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Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
A r t i g o I n é d i t o
e.1
Comparação entre a radiografia de cavum
e a cefalométrica de perfil na avaliação
da nasofaringe e das adenoides por
otorrinolaringologistas
Introdução: tanto a radiografia cefalométrica de perfil quanto a de cavum permitem a avalia-
ção do espaço aéreo nasofaríngeo (EAN). Não é rara a solicitação dos otorrinolaringologistas de
radiografia de cavum, mesmo o paciente possuindo uma cefalométrica. Objetivos: objetivou-se
(a) conhecer quais exames os otorrinolaringologistas solicitam para avaliar o EAN; (b) verificar o
conhecimento da cefalométrica por otorrinolaringologistas;(c) comparar a avaliação de otorrinola-
ringologistas nas duas técnicas radiográficas para a medição e a visualização do EAN e da adenoide;
(d) correlacionar os resultados do método de inspeção visual com os da medição de Schulhof.
Métodos: foram obtidas, no mesmo dia, radiografias cefalométricas e de cavum de 15 pacientes
respiradores bucais. Essas foram cobertas com papel cartão, deixando visível apenas o EAN e ade-
noides e foram avaliadas por 12 otorrinolaringologistas. Estes respondiam sobre sua familiaridade
com a cefalométrica, quais exames solicitam para visualizar EAN e adenoides e se utilizam algum
método de medição do grau de obstrução. Avaliavam qual das radiografias apresentava a melhor
visualização da adenoide e do EAN, e classificavam o tamanho dos mesmos em pequeno, médio
ou grande, através de método visual. Resultados: os resultados demonstraram que todos os otor-
rinolaringologistas costumam solicitar a radiografia de cavum.Apenas um solicita a cefalométrica,
dois estão familiarizados com essa técnica e um utiliza algum método de medição do EAN.A ce-
falométrica foi preferida por 49,4% dos otorrinolaringologistas, a de cavum por 22,8%, enquanto
27,8% não observaram diferença entre ambas. Foi encontrada baixa correlação entre o método de
medição visual e o de Schulhof.
Resumo
Palavras-chave: Ortodontia. Otorrinolaringologia. Radiografia de cavum. Radiografia cefalométrica.
	 *	Doutorandos em Ortodontia na UERJ.
	 **	Professora adjunta de Ortodontia da UERJ.
	 ***	Especialista em Otorrinolaringologia.
	 ****	Professor titular de Ortodontia da UERJ.
Rhita Cristina Cunha Almeida*, Flavia Artese**, Felipe de Assis Ribeiro Carvalho*,
Rachel Dias Cunha***, Marco Antonio de Oliveira Almeida****
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas
e.2
INTRODUÇÃO
A respiração bucal é um problema funcional re-
lativamente comum, uma vez que 85% das crian-
ças sofrem de algum grau de insuficiência nasal,
como revelado por testes funcionais, e 20% respi-
ram pela boca20
. Os fatores que contribuem para o
surgimento de uma respiração bucal podem ser de
natureza obstrutiva ou decorrer de hábitos deleté-
rios, como a sucção de dedo ou chupeta, podendo
causar alterações no curso normal de crescimento
e desenvolvimento craniofacial26
. Dentre os fatores
obstrutivos, a adenoide é o mais comumente citado
na literatura médica-odontológica9,18,25,27
.
O tratamento de um paciente respirador bu-
cal, por ter alterações funcionais e oclusais, exi-
ge uma interação multidisciplinar, envolvendo o
fonoaudiólogo, o otorrinolaringologista e o orto-
dontista para que as causas da má oclusão sejam
removidas, evitando, assim, prováveis recidivas13
.
O ortodontista tem como exame de rotina,
para traçar o plano de tratamento de seu paciente,
a radiografia cefalométrica de perfil descrita por
Broadbent4
. Essa radiografia é obtida de maneira
padronizada, sendo sempre feita com a mesma
posição da cabeça e com a mesma distância do
feixe de radiação, assim permitindo que sejam fei-
tas medições e que essas sejam comparadas nos
diferentes tempos do tratamento. Muitos autores
a consideram um exame simples, prático e de re-
sultados satisfatórios para diagnosticar o tama-
nho do espaço aéreo nasofaríngeo27
. Entretanto,
a maior parte dos otorrinolaringologistas utiliza a
radiografia de cavum para avaliação da nasofarin-
ge3
, que é uma radiografia em norma lateral do
crânio semelhante à radiografia cefalométrica de
perfil, porém sem uma padronização tão rígida,
e que fornece a imagem necessária para avaliar o
tamanho do espaço aéreo nasofaríngeo, mas é ina-
dequada para o planejamento ortodôntico.
A falta de maior inter-relação entre as duas
especialidades e de trabalhos científicos compa-
rando as duas técnicas resulta num desconhe-
cimento sobre qual radiografia teria a melhor
visualização radiográfica e uma técnica de me-
dição mais fidedigna, gerando, assim, a duplici-
dade dessas radiografias.
Gurgel et al.10
descreveram em seu trabalho que
o diagnóstico da respiração bucal é feito através de
exames especializados — como o exame clínico da
bucofaringe, rinoscopia anterior, nasofibroscopia e
otoscopia — e por exames complementares, que
seriam os hematológicos, radiográficos e avaliação
do estado geral do paciente. O exame radiográfico
ao qual eles se referem é a radiografia de cavum.
Holmberg e Linder-Aronson14
estudaram se
as radiografias cefalométricas lateral e frontal se-
riam úteis para avaliar a função respiratória nasal,
e concluíram que: a lateral proveria resultados sa-
tisfatórios sobre as dimensões da nasofaringe, e a
frontal sobre a capacidade das vias aéreas nasais.
Major et al.21
concluíram, em uma revisão sis-
temática sobre a capacidade de diagnosticar hi-
pertrofia adenoideana e obstrução do espaço na-
sofaringeano através da radiografia cefalométrica,
que existe uma boa correlação nos achados do
tamanho da adenoide, mas a habilidade de diag-
nosticar um espaço aéreo nasofaríngeo pequeno
já não é tão boa. Explicam esse achado pelo fato
de a adenoide ser uma estrutura anatômica mais
simples do que a nasofaringe e, assim, perder me-
nos informação quando transformada em ima-
gem bidimensional.
Alguns trabalhos têm sido feitos comparando a
radiografia cefalométrica com a endoscopia naso-
faringeana. Ianni Filho et al.15
compararam os dois
métodos e concluíram que o exame radiográfico é
importante no diagnóstico inicial das obstruções
nasofaringeanas, mas que suas informações seriam
limitadas; porém a endoscopia, apesar de fornecer
mais informações, é um exame de difícil acesso. Já
Vilella et al.29
encontraram resultados bem pró-
ximos em relação ao tamanho anteroposterior da
nasofaringe nos dois métodos, e sugeriram que, ao
avaliar o modo respiratório da criança, deve ser
feito não só exame clínico, mas também medidas
cefalométricas do espaço nasofaringeano.
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO
e.3
A tomografia computadorizada também é usa-
da no diagnóstico de obstrução da nasofaringe, sen-
do um exame mais preciso, porém mais oneroso.
Montgomery et al.23
descreveram que, após avaliar
os resultados obtidos pela tomografia, fica claro o
quanto o exame radiográfico é pobre em informa-
ções. Os autores sugerem que a tomografia deve ser
usada como padrão-ouro, mas que a radiografia ce-
falométrica deve ser usada como ferramenta para
determinar se um acompanhamento mais detalha-
do é necessário ou não, lembrando que esse é um
exame bidimensional e, portanto, limitado21
.
A avaliação radiográfica, além de ser o primei-
ro exame complementar de rotina para pacien-
tes com suspeita de padrão respiratório bucal,
é também o meio de diagnóstico mais utilizado
na literatura médica e odontológica para avaliar
hipertrofia adenoideana1
e alterações do espaço
nasofaríngeo, aliada à anamnese e às observações
clínicas do paciente7
. A técnica radiográfica cor-
reta deverá ser sempre obedecida para minimizar
as adversidades possíveis, como o mal posiciona-
mento e a movimentação do paciente1
. O pacien-
te deverá estar calmo, ereto, com a boca fechada,
em inspiração, e a cabeça orientada no plano ho-
rizontal em perfil absoluto1,24,25
.
