SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
Baixar para ler offline
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
1
Trigonometria e relações trigonométricas
Em trigonometria, os lados dos triângulos retângulos
assumem nomes particulares, apresentados na figura ao lado. O lado
mais comprido, oposto ao ângulo de 90º (ângulo reto), chama-se
hipotenusa e os demais se chamam catetos. O cateto que forma o
ângulo θ, na figura, com a hipotenusa é o cateto adjacente ao ângulo
e o outro o cateto oposto.
Teorema de Pitágoras
O grego Pitágoras formulou o seguinte teorema para o triângulo retângulo: a soma do quadrado
dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Isto é:
² ² ²x y h 
Relações trigonométricas de ângulos
Os lados do triângulo podem ser relacionados com o ângulo θ, através de relações denominadas
trigonométricas:
Seno do ângulo θ ou sen(θ)
É o quociente entre o cateto oposto ao ângulo θ e a hipotenusa:
 
cateto oposto
sen
hipotenusa
y
h
   .
Cosseno do ângulo θ ou cos(θ)
É o quociente entre o cateto adjacente ao ângulo θ e a hipotenusa;
 
cateto adjacente
cos
hipotenusa
x
h
  
Tangente do ângulo θ ou tan(θ)
É o quociente entre o cateto oposto e o cateto adjacente:
 
cateto oposto
tan
cateto adjacente
y
x
   .
Note que a tangente pode ser escrita como:
sen( ) sen( )
tan( ) tan( )
cos( ) cos( )
y h
x h
 
 
 

   

Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
2
Funções trigonométricas derivadas
Secante do ângulo θ ou sec(θ)
 
 
1
sec
cos



Co-Secante do ângulo θ ou cosec(θ)
 
 
1
cosec
sen



Co-Tangente do ângulo θ ou cotan(θ)
 
 
1
cotan
tan



A equação fundamental da trigonometria
A equação fundamental da trigonometria surge como um caso particular do teorema de Pitágoras:
   
   
2 2 2
2 2
2 2
1 mas sen e cos
sen cos 1
x y h
x y x y
h h h h
 
 
 
   
      
   
 
.
Desta equação podemos derivar outras. Dividindo ambos os lados por  2
cos  :
 
 
 
   
 
 
2 2
2 2 2
2
2
sen cos 1
cos cos cos
1
tan 1
cos
 
  


 
 
ou, dividindo por  2
sen  :
 
 
 
   
 
 
2 2
2 2 2
2
2
sen cos 1
sen sen sen
1
cotan 1
sen
 
  


 
 
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
3
Problema da altura da torre
Um problema interessante é o cálculo da altura da torre a partir dos ângulos α e β.
Fazendo a medição dos ângulos separados pela distância de 10 m mostrado na figura, mediu-se
20 18o o
e   . Então, das funções trigonométricas obtemos:
 
 
tan( ) tan( )
tan( ) tan( )
tan( ) tan( )
mas 10
então:
10 tan( ) tan( )
10tan( )
tan( ) tan( ) 10tan( )
tan( ) tan( )
mas
tan( )
10tan( ) 10tan( ) tan( )
tan( ) tan( ) tan( )
h
h b
b
b a
h
h a
a
b a
a a
a a
h
a
h
h
 
 
 
 

  
 

  
  

   
 
  

 
 
    


  
 tan( ) tan( ) 
Substituindo os valores das tangentes dos ângulos:
tan( ) tan(20 ) 0,367
tan( ) tan(18 ) 0,325
10tan( )tan( )
30,3m
tan( ) tan( )
o
o
h


 
 
 
 
 

Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
4
Outro problema de medição de altura
A medição da altura do prédio pode ser feita utilizando-se a luz
solar (e a sombra produzida pelo prédio) e uma estaca de altura
conhecida colocada ao lado.
Note que, neste caso, a
tan( ) para o prédio, e é a mesma relação para a estaca:
tan( ) , então,
H
X
h
x
H h h
H X
X x x




