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Sistemas & Gestão 13 (2018), pp. 283-294
PROPPI / LATEC
DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265
ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO INTEGRANDO FERRAMENTAS DE ISHIKAWA, BOWERSOX E
LIKER NA IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS: ESTUDO DE CASO
Fredjoger Barbosa Mendes
fredjoger@gmail.com
Universidade Federal Fluminense –
UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro,
Brasil.
Camilla Campos Silva
millacampos1004@gmail.com
Universidade Federal Fluminense –
UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro,
Brasil.
Iara Tammela
iaratammela@gmail.com
Universidade Federal Fluminense –
UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro,
Brasil.
RESUMO
O objetivo deste artigo foi o de demonstrar a pesquisa e utilização de um modelo
de análise de operações exclusivo para atividades logísticas que pudesse integrar o uso de
três ferramentas de identificação e análise de problemas em um processo e comprovar a
interdependência de perdas e ganhos entre os diversos fatores de que compõe uma ati-
vidade. Nesta proposta foi feita a pesquisa de contexto, conceitos, aplicação e avaliações
sobre os modelos escolhidos para a integração. Após a concepção do modelo integrado
este foi testado em um caso real de aplicação e foram obtidos os resultados da análise,
tomando o cuidado de contextualizar todos os aspectos técnicos, sociais e culturais en-
volvidos no processo. No final, a conclusão expôs os aspectos positivos e negativos do
processo logístico avaliado e demonstrou a eficácia da integração de ferramentas, iden-
tificando oportunidades de melhoria com a priorização e a indicação de uma ferramenta
para a solução dos desvios.
Palavras-chave: Análise operacional; logística; identificação de problemas.
Revista Eletrônica Sistemas & Gestão
Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294
DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265
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1.	INTRODUÇÃO
Todas as partes de uma organização precisam estar en-
volvidas e comprometidas com as análises de processo, sim-
plesmente porque cada uma executa um processo diferente,
e a análise avalia o modo como o trabalho é realmente exe-
cutado, evidenciando boas práticas e perdas que precisam
ser mitigadas (Krajewski, 2009). Nesse sentido, é importante
considerar a análise de processos no contexto da logística
dentro das empresas, especialmente as que atuam na ca-
deia de exploração e produção de petróleo.
O relatório de inteligência do Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em
agosto de 2015, destaca que um processo logístico eficaz
se torna uma peça chave para as empresas que atuam na
cadeia de petróleo e gás, evitando atrasos e perdas, e ga-
rantindo a qualidade do produto e serviço entregue. Em
geral, não há tolerância para atrasos neste segmento, em
função do alto valor da disponibilidade das instalações que
trabalham no mar.
Outra questão considerada foi a identificação do quanto
as operações logísticas consomem de recursos nas empresas
em geral, isto é útil para quantificar o que perdas neste seg-
mento podem significar. Segundo o levantamento realizado
pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) em 2014,
7,6% do faturamento das empresas foram destinados a co-
brir os custos com operações de logística nas organizações.
Este número é uma evidência objetiva de que esta parte da
operação merece destaque nas análises organizacionais.
No conjunto das atividades mais importantes da ativida-
de de exploração e produção de petróleo está a construção
de poços produtores. Dentre os elementos que constituem
um poço de petróleo podemos destacar os tubos de aço.
Thomas (2004) afirma que os tubos podem significar até
20% do valor total de um poço de petróleo, daí a necessida-
de de manutenção e preservação destes elementos tubula-
res, atividade desempenhada por empresas privadas e que
exige a concepção e operação de um sistema logístico que
atenda às demandas do setor. A empresa que será estudada
neste artigo trabalha com a prestação de serviços logísticos
e de manutenção de tubos, que são usados na construção
de poços de petróleo.
Considerando as afirmações anteriores, pode-se con-
cluir que a análise de processos de operações logísticas nas
empresas que atuam na cadeia de exploração e produção
de petróleo, especialmente na manutenção de tubos, é
algo relevante. A análise de operações surge, então, como
um conjunto de ferramentas que poderá dar suporte a esta
iniciativa de melhorar o desempenho e a qualidade do pro-
cesso logístico. Isto deve ser a preocupação de todos na or-
ganização, deixando clientes internos e externos satisfeitos
com o atendimento ou superação de suas expectativas em
relação ao serviço prestado ou produto fornecido, como
declara Krajewski (2009).
Nesta direção, é salutar introduzir o conceito de análise
de operações para que seja feito um alinhamento de expec-
tativas sobre o decorrer do trabalho e das entregas de um
projeto de análise.
2.	CONCEITOS RELEVANTES
A fase de análise de solução de problemas deve consti-
tuir-se de uma exploração de áreas ainda não compreendi-
das. Trata-se de uma etapa crucial para descobrir e enten-
der as causas potenciais e fundamentais dos problemas. A
análise não pode ser obscurecida por ideias preconcebidas
das causas dos desvios, e ela deve prosseguir até que deixe
evidentes as causas dos problemas e suas relações de inter-
dependência (Liker, 2007).
No âmbito organizacional, para que a análise tenha efei-
to é essencial considerar que antes há uma etapa de coleta
de dados, de observações, de aquisição de informações. É
como se descreve em números e fatos a complexidade de
um cenário que, na maior parte das vezes, é dinâmico.
Também se pode posicionar a análise como sendo uma
etapa intermediária entre a tarefa de coleta de dados e a
elaboração de estratégias e planos de ação que seriam fun-
damentados nas conclusões analíticas de outrora. Um bom
padrão de coleta de dados, um procedimento eficaz e um
processamento eficiente certamente são requisitos fun-
damentais para a construção de uma análise de qualidade
(Werkema, 1995).
A logística numa organização é um sistema de operações
e, de acordo com Deming (1997), um sistema deve criar algo
de valor e gerar resultados - premissa base de um méto-
do de análise de operações. Se as análises não gerarem as
respostas necessárias à fundamentação de estratégias que
contribuam para a sustentabilidade do negócio, então este
método não é útil.
Para encontrar as respostas sobre os sistemas, como a lo-
gística, é que Crosby (1994) declara que a análise de dados
deve ter uma utilidade prática a todos os interessados. As-
sim, define-se que se uma análise for meramente teórica ela
não terá sido bem sucedida, pois no campo da teoria pura e
simples não há geração de valor para a organização.
A logística como um sistema de operações deve ser sus-
tentável e, para isto, deve melhorar continuamente seu
desempenho; neste sentido, Juran (1991) ensina que uma
análise contínua de eventos pode ser um grande auxílio num
Revista Eletrônica Sistemas & Gestão
Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294
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programa geral de aperfeiçoamento da organização. Então,
tem-se as análises como etapa necessária do processo de
melhoria contínua das empresas. E esta dinâmica de trans-
formação pode ser a diferença entre a perenidade ou não de
um empreendimento.
O entendimento é de que as operações, como as logísti-
cas, são parte importante de um negócio, e a função dessas
operações é gerar os bens e serviços que são disponibiliza-
dos pela organização ao mercado (Slack, 2013). Cada em-
presa tem uma função de operações porque cada uma delas
produz algum “mix” de produtos ou serviços. As operações
estão sempre relacionadas com a atividade fim do negócio,
sem operações não há negócio. As operações se dividem
em processos que também produzem bens e serviços, mas
numa escala menor dentro da organização.
Para desenvolver o tema de análise de operações em lo-
gística, alinha-se primeiro quais seriam os objetivos desse
tipo de operação. Sobre isso, Bowersox (2010) afirma que
o projeto e a gestão de operações de sistemas logísticos de
cada empresa têm pelo menos seis objetivos diferentes,
que são determinantes e básicos do desempenho logístico,
quais sejam: a resposta rápida, a variância mínima, o esto-
que mínimo, a consolidação da movimentação, a qualidade
e o apoio ao ciclo de vida, esse último relacionado à logística
reversa e às operações de fornecimento de sobressalentes.
Para conduzir uma análise sobre o tema, é preciso enten-
der a contribuição da logística no contexto das operações.
Para Bowersox (2010), a responsabilidade operacional da lo-
gística está diretamente relacionada com a disponibilidade
de matérias-primas, produtos semiacabados e estoques de
produtos acabados, no local onde são requisitados, no tem-
po certo e no menor custo possível. Diante de uma respon-
sabilidade tão complexa, há muito espaço para o exercício
quase infinito de análises de toda natureza, principalmente
porque os custos com operações logísticas têm crescido a
cada ano no Brasil (ILOS, 2014). Então, há muitas oportuni-
dades de melhorias nos processos e nas operações.
O conceito anterior nos orienta sob quais seriam os ob-
jetivos das operações logísticas, mas é relevante esclarecer
qual seria a evolução destas atividades caso fossem aplica-
dos métodos de análise operacional.
Sabendo das responsabilidades da logística, concentre-se
sob o que se espera obter com uma análise. Niebel (2009)
afirma que analistas de métodos usam análise para estudar
as operações de todos os elementos produtivos e impro-
dutivos de uma operação, para aumentar a produtividade
por unidade de tempo e reduzir os custos unitários, com o
objetivo de manter ou melhorar a qualidade. Diz também
que quando usado corretamente, os métodos de análise
desenvolvem um método melhor para trabalho através da
simplificação de procedimentos operacionais e de manuseio
de materiais, além do uso de equipamentos de uma forma
mais eficaz. Portanto, as empresas podem aumentar a pro-
dução e reduzir os custos unitários, garantindo a qualidade e
reduzindo a fabricação ou prestação de serviços com defei-
tos, aumentando, assim, a motivação do operador por meio
de melhorias das condições de trabalho e minimização da
fadiga.
Nesse entendimento, aplicam-se os métodos de análise
e, com base neles, atua-se para aumentar a eficiência das
operações de logística. Dessa maneira, assegura-se que os
processos contribuam para o alcance das metas de opera-
ção, como descreve Slack (2013). Segundo ele, o objetivo
final de todo projeto de operações é assegurar que o de-
sempenho dos processos seja adequado para qualquer coisa
que ele esteja tentando alcançar. O autor completa dizendo
que algum tipo de lógica deveria vincular o que a operação
como um todo está buscando alcançar e as metas de seus
processos individuais.
Para ir a frente numa análise que envolve processos, é
preciso conceituar o termo processo. Campos (2014) define
processo como sendo um conjunto de causas que provoca
um ou mais efeitos e que este pode ser dividido em famílias
de causas (matérias-primas, máquinas, medidas, meio am-
biente, mão de obra e método), que são também chamadas
de fatores da manufatura ou fatores de serviço.
Outro conceito é dado por Werkema (1995), acrescen-
tando que processo é uma combinação dos elementos equi-
pamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições
ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas,
tendo como objetivo a fabricação ou fornecimento de um
bom serviço. Quando a autora cita uma combinação, ela am-
plia a compreensão do conceito, porque denota uma inte-
gração entre os fatores citados, introduzindo o pensamento
sistêmico como abordagem possível.
Sob este ponto de vista, a análise de processo deve con-
templar estes fatores combinados e identificar primeiro as
perdas e depois as melhorias necessárias para que a opera-
ção logística possa atingir seus objetivos.