Araújo Neto et al.1
afirmaram que, devido à va-
riedade e à complexidade dos métodos de mensu-
ração preconizados para o diagnóstico radiográfico
da adenoide, muitos radiologistas preferem usar a
análise subjetiva. Dessa forma, uma análise visual
da radiografia de cavum torna, na maioria das ve-
zes, o diagnóstico impreciso.
Existem vários métodos descritos para avaliar
radiografias da nasofaringe e a interpretação de
quando a adenoide está significativamente grande
varia de autor para autor. Os métodos mais usados
de medir a adenoide na radiografia de cavum são
os de: Johannesson16
, Fujioka et al.8
, Crepeau et
al.6
e Cohen e Konak5
. Já quando na utilização da
radiografia cefalométrica, existem dois métodos
de medição descritos na literatura: o método de
McNamara22
e o de Schulhof26
.
Como a respiração bucal é um problema mul-
tidisciplinar tratado pelo ortodontista e pelo otor-
rinolaringologista, quando ambos utilizam como
exame complementar radiografias do crânio em
normal lateral, torna-se necessária a comparação
entre a radiografia cefalométrica lateral e a radio-
grafia de cavum para tentar padronizar a docu-
mentação solicitada ao paciente, fazendo com que
esse faça apenas uma radiografia ao invés de duas,
assim minimizando gastos e exposição à radiação.
Desta forma, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar: (a) quais os exames que os otor-
rinolaringologistas da amostra costumam solicitar
para avaliar e medir o espaço aéreo nasofaríngeo;
(b) a porcentagem de otorrinolaringologistas da
amostra que conhece a radiografia cefalométrica
de perfil; (c) a visualização, pelo otorrinolaringolo-
gista, do espaço aéreo nasofaríngeo e da adenoide
do respirador bucal nas radiografias de cavum e na
radiografia cefalométrica de perfil; e (d) a corre-
lação entre o método visual de análise do espaço
aéreo nasofaríngeo e das adenoides e o método de
medição de Schulhof26
.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração desse trabalho, foi utilizada
uma amostra de radiografias de crianças respira-
doras bucais: para o levantamento dessa amostra
foram examinadas, na cidade de Recife/PE, 150
crianças com idades entre 6 e 12 anos. Todas pas-
saram por uma anamnese feita pelo mesmo exa-
minador utilizando os critérios de inclusão na
amostra, que eram: não estar utilizando aparelho
ortodôntico, não fazer uso de qualquer medica-
mento, não ter realizado a remoção cirúrgica da
adenoide, não possuir qualquer anomalia congêni-
ta e apresentar respiração bucal.
Das 150 crianças, apenas 38 puderam ser in-
cluídas na amostra de acordo com os critérios de
inclusão. Foi solicitado aos pais ou responsáveis
que assinassem um termo de consentimento livre
e esclarecido, de acordo com a Resolução n° 196,
de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional
A B
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas
e.4
de Saúde, que rege os princípios sobre pesquisa
envolvendo seres humanos, permitindo que as
crianças participassem desse estudo. Entretanto,
duas crianças não obtiveram o consentimento dos
pais, resultando em um total de 36 crianças.
As crianças foram, então, submetidas a exames
clínicos intra e extrabucais pelo ortodontista e a
uma avaliação fonoaudiológica para certificar-se
de que todas as crianças eram respiradoras bucais.
O exame fonoaudiológico constou de anam-
nese e exame clínico. Na anamnese foram feitas
perguntas sobre mastigação e deglutição, qual o
tipo de alimento utilizado pelo paciente durante
as refeições, tempo gasto durante a alimentação,
existência de problemas gástricos e ingestão de
líquidos; sono, se o paciente apresentava insônia,
ronco e/ou sialorreia; a presença de algum hábi-
to deletério; estado geral de saúde, se o paciente
apresentava doenças respiratórias (asma, rinite,
sinusite, bronquite), obstrução nasal, doenças con-
gênitas (fissura labiopalatina, síndromes), dor na
articulação temporomandibular, traumas na face e
se foi submetido a alguma cirurgia.
Além disso, foi feito um exame clínico que
consistiu de uma observação dos lábios, língua,
bochechas e aplicação de testes fonoaudiológicos
para fala, respiração, mastigação e deglutição.
Após toda a anamnese pronta, os pacientes fo-
ram submetidos a dois exames radiográficos em
um mesmo dia: radiografia cefalométrica de perfil
(Fig. 1A) e radiografia de cavum (Fig. 1B). Se algu-
ma criança, porventura, apresentasse um resfriado
no dia marcado para o exame radiográfico, o exa-
me era adiado para quando ela melhorasse.
As tomadas radiográficas foram realizadas por
um único operador com mais de 5 anos de expe-
riência, técnico em radiologia odontológica. Para
avaliar o erro do método intraoperador foi utiliza-
do o índice Kappa, que demonstrou um nível de
concordância excelente.As normas utilizadas para
a tomada radiográfica foram as mesmas descritas
por Broadbent4
em 1931.
Figura 1 - Exemplo de radiografias cefalométrica de perfil (A) e de cavum (B) obtidas de um mesmo paciente respirador bucal, no mesmo dia.
Po So
S
Ba
AD1ENP
AD
AD2
Or
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO
e.5
As radiografias de cavum também foram
realizadas por um único operador, técnico em
radiologia médica. As normas utilizadas para a
tomada radiográfica foram as descritas por Bon-
trager3
em 2003, e algumas foram ajustadas para
esse estudo, como a respiração do paciente, área
de incidência do feixe de raios-X e a distância
focal do aparelho de raios-X.
Foram, então, selecionadas radiografias de 15
pacientes com idades mais próximas a 10 anos e
com tamanhos de espaço aéreo nasofaringeano
diferentes, classificados como pequeno, médio ou
grande de acordo com a análise de Schulhof26
(Fig.
2), resultando num total de 30 radiografias. Essa
seleção foi feita para diminuir o tempo gasto pelos
otorrinolaringologistas participantes da pesquisa,
buscando maior cooperação dos mesmos.
Essas radiografias foram incluídas em envelopes
de papel-cartão preto onde foram cortadas áreas
para que a única região visível da radiografia fos-
se o espaço aéreo nasofaríngeo e a adenoide. Dessa
forma, os examinadores não sabiam qual era a ra-
diografia de cavum e qual era a radiografia cefalo-
métrica de perfil. Isso foi feito para que não hou-
vesse nenhuma tendência do avaliador em escolher
a imagem que estivesse mais habituado a utilizar.
Elas foram denominadas radiografia A (cavum) e
radiografia B (cefalométrica). Foi solicitado, então,
a 12 otorrinolaringologistas residentes da cidade
do Rio de Janeiro, com no mínimo dois anos de
experiência clínica, que avaliassem as radiografias
comparando-as e respondendo aos questionários.
O examinador recebia, então, as radiografias
junto a uma carta de apresentação do projeto, um
questionário único e um questionário elabora-
do para avaliação de cada par de radiografias. No
questionário único havia perguntas sobre a familia-
ridade do otorrinolaringologista com a técnica da
radiografia cefalométrica, sobre quais exames ele
costuma solicitar para visualizar o espaço aéreo na-
sofaríngeo e as adenoides, e se utiliza algum méto-
do de medição do grau de obstrução. Esse questio-
nário único tinha como objetivo avaliar a amostra.
No questionário para avaliação das radiografias
havia perguntas sobre qual das duas tem a melhor
qualidade na visualização da adenoide e do espa-
ço aéreo nasofaríngeo, e, ainda, solicitava para que
classificasse, através de método visual, o tamanho
da adenoide e do espaço aéreo nasofaríngeo em P
(pequeno), M (médio) ou G (grande).
Para tratamento estatístico, foi utilizada uma
distribuição binomial para calcular qual das ra-
diografias era preferida pelos otorrinolaringolo-
gistas para visualização de adenoide e do espaço
aéreo nasofaríngeo, com frequências absolutas
e relativas das preferências dos profissionais em
relação às duas técnicas radiográficas diferentes.
Para avaliar a correlação entre os resultados do
método visual com os resultados do método de
Figura 2 - Esquema representativo da análise de Schulhof: o 1º fator,
representado em vermelho, corresponde à porcentagem da via aérea
ocupada pelo tecido adenoideano na área da nasofaringe de Handelman
e Osborne,; o 2º fator, representado em azul, seria a distância do ponto
AD1 à espinha nasal posterior de Linder-Aronson e Henrikson, o 3º fator,
em verde, seria a distância linear do ponto AD2 à espinha nasal posterior
de Linder-Aronson e Henrikson; e o 4º fator, representado em amarelo,
corresponde à distância linear do ponto AD a um ponto da linha vertical
pterigoide 5mm acima da espinha nasal posterior de Ricketts26
.