  
Port
anto, conhecendo-se o comprimento das sombras e a altura da
estaca, pode-se determinar o valor da altura do prédio H.
Seno, cosseno e tangente como funções reais de variável real
Na figura ao lado, a circunferência foi dividida em ângulos na unidade radianos, onde uma volta inteira
corresponde a 2π radianos ou rad. Isto é, π é a razão entre o diâmetro da circunferência e o comprimento
dela:
2
2
comprimento comprimento
diâmetro raio
comprimento
raio


 


.
Portanto θ tem unidade rad e, neste caso, pode ser usado como
qualquer número nas operações matemáticas, por exemplo:
3,14
2 2 1,41 2,2
4 4 4
se então a operação
 
       
O mesmo não poderia ser feito se θ fosse expresso em graus.
A origem da medida dos ângulo é no eixo das abscissas (x). O eixo
vertical y (ordenadas) corresponde, portanto, a um ângulo de 90º ou θ
= π/2.
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
5
Considere o triângulo retângulo à direita do eixo y. O ângulo é θ e o valor das funções trigonométricas
seno e cosseno é:
sen( ) cos( )
y x
h h
  
Agora considere o triângulo retângulo à esquerda do eixo y. O ângulo agora é π – θ. Então:
   
       
sen cos
sen sen cos cos
y x
h h
   
     

   
    
Portanto, a função  sen  é uma função par e  cos  uma função
ímpar.
Agora analisemos o triângulo inferior. Neste caso,
       
       
sen sen 2 cos cos 2
sen sen cos cos
y x
h h
     
   

       
    
Portanto, isto prova novamente o caráter ímpar para a função
cosseno e par para a função seno.
Agora analisemos os casos em que θ =0 e θ = π/2.
Quando θ =0, x será igual ao valor da hipotenusa, isto é, x = h, enquanto que y = 0. Portanto:
   sen 0 0 cos 0 1
y x h
h h h
    
Portanto, podemos construir uma tabela com valores de θ mais comuns:
Θ graus x y  sen
y
h
   cos
x
h
   tan
y
x
 
0 0º h 0 0 1 0
1
2  90º 0 h 1 0 
1
4  45º 2
2 h 2
2 h 2
2
2
2 1
4
3  270º 0 h -1 0 
π 180º -h 0 0 -1 0
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
6
Soma e subtração de ângulos.
Algumas propriedades trigonométricas interessantes referem-se à soma ou subtração de ângulos. São elas:
         
         
cos cos cos sen sen
sen sen cos cos sen
     
     
   
    

*Prova no anexo 1
Estas equações podem ser usadas para determinar o valor do seno ou cosseno de ângulos desconhecidos.
Por exemplo, qual o    6sen ou sen 30o
?
sen sen sen cos cos sen
2 6 6 6 6 6 6 6 6 6
1 sen cos cos sen sen cos sen cos cos
6 6 6 6 6 6 6 6 6
         
        
            
                    
            
                  
                      
                  
3 2 2 2
3 2 3
3
sen
6
1 sen 3sen cos cos 1 sen
6 6 6 6 6
1 sen 3sen 1 sen 4sen 3sen
6 6 6 6 6
4sen 3sen 1 0
6 6
Aresoluç

    
    
 
  
   
  
         
              
         
          
                
          
   
     
   
1 2 3
ãodesta equaçãodoterceirograufornece3raízes:
1
sen 1, sen sen
6 6 6 2
comosen está noprimeiroquadrante, asoluça o negativa nãoé valida.
6
1
Portanto sen
6 2
  


     
        
     
 
 
 
 
 
 
Tente fazer      6 12 3cos , sen e sen  
Também podemos obter
 
 
 
 
       
       
       
   
       
   
 
   
   
sen cos cos sen
cos cos
cos cos sen sen
cos cos
sen
tan
cos
sen cos cos sen
tan
cos cos sen sen
tan tan
tan
1 tan tan
   
 
   
 
 
