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Técnica dos 5 A’s

Ana Maria Cavalcanti
Camila Ament Giuliani dos Santos Franco
Médicas
O primeiro “A” – Avalie
• Para orientar a adoção de comportamentos saudáveis e
qualificar o autocuidado, é fundamental o reconhecimento de
onde a pessoa está no processo de mudança.

• O início da elaboração do Plano de Autocuidado Apoiado
consiste na avaliação do que é importante para a pessoa, o
que ela valoriza e deseja para o seu futuro. A partir daí, a lista
de Comportamentos Necessários pode ser preenchida pela
pessoa, apoiada pelos profissionais de saúde.
• A avaliação do grau de interesse na adoção dos
comportamentos assinalados na lista evidencia por onde é
possível iniciar o processo de mudança.
O primeiro “A” – Avalie
• Com a identificação dos Estágios de Motivação
para a Mudança dos comportamentos alvos, a
equipe de saúde pode escolher quais abordagens
são as mais indicadas para intervir sobre os
mesmos.

• Nesta etapa, é possível explorar os conceitos e as
percepções que a pessoa tem sobre estes
comportamentos, quais as ideias sobre seu estilo
de vida e sua condição de saúde e qual a sua
motivação e confiança para fazer mudanças.
O segundo “A” – Aconselhe
• Após a avaliação dos valores e projetos de futuro e o
preenchimento da lista de comportamentos necessários
do Plano de Autocuidado Apoiado, a equipe de saúde
pode estabelecer conversas produtivas sobre as
condições de saúde presentes e o estilo de vida da
pessoa.

• Fornecer informações e materiais educativos, esclarecer
dúvidas, verificar o que a pessoa entendeu sobre o
assunto e desenvolver a discrepância entre os valores e
os comportamentos atuais podem favorecer o trânsito
de um estágio de mudança para outro.
4
O segundo “A” – Aconselhe
• Mas lembre-se! Sempre solicite a permissão da pessoa para
conversar sobre um tema. Se ela não quiser falar disto agora,
insistir aumentará mais a resistência à mudança. Evite o
confronto!
• Peça que a pessoa selecione os comportamentos de maior
grau de interesse para adotar neste momento. Para os
comportamentos de baixo grau de interesse, aconselhe
utilizando abordagens da Entrevista Motivacional.
• Leia mais sobre Entrevista Motivacional nas páginas 16 a 26
do Manual do Profissional de Saúde sobre Autocuidado
Apoiado, disponível no link.
5
Grau de interesse
• Graduação de 0 a 10 que mede o quanto a pessoa deseja
assumir um determinado comportamento neste momento onde
0 significa nenhum interesse e 10 significa total interesse. Expõe
a discrepância entre os valores/projetos de vida da pessoa e a
motivação para assumir comportamentos adequados aos
mesmos. Graus intermediários de interesse evidenciam a
ambivalência.
• Uma maneira de avaliar o grau de interesse é utilizar escalas
como a que está exposta abaixo. A pessoa assinala aquela que
representa seu interesse em mudar agora!

6
Grau de confiança
• Graduação de 0 a 10 que mede o quanto a pessoa está
confiante, ou seja,se percebe capaz de assumir um
determinado comportamento neste momento, onde 0 significa
nenhuma confiança e 10 significa total confiança. Para avaliar a
confiança, é preciso pensar sobre o esforço, as adaptações e os
recursos necessários para concretizar a mudança.
• Uma maneira de avaliar o grau de confiança é utilizar escalas
como a que está exposta abaixo. A pessoa assinala aquela que
representa sua confiança em conseguir executar seu plano neste
momento!