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas
e.6
medição de Schulhof, foram calculados valores
de concordância percentual e Kappa entre os di-
ferentes métodos para os dois desfechos radio-
gráficos em 180 diagnósticos.
RESULTADOS
A primeira parte do questionário teve como
objetivo caracterizar quais exames os otorrinola-
ringologistas da amostra costumam solicitar para
visualizar o espaço aéreo nasofaríngeo e as adenoi-
des, se esses usam ou não algum método de me-
dição e se estão familiarizados com a técnica da
radiografia cefalométrica.
Esse questionário mostrou que a radiografia de
cavum é a mais solicitada (100%), seguida pela
endoscopia (83%), e que a cefalométrica só era
utilizada por um otorrinolaringologista da amos-
tra.Apenas 1 dos 12 otorrinolaringologistas utiliza
algum método de medição para avaliação do grau
de obstrução do espaço nasofaríngeo, enquanto
apenas 2 dos 12 estão familiarizados com a téc-
nica de radiografia cefalométrica de perfil como
método de diagnóstico dessa obstrução.
A preferência dos otorrinolaringologistas para
visualização da adenoide e do espaço aéreo naso-
faríngeo, quando comparadas as duas técnicas ra-
diográficas, está descrita nas Tabelas 2 e 3, as quais
apresentam as frequências absolutas e relativas
das preferências dos profissionais em relação à ra-
diografia de cavum e à radiografia cefalométrica.
A Tabela 1 mostra a preferência na visualização da
adenoide, sendo que 49,4% preferiram a técnica B
(cefalométrica), 22,8% preferiram a A (cavum) e
27,8% não observaram diferenças entre ambas. Na
avaliação da preferência para visualização do espa-
ço aéreo nasofaríngeo, 48,9% preferiram a técnica
B (cefalométrica), 23,9% preferiram a técnica A
(cavum) e 27,2% não observaram diferença entre
ambas (Tab. 2).
A análise da Tabela 3 mostra valores de concor-
dância entre a análise visual feita pelos otorrino-
laringologistas quando analisando as radiografias,
além dos valores encontrados utilizando o método
de medição de Schulhof na medição da adenoide
e do espaço aéreo nasofaríngeo, demonstrando ha-
ver baixa correlação entre os métodos.
Preferência N %
Intervalo de Confiança
de 95%
Limite
inferior
Limite
superior
Técnica A 41 22,8 16,9% 29,6%
Técnica B 89 49,4 41,9% 57,0%
Ambas 50 27,8 21,4% 34,9%
Total 180 100
tabela 1 - Frequências absolutas e relativas das preferências de otor-
rinolaringologistas (n=12) para visualização das adenoides de crianças
respiradoras bucais (n=15) em radiografias de cavum (técnica A) e em
radiografias cefalométricas de perfil (técnica B).
tabela 3 - Valores de concordância percentual e Kappa para otorrinolaringologistas (n=12) entre os métodos de inspeção visual e de medição de Schu-
lhof para avaliar o tamanho das adenoides e do espaço aéreo nasofaríngeo de crianças respiradoras bucais (n=15).
tabela 2 - Frequências absolutas e relativas das preferências de otor-
rinolaringologistas (n=12) para visualização do espaço aéreo nasofarín-
geo de crianças respiradoras bucais (n=15) em radiografias de cavum
(técnica A) e em radiografias cefalométricas de perfil (técnica B).
Preferência N %
Intervalo de Confiança
de 95%
Limite
inferior
Limite
superior
Técnica A 43 23,9 17,9% 30,8%
Técnica B 88 48,9 41,4% 56,4%
Ambas 49 27,2 20,9% 34,3%
Total 180 100
Desfecho Comparação
Concordância
observada
Concordância
esperada
Kappa P-valor
Adenoide
Schulhof X visual Cavum 62,78% 60,19% 0,06 0,1756
Schulhof X visual cefalométrica 57,22% 59,81% -0,06 0,8194
EAN
Schulhof X visual Cavum 36,67% 44,81% -0,14 0,9927
Schulhof X visual cefalométrica 37,78% 45,19% -0,13 0,9862
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Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO
e.7
DISCUSSÃO
Considerando a grande controvérsia em se
aceitar apenas os sinais clínicos como confir-
matórios para o diagnóstico da respiração bu-
cal, os profissionais das áreas médica e odonto-
lógica utilizam exames complementares como
coadjuvantes nesse diagnóstico.
Apesar das suas limitações, os exames radio-
gráficos são comumente os mais utilizados e os
primeiros a serem solicitados no momento do
diagnóstico. A partir do resultado dado pela ra-
diografia é que o médico solicita ou não outros
exames1,5,7,24,25
.
A segurança dos métodos radiográficos
para a avaliação do espaço aéreo nasofaringe-
ano tem sido questionada devido à visualiza-
ção bidimensional e estática apresentada pelas
radiografias, para avaliação de uma estrutura
tridimensional e dinâmica. Vários trabalhos
demonstram uma correlação significativa entre
os resultados obtidos na avaliação radiográfica
e os obtidos na avaliação clínica14
, nas observa-
ções diretas durante o ato cirúrgico, na rinos-
copia posterior18,19
e na endoscopia nasal15,29
.
Holmberg e Linder-Aronson14
concluíram
que a radiografia cefalométrica lateral prove-
ria resultados satisfatórios sobre as dimensões
da nasofaringe. Entretanto, Vig28
enviou uma
carta aos autores questionando esse resultado
e dizendo que a radiografia cefalométrica não
era adequada para avaliar o espaço aéreo na-
sofaríngeo. Todavia, o trabalho desses autores
contou com uma amostra de 162 crianças, o
que é considerado uma amostra relativamente
grande, onde encontraram nas radiografias ce-
falométricas valores para o tamanho das ade-
noides laterais bem próximos dos achados clí-
nicos feitos numa rinoscopia posterior, o que é
um resultado bastante interessante.
A avaliação radiográfica além de ser o meio
de diagnóstico mais utilizado na literatura mé-
dica para avaliar a hipertrofia adenoideana, tam-
bém é o método mais usado no planejamento do
tratamento ortodôntico do paciente. Entretanto,
o médico normalmente utiliza a radiografia de
cavum e o ortodontista a cefalométrica lateral.
Ambas são radiografias feitas em norma lateral,
porém a cefalométrica é padronizada através do
uso de um cefalostato, para estabilizar a cabeça
do paciente. Na radiografia de cavum, a ausên-
cia do cefalostato durante a tomada radiográfi-
ca permite que o paciente altere a posição da
cabeça, o que requer do técnico mais atenção
durante sua realização. De acordo com Oliveira,
Anselmo-Lima e Souza25
, uma pequena altera-
ção no posicionamento da cabeça do paciente
no momento do exame radiológico poderá ge-
rar importantes mudanças nas distâncias entre
as estruturas envolvidas para análise do grau de
obstrução do espaço aéreo nasofaringeano. Des-
ta forma, tal falta de padronização impede o or-
todontista de usar a radiografia de cavum, pois
as análises de medição usadas nessa técnica não
seriam fidedignas.
Contudo, o resultado do presente estudo
mostra que os otorrinolaringologistas têm pou-
co conhecimento da técnica cefalométrica, já
que apenas 2 dos 12 entrevistados conheciam
esse método radiográfico. É importante frisar
que, quando comparadas as duas técnicas, a
maioria escolheu como melhor a visualização
do espaço aéreo nasofaríngeo e da adenoide na
radiografia cefalométrica (49,4% e 48,9%, res-
pectivamente) e aproximadamente um quarto
não viu diferença entre as duas técnicas (27,8%
e 27,2%, respectivamente). Isso mostra que os
otorrinolaringologistas poderiam utilizar a mes-
ma radiografia utilizada pelos ortodontistas, sem
precisar submeter os pacientes a uma segunda
radiografia, já que a maior parte do tratamento
de respiradores bucais é multidisciplinar e en-
volve o ortodontista e o otorrinolaringologista.