Para identificar as possíveis perdas do processo, Liker
(2007) relata que a Toyota identificou sete tipos principais
de atividades sem valor agregado em processos empresa-
riais ou de manufatura, cujas definições podem ser aplica-
das ao desenvolvimento de produtos, a tomada de pedidos
e ao escritório, não só à linha de produção. À essa lista, ele
incluiu um oitavo tipo de perda. As perdas são: superprodu-
ção, tempo de espera, transporte, superprocessamento ou
processamento incorreto, excesso de estoque, deslocamen-
tos desnecessários dos funcionários, defeitos, não utilização
da capacidade criativa dos funcionários.
Revista Eletrônica Sistemas & Gestão
Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294
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Perdas de processo não devem ser toleradas porque afe-
tam a capacidade de competição de toda a organização. Por-
ter (1999) nos alerta dizendo que uma empresa só é capaz
de superar em desempenho os concorrentes se conseguir
estabelecer uma diferença sustentável. A empresa precisa
proporcionar maior valor aos clientes ou gerar valor compa-
rável a um custo mais baixo, ou ambos. E para alcançar cus-
tos mais baixos, é necessário reduzir as perdas do processo.
Com os conceitos de processo de Campos (2014) e de
perdas de processo de Liker (2007), propõe-se uma matriz
de relação entre os fatores de processo e perdas. O objetivo
é evidenciar que para identificar as perdas numa avaliação
temos que examinar todos os fatores de processo. Também
é possível afirmar que a alteração em um fator de processo
pode resultar em várias perdas ou mitigar várias delas, uma
vez que há uma combinação entre os fatores citados.
Conforme Bowersox (2010), para iniciar a análise de uma
situação existente, é preciso realizar a coleta de dados e ava-
liações de desempenho que caracterizam o ambiente logísti-
co atual. Uma análise básica exige um levantamento interno,
uma avaliação de mercado, uma avaliação da concorrência e
uma avaliação tecnológica para definir as possibilidades de
aperfeiçoamento. O foco será o levantamento interno, uma
vez que se busca um método para os processos internos à
organização.
Olevantamentointernoénecessárioparaconseguiroclaro
entendimento dos procedimentos logísticos existentes. Inclui
o desempenho histórico, a disponibilidade de dados, estraté-
gias, operações, políticas e práticas táticas. O levantamento
normalmente cobre tanto o processo logístico total quanto
os procedimentos de cada função logística. Para Bowersox
(2010), uma autoavaliação completa, num levantamento in-
terno, requer o exame dos principais recursos e cita a força de
trabalho, equipamentos, as instalações, os relacionamentos
e as informações. Assim, ele praticamente confirma todos os
fatores de processo citados por Campos (2014).
A tabela 1 ratifica, então, o que Campos (2014) afirma:
um efeito de um processo é afetado por várias causas, in-
clusive de outros fatores do mesmo processo ou de outros
processos.
Para fazer a análise, também é preciso compreender
como se realiza a gestão de um processo. Segundo Werke-
ma (1995), essa gestão é feita por meio de itens de controle
– características mensuráveis, os quais são acompanhados
periodicamente para que seja possível detectar eventuais
resultados indesejáveis do processo. Quando um item de
controle não atinge o resultado desejado, tem-se um pro-
blema que precisa ser resolvido a partir de uma decisão ge-
rencial.
Drucker (2010) afirma que bons tomadores de decisão
sabem definir um problema antes de resolvê-lo. Para ele
toda decisão é arriscada: um comprometimento de recur-
sos atuais num futuro incerto e não sabido. Assim, a defini-
ção do problema é o elemento mais importante para tomar
decisões eficazes, mas é aquele que os gestores dão menos
atenção, pois buscam curar os sintomas e não a doença,
usando uma analogia médica.
Campos (2014) confirma a percepção de Drucker (2010)
e declara que para conduzir um bom gerenciamento, temos
que, numa primeira instância, aprender a localizar os pro-
blemas e então aprender a resolvê-los.
Neste contexto, há uma demanda de ferramentas para
dar suporte à localização, definição e análise preliminar de
problemas. Bowersox (2010) propõe uma ferramenta cha-
mada “tópicos para o levantamento interno”, usada para a
realização de uma autoavaliação do processo logístico que
permite a identificação das dificuldades e desvios do mes-
mo. Os tópicos estão organizados em uma tabela que está
subdivida em questões gerais, questões relativas ao proces-
so decisório e questões relativas aos itens mensuráveis de
desempenho do processo. Assim, o autor corrobora com
Tabela 1. Matriz de relação entre processos e perdas
As oito perdas do Lean Manufacturing
Superpro-
dução
Tem-
po de
espera
Trans-
porte
Superproces-
samento ou
incorreto
Excesso
de Esto-
que
Desloca-
mento des-
necessário
Defeitos
Não utiliza-
ção da cria-
tividade
Fatoresdeprocesso
Matéria
Prima
x x x x x x x x
Máquinas x x x x x x x x
Medidas x x x x x x x x
Meio am-
biente
x x x x x x x x
Mão de obra x x x x x x x x
Método x x x x x x x x
Fonte: Adaptado de Campos (2014) e Liker (2007)
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Werkema (1995) e Drucker (2010) em relação à necessidade
de analisar o processo sob uma perspectiva mensurável e
ter um processo de tomada de decisões estruturado para
resolver problemas.
As questões do levantamento interno deverão conduzir
os gestores de processos logísticos a uma reflexão sobre a
aplicação de conceitos no âmbito de serviços para o clien-
te, administração de materiais, transportes, armazenagem
e estoques. Tais questões se relacionam sobre os aspectos
gerais do processo, sobre como são tomadas as decisões e,
por fim, como é feita a mensuração de desempenho.
Não existe um gabarito com as respostas exatas neste le-
vantamento, o objetivo é conduzir o gestor a desvendar o
próprio processo logístico, analisando as respostas que con-
seguiu elaborar e refletir sobre quais respostas não foi possí-
vel prover. Sendo que questões não respondidas já sinalizam
uma deficiência do processo em produzir informações sobre
fatos e dados resultantes da execução das tarefas (Bower-
sox, 2010).
Num segundo momento se faz uma análise crítica das
mensurações de desempenho respondidas. Tudo o que esti-
ver fora do adequado deve ser visto como problema e, por-
tanto, deve ser equacionado. A etapa seguinte é o exame
do processo decisório e sua influência sobre os itens men-
suráveis.
Para concluir, é recomendado avaliar os aspectos gerais
respondidos, os quais podem conter informações relevan-
tes sobre problemas e até mesmo a causa fundamental de
muitos desvios.
Na tabela 2, temos a proposta de Bowersox (2010).
Bowersox (2010) declara que a o levantamento interno
deve, sobretudo, concentrar-se numa avaliação abrangente
da capacidade e das deficiências do sistema existente. Cada
item do sistema logístico deve ser cuidadosamente exami-
nado quanto aos seus objetivos declarados e a sua capacida-
de de atingir esses objetivos.
O sistema de informação gerencial logístico, por exem-
plo, está controlando e medindo consistentemente o cum-
primento dos objetivos de prestação de serviços almejados
pelo departamento de marketing? Os procedimentos de ad-
ministração de materiais estão atendendo adequadamente
às necessidades da produção? A rede de centros de distri-
buição atual cumpre eficientemente os objetivos de serviço
ao cliente? Finalmente, como se comparam a avaliação e a
capacidade de desempenho entre unidades de negócios e
locais de operação? Estas e outras questões similares for-
mam a base da autoavaliação necessária à análise interna. O
levantamento total tem como objetivo identificar oportuni-
dades que possam motivar ou justificar um novo projeto ou
um aperfeiçoamento do sistema logístico existente.
A finalidade do levantamento interno não é a coleta de-
talhada de informações, mas a obtenção de uma visão que
conduza a um diagnóstico dos processos e dos procedimen-
tos logísticos existentes, bem como a comprovação da dis-
ponibilidade de dados. Mais precisamente, o levantamento
interno tem como objetivo identificar áreas onde existam
oportunidades substanciais de aperfeiçoamento.
3.	MÉTODO DE PESQUISA
Barros et Lehfeld (1990) descrevem as pesquisas biblio-
gráfica e documental como sendo de grande eficácia porque
permite ao pesquisador obter conhecimentos já catalogados
em bibliotecas, editoras, internet, videotecas etc. Este tipo
de pesquisa foi a escolha na fase conceitual deste trabalho.
Na pesquisa de campo, o pesquisador assume o papel de
observador e explorador, coletando diretamente os dados
no local em que deram ou se darão ou fenômenos (Barros
et Lehfeld, 1990). Assim, neste estudo, a proposta foi aplicar
o levantamento interno proposto por Bowersox (2010), em
uma empresa que possui processos de logística relevantes
em suas operações. Na sequência, vamos analisar se as res-
postas do levantamento darão subsídios aos questionamen-
tos do autor pós-levantamento.
Foram feitas duas entrevistas individuais para levanta-
mento das informações, uma com o gerente de planeja-
mento e logística da empresa e outra com o coordenador
de logística interna. As perguntas foram realizadas com base
no levantamento interno e confirmadas em observações no
local de execução dos processos.
4.	APLICAÇÃO DE CASO (ESTUDO DE CASO)
4.1 Descrição da Empresa X
A empresa que foi avaliada fica localizada na cidade de
Rio das Ostras, RJ, e possui 250 funcionários. Foi fundada
em 2013 com o objetivo de prestar serviços a empresas da
cadeia de exploração e produção de petróleo.
A operação da empresa engloba diversos processos de
fabricação e prestação de serviços, dentre os quais destaca-
-se sete processos que estão relacionados com atividades
logísticas:
•	 Transporte de produtos das empresas clientes para
a sede da empresa;
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•	 Armazenagem de produtos próprios e de terceiros;
•	 Abastecimentos de linhas de produção com mate-
riais a serem processados;
•	 Retirada de produtos processados das linhas de pro-
dução para os depósitos de produtos acabados;
•	 Transporte entre unidades de produção dentro da
empresa;
•	 Despacho e entrega dos produtos processados para
os clientes;
•	 Recebimento e conferência de produtos na entrada.
A organização em questão é certificada na norma ISO
9000 e é periodicamente auditada por clientes e pela em-
presa controladora.
Tabela 2. Tópicos para levantamento interno
Questões gerais
(Qualitativas)
Decisões
Mensurações de desempenho
(Quantitativas)
Armazenagem
Que instalações de armazenagem
e manuseio são usadas atualmente e que
funções desempenham?
Como são tomadas as decisões de consolidação
de cargas em cada local?
Quais são os volumes de expedição e
de armazenagem de cada instalação?
Que linhas de produtos são mantidas em
cada instalação?
Que decisões são tomadas pelo pessoal do
manuseio e como esse pessoal as toma?
Quais são os principais parâmetros
de desempenho dos depósitos?
Que funções de armazenagem, manuseio e
outras de agregação de valor são ou podem
ser executadas em cada instalação?
Como são armazenados os produtos
e como são tomadas as decisões
de seleção dos produtos?
Como eles são usados? Qual o nível de desem-
penho atual? Quais são as características do
desempenho econômico de cada instalação?
Serviço ao cliente
Qual é o fluxo de informações atual?
Como são tomadas as decisões sobre as fontes
para o atendimento dos pedidos?
Quais os parâmetros de desempenho princi-
pais do serviço de atendimento ao cliente?
Qual é o perfil dos pedidos e qual
é sua evolução? O que acontece quando não há estoque para
atender a um pedido?
Como os parâmetros são usados?
