1) O documento discute as consequências do contínuo afastamento da Lua em relação à Terra, que podem incluir mudanças climáticas extremas e o fim de muitas espécies.
2) É proposto que equipes monitorem o afastamento da Lua para planejar medidas de mitigação e, eventualmente, a fuga humana para Marte ou luas de Júpiter e Saturno.
3) Também é sugerido que governos globais coordenem estratégias para lidar com as consequências e garantir a sobrevivência da
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Como salvar a humanidade do afastamento da Lua
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COMO SALVAR A HUMANIDADE DAS CONSEQUÊNCIAS DO CONTÍNUO
AFASTAMENTO DA LUA EM RELAÇÃO À TERRA
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo apresentar possíveis estratégias para salvar a humanidade das
consequências catastróficas relacionadas com o contínuo afastamento da Lua em relação
à Terra. Os dois corpos encontram-se unidos por uma forte ligação gravitacional e afetam-
se mutuamente. Esta ligação gravitacional começou a partir da colisão entre o
planeta Terra e um corpo do tamanho de Marte, denominado Theia, há aproximadamente
4,5 bilhões de anos quando nosso planeta ainda estava em formação e era uma grande
bola pastosa e quente, criando grande anel de fragmentos em volta da Terra que então
formou a Lua. Quando Theia se chocou com a Terra a uma velocidade de 40 mil
quilómetros por hora, o impacto foi suficiente para vaporizar este planeta quando parte
substancial do seu núcleo ferroso afundou na Terra e se integrou ao núcleo terrestre
(Figura 1). O material restante foi projetado para o espaço cujos destroços deram origem
à Lua. O afastamento da Lua em relação à Terra impactará sobre a vida no planeta porque
a Terra e a Lua formam entre si um sistema único (Figura 2).
Figura 1- O choque de Theia com a Terra
Fonte: https://www.universetoday.com/tag/earth-moon-system-2/
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Figura 2- Sistema Terra-Lua
Fonte: https://www.misteriosdoespaco.blog.br/a-lua-esta-deixando-os-dias-da-terra-mais-longos/
A Figura 3 mostra a Terra vista da Lua.
Figura 3- Terra vista da Lua
Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-951068427-carto-postal-raro-foto-terra-vista-da-lua-
1969-_JM
A Terra orbita em torno do Sol e a Lua em torno da Terra como mostra a Figura 4.
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Figura 4- Como funciona o Sistema Terra-Lua
Fonte: https://moonblink.info/Eclipse/why/solsys
O sistema Terra-Lua fez com que a Terra passasse a possuir um eixo de rotação
relativamente estável. Graças à interação gravitacional do nosso planeta com a Lua, nos
últimos bilhões de anos, a posição do eixo de rotação não sofreu mudanças drásticas, ao
contrário de Marte e Urano, por exemplo. O movimento orbital da Lua ao redor da Terra
estabiliza o eixo de rotação da Terra, mantendo sua inclinação fixa em cerca de 23 graus
em relação ao plano de sua órbita, fato este responsável pela existência das estações do
ano do modo como as conhecemos. O eixo de rotação da Terra realiza um movimento
circular estável chamado “precessão”, que é o que mantém tal inclinação fixa. O eixo
terrestre demora cerca de 26.000 anos para completar esse movimento circular. O
movimento da Lua ao redor da Terra está sincronizado com a Terra levando o mesmo
tempo para girar em torno de si mesmo do que para girar ao redor da Terra. É por isso
que sempre vemos a mesma imagem da Lua, e a outra permanece oculta para o planeta
Terra. Portanto, a Lua é muito importante ao contribuir para a estabilidade do eixo de
rotação da Terra porque, sem a Lua, a precessão terrestre se tornaria mais lenta, o que
levaria o eixo de rotação terrestre a perder sua estabilidade. Além disso, na Terra, as marés
dos oceanos são influenciadas por alterações da força de gravidade exercida pela Lua. A
Terra sem Lua certamente não possibilitaria, também, a existência de formas de vida
complexas e, quando finalmente surgissem, teriam uma biologia muito diferente da que
conhecemos.