Araújo Neto et al.1
afirmam que, devido à
variedade e à complexidade dos métodos de
mensuração preconizados para o diagnóstico
radiográfico da adenoide, muitos radiologistas
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas
e.8
preferem usar a análise subjetiva. Entretanto,
esse trabalho mostrou que a análise subjetiva
tem baixa correlação com a análise de medição
feita, o que mostra que a avaliação subjetiva
não é precisa. Foi encontrado que existe mui-
ta divergência entre os otorrinolaringologistas
quando fazem a classificação do tamanho do
espaço aéreo nasofaríngeo e adenoides pelo
método visual, o que sugere que a mesma ra-
diografia poderia ter diagnósticos diferentes
dependendo de quem está fazendo a análise. O
diagnóstico seria mais fidedigno se os profissio-
nais se acostumassem a utilizar algum método
de medição em sua rotina.
Nesse estudo a análise do espaço aéreo na-
sofaringeano foi baseada no trabalho de Schu-
lhof26
, pois esse método reúne quatro medidas
de diferentes pesquisadores. Foi utilizado o lau-
do computadorizado da análise do espaço aéreo
nasofaringeano, uma vez que esse não exclui os
conhecimentos básicos dos métodos de anato-
mia, além de diminuir as possibilidades de er-
ros, conforme observado por David e Castilho7
.
Para avaliar o erro do método intraoperador foi
utilizado o índice Kappa, que demonstrou um
nível de concordância excelente. Esse resultado
era esperado devido ao fato de o profissional ser
um especialista em radiologia odontológica com
mais de 5 anos de experiência.
No que se refere aos dados obtidos através
da avaliação do espaço aéreo nasofaringeano,
as médias das variáveis estavam dentro dos
padrões de respiradores nasais12,18,26
. Porém, o
objetivo principal do presente trabalho não foi
verificar a presença ou não da hipertrofia ade-
noideana, sendo essas medidas feitas para ave-
riguar se o método visual usado pelos otorrino-
laringologistas era compatível com os resulta-
dos encontrados ao se medir essas estruturas.
Entretanto, existem diversos outros mé-
todos de medição descritos na literatura que
o profissional pode utilizar, de acordo com o
que ele achar mais fácil e de melhor qualidade.
Wormald e Prescott30
compararam os métodos
mais utilizados quando usando a radiografia de
cavum — que são os de Johanneson, Fujioka,
Crepeau, e Cohen e Konak — e encontraram que
o método radiográfico de Cohen e Konak teve o
resultado mais significativo e a melhor eficiência,
embora a padronização deficiente da radiografia
de cavum possa comprometer as medições.
Já se a radiografia cefalométrica for utiliza-
da, existem o método de McNamara22
e o de
Schulhof26
. Os trabalhos avaliando esses mé-
todos são antagônicos, Kluemper, Vig e Vig17
concluíram que as duas análises são fracos indi-
cadores de impedimento nasal quando compa-
radas aos resultados clínicos, porém não com-
pararam esses métodos com a tomografia com-
putadorizada, que seria o padrão-ouro ideal.
Seria interessante que os otorrinolaringolo-
gistas passassem a utilizar os métodos de me-
dição já existentes e, a partir das falhas des-
tes, começassem a desenvolver outros métodos
melhor elaborados, mais fidedignos e fáceis de
utilizar, que pudessem ser amplamente utiliza-
dos pelos profissionais e que padronizassem o
diagnóstico do tamanho do espaço aéreo naso-
faríngeo e das adenoides.
Levando-se em consideração que os otorri-
nolaringologistas preferiram a imagem da ra-
diografia cefalométrica em vez da de cavum,
eles deveriam considerar passar a utilizar essa
técnica, visando padronizar os exames solicita-
dos por eles e pelos ortodontistas e facilitar o
diálogo entre os mesmos, diminuindo o custo
e a radiação à qual o paciente seria submetido.
CONCLUSÕES
O presente estudo concluiu que, segundo
a amostra utilizada, os otorrinolaringologistas
não têm conhecimento da técnica da radio-
grafia cefalométrica e têm como hábito fazer
diagnóstico de obstrução do espaço aéreo naso-
faríngeo através da radiografia de cavum, sem
utilizar nenhum método de medição.
Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10
Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO
e.9
Quando avaliadas as duas técnicas sem es-
pecificar qual era a radiografia cefalométrica e
qual era a de cavum, os otorrinolaringologistas
escolheram, na maioria dos casos, a técnica ce-
falométrica lateral.
Quando comparada a avaliação visual com o
método de medição de Schulhof, foi visto que
havia baixa correlação entre os métodos.
Comparison between cavum and lateral cephalometric radiographs for the
evaluation of the nasopharynx and adenoids by otorhinolaryngologists
Abstract
Introduction: The lateral cephalometric as well as the cavum radiograph allow the evaluation of the nasopharyngeal
airway (NAW). Otorhinolaryngologists routinely use the cavum radiograph, even when the patient already has a lateral
cephalometric headfilm. Objectives: The aim of this study was to (a) acknowledge which exams otorhinolaryngolo-
gists use for the evaluation and measurement of the NAW; (b) evaluate if the otorhinolaryngologists are acquainted
to the cephalometric; (c) compare both radiographs to see which one is preferred to visualize the NAW and adenoids
and (d) correlate the visual analysis to the measuring method of Schulhof. Methods: For this purpose, the cephalo-
metric and the cavum radiographs of 15 mouth-breathing children were taken on the same day. These radiographs
were masked leaving only the NAW and the adenoids visible, and were blindly presented to 12 otorhinolaryngolo-
gists. They received the radiographs together with a questionnaire asking on their familiarity with the lateral cephalo-
metric, which exams are used for NAW and adenoid evaluation and if they use any method for measuring the NAW
obstruction level. They were also asked to visually classify the NAW and the adenoids according to their sizes into
small, medium and large. Results: The results demonstrated that all otorhinolaryngologists in the sample use the ca-
vum radiograph. Only one uses the cephalometric radiograph and two are familiar to this technique. The cephalomet-
ric was preferred by 49.4% of the otorhinolaryngologists, the cavum by 22.8% and 27.8% did not see any difference
between both methods. There was low correlation between the visual method and the Schulhof measuring method.
Keywords: Orthodontics. Otorhinolaryngology. Cavum radiograph. Cephalometric radiograph.
