Cansada  da  situação,  você  resolve  ignorar  aquele  negócio  do  orgulho  –  que  já  não 
parece  tão  importante  como  antes  –  e  liga  para  ele  dizendo  ter  lembrado  quem  ele  é.  Com 
isso,  você  provoca  uma  conversa  ocasional,  escutando  o  que  ele  diz  como  se  fossem  coisas 
pouco  relevantes  na  sua  vida.  Ele  também  lembra  de  você  e  daquela  noite  e  é  por  isso  que 
começa novamente com as cantadinhas pouco originais – aos poucos regressa a satisfação e a 
cara com boca de acento circunflexo e olhos de travessão. É assim que, depois de um papo não 
muito  profundo,  vocês  acertam  o  esperado  encontro  na  porta  de  um  restaurante  baratinho 
que os dois conhecem. 

        O  dia  chega  junto  com  o  entusiasmo.  Qualquer  executivo  de  Hollywood  sentira 
vontade de contratá‐la ao ver a dedicação com que você arruma o roteiro de sua chegada ao 
local do encontro. A duração do banho, a escolha da roupa, a chapinha, e até os mais mínimos 
detalhes  são  previamente  calculados  para  chegar  dez  minutinhos  mais  tarde  evitando  ser 
primeira na porta do restaurante. 

        Você chega lá e ainda não há indícios da presença dele. Está muito cansada porque é 
sexta‐feira.  Na  verdade,  faz  bastante  frio  e  ainda  por  cima  há  tanta  umidade  no  ar  que  o 
tempo se torna uma grande ameaça para o seu cabelo. Mas a verdadeira desilusão aumenta à 
medida que as agulhas do seu relógio de pulso se afastam da hora combinada – você sempre 
odiou  aquele  relógio.  É  assim  que  você  resolve  desistir  daquela  espera  depois  de  ligar  no 
celular dele que, logicamente, está fora de serviço.  

        De  volta  em  casa,  fica  com  a  maior  raiva  ao  perceber  no  espelho  do  elevador  que  a 
maquiagem está fora do seu lugar e que o trabalho com a chapinha fora totalmente estragado 
pela umidade como se o orvalho te houvesse beijado durante uma hora e meia na porta de um 
restaurante  de  segunda  categoria.  E  é  assim  que  você  percebe  nos  seus  olhos  que  já  não 
adianta fazer tamanho esforço para não chorar.  

       Está vendo? Eu lhe disse que sei perfeitamente o que você sente. Desculpe lá, mas está 
na hora de você ficar sabendo que a gente não faz isso só por ignorância. Muito pelo contrário: 
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Como se o orvalho te houvesse beijado