Sobre o contínuo afastamento da Lua em relação à Terra, sua importância reside no fato
de que este afastamento impactará gradativamente e catastroficamente sobre a vida no
planeta Terra. Só para dar uma ideia, antes de a Lua começar a orbitar nosso planeta, um
dia durava algo entre seis e oito horas. De lá para cá, a interação com a Lua vem freando
a rotação do planeta. Pela mecânica celeste, isso acontece conforme a Lua se afasta. Há
mais de 4 bilhões de anos, estima-se que a Lua ficava a apenas 25 mil quilômetros da
Terra. Hoje, a distância é 15 vezes maior. Com este afastamento da Lua em relação à
Terra, a velocidade de rotação do planeta foi diminuindo aos poucos. A Lua continuará
se distanciando agora, a um ritmo mais rápido do que antes, a uma taxa de 3,8 centímetros
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por ano. Esse processo deve continuar até que a Lua, que hoje está à distância da Terra
de 384.400 km, alcance 560 mil quilômetros. Quando isto acontecer, os dias ficarão
progressivamente mais longos. Durante a noite, as temperaturas matariam todo mundo de
frio. Ao longo do dia, ninguém suportaria o calor. No litoral, haveria ventos
violentíssimos de 200 km/h. Em termos de vida não sobraria quase nada, a não ser
bactérias e vermes super-resistentes. Quando isso ocorrer, a rotação da Terra vai se
estabilizar, os dias vão ter 1.152 horas e a vida no planeta será inviável. Este processo vai
demorar pelo menos uns 4 bilhões de anos para acontecer, mas durante este período,
ocorrerão mudanças gradativas, drásticas e catastróficas no clima da Terra.
Provavelmente, neste cenário caótico não vai ter seres humanos para testemunhá-lo [1].
As principais consequências do contínuo afastamento da Lua em relação à Terra seriam:
1) o desaparecimento do fenômeno das marés; 2) o fim da estabilidade do eixo de rotação
da Terra; 3) o fim de muitas espécies e plantas terrestres; e, 4) mudanças climáticas
drásticas e globais decorrentes do desaparecimento das marés e da desestabilização do
eixo de rotação da Terra. O desaparecimento do fenômeno das marés resultantes da
gravidade da Lua levaria ao enfraquecimento das correntes oceânicas cujas águas
tenderiam a se estancar. As margens dos mares perderiam seu sistema de drenagem e
limpeza natural decorrente do avanço e recuo das águas. A água oceânica tenderia a
redistribuir-se, tomando o rumo dos polos, e o nível do mar se elevaria nas costas. A
consequência de tudo isso seria uma mudança drástica do clima da Terra. Uma mudança
climática em escala global poderia produzir verões com temperaturas que superariam os
100 graus, e invernos com temperaturas abaixo de 80 graus negativos. No caso mais
extremo, o eixo de rotação terrestre poderia alinhar-se diretamente na direção do Sol, o
que faria com que zonas do planeta ficassem sob uma permanente insolação e outras, em
permanente obscuridade. As gigantescas diferenças térmicas entre uma metade e a outra
da Terra provocariam ventos extremos, com velocidade de mais de 300 quilômetros por
hora e outros fenômenos meteorológicos dramáticos [2].
O fim de muitas espécies e plantas terrestres ocorreria com o contínuo afastamento da
Lua que afetaria também a vida na Terra. O efeito mais imediato seria o desaparecimento
da própria luz solar refletida pela Lua, que alteraria os ritmos biológicos de muitas
espécies animais e vegetais que se adaptaram e evoluíram com a presença cíclica da luz
lunar. Muitas espécies precisariam adaptar-se à ausência das noites sem Lua. O
desaparecimento das marés lunares afetaria sobretudo as espécies adaptadas aos fluxos e
correntes marinhos, como as que vivem nas costas marítimas às quais o fluxo das marés
leva os nutrientes, ou as que habitam mares e oceanos, acostumadas aos atuais padrões
das correntes marinhas. As mudanças climáticas drásticas e globais, decorrentes do
desaparecimento do fenômeno das marés e da desestabilização do eixo de rotação da
Terra, seriam os fatores que produziriam as consequências mais terríveis sobre a vida
terrestre. Os ritmos vitais de todas as espécies animais e vegetais seriam alterados por
essas mudanças climáticas: as migrações, a época do cio, a hibernação etc. O crescimento
das plantas também seria afetado pelas variações térmicas extremas. Muitas espécies
seriam incapazes de se adaptar e haveria extinção em massa de plantas e animais. No caso
muito extremo, que vimos antes, de que o eixo de rotação terrestre acabasse apontando
para o Sol, a vida na Terra tal como a conhecemos seria impossível em qualquer dos dois
hemisférios, e somente seria talvez viável no equador, entre os hemisférios ardente e
gelado do planeta [1].
