1) A teoria da evolução de Darwin propõe que as espécies evoluem gradualmente através da seleção natural, ramificando-se a partir de ancestrais comuns ao longo de milhares de anos.
2) Embora outras teorias tenham antecedido Darwin, como as de Lamarck, a teoria da evolução por seleção natural revolucionou a compreensão sobre a origem e diversidade da vida.
3) Atualmente, a teoria sintética da evolução, que integra a genética à teoria darwiniana, é amplamente
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Evolução das Espécies: Avanços no Conhecimento Darwiniano
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A CIÊNCIA E OS AVANÇOS NO CONHECIMENTO SOBRE A EVOLUÇÃO
DAS ESPÉCIES
Fernando Alcoforado*
A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin apresentou em 1859 evidências da
evolução das espécies mostrando que a diversidade biológica é o resultado de um
processo de descendência com modificação, onde os organismos vivos se adaptam
gradualmente através da seleção natural e as espécies se ramificam sucessivamente a
partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da vida.
Outra observação importante de Darwin acerca das populações na natureza é a grande
variabilidade entre os indivíduos, mesmo para aqueles pertencentes à mesma espécie.
Se, por acaso, numa população qualquer surgir uma variação vantajosa, por menor que
seja, essa variação fornecerá a seus portadores uma maior chance de sobrevivência.
Levando em consideração que apenas aqueles seres portadores das características mais
adaptativas conseguirão chegar à fase adulta e se reproduzir, cada vez mais as novas
gerações acumularão variações vantajosas para viver naquele ambiente específico.
Populações separadas, vivendo em ambientes diferentes, poderão com o tempo se
transformar em espécies, em decorrência da acumulação de diferentes características. A
proposta de Darwin de que as espécies se originam por processos inteiramente naturais
contradiz a crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro
de Genesis (BROWNE, J. A Origem das Espécies de Darwin: uma Biografia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007).
É importante observar que Darwin se guiou pelos estudos já existentes sobre a geologia
e a evolução dos seres vivos e em suas observações durante os cinco anos que viajou
pelo mundo à bordo do Beagle. Formulou sua teoria da evolução que revolucionou o
mundo, em especial suas conclusões sobre a seleção natural. Para Darwin, todas as
espécies atuais se originaram, através de modificações que sofreram ao longo de
milhares de anos, a partir de ancestrais comuns. Foi o ambiente que atuou, limitando a
continuidade de algumas espécies menos adaptadas e favorecendo que espécies mais
adaptadas se perpetuassem. É o processo da seleção natural agindo sobre os organismos.
Assim como Darwin, outro naturalista britânico da época, Alfred Russel Wallace, que é
pouco citado, chegou a conclusões muito semelhantes sobre a origem e evolução das
espécies, tendo os dois anunciado em 1858 suas ideias à sociedade científica.
O conjunto das teorias evolucionistas sugeridas pelo naturalista francês Jean-Baptiste de
Lamarck, que propunha as leis: “Lei do Uso e do Desuso” e a “Lei da Transmissão dos
Caracteres Adquiridos” foi genial para a época em que ele as sugeriu (1809), pois se
acreditava que as espécies eram imutáveis desde sua origem (DELANGE, Yves. Jean-
Baptiste Lamarck. Paris: Acts Sud, 2002). Lamarck não concordava com o criacionismo
da época e através das suas observações e estudos sobre os seres vivos, percebeu que
havia mudanças nas características dos organismos, que ele julgou fossem uma resposta
frente às necessidades deles se adaptarem ao ambiente, transmitindo essas aquisições
sucessivamente aos descendentes. Embora as ideias de Lamarck sejam anteriores às
ideias de Darwin, quando o assunto é evolução, Charles Darwin é o primeiro a ser
citado.
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Com o evoluir do tempo, ocorreram inúmeras deturpações do darwinismo. No final do
século XIX, surgiu o chamado darwinismo social, que propunha explicar o
comportamento dos indivíduos em sociedade por intermédio da seleção natural. Várias
teses pseudocientíficas procuraram afirmar a existência de uma suposta inferioridade
racial e até de tendências criminosas, além de justificar a competição acirrada no
mercado capitalista, onde "somente os mais fortes sobrevivem". Nada mais estranho ao
que Darwin propunha com a teoria da evolução das espécies. Talvez a mais desastrosa
apropriação da obra darwinista tenha sido a eugenia, proposta pelo cientista britânico
Francis Galton, primo de Darwin, como método de aperfeiçoamento genético de raças
pela seleção artificial - basicamente, casamentos arranjados entre indivíduos
considerados mais inteligentes, fortes e saudáveis. Mais recentemente, surgiram
correntes mais científicas, como a sociobiologia, nos anos de 1970, e a psicologia
evolutiva, nos anos de 1990, apesar de também serem muito criticadas pelos
evolucionistas (BROWNE, J. A Origem das Espécies de Darwin: uma Biografia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007).
Atualmente, o maior adversário da teoria da evolução de Darwin é o movimento
criacionista. Os criacionistas se opõem ao ensino do darwinismo nas escolas desde os
anos de 1920 nos Estados Unidos, pelo fato de as descobertas contrariarem dogmas
religiosos. Em sua última versão, os criacionistas propuseram a teoria do "design"
inteligente para tentar provar a existência de uma inteligência superior (que pode ser
Deus) orientando a evolução das espécies, ao invés do mero acaso de mutações
genéticas. Os criacionistas argumentam que o pensamento darwinista é incoerente e está
em crise (o que não é verdade). A mensagem de Darwin é incômoda: não somos
superiores aos outros seres que habitam este planeta; não caminhamos, necessariamente,
para um mundo melhor; e nem somos donos de nosso destino (SCOTT, Eugenie.
Evolution vs. Creationism: An Introduction. Berkley e Los Angeles, California:
University of California Press, 2006).
O Neodarwinismo, chamado também de "Teoria Sintética (ou Moderna) da Evolução",
surgiu no século XX estando relacionado com os estudos evolucionistas de Charles
Darwin e as novas descobertas no campo da genética (CARDOSO, Mayara. Teoria
Moderna da Evolução. Disponível no website
<http://www.infoescola.com/biologia/teoria-moderna-da-evolucao/>, 2016). As lacunas
que surgiram após a publicação da obra “Origem das Espécies" (1859) de Darwin foram
desvendadas pelo avanço dos estudos genéticos. A partir do conhecimento do
mecanismo genético da hereditariedade, das mutações e recombinações dos gens,
algumas das lacunas no processo evolutivo foram esclarecidas. Com isso, foi definida
uma síntese da teoria da evolução que passou a ser uma referência fundamental para a
explicação de muitos processos biológicos. Aceita atualmente pela maioria dos
cientistas, a teoria moderna da evolução se tornou um tipo de eixo central da biologia,
aproximando disciplinas como sistemática (ciência que classifica os seres vivos através
do estudo comparativo de suas características, aspectos e fenômenos morfológicos,
fisiológicos, genéticos e evolutivos com o objetivo de reconstruir seu histórico
evolucionário a partir das relações e afinidades entre os diversos grupos de espécies),
citologia (ciência que estuda as células, estruturas que compõe os órgãos e tecidos dos
seres vivos) e paleontologia (ciência que estuda as formas de vida existentes em
períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis) (AMABIS, José Mariano e
MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia das Populações. São Paulo: Moderna, 2004).
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*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic
and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft &
Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e
Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento
global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes
do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no Brasil-
Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015). Possui blog na
Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.