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Inglês fecha compra do frigorífico Marabá
Alda do Amaral Rocha De São Paulo

Ex-dono do St Merryn Food Group, do Reino Unido, o empresário
britânico Terry Johnson chegou ao Brasil esta semana, aonde acaba de
adquirir a unidade do Frigorífico Marabá, em Promissão (SP). O
frigorífico, também conhecido como Frigoclass, com capacidade de
abate de 600 animais/dia, foi comprado por cerca de US$ 8 milhões e
receberá investimentos de US$ 4 milhões neste semestre.

A outra unidade do Marabá, em Marabá (PA), propriedade da família Freitas, também
foi vendida. O comprador foi o Grupo Bertin, que pagou R$ 30 milhões pelo frigorífico,
segundo apurou o Valor. A planta tem capacidade de abate de 1 mil animais/dia.
A chegada de Johnson ao país, empresário com larga experiência no setor de carnes
no Reino Unido, marca o retorno dos investimentos estrangeiros na área de carne
bovina no Brasil. O britânico, que em 2003 vendeu a St Merryn para o grupo escocês de
carnes Grampian Food, decidiu investir no setor de carnes em países grandes
produtores de gado bovino a partir do ano passado.
Na Austrália, adquiriu a Australia Queensland Beef Processor em março de 2004. Em
julho passado, comprou 51% do frigorífico ABP - Argentine Breeders & Packers, na
Argentina. No dia 15 de janeiro deste ano, fechou a compra da unidade do Marabá em
Promissão, de acordo com Sérgio Figueiredo, diretor-financeiro do grupo formado pelos
três abatedouros.
O representante de Johnson no Brasil disse que a disponibilidade de matéria-prima foi
fundamental na decisão de investir nesses países. No caso do Brasil, contou a
competitividade na produção. "O Brasil é imbatível em termos de produção de proteína
animal", afirma.
Segundo ele, a grande dependência de subsídios para produção na Europa também foi
um fator que levou Johnson a investir em outros países. Com a redução dos subsídios e
a ampliação da União Européia ano passado - de 15 países para 25 membros - ficou
difícil manter a produção no Reino Unido, explica Figueiredo.
Em fax enviado ao Valor pouco antes do fechamento desta edição, Terry Johnson disse
que a compra do Frigoclass, "meu primeiro [frigorífico] no Brasil", se baseia na crença
de que o país pode produzir "não somente a carne mais barata do mundo, mas também
uma das de melhor qualidade".
De acordo com Figueiredo, a unidade de Promissão, que se chamará Frigoclass S.A,
receberá investimentos de US$ 4 milhões, basicamente nos sistemas de controles de
qualidade e sanitário. O objetivo é ter em Promissão uma fábrica com o padrão das
plantas européias, afirma o executivo.
A produção da unidade de Promissão será destinada quase toda à exportação, segundo
Figueiredo. A St Merryn já atendia redes de varejo no Reino Unido, como a Tesco, por
exemplo. Irá aproveitar esse know how para continuar atendendo com cortes de alto
valor agregado redes de varejo e o food service, principalmente no norte da Europa,
explica o diretor.
A previsão do grupo é faturar US$ 150 milhões por ano com a unidade, que tem 300
funcionários. Além de ampliar o turno de produção, novos postos devem ser criados,
informa Figueiredo.
O grupo Bertin também deve criar novos empregos na planta do Marabá, em Marabá
(PA), que assumiu esta semana. Com a unidade, a capacidade de abate do Bertin
subirá de 5 mil cabeças de gado bovino para 6 mil/dia. No médio prazo, segundo a
empresa, o volume de abate deve ser ampliado e a planta modernizada. Com a
aquisição, o Bertin passa a ter sete unidades de abate no país: Lins (SP) e Votuporanga
(SP), Mozarlândia (GO), Ituiutaba (MG), Naviraí (MS) e Itapetinga (BA).
A planta de Marabá é importante na estratégia de verticalização do Bertin, que está
fazendo estudo de viabilidade para implantação de um curtume perto do frigorífico
paraense. Por esse projeto, o couro cru proveniente de animais abatidos em Marabá
será destinados à produção de de couros semi-acabados. Os couros também deverão
ser destinados à fábrica de equipamentos de proteção individual que o Bertin tem na
cidade paraense de Castanhal.
Como o Pará não é um estado exportador de carne bovina, o Bertin focará a produção
no mercado doméstico. A oferta de matéria-prima - o rebanho no Pará é estimado em
15 milhões de cabeças de gado - também é um atrativo.

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  • 2. plantas européias, afirma o executivo. A produção da unidade de Promissão será destinada quase toda à exportação, segundo Figueiredo. A St Merryn já atendia redes de varejo no Reino Unido, como a Tesco, por exemplo. Irá aproveitar esse know how para continuar atendendo com cortes de alto valor agregado redes de varejo e o food service, principalmente no norte da Europa, explica o diretor. A previsão do grupo é faturar US$ 150 milhões por ano com a unidade, que tem 300 funcionários. Além de ampliar o turno de produção, novos postos devem ser criados, informa Figueiredo. O grupo Bertin também deve criar novos empregos na planta do Marabá, em Marabá (PA), que assumiu esta semana. Com a unidade, a capacidade de abate do Bertin subirá de 5 mil cabeças de gado bovino para 6 mil/dia. No médio prazo, segundo a empresa, o volume de abate deve ser ampliado e a planta modernizada. Com a aquisição, o Bertin passa a ter sete unidades de abate no país: Lins (SP) e Votuporanga (SP), Mozarlândia (GO), Ituiutaba (MG), Naviraí (MS) e Itapetinga (BA). A planta de Marabá é importante na estratégia de verticalização do Bertin, que está fazendo estudo de viabilidade para implantação de um curtume perto do frigorífico paraense. Por esse projeto, o couro cru proveniente de animais abatidos em Marabá será destinados à produção de de couros semi-acabados. Os couros também deverão ser destinados à fábrica de equipamentos de proteção individual que o Bertin tem na cidade paraense de Castanhal. Como o Pará não é um estado exportador de carne bovina, o Bertin focará a produção no mercado doméstico. A oferta de matéria-prima - o rebanho no Pará é estimado em 15 milhões de cabeças de gado - também é um atrativo.