Como são recebidos os pedidos? Qual é o nível de desempenho atual?
Administração de materiais
Qual é o atual fluxo de materiais?
Como são tomadas as principais decisões sobre
capacidades de fabricação e de alocação aos
centros de distribuição?
Quais são as principais limitações de capacida-
de da produção e dos centros de distribuição?
Que procedimentos são adotados em cada
fábrica e em cada centro de distribuição?
Como são tomadas as decisões de planejamen-
to e de programação da produção?
Quais são os principais parâmetros
de avaliação de desempenho
da administração de materiais?
Como eles são usados? Qual é o nível de
desempenho atual?
Transportes
Que modais são usados atualmente?
Como são decididos os modais
e as transportadoras para cada carga?
Quais são os principais parâmetros
de desempenho de transporte?
Qual é perfil de peso dos pedidos e das
cargas e quais as diferenças?
Como são avaliadas as transportadoras?
Como eles são usados?
Quais os procedimentos para solicitação
de transportadoras, pagamento e troca de
informações com elas?
Qual é o nível de desempenho atual?
Qual o fluxo de informação
da documentação dos embarques?
Quais são as características do desempenho
econômico de cada modal e de cada transpor-
tadora?
Estoques
Que funções de agregação de valor os esto-
ques desempenham atualmente?
Como são tomadas as decisões
de administração de estoques?
Qual é custo total de manutenção
dos estoques?
Quem as toma e que informações são usadas
para isso?
Quais são os principais parâmetros
de desempenho dos estoques?
Como eles são usados?
Qual é nível de desempenho atual?
Fonte: Bowersox (2010)
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No âmbito da logística ela não possui equipamentos pró-
prios. Empilhadeiras, caminhões e carretas são contratados
de outras empresas, que fornecem a mão de obra necessá-
ria para a operação destes recursos. Existe uma equipe pró-
pria que cuida do planejamento e coordenação das ativida-
des relacionadas com a logística.
A padronização das atividades é básica e atende aos re-
quisitos normativos, porém num nível que ainda demonstra
algumas oportunidades de melhoria.
A área da empresa não é totalmente integrada, apesar
de ficar numa mesma localidade, existem cinco espaços de
execução operacional e de armazenamento distintas, o que
implica em grande demanda de transporte interno. Existem
indicadores básicos de monitoramento de desempenho.
4.2 Aplicação do método de levantamento interno na
empresa X
Nesta etapa vamos aplicar a ferramenta proposta por Bo-
wersox (2010).
Para completar a avaliação, vamos responder com base
no levantamento interno de Bowersox (2010) às questões
suplementares levantadas pelo mesmo autor:
a) 	 O sistema de informação gerencial logístico, por
exemplo, está controlando e medindo consistente-
mente o cumprimento dos objetivos de prestação
de serviços almejados pelo departamento de mar-
keting?
Tabela 3. Tópicos para levantamento interno: aplicação
Questões gerais
Decisões Mensurações de desempenho
(Quantitativas)(Qualitativas)
Serviço ao cliente
Qual é o fluxo de informações atual?
1- Cliente. 2- Equipe de vendas. 3- Equi-
pe de planejamento. 4- Equipe de logís-
tica. 5- Equipe de produção. 6- Equipe
de planejamento. 7- Equipe de logística.
Como são tomadas as decisões sobre as fontes
para o atendimento dos pedidos?
Através de uma análise crítica dos tempos de
ciclo, priorização interna, ocupação de linhas;
espaço disponível e recursos de movimenta-
ção e transporte disponíveis.
Quais os parâmetros de desempenho princi-
pais do serviço de atendimento ao cliente?
Lead time. Percentual de atrasos. Volume
de estoque do cliente na empresa. Número
de reclamações por problemas de inte-
gridade no despacho. Aderência ao prazo
solicitado.
Qual é o perfil dos pedidos e qual é sua
evolução?
Os pedidos têm em geral dois perfis:
1- Pedidos de reparo de produtos e isto
implica na logística de retirada, proces-
samento e entrega. 2- Pedidos de novos
produtos e isto implica em recebimento
de matéria prima, processamento e
despacho de produtos acabados.
O que acontece quando não há estoque para
atender a um pedido?
O pedido não entra em processamento, sendo
encaminhado ao setor de planejamento a
demanda. Verifica com o fornecedor qual o
menor prazo de suprimento, em caráter de
emergência, avaliando relação custo-benefício.
Como os parâmetros são usados?
Na análise crítica de desempenho. No
monitoramento de tendências. Como indi-
cador de desempenho.
Como suporte ao processo decisório e para
cumprimento da estratégia.
Como são recebidos os pedidos?
Por meio de um ERP (Enterprise Resour-
ce Planning).
Qual é o nível de desempenho atual?
Satisfatório parcialmente para percentuais
de atrasos e número de reclamações, pa-
radas. Insuficiente para lead time e volume
de estoque.
Administração de materiais
Qual é o atual fluxo de materiais? Exis-
tem dois fluxos:
Serviços – 1) Material sai do cliente.
2) Material é recebido e estocado. 3)
Material é processado. 4) Material é
despachado e entregue.
Produtos – 1) Material sai do fornecedor.
2) Material é processado. 3) Material é
despachado e entregue.
Como são tomadas as principais decisões so-
bre capacidades de fabricação e de alocação
aos centros de distribuição?
As decisões são tomadas em função do prazo,
da quantidade, da complexidade e da dispo-
nibilidade dos processos envolvidos.
Quais são as principais limitações de
capacidade da produção e dos centros de
distribuição?
Existem limitações dimensionais para pro-
cessamento; existem limitações de armaze-
nagem, de manuseio e transporte.
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Que procedimentos são adotados em
cada fábrica e em cada centro de distri-
buição?
Cada processo possui procedimentos
próprios que estão alinhados com a
estratégia operacional da empresa.
Como são tomadas as decisões de planeja-
mento e de programação da produção?
As decisões são tomadas em função do prazo,
da quantidade, da complexidade e da dispo-
nibilidade dos processos envolvidos.
Quais são os principais parâmetros de
avaliação de desempenho da administração
de materiais?
Prazo de entrega; integridade e quantidade
adequadas.
Como eles são usados? São monitorados.
Qual é o nível de desempenho atual?
Satisfatórios, mas com grande demanda de
processos passados.
Transportes
Que modais são usados atualmente?
Rodoviário. E em caso de emergência
transporte aéreo.
Como são decididos os modais e as transpor-
tadoras para cada carga? O modal é escolhido
de acordo com o prazo. As transportadoras
são escolhidas em função da disponibilidade
já contratada e custo.
Quais são os principais parâmetros de de-
sempenho de transporte? Pontualidade no
que tange aos prazos contratuais; integrida-
de da carga; conformidade QSMAS; confor-
midade contratual; integridade do veículo;
comunicação e monitoramento..
Qual é perfil de peso dos pedidos e das
cargas e quais as diferenças? Há muita
diversidade em função da diversidade
de produtos e pedidos.
Como são avaliadas as transportadoras? Há
uma avaliação por parte do gestor técnico do
contrato que segue um padrão da matriz. A
avaliação é trimestral.
Como eles são usados? Na avaliação bimes-
tral e no monitoramento do transporte.
Quais os procedimentos para solicitação
de transportadoras, pagamento e troca
de informações com elas? Programa-
ção de entrega em função dos prazos a
serem atendidos.
Qual é o nível de desempenho atual?
Parcialmente satisfatório, em função de
dificuldades de gestão da mão de obra para
funções extra condução dos veículos. Moni-
toramento e comunicação deficiente.
Qual o fluxo de informação da docu-
mentação dos embarques? 1) Fatura-
mento. 2) Despacho.
Quais são as características do desempe-
nho econômico de cada modal e de cada
transportadora? O transporte rodoviário tem
melhor custo benefício na maioria dos casos.
Armazenagem
Que instalações de armazenagem e
manuseio são usadas atualmente e que
funções desempenham?
São usados pátios de estocagem com
dormentes e contentores.
Como são tomadas as decisões de consolida-
ção de cargas em cada local? Em função da
demanda e da capacidade do equipamento.
Quais são os volumes de expedição e de ar-
mazenagem de cada instalação? Em torno
de 1.250 peças por mês, no conjunto.
Que linhas de produtos são mantidas em
cada instalação? Existem três linhas de
serviços e suas respectivas instalações:
acessórios; reparos; inspeção.
Que decisões são tomadas pelo pessoal do
manuseio e como esse pessoal as toma? São
decisões de nível operacional. As decisões são
tomadas em função de padrões de trabalho e
de instruções da chefia.
Quais são os principais parâmetros de de-
sempenho dos depósitos? Rastreabilidade;
integridade dos produtos, aderência física
– sistema, eficiência de movimentação;
taxa de utilização da máquina.
Que funções de armazenagem, ma-
nuseio e outras de agregação de valor
são ou podem ser executadas em cada
instalação? Como são armazenados os produtos e como
são tomadas as decisões de seleção dos pro-
dutos? Os produtos são armazenados em fun-
ção de sua especificação, status e quantidade.
Como eles são usados? Como itens de
verificação.
Qual o nível de desempenho atual? Satisfa-
tório, mas com oportunidades de melhoria.
Quais são as características do desem-
penho econômico de cada instalação? As
instalações são autossustentáveis e geram
dividendos. Há espaço para aumento de
eficiência.
Abastecimento de linhas de produção;
retirada de produtos acabados para
despacho; movimentação de peças entre
linhas de produção.
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Estoques
Que funções de agregação de valor os
estoques desempenham atualmente?
Nenhuma. Mas são necessários para pos-
sibilitar a programação e planejamento
das operações.
Como são tomadas as decisões de administra-
ção de estoques? Em função das demandas
planejadas para atendimento. Em disponibili-
dade de material em estoque e de capacidade
de processamento nas linhas de produção.
Qual é custo total de manutenção dos
estoques? Alto.
Quem as toma e que informações são usadas
para isso? As gerências de planejamento e
logística e de suprimentos.
Quais são os principais parâmetros de
desempenho dos estoques? Volume, lead
time e idade.
Como eles são usados? Itens de controle.
Qual é nível de desempenho atual? Parcial-
mente satisfatório, em função do método
de localização que hoje atende. Porém, o
nível de desempenho ainda é prejudicado
em função do passivo de materiais antigos
em estoque.
Fonte: Bowersox (2010) com informações da empresa X.
Em parte do processo, sim. A deficiência está na
rastreabilidade e identificação de itens antigos
do estoque. No que tange aos indicadores, exis-
tem conflitos de objetivos entre eles.
b) 	 Os procedimentos de administração de materiais es-
tão atendendo adequadamente às necessidades da
produção?
Não. Os procedimentos são muito básicos ainda
e precisam de aperfeiçoamento.
c) 	 A rede de centros de distribuição atual cumpre efi-
cientemente os objetivos de serviço ao cliente?
Parcialmente. As ordens de serviço mais antigas
têm dificuldade em sair.
d) 	 Como se comparam a avaliação e a capacidade de
desempenho entre unidades de negócios e locais de
operação?
Não há comparação possível, pois há somente
uma unidade em operação.
Tanto no levantamento interno quanto nas questões su-
plementares, identificamos itens de melhoria no processo
de logística da empresa. De tal modo, a proposta da análise
cumpre seu objetivo de compreensão das atividades e dos
fatores de processo envolvidos.