7
O terceiro “A” – Acorde
• Nesta etapa, solicite que a pessoa selecione 1 ou 2
comportamentos da lista do Plano de Autocuidado Apoiado
para adotar nos próximos dias. Oriente a escolha daqueles
com alto grau de interesse. Avalie em conjunto a situação
atual e quantas atividades (passos) são necessárias para
alcançar os comportamentos eleitos.
• Se a pessoa escolheu ter uma alimentação saudável, por
exemplo, muitas atividades podem ser necessárias
dependendo de como é a alimentação atual. Neste caso, é
recomendável desdobrar o comportamento em passos
intermediários e escolher por onde começar.
• Volte ao exemplo do Plano de Autocuidado da Dona Celeste.
Ao invés de pactuar, mudar toda a alimentação, ela decidiu
iniciar pela abstenção de doce, desdobrando esse
comportamento num passo intermediário.
8
O terceiro “A” – Acorde
• Acorde (pactue) com a pessoa o que ela fará, como, quando e
quanto. Estabeleça metas específicas que permitirão o
monitoramento do processo. Avalie com ela o grau de
confiança em executar este plano nos próximos dias.
• Se o grau de confiança for menor de 7, é necessário “quebrar
a tarefa em partes”, ou seja, estabelecer metas parciais em
direção ao novo comportamento, mais adequadas à realidade
e aos recursos que a pessoa tem. Se isto não for possível,
recomenda-se escolher outro alvo neste momento.
• Ao término da pactuação, solicite que a pessoa assine o
contrato do Plano de Autocuidado Apoiado, com o objetivo
de fortalecer a responsabilização pelo processo de mudança.

9
O quarto “A” – Assista
• Preste assistência à construção de um plano de ação de
forma colaborativa, com planejamento adequado às metas
estabelecidas.
• Peça que a pessoa explore as possibilidades dentro do seu
contexto de vida. É muito importante ser o mais realista e
específico possível. Convide-a a pensar sobre recursos
necessários, pessoas que podem apoiar, situações que
podem atrapalhar (problemas) e como enfrentá-las.
• Para o alcance das metas, é preciso desenvolver a habilidade
de resolver problemas e lidar com lapsos e recaídas. Os
Instrumentos de Resolução de Problemas e de Prevenção de
Recaídas podem ser utilizados para treinar estas habilidades.
• Para ler mais sobre o tema, clique no link e veja as páginas 26
a 33 do Manual do Profissional de Saúde sobre o
Autocuidado Apoiado.
10
O quarto “A” – Assista
• Monitorar o grau de interesse e de confiança pode fornecer pistas de
como estão a ambivalência e a autoeficácia. Se o interesse diminuir,
dialogue sobre os prós e os contras da mudança e reveja os objetivos
de vida para fortalecer o compromisso com a mudança. Se a confiança
diminuir, auxilie na superação dos obstáculos e na proatividade frente
às situações de risco, empoderando a pessoa para o enfrentamento
do dia a dia.
• Vamos retornar ao seu Plano de Autocuidado!
• Se você ainda não o fez, aproveite e faça a seguir.
• Avalie sua pactuação: Ela é específica? Tem metas objetivas e
mensuráveis? Se grau de confiança foi maior de 7?
• Faça as adequações necessárias e assine o contrato também. A partir
de agora, procure colocar seu plano em ação e resolver os problemas
e lapsos que surgem na sua execução. Utilize os instrumentos de
Resolução de Problemas e Prevenção de Recaídas para isso!
11
O quinto “A” – Acompanhe
• O acompanhamento sistemático do processo de
mudança pela equipe de saúde tem como objetivos:
–
–
–
–
–

Manter a pessoa no foco da mudança;
Reconhecer as situações de risco;
Treinar resolução de problemas;
Prevenir recaídas;
Estabelecer os próximos passos.

• O monitoramento pode ser presencial, individual ou em
grupo, na UBS e na visita domiciliar, ou à distância, por
contato telefônico ou pela internet, por exemplo. A
frequência sugerida é quinzenal, no mínimo.
12
O quinto “A” – Acompanhe
• Os campos para monitoramento diário presentes no Plano de
Autocuidado Apoiado permitem o registro periódico pelo usuário da
evolução do processo e das adequações realizadas. A equipe de saúde
também pode ter planilhas de monitoramento das pessoas da sua
área de abrangência para organizar o acompanhamento das mesmas.
• Perguntas abertas que explorem as ideias da pessoa para solucionar
seus problemas são as mais indicadas. Um roteiro de entrevista para
monitoramento pode ser utilizado pelos profissionais.
• O monitoramento da Dona Celeste feito pelo técnico de enfermagem
Gerson da UBS Bom Jesus exemplifica esta etapa.
• Não esqueça de monitorar o seu processo de mudança também. Peça
a alguém da sua equipe para apoiá-lo! Treine a Resolução de
Problemas e a Prevenção de Recaídas.
13
Roteiro de entrevista para monitoramento
do Plano de Autocuidado
• Apresente-se (quando necessário ou se o contato for não
presencial);
• Esclareça que este contato é para monitorar o Plano de
Autocuidado, combinado anteriormente;
• Pergunte como a pessoa passou este período;
• Relembre as metas acordadas;
• Pergunte o que ela conseguiu realizar (não, sim,
parcialmente) e valorize os resultados, enfatizando que ela
persista;
• Pergunte o que ela não conseguiu realizar, quais os principais
problemas que apareceram e como tentou resolvê-los;
(Adaptado de Curitiba, SMS. Autocuidado Apoiado: Manual do Profissional de Saúde, 2012)