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Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas
e.10
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Enviado em: julho de 2008
Revisado e aceito: setembro de 2008
Endereço para correspondência
Rhita Cristina Cunha Almeida
Av. das Américas, 3434, bl. 5 sala 223 - Barra da Tijuca
CEP: 22.640-102 - Rio de Janeiro / RJ
E-mail: rhita.almeida@gmail.com
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  • 1. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 A r t i g o I n é d i t o e.1 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas Introdução: tanto a radiografia cefalométrica de perfil quanto a de cavum permitem a avalia- ção do espaço aéreo nasofaríngeo (EAN). Não é rara a solicitação dos otorrinolaringologistas de radiografia de cavum, mesmo o paciente possuindo uma cefalométrica. Objetivos: objetivou-se (a) conhecer quais exames os otorrinolaringologistas solicitam para avaliar o EAN; (b) verificar o conhecimento da cefalométrica por otorrinolaringologistas;(c) comparar a avaliação de otorrinola- ringologistas nas duas técnicas radiográficas para a medição e a visualização do EAN e da adenoide; (d) correlacionar os resultados do método de inspeção visual com os da medição de Schulhof. Métodos: foram obtidas, no mesmo dia, radiografias cefalométricas e de cavum de 15 pacientes respiradores bucais. Essas foram cobertas com papel cartão, deixando visível apenas o EAN e ade- noides e foram avaliadas por 12 otorrinolaringologistas. Estes respondiam sobre sua familiaridade com a cefalométrica, quais exames solicitam para visualizar EAN e adenoides e se utilizam algum método de medição do grau de obstrução. Avaliavam qual das radiografias apresentava a melhor visualização da adenoide e do EAN, e classificavam o tamanho dos mesmos em pequeno, médio ou grande, através de método visual. Resultados: os resultados demonstraram que todos os otor- rinolaringologistas costumam solicitar a radiografia de cavum.Apenas um solicita a cefalométrica, dois estão familiarizados com essa técnica e um utiliza algum método de medição do EAN.A ce- falométrica foi preferida por 49,4% dos otorrinolaringologistas, a de cavum por 22,8%, enquanto 27,8% não observaram diferença entre ambas. Foi encontrada baixa correlação entre o método de medição visual e o de Schulhof. Resumo Palavras-chave: Ortodontia. Otorrinolaringologia. Radiografia de cavum. Radiografia cefalométrica. * Doutorandos em Ortodontia na UERJ. ** Professora adjunta de Ortodontia da UERJ. *** Especialista em Otorrinolaringologia. **** Professor titular de Ortodontia da UERJ. Rhita Cristina Cunha Almeida*, Flavia Artese**, Felipe de Assis Ribeiro Carvalho*, Rachel Dias Cunha***, Marco Antonio de Oliveira Almeida****
  • 2. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas e.2 INTRODUÇÃO A respiração bucal é um problema funcional re- lativamente comum, uma vez que 85% das crian- ças sofrem de algum grau de insuficiência nasal, como revelado por testes funcionais, e 20% respi- ram pela boca20 . Os fatores que contribuem para o surgimento de uma respiração bucal podem ser de natureza obstrutiva ou decorrer de hábitos deleté- rios, como a sucção de dedo ou chupeta, podendo causar alterações no curso normal de crescimento e desenvolvimento craniofacial26 . Dentre os fatores obstrutivos, a adenoide é o mais comumente citado na literatura médica-odontológica9,18,25,27 . O tratamento de um paciente respirador bu- cal, por ter alterações funcionais e oclusais, exi- ge uma interação multidisciplinar, envolvendo o fonoaudiólogo, o otorrinolaringologista e o orto- dontista para que as causas da má oclusão sejam removidas, evitando, assim, prováveis recidivas13 . O ortodontista tem como exame de rotina, para traçar o plano de tratamento de seu paciente, a radiografia cefalométrica de perfil descrita por Broadbent4 . Essa radiografia é obtida de maneira padronizada, sendo sempre feita com a mesma posição da cabeça e com a mesma distância do feixe de radiação, assim permitindo que sejam fei- tas medições e que essas sejam comparadas nos diferentes tempos do tratamento. Muitos autores a consideram um exame simples, prático e de re- sultados satisfatórios para diagnosticar o tama- nho do espaço aéreo nasofaríngeo27 . Entretanto, a maior parte dos otorrinolaringologistas utiliza a radiografia de cavum para avaliação da nasofarin- ge3 , que é uma radiografia em norma lateral do crânio semelhante à radiografia cefalométrica de perfil, porém sem uma padronização tão rígida, e que fornece a imagem necessária para avaliar o tamanho do espaço aéreo nasofaríngeo, mas é ina- dequada para o planejamento ortodôntico. A falta de maior inter-relação entre as duas especialidades e de trabalhos científicos compa- rando as duas técnicas resulta num desconhe- cimento sobre qual radiografia teria a melhor visualização radiográfica e uma técnica de me- dição mais fidedigna, gerando, assim, a duplici- dade dessas radiografias. Gurgel et al.10 descreveram em seu trabalho que o diagnóstico da respiração bucal é feito através de exames especializados — como o exame clínico da bucofaringe, rinoscopia anterior, nasofibroscopia e otoscopia — e por exames complementares, que seriam os hematológicos, radiográficos e avaliação do estado geral do paciente. O exame radiográfico ao qual eles se referem é a radiografia de cavum. Holmberg e Linder-Aronson14 estudaram se as radiografias cefalométricas lateral e frontal se- riam úteis para avaliar a função respiratória nasal, e concluíram que: a lateral proveria resultados sa- tisfatórios sobre as dimensões da nasofaringe, e a frontal sobre a capacidade das vias aéreas nasais. Major et al.21 concluíram, em uma revisão sis- temática sobre a capacidade de diagnosticar hi- pertrofia adenoideana e obstrução do espaço na- sofaringeano através da radiografia cefalométrica, que existe uma boa correlação nos achados do tamanho da adenoide, mas a habilidade de diag- nosticar um espaço aéreo nasofaríngeo pequeno já não é tão boa. Explicam esse achado pelo fato de a adenoide ser uma estrutura anatômica mais simples do que a nasofaringe e, assim, perder me- nos informação quando transformada em ima- gem bidimensional. Alguns trabalhos têm sido feitos comparando a radiografia cefalométrica com a endoscopia naso- faringeana. Ianni Filho et al.15 compararam os dois métodos e concluíram que o exame radiográfico é importante no diagnóstico inicial das obstruções nasofaringeanas, mas que suas informações seriam limitadas; porém a endoscopia, apesar de fornecer mais informações, é um exame de difícil acesso. Já Vilella et al.29 encontraram resultados bem pró- ximos em relação ao tamanho anteroposterior da nasofaringe nos dois métodos, e sugeriram que, ao avaliar o modo respiratório da criança, deve ser feito não só exame clínico, mas também medidas cefalométricas do espaço nasofaringeano.
  • 3. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO e.3 A tomografia computadorizada também é usa- da no diagnóstico de obstrução da nasofaringe, sen- do um exame mais preciso, porém mais oneroso. Montgomery et al.23 descreveram que, após avaliar os resultados obtidos pela tomografia, fica claro o quanto o exame radiográfico é pobre em informa- ções. Os autores sugerem que a tomografia deve ser usada como padrão-ouro, mas que a radiografia ce- falométrica deve ser usada como ferramenta para determinar se um acompanhamento mais detalha- do é necessário ou não, lembrando que esse é um exame bidimensional e, portanto, limitado21 . A avaliação radiográfica, além de ser o primei- ro exame complementar de rotina para pacien- tes com suspeita de padrão respiratório bucal, é também o meio de diagnóstico mais utilizado na literatura médica e odontológica para avaliar hipertrofia adenoideana1 e alterações do espaço nasofaríngeo, aliada à anamnese e às observações clínicas do paciente7 . A técnica radiográfica cor- reta deverá ser sempre obedecida para minimizar as adversidades possíveis, como o mal posiciona- mento e a movimentação do paciente1 . O pacien- te deverá estar calmo, ereto, com a boca fechada, em inspiração, e a cabeça orientada no plano ho- rizontal em perfil absoluto1,24,25 . Araújo Neto et al.1 afirmaram que, devido à va- riedade e à complexidade dos métodos de mensu- ração preconizados para o diagnóstico radiográfico da adenoide, muitos radiologistas preferem usar a análise subjetiva. Dessa forma, uma análise visual da radiografia de cavum torna, na maioria das ve- zes, o diagnóstico impreciso. Existem vários métodos descritos para avaliar radiografias da nasofaringe e a interpretação de quando a adenoide está significativamente grande varia de autor para autor. Os métodos mais usados de medir a adenoide na radiografia de cavum são os de: Johannesson16 , Fujioka et al.8 , Crepeau et al.6 e Cohen e Konak5 . Já quando na utilização da radiografia cefalométrica, existem dois métodos de medição descritos na literatura: o método de McNamara22 e o de Schulhof26 . Como a respiração bucal é um problema mul- tidisciplinar tratado pelo ortodontista e pelo otor- rinolaringologista, quando ambos utilizam como exame complementar radiografias do crânio em normal lateral, torna-se necessária a comparação entre a radiografia cefalométrica lateral e a radio- grafia de cavum para tentar padronizar a docu- mentação solicitada ao paciente, fazendo com que esse faça apenas uma radiografia ao invés de duas, assim minimizando gastos e exposição à radiação. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar: (a) quais os exames que os otor- rinolaringologistas da amostra costumam solicitar para avaliar e medir o espaço aéreo nasofaríngeo; (b) a porcentagem de otorrinolaringologistas da amostra que conhece a radiografia cefalométrica de perfil; (c) a visualização, pelo otorrinolaringolo- gista, do espaço aéreo nasofaríngeo e da adenoide do respirador bucal nas radiografias de cavum e na radiografia cefalométrica de perfil; e (d) a corre- lação entre o método visual de análise do espaço aéreo nasofaríngeo e das adenoides e o método de medição de Schulhof26 . MATERIAL E MÉTODOS Para a elaboração desse trabalho, foi utilizada uma amostra de radiografias de crianças respira- doras bucais: para o levantamento dessa amostra foram examinadas, na cidade de Recife/PE, 150 crianças com idades entre 6 e 12 anos. Todas pas- saram por uma anamnese feita pelo mesmo exa- minador utilizando os critérios de inclusão na amostra, que eram: não estar utilizando aparelho ortodôntico, não fazer uso de qualquer medica- mento, não ter realizado a remoção cirúrgica da adenoide, não possuir qualquer anomalia congêni- ta e apresentar respiração bucal. Das 150 crianças, apenas 38 puderam ser in- cluídas na amostra de acordo com os critérios de inclusão. Foi solicitado aos pais ou responsáveis que assinassem um termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com a Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional
  • 4. A B Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas e.4 de Saúde, que rege os princípios sobre pesquisa envolvendo seres humanos, permitindo que as crianças participassem desse estudo. Entretanto, duas crianças não obtiveram o consentimento dos pais, resultando em um total de 36 crianças. As crianças foram, então, submetidas a exames clínicos intra e extrabucais pelo ortodontista e a uma avaliação fonoaudiológica para certificar-se de que todas as crianças eram respiradoras bucais. O exame fonoaudiológico constou de anam- nese e exame clínico. Na anamnese foram feitas perguntas sobre mastigação e deglutição, qual o tipo de alimento utilizado pelo paciente durante as refeições, tempo gasto durante a alimentação, existência de problemas gástricos e ingestão de líquidos; sono, se o paciente apresentava insônia, ronco e/ou sialorreia; a presença de algum hábi- to deletério; estado geral de saúde, se o paciente apresentava doenças respiratórias (asma, rinite, sinusite, bronquite), obstrução nasal, doenças con- gênitas (fissura labiopalatina, síndromes), dor na articulação temporomandibular, traumas na face e se foi submetido a alguma cirurgia. Além disso, foi feito um exame clínico que consistiu de uma observação dos lábios, língua, bochechas e aplicação de testes fonoaudiológicos para fala, respiração, mastigação e deglutição. Após toda a anamnese pronta, os pacientes fo- ram submetidos a dois exames radiográficos em um mesmo dia: radiografia cefalométrica de perfil (Fig. 1A) e radiografia de cavum (Fig. 1B). Se algu- ma criança, porventura, apresentasse um resfriado no dia marcado para o exame radiográfico, o exa- me era adiado para quando ela melhorasse. As tomadas radiográficas foram realizadas por um único operador com mais de 5 anos de expe- riência, técnico em radiologia odontológica. Para avaliar o erro do método intraoperador foi utiliza- do o índice Kappa, que demonstrou um nível de concordância excelente.As normas utilizadas para a tomada radiográfica foram as mesmas descritas por Broadbent4 em 1931. Figura 1 - Exemplo de radiografias cefalométrica de perfil (A) e de cavum (B) obtidas de um mesmo paciente respirador bucal, no mesmo dia.