Nestas deficiências também será possível identificar as
oito perdas conceituadas anteriormente. Nas etapas poste-
riores serão discutidas possíveis soluções aos desvios e exa-
minadas eventuais questões éticas aplicáveis.
5.	IDENTIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES E PRIORIZAÇÃO
DOS PROBLEMAS
Depois de aplicarmos o levantamento interno, temos um
conjunto de problemas que precisam ser classificados e re-
solvidos. Apresentamos uma tabela que integra os fatores
de processo descritos por Campos (2014), as oito perdas de
processo levantadas por Liker (2007) e o levantamento de
informações proposto por Bowersox (2010).
Foram identificados oito problemas no processo logístico
avaliado. Muitos desses desvios afetaram mais de um fator
de processo e/ou geram mais de um tipo de perda e isto foi
um fator agravante no momento da avaliação sobre o poten-
cial de dano de cada desvio. Não é alvo deste artigo dissertar
sobre métodos de solução de problemas, entretanto, vamos
recomendar uma técnica de priorização e outra de solução
para aplicação nos desvios localizados.
Como ferramenta de priorização dos problemas, Mar-
shall (2012) nos apresenta a matriz G.U.T como a repre-
sentação de problemas em conjunto com a obtenção de
quantificações que buscam estabelecer prioridades para
abordá-los, visando minimizar seus impactos e direcionar
recursos que poderiam ser utilizados no equacionamento
das dificuldades. Os problemas são arrolados e analisados
sob o aspecto de gravidade (G); urgência (U) e tendência
(T). Usualmente atribui-se um número inteiro entre 1 e 5
a cada uma das dimensões do G.U.T, correspondendo o 5
a maior intensidade e 1 a menor e, a seguir, multiplicam-
-se os valores obtidos para a G, U e T a fim de obter um
valor para cada problema ou fator de risco analisado. Os
problemas que obtiveram maior pontuação serão tratados
prioritariamente.
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Priorizaram-se os problemas com base nas informações
adquiridas durante a entrevista, validamos com a empresa
objeto da pesquisa de campo a ocorrência e a priorização dos
problemas. Na sequência, definiu-se o procedimento para so-
lução dos desvios. Por estar alinhado com a prática do lean
manufacturing, escolheu-se o método de aplicação do cha-
mado formato A3, descrito por Liker (2007), que diz que há
três estágios distintos no processo de solução de problemas.
Primeiro, a proposta inicial é feita para obter consenso
quanto à abordagem do problema. Se a concordância em
prosseguir for estabelecida, o próximo passo surge após a
identificação das raízes do problema. Nesse momento, ge-
ralmente se faz uma proposta para obter aceitação e a apro-
vação das soluções recomendadas. O comprometimento
dos executores das tarefas e a supervisão dos responsáveis
pelos processos são fundamentais para obtenção de êxito
na próxima etapa deste método.
Ainda seguindo o raciocínio de Liker (2007), depois que
as contramedidas são aceitas e a implementação tem início,
o processo avança para o segundo estágio, de relatório de
status. Este estágio fornece informações e atualiza as pes-
soas para que verifiquem se a atividade está dentro do cro-
nograma. É recomendável que haja pouca flexibilidade em
relação às datas propostas para a entrega dos trabalhos; se
uma exceção for concedida corre-se o risco de que ela seja
usada como precedente por outros integrantes do projeto.
Tabela 4. Matriz de relação entre processos, perdas e problemas
As oito perdas do lean manufacturing
Produção
alémda
demanda
Tempode
espera
Transporte
Processo
acimaou
abaixoda
especifica-
ção
Excessode
Estoque
Movimento
nãoneces-
sário
Defeitos
Não
utilizaçãoda
criatividade
Fatoresdeprocesso
Matéria-
-prima
Longo
lead time
para pro-
dutos e
serviços
Grande volume
de estoque de
matéria-prima
(produto que
pertence ao
cliente aguar-
dando prestação
de serviços)
Alto % de
paradas das
linhas de
produção por
falta de
abastecimento
Máquinas
Limitações dimensionais devido a erros de projeto afetando
o atendimento ao cliente
Medidas Baixa eficiência operacional em todos os processos de armazenamento e transporte
Meio
ambiente
Limitações de layout devido a erros de projeto afetando a acessibilidade às matérias
primas, produtos em processo e produtos acabados
Mão de
obra
Baixa qualificação dos prestadores de serviço
Método Ineficiência na comunicação entre a empresa e as empresas contratadas
Fonte: Adaptado de Campos (2014) e Liker (2007)
Tabela 5. Matriz G.U.T
Item Problema G U T GxUxT
1 Longo lead time para produtos e serviços 5 3 5 75
2
Grande volume de estoque de matéria prima (produto que pertence ao cliente aguar-
dando prestação de serviços)
5 4 3 60
3 Baixa eficiência operacional em todos os processos de armazenamento e transporte 4 3 3 36
4 Baixa qualificação dos prestadores de serviço 3 3 3 27
5 Alto % de paradas das linhas de produção por falta de abastecimento 3 4 2 24
6
Limitações de layout devido a erros de projeto afetando a acessibilidade às matérias
primas, produtos em processo e produtos acabados
3 3 2 18
7 Ineficiência na comunicação entre a empresa e as empresas contratadas 2 2 3 12
8 Limitações dimensionais devido a erros de projeto afetando o atendimento ao cliente 2 3 1 6
Fonte: Marshall (2012)
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293
O terceiro estágio é do relatório final quando a atividade
termina. Nesse momento, geralmente não há necessidade
de ainda questionar os detalhes da própria atividade. O foco
está na obtenção do resultado. De modo geral, a apresen-
tação final não é feita antes que as contramedidas tenham
sido bem-sucedidas na eliminação do problema e os resulta-
dos desejados tenham sido alcançados. Este é o resumo do
método do formato A3, que usa a sequência lógica prevista
no D.M.A.I.C (define; measure; analyse; improve; control) ci-
tado por Werkema (2011).
Tabela 6. Processo de relatório A3 de solução de problema
Antes Durante Depois
Apresentação da
proposta
Relatório de status Relatório final
Comparação com
outros problemas
Esclarecimento dos
objetivos
Oferta de orientação
Consideração de
outras opções
Consenso e apro-
vação
Verificação
do progresso
Verificação da
direção da atividade
Oferta de orientação
Oferta de apoio
adicional
Oferta de recursos
adicionais
Verificação da
realização bem
sucedida e da
obtenção
de resultados
Celebração do
sucesso
Avaliação de ou-
tras considerações
Fonte: Liker (2007)
Tabela 7. Fluxos de relatório A3 de solução de problema
Título e descrição do A3
Definição e descrição do problema
1
Plano de implementação
Análise do problema
Resultado
Passos futuros
Autor: Data:
Fonte: Liker (2007)
A aplicação do relatório A3 é um excelente meio de viabi-
lizar a gestão visual e nivelar e integrar as informações sobre
a solução de problemas, entre os diversos setores de uma
empresa. Sua simplicidade permite a utilização por qualquer
tipo de organização que busque melhoria em seus resulta-
dos, conforme afirma Rodrigues (2014).
Não se identificou implicações éticas na recomendação
deste fluxo de solução de problemas.
6.	CONCLUSÃO
Conclui-se este artigo declarando que o objetivo foi
alcançado. Definiu-se o termo análise operacional e con-
textualizou-se o conceito dentro do segmento da logística
interna. Também logrou-se êxito em encontrar um modelo
de análise operacional que tivesse sido elaborado com o
foco em examinar as atividades logísticas e suas particula-
ridades. O modelo de levantamento interno apresentado
por Bowersox (2010) mostrou-se eficaz ao identificar pro-
blemas na gestão e operação de uma organização já estru-
turada e operando há pelo menos três anos.
Por outro lado, a relação estabelecida com os fatores de
processo definidos por Campos (2014) evidencia que con-
ceitos universais e simples de modelos de processo podem
auxiliar a classificação dos problemas e, desta forma, dire-
cionar melhor esforços de solução para o foco adequado
naquele momento.
Vale destacar que as perdas descritas por Liker (2007)
não estão restritas ao ambiente da manufatura e podem
ocorrer em processos de prestação de serviços e em ou-
tros tipos de atividades econômicas, como foi o caso do
processo logístico inserido num contexto de prestação de
serviços.
Num cenário de restrição de recursos, a priorização dos
problemas constituiu-se uma boa prática. Assim, a matriz
G.U.T apresentada por Marshall (2012) foi essencial para o
planejamento de uma futura alocação de recursos e para
o equacionamento das questões evidenciadas no levanta-
mento interno.
Desta forma, com a informação do que era prioritário foi
possível identificar uma técnica de solução de problemas
que se destacasse por sua simplicidade e eficácia, atributos
que o relatório em formato A3 têm merecido pelos resulta-
dos já obtidos com o seu uso.
Mas a melhor lição deste trabalho foi de que as análises
revelam a interdependência entre os fatores de processo
na geração de efeitos esperados ou de problemas a serem
resolvidos. O enfrentamento das causas fundamentais das
perdas elencadas passa pelo exercício do pensamento sis-
têmico considerando as conexões entre fatores com função
específica, como relata Falconi (2014). Quando se entende
este conceito, aceita-se que para analisar processos e re-
solver os problemas evidenciados, é preciso cultivar uma
cultura de colaboração entre os diversos componentes da
estrutura organizacional, amplificando, desta forma, com-
petências que, separadas, poderiam não atingir os mesmos
resultados.
2 3
4
Revista Eletrônica Sistemas & Gestão
Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294
DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265
294
REFERÊNCIAS
Barros, A. J. P. et Neide A. S. L. (1990), Projeto de pesquisa:
propostas metodológicas, Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro.
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integração da cadeia de suprimentos, Atlas, São Paulo.
Campos, V. F. (2014), TQC: Controle da qualidade total (no es-
tilo japonês), Falconi, Nova Lima, Minas Gerais.
Crosby, P. B. (1994), Qualidade é investimento, José Olympio,
Rio de Janeiro.
Deming, W. E. (1997), A nova economia para a indústria, o
governo e a educação, Qualitymark, Rio de Janeiro.
Drucker, P. F. (2010), Gestão, Agir, Rio de Janeiro.
Falconi, V. (2014), O verdadeiro poder, Falconi, Nova Lima, Mi-
nas Gerais.
ILOS - Instituto de Logística e Supply Chain (2014), Panorama:
Custos logísticos no Brasil, ILOS, Rio de Janeiro.
Juran, J. M. (1991), Controle de Qualidade: conceitos, políti-
cas e filosofia da qualidade, McGraw-Hill/Makron, São Paulo.
Krajewski, L. J. (2009), Administração de produção e opera-
ções, Pearson Prentice Hall, São Paulo.
Liker, J. K. (2007), O modelo Toyota: manual de aplicação,
Bookman, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Marshall Junior, I. (2012), Gestão da qualidade e processos,
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Niebel, B. W. (2009), Ingeniería industrial: métodos, están-
dares y diseño del trabajo, McGraw-Hill, Cidade do México,
Distrito Federal.
Porter, M. (1999), Competição: estratégias competitivas es-
senciais, Campus, Rio de Janeiro.