14
Roteiro de entrevista para monitoramento
do Plano de Autocuidado
• Pergunte o que funcionou e recomende que ela persista
nas soluções que funcionaram no próximo período;
• Para os problemas sem solução, pergunte o que ela
imagina que poderia fazer para resolvê-los nestes
próximos dias;
• Avalie o grau de confiança desta solução e se for igual ou
maior de 7, sugira que ela ponha em prática e monitore
durante o próximo período;
• Relembre a data do próximo contato e registre na
planilha de monitoramento quando esta for utilizada.
(Adaptado de Curitiba, SMS. Autocuidado Apoiado: Manual do Profissional de Saúde, 2012)

15
Algumas armadilhas
• Algumas armadilhas devem ser evitadas durante o
apoio ao autocuidado. São elas:
– Achar que a pessoa não poderá mudar por não estar
motivada;
– Não avaliar a capacidade de autocuidado da pessoa;
– Estabelecer o plano de autocuidado e o monitoramento
sem solicitar permissão antes;
– Não permitir que a pessoa crie suas próprias formas de
solução de problemas induzindo-a a uma solução;
– Forçar a escolha de um comportamento para mudança
gerando resistência;
– Tentar salvar a pessoa, atropelando as etapas que
devem ser realizadas pela própria pessoa;
16
Algumas armadilhas
– Focar no problema e nas metas e esquecer o vínculo
com a pessoa;
– Estabelecer foco prematuro, ou seja, pactuar
comportamentos para os quais a pessoa está no
estágio de contemplação ainda;
– Confrontar;
– Pactuar muitas mudanças ao mesmo tempo;
– Não cumprir com a agenda de monitoramento
acordada;
– Não registrar o monitoramento e o Plano de
Autocuidado acordado com a pessoa.
17
Resumindo os passos da construção do Plano de
Autocuidado para evitar as armadilhas:
1.

Encontre um foco comum:
– Estabeleça vínculo com a pessoa,
– Proponha o plano de autocuidado, auxiliando a pessoa a encontrar o comportamento alvo
de mudança,
– Faça perguntas abertas para tentar entender as necessidades da pessoa, sempre
respeitando-a.

2.

Explore e promova a motivação para mudança:
– Troque informações,
– Entenda como a pessoa se sente e tente auxiliar de forma reflexiva que ela encontre novas
perspectivas para mudar o comportamento pretendido,
– Avalie os prós e contras, e o grau de interesse e de confiança, auxiliando a pessoa em seu
processo de mudança.

3.

Resuma o progresso:
– Faça um resumo dos acordos e dos avanços realizados pela pessoa, e pergunte sobre o
próximo passo.

Adaptado de Miller, W R; Rollnick, S, 2001
Papel dos integrantes da equipe de
saúde no Apoio ao Autocuidado
• A fim de estruturar o Apoio ao Autocuidado na UBS, cada
membro da equipe pode desempenhar funções
específicas.
• Para estabelecer os primeiros planos, recomendamos
que o médico, o dentista, o nutricionista, o psicólogo, o
farmacêutico, o fisioterapeuta, o profissional de
Educação Física, o enfermeiro ou outro profissional de
nível superior façam as pactuações.
• O enfermeiro pode coordenar as pactuações dos
diferentes profissionais, para evitar que vários planos
sejam estabelecidos ao mesmo tempo, sobrecarregando
a pessoa e induzindo ao insucesso.
Papel dos integrantes da equipe de
saúde no Apoio ao Autocuidado
• Os técnicos de enfermagem, os agentes
comunitários de saúde, os técnicos e auxiliares de
saúde bucal podem fazer o monitoramento na UBS
e nas visitas domiciliares ou de forma não
presencial, pela internet ou telefone, quando
disponível. Para isso, devem utilizar o roteiro de
entrevista para monitoramento do Plano de
Autocuidado.
• Durante o monitoramento, algumas adaptações do
Plano de Autocuidado poderão ser necessárias e
devem ser registradas em planilhas específicas.
Apresentacao tecnica 5_as