  • 5. Po So S Ba AD1ENP AD AD2 Or Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO e.5 As radiografias de cavum também foram realizadas por um único operador, técnico em radiologia médica. As normas utilizadas para a tomada radiográfica foram as descritas por Bon- trager3 em 2003, e algumas foram ajustadas para esse estudo, como a respiração do paciente, área de incidência do feixe de raios-X e a distância focal do aparelho de raios-X. Foram, então, selecionadas radiografias de 15 pacientes com idades mais próximas a 10 anos e com tamanhos de espaço aéreo nasofaringeano diferentes, classificados como pequeno, médio ou grande de acordo com a análise de Schulhof26 (Fig. 2), resultando num total de 30 radiografias. Essa seleção foi feita para diminuir o tempo gasto pelos otorrinolaringologistas participantes da pesquisa, buscando maior cooperação dos mesmos. Essas radiografias foram incluídas em envelopes de papel-cartão preto onde foram cortadas áreas para que a única região visível da radiografia fos- se o espaço aéreo nasofaríngeo e a adenoide. Dessa forma, os examinadores não sabiam qual era a ra- diografia de cavum e qual era a radiografia cefalo- métrica de perfil. Isso foi feito para que não hou- vesse nenhuma tendência do avaliador em escolher a imagem que estivesse mais habituado a utilizar. Elas foram denominadas radiografia A (cavum) e radiografia B (cefalométrica). Foi solicitado, então, a 12 otorrinolaringologistas residentes da cidade do Rio de Janeiro, com no mínimo dois anos de experiência clínica, que avaliassem as radiografias comparando-as e respondendo aos questionários. O examinador recebia, então, as radiografias junto a uma carta de apresentação do projeto, um questionário único e um questionário elabora- do para avaliação de cada par de radiografias. No questionário único havia perguntas sobre a familia- ridade do otorrinolaringologista com a técnica da radiografia cefalométrica, sobre quais exames ele costuma solicitar para visualizar o espaço aéreo na- sofaríngeo e as adenoides, e se utiliza algum méto- do de medição do grau de obstrução. Esse questio- nário único tinha como objetivo avaliar a amostra. No questionário para avaliação das radiografias havia perguntas sobre qual das duas tem a melhor qualidade na visualização da adenoide e do espa- ço aéreo nasofaríngeo, e, ainda, solicitava para que classificasse, através de método visual, o tamanho da adenoide e do espaço aéreo nasofaríngeo em P (pequeno), M (médio) ou G (grande). Para tratamento estatístico, foi utilizada uma distribuição binomial para calcular qual das ra- diografias era preferida pelos otorrinolaringolo- gistas para visualização de adenoide e do espaço aéreo nasofaríngeo, com frequências absolutas e relativas das preferências dos profissionais em relação às duas técnicas radiográficas diferentes. Para avaliar a correlação entre os resultados do método visual com os resultados do método de Figura 2 - Esquema representativo da análise de Schulhof: o 1º fator, representado em vermelho, corresponde à porcentagem da via aérea ocupada pelo tecido adenoideano na área da nasofaringe de Handelman e Osborne,; o 2º fator, representado em azul, seria a distância do ponto AD1 à espinha nasal posterior de Linder-Aronson e Henrikson, o 3º fator, em verde, seria a distância linear do ponto AD2 à espinha nasal posterior de Linder-Aronson e Henrikson; e o 4º fator, representado em amarelo, corresponde à distância linear do ponto AD a um ponto da linha vertical pterigoide 5mm acima da espinha nasal posterior de Ricketts26 .
  • 6. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas e.6 medição de Schulhof, foram calculados valores de concordância percentual e Kappa entre os di- ferentes métodos para os dois desfechos radio- gráficos em 180 diagnósticos. RESULTADOS A primeira parte do questionário teve como objetivo caracterizar quais exames os otorrinola- ringologistas da amostra costumam solicitar para visualizar o espaço aéreo nasofaríngeo e as adenoi- des, se esses usam ou não algum método de me- dição e se estão familiarizados com a técnica da radiografia cefalométrica. Esse questionário mostrou que a radiografia de cavum é a mais solicitada (100%), seguida pela endoscopia (83%), e que a cefalométrica só era utilizada por um otorrinolaringologista da amos- tra.Apenas 1 dos 12 otorrinolaringologistas utiliza algum método de medição para avaliação do grau de obstrução do espaço nasofaríngeo, enquanto apenas 2 dos 12 estão familiarizados com a téc- nica de radiografia cefalométrica de perfil como método de diagnóstico dessa obstrução. A preferência dos otorrinolaringologistas para visualização da adenoide e do espaço aéreo naso- faríngeo, quando comparadas as duas técnicas ra- diográficas, está descrita nas Tabelas 2 e 3, as quais apresentam as frequências absolutas e relativas das preferências dos profissionais em relação à ra- diografia de cavum e à radiografia cefalométrica. A Tabela 1 mostra a preferência na visualização da adenoide, sendo que 49,4% preferiram a técnica B (cefalométrica), 22,8% preferiram a A (cavum) e 27,8% não observaram diferenças entre ambas. Na avaliação da preferência para visualização do espa- ço aéreo nasofaríngeo, 48,9% preferiram a técnica B (cefalométrica), 23,9% preferiram a técnica A (cavum) e 27,2% não observaram diferença entre ambas (Tab. 2). A análise da Tabela 3 mostra valores de concor- dância entre a análise visual feita pelos otorrino- laringologistas quando analisando as radiografias, além dos valores encontrados utilizando o método de medição de Schulhof na medição da adenoide e do espaço aéreo nasofaríngeo, demonstrando ha- ver baixa correlação entre os métodos. Preferência N % Intervalo de Confiança de 95% Limite inferior Limite superior Técnica A 41 22,8 16,9% 29,6% Técnica B 89 49,4 41,9% 57,0% Ambas 50 27,8 21,4% 34,9% Total 180 100 tabela 1 - Frequências absolutas e relativas das preferências de otor- rinolaringologistas (n=12) para visualização das adenoides de crianças respiradoras bucais (n=15) em radiografias de cavum (técnica A) e em radiografias cefalométricas de perfil (técnica B). tabela 3 - Valores de concordância percentual e Kappa para otorrinolaringologistas (n=12) entre os métodos de inspeção visual e de medição de Schu- lhof para avaliar o tamanho das adenoides e do espaço aéreo nasofaríngeo de crianças respiradoras bucais (n=15). tabela 2 - Frequências absolutas e relativas das preferências de otor- rinolaringologistas (n=12) para visualização do espaço aéreo nasofarín- geo de crianças respiradoras bucais (n=15) em radiografias de cavum (técnica A) e em radiografias cefalométricas de perfil (técnica B). Preferência N % Intervalo de Confiança de 95% Limite inferior Limite superior Técnica A 43 23,9 17,9% 30,8% Técnica B 88 48,9 41,4% 56,4% Ambas 49 27,2 20,9% 34,3% Total 180 100 Desfecho Comparação Concordância observada Concordância esperada Kappa P-valor Adenoide Schulhof X visual Cavum 62,78% 60,19% 0,06 0,1756 Schulhof X visual cefalométrica 57,22% 59,81% -0,06 0,8194 EAN Schulhof X visual Cavum 36,67% 44,81% -0,14 0,9927 Schulhof X visual cefalométrica 37,78% 45,19% -0,13 0,9862