Rodrigues, M. V. (2014), Entendendo, aprendendo e desen-
volvendo sistema de produção lean manufacturing, Elsevier,
Rio de Janeiro.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (2015), Relatório de inteligência setorial - Petróleo
e Gás, SEBRAE, Rio de Janeiro.
Slack, N. (2013), Gerenciamento de operações e de proces-
sos: princípios e práticas de impacto estratégico, Bookman,
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Thomas, J. E. (2004), Fundamentos da engenharia de petró-
leo, Interciência, Petrobrás, Rio de Janeiro.
Werkema, C. (2011), Lean seis sigma: introdução às ferramen-
tas do lean manufacturing, Elsevier, Rio de Janeiro.
Werkema, M. C. C. (1995), As sete ferramentas da qualidade
no gerenciamento de processos, EDG, Belo Horizonte, Minas
Gerais.
Recebido: 19 fev. 2017
Aprovado: 09 nov. 2017
DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265
Como citar: Mendes, F. B.; Silva, C. C.; Tammela, I. (2018), “Análise operacional de um processo logístico na cadeia
de exploração e produção de petróleo integrando ferramentas de Ishikawa, Bowersox e Liker na identificação de
problemas: estudo de caso”, Sistemas & Gestão, Vol. 13, No. 3, pp. 283-294, disponível em: http://www.revistasg.
uff.br/index.php/sg/article/view/1265 (acesso dia mês abreviado. ano).

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Análise operacional de logística em petróleo

  • 1. Sistemas & Gestão 13 (2018), pp. 283-294 PROPPI / LATEC DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO INTEGRANDO FERRAMENTAS DE ISHIKAWA, BOWERSOX E LIKER NA IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS: ESTUDO DE CASO Fredjoger Barbosa Mendes fredjoger@gmail.com Universidade Federal Fluminense – UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil. Camilla Campos Silva millacampos1004@gmail.com Universidade Federal Fluminense – UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil. Iara Tammela iaratammela@gmail.com Universidade Federal Fluminense – UFF, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil. RESUMO O objetivo deste artigo foi o de demonstrar a pesquisa e utilização de um modelo de análise de operações exclusivo para atividades logísticas que pudesse integrar o uso de três ferramentas de identificação e análise de problemas em um processo e comprovar a interdependência de perdas e ganhos entre os diversos fatores de que compõe uma ati- vidade. Nesta proposta foi feita a pesquisa de contexto, conceitos, aplicação e avaliações sobre os modelos escolhidos para a integração. Após a concepção do modelo integrado este foi testado em um caso real de aplicação e foram obtidos os resultados da análise, tomando o cuidado de contextualizar todos os aspectos técnicos, sociais e culturais en- volvidos no processo. No final, a conclusão expôs os aspectos positivos e negativos do processo logístico avaliado e demonstrou a eficácia da integração de ferramentas, iden- tificando oportunidades de melhoria com a priorização e a indicação de uma ferramenta para a solução dos desvios. Palavras-chave: Análise operacional; logística; identificação de problemas.
  • 2. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 284 1. INTRODUÇÃO Todas as partes de uma organização precisam estar en- volvidas e comprometidas com as análises de processo, sim- plesmente porque cada uma executa um processo diferente, e a análise avalia o modo como o trabalho é realmente exe- cutado, evidenciando boas práticas e perdas que precisam ser mitigadas (Krajewski, 2009). Nesse sentido, é importante considerar a análise de processos no contexto da logística dentro das empresas, especialmente as que atuam na ca- deia de exploração e produção de petróleo. O relatório de inteligência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em agosto de 2015, destaca que um processo logístico eficaz se torna uma peça chave para as empresas que atuam na cadeia de petróleo e gás, evitando atrasos e perdas, e ga- rantindo a qualidade do produto e serviço entregue. Em geral, não há tolerância para atrasos neste segmento, em função do alto valor da disponibilidade das instalações que trabalham no mar. Outra questão considerada foi a identificação do quanto as operações logísticas consomem de recursos nas empresas em geral, isto é útil para quantificar o que perdas neste seg- mento podem significar. Segundo o levantamento realizado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) em 2014, 7,6% do faturamento das empresas foram destinados a co- brir os custos com operações de logística nas organizações. Este número é uma evidência objetiva de que esta parte da operação merece destaque nas análises organizacionais. No conjunto das atividades mais importantes da ativida- de de exploração e produção de petróleo está a construção de poços produtores. Dentre os elementos que constituem um poço de petróleo podemos destacar os tubos de aço. Thomas (2004) afirma que os tubos podem significar até 20% do valor total de um poço de petróleo, daí a necessida- de de manutenção e preservação destes elementos tubula- res, atividade desempenhada por empresas privadas e que exige a concepção e operação de um sistema logístico que atenda às demandas do setor. A empresa que será estudada neste artigo trabalha com a prestação de serviços logísticos e de manutenção de tubos, que são usados na construção de poços de petróleo. Considerando as afirmações anteriores, pode-se con- cluir que a análise de processos de operações logísticas nas empresas que atuam na cadeia de exploração e produção de petróleo, especialmente na manutenção de tubos, é algo relevante. A análise de operações surge, então, como um conjunto de ferramentas que poderá dar suporte a esta iniciativa de melhorar o desempenho e a qualidade do pro- cesso logístico. Isto deve ser a preocupação de todos na or- ganização, deixando clientes internos e externos satisfeitos com o atendimento ou superação de suas expectativas em relação ao serviço prestado ou produto fornecido, como declara Krajewski (2009). Nesta direção, é salutar introduzir o conceito de análise de operações para que seja feito um alinhamento de expec- tativas sobre o decorrer do trabalho e das entregas de um projeto de análise. 2. CONCEITOS RELEVANTES A fase de análise de solução de problemas deve consti- tuir-se de uma exploração de áreas ainda não compreendi- das. Trata-se de uma etapa crucial para descobrir e enten- der as causas potenciais e fundamentais dos problemas. A análise não pode ser obscurecida por ideias preconcebidas das causas dos desvios, e ela deve prosseguir até que deixe evidentes as causas dos problemas e suas relações de inter- dependência (Liker, 2007). No âmbito organizacional, para que a análise tenha efei- to é essencial considerar que antes há uma etapa de coleta de dados, de observações, de aquisição de informações. É como se descreve em números e fatos a complexidade de um cenário que, na maior parte das vezes, é dinâmico. Também se pode posicionar a análise como sendo uma etapa intermediária entre a tarefa de coleta de dados e a elaboração de estratégias e planos de ação que seriam fun- damentados nas conclusões analíticas de outrora. Um bom padrão de coleta de dados, um procedimento eficaz e um processamento eficiente certamente são requisitos fun- damentais para a construção de uma análise de qualidade (Werkema, 1995). A logística numa organização é um sistema de operações e, de acordo com Deming (1997), um sistema deve criar algo de valor e gerar resultados - premissa base de um méto- do de análise de operações. Se as análises não gerarem as respostas necessárias à fundamentação de estratégias que contribuam para a sustentabilidade do negócio, então este método não é útil. Para encontrar as respostas sobre os sistemas, como a lo- gística, é que Crosby (1994) declara que a análise de dados deve ter uma utilidade prática a todos os interessados. As- sim, define-se que se uma análise for meramente teórica ela não terá sido bem sucedida, pois no campo da teoria pura e simples não há geração de valor para a organização. A logística como um sistema de operações deve ser sus- tentável e, para isto, deve melhorar continuamente seu desempenho; neste sentido, Juran (1991) ensina que uma análise contínua de eventos pode ser um grande auxílio num
  • 3. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 285 programa geral de aperfeiçoamento da organização. Então, tem-se as análises como etapa necessária do processo de melhoria contínua das empresas. E esta dinâmica de trans- formação pode ser a diferença entre a perenidade ou não de um empreendimento. O entendimento é de que as operações, como as logísti- cas, são parte importante de um negócio, e a função dessas operações é gerar os bens e serviços que são disponibiliza- dos pela organização ao mercado (Slack, 2013). Cada em- presa tem uma função de operações porque cada uma delas produz algum “mix” de produtos ou serviços. As operações estão sempre relacionadas com a atividade fim do negócio, sem operações não há negócio. As operações se dividem em processos que também produzem bens e serviços, mas numa escala menor dentro da organização. Para desenvolver o tema de análise de operações em lo- gística, alinha-se primeiro quais seriam os objetivos desse tipo de operação. Sobre isso, Bowersox (2010) afirma que o projeto e a gestão de operações de sistemas logísticos de cada empresa têm pelo menos seis objetivos diferentes, que são determinantes e básicos do desempenho logístico, quais sejam: a resposta rápida, a variância mínima, o esto- que mínimo, a consolidação da movimentação, a qualidade e o apoio ao ciclo de vida, esse último relacionado à logística reversa e às operações de fornecimento de sobressalentes. Para conduzir uma análise sobre o tema, é preciso enten- der a contribuição da logística no contexto das operações. Para Bowersox (2010), a responsabilidade operacional da lo- gística está diretamente relacionada com a disponibilidade de matérias-primas, produtos semiacabados e estoques de produtos acabados, no local onde são requisitados, no tem- po certo e no menor custo possível. Diante de uma respon- sabilidade tão complexa, há muito espaço para o exercício quase infinito de análises de toda natureza, principalmente porque os custos com operações logísticas têm crescido a cada ano no Brasil (ILOS, 2014). Então, há muitas oportuni- dades de melhorias nos processos e nas operações. O conceito anterior nos orienta sob quais seriam os ob- jetivos das operações logísticas, mas é relevante esclarecer qual seria a evolução destas atividades caso fossem aplica- dos métodos de análise operacional. Sabendo das responsabilidades da logística, concentre-se sob o que se espera obter com uma análise. Niebel (2009) afirma que analistas de métodos usam análise para estudar as operações de todos os elementos produtivos e impro- dutivos de uma operação, para aumentar a produtividade por unidade de tempo e reduzir os custos unitários, com o objetivo de manter ou melhorar a qualidade. Diz também que quando usado corretamente, os métodos de análise desenvolvem um método melhor para trabalho através da simplificação de procedimentos operacionais e de manuseio de materiais, além do uso de equipamentos de uma forma mais eficaz. Portanto, as empresas podem aumentar a pro- dução e reduzir os custos unitários, garantindo a qualidade e reduzindo a fabricação ou prestação de serviços com defei- tos, aumentando, assim, a motivação do operador por meio de melhorias das condições de trabalho e minimização da fadiga. Nesse entendimento, aplicam-se os métodos de análise e, com base neles, atua-se para aumentar a eficiência das operações de logística. Dessa maneira, assegura-se que os processos contribuam para o alcance das metas de opera- ção, como descreve Slack (2013). Segundo ele, o objetivo final de todo projeto de operações é assegurar que o de- sempenho dos processos seja adequado para qualquer coisa que ele esteja tentando alcançar. O autor completa dizendo que algum tipo de lógica deveria vincular o que a operação como um todo está buscando alcançar e as metas de seus processos individuais. Para ir a frente numa análise que envolve processos, é preciso conceituar o termo processo. Campos (2014) define processo como sendo um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos e que este pode ser dividido em famílias de causas (matérias-primas, máquinas, medidas, meio am- biente, mão de obra e método), que são também chamadas de fatores da manufatura ou fatores de serviço. Outro conceito é dado por Werkema (1995), acrescen- tando que processo é uma combinação dos elementos equi- pamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas, tendo como objetivo a fabricação ou fornecimento de um bom serviço. Quando a autora cita uma combinação, ela am- plia a compreensão do conceito, porque denota uma inte- gração entre os fatores citados, introduzindo o pensamento sistêmico como abordagem possível. Sob este ponto de vista, a análise de processo deve con- templar estes fatores combinados e identificar primeiro as perdas e depois as melhorias necessárias para que a opera- ção logística possa atingir seus objetivos. Para identificar as possíveis perdas do processo, Liker (2007) relata que a Toyota identificou sete tipos principais de atividades sem valor agregado em processos empresa- riais ou de manufatura, cujas definições podem ser aplica- das ao desenvolvimento de produtos, a tomada de pedidos e ao escritório, não só à linha de produção. À essa lista, ele incluiu um oitavo tipo de perda. As perdas são: superprodu- ção, tempo de espera, transporte, superprocessamento ou processamento incorreto, excesso de estoque, deslocamen- tos desnecessários dos funcionários, defeitos, não utilização da capacidade criativa dos funcionários.