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Apresentacao tecnica 5_as

  • 1. Técnica dos 5 A’s Ana Maria Cavalcanti Camila Ament Giuliani dos Santos Franco Médicas
  • 2. O primeiro “A” – Avalie • Para orientar a adoção de comportamentos saudáveis e qualificar o autocuidado, é fundamental o reconhecimento de onde a pessoa está no processo de mudança. • O início da elaboração do Plano de Autocuidado Apoiado consiste na avaliação do que é importante para a pessoa, o que ela valoriza e deseja para o seu futuro. A partir daí, a lista de Comportamentos Necessários pode ser preenchida pela pessoa, apoiada pelos profissionais de saúde. • A avaliação do grau de interesse na adoção dos comportamentos assinalados na lista evidencia por onde é possível iniciar o processo de mudança.
  • 3. O primeiro “A” – Avalie • Com a identificação dos Estágios de Motivação para a Mudança dos comportamentos alvos, a equipe de saúde pode escolher quais abordagens são as mais indicadas para intervir sobre os mesmos. • Nesta etapa, é possível explorar os conceitos e as percepções que a pessoa tem sobre estes comportamentos, quais as ideias sobre seu estilo de vida e sua condição de saúde e qual a sua motivação e confiança para fazer mudanças.
  • 4. O segundo “A” – Aconselhe • Após a avaliação dos valores e projetos de futuro e o preenchimento da lista de comportamentos necessários do Plano de Autocuidado Apoiado, a equipe de saúde pode estabelecer conversas produtivas sobre as condições de saúde presentes e o estilo de vida da pessoa. • Fornecer informações e materiais educativos, esclarecer dúvidas, verificar o que a pessoa entendeu sobre o assunto e desenvolver a discrepância entre os valores e os comportamentos atuais podem favorecer o trânsito de um estágio de mudança para outro. 4
  • 5. O segundo “A” – Aconselhe • Mas lembre-se! Sempre solicite a permissão da pessoa para conversar sobre um tema. Se ela não quiser falar disto agora, insistir aumentará mais a resistência à mudança. Evite o confronto! • Peça que a pessoa selecione os comportamentos de maior grau de interesse para adotar neste momento. Para os comportamentos de baixo grau de interesse, aconselhe utilizando abordagens da Entrevista Motivacional. • Leia mais sobre Entrevista Motivacional nas páginas 16 a 26 do Manual do Profissional de Saúde sobre Autocuidado Apoiado, disponível no link. 5
  • 6. Grau de interesse • Graduação de 0 a 10 que mede o quanto a pessoa deseja assumir um determinado comportamento neste momento onde 0 significa nenhum interesse e 10 significa total interesse. Expõe a discrepância entre os valores/projetos de vida da pessoa e a motivação para assumir comportamentos adequados aos mesmos. Graus intermediários de interesse evidenciam a ambivalência. • Uma maneira de avaliar o grau de interesse é utilizar escalas como a que está exposta abaixo. A pessoa assinala aquela que representa seu interesse em mudar agora! 6
  • 7. Grau de confiança • Graduação de 0 a 10 que mede o quanto a pessoa está confiante, ou seja,se percebe capaz de assumir um determinado comportamento neste momento, onde 0 significa nenhuma confiança e 10 significa total confiança. Para avaliar a confiança, é preciso pensar sobre o esforço, as adaptações e os recursos necessários para concretizar a mudança. • Uma maneira de avaliar o grau de confiança é utilizar escalas como a que está exposta abaixo. A pessoa assinala aquela que representa sua confiança em conseguir executar seu plano neste momento! 7
  • 8. O terceiro “A” – Acorde • Nesta etapa, solicite que a pessoa selecione 1 ou 2 comportamentos da lista do Plano de Autocuidado Apoiado para adotar nos próximos dias. Oriente a escolha daqueles com alto grau de interesse. Avalie em conjunto a situação atual e quantas atividades (passos) são necessárias para alcançar os comportamentos eleitos. • Se a pessoa escolheu ter uma alimentação saudável, por exemplo, muitas atividades podem ser necessárias dependendo de como é a alimentação atual. Neste caso, é recomendável desdobrar o comportamento em passos intermediários e escolher por onde começar. • Volte ao exemplo do Plano de Autocuidado da Dona Celeste. Ao invés de pactuar, mudar toda a alimentação, ela decidiu iniciar pela abstenção de doce, desdobrando esse comportamento num passo intermediário. 8