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Para lidar com o problema relacionado com o contínuo afastamento da Lua em relação à
Terra e suas catastróficas consequências é bastante importante que exista várias equipes
de astrônomos espalhados pelo mundo dedicadas à detecção e monitoramento do
contínuo afastamento da Lua em relação à Terra para medir suas consequências visando
a adoção de medidas que atenuem progressivamente seus impactos negativos e apontem,
em casos extremos, a necessidade de planejar a fuga dos seres humanos para os locais
mais viáveis habitáveis do sistema solar como Marte, Titan (lua de Saturno) e Callisto
(lua de Júpiter) nos quais seriam implantadas colônias espaciais todos eles com inúmeros
obstáculos que exigiriam grande avanço científico e tecnológico para viabilizá-los [3 e
5].
Além da necessidade de adotar estratégias para promover avanços científicos e
tecnológicos para enfrentar os problemas relacionados com o contínuo afastamento da
Lua em relação à Terra e suas catastróficas consequências, os seres humanos precisam
ser preparados para aumentar sua capacidade biológica para viver fora da Terra e realizar
viagens espaciais dentro do sistema solar com o uso de recursos científicos e tecnológicos.
A capacidade dos seres humanos de desafiar os limites impostos pela natureza é
absolutamente necessária para assegurar sua sobrevivência como espécie hoje e no futuro
[4]. As ameaças imediatas quanto as futuras não serão enfrentadas com sucesso sem o
avanço da ciência e da tecnologia que é o passaporte para a sobrevivência da humanidade
[5]. A ciência e a tecnologia têm, portanto, que oferecer solução para o desenvolvimento
de poderosos foguetes e naves espaciais que possibilitem a fuga de seres humanos da
Terra, quando necessária, e a implantação de colônias espaciais em locais mais viáveis
habitáveis situados no sistema solar como Marte, Titan (lua de Saturno) e Callisto (lua de
Júpiter), além de aumentar a capacidade biológica para os seres humanos viverem fora da
Terra e realizarem viagens espaciais dentro do sistema solar.
Da mesma forma que é importante a existência de um governo mundial para coordenar
as estratégias com os governos nacionais de combate ao caos na economia global, à
degradação ambiental e aos conflitos internacionais, no enfrentamento de desastres
naturais de abrangência regional e global como terremotos, tsunamis e erupções
vulcânicas, lidar com as questões relacionadas com a colisão de corpos vindos do espaço
sideral, bem como fazer frente aos raios cósmicos, o mesmo se aplica no caso da
coordenação das estratégias para lidar com as consequências do contínuo afastamento da
Lua em relação à Terra. Nenhum governo nacional por mais poderoso que seja será capaz
de realizar a hercúlea tarefa de salvar a humanidade das ameaças existentes no planeta
Terra, bem como as existentes no espaço sideral. Além disso, os governos nacionais,
sobretudo os mais poderosos, privilegiariam a sobrevivência de suas populações e não de
toda a humanidade. Urge, portanto, a existência de um governo democrático mundial e
de um parlamento mundial para realizarem a nobre tarefa de salvar a humanidade de todas
as ameaças internas ao planeta Terra e aquelas existentes no espaço sideral.
REFERÊNCIAS
1. ALCOFORADO, Fernando. As ameaças sobre a vida na terra vindas do espaço.
Disponível no website
<https://www.academia.edu/40639080/AS_AMEA%C3%87AS_SOBRE_A_VIDA_N
A_TERRA_VINDAS_DO_ESPA%C3%87O>. 2019.
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2. ALCOFORADO, Fernando. Porque a Lua é importante para a vida no planeta Terra.
Disponível no website
<https://www.academia.edu/41599369/PORQUE_A_LUA_%C3%89_IMPORTANTE_
PARA_A_VIDA_NO_PLANETA_TERRA>, 2020.
3. ALCOFORADO, Fernando. O futuro do Universo, do Sol, da Terra e da Humanidade.
Disponível no website
<https://www.academia.edu/43144173/O_FUTURO_DO_UNIVERSO_DO_SOL_DA_
TERRA_E_DA_HUMANIDADE>, 2020.
4. ALCOFORADO, Fernando. As fronteiras da ciência para aumentar a capacidade
cognitiva, física e psicológica do ser humano. Disponível no website
<https://www.academia.edu/44675690/AS_FRONTEIRAS_DA_CI%C3%8ANCIA_P
ARA_AUMENTAR_A_CAPACIDADE_COGNITIVA_F%C3%8DSICA_E_PSICOL
%C3%93GICA_DO_SER_HUMANO>, 2020.
5. ALCOFORADO, Fernando. O avanço da ciência e da tecnologia e o futuro da
humanidade. Disponível no website
<https://www.academia.edu/search?utf8=%e2%9c%93&q=o+avan%c3%87o+da+ci%c
3%8ancia+e+da+tecnologia+e+o+futuro+da+humanidade>, 2020.
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de
sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC-
O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil
(Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de
doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização
e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século
XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions
of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo,
São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI
(Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o
Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).