  • 4. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 286 Perdas de processo não devem ser toleradas porque afe- tam a capacidade de competição de toda a organização. Por- ter (1999) nos alerta dizendo que uma empresa só é capaz de superar em desempenho os concorrentes se conseguir estabelecer uma diferença sustentável. A empresa precisa proporcionar maior valor aos clientes ou gerar valor compa- rável a um custo mais baixo, ou ambos. E para alcançar cus- tos mais baixos, é necessário reduzir as perdas do processo. Com os conceitos de processo de Campos (2014) e de perdas de processo de Liker (2007), propõe-se uma matriz de relação entre os fatores de processo e perdas. O objetivo é evidenciar que para identificar as perdas numa avaliação temos que examinar todos os fatores de processo. Também é possível afirmar que a alteração em um fator de processo pode resultar em várias perdas ou mitigar várias delas, uma vez que há uma combinação entre os fatores citados. Conforme Bowersox (2010), para iniciar a análise de uma situação existente, é preciso realizar a coleta de dados e ava- liações de desempenho que caracterizam o ambiente logísti- co atual. Uma análise básica exige um levantamento interno, uma avaliação de mercado, uma avaliação da concorrência e uma avaliação tecnológica para definir as possibilidades de aperfeiçoamento. O foco será o levantamento interno, uma vez que se busca um método para os processos internos à organização. Olevantamentointernoénecessárioparaconseguiroclaro entendimento dos procedimentos logísticos existentes. Inclui o desempenho histórico, a disponibilidade de dados, estraté- gias, operações, políticas e práticas táticas. O levantamento normalmente cobre tanto o processo logístico total quanto os procedimentos de cada função logística. Para Bowersox (2010), uma autoavaliação completa, num levantamento in- terno, requer o exame dos principais recursos e cita a força de trabalho, equipamentos, as instalações, os relacionamentos e as informações. Assim, ele praticamente confirma todos os fatores de processo citados por Campos (2014). A tabela 1 ratifica, então, o que Campos (2014) afirma: um efeito de um processo é afetado por várias causas, in- clusive de outros fatores do mesmo processo ou de outros processos. Para fazer a análise, também é preciso compreender como se realiza a gestão de um processo. Segundo Werke- ma (1995), essa gestão é feita por meio de itens de controle – características mensuráveis, os quais são acompanhados periodicamente para que seja possível detectar eventuais resultados indesejáveis do processo. Quando um item de controle não atinge o resultado desejado, tem-se um pro- blema que precisa ser resolvido a partir de uma decisão ge- rencial. Drucker (2010) afirma que bons tomadores de decisão sabem definir um problema antes de resolvê-lo. Para ele toda decisão é arriscada: um comprometimento de recur- sos atuais num futuro incerto e não sabido. Assim, a defini- ção do problema é o elemento mais importante para tomar decisões eficazes, mas é aquele que os gestores dão menos atenção, pois buscam curar os sintomas e não a doença, usando uma analogia médica. Campos (2014) confirma a percepção de Drucker (2010) e declara que para conduzir um bom gerenciamento, temos que, numa primeira instância, aprender a localizar os pro- blemas e então aprender a resolvê-los. Neste contexto, há uma demanda de ferramentas para dar suporte à localização, definição e análise preliminar de problemas. Bowersox (2010) propõe uma ferramenta cha- mada “tópicos para o levantamento interno”, usada para a realização de uma autoavaliação do processo logístico que permite a identificação das dificuldades e desvios do mes- mo. Os tópicos estão organizados em uma tabela que está subdivida em questões gerais, questões relativas ao proces- so decisório e questões relativas aos itens mensuráveis de desempenho do processo. Assim, o autor corrobora com Tabela 1. Matriz de relação entre processos e perdas As oito perdas do Lean Manufacturing Superpro- dução Tem- po de espera Trans- porte Superproces- samento ou incorreto Excesso de Esto- que Desloca- mento des- necessário Defeitos Não utiliza- ção da cria- tividade Fatoresdeprocesso Matéria Prima x x x x x x x x Máquinas x x x x x x x x Medidas x x x x x x x x Meio am- biente x x x x x x x x Mão de obra x x x x x x x x Método x x x x x x x x Fonte: Adaptado de Campos (2014) e Liker (2007)
  • 5. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 287 Werkema (1995) e Drucker (2010) em relação à necessidade de analisar o processo sob uma perspectiva mensurável e ter um processo de tomada de decisões estruturado para resolver problemas. As questões do levantamento interno deverão conduzir os gestores de processos logísticos a uma reflexão sobre a aplicação de conceitos no âmbito de serviços para o clien- te, administração de materiais, transportes, armazenagem e estoques. Tais questões se relacionam sobre os aspectos gerais do processo, sobre como são tomadas as decisões e, por fim, como é feita a mensuração de desempenho. Não existe um gabarito com as respostas exatas neste le- vantamento, o objetivo é conduzir o gestor a desvendar o próprio processo logístico, analisando as respostas que con- seguiu elaborar e refletir sobre quais respostas não foi possí- vel prover. Sendo que questões não respondidas já sinalizam uma deficiência do processo em produzir informações sobre fatos e dados resultantes da execução das tarefas (Bower- sox, 2010). Num segundo momento se faz uma análise crítica das mensurações de desempenho respondidas. Tudo o que esti- ver fora do adequado deve ser visto como problema e, por- tanto, deve ser equacionado. A etapa seguinte é o exame do processo decisório e sua influência sobre os itens men- suráveis. Para concluir, é recomendado avaliar os aspectos gerais respondidos, os quais podem conter informações relevan- tes sobre problemas e até mesmo a causa fundamental de muitos desvios. Na tabela 2, temos a proposta de Bowersox (2010). Bowersox (2010) declara que a o levantamento interno deve, sobretudo, concentrar-se numa avaliação abrangente da capacidade e das deficiências do sistema existente. Cada item do sistema logístico deve ser cuidadosamente exami- nado quanto aos seus objetivos declarados e a sua capacida- de de atingir esses objetivos. O sistema de informação gerencial logístico, por exem- plo, está controlando e medindo consistentemente o cum- primento dos objetivos de prestação de serviços almejados pelo departamento de marketing? Os procedimentos de ad- ministração de materiais estão atendendo adequadamente às necessidades da produção? A rede de centros de distri- buição atual cumpre eficientemente os objetivos de serviço ao cliente? Finalmente, como se comparam a avaliação e a capacidade de desempenho entre unidades de negócios e locais de operação? Estas e outras questões similares for- mam a base da autoavaliação necessária à análise interna. O levantamento total tem como objetivo identificar oportuni- dades que possam motivar ou justificar um novo projeto ou um aperfeiçoamento do sistema logístico existente. A finalidade do levantamento interno não é a coleta de- talhada de informações, mas a obtenção de uma visão que conduza a um diagnóstico dos processos e dos procedimen- tos logísticos existentes, bem como a comprovação da dis- ponibilidade de dados. Mais precisamente, o levantamento interno tem como objetivo identificar áreas onde existam oportunidades substanciais de aperfeiçoamento. 3. MÉTODO DE PESQUISA Barros et Lehfeld (1990) descrevem as pesquisas biblio- gráfica e documental como sendo de grande eficácia porque permite ao pesquisador obter conhecimentos já catalogados em bibliotecas, editoras, internet, videotecas etc. Este tipo de pesquisa foi a escolha na fase conceitual deste trabalho. Na pesquisa de campo, o pesquisador assume o papel de observador e explorador, coletando diretamente os dados no local em que deram ou se darão ou fenômenos (Barros et Lehfeld, 1990). Assim, neste estudo, a proposta foi aplicar o levantamento interno proposto por Bowersox (2010), em uma empresa que possui processos de logística relevantes em suas operações. Na sequência, vamos analisar se as res- postas do levantamento darão subsídios aos questionamen- tos do autor pós-levantamento. Foram feitas duas entrevistas individuais para levanta- mento das informações, uma com o gerente de planeja- mento e logística da empresa e outra com o coordenador de logística interna. As perguntas foram realizadas com base no levantamento interno e confirmadas em observações no local de execução dos processos. 4. APLICAÇÃO DE CASO (ESTUDO DE CASO) 4.1 Descrição da Empresa X A empresa que foi avaliada fica localizada na cidade de Rio das Ostras, RJ, e possui 250 funcionários. Foi fundada em 2013 com o objetivo de prestar serviços a empresas da cadeia de exploração e produção de petróleo. A operação da empresa engloba diversos processos de fabricação e prestação de serviços, dentre os quais destaca- -se sete processos que estão relacionados com atividades logísticas: • Transporte de produtos das empresas clientes para a sede da empresa;
  • 6. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 288 • Armazenagem de produtos próprios e de terceiros; • Abastecimentos de linhas de produção com mate- riais a serem processados; • Retirada de produtos processados das linhas de pro- dução para os depósitos de produtos acabados; • Transporte entre unidades de produção dentro da empresa; • Despacho e entrega dos produtos processados para os clientes; • Recebimento e conferência de produtos na entrada. A organização em questão é certificada na norma ISO 9000 e é periodicamente auditada por clientes e pela em- presa controladora. Tabela 2. Tópicos para levantamento interno Questões gerais (Qualitativas) Decisões Mensurações de desempenho (Quantitativas) Armazenagem Que instalações de armazenagem e manuseio são usadas atualmente e que funções desempenham? Como são tomadas as decisões de consolidação de cargas em cada local? Quais são os volumes de expedição e de armazenagem de cada instalação? Que linhas de produtos são mantidas em cada instalação? Que decisões são tomadas pelo pessoal do manuseio e como esse pessoal as toma? Quais são os principais parâmetros de desempenho dos depósitos? Que funções de armazenagem, manuseio e outras de agregação de valor são ou podem ser executadas em cada instalação? Como são armazenados os produtos e como são tomadas as decisões de seleção dos produtos? Como eles são usados? Qual o nível de desem- penho atual? Quais são as características do desempenho econômico de cada instalação? Serviço ao cliente Qual é o fluxo de informações atual? Como são tomadas as decisões sobre as fontes para o atendimento dos pedidos? Quais os parâmetros de desempenho princi- pais do serviço de atendimento ao cliente? Qual é o perfil dos pedidos e qual é sua evolução? O que acontece quando não há estoque para atender a um pedido? Como os parâmetros são usados? Como são recebidos os pedidos? Qual é o nível de desempenho atual? Administração de materiais Qual é o atual fluxo de materiais? Como são tomadas as principais decisões sobre capacidades de fabricação e de alocação aos centros de distribuição? Quais são as principais limitações de capacida- de da produção e dos centros de distribuição? Que procedimentos são adotados em cada fábrica e em cada centro de distribuição? Como são tomadas as decisões de planejamen- to e de programação da produção? Quais são os principais parâmetros de avaliação de desempenho da administração de materiais? Como eles são usados? Qual é o nível de desempenho atual? Transportes Que modais são usados atualmente? Como são decididos os modais e as transportadoras para cada carga? Quais são os principais parâmetros de desempenho de transporte? Qual é perfil de peso dos pedidos e das cargas e quais as diferenças? Como são avaliadas as transportadoras? Como eles são usados? Quais os procedimentos para solicitação de transportadoras, pagamento e troca de informações com elas? Qual é o nível de desempenho atual? Qual o fluxo de informação da documentação dos embarques? Quais são as características do desempenho econômico de cada modal e de cada transpor- tadora? Estoques Que funções de agregação de valor os esto- ques desempenham atualmente? Como são tomadas as decisões de administração de estoques? Qual é custo total de manutenção dos estoques? Quem as toma e que informações são usadas para isso? Quais são os principais parâmetros de desempenho dos estoques? Como eles são usados? Qual é nível de desempenho atual? Fonte: Bowersox (2010)