 
 
   
 
   
 
 
 
  

 


 

  
  
 

 




Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
7
Soma de ângulos iguais
Da primeira equação, fazendo α = θ, obtemos:
         
     
       
       
2 2
2 2 2 2
2 2
cos cos cos sen sen
cos 2 cos sen
cos sen 1 sen 1 cos
cos 2 2cos 1 cos 2 1 2sen
mas
ou
     
  
   
   
    
 
    
   
Da segunda equação, fazendo α = θ, obtemos:
         
     
sen sen cos cos sen
sen 2 2sen cos
     
  
    
 
Periodicidade das funções trigonométricas
As funções seno e cosseno são funções periódicas, cujo período é π.
Note que, ao substituirmos θ nas equações abaixo por  2n  , onde n é um número inteiro, ou o número
de voltas em torno da circunferência, obtemos:
         
         
 
   
   
       
cos cos cos sen sen
cos 2 cos cos 2 sen sen 2
mas sen 2 0 para qualquer
e cos 2 cos 2 1 pois 2 é para qualquer e portanto tem-se múliplos de 2 .
portanto cos 2 cos
sen 2 sen cos 2 cos sen
n n n
n n
n n n par n
n
n n
     
     

  
  
    
    
    

  
 
      
   
2
sen 2 sen
n
n

   
n
Portanto as funções seno e cosseno tem o mesmo valor para 1 2 , 2 2 , 3 2 , ..., 2n               .
Observe no gráfico a periodicidade com que a função se repete:
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
8
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
A
cos()


-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
A
sen()


Embora não sejam contínuas, isto é, possuem valores que tendem a infinito, as demais funções
trigonométricas também são periódicas:
0
tan()


0
cotan()


0
sec()


0
cossec()


Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
9
Ângulo de fase:
As funções trigonométrica, por serem periódicas, costumamos chamar uma constante somada ao ângulo
de ângulo de fase, por exemplo:
cos
2 2
é oângulode fase
 

 
  
 
Uma aplicação é a rede elétrica trifásica. A energia elétrica é uma função co-senoidal e cada fio (ou fase)
tem amplitude máxima de 127 Volts, como na figura, sendo cada onda defasada da outra de 120º, ou
ângulo de fase de 2
3  , isto é, a fase 1 começa em θ = 0, a fase 2 em θ = 0+ 2
3  e a fase 3 em θ =
0+2. 2
3  ( a escala x = θ, é uma função do tempo, isto é,
 , 2 .60t onde é a frequênciaangular de Hz    :
-220
-132
-44
44
132
220
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Múltiplos de Pi
Volts
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 2 - Fase 1
Ligando um aparelho na fase 1 e no terra (0 V), tem-se 127 V, mas se ligar o aparelho em duas fases (fase
2 – fase 1) obtém-se 220 V, representada pela função de maior intensidade.
Anexo I - Demonstração da adição e subtração de arcos
Considere o círculo trigonométrico de raio h = 1 abaixo:
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
10
Observando as construções geométricas no círculo trigonométrico acima, podemos deduzir que os
triângulos OMP, OVS e QTS são retângulos e semelhantes. Então, podemos construir algumas relações:
Os triângulos OVS e OMP são semelhantes, logo:
Substituindo as relações (1), (2), (7) na igualdade acima, obtemos:
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
11
Os triângulos QTS e OMP são semelhantes, logo:
Substituindo as relações (3), (4) e (7) na igualdade acima, obtemos:
Agora que já construímos algumas relações principais, vamos às demonstrações:
cos(a + b) = cos(a)cos(b) – sen(b)sen(a)
Observando o círculo trigonométrico da figura 1, notamos que:
Podemos concluir também que:
Se substituirmos as relações (5) e (8) na igualdade acima, obteremos:
cos(a – b) = cos(a)cos(b) + sen(b)sen(a)
Da relação (10) temos que:
Se quisermos determinar cos(a – b), podemos escrever a relação acima como:
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
12
Mas, se observarmos o círculo trigonométrico da figura 1, deduzimos que:
Então:
Em contrapartida, podemos escrever:
Então teremos:
sen(a + b) = sen(a)cos(b) + sen(b)cos(a)
Sabemos que:
Se fizermos θ = (a + b), teremos:
Da mesma forma, temos:
Temos aqui um cosseno da diferença entre dois arcos e é dado pela relação (11), logo:
Mas, observando a relação (12), vemos algumas similaridades coma relação (13) e podemos escrevê-la
assim:
Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4
13
sen(a – b) = sen(a)cos(b) – sen(b)cos(a)
Da relação (14) temos que:
Se quisermos determinar sen(a – b), podemos escrever a relação acima como:
No entanto:
e
Fazemos:

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Geometria analitica exercicios resolvidos
Geometria analitica exercicios resolvidosGeometria analitica exercicios resolvidos
Geometria analitica exercicios resolvidoscon_seguir
 
www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática - Exercícios Semelhança de T...
 www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática -  Exercícios Semelhança de T... www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática -  Exercícios Semelhança de T...
www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática - Exercícios Semelhança de T...Beatriz Góes
 
Slide de matemática Geometria analítica
Slide de matemática Geometria analítica Slide de matemática Geometria analítica
Slide de matemática Geometria analítica DAIANEMARQUESDASILVA1
 
Apresentação geometria analítica
Apresentação geometria analíticaApresentação geometria analítica
Apresentação geometria analíticaprofluizgustavo
 
Mat geometria analitica 004
Mat geometria analitica   004Mat geometria analitica   004
Mat geometria analitica 004trigono_metrico
 
Trigonometria Seno e Cosseno
Trigonometria Seno e CossenoTrigonometria Seno e Cosseno
Trigonometria Seno e Cossenogustavocosta77
 
Resolução da lista 1 quadriláteros
Resolução da lista 1   quadriláterosResolução da lista 1   quadriláteros
Resolução da lista 1 quadriláterosAriosvaldo Carvalho
 
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)Danielle Siqueira
 
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analítica
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analíticaSouza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analítica
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analíticaDuke Wdealmei
 
Caderno de atividades terceirão ftd 04
Caderno de atividades terceirão ftd   04Caderno de atividades terceirão ftd   04
Caderno de atividades terceirão ftd 04Oswaldo Stanziola
 
Estudo das funções trigonométricas básicas
Estudo das funções trigonométricas básicasEstudo das funções trigonométricas básicas
Estudo das funções trigonométricas básicasDalila Silva
 
Apost2 exresolvidos retas-planos
Apost2 exresolvidos retas-planosApost2 exresolvidos retas-planos
Apost2 exresolvidos retas-planoscon_seguir
 
Apresentação geometria analitica
Apresentação geometria analiticaApresentação geometria analitica
Apresentação geometria analiticacaiopena
 
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios Globais
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios GlobaisPreparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios Globais
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios GlobaisMaths Tutoring
 

Mais procurados (20)

Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Geometria analitica exercicios resolvidos
Geometria analitica exercicios resolvidosGeometria analitica exercicios resolvidos
Geometria analitica exercicios resolvidos
 
www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática - Exercícios Semelhança de T...
 www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática -  Exercícios Semelhança de T... www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática -  Exercícios Semelhança de T...
www.AulasDeMatematicaApoio.com.br - Matemática - Exercícios Semelhança de T...
 