  • 9. O terceiro “A” – Acorde • Acorde (pactue) com a pessoa o que ela fará, como, quando e quanto. Estabeleça metas específicas que permitirão o monitoramento do processo. Avalie com ela o grau de confiança em executar este plano nos próximos dias. • Se o grau de confiança for menor de 7, é necessário “quebrar a tarefa em partes”, ou seja, estabelecer metas parciais em direção ao novo comportamento, mais adequadas à realidade e aos recursos que a pessoa tem. Se isto não for possível, recomenda-se escolher outro alvo neste momento. • Ao término da pactuação, solicite que a pessoa assine o contrato do Plano de Autocuidado Apoiado, com o objetivo de fortalecer a responsabilização pelo processo de mudança. 9
  • 10. O quarto “A” – Assista • Preste assistência à construção de um plano de ação de forma colaborativa, com planejamento adequado às metas estabelecidas. • Peça que a pessoa explore as possibilidades dentro do seu contexto de vida. É muito importante ser o mais realista e específico possível. Convide-a a pensar sobre recursos necessários, pessoas que podem apoiar, situações que podem atrapalhar (problemas) e como enfrentá-las. • Para o alcance das metas, é preciso desenvolver a habilidade de resolver problemas e lidar com lapsos e recaídas. Os Instrumentos de Resolução de Problemas e de Prevenção de Recaídas podem ser utilizados para treinar estas habilidades. • Para ler mais sobre o tema, clique no link e veja as páginas 26 a 33 do Manual do Profissional de Saúde sobre o Autocuidado Apoiado. 10
  • 11. O quarto “A” – Assista • Monitorar o grau de interesse e de confiança pode fornecer pistas de como estão a ambivalência e a autoeficácia. Se o interesse diminuir, dialogue sobre os prós e os contras da mudança e reveja os objetivos de vida para fortalecer o compromisso com a mudança. Se a confiança diminuir, auxilie na superação dos obstáculos e na proatividade frente às situações de risco, empoderando a pessoa para o enfrentamento do dia a dia. • Vamos retornar ao seu Plano de Autocuidado! • Se você ainda não o fez, aproveite e faça a seguir. • Avalie sua pactuação: Ela é específica? Tem metas objetivas e mensuráveis? Se grau de confiança foi maior de 7? • Faça as adequações necessárias e assine o contrato também. A partir de agora, procure colocar seu plano em ação e resolver os problemas e lapsos que surgem na sua execução. Utilize os instrumentos de Resolução de Problemas e Prevenção de Recaídas para isso! 11
  • 12. O quinto “A” – Acompanhe • O acompanhamento sistemático do processo de mudança pela equipe de saúde tem como objetivos: – – – – – Manter a pessoa no foco da mudança; Reconhecer as situações de risco; Treinar resolução de problemas; Prevenir recaídas; Estabelecer os próximos passos. • O monitoramento pode ser presencial, individual ou em grupo, na UBS e na visita domiciliar, ou à distância, por contato telefônico ou pela internet, por exemplo. A frequência sugerida é quinzenal, no mínimo. 12
  • 13. O quinto “A” – Acompanhe • Os campos para monitoramento diário presentes no Plano de Autocuidado Apoiado permitem o registro periódico pelo usuário da evolução do processo e das adequações realizadas. A equipe de saúde também pode ter planilhas de monitoramento das pessoas da sua área de abrangência para organizar o acompanhamento das mesmas. • Perguntas abertas que explorem as ideias da pessoa para solucionar seus problemas são as mais indicadas. Um roteiro de entrevista para monitoramento pode ser utilizado pelos profissionais. • O monitoramento da Dona Celeste feito pelo técnico de enfermagem Gerson da UBS Bom Jesus exemplifica esta etapa. • Não esqueça de monitorar o seu processo de mudança também. Peça a alguém da sua equipe para apoiá-lo! Treine a Resolução de Problemas e a Prevenção de Recaídas. 13