  • 7. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 289 No âmbito da logística ela não possui equipamentos pró- prios. Empilhadeiras, caminhões e carretas são contratados de outras empresas, que fornecem a mão de obra necessá- ria para a operação destes recursos. Existe uma equipe pró- pria que cuida do planejamento e coordenação das ativida- des relacionadas com a logística. A padronização das atividades é básica e atende aos re- quisitos normativos, porém num nível que ainda demonstra algumas oportunidades de melhoria. A área da empresa não é totalmente integrada, apesar de ficar numa mesma localidade, existem cinco espaços de execução operacional e de armazenamento distintas, o que implica em grande demanda de transporte interno. Existem indicadores básicos de monitoramento de desempenho. 4.2 Aplicação do método de levantamento interno na empresa X Nesta etapa vamos aplicar a ferramenta proposta por Bo- wersox (2010). Para completar a avaliação, vamos responder com base no levantamento interno de Bowersox (2010) às questões suplementares levantadas pelo mesmo autor: a) O sistema de informação gerencial logístico, por exemplo, está controlando e medindo consistente- mente o cumprimento dos objetivos de prestação de serviços almejados pelo departamento de mar- keting? Tabela 3. Tópicos para levantamento interno: aplicação Questões gerais Decisões Mensurações de desempenho (Quantitativas)(Qualitativas) Serviço ao cliente Qual é o fluxo de informações atual? 1- Cliente. 2- Equipe de vendas. 3- Equi- pe de planejamento. 4- Equipe de logís- tica. 5- Equipe de produção. 6- Equipe de planejamento. 7- Equipe de logística. Como são tomadas as decisões sobre as fontes para o atendimento dos pedidos? Através de uma análise crítica dos tempos de ciclo, priorização interna, ocupação de linhas; espaço disponível e recursos de movimenta- ção e transporte disponíveis. Quais os parâmetros de desempenho princi- pais do serviço de atendimento ao cliente? Lead time. Percentual de atrasos. Volume de estoque do cliente na empresa. Número de reclamações por problemas de inte- gridade no despacho. Aderência ao prazo solicitado. Qual é o perfil dos pedidos e qual é sua evolução? Os pedidos têm em geral dois perfis: 1- Pedidos de reparo de produtos e isto implica na logística de retirada, proces- samento e entrega. 2- Pedidos de novos produtos e isto implica em recebimento de matéria prima, processamento e despacho de produtos acabados. O que acontece quando não há estoque para atender a um pedido? O pedido não entra em processamento, sendo encaminhado ao setor de planejamento a demanda. Verifica com o fornecedor qual o menor prazo de suprimento, em caráter de emergência, avaliando relação custo-benefício. Como os parâmetros são usados? Na análise crítica de desempenho. No monitoramento de tendências. Como indi- cador de desempenho. Como suporte ao processo decisório e para cumprimento da estratégia. Como são recebidos os pedidos? Por meio de um ERP (Enterprise Resour- ce Planning). Qual é o nível de desempenho atual? Satisfatório parcialmente para percentuais de atrasos e número de reclamações, pa- radas. Insuficiente para lead time e volume de estoque. Administração de materiais Qual é o atual fluxo de materiais? Exis- tem dois fluxos: Serviços – 1) Material sai do cliente. 2) Material é recebido e estocado. 3) Material é processado. 4) Material é despachado e entregue. Produtos – 1) Material sai do fornecedor. 2) Material é processado. 3) Material é despachado e entregue. Como são tomadas as principais decisões so- bre capacidades de fabricação e de alocação aos centros de distribuição? As decisões são tomadas em função do prazo, da quantidade, da complexidade e da dispo- nibilidade dos processos envolvidos. Quais são as principais limitações de capacidade da produção e dos centros de distribuição? Existem limitações dimensionais para pro- cessamento; existem limitações de armaze- nagem, de manuseio e transporte.
  • 8. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 290 Que procedimentos são adotados em cada fábrica e em cada centro de distri- buição? Cada processo possui procedimentos próprios que estão alinhados com a estratégia operacional da empresa. Como são tomadas as decisões de planeja- mento e de programação da produção? As decisões são tomadas em função do prazo, da quantidade, da complexidade e da dispo- nibilidade dos processos envolvidos. Quais são os principais parâmetros de avaliação de desempenho da administração de materiais? Prazo de entrega; integridade e quantidade adequadas. Como eles são usados? São monitorados. Qual é o nível de desempenho atual? Satisfatórios, mas com grande demanda de processos passados. Transportes Que modais são usados atualmente? Rodoviário. E em caso de emergência transporte aéreo. Como são decididos os modais e as transpor- tadoras para cada carga? O modal é escolhido de acordo com o prazo. As transportadoras são escolhidas em função da disponibilidade já contratada e custo. Quais são os principais parâmetros de de- sempenho de transporte? Pontualidade no que tange aos prazos contratuais; integrida- de da carga; conformidade QSMAS; confor- midade contratual; integridade do veículo; comunicação e monitoramento.. Qual é perfil de peso dos pedidos e das cargas e quais as diferenças? Há muita diversidade em função da diversidade de produtos e pedidos. Como são avaliadas as transportadoras? Há uma avaliação por parte do gestor técnico do contrato que segue um padrão da matriz. A avaliação é trimestral. Como eles são usados? Na avaliação bimes- tral e no monitoramento do transporte. Quais os procedimentos para solicitação de transportadoras, pagamento e troca de informações com elas? Programa- ção de entrega em função dos prazos a serem atendidos. Qual é o nível de desempenho atual? Parcialmente satisfatório, em função de dificuldades de gestão da mão de obra para funções extra condução dos veículos. Moni- toramento e comunicação deficiente. Qual o fluxo de informação da docu- mentação dos embarques? 1) Fatura- mento. 2) Despacho. Quais são as características do desempe- nho econômico de cada modal e de cada transportadora? O transporte rodoviário tem melhor custo benefício na maioria dos casos. Armazenagem Que instalações de armazenagem e manuseio são usadas atualmente e que funções desempenham? São usados pátios de estocagem com dormentes e contentores. Como são tomadas as decisões de consolida- ção de cargas em cada local? Em função da demanda e da capacidade do equipamento. Quais são os volumes de expedição e de ar- mazenagem de cada instalação? Em torno de 1.250 peças por mês, no conjunto. Que linhas de produtos são mantidas em cada instalação? Existem três linhas de serviços e suas respectivas instalações: acessórios; reparos; inspeção. Que decisões são tomadas pelo pessoal do manuseio e como esse pessoal as toma? São decisões de nível operacional. As decisões são tomadas em função de padrões de trabalho e de instruções da chefia. Quais são os principais parâmetros de de- sempenho dos depósitos? Rastreabilidade; integridade dos produtos, aderência física – sistema, eficiência de movimentação; taxa de utilização da máquina. Que funções de armazenagem, ma- nuseio e outras de agregação de valor são ou podem ser executadas em cada instalação? Como são armazenados os produtos e como são tomadas as decisões de seleção dos pro- dutos? Os produtos são armazenados em fun- ção de sua especificação, status e quantidade. Como eles são usados? Como itens de verificação. Qual o nível de desempenho atual? Satisfa- tório, mas com oportunidades de melhoria. Quais são as características do desem- penho econômico de cada instalação? As instalações são autossustentáveis e geram dividendos. Há espaço para aumento de eficiência. Abastecimento de linhas de produção; retirada de produtos acabados para despacho; movimentação de peças entre linhas de produção.
  • 9. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 291 Estoques Que funções de agregação de valor os estoques desempenham atualmente? Nenhuma. Mas são necessários para pos- sibilitar a programação e planejamento das operações. Como são tomadas as decisões de administra- ção de estoques? Em função das demandas planejadas para atendimento. Em disponibili- dade de material em estoque e de capacidade de processamento nas linhas de produção. Qual é custo total de manutenção dos estoques? Alto. Quem as toma e que informações são usadas para isso? As gerências de planejamento e logística e de suprimentos. Quais são os principais parâmetros de desempenho dos estoques? Volume, lead time e idade. Como eles são usados? Itens de controle. Qual é nível de desempenho atual? Parcial- mente satisfatório, em função do método de localização que hoje atende. Porém, o nível de desempenho ainda é prejudicado em função do passivo de materiais antigos em estoque. Fonte: Bowersox (2010) com informações da empresa X. Em parte do processo, sim. A deficiência está na rastreabilidade e identificação de itens antigos do estoque. No que tange aos indicadores, exis- tem conflitos de objetivos entre eles. b) Os procedimentos de administração de materiais es- tão atendendo adequadamente às necessidades da produção? Não. Os procedimentos são muito básicos ainda e precisam de aperfeiçoamento. c) A rede de centros de distribuição atual cumpre efi- cientemente os objetivos de serviço ao cliente? Parcialmente. As ordens de serviço mais antigas têm dificuldade em sair. d) Como se comparam a avaliação e a capacidade de desempenho entre unidades de negócios e locais de operação? Não há comparação possível, pois há somente uma unidade em operação. Tanto no levantamento interno quanto nas questões su- plementares, identificamos itens de melhoria no processo de logística da empresa. De tal modo, a proposta da análise cumpre seu objetivo de compreensão das atividades e dos fatores de processo envolvidos. Nestas deficiências também será possível identificar as oito perdas conceituadas anteriormente. Nas etapas poste- riores serão discutidas possíveis soluções aos desvios e exa- minadas eventuais questões éticas aplicáveis. 5. IDENTIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES E PRIORIZAÇÃO DOS PROBLEMAS Depois de aplicarmos o levantamento interno, temos um conjunto de problemas que precisam ser classificados e re- solvidos. Apresentamos uma tabela que integra os fatores de processo descritos por Campos (2014), as oito perdas de processo levantadas por Liker (2007) e o levantamento de informações proposto por Bowersox (2010). Foram identificados oito problemas no processo logístico avaliado. Muitos desses desvios afetaram mais de um fator de processo e/ou geram mais de um tipo de perda e isto foi um fator agravante no momento da avaliação sobre o poten- cial de dano de cada desvio. Não é alvo deste artigo dissertar sobre métodos de solução de problemas, entretanto, vamos recomendar uma técnica de priorização e outra de solução para aplicação nos desvios localizados. Como ferramenta de priorização dos problemas, Mar- shall (2012) nos apresenta a matriz G.U.T como a repre- sentação de problemas em conjunto com a obtenção de quantificações que buscam estabelecer prioridades para abordá-los, visando minimizar seus impactos e direcionar recursos que poderiam ser utilizados no equacionamento das dificuldades. Os problemas são arrolados e analisados sob o aspecto de gravidade (G); urgência (U) e tendência (T). Usualmente atribui-se um número inteiro entre 1 e 5 a cada uma das dimensões do G.U.T, correspondendo o 5 a maior intensidade e 1 a menor e, a seguir, multiplicam- -se os valores obtidos para a G, U e T a fim de obter um valor para cada problema ou fator de risco analisado. Os problemas que obtiveram maior pontuação serão tratados prioritariamente.