  • 7. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO e.7 DISCUSSÃO Considerando a grande controvérsia em se aceitar apenas os sinais clínicos como confir- matórios para o diagnóstico da respiração bu- cal, os profissionais das áreas médica e odonto- lógica utilizam exames complementares como coadjuvantes nesse diagnóstico. Apesar das suas limitações, os exames radio- gráficos são comumente os mais utilizados e os primeiros a serem solicitados no momento do diagnóstico. A partir do resultado dado pela ra- diografia é que o médico solicita ou não outros exames1,5,7,24,25 . A segurança dos métodos radiográficos para a avaliação do espaço aéreo nasofaringe- ano tem sido questionada devido à visualiza- ção bidimensional e estática apresentada pelas radiografias, para avaliação de uma estrutura tridimensional e dinâmica. Vários trabalhos demonstram uma correlação significativa entre os resultados obtidos na avaliação radiográfica e os obtidos na avaliação clínica14 , nas observa- ções diretas durante o ato cirúrgico, na rinos- copia posterior18,19 e na endoscopia nasal15,29 . Holmberg e Linder-Aronson14 concluíram que a radiografia cefalométrica lateral prove- ria resultados satisfatórios sobre as dimensões da nasofaringe. Entretanto, Vig28 enviou uma carta aos autores questionando esse resultado e dizendo que a radiografia cefalométrica não era adequada para avaliar o espaço aéreo na- sofaríngeo. Todavia, o trabalho desses autores contou com uma amostra de 162 crianças, o que é considerado uma amostra relativamente grande, onde encontraram nas radiografias ce- falométricas valores para o tamanho das ade- noides laterais bem próximos dos achados clí- nicos feitos numa rinoscopia posterior, o que é um resultado bastante interessante. A avaliação radiográfica além de ser o meio de diagnóstico mais utilizado na literatura mé- dica para avaliar a hipertrofia adenoideana, tam- bém é o método mais usado no planejamento do tratamento ortodôntico do paciente. Entretanto, o médico normalmente utiliza a radiografia de cavum e o ortodontista a cefalométrica lateral. Ambas são radiografias feitas em norma lateral, porém a cefalométrica é padronizada através do uso de um cefalostato, para estabilizar a cabeça do paciente. Na radiografia de cavum, a ausên- cia do cefalostato durante a tomada radiográfi- ca permite que o paciente altere a posição da cabeça, o que requer do técnico mais atenção durante sua realização. De acordo com Oliveira, Anselmo-Lima e Souza25 , uma pequena altera- ção no posicionamento da cabeça do paciente no momento do exame radiológico poderá ge- rar importantes mudanças nas distâncias entre as estruturas envolvidas para análise do grau de obstrução do espaço aéreo nasofaringeano. Des- ta forma, tal falta de padronização impede o or- todontista de usar a radiografia de cavum, pois as análises de medição usadas nessa técnica não seriam fidedignas. Contudo, o resultado do presente estudo mostra que os otorrinolaringologistas têm pou- co conhecimento da técnica cefalométrica, já que apenas 2 dos 12 entrevistados conheciam esse método radiográfico. É importante frisar que, quando comparadas as duas técnicas, a maioria escolheu como melhor a visualização do espaço aéreo nasofaríngeo e da adenoide na radiografia cefalométrica (49,4% e 48,9%, res- pectivamente) e aproximadamente um quarto não viu diferença entre as duas técnicas (27,8% e 27,2%, respectivamente). Isso mostra que os otorrinolaringologistas poderiam utilizar a mes- ma radiografia utilizada pelos ortodontistas, sem precisar submeter os pacientes a uma segunda radiografia, já que a maior parte do tratamento de respiradores bucais é multidisciplinar e en- volve o ortodontista e o otorrinolaringologista. Araújo Neto et al.1 afirmam que, devido à variedade e à complexidade dos métodos de mensuração preconizados para o diagnóstico radiográfico da adenoide, muitos radiologistas
  • 8. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas e.8 preferem usar a análise subjetiva. Entretanto, esse trabalho mostrou que a análise subjetiva tem baixa correlação com a análise de medição feita, o que mostra que a avaliação subjetiva não é precisa. Foi encontrado que existe mui- ta divergência entre os otorrinolaringologistas quando fazem a classificação do tamanho do espaço aéreo nasofaríngeo e adenoides pelo método visual, o que sugere que a mesma ra- diografia poderia ter diagnósticos diferentes dependendo de quem está fazendo a análise. O diagnóstico seria mais fidedigno se os profissio- nais se acostumassem a utilizar algum método de medição em sua rotina. Nesse estudo a análise do espaço aéreo na- sofaringeano foi baseada no trabalho de Schu- lhof26 , pois esse método reúne quatro medidas de diferentes pesquisadores. Foi utilizado o lau- do computadorizado da análise do espaço aéreo nasofaringeano, uma vez que esse não exclui os conhecimentos básicos dos métodos de anato- mia, além de diminuir as possibilidades de er- ros, conforme observado por David e Castilho7 . Para avaliar o erro do método intraoperador foi utilizado o índice Kappa, que demonstrou um nível de concordância excelente. Esse resultado era esperado devido ao fato de o profissional ser um especialista em radiologia odontológica com mais de 5 anos de experiência. No que se refere aos dados obtidos através da avaliação do espaço aéreo nasofaringeano, as médias das variáveis estavam dentro dos padrões de respiradores nasais12,18,26 . Porém, o objetivo principal do presente trabalho não foi verificar a presença ou não da hipertrofia ade- noideana, sendo essas medidas feitas para ave- riguar se o método visual usado pelos otorrino- laringologistas era compatível com os resulta- dos encontrados ao se medir essas estruturas. Entretanto, existem diversos outros mé- todos de medição descritos na literatura que o profissional pode utilizar, de acordo com o que ele achar mais fácil e de melhor qualidade. Wormald e Prescott30 compararam os métodos mais utilizados quando usando a radiografia de cavum — que são os de Johanneson, Fujioka, Crepeau, e Cohen e Konak — e encontraram que o método radiográfico de Cohen e Konak teve o resultado mais significativo e a melhor eficiência, embora a padronização deficiente da radiografia de cavum possa comprometer as medições. Já se a radiografia cefalométrica for utiliza- da, existem o método de McNamara22 e o de Schulhof26 . Os trabalhos avaliando esses mé- todos são antagônicos, Kluemper, Vig e Vig17 concluíram que as duas análises são fracos indi- cadores de impedimento nasal quando compa- radas aos resultados clínicos, porém não com- pararam esses métodos com a tomografia com- putadorizada, que seria o padrão-ouro ideal. Seria interessante que os otorrinolaringolo- gistas passassem a utilizar os métodos de me- dição já existentes e, a partir das falhas des- tes, começassem a desenvolver outros métodos melhor elaborados, mais fidedignos e fáceis de utilizar, que pudessem ser amplamente utiliza- dos pelos profissionais e que padronizassem o diagnóstico do tamanho do espaço aéreo naso- faríngeo e das adenoides. Levando-se em consideração que os otorri- nolaringologistas preferiram a imagem da ra- diografia cefalométrica em vez da de cavum, eles deveriam considerar passar a utilizar essa técnica, visando padronizar os exames solicita- dos por eles e pelos ortodontistas e facilitar o diálogo entre os mesmos, diminuindo o custo e a radiação à qual o paciente seria submetido. CONCLUSÕES O presente estudo concluiu que, segundo a amostra utilizada, os otorrinolaringologistas não têm conhecimento da técnica da radio- grafia cefalométrica e têm como hábito fazer diagnóstico de obstrução do espaço aéreo naso- faríngeo através da radiografia de cavum, sem utilizar nenhum método de medição.