  • 14. Roteiro de entrevista para monitoramento do Plano de Autocuidado • Apresente-se (quando necessário ou se o contato for não presencial); • Esclareça que este contato é para monitorar o Plano de Autocuidado, combinado anteriormente; • Pergunte como a pessoa passou este período; • Relembre as metas acordadas; • Pergunte o que ela conseguiu realizar (não, sim, parcialmente) e valorize os resultados, enfatizando que ela persista; • Pergunte o que ela não conseguiu realizar, quais os principais problemas que apareceram e como tentou resolvê-los; (Adaptado de Curitiba, SMS. Autocuidado Apoiado: Manual do Profissional de Saúde, 2012) 14
  • 15. Roteiro de entrevista para monitoramento do Plano de Autocuidado • Pergunte o que funcionou e recomende que ela persista nas soluções que funcionaram no próximo período; • Para os problemas sem solução, pergunte o que ela imagina que poderia fazer para resolvê-los nestes próximos dias; • Avalie o grau de confiança desta solução e se for igual ou maior de 7, sugira que ela ponha em prática e monitore durante o próximo período; • Relembre a data do próximo contato e registre na planilha de monitoramento quando esta for utilizada. (Adaptado de Curitiba, SMS. Autocuidado Apoiado: Manual do Profissional de Saúde, 2012) 15
  • 16. Algumas armadilhas • Algumas armadilhas devem ser evitadas durante o apoio ao autocuidado. São elas: – Achar que a pessoa não poderá mudar por não estar motivada; – Não avaliar a capacidade de autocuidado da pessoa; – Estabelecer o plano de autocuidado e o monitoramento sem solicitar permissão antes; – Não permitir que a pessoa crie suas próprias formas de solução de problemas induzindo-a a uma solução; – Forçar a escolha de um comportamento para mudança gerando resistência; – Tentar salvar a pessoa, atropelando as etapas que devem ser realizadas pela própria pessoa; 16
  • 17. Algumas armadilhas – Focar no problema e nas metas e esquecer o vínculo com a pessoa; – Estabelecer foco prematuro, ou seja, pactuar comportamentos para os quais a pessoa está no estágio de contemplação ainda; – Confrontar; – Pactuar muitas mudanças ao mesmo tempo; – Não cumprir com a agenda de monitoramento acordada; – Não registrar o monitoramento e o Plano de Autocuidado acordado com a pessoa. 17
  • 18. Resumindo os passos da construção do Plano de Autocuidado para evitar as armadilhas: 1. Encontre um foco comum: – Estabeleça vínculo com a pessoa, – Proponha o plano de autocuidado, auxiliando a pessoa a encontrar o comportamento alvo de mudança, – Faça perguntas abertas para tentar entender as necessidades da pessoa, sempre respeitando-a. 2. Explore e promova a motivação para mudança: – Troque informações, – Entenda como a pessoa se sente e tente auxiliar de forma reflexiva que ela encontre novas perspectivas para mudar o comportamento pretendido, – Avalie os prós e contras, e o grau de interesse e de confiança, auxiliando a pessoa em seu processo de mudança. 3. Resuma o progresso: – Faça um resumo dos acordos e dos avanços realizados pela pessoa, e pergunte sobre o próximo passo. Adaptado de Miller, W R; Rollnick, S, 2001
  • 19. Papel dos integrantes da equipe de saúde no Apoio ao Autocuidado • A fim de estruturar o Apoio ao Autocuidado na UBS, cada membro da equipe pode desempenhar funções específicas. • Para estabelecer os primeiros planos, recomendamos que o médico, o dentista, o nutricionista, o psicólogo, o farmacêutico, o fisioterapeuta, o profissional de Educação Física, o enfermeiro ou outro profissional de nível superior façam as pactuações. • O enfermeiro pode coordenar as pactuações dos diferentes profissionais, para evitar que vários planos sejam estabelecidos ao mesmo tempo, sobrecarregando a pessoa e induzindo ao insucesso.
  • 20. Papel dos integrantes da equipe de saúde no Apoio ao Autocuidado • Os técnicos de enfermagem, os agentes comunitários de saúde, os técnicos e auxiliares de saúde bucal podem fazer o monitoramento na UBS e nas visitas domiciliares ou de forma não presencial, pela internet ou telefone, quando disponível. Para isso, devem utilizar o roteiro de entrevista para monitoramento do Plano de Autocuidado. • Durante o monitoramento, algumas adaptações do Plano de Autocuidado poderão ser necessárias e devem ser registradas em planilhas específicas.