  • 10. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 292 Priorizaram-se os problemas com base nas informações adquiridas durante a entrevista, validamos com a empresa objeto da pesquisa de campo a ocorrência e a priorização dos problemas. Na sequência, definiu-se o procedimento para so- lução dos desvios. Por estar alinhado com a prática do lean manufacturing, escolheu-se o método de aplicação do cha- mado formato A3, descrito por Liker (2007), que diz que há três estágios distintos no processo de solução de problemas. Primeiro, a proposta inicial é feita para obter consenso quanto à abordagem do problema. Se a concordância em prosseguir for estabelecida, o próximo passo surge após a identificação das raízes do problema. Nesse momento, ge- ralmente se faz uma proposta para obter aceitação e a apro- vação das soluções recomendadas. O comprometimento dos executores das tarefas e a supervisão dos responsáveis pelos processos são fundamentais para obtenção de êxito na próxima etapa deste método. Ainda seguindo o raciocínio de Liker (2007), depois que as contramedidas são aceitas e a implementação tem início, o processo avança para o segundo estágio, de relatório de status. Este estágio fornece informações e atualiza as pes- soas para que verifiquem se a atividade está dentro do cro- nograma. É recomendável que haja pouca flexibilidade em relação às datas propostas para a entrega dos trabalhos; se uma exceção for concedida corre-se o risco de que ela seja usada como precedente por outros integrantes do projeto. Tabela 4. Matriz de relação entre processos, perdas e problemas As oito perdas do lean manufacturing Produção alémda demanda Tempode espera Transporte Processo acimaou abaixoda especifica- ção Excessode Estoque Movimento nãoneces- sário Defeitos Não utilizaçãoda criatividade Fatoresdeprocesso Matéria- -prima Longo lead time para pro- dutos e serviços Grande volume de estoque de matéria-prima (produto que pertence ao cliente aguar- dando prestação de serviços) Alto % de paradas das linhas de produção por falta de abastecimento Máquinas Limitações dimensionais devido a erros de projeto afetando o atendimento ao cliente Medidas Baixa eficiência operacional em todos os processos de armazenamento e transporte Meio ambiente Limitações de layout devido a erros de projeto afetando a acessibilidade às matérias primas, produtos em processo e produtos acabados Mão de obra Baixa qualificação dos prestadores de serviço Método Ineficiência na comunicação entre a empresa e as empresas contratadas Fonte: Adaptado de Campos (2014) e Liker (2007) Tabela 5. Matriz G.U.T Item Problema G U T GxUxT 1 Longo lead time para produtos e serviços 5 3 5 75 2 Grande volume de estoque de matéria prima (produto que pertence ao cliente aguar- dando prestação de serviços) 5 4 3 60 3 Baixa eficiência operacional em todos os processos de armazenamento e transporte 4 3 3 36 4 Baixa qualificação dos prestadores de serviço 3 3 3 27 5 Alto % de paradas das linhas de produção por falta de abastecimento 3 4 2 24 6 Limitações de layout devido a erros de projeto afetando a acessibilidade às matérias primas, produtos em processo e produtos acabados 3 3 2 18 7 Ineficiência na comunicação entre a empresa e as empresas contratadas 2 2 3 12 8 Limitações dimensionais devido a erros de projeto afetando o atendimento ao cliente 2 3 1 6 Fonte: Marshall (2012)
  • 11. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 293 O terceiro estágio é do relatório final quando a atividade termina. Nesse momento, geralmente não há necessidade de ainda questionar os detalhes da própria atividade. O foco está na obtenção do resultado. De modo geral, a apresen- tação final não é feita antes que as contramedidas tenham sido bem-sucedidas na eliminação do problema e os resulta- dos desejados tenham sido alcançados. Este é o resumo do método do formato A3, que usa a sequência lógica prevista no D.M.A.I.C (define; measure; analyse; improve; control) ci- tado por Werkema (2011). Tabela 6. Processo de relatório A3 de solução de problema Antes Durante Depois Apresentação da proposta Relatório de status Relatório final Comparação com outros problemas Esclarecimento dos objetivos Oferta de orientação Consideração de outras opções Consenso e apro- vação Verificação do progresso Verificação da direção da atividade Oferta de orientação Oferta de apoio adicional Oferta de recursos adicionais Verificação da realização bem sucedida e da obtenção de resultados Celebração do sucesso Avaliação de ou- tras considerações Fonte: Liker (2007) Tabela 7. Fluxos de relatório A3 de solução de problema Título e descrição do A3 Definição e descrição do problema 1 Plano de implementação Análise do problema Resultado Passos futuros Autor: Data: Fonte: Liker (2007) A aplicação do relatório A3 é um excelente meio de viabi- lizar a gestão visual e nivelar e integrar as informações sobre a solução de problemas, entre os diversos setores de uma empresa. Sua simplicidade permite a utilização por qualquer tipo de organização que busque melhoria em seus resulta- dos, conforme afirma Rodrigues (2014). Não se identificou implicações éticas na recomendação deste fluxo de solução de problemas. 6. CONCLUSÃO Conclui-se este artigo declarando que o objetivo foi alcançado. Definiu-se o termo análise operacional e con- textualizou-se o conceito dentro do segmento da logística interna. Também logrou-se êxito em encontrar um modelo de análise operacional que tivesse sido elaborado com o foco em examinar as atividades logísticas e suas particula- ridades. O modelo de levantamento interno apresentado por Bowersox (2010) mostrou-se eficaz ao identificar pro- blemas na gestão e operação de uma organização já estru- turada e operando há pelo menos três anos. Por outro lado, a relação estabelecida com os fatores de processo definidos por Campos (2014) evidencia que con- ceitos universais e simples de modelos de processo podem auxiliar a classificação dos problemas e, desta forma, dire- cionar melhor esforços de solução para o foco adequado naquele momento. Vale destacar que as perdas descritas por Liker (2007) não estão restritas ao ambiente da manufatura e podem ocorrer em processos de prestação de serviços e em ou- tros tipos de atividades econômicas, como foi o caso do processo logístico inserido num contexto de prestação de serviços. Num cenário de restrição de recursos, a priorização dos problemas constituiu-se uma boa prática. Assim, a matriz G.U.T apresentada por Marshall (2012) foi essencial para o planejamento de uma futura alocação de recursos e para o equacionamento das questões evidenciadas no levanta- mento interno. Desta forma, com a informação do que era prioritário foi possível identificar uma técnica de solução de problemas que se destacasse por sua simplicidade e eficácia, atributos que o relatório em formato A3 têm merecido pelos resulta- dos já obtidos com o seu uso. Mas a melhor lição deste trabalho foi de que as análises revelam a interdependência entre os fatores de processo na geração de efeitos esperados ou de problemas a serem resolvidos. O enfrentamento das causas fundamentais das perdas elencadas passa pelo exercício do pensamento sis- têmico considerando as conexões entre fatores com função específica, como relata Falconi (2014). Quando se entende este conceito, aceita-se que para analisar processos e re- solver os problemas evidenciados, é preciso cultivar uma cultura de colaboração entre os diversos componentes da estrutura organizacional, amplificando, desta forma, com- petências que, separadas, poderiam não atingir os mesmos resultados. 2 3 4
  • 12. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 13, Número 3, 2018, pp. 283-294 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 294 REFERÊNCIAS Barros, A. J. P. et Neide A. S. L. (1990), Projeto de pesquisa: propostas metodológicas, Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro. Bowersox, D. J. (2010), Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos, Atlas, São Paulo. Campos, V. F. (2014), TQC: Controle da qualidade total (no es- tilo japonês), Falconi, Nova Lima, Minas Gerais. Crosby, P. B. (1994), Qualidade é investimento, José Olympio, Rio de Janeiro. Deming, W. E. (1997), A nova economia para a indústria, o governo e a educação, Qualitymark, Rio de Janeiro. Drucker, P. F. (2010), Gestão, Agir, Rio de Janeiro. Falconi, V. (2014), O verdadeiro poder, Falconi, Nova Lima, Mi- nas Gerais. ILOS - Instituto de Logística e Supply Chain (2014), Panorama: Custos logísticos no Brasil, ILOS, Rio de Janeiro. Juran, J. M. (1991), Controle de Qualidade: conceitos, políti- cas e filosofia da qualidade, McGraw-Hill/Makron, São Paulo. Krajewski, L. J. (2009), Administração de produção e opera- ções, Pearson Prentice Hall, São Paulo. Liker, J. K. (2007), O modelo Toyota: manual de aplicação, Bookman, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Marshall Junior, I. (2012), Gestão da qualidade e processos, FGV, Rio de Janeiro. Niebel, B. W. (2009), Ingeniería industrial: métodos, están- dares y diseño del trabajo, McGraw-Hill, Cidade do México, Distrito Federal. Porter, M. (1999), Competição: estratégias competitivas es- senciais, Campus, Rio de Janeiro. Rodrigues, M. V. (2014), Entendendo, aprendendo e desen- volvendo sistema de produção lean manufacturing, Elsevier, Rio de Janeiro. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2015), Relatório de inteligência setorial - Petróleo e Gás, SEBRAE, Rio de Janeiro. Slack, N. (2013), Gerenciamento de operações e de proces- sos: princípios e práticas de impacto estratégico, Bookman, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Thomas, J. E. (2004), Fundamentos da engenharia de petró- leo, Interciência, Petrobrás, Rio de Janeiro. Werkema, C. (2011), Lean seis sigma: introdução às ferramen- tas do lean manufacturing, Elsevier, Rio de Janeiro. Werkema, M. C. C. (1995), As sete ferramentas da qualidade no gerenciamento de processos, EDG, Belo Horizonte, Minas Gerais. Recebido: 19 fev. 2017 Aprovado: 09 nov. 2017 DOI: 10.20985/1980-5160.2018.v13n3.1265 Como citar: Mendes, F. B.; Silva, C. C.; Tammela, I. (2018), “Análise operacional de um processo logístico na cadeia de exploração e produção de petróleo integrando ferramentas de Ishikawa, Bowersox e Liker na identificação de problemas: estudo de caso”, Sistemas & Gestão, Vol. 13, No. 3, pp. 283-294, disponível em: http://www.revistasg. uff.br/index.php/sg/article/view/1265 (acesso dia mês abreviado. ano).