  • 1. “Como se o orvalho te houvesse beijado”1 – Ignacio Spina    Não sei o que estou esperando. Que você acredite novamente nos homens? Que você  sinta mais uma vez vontade de combinar um encontro com um de nós? Ou que você fique nos  odiando até desistir e virar freira – ou lésbica, se tiver coragem. Sei lá o que estou esperando...  Acho que hoje me senti invadido de compaixão, o que me fez entender algumas coisas do sexo  feminino e é por isso que resolvi escrever. Antes de recusar esse meu desabafo argumentando  que  minha  natureza  masculina  não  me  permitiria  jamais  entender  o  pensamento  de  uma  mulher, faço questão de afirmar que sei perfeitamente o que você sente. Definitivamente, a  falta de entendimento do sexo feminino – que não pretendo colocar em questão – não explica  os nossos atos egoístas.    Veja só: primeiro você tem de fazer o enorme esforço de fingir  que não se interessa  em  saber  o  telefone  do  cara  nem  dar  para  ele  o  seu,  e  até  ocultar  a  sua  expressão  de  desespero virando em direção contrária ao sujeito com boca de acento circunflexo e olhos de  travessão, enquanto ele lança para você cantadas pouco originais – que você adora, é claro.    Quando finalmente tua amiga se cansa de dançar sozinha e te oferece uma carona de  volta para casa, você simula uma resolução forçada fazendo de conta que dá o telefone apenas  para evitar a insistência dele te pisando os calcanhares no caminho à porta de saída da boate –  mesmo suspeitando que ele soubesse que você ia dar tarde ou cedo.    Já  no  carro,  você  começa  improvisar  um  interminável  monólogo  entusiasta  em  pretérito perfeito que relata a história que tua amiga já conhece e viu com seus próprios olhos.  Ela apenas te responde que você nem conhece o rapaz e te aconselha para ter cuidado e não  ficar  tão  entusiasmada  antecipadamente  –  o  que  do  teu  ponto  de  vista  pode  até  ser  inveja,  mas você evita dizer para não estragar a noite.    Chega  em  casa,  tira  a  maquiagem  (apenas  para  não  manchar  os  travesseiros),  fecha  todas as janelas impedindo o avanço do menor raio de sol e deita na cama. Mal fecha os olhos,  não consegue evitar o trabalho do seu cérebro: “Amanhã quando ele me ligar eu vou dizer que  gostei muito dele. Não, melhor, vou fazer de conta que não me lembro. Será que ele vai me  ligar amanhã? Será que ele vai me ligar mesmo? Quando ele me ligar eu vou dizer que...” – e  pega no sono desejando sonhar com ele.    No dia seguinte, já de noite, você morre de vontade de receber aquela ligação que o  relógio  sugere  que  não  vai  chegar  nesse  dia.  Procura  no  bolso  do  dia  anterior  o  papelzinho  com o número dele – com receio de não encontrá‐lo – e o deixa apoiado ao lado do telefone,  mas não liga para conservar o orgulho.  Dias  depois,  você  cansa  de  ver  aquele  papelzinho,  que  nem  proposta  do  diabo  para  comprar sua alma, e tem a brilhante ideia enviar um torpedo perguntando a quem pertence  aquele misterioso número que você achou por acaso no seu bolso – aí ele com certeza iria te  ligar  para  te  lembrar  daquela  maravilhosa  noite  e,  assim,  você  poderia,  mais  uma  vez,  lhe  responder fingindo não ter interesse.                                                               1  SPINA, Ignacio. "Como se o orvalho te houvesse beijado." em Encontro Literário Cronicando II. Instituto Camões.  Centro de Línuga Portuguesa, Buenos Aires, 7 de Junho de 2012. 
  • 2. Você sente uma inevitável desilusão quando ele te responde assinando com um nome  diferente  ao  que  te  falou  na  danceteria.  Porém,  vai  que  é  o  segundo  nome  dele.  E  se  ele  mentiu também não é tão terrível assim... afinal de contas você também lhe disse ter alguns  aninhos menos dos que atesta sua carteira de identidade.  Cansada  da  situação,  você  resolve  ignorar  aquele  negócio  do  orgulho  –  que  já  não  parece  tão  importante  como  antes  –  e  liga  para  ele  dizendo  ter  lembrado  quem  ele  é.  Com  isso,  você  provoca  uma  conversa  ocasional,  escutando  o  que  ele  diz  como  se  fossem  coisas  pouco  relevantes  na  sua  vida.  Ele  também  lembra  de  você  e  daquela  noite  e  é  por  isso  que  começa novamente com as cantadinhas pouco originais – aos poucos regressa a satisfação e a  cara com boca de acento circunflexo e olhos de travessão. É assim que, depois de um papo não  muito  profundo,  vocês  acertam  o  esperado  encontro  na  porta  de  um  restaurante  baratinho  que os dois conhecem.  O  dia  chega  junto  com  o  entusiasmo.  Qualquer  executivo  de  Hollywood  sentira  vontade de contratá‐la ao ver a dedicação com que você arruma o roteiro de sua chegada ao  local do encontro. A duração do banho, a escolha da roupa, a chapinha, e até os mais mínimos  detalhes  são  previamente  calculados  para  chegar  dez  minutinhos  mais  tarde  evitando  ser  primeira na porta do restaurante.  Você chega lá e ainda não há indícios da presença dele. Está muito cansada porque é  sexta‐feira.  Na  verdade,  faz  bastante  frio  e  ainda  por  cima  há  tanta  umidade  no  ar  que  o  tempo se torna uma grande ameaça para o seu cabelo. Mas a verdadeira desilusão aumenta à  medida que as agulhas do seu relógio de pulso se afastam da hora combinada – você sempre  odiou  aquele  relógio.  É  assim  que  você  resolve  desistir  daquela  espera  depois  de  ligar  no  celular dele que, logicamente, está fora de serviço.   De  volta  em  casa,  fica  com  a  maior  raiva  ao  perceber  no  espelho  do  elevador  que  a  maquiagem está fora do seu lugar e que o trabalho com a chapinha fora totalmente estragado  pela umidade como se o orvalho te houvesse beijado durante uma hora e meia na porta de um  restaurante  de  segunda  categoria.  E  é  assim  que  você  percebe  nos  seus  olhos  que  já  não  adianta fazer tamanho esforço para não chorar.   Está vendo? Eu lhe disse que sei perfeitamente o que você sente. Desculpe lá, mas está  na hora de você ficar sabendo que a gente não faz isso só por ignorância. Muito pelo contrário:  nós homens conhecemos as consequências das nossas reações mais egoístas. Ou então, você  acha que a gente gostaria de ficar uma hora e meia esperando e morrendo de frio? Abaixo do  orvalho? Não é por aí não.