  • 9. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Almeida RCC, Artese F, Carvalho FAR, Cunha RD, Almeida MAO e.9 Quando avaliadas as duas técnicas sem es- pecificar qual era a radiografia cefalométrica e qual era a de cavum, os otorrinolaringologistas escolheram, na maioria dos casos, a técnica ce- falométrica lateral. Quando comparada a avaliação visual com o método de medição de Schulhof, foi visto que havia baixa correlação entre os métodos. Comparison between cavum and lateral cephalometric radiographs for the evaluation of the nasopharynx and adenoids by otorhinolaryngologists Abstract Introduction: The lateral cephalometric as well as the cavum radiograph allow the evaluation of the nasopharyngeal airway (NAW). Otorhinolaryngologists routinely use the cavum radiograph, even when the patient already has a lateral cephalometric headfilm. Objectives: The aim of this study was to (a) acknowledge which exams otorhinolaryngolo- gists use for the evaluation and measurement of the NAW; (b) evaluate if the otorhinolaryngologists are acquainted to the cephalometric; (c) compare both radiographs to see which one is preferred to visualize the NAW and adenoids and (d) correlate the visual analysis to the measuring method of Schulhof. Methods: For this purpose, the cephalo- metric and the cavum radiographs of 15 mouth-breathing children were taken on the same day. These radiographs were masked leaving only the NAW and the adenoids visible, and were blindly presented to 12 otorhinolaryngolo- gists. They received the radiographs together with a questionnaire asking on their familiarity with the lateral cephalo- metric, which exams are used for NAW and adenoid evaluation and if they use any method for measuring the NAW obstruction level. They were also asked to visually classify the NAW and the adenoids according to their sizes into small, medium and large. Results: The results demonstrated that all otorhinolaryngologists in the sample use the ca- vum radiograph. Only one uses the cephalometric radiograph and two are familiar to this technique. The cephalomet- ric was preferred by 49.4% of the otorhinolaryngologists, the cavum by 22.8% and 27.8% did not see any difference between both methods. There was low correlation between the visual method and the Schulhof measuring method. Keywords: Orthodontics. Otorhinolaryngology. Cavum radiograph. Cephalometric radiograph. 1. Araújo Neto AS, Queiroz SM, Baracat ECE, Pereira IMR. A avaliação radiográfica da adenóide em crianças: métodos de mensuração e parâmetros da normalidade. Radiol Bras. 2004;37(6):445-8. 2. Balbani APS, Weber SAT, Montovani LC. Atualização em síndrome da apnéia obstrutiva do sono na infância. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005 jan-fev;71(1):74-80. 3. Bontrager KL. Crânio e ossos do crânio. In: Bontrager KL. Textbook of radiographic positioning and related anatomy. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. cap.12, p. 353-76. 4. Broadbent BH. A new X-ray technique and its application to orthodontic. Angle Orthod. 1931 Apr;1(2):45-66. 5. Cohen D, Konak S. The evaluation of radiographs of the nasoprahynx. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1985 Apr;10(2):73-8. 6. Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, Tetreault L. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982 Sep- Oct;90(5):548-54. 7. David AF, Castilho JCM. Estudo comparativo entre os Referências traçados manual e computadorizado da análise do espaço aéreo nasofaríngeo em radiografias cefalométricas laterais. Ortodontia. 1999 maio-ago;32(2):88-93. 8. Fujioka M, Young LW, Girdany BR. Radiographic evaluation of adenoidal size in children: adenoidal-nasopharyhgeal ratio. Am J Roentgenol. 1979 Sep;133(3):401-4 9. Gonçalves M, Haiter Neto F, Gonçalves A, Almeida SM. Avaliação radiográfica da cavidade nasofaríngea em indivíduos com idades entre quatro e dezoito anos. Rev Odontol Univ São Paulo. 1996 jan-mar;10(1):1-7. 10. Gurgel JA, Almeida RR, Dell’Aringa AR, Marino VCC. A terapia multidisciplinar no tratamento da respiração bucal e do hábito prolongado de sucção digital ou de chupeta. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2003 maio-jun;8(3):81-91. 11. Gurley WH, Vig PS.A technique for the simultaneous measurement of nasal and oral respiration. Am J Orthod. 1982 Jul;82(1):33-41. 12. Handelman CS, Osborne G. Growth of the nasopharynx and adenoid development from one to eighteen years. Angle Orthod 1976;46:243-59.
  • 10. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):32.e1-10 Comparação entre a radiografia de cavum e a cefalométrica de perfil na avaliação da nasofaringe e das adenoides por otorrinolaringologistas e.10 21. Major MP, Flores-Mir C, Major PW.Assessment of lateral cephalometric diagnosis of adenoid hypertrophy and posterior upper airway obstruction: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006 Dec;130(6):700-8. 22. McNamara JA. Influence of respiratory pattern on craniofacial growth. Angle Orthod. 1981 Oct;51(4):269-300. 23. Montgomery WM, Vig PS, Staab EV, Matteson SR. Computed tomography: a three-dimensional study of the nasal air way. Am J Orthod. 1979 Oct;76(4):363-75. 24. Nascimento J. Técnica radiológica do cavum. In: Nascimento J. Temas de técnicas radiológicas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Companhia Brasileira de Filmes Sakura; 1984. cap. 8, p. 91-3. 25. Oliveira RC, Anselmo-Lima WT, Souza BB. A importância da nasofibroscopia na presença do RX Cavum normal para diagnóstico da hiperplasia adnoideana. Rev Bras Otorrinolaringol. 2001 jul-ago;67(4):499-505. 26. Schulhof RJ. Consideration of airway in Orthodontics. J Clin Orthod. 1978 Jun;12(6):440-4. 27. Subtelny JD. The significance of adenoid tissue in orthodontia. Angle Orthod. 1954 Apr; 24(2):59-69. 28. Vig PS. Letter to the editor. Am J Orthod. 1975 Feb;67 (2):139-58. 29. Vilella OV, Vilella BS, Karsten A, Ianni Filho D, Monteiro AA, Koch HA, et al. Evaluation of the nasopharyngeal free airway space based on lateral cephalometric radiographs and endoscopy. Orthodontics. 2004;1(3):215-23. 30. Wormald PJ, Prescott CAJ. Adenoids: comparison of radiological assessment methods with clinical and endoscopic findings. J Laryngol Otol. 1992 Apr;106(4):342-4. Enviado em: julho de 2008 Revisado e aceito: setembro de 2008 Endereço para correspondência Rhita Cristina Cunha Almeida Av. das Américas, 3434, bl. 5 sala 223 - Barra da Tijuca CEP: 22.640-102 - Rio de Janeiro / RJ E-mail: rhita.almeida@gmail.com 13. Harvold EP, Tomer BS, Vargervik K, Chierici G. Primate experiments on oral respiration. Am J Orthod. 1981 Apr;79(4):359-72. 14. Holmberg H, Linder-Aronson S. Cephalometric radiographs as a means of evaluating the capacity of the nasal and nasopharyngeal airway. Am J Orthod. 1979 Nov;76(5):479-90. 15. Ianni Filho D, Ravelli DB, Loffredo LCM, Gandini Júnior LG. Comparação entre endoscopia nasofaringeana e telerradiografia cefalométrica lateral no diagnóstico da obstrução do espaço aéreo nasofaringeano. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2003 mar-abr;8(2):95-100. 16. Jóhannesson S. Roentgenologic investigation of the nasopharyngeal in children of different ages. Acta Radiol Diagn (Stockh). 1968 Jul;7(4):299-304. 17. Kluemper GT, Vig PS, Vig KW. Nasorespiratory characteristics and craniofacial morphology. Eur J Orthod. 1995 Dec;17(6):491-5. 18. Linder-Aronson S. Adenoids their effect on mode of breathing and nasal airflow and their relationship to characteristics of the facial skeleton and dentition. Acta Otolaryngol Suppl. 1970;265:1-132. 19. Linder-Aronson S, Henrikson CO. Radiocephalometric analysis of anteroposterior nasopharyngeal dimensions in 6 to 12 year-old mouth breathers compared with nose breathers. ORL J Otorhinolaryngol Relat Spec. 1973;35(1):19-29. 20. Lusvargui L. Identificando o respirador bucal. Rev Assoc Paul Cir Dent.1999 jul-ago;53(4):265-74.