Slide de matemática Geometria analítica
Slide de matemática Geometria analítica Slide de matemática Geometria analítica
Slide de matemática Geometria analítica
 
Apresentação geometria analítica
Apresentação geometria analíticaApresentação geometria analítica
Apresentação geometria analítica
 
Mat geometria analitica 004
Mat geometria analitica   004Mat geometria analitica   004
Mat geometria analitica 004
 
Seno e cosseno_dos_arcos_notáveis
Seno e cosseno_dos_arcos_notáveisSeno e cosseno_dos_arcos_notáveis
Seno e cosseno_dos_arcos_notáveis
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Trigonometria Seno e Cosseno
Trigonometria Seno e CossenoTrigonometria Seno e Cosseno
Trigonometria Seno e Cosseno
 
Resolução da lista 1 quadriláteros
Resolução da lista 1   quadriláterosResolução da lista 1   quadriláteros
Resolução da lista 1 quadriláteros
 
Vetores
VetoresVetores
Vetores
 
Teorema de pitágoras
Teorema de pitágorasTeorema de pitágoras
Teorema de pitágoras
 
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)
Matemática - Exercícios Resolvidos (Coeficiente Angular)
 
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analítica
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analíticaSouza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analítica
Souza, sérgio de a. calculo vetorial e geometria analítica
 
Caderno de atividades terceirão ftd 04
Caderno de atividades terceirão ftd   04Caderno de atividades terceirão ftd   04
Caderno de atividades terceirão ftd 04
 
Ga retas
Ga retasGa retas
Ga retas
 
Estudo das funções trigonométricas básicas
Estudo das funções trigonométricas básicasEstudo das funções trigonométricas básicas
Estudo das funções trigonométricas básicas
 
Apost2 exresolvidos retas-planos
Apost2 exresolvidos retas-planosApost2 exresolvidos retas-planos
Apost2 exresolvidos retas-planos
 
Apresentação geometria analitica
Apresentação geometria analiticaApresentação geometria analitica
Apresentação geometria analitica
 
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios Globais
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios GlobaisPreparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios Globais
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Exercícios Globais
 

Semelhante a Métodos Matemáticos Aplicados à Física - Trigonometria

Semelhante a Métodos Matemáticos Aplicados à Física - Trigonometria (20)

Identificando os quadrantes do ciclo trigonométrico
Identificando os quadrantes do ciclo trigonométricoIdentificando os quadrantes do ciclo trigonométrico
Identificando os quadrantes do ciclo trigonométrico
 
Trigonometria exercícios resolvidos e teoria
Trigonometria   exercícios resolvidos e teoriaTrigonometria   exercícios resolvidos e teoria
Trigonometria exercícios resolvidos e teoria
 
Teoria de seno e cosseno.
Teoria de seno e cosseno.Teoria de seno e cosseno.
Teoria de seno e cosseno.
 
51 pe trigonometria aplicada
51 pe trigonometria aplicada51 pe trigonometria aplicada
51 pe trigonometria aplicada
 
Trigonometria básica
Trigonometria básicaTrigonometria básica
Trigonometria básica
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Trigonometria 1
Trigonometria 1Trigonometria 1
Trigonometria 1
 
Trigonometria - novo
Trigonometria - novo Trigonometria - novo
Trigonometria - novo
 
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Parte III
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Parte IIIPreparação exame nacional matemática 9.º ano - Parte III
Preparação exame nacional matemática 9.º ano - Parte III
 
Ciclo trigonometrico
Ciclo trigonometricoCiclo trigonometrico
Ciclo trigonometrico
 
Trigonometria do ciclo trigonométrico.ppt
Trigonometria do ciclo trigonométrico.pptTrigonometria do ciclo trigonométrico.ppt
Trigonometria do ciclo trigonométrico.ppt
 
Trigonometra
TrigonometraTrigonometra
Trigonometra
 
Trigonometria e Aplicações
Trigonometria e AplicaçõesTrigonometria e Aplicações
Trigonometria e Aplicações
 
Ciclotrigonometrico (1)
Ciclotrigonometrico (1)Ciclotrigonometrico (1)
Ciclotrigonometrico (1)
 
Introdução à Trigonometria (adaptação RIVED)
Introdução à Trigonometria (adaptação RIVED)Introdução à Trigonometria (adaptação RIVED)
Introdução à Trigonometria (adaptação RIVED)
 
Alguns tópicos de geometria
Alguns tópicos de geometriaAlguns tópicos de geometria
Alguns tópicos de geometria
 
Matemática - Tipo C
Matemática - Tipo CMatemática - Tipo C
Matemática - Tipo C
 
Funções trigonométricas
Funções trigonométricasFunções trigonométricas
Funções trigonométricas
 
Ciclo trigo
Ciclo trigoCiclo trigo
Ciclo trigo
 

Métodos Matemáticos Aplicados à Física - Trigonometria

  • 1. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 1 Trigonometria e relações trigonométricas Em trigonometria, os lados dos triângulos retângulos assumem nomes particulares, apresentados na figura ao lado. O lado mais comprido, oposto ao ângulo de 90º (ângulo reto), chama-se hipotenusa e os demais se chamam catetos. O cateto que forma o ângulo θ, na figura, com a hipotenusa é o cateto adjacente ao ângulo e o outro o cateto oposto. Teorema de Pitágoras O grego Pitágoras formulou o seguinte teorema para o triângulo retângulo: a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Isto é: ² ² ²x y h  Relações trigonométricas de ângulos Os lados do triângulo podem ser relacionados com o ângulo θ, através de relações denominadas trigonométricas: Seno do ângulo θ ou sen(θ) É o quociente entre o cateto oposto ao ângulo θ e a hipotenusa:   cateto oposto sen hipotenusa y h    . Cosseno do ângulo θ ou cos(θ) É o quociente entre o cateto adjacente ao ângulo θ e a hipotenusa;   cateto adjacente cos hipotenusa x h    Tangente do ângulo θ ou tan(θ) É o quociente entre o cateto oposto e o cateto adjacente:   cateto oposto tan cateto adjacente y x    . Note que a tangente pode ser escrita como: sen( ) sen( ) tan( ) tan( ) cos( ) cos( ) y h x h            
  • 2. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 2 Funções trigonométricas derivadas Secante do ângulo θ ou sec(θ)     1 sec cos    Co-Secante do ângulo θ ou cosec(θ)     1 cosec sen    Co-Tangente do ângulo θ ou cotan(θ)     1 cotan tan    A equação fundamental da trigonometria A equação fundamental da trigonometria surge como um caso particular do teorema de Pitágoras:         2 2 2 2 2 2 2 1 mas sen e cos sen cos 1 x y h x y x y h h h h                        . Desta equação podemos derivar outras. Dividindo ambos os lados por  2 cos  :               2 2 2 2 2 2 2 sen cos 1 cos cos cos 1 tan 1 cos            ou, dividindo por  2 sen  :               2 2 2 2 2 2 2 sen cos 1 sen sen sen 1 cotan 1 sen           
  • 3. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 3 Problema da altura da torre Um problema interessante é o cálculo da altura da torre a partir dos ângulos α e β. Fazendo a medição dos ângulos separados pela distância de 10 m mostrado na figura, mediu-se 20 18o o e   . Então, das funções trigonométricas obtemos:     tan( ) tan( ) tan( ) tan( ) tan( ) tan( ) mas 10 então: 10 tan( ) tan( ) 10tan( ) tan( ) tan( ) 10tan( ) tan( ) tan( ) mas tan( ) 10tan( ) 10tan( ) tan( ) tan( ) tan( ) tan( ) h h b b b a h h a a b a a a a a h a h h                                                tan( ) tan( )  Substituindo os valores das tangentes dos ângulos: tan( ) tan(20 ) 0,367 tan( ) tan(18 ) 0,325 10tan( )tan( ) 30,3m tan( ) tan( ) o o h             
  • 4. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 4 Outro problema de medição de altura A medição da altura do prédio pode ser feita utilizando-se a luz solar (e a sombra produzida pelo prédio) e uma estaca de altura conhecida colocada ao lado. Note que, neste caso, a tan( ) para o prédio, e é a mesma relação para a estaca: tan( ) , então, H X h x H h h H X X x x        Port anto, conhecendo-se o comprimento das sombras e a altura da estaca, pode-se determinar o valor da altura do prédio H. Seno, cosseno e tangente como funções reais de variável real Na figura ao lado, a circunferência foi dividida em ângulos na unidade radianos, onde uma volta inteira corresponde a 2π radianos ou rad. Isto é, π é a razão entre o diâmetro da circunferência e o comprimento dela: 2 2 comprimento comprimento diâmetro raio comprimento raio       . Portanto θ tem unidade rad e, neste caso, pode ser usado como qualquer número nas operações matemáticas, por exemplo: 3,14 2 2 1,41 2,2 4 4 4 se então a operação           O mesmo não poderia ser feito se θ fosse expresso em graus. A origem da medida dos ângulo é no eixo das abscissas (x). O eixo vertical y (ordenadas) corresponde, portanto, a um ângulo de 90º ou θ = π/2.
  • 5. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 5 Considere o triângulo retângulo à direita do eixo y. O ângulo é θ e o valor das funções trigonométricas seno e cosseno é: sen( ) cos( ) y x h h    Agora considere o triângulo retângulo à esquerda do eixo y. O ângulo agora é π – θ. Então:             sen cos sen sen cos cos y x h h                     Portanto, a função  sen  é uma função par e  cos  uma função ímpar. Agora analisemos o triângulo inferior. Neste caso,                 sen sen 2 cos cos 2 sen sen cos cos y x h h                         Portanto, isto prova novamente o caráter ímpar para a função cosseno e par para a função seno. Agora analisemos os casos em que θ =0 e θ = π/2. Quando θ =0, x será igual ao valor da hipotenusa, isto é, x = h, enquanto que y = 0. Portanto:    sen 0 0 cos 0 1 y x h h h h      Portanto, podemos construir uma tabela com valores de θ mais comuns: Θ graus x y  sen y h    cos x h    tan y x   0 0º h 0 0 1 0 1 2  90º 0 h 1 0  1 4  45º 2 2 h 2 2 h 2 2 2 2 1 4 3  270º 0 h -1 0  π 180º -h 0 0 -1 0
  • 6. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 6 Soma e subtração de ângulos. Algumas propriedades trigonométricas interessantes referem-se à soma ou subtração de ângulos. São elas:                     cos cos cos sen sen sen sen cos cos sen                       *Prova no anexo 1 Estas equações podem ser usadas para determinar o valor do seno ou cosseno de ângulos desconhecidos. Por exemplo, qual o    6sen ou sen 30o ? sen sen sen cos cos sen 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 1 sen cos cos sen sen cos sen cos cos 6 6 6 6 6 6 6 6 6                                                                                                                                3 2 2 2 3 2 3 3 sen 6 1 sen 3sen cos cos 1 sen 6 6 6 6 6 1 sen 3sen 1 sen 4sen 3sen 6 6 6 6 6 4sen 3sen 1 0 6 6 Aresoluç                                                                                                                1 2 3 ãodesta equaçãodoterceirograufornece3raízes: 1 sen 1, sen sen 6 6 6 2 comosen está noprimeiroquadrante, asoluça o negativa nãoé valida. 6 1 Portanto sen 6 2                                       Tente fazer      6 12 3cos , sen e sen   Também podemos obter                                                           sen cos cos sen cos cos cos cos sen sen cos cos sen tan cos sen cos cos sen tan cos cos sen sen tan tan tan 1 tan tan                                                            
  • 7. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 7 Soma de ângulos iguais Da primeira equação, fazendo α = θ, obtemos:                                 2 2 2 2 2 2 2 2 cos cos cos sen sen cos 2 cos sen cos sen 1 sen 1 cos cos 2 2cos 1 cos 2 1 2sen mas ou                                  Da segunda equação, fazendo α = θ, obtemos:                 sen sen cos cos sen sen 2 2sen cos                 Periodicidade das funções trigonométricas As funções seno e cosseno são funções periódicas, cujo período é π. Note que, ao substituirmos θ nas equações abaixo por  2n  , onde n é um número inteiro, ou o número de voltas em torno da circunferência, obtemos:                                       cos cos cos sen sen cos 2 cos cos 2 sen sen 2 mas sen 2 0 para qualquer e cos 2 cos 2 1 pois 2 é para qualquer e portanto tem-se múliplos de 2 . portanto cos 2 cos sen 2 sen cos 2 cos sen n n n n n n n n par n n n n                                                    2 sen 2 sen n n      n Portanto as funções seno e cosseno tem o mesmo valor para 1 2 , 2 2 , 3 2 , ..., 2n               . Observe no gráfico a periodicidade com que a função se repete:
  • 8. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 8 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 A cos()   -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 A sen()   Embora não sejam contínuas, isto é, possuem valores que tendem a infinito, as demais funções trigonométricas também são periódicas: 0 tan()   0 cotan()   0 sec()   0 cossec()  
  • 9. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 9 Ângulo de fase: As funções trigonométrica, por serem periódicas, costumamos chamar uma constante somada ao ângulo de ângulo de fase, por exemplo: cos 2 2 é oângulode fase           Uma aplicação é a rede elétrica trifásica. A energia elétrica é uma função co-senoidal e cada fio (ou fase) tem amplitude máxima de 127 Volts, como na figura, sendo cada onda defasada da outra de 120º, ou ângulo de fase de 2 3  , isto é, a fase 1 começa em θ = 0, a fase 2 em θ = 0+ 2 3  e a fase 3 em θ = 0+2. 2 3  ( a escala x = θ, é uma função do tempo, isto é,  , 2 .60t onde é a frequênciaangular de Hz    : -220 -132 -44 44 132 220 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Múltiplos de Pi Volts Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 2 - Fase 1 Ligando um aparelho na fase 1 e no terra (0 V), tem-se 127 V, mas se ligar o aparelho em duas fases (fase 2 – fase 1) obtém-se 220 V, representada pela função de maior intensidade. Anexo I - Demonstração da adição e subtração de arcos Considere o círculo trigonométrico de raio h = 1 abaixo:
  • 10. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 10 Observando as construções geométricas no círculo trigonométrico acima, podemos deduzir que os triângulos OMP, OVS e QTS são retângulos e semelhantes. Então, podemos construir algumas relações: Os triângulos OVS e OMP são semelhantes, logo: Substituindo as relações (1), (2), (7) na igualdade acima, obtemos:
  • 11. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 11 Os triângulos QTS e OMP são semelhantes, logo: Substituindo as relações (3), (4) e (7) na igualdade acima, obtemos: Agora que já construímos algumas relações principais, vamos às demonstrações: cos(a + b) = cos(a)cos(b) – sen(b)sen(a) Observando o círculo trigonométrico da figura 1, notamos que: Podemos concluir também que: Se substituirmos as relações (5) e (8) na igualdade acima, obteremos: cos(a – b) = cos(a)cos(b) + sen(b)sen(a) Da relação (10) temos que: Se quisermos determinar cos(a – b), podemos escrever a relação acima como:
  • 12. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 12 Mas, se observarmos o círculo trigonométrico da figura 1, deduzimos que: Então: Em contrapartida, podemos escrever: Então teremos: sen(a + b) = sen(a)cos(b) + sen(b)cos(a) Sabemos que: Se fizermos θ = (a + b), teremos: Da mesma forma, temos: Temos aqui um cosseno da diferença entre dois arcos e é dado pela relação (11), logo: Mas, observando a relação (12), vemos algumas similaridades coma relação (13) e podemos escrevê-la assim:
  • 13. Métodos Matemáticos Aplicados à Física – Prof. Célio Wisniewski. Parte 4 13 sen(a – b) = sen(a)cos(b) – sen(b)cos(a) Da relação (14) temos que: Se quisermos determinar sen(a – b), podemos escrever a relação acima como: No entanto: e Fazemos: