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Introdução
                                            FILIPENSES
          Autoria
          Esta é uma das cartas mais pessoais de Paulo destinada à liderança de uma igreja. Desde os
        primórdios do cristianismo, essa carta faz parte do cânon neotestamentário, e desde os antigos
        eruditos até os teólogos da atualidade, há firme consenso sobre sua autoria paulina (1.1).
          Afinal, além de todos os fortes indícios internos de autenticidade, Paulo fundou a igreja de Filipos
        em sua segunda grande viagem missionária, sendo esta a primeira igreja a ser estabelecida por ele
        na Europa (At 16). Filipos era uma cidade pequena, fundada pelo rei Filipe da Macedônia, pai do
        famoso Alexandre, o Grande.
          Paulo desenvolveu um profundo amor paternal pelos irmãos da Igreja em Filipos, e sempre lhes
        confidenciava intimidades, desafios e projetos. Mesmo depois de haver cooperado financeiramente
        com Paulo por duas vezes antes de esta carta ser escrita (4.15,16), assim que a liderança da igreja
        tomou conhecimento de que o apóstolo fora aprisionado em Roma, decidiu enviar uma terceira e
        generosa oferta pelas mãos de um de seus santos líderes, Epafrodito (4.18).

           Propósitos
           Ainda que o principal objetivo de Paulo, nesta carta, seja agradecer de maneira entusiástica e
        formal a generosidade e amabilidade dos irmãos de Filipos, por mais uma vez haverem tirado de
        si para cooperar com as necessidades pessoais e ministeriais de Paulo em Roma (1.5; 4.10-19), o
        apóstolo aproveita a oportunidade para cumprir algumas outras funções importantes: a) fazer um
        relato geral das suas circunstâncias (1.12-26; 4.10-19). b) encorajar a Igreja em Filipos e outras que
        viriam a ler esse depoimento a se manterem firmes e inabaláveis, mesmo diante das mais severas
        perseguições. Paulo os exorta a se regozijarem nos sofrimentos por amor e fé em Cristo (1.27-30;
        4.4). c) estimulá-los a desenvolver relacionamentos fraternais sérios e permanentes a partir de
        um caráter humilde, dispostos a estabelecer um indestrutível senso de unidade (2.1-11; 4.2-5). d)
        formalizar a recomendação ministerial dos jovens servos Timóteo e Epafrodito à Igreja em Filipos,
        (2.19-30). e) advertir os filipenses e demais igrejas contra os judaizantes (legalistas), antinomistas
        (libertinos) e místicos (defensores de uma espécie de espiritismo judaico), que tentavam se infiltrar
        entre os irmãos para corromper a sã doutrina cristã.

           Data da primeira publicação
           O contexto histórico revela que esta carta de Paulo foi escrita quando o apóstolo estava preso.
        Alguns eruditos acreditam que esse encarceramento ocorreu em Éfeso, outros afirmam que aconte-
        ceu em Cesaréia. Contudo, as análises e estudos mais aceitos dão conta de que Paulo estava preso
        em Roma, por volta do ano 61 d.C., quando escreveu e enviou esta carta à comunidade cristã dos
        filipenses. Essa interpretação histórica corresponde ao tempo de prisão domiciliar vivido pelo após-
        tolo, que fora registrado em At 28.14-31. Portanto, quando Paulo escreve aos filipenses não estava
        numa masmorra ou calabouço, como ocorreu em Mamertima – onde ficou detido quando escreveu
        sua segunda carta a Timóteo – mas numa casa alugada, sob a diuturna vigia de uma guarda especial
        de oficiais romanos (1.13).

          Esboço geral de Filipenses
                 1.  Saudação e ação de graças, e orações pelos amados filipenses (1.3-11)
                 2.  A maior razão de Paulo para continuar vivo é Cristo (1.12 – 4.1)
                  A. Essa é a motivação para pregar sempre e a todos (1.12,13)
                  B. Mesmo preso Paulo ensina e evangeliza em Roma (1.14)
                  C. A atitude de Paulo reflete o Espírito de Cristo (1.15-18)
                  D. Querer estar com Cristo, mas viver pelos irmãos (1.19-26)
                  E. Todo o sentido da vida reside em Jesus (1.27 – 2.30)




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        F. Um estilo de vida de acordo com o Evangelho (1.27-30)
                   G. Agir como Jesus agiria em cada situação (2.1-18)
                   H. Timóteo e Epafrodito são exemplos de servos (2.19-30)
                   I. Não há nada que se compare a conhecer a Cristo (3.1-11)
                   J. É sempre preciso crescer e amadurecer mais (3.12-16)
                   K. Inimigos da Cruz x Amigos de Jesus (3.17 – 4.1)
                  3.  Exortações finais (4.2-23)
                   A. Chamado à unidade cristã e à concórdia (4.2-9)
                   B. Testemunho final e ação de graças (4.10-20)
                   C. Saudação final e bênção apostólica (4.21-23)




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Composição 175 lpi a 45 graus




          Diagrama do Conteúdo de Filipenses
                  Alvo               Alegria na Vontade de Deus Descanso na Paz de Deus




                                                                                                                                                                      A Santidade dos Filipenses
                                       Paulo e a Igreja em Filipo




                                                                                                                                                                                                          Paulo Agradece a Oferta
                                                                                                                                  Os Erros dos Filipenses
                                                                                                           Timóteo e Epafrodito
                                                                                       A Vida em Cristo
                                                                    Paulo na Prisão
                   Capítulos




                                     1.1 / 1.11 1.12 / 1.26 1.27/2.18 2.19/2.30 3.1                                                                         4.1 4.2                                4.9 4.10                     4.21
                                                                                                            os




                                     Informação Apelo                                                                             Aviso Força Gratidão
                                                                                                          an
                                                                                                          Pl
                    Temas




                                      Regozijar Regozijar Regozijar                                                                                                    Regozijar
                                      na Aflição no Ministério em                                                                                                     nas Bênçãos
                                                               Cristo
                   Lugar




                                                                                      Carta Escrita em Roma
                    Época




                                                                                                   Cerca de 61 d.C.



     Tabela Abba 4Prova.prn
     C:SPRESS 4abba pressTabelasTabela Abba 4Prova.cdr
     sexta-feira, 23 de maio de 2008 16:37:10


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FILIPENSES
         Prefácio e saudações                                                que sinto de todos vós, com a terna mi-
         1   Paulo e Timóteo, servos de Cristo,
             a todos os santos em Cristo Jesus
         que estão com os bispos e diáconos em
                                                                             sericórdia de Cristo Jesus.
                                                                             9 E suplico isto em oração: que o vosso
                                                                             amor fraternal cresça cada vez mais no
         Filipos:1                                                           pleno conhecimento e em todo entendi-
         2 graça e paz a vós outros, da parte de                             mento,
         Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cris-                            10 a fim de que possais discernir o que é
         to.                                                                 melhor, para que vos torneis puros e irre-
                                                                             preensíveis até o dia de Cristo,
         Ação de graças e súplicas                                           11 plenos do fruto de justiça, fruto este
         3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes                             que vem por meio de Jesus Cristo, para
         que me recordo de vós.                                              glória e louvor de Deus.3
         4 Em todas as minhas súplicas em vosso
         benefício, sempre oro com alegria,                                  O sofrer e o avanço do Evangelho
         5 em razão da vossa cooperação na causa                             12 Desejo, portanto, irmãos, que saibais
         do Evangelho, desde o primeiro dia até                              que tudo o que me aconteceu tem, ao
         agora.2                                                             contrário, servido para o progresso do
         6 E estou plenamente convicto de que                                Evangelho,
         aquele que iniciou boa obra em vós, há                              13 de tal maneira a ficar evidente para
         de concluí-la até o Dia de Cristo Jesus.                            toda a guarda do palácio e para todos os
         7 Ora, é justo que eu me sinta assim a                              demais que é por causa de Cristo que es-
         respeito de todos vós, pois estais em meu                           tou na prisão.4
         coração, já que todos sois participantes                            14 E os irmãos, em sua maioria, motiva-
         comigo da graça, tanto nas correntes que                            dos no Senhor por minhas algemas, ou-
         me prendem, quanto na defesa e na con-                              sam pregar com mais coragem e deter-
         firmação do Evangelho.                                              minação a Palavra de Deus.
         8 Deus é minha testemunha, da saudade                               15 É verdade, contudo, que alguns procla-




           1 A primeira igreja cristã na Europa foi fundada na casa de Lídia, a partir de sua conversão, em Filipos, uma das principais
         colônias do Império Romano (chamada em latim de Colonia Augusta Philippensis), localizada na principal estrada (via Egnácia)
         que ligava as províncias orientais com a cidade de Roma. Na Igreja em Filipos, ministravam vários bispos (em grego episkopoi,
         que significa “supervisores” ou “presbíteros” – At 20.17-28), entre eles Lucas, o autor de um dos evangelhos e do livro de Atos
         dos Apóstolos (At 16.13-17; 20.6).
           2 O grande júbilo do apóstolo do Senhor era constatar que as igrejas recebiam suas cartas e conselhos como Palavra de Deus
         e se entregavam à prática do Evangelho (Rm 1.8; 1Co 1.4; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 2Tm 1.3; Fm 4). Paulo era agradecido a Deus
         pelo apoio permanente dos filipenses, desde seus primeiros discípulos (At 16.12) até agora, perto do final do seu primeiro perío-
         do de prisão em Roma (2.24; At 28.16-31). A palavra original grega koinonia, normalmente associada a idéia de “comunhão” ou
         “participação ativa no progresso de vida de alguém”, aqui tem o sentido de “cooperação generosa”. Paulo e a igreja dos filipenses
         “compartilhavam” as bênçãos e os sofrimentos pela causa de Cristo.
           3 O alvo dos cristãos é viver acima da mediocridade dos embaraços e da mistura com o mal, até a volta gloriosa de Cristo,
         quando todo o processo de salvação (que inclui regeneração, santificação e glorificação) será concluído (v.10; 2.16; 1Co 1.8; 5.5;
         2Co 1.14). É Deus quem toma a iniciativa da salvação, é Ele mesmo quem lhe dá continuidade e um dia a levará à consumação,
         quando os cristãos haverão de prestar contas dos seus atos na Terra, antes de usufruírem todos os benefícios da glória eterna
         com Cristo (2Co 5.10). Deus espera que os crentes demonstrem ao mundo uma vida verdadeiramente justa (Am 6.12; Mt 5.20-48;
         Hb 12.11; Tg 3.18; Gl 5.22), fruto este, produzido por Jesus Cristo, mediante a obra diária do Espírito Santo (Jo 15.5; Ef 2.10), com
         o objetivo maior de louvar e glorificar a Deus (Ef 1.6-14).
           4 Paulo soube, pelo poder do Espírito Santo em sua vida, transformar uma situação – aparentemente vexatória, humilhante e
         dolorosa – em grande testemunho e oportunidade para pregar o Evangelho aos soldados e oficiais da famosa guarda pretoriana
         que, em Roma, somava mais de 9000 homens.




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FILIPENSES 1                                                  1796

        mam a Cristo por inveja e rivalidade, po-                           23 Sinto-me conclamado pelos dois la-
        rém outros o fazem com boas intenções.                              dos: desejo partir e estar com Cristo, o
        16 Estes o fazem por amor, conscientes de                           que é infinitamente melhor;7
        que fui posto aqui para defesa do Evan-                             24 mas, entendo que, por vossa causa, é
        gelho;                                                              mais necessário que eu permaneça no
        17 mas aqueles outros, anunciam Cristo                              corpo.
        apenas por ambição egoísta, sem sinceri-                            25 Portanto, imbuído dessa confiança,
        dade, imaginando que podem aumentar                                 creio que vou permanecer e continuar
        o sofrimento ocasionado por essas mi-                               com todos vós, para o vosso progresso e
        nhas algemas.                                                       alegria na fé,
        18 Todavia, que importa? O importante é                             26 a fim de que, pela minha presença,
        que de qualquer forma, seja por motivos                             uma vez mais a vosso louvor e glória
        escusos ou nobres, Cristo está sendo pro-                           em Cristo Jesus transborde por minha
        clamado, e por isso me alegro. Em verda-                            causa.
        de, sempre me alegrarei!5
                                                                            A unidade dos crentes em Cristo
        A bênção de viver com Cristo                                        27 Portai-vos como cidadãos dignos do
        19 Pois estou certo de que o que se pas-                            Evangelho de Cristo, para que dessa
        sou comigo resultará em libertação para                             forma, quer eu vá e vos veja, quer tão-
        mim, graças às vossas súplicas e pelo so-                           somente ouça a vosso respeito em mi-
        corro do Espírito de Jesus Cristo.                                  nha ausência, tenha eu conhecimento
        20 Aguardo com ansiedade e grande es-                               de que permaneceis firmes num só es-
        perança, que em nada serei decepciona-                              pírito, combatendo unânimes em prol
        do; pelo contrário, com toda a intrepi-                             da fé evangélica,
        dez, tanto agora como em todos os dias,                             28 sem de maneira alguma vos deixardes
        Cristo será engrandecido no meu corpo,                              constranger por aqueles que se opõem à
        seja durante a vida, ou mesmo na hora                               vossa fé. Para eles, isso é sinal de perdi-
        da morte.6                                                          ção, entretanto, para vós, de salvação, e
        21 Porque para mim, o viver é Cristo e o                            isso vem da parte de Deus.
        morrer é lucro!                                                     29 Porquanto, por amor de Cristo vos foi
        22 Caso continue vivendo no corpo, cer-                             concedida a graça de não somente crer
        tamente apreciarei o fruto do meu labor.                            em Cristo, mas também de sofrer por
        Mas já não sei o que escolher.                                      Ele,8


           5 Muitos mestres cristãos reconheciam os verdadeiros motivos das perseguições, açoites e prisões de Paulo e pregavam o
        Evangelho ainda com mais amor, lealdade e bravura. Outros, porém, dando vazão à inveja que alimentavam contra o apóstolo,
        usavam esses fatos de forma fraudulenta e maldosa, com o propósito de destruir a reputação de Paulo e fazer prevalecer seus
        ensinos sobre Cristo, projetar suas próprias imagens e conquistar ambições meramente egoístas. Paulo usa a expressão grega
        “aumentar o sofrimento”, que significa literalmente “fricção”, numa figura de linguagem sugerida pelo “atrito” das algemas em
        suas mãos e pés. Contudo, o apóstolo do Senhor não se deixava deprimir, pois sabia que a Mensagem é sempre maior do que
        o mensageiro. Alegria é a palavra-chave dessa carta de Paulo, aparecendo no texto (como sinônimos, verbos e substantivos)
        mais de 15 vezes.
           6 Paulo tem absoluta certeza da sua “salvação” (tradução literal da palavra “libertação”) eterna em Cristo (Rm 8.28; Jó 13.16,18)
        e fé em seu livramento da prisão, por meio das orações dos filipenses e da vontade do Espírito Santo (v.25; 2.24).
           7 A fonte de inspiração e alegria de viver de Paulo era a presença do Deus vivo em sua alma por intermédio do Espírito Santo
        de Cristo. Todos os cristãos sinceros gozam desse mesmo privilégio e, por isso, devem aprender a ouvir e a seguir os conselhos
        do Espírito Santo, a fim de sentirem as mesmas alegrias e consolações de Paulo. As circunstâncias adversas e o sofrimento são
        tentações para que desistamos do Evangelho, e, assim, deixemos de fazer o que sabemos que é correto. Entretanto, Paulo nos
        ensina a perseverar pela fé e nos regozijarmos em Cristo, mantendo nosso testemunho durante todo o tempo em que estivermos
        nessa Terra. Paulo afirma objetivamente, que ao fecharmos nossos olhos para esse mundo e abandonarmos esse corpo fraco e
        mortal, estaremos na presença de Cristo para sempre (2Co 5.6-8).
           8 A verdadeira vida cristã é constituída de fé, alegrias e sofrimentos; experiências oferecidas pelo Senhor aos seus filhos como
        bênçãos, jamais com maldições ou castigos, pois fomos chamados não apenas para crer, mas para sermos co-participantes




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1797                                           FILIPENSES 1, 2

         30considerando que estais passando pela                            prios interesses, mas igualmente pe-los
         mesma luta que me viram combater e                                 interesses dos outros.3
         agora ouvis que ainda enfrento.
                                                                            Cristo, sendo Deus, humilhou-se
         O humilde e fraterno amor cristão                                  5 Tende em vós o mesmo sentimento que


         2   Portanto, se por estarmos em Cristo,
             temos algum poder, algum encoraja-
         mento de amor, alguma comunhão no
                                                                            houve também em Cristo Jesus,
                                                                            6 o qual, tendo plenamente a natureza
                                                                            de Deus, não reivindicou o ser igual a
         Espírito, alguma profunda fraternidade                             Deus,4
         e compaixão,1                                                      7 mas, pelo contrário, esvaziou-se a si
         2 completai a minha alegria, tendo o                               mesmo, assumindo plenamente a forma
         mesmo modo de pensar, o mesmo amor,                                de servo e tornando-se semelhante aos
         um só espírito e uma só atitude.2                                  seres humanos.5
         3 Nada façais por rivalidade nem por vai-                          8 Assim, na forma de homem, humilhou-
         dade; pelo contrário, cada um considere,                           se a si mesmo, entregando-se à obediên-
         com toda a humildade, as demais pesso-                             cia até a morte, e morte de cruz.6
         as superiores a si mesmo.                                          9 Por isso, Deus também o exaltou so-
         4 Cada um zele, não apenas por seus pró-                           bremaneira à mais elevada posição e lhe



         dos sofrimentos que o próprio Cristo enfrentou e venceu (Mt 5.11,12; At 5.41; Tg 1.2; 1Pe 4.14). Os filipenses haviam visto o
         testemunho de Paulo e Silas, em sua primeira viagem a Filipos, quando foram presos por causa da proclamação verdadeira do
         Evangelho (At 16.19-40).
            Capítulo 2
            1 Segundo Paulo, ser salvo é estar com Cristo. É viver dia após dia em relacionamento íntimo (as entranhas eram consideradas
         a sede das emoções, assim como o coração em nossos dias) com o Espírito de Cristo, nosso Salvador (o Messias). A partir
         desse relacionamento, que amadurece e se aperfeiçoa constantemente, fluem todos os benefícios, aprendizados, experiências e
         frutos próprios da salvação (3.8-10; Rm 8.1; 2Co 5.17; Gl 2.20). A igreja em Filipos, de uma forma geral, demonstrava muitos dos
         aspectos da verdadeira vida cristã: encorajamento (exortação), comunhão (em grego koinonia, cujo sentido aqui tem a ver com
         uma “participação ativa na vitória do irmão sobre as dificuldades da vida”), afeição, solidariedade, compaixão e fraternidade (2Co
         13.14; Cl 3.12; Rm 5.8; 8.38,39; 1Jo 3.16; 4.9-16).
            2 Paulo reforça a importância dos crentes em Cristo serem unidos em torno do mesmo propósito principal: proclamar o ver-
         dadeiro Evangelho, o próprio Cristo. Não significa que todos os cristãos devam pensar igual sobre todos os assuntos, mas que
         deve haver humildade para aceitar as diferenças em prol de uma vida fraternal, harmoniosa e de mútua cooperação em todos os
         sentidos. Colocar em prática, nos relacionamentos, a “atitude” de Cristo (v.5; 4.2; Rm 12.16; 15.5; 2Co 13.11).
            3 Os maiores inimigos da unidade cristã são: o egoísmo, a vaidade pessoal e o “complexo messiânico” (a falsa idéia de que
         determinada pessoa foi chamada por Deus para resolver os problemas do mundo, e que todos lhe devem plena obediência;
         qualquer oposição às suas determinações é considerada como ataque do Inimigo). Considerar os outros “superiores a si” não
         significa desenvolver um sentimento de inferioridade, baixa auto-estima ou pieguice, mas, sim, – por amor cristão – considerar o
         próximo digno de toda deferência e atendimento preferencial (Rm 12.10; 15.1; Gl 5.13; Ef 5.21; 1Pe 5.5).
            4 Paulo traduz para o grego um antigo hino aramaico (vv.6-11), adaptando seus versos à teologia que está ensinando à Igreja:
         Cristo é Deus; eles, juntamente com o Espírito Santo são a mesma pessoa com funções diferentes. O contraste entre o primeiro
         homem (Adão) e o Segundo (Jesus) é evidenciado pelo apóstolo. Adão (como toda a sua descendência) sentiu o desejo de
         ser “como Deus” (Gn 3.5) e cedeu à tentação (desobediência) de usurpar essa posição (que também é o objetivo de Satanás).
         Em contraste, Jesus Cristo não se apegou egoisticamente aos seus atributos e privilégios divinos, mas aceitou com humilde
         resignação a vontade do Pai, como única possibilidade da raça humana ser absolvida da condenação eterna, e entregou-se à
         dor e ao vexame da morte de cruz.
            5 Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente humano. Esse é um dos conceitos basilares do NT (especialmente da
         teologia de Paulo) e da fé cristã. Jesus não perdeu ou renunciou aos seus atributos divinos, como a onisciência, onipotência
         e onipresença. Porém, para que Ele pudesse nascer e viver na Terra como “verdadeiro homem”, voluntariamente, escolheu o
         caminho da humilhação (ao contrário de Lúcifer e de Adão), e assumiu plenamente a natureza humana de “filho e servo de Deus”,
         depositando toda a sua glória natural nas mãos de Deus Pai (Jo 1.14; 17.5-24; Lc 9.32; Rm 8.3; Hb 2.17).
            6 A maneira como Jesus se humilhou, obedecendo como perfeito servo até o momento mais horrível da vida humana: a
         morte, exemplifica a total dependência e reverência que um ser absolutamente livre pode ter em relação a Deus. Jesus foi
         além, não apenas se entregando à morte, mas passando pelos sofrimentos físicos, emocionais e espirituais de ver sua criação
         submetê-lo ao mais cruel e humilhante dos aniquilamentos: a morte de cruz, como um criminoso amaldiçoado (2Co 8.9; Hb
         5.7,8; Gl 3.13; Hb 12.2).




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FILIPENSES 2                                                 1798

        deu o Nome que está acima de qualquer                              17 Contudo, ainda que a minha vida
        outro nome;                                                        esteja sendo derramada como oferta
        10 para que ao Nome de Jesus se dobre                              juntamente com o sacrifício e o serviço
        todo joelho, dos que estão nos céus, na                            provenientes da vossa fé, alegro-me e me
        terra e debaixo da terra,                                          congratulo com todos vós.
        11 e toda a língua confesse que Jesus Cris-                        18 E, pelo mesmo motivo, alegrai-vos e
        to é o Senhor, para a glória de Deus Pai.7                         acompanhai-me neste júbilo!11

        Os cristãos devem resplandecer                                     Paulo envia homens de Deus
        12 Sendo assim, meus amados, como sem-                             19 Tenho esperança no Senhor Jesus de
        pre obedecestes, não somente na minha                              que, em breve, vos poderei enviar Timó-
        presença, porém muito mais agora na mi-                            teo, para que eu também me anime, rece-
        nha ausência, colocai em prática a vossa                           bendo notícias vossas.
        salvação com reverência e temor a Deus,                            20 Pois não tenho ninguém que tenha
        13 pois é Deus quem produz em vós tanto                            esse mesmo sentimento, que sincera-
        o querer como o realizar, de acordo com                            mente zele por vosso bem-estar.
        sua boa vontade.8                                                  21 Porquanto, todos procuram cuidar
        14 Fazei tudo sem murmurações nem                                  apenas de seus próprios interesses, e não
        contendas;                                                         se dedicam ao que é de Cristo Jesus.
        15 para que vos torneis puros e irrepreen-                         22 Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi
        síveis, filhos de Deus inculpáveis, vi-ven-                        aprovado porque serviu comigo na mi-
        do em um mundo corrompido e perver-                                nistração do Evangelho, como um filho
        so, no qual resplandeceis como grandes                             cooperando com seu pai.12
        astros no universo,9                                               23 Portanto, é ele quem espero vos enviar,
        16 retendo firmemente a Palavra da vida,                           tão logo tenha certeza sobre minha situ-
        para que, no dia de Cristo, eu tenha mo-                           ação,
        tivo de me gloriar no fato de que não foi                          24 tendo fé no Senhor que, em breve,
        inútil que corri e trabalhei.10                                    também eu poderei ir ter convosco.


           7 A ressurreição e exaltação de Deus é a resposta do Pai à sua obediência filial; é o verdadeiro “amém” de Deus ao “está con-
        sumado” do Filho. O Nome supremo é também o título: Senhor (em grego Kurios), termo usado na Septuaginta (a tradução grega
        do AT) para traduzir o nome de Deus (em hebraico Yahweh – Jeová). Deus concedeu ao Filho, Jesus Cristo, o lugar supremo de
        autoridade e majestade à mão direita do Pai (Mt 28.18; Jo 17.2; At 2.33; Is 45.23; Ef 1.21; Hb 1.4,5). Pela vontade soberana de
        Deus todas as pessoas do mundo, um dia, dobrarão seus joelhos diante de Cristo, e o reconhecerão como Senhor, quer volunta-
        riamente (como crentes salvos), quer não (Rm 14.9).
           8 A salvação é um processo no qual o primeiro milagre se dá com a regeneração imediata da nossa alma, no momento preciso
        em que aceitamos o dom remidor de Cristo. A partir de então, começa o crescimento e a maturidade espiritual, um processo de
        aprendizado e experiências vivas com o Espírito de Cristo; um pouco por dia, durante todos os dias da nossa vida na terra. Ao
        fecharmos os olhos para este mundo, os abriremos para o tempo da glorificação que alcançará seu auge no glorioso retorno de
        Jesus. Portanto, os cristãos devem viver na terra de acordo com a fé que abraçaram, e capacitados pelo Espírito Santo (Mt 24.13;
        1Co 9.24-27; Hb 3.14; 6.9-11; 2Pe 1.5-8). O contexto indica que Paulo procura advertir a Igreja quanto ao problema dos desen-
        tendimentos (“guerras entre os crentes”). Nesse sentido, a expressão “salvação” tem o sentido de “saúde espiritual da Igreja”. O
        clima de harmonia, compreensão e colaboração é sempre resultado da obra de Deus nos corações quebrantados dos crentes.
           9 Paulo usa uma figura de linguagem para mostrar o contraste que deve haver entre o brilho fulgurante do caráter e das atitudes
        dos cristãos, que, mesmo em menor número, iluminam – como estrelas – o frio universo humano mergulhado nas trevas da
        incredulidade (Dn 12.3 e Mt 5.14-16). A mesma distinção que houve entre o comportamento de Cristo e o mundo, quando Ele
        andou pela terra (Jo 1.9; 8.12; Ef 5.8).
           10 A frase “Palavra da vida” é uma expressão sinônima para o termo “Evangelho”, que os cristãos devem levar com honra,
        firmeza e gratidão, como um atleta nos antigos jogos olímpicos da época de Paulo (1Ts 2.19; 1Co 9.24-27).
           11 Paulo afirma que mesmo que viesse a ser morto no cárcere, seu sangue seria derramado como a oferta junto aos sacrifícios
        (libação), acompanhando a dedicação espiritual dos cristãos da Igreja em Filipos, numa analogia aos sacrifícios diários do AT
        (Êx 29.38-41; Nm 28.7).
           12 Timóteo é um dos grandes testemunhos bíblicos do quanto, mesmo pessoas com pouca idade, mas humildes e consagra-
        das ao Senhor, podem cooperar notavelmente com a expansão do Reino de Deus em todo o mundo. Paulo havia discipulado o
        jovem Timóteo como um pai que educa seu filho amado (1 e 2Tm).




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1799                                            FILIPENSES 2, 3

         25 Mesmo assim, creio que será neces-                               cooperação que vós não pudestes me
         sário enviar-vos de volta Epafrodito,                               conceder.13
         meu querido irmão, auxiliador e com-
         panheiro de lutas, mensageiro a quem                                Aceitar a Cristo é o maior ganho
         enviastes para me ajudar nas minhas
         necessidades.
         26 Pois ele tem saudades de todos vós e
                                                                             3   Concluindo, meus irmãos, quanto
                                                                                 ao mais, alegrai-vos no Senhor. Para
                                                                             mim, não é incômodo escrever-vos outra
         se sente angustiado por saberdes que ele                            vez sobre o mesmo assunto, e para vós é
         havia adoecido.                                                     uma segurança a mais.
         27 De fato, ele esteve gravemente enfer-                            2 Tomai cuidado com os “cães”, cuidado
         mo, à beira da morte; mas Deus se com-                              com esses que praticam o mal, cuidado
         padeceu dele, e não apenas dele, mas                                com a falsa circuncisão!1
         igualmente do meu coração, para que                                 3 Porquanto, nós é que somos a própria
         eu não fosse afligido por tristeza sobre                            circuncisão, todos nós que adoramos pelo
         tristeza.                                                           Espírito de Deus, que nos gloriamos em
         28 Por isso, o enviarei a vós com mais ur-                          Cristo Jesus e não depositamos confiança
         gência, a fim de que possais vos alegrar                            alguma na carne.2
         ao vê-lo novamente, e, com isso eu sinta                            4 Embora eu também tivesse razões para
         menos tristeza.                                                     alimentar tal convicção, ora, se alguém
         29 Recebei-o, portanto, no Senhor, com                              julga que tem motivos para confiar na
         grande alegria, e sempre honrai pessoas                             carne, eu ainda mais:3
         como ele;                                                           5 circuncidado no oitavo dia de vida, fi-
         30 porquanto, ele chegou às portas da                               lho da descendência de Israel, da tribo de
         morte por amor à causa de Cristo, ar-                               Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à
         riscando a própria vida para suprir a                               Lei, fui fariseu;4




            13 Paulo usa uma figura de linguagem (literalmente em grego: “jogou com a vida”), retirada dos jogos entre soldados e gladia-
         dores, nos quais alguns ofereciam voluntariamente a própria vida, para referir-se à atitude corajosa de Epafrodito em sua dispo-
         sição para servir à Igreja de Cristo. Paulo também usa a expressão grega, muitas vezes traduzida como “apóstolo” (mensageiro,
         missionário) ao mencionar a responsabilidade de Epafrodito como representante da Igreja em Filipos (2Co 8.23).
            Capítulo 3
            1 Paulo usa a expressão “cão” para demonstrar a irracionalidade e a ferocidade com que os falsos pregadores se opunham
         ao verdadeiro Evangelho e a gravidade das heresias que ensinavam, cujos resultados podiam ser comparados ao ataque de um
         “cão” devorador. Divulgavam uma doutrina semelhante àquela que Paulo combateu nas igrejas da Galácia. Esses falsos mestres
         distorciam de tal maneira o significado do ritual da circuncisão, que Paulo o chama literalmente de “mutilação”, pois perdera seu
         principal conceito espiritual e, nas mãos desses falsários, havia sido transformado apenas em um corte inútil no órgão genital
         masculino (Gl 5.15; Gn 17.10; 21.4; Dt 10.16; Jr 4.4).
            2 Por causa do sacrifício de Cristo, os cristãos – como o Povo da Aliança (a Igreja) - passaram a considerar a “circuncisão” (o
         povo com a marca de propriedade de Deus), tendo, portanto, o direito de herdar as promessas do Senhor. A circuncisão deixou
         de ser um ritual físico, obrigatório, e passou a ser um ato voluntário e espiritual, uma decisão de amor (Rm 2.24-29; Cl 2.11; Gl
         6.16; 1Pe 2.9,10; Gl 5.2-6).
            3 Embora o termo “carne”, na maioria das vezes em que aparece nas cartas de Paulo, tenha a ver com a “natureza humana
         pecaminosa”, aqui se refere a qualquer valor humano, ganho por herança ou esforço, em que o homem não convertido deposita
         sua fé ou confiança. Os nossos esforços morais, intelectuais ou religiosos são frágeis, como a própria natureza humana,
         não podem, portanto, nos salvar nem mesmo nos aperfeiçoar. Os vv.4-14 apresentam uma das seções autobiográficas mais
         importantes das cartas de Paulo (Gl 1.13-24; 1Tm 1.12-16; At 22.1-21; 26.1-23).
            4 A fé pré-cristã de Paulo estava depositada na sua linhagem, puramente judaica, e no seu zelo quanto à obediência da Lei
         e suas normas e detalhamentos farisaicos. A expressão literal “hebreu de hebreus” quer dizer “um filho judeu, nascido de pais
         judeus”. Paulo enfatiza que não era prosélito (gentio que se converte ao judaísmo), mas nascido judeu, circuncidado ainda
         bebê, na mais tradicional das tribos judaicas: Benjamim, em cujas fronteiras ficava a Cidade Santa, Jerusalém. Portanto, era um
         verdadeiro e digno hebreu, no sangue, no idioma, na cultura e no estilo de vida (Gn 17.12; At 22.2,3; 23.6; 26.5; Gl 1.14). Perante
         as exigências da religião judaica, Paulo era irrepreensível (v.6). Entretanto, diante do Espírito de Cristo, e em seu coração, ele se
         reconheceu pecador (Rm 3.20; 7.7-25).




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FILIPENSES 3                                                 1800

        6 quanto ao zelo, persegui a Igreja; quan-                        isso, ou seja perfeito; entretanto, vou
        to à justiça que há na Lei, irrepreensível.                       caminhando, buscando alcançar aqui-
        7 Todavia, o que para mim era lucro, pas-                         lo para que também fui alcançado por
        sei a considerar como prejuízo por causa                          Cristo Jesus.
        de Cristo.5                                                       13 Irmãos, não penso que eu mesmo já o
        8 Mais do que isso, compreendo que tudo                           tenha conquistado; mas tomo a seguinte
        é uma completa perda, quando compa-                               atitude: esquecendo-me das coisas que
        rado à superioridade do valor do conhe-                           para trás ficam e avançando para as que
        cimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por                          estão adiante de mim,
        quem decidi perder todos esses valores,                           14 apresso-me em direção ao alvo, a fim
        os quais considero como esterco, a fim de                         de ganhar o prêmio da convocação celes-
        ganhar Cristo,                                                    tial de Deus em Cristo Jesus.7
        9 e ser encontrado nele, não tendo por                            15 Por isso, todos nós que alcançamos a
        minha a justiça que procede da Lei, mas                           maturidade espiritual, devemos pensar
        sim a que é outorgada por Deus median-                            dessa mesma maneira; porém, se em al-
        te a fé,                                                          gum aspecto pensais de forma diferente,
        10 para conhecer Cristo, e o poder da sua                         também quanto a isso Deus vos escla-
        ressurreição, e a participação nos seus                           recerá.8
        sofrimentos, identificando-me com Ele                             16 Contudo, caminhemos na medida da
        na sua morte,                                                     perfeição que já atingimos.9
        11 com o propósito de, seja como for a                            17 Caros irmãos, sede meus imitadores
        ressurreição dentre os mortos, nela estar                         e prestai atenção nos que caminham de
        presente.6                                                        acordo com o padrão de comportamen-
                                                                          to que temos vivido.10
        Correndo em direção ao alvo                                       18 Porquanto, como já vos adverti repe-
        12 Não que eu já tenha alcançado tudo                             tidas vezes, e agora repito com lágrimas



           5 O encontro de Cristo com Paulo, na estrada de Damasco, transformou seu conjunto de valores, sua visão de si mesmo e do
        mundo. O auto-suficiente, arrogante e egocêntrico Saulo, foi convertido num servo, humilde, amoroso e cristocêntrico (At 9.3-16;
        2Tm 2.15).
           6 Paulo não está revelando qualquer dúvida sobre sua fé na ressurreição ou na vida eterna com Cristo após a morte do
        corpo, mas, sim, reforçando sua intensa dedicação e expectativa. Não significa que ao crermos em Cristo, ainda tenhamos que
        – obrigatoriamente – realizar boas obras e contar com um julgamento benevolente de Deus no último dia. Paulo está afirmando
        que, seja qual for a forma em que se dê a ressurreição dos que dormem em Cristo, ele – certamente – estará lá, assim como todos
        os cristãos sinceros (Dn 12.2; Jo 5.29; At 24.15; 1Co 15.23; 1Ts 4.16).
           7 Paulo compreendia bem o quanto os gregos valorizavam a performance intelectual e física dos seres humanos. Os discursos,
        as artes e os esportes revelavam – para os gregos – a própria divindade misturada à alma humana. O vencedor das corridas gre-
        gas recebia uma grinalda de folhas em sinal de divindade e, muitas vezes, um alto valor em dinheiro. Paulo faz uma analogia com
        o grande prêmio dos cristãos: a glória da salvação eterna, não conquistada por esforço ou capacidade, mas por meio da graça
        de Deus através do sacrifício de Cristo (1Co 9.24-27; 1Tm 6.12; 2Tm 4.7,8; Mt 24.13; Hb 12.1). As maiores aspirações do apóstolo
        Paulo não estavam nesta vida ou em qualquer valor da terra, mas no céu, porque é ali que Cristo está (Cl 3.1,2).
           8 A expressão grega original teleioi, que significa “aperfeiçoado” ou “desenvolvido de acordo com um alto padrão”, aponta
        para a maturidade daqueles que, com os olhos fixos em Cristo (nosso objetivo principal), esperam ouvir do Senhor: “muito bem”
        (Mt 25.21). O cristão teleioi é o crente em Cristo que fez progresso razoável no crescimento e na maturidade espiritual (1Co 2.6;
        3.1-3; Hb 5.14). Os cristãos não devem se entregar às discussões teológicas acirradas, especialmente sobre detalhes da fé, o
        mais sábio é deixar que o Espírito Santo venha esclarecer todas as coisas a cada um.
           9 Cada cristão deve viver segundo o que já aprendeu e experimentou do Senhor. Em um mundo onde a fome por informação
        parece insaciável, essa exortação de Paulo é um alerta para que os crentes procurem fazer mais o que já sabem ser a vontade
        de Deus do que se entregarem a uma busca insana por descobrir a vontade de Deus para cada detalhe, presente e futuro, de
        suas vidas pessoais.
           10 Esse é o princípio do discipulado cristão, em que Cristo é nosso mentor e exemplo maior, seguido por Paulo (os apóstolos)
        e todos cuja vida espelhe a ação livre e saudável do Espírito Santo. O estilo de vida seguido pelos cristãos deve ser um exemplo
        que valha a pena ser seguido pelo mundo. Esse é o mais eficaz método de evangelização em massa de todos os tempos: o
        crescimento exponencial dos crentes a partir do discipulado bíblico, sincero e dedicado, um a um.




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1801                                           FILIPENSES 3, 4

         nos olhos, que há muitos que vivem como                            gria e coroa, permanecei assim firmes no
         inimigos da cruz de Cristo.                                        Senhor, amados.1
         19 O fim dessas pessoas é a perdição; o                            2 Suplico a Evódia e a Síntique que resta-
         deus deles é o estômago; e o orgulho que                           beleçam a boa convivência no Senhor.
         eles ostentam fundamenta-se no que é                               3 Sim, peço a ti, leal companheiro de
         vergonhoso; eles se preocupam apenas                               jugo, que as ajudes, pois ministraram co-
         com o que é terreno.11                                             migo na causa do Evangelho, juntamente
         20 No entanto, a nossa cidadania é dos                             com Clemente e com meus outros coo-
         céus, de onde aguardamos com grande                                peradores, cujos nomes estão no livro da
         expectativa o Salvador, o Senhor Jesus                             vida.2
         Cristo,                                                            4 Alegrai-vos sempre no Senhor; e nova-
         21 que transformará nossos corpos hu-                              mente vos afirmo: Alegrai-vos!3
         milhados, tornando-os semelhantes ao                               5 Seja a vossa amabilidade conhecida
         seu corpo glorioso, pelo poder que o ca-                           por todas as pessoas. Breve voltará o Se-
         pacita a colocar tudo o que existe debai-                          nhor.4
         xo do seu pleno domínio.12                                         6 Não andeis ansiosos por motivo algum;
                                                                            pelo contrário, sejam todas as vossas so-
         Unidade e alegria em oração                                        licitações declaradas na presença de Deus
         4 Portanto, meus irmãos, a quem amo e
           de quem tenho saudades, minha ale-
                                                                            por meio de oração e súplicas com ações
                                                                            de graça.5



            11 Na época de Paulo já haviam os chamados “cristãos nominais”, pessoas que se dizem cristãs, mas suas práticas diárias
         demonstram nitidamente o contrário. Paulo se refere a dois tipos bem definidos: os judaizantes (legalistas desprovidos de amor
         cristão, mais apegados às leis do que ao Deus das leis – v.2) e os antinomistas (um outro extremo; libertinos, para os quais tudo
         é permitido – v.19).
            12 Cristo tem poder absoluto sobre o universo por toda a eternidade. Deus Pai lhe outorgou esse poder e o ressuscitou
         glorificado mediante sua obediência até a morte, e morte de cruz (Mt 28.18; 1Co 15.27; Ef 1.20-22). Mediante o Espírito Santo,
         ressuscitará também os nossos corpos mortais, sujeitos às fraquezas, à corrupção, à completa deterioração física e à eterna
         separação de Deus (morte e inferno) por causa do pecado (Rm 8.10-23; 1Co 6.14; 15.42-53). O corpo ressurreto, espiritual
         e glorioso, já recebido por Cristo, que é “a primícia”, de modo semelhante será presenteado aos cristãos sinceros na futura
         “colheita” da ressurreição (1Co 15.20-49).
            Capítulo 4
            1 Paulo volta a usar a imagem da “grinalda de folhas”, com a qual os gregos costumavam galardoar o vencedor de uma prova
         atlética. O apóstolo exalta sua alegria com o triunfo espiritual de seus discípulos em Filipos. Sua maior recompensa agora, e
         especialmente, quando Cristo voltar (1Ts 2.19). Os crentes devem permanecer firmes na fé em meio às lutas enfrentadas por amor
         ao verdadeiro Evangelho, pois essa dedicação e lealdade não ficarão sem grande recompensa em breve (1.27-30; 1Co 15.58).
            2 O zelo de Paulo pela unidade e harmonia entre os irmãos, especialmente entre os líderes espirituais, é tão grande a ponto de
         citar a discórdia entre Evódia e Síntique numa carta que seria lida em público e em várias igrejas. Paulo pede que um outro cristão
         maduro, de sua confiança, ministre às irmãs em litígio como um pacificador, pois ele acredita na plena reconciliação das partes
         em Cristo. Paulo considerava os homens e mulheres que Deus lhe confiava para discipular e cooperar como “companheiros de
         jugo” (colegas de ministério), não como subordinados (2.25; Rm 16.3-21; Fm 24). Todos os cristãos sinceros e fiéis já estão com
         seus nomes publicados no mais importante de todos os diplomas: o registro celestial dos eleitos do Senhor (Ap 3.5).
            3 A alegria espiritual não é apenas um sentimento de prazer ou êxtase decorrente de certos momentos felizes da vida. É um
         estado de espírito, permanentemente otimista, em relação ao amor e ação de Cristo em favor do cristão sincero, por meio do
         Espírito Santo. O cristão não nega a dor, as fraquezas e o sofrimento, mas tem sua força e motivação alicerçadas na certeza da
         provisão divina (Hc 3.17,18; Tg 1.2; 1Pe 4.13).
            4 Os cristãos devem dispensar a mesma consideração que Jesus Cristo demonstrou (2Co 10.1) ao próximo, especialmente,
         para com seus irmãos. Os líderes cristãos devem exercitar o princípio da amabilidade; para com todos e nas mais variadas situa-
         ções, como um dos mais expressivos testemunhos do controle do Espírito Santo (1Tm 3.3; Tt 3.2). O próximo, iminente e mais
         importante evento histórico do calendário profético de Deus é o glorioso retorno de Cristo. Considerando que, para Deus, mil anos
         são como o dia que passou, é certo deduzir que o Senhor está às portas (Sl 90.4; 1Jo 2.18; Rm 13.11; Tg 5.8,9; Ap 22.7-20).
            5 Quanto mais ansiosos e preocupados estamos, menos conseguimos orar adequadamente. Contudo, ao concentrarmos
         toda a nossa fé na pessoa do Espírito Santo e ao começarmos a dialogar com Deus (não apenas falar ou rezar, mas ouvir a voz
         do Senhor em nossa alma), passamos a ver a vida e seus problemas pela perspectiva de Cristo; reconhecemos que temos um
         grande Deus e pequenos problemas, não o contrário como antes (1Pe 5.7; Mt 6.25-31; 2Co 11.28).




50_Filipenses_2012.indd 1801                                                                                                     19/03/2012 23:02:04
FILIPENSES 4                                                  1802

        7 E a paz de Deus, que ultrapassa todo                             tado, porquanto aprendi a viver satisfeito
        entendimento, guardará o vosso cora-                               sob toda e qualquer circunstância.9
        ção e os vossos pensamentos em Cristo                              12 Sei bem o que é passar necessidade e
        Jesus.6                                                            sei o que é andar com fartura. Aprendi o
        8 Concluindo, caros irmãos, absoluta-                              mistério de viver feliz em todo lugar e em
        mente tudo o que for verdadeiro, tudo                              qualquer situação, esteja bem alimenta-
        o que for honesto, tudo o que for justo,                           do, ou mesmo com fome, possuindo far-
        tudo o que for puro, tudo o que for amá-                           tura, ou passando privações.10
        vel, tudo o que for de boa fama, se hou-                           13 Tudo posso naquele que me fortale-
        ver algo de excelente ou digno de louvor,                          ce.11
        nisso pensai.7                                                     14 Entretanto, fizestes bem em participar
        9 Tudo o que aprendestes, recebestes, ou-                          da minha aflição.12
        vistes e vistes em mim, isso praticai; e o                         15 Sabeis, ó filipenses, que, durante os
        Deus de paz estará convosco.                                       vossos primeiros dias no Evangelho,
                                                                           quando parti da Macedônia, nenhuma
        Paulo é grato à Igreja em Filipos                                  igreja compartilhou comigo no que se
        10 Alegro-me grandemente no Senhor,                                refere a dar e receber, exceto vós;
        por terdes finalmente renovado o vosso                             16 pois, enquanto eu ainda estava em
        cuidado para comigo, sobre o qual, na                              Tessalônica, generosamente me enviastes
        verdade, estáveis atentos, mas vos faltava                         ajuda, não somente uma vez, mas duas,
        ocasião apropriada.8                                               quando tive necessidade.
        11 Não vos declaro isso por estar necessi-                         17 Não que eu esteja à procura de ofertas,



            6 A “paz de Deus” não pode ser confundida com um simples estado de bem-estar emocional ou psicológico, pois é, na
        verdade, uma profunda e indestrutível tranqüilidade de alma; fruto da plena confiança de que todos os nossos pecados foram
        perdoados na cruz do Calvário, pelo sacrifício vicário de Cristo. Portanto, não temos que carregar qualquer peso de culpa (em
        relação ao nosso passado, presente e futuro), embora Satanás e seus asseclas tentem, diariamente e de todas as maneiras,
        nos fazer pensar o contrário. Se dermos ouvidos a essas falsas acusações, estaremos desmerecendo o sacrifício redentor do
        Senhor (pois já fomos absolvidos), e nossa vida não estará sendo controlada pelo Espírito Santo. A tranqüilidade que vem do
        Senhor é fruto da certeza absoluta de estarmos sob os seus cuidados paternos. A expressão “guardará vosso coração e vossos
        pensamentos” remete a um conceito militar que retrata uma sentinela montando guarda. Jesus zela por nós diuturnamente, sem
        se cansar ou distrair-se; nada que nos acontece pode surpreender a Deus. Seus cuidados estendem-se ao âmago do nosso ser
        e às nossas intenções mais profundas. Por isso, podemos, com toda a tranqüilidade, descansar no amor e nas providências
        poderosas do nosso Senhor (1Pe 1.5; Ef 3.18-20).
            7 A expressão grega prosphile significa “agradável, amável ou belo”, e ocorre no NT apenas nessa carta de Paulo. Outro termo
        grego raro é Arete que tem a idéia de “excelência ou virtude”. Buscar a “excelência” humana ou exercitar o divino que existe no ser
        humano – a Imago Dei – era o ideal dos gregos estóicos. O cristão, entretanto, foi resgatado do pecado e da morte para proclamar
        em seu viver diário as “virtudes” de Jesus Cristo (1Pe 2.9).
            8 Paulo usa um termo emprestado da antiga horticultura judaica “renovado” que aparece na Septuaginta (a tradução grega do
        AT), e cujo significado é: “florescer de novo” (Nm 17.5).
            9 A expressão grega original autarkes ocorre somente aqui no NT, e significa, especialmente no pensamento estóico, “a
        serenidade que brota da auto-suficiência”. Para Paulo, no entanto, Cristo é o segredo da “serenidade” (tranqüilidade) e do
        perfeito contentamento (1.21; 4.13).
            10 O sentido literal da palavra “fartura”, usada aqui por Paulo, é “transbordar”. Certamente, o apóstolo se recordava dos seus
        dias de abastança, antes da sua conversão a Cristo. Por crer e pregar o Evangelho, teria perdido seus privilégios nas sinagogas
        e sido deserdado pelos familiares.
            11 Todo cristão sincero, em razão da sua união vital com Cristo, por meio do Espírito Santo, recebe um poder divino chamado
        dunamis, que no original grego significa “força maravilhosa” ou “poder miraculoso”. Esse poder é confiado pelo Senhor aos seus
        filhos em Cristo, com o objetivo de ajudá-los a superar todos os problemas e situações difíceis da caminhada cristã, segundo a
        vontade de Deus. Algo como a garantia de Deus que o crente pode pagar o preço de andar retamente em um mundo distorcido
        pelo pecado, sem temer qualquer prejuízo real no presente e, especialmente no futuro. A comunhão íntima e permanente com o
        Espírito Santo, isto é, com o Cristo vivo, é o segredo de toda a força e contentamento do apóstolo Paulo (v.12; 2Co 12.9,10; Jo
        15.5; Ef 3.16,17; Cl 1.11).
            12 Quando um cristão ou a Igreja contribui com o sustento missionário, está participando ativamente das lutas e aflições de
        irmãos que entregaram suas vidas para levar as boas novas do Evangelho àqueles que, como nós, não tinham qualquer espe-
        rança (Hb 10.33).




50_Filipenses_2012.indd 1802                                                                                                     19/03/2012 23:02:04
1803                                               FILIPENSES 4

         mas busco preferencialmente o bem que                               20Ao nosso Deus e Pai seja a glória por
         pode ser creditado à vossa conta.13                                 toda a eternidade. Amém!
         18 Agora estou plenamente suprido, até
         em excesso; tenho recursos em abundân-                              Saudações e bênção apostólica
         cia, desde quando recebi de Epafrodito                              21 Saudai a todos os santos em Cristo Je-
         os donativos que enviastes, como oferta                             sus. Os irmãos que estão comigo igual-
         de aroma suave e como sacrifício aceitá-                            mente vos saúdam.
         vel a Deus.14                                                       22 Todos os santos vos cumprimentam,
         19 Mas o meu Deus suprirá todas as vos-                             especialmente os que estão no palácio de
         sas necessidades, em conformidade com                               César.16
         as suas gloriosas riquezas em Cristo Je-                            23 A graça do Senhor Jesus Cristo esteja
         sus.15                                                              com o vosso espírito. Amém!17




            13 Paulo usa uma linguagem própria da área econômica e de investimentos com o propósito de demonstrar claramente o
         volume do lucro espiritual, que o generoso e contínuo aporte de capital realizado pelos filipenses na vida e missão do apóstolo,
         está gerando (inclusive em crédito cumulativo), em suas próprias vidas e para todos quantos aceitarem a Palavra de Deus (2Co
         8.1-5; At 17.1-9).
            14 Paulo usa uma base veterotestamentária para mostrar que Deus se agrada da participação sacrificial dos crentes, na ado-
         ração ao seu Nome, e em todo tipo de contribuição para o sustento missionário e manutenção administrativa do ministério do
         Senhor na terra (Gn 8.21; Lv 7.12-15; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 13.15,16), por causa da obra de Cristo a nosso favor (1Pe 2.5) e da obra
         de Deus que se realiza em nós pelo seu Espírito (Fp 2.13).
            15 Alguns documentos paralelos informam que os filipenses contribuíram não apenas com uma parte do que lhes sobrava, mas
         até ao nível de empobrecerem. Contudo, Paulo garantiu que essa generosidade dos irmãos de Filipos não passaria despercebida
         aos olhos amorosos e poderosos do Senhor. Ao usar a palavra “suprirá”, Paulo lhe atribui o mesmo sentido da expressão grega
         original usada no v.18, “abundância” (2Co 8.2).
            16 Paulo não se refere aos familiares do imperador, mas, sim, a todos os militares, serviçais e escravos que, por meio do
         testemunho do apóstolo, agora serviam ao Senhor Jesus. Entre os mais chegados cooperadores estava Timóteo (1.1,13,14,16).
            17 Ao se referir ao “espírito”, Paulo não está limitando a ação do Espírito Santo apenas à alma dos crentes, mas a expressão no
         original grego tem o sentido de “o ser inteiro da pessoa humana” (corpo, alma e espírito – 1Ts 5.23). Paulo invoca sobre os cristãos
         uma bênção restauradora que pode ser percebida a partir do âmago do ser até a pele do corpo (Gl 6.18; 2Tm 4.22; Fm 24,25).




50_Filipenses_2012.indd 1803                                                                                                     19/03/2012 23:02:05

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Introdução à Epístola aos Filipenses

  • 1. Introdução FILIPENSES Autoria Esta é uma das cartas mais pessoais de Paulo destinada à liderança de uma igreja. Desde os primórdios do cristianismo, essa carta faz parte do cânon neotestamentário, e desde os antigos eruditos até os teólogos da atualidade, há firme consenso sobre sua autoria paulina (1.1). Afinal, além de todos os fortes indícios internos de autenticidade, Paulo fundou a igreja de Filipos em sua segunda grande viagem missionária, sendo esta a primeira igreja a ser estabelecida por ele na Europa (At 16). Filipos era uma cidade pequena, fundada pelo rei Filipe da Macedônia, pai do famoso Alexandre, o Grande. Paulo desenvolveu um profundo amor paternal pelos irmãos da Igreja em Filipos, e sempre lhes confidenciava intimidades, desafios e projetos. Mesmo depois de haver cooperado financeiramente com Paulo por duas vezes antes de esta carta ser escrita (4.15,16), assim que a liderança da igreja tomou conhecimento de que o apóstolo fora aprisionado em Roma, decidiu enviar uma terceira e generosa oferta pelas mãos de um de seus santos líderes, Epafrodito (4.18). Propósitos Ainda que o principal objetivo de Paulo, nesta carta, seja agradecer de maneira entusiástica e formal a generosidade e amabilidade dos irmãos de Filipos, por mais uma vez haverem tirado de si para cooperar com as necessidades pessoais e ministeriais de Paulo em Roma (1.5; 4.10-19), o apóstolo aproveita a oportunidade para cumprir algumas outras funções importantes: a) fazer um relato geral das suas circunstâncias (1.12-26; 4.10-19). b) encorajar a Igreja em Filipos e outras que viriam a ler esse depoimento a se manterem firmes e inabaláveis, mesmo diante das mais severas perseguições. Paulo os exorta a se regozijarem nos sofrimentos por amor e fé em Cristo (1.27-30; 4.4). c) estimulá-los a desenvolver relacionamentos fraternais sérios e permanentes a partir de um caráter humilde, dispostos a estabelecer um indestrutível senso de unidade (2.1-11; 4.2-5). d) formalizar a recomendação ministerial dos jovens servos Timóteo e Epafrodito à Igreja em Filipos, (2.19-30). e) advertir os filipenses e demais igrejas contra os judaizantes (legalistas), antinomistas (libertinos) e místicos (defensores de uma espécie de espiritismo judaico), que tentavam se infiltrar entre os irmãos para corromper a sã doutrina cristã. Data da primeira publicação O contexto histórico revela que esta carta de Paulo foi escrita quando o apóstolo estava preso. Alguns eruditos acreditam que esse encarceramento ocorreu em Éfeso, outros afirmam que aconte- ceu em Cesaréia. Contudo, as análises e estudos mais aceitos dão conta de que Paulo estava preso em Roma, por volta do ano 61 d.C., quando escreveu e enviou esta carta à comunidade cristã dos filipenses. Essa interpretação histórica corresponde ao tempo de prisão domiciliar vivido pelo após- tolo, que fora registrado em At 28.14-31. Portanto, quando Paulo escreve aos filipenses não estava numa masmorra ou calabouço, como ocorreu em Mamertima – onde ficou detido quando escreveu sua segunda carta a Timóteo – mas numa casa alugada, sob a diuturna vigia de uma guarda especial de oficiais romanos (1.13). Esboço geral de Filipenses        1.  Saudação e ação de graças, e orações pelos amados filipenses (1.3-11)        2.  A maior razão de Paulo para continuar vivo é Cristo (1.12 – 4.1)         A. Essa é a motivação para pregar sempre e a todos (1.12,13)         B. Mesmo preso Paulo ensina e evangeliza em Roma (1.14)         C. A atitude de Paulo reflete o Espírito de Cristo (1.15-18)         D. Querer estar com Cristo, mas viver pelos irmãos (1.19-26)         E. Todo o sentido da vida reside em Jesus (1.27 – 2.30) 50_Filipenses_2012.indd 1792 19/03/2012 23:02:02
  • 2.         F. Um estilo de vida de acordo com o Evangelho (1.27-30)         G. Agir como Jesus agiria em cada situação (2.1-18)         H. Timóteo e Epafrodito são exemplos de servos (2.19-30)         I. Não há nada que se compare a conhecer a Cristo (3.1-11)         J. É sempre preciso crescer e amadurecer mais (3.12-16)         K. Inimigos da Cruz x Amigos de Jesus (3.17 – 4.1)        3.  Exortações finais (4.2-23)         A. Chamado à unidade cristã e à concórdia (4.2-9)         B. Testemunho final e ação de graças (4.10-20)         C. Saudação final e bênção apostólica (4.21-23) 50_Filipenses_2012.indd 1793 19/03/2012 23:02:02
  • 3. Composição 175 lpi a 45 graus Diagrama do Conteúdo de Filipenses Alvo Alegria na Vontade de Deus Descanso na Paz de Deus A Santidade dos Filipenses Paulo e a Igreja em Filipo Paulo Agradece a Oferta Os Erros dos Filipenses Timóteo e Epafrodito A Vida em Cristo Paulo na Prisão Capítulos 1.1 / 1.11 1.12 / 1.26 1.27/2.18 2.19/2.30 3.1 4.1 4.2 4.9 4.10 4.21 os Informação Apelo Aviso Força Gratidão an Pl Temas Regozijar Regozijar Regozijar Regozijar na Aflição no Ministério em nas Bênçãos Cristo Lugar Carta Escrita em Roma Época Cerca de 61 d.C. Tabela Abba 4Prova.prn C:SPRESS 4abba pressTabelasTabela Abba 4Prova.cdr sexta-feira, 23 de maio de 2008 16:37:10 50_Filipenses_2012.indd 1794 19/03/2012 23:02:03
  • 4. FILIPENSES Prefácio e saudações que sinto de todos vós, com a terna mi- 1 Paulo e Timóteo, servos de Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão com os bispos e diáconos em sericórdia de Cristo Jesus. 9 E suplico isto em oração: que o vosso amor fraternal cresça cada vez mais no Filipos:1 pleno conhecimento e em todo entendi- 2 graça e paz a vós outros, da parte de mento, Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cris- 10 a fim de que possais discernir o que é to. melhor, para que vos torneis puros e irre- preensíveis até o dia de Cristo, Ação de graças e súplicas 11 plenos do fruto de justiça, fruto este 3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que vem por meio de Jesus Cristo, para que me recordo de vós. glória e louvor de Deus.3 4 Em todas as minhas súplicas em vosso benefício, sempre oro com alegria, O sofrer e o avanço do Evangelho 5 em razão da vossa cooperação na causa 12 Desejo, portanto, irmãos, que saibais do Evangelho, desde o primeiro dia até que tudo o que me aconteceu tem, ao agora.2 contrário, servido para o progresso do 6 E estou plenamente convicto de que Evangelho, aquele que iniciou boa obra em vós, há 13 de tal maneira a ficar evidente para de concluí-la até o Dia de Cristo Jesus. toda a guarda do palácio e para todos os 7 Ora, é justo que eu me sinta assim a demais que é por causa de Cristo que es- respeito de todos vós, pois estais em meu tou na prisão.4 coração, já que todos sois participantes 14 E os irmãos, em sua maioria, motiva- comigo da graça, tanto nas correntes que dos no Senhor por minhas algemas, ou- me prendem, quanto na defesa e na con- sam pregar com mais coragem e deter- firmação do Evangelho. minação a Palavra de Deus. 8 Deus é minha testemunha, da saudade 15 É verdade, contudo, que alguns procla- 1 A primeira igreja cristã na Europa foi fundada na casa de Lídia, a partir de sua conversão, em Filipos, uma das principais colônias do Império Romano (chamada em latim de Colonia Augusta Philippensis), localizada na principal estrada (via Egnácia) que ligava as províncias orientais com a cidade de Roma. Na Igreja em Filipos, ministravam vários bispos (em grego episkopoi, que significa “supervisores” ou “presbíteros” – At 20.17-28), entre eles Lucas, o autor de um dos evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos (At 16.13-17; 20.6). 2 O grande júbilo do apóstolo do Senhor era constatar que as igrejas recebiam suas cartas e conselhos como Palavra de Deus e se entregavam à prática do Evangelho (Rm 1.8; 1Co 1.4; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 2Tm 1.3; Fm 4). Paulo era agradecido a Deus pelo apoio permanente dos filipenses, desde seus primeiros discípulos (At 16.12) até agora, perto do final do seu primeiro perío- do de prisão em Roma (2.24; At 28.16-31). A palavra original grega koinonia, normalmente associada a idéia de “comunhão” ou “participação ativa no progresso de vida de alguém”, aqui tem o sentido de “cooperação generosa”. Paulo e a igreja dos filipenses “compartilhavam” as bênçãos e os sofrimentos pela causa de Cristo. 3 O alvo dos cristãos é viver acima da mediocridade dos embaraços e da mistura com o mal, até a volta gloriosa de Cristo, quando todo o processo de salvação (que inclui regeneração, santificação e glorificação) será concluído (v.10; 2.16; 1Co 1.8; 5.5; 2Co 1.14). É Deus quem toma a iniciativa da salvação, é Ele mesmo quem lhe dá continuidade e um dia a levará à consumação, quando os cristãos haverão de prestar contas dos seus atos na Terra, antes de usufruírem todos os benefícios da glória eterna com Cristo (2Co 5.10). Deus espera que os crentes demonstrem ao mundo uma vida verdadeiramente justa (Am 6.12; Mt 5.20-48; Hb 12.11; Tg 3.18; Gl 5.22), fruto este, produzido por Jesus Cristo, mediante a obra diária do Espírito Santo (Jo 15.5; Ef 2.10), com o objetivo maior de louvar e glorificar a Deus (Ef 1.6-14). 4 Paulo soube, pelo poder do Espírito Santo em sua vida, transformar uma situação – aparentemente vexatória, humilhante e dolorosa – em grande testemunho e oportunidade para pregar o Evangelho aos soldados e oficiais da famosa guarda pretoriana que, em Roma, somava mais de 9000 homens. 50_Filipenses_2012.indd 1795 19/03/2012 23:02:03
  • 5. FILIPENSES 1 1796 mam a Cristo por inveja e rivalidade, po- 23 Sinto-me conclamado pelos dois la- rém outros o fazem com boas intenções. dos: desejo partir e estar com Cristo, o 16 Estes o fazem por amor, conscientes de que é infinitamente melhor;7 que fui posto aqui para defesa do Evan- 24 mas, entendo que, por vossa causa, é gelho; mais necessário que eu permaneça no 17 mas aqueles outros, anunciam Cristo corpo. apenas por ambição egoísta, sem sinceri- 25 Portanto, imbuído dessa confiança, dade, imaginando que podem aumentar creio que vou permanecer e continuar o sofrimento ocasionado por essas mi- com todos vós, para o vosso progresso e nhas algemas. alegria na fé, 18 Todavia, que importa? O importante é 26 a fim de que, pela minha presença, que de qualquer forma, seja por motivos uma vez mais a vosso louvor e glória escusos ou nobres, Cristo está sendo pro- em Cristo Jesus transborde por minha clamado, e por isso me alegro. Em verda- causa. de, sempre me alegrarei!5 A unidade dos crentes em Cristo A bênção de viver com Cristo 27 Portai-vos como cidadãos dignos do 19 Pois estou certo de que o que se pas- Evangelho de Cristo, para que dessa sou comigo resultará em libertação para forma, quer eu vá e vos veja, quer tão- mim, graças às vossas súplicas e pelo so- somente ouça a vosso respeito em mi- corro do Espírito de Jesus Cristo. nha ausência, tenha eu conhecimento 20 Aguardo com ansiedade e grande es- de que permaneceis firmes num só es- perança, que em nada serei decepciona- pírito, combatendo unânimes em prol do; pelo contrário, com toda a intrepi- da fé evangélica, dez, tanto agora como em todos os dias, 28 sem de maneira alguma vos deixardes Cristo será engrandecido no meu corpo, constranger por aqueles que se opõem à seja durante a vida, ou mesmo na hora vossa fé. Para eles, isso é sinal de perdi- da morte.6 ção, entretanto, para vós, de salvação, e 21 Porque para mim, o viver é Cristo e o isso vem da parte de Deus. morrer é lucro! 29 Porquanto, por amor de Cristo vos foi 22 Caso continue vivendo no corpo, cer- concedida a graça de não somente crer tamente apreciarei o fruto do meu labor. em Cristo, mas também de sofrer por Mas já não sei o que escolher. Ele,8 5 Muitos mestres cristãos reconheciam os verdadeiros motivos das perseguições, açoites e prisões de Paulo e pregavam o Evangelho ainda com mais amor, lealdade e bravura. Outros, porém, dando vazão à inveja que alimentavam contra o apóstolo, usavam esses fatos de forma fraudulenta e maldosa, com o propósito de destruir a reputação de Paulo e fazer prevalecer seus ensinos sobre Cristo, projetar suas próprias imagens e conquistar ambições meramente egoístas. Paulo usa a expressão grega “aumentar o sofrimento”, que significa literalmente “fricção”, numa figura de linguagem sugerida pelo “atrito” das algemas em suas mãos e pés. Contudo, o apóstolo do Senhor não se deixava deprimir, pois sabia que a Mensagem é sempre maior do que o mensageiro. Alegria é a palavra-chave dessa carta de Paulo, aparecendo no texto (como sinônimos, verbos e substantivos) mais de 15 vezes. 6 Paulo tem absoluta certeza da sua “salvação” (tradução literal da palavra “libertação”) eterna em Cristo (Rm 8.28; Jó 13.16,18) e fé em seu livramento da prisão, por meio das orações dos filipenses e da vontade do Espírito Santo (v.25; 2.24). 7 A fonte de inspiração e alegria de viver de Paulo era a presença do Deus vivo em sua alma por intermédio do Espírito Santo de Cristo. Todos os cristãos sinceros gozam desse mesmo privilégio e, por isso, devem aprender a ouvir e a seguir os conselhos do Espírito Santo, a fim de sentirem as mesmas alegrias e consolações de Paulo. As circunstâncias adversas e o sofrimento são tentações para que desistamos do Evangelho, e, assim, deixemos de fazer o que sabemos que é correto. Entretanto, Paulo nos ensina a perseverar pela fé e nos regozijarmos em Cristo, mantendo nosso testemunho durante todo o tempo em que estivermos nessa Terra. Paulo afirma objetivamente, que ao fecharmos nossos olhos para esse mundo e abandonarmos esse corpo fraco e mortal, estaremos na presença de Cristo para sempre (2Co 5.6-8). 8 A verdadeira vida cristã é constituída de fé, alegrias e sofrimentos; experiências oferecidas pelo Senhor aos seus filhos como bênçãos, jamais com maldições ou castigos, pois fomos chamados não apenas para crer, mas para sermos co-participantes 50_Filipenses_2012.indd 1796 19/03/2012 23:02:03
  • 6. 1797 FILIPENSES 1, 2 30considerando que estais passando pela prios interesses, mas igualmente pe-los mesma luta que me viram combater e interesses dos outros.3 agora ouvis que ainda enfrento. Cristo, sendo Deus, humilhou-se O humilde e fraterno amor cristão 5 Tende em vós o mesmo sentimento que 2 Portanto, se por estarmos em Cristo, temos algum poder, algum encoraja- mento de amor, alguma comunhão no houve também em Cristo Jesus, 6 o qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não reivindicou o ser igual a Espírito, alguma profunda fraternidade Deus,4 e compaixão,1 7 mas, pelo contrário, esvaziou-se a si 2 completai a minha alegria, tendo o mesmo, assumindo plenamente a forma mesmo modo de pensar, o mesmo amor, de servo e tornando-se semelhante aos um só espírito e uma só atitude.2 seres humanos.5 3 Nada façais por rivalidade nem por vai- 8 Assim, na forma de homem, humilhou- dade; pelo contrário, cada um considere, se a si mesmo, entregando-se à obediên- com toda a humildade, as demais pesso- cia até a morte, e morte de cruz.6 as superiores a si mesmo. 9 Por isso, Deus também o exaltou so- 4 Cada um zele, não apenas por seus pró- bremaneira à mais elevada posição e lhe dos sofrimentos que o próprio Cristo enfrentou e venceu (Mt 5.11,12; At 5.41; Tg 1.2; 1Pe 4.14). Os filipenses haviam visto o testemunho de Paulo e Silas, em sua primeira viagem a Filipos, quando foram presos por causa da proclamação verdadeira do Evangelho (At 16.19-40). Capítulo 2 1 Segundo Paulo, ser salvo é estar com Cristo. É viver dia após dia em relacionamento íntimo (as entranhas eram consideradas a sede das emoções, assim como o coração em nossos dias) com o Espírito de Cristo, nosso Salvador (o Messias). A partir desse relacionamento, que amadurece e se aperfeiçoa constantemente, fluem todos os benefícios, aprendizados, experiências e frutos próprios da salvação (3.8-10; Rm 8.1; 2Co 5.17; Gl 2.20). A igreja em Filipos, de uma forma geral, demonstrava muitos dos aspectos da verdadeira vida cristã: encorajamento (exortação), comunhão (em grego koinonia, cujo sentido aqui tem a ver com uma “participação ativa na vitória do irmão sobre as dificuldades da vida”), afeição, solidariedade, compaixão e fraternidade (2Co 13.14; Cl 3.12; Rm 5.8; 8.38,39; 1Jo 3.16; 4.9-16). 2 Paulo reforça a importância dos crentes em Cristo serem unidos em torno do mesmo propósito principal: proclamar o ver- dadeiro Evangelho, o próprio Cristo. Não significa que todos os cristãos devam pensar igual sobre todos os assuntos, mas que deve haver humildade para aceitar as diferenças em prol de uma vida fraternal, harmoniosa e de mútua cooperação em todos os sentidos. Colocar em prática, nos relacionamentos, a “atitude” de Cristo (v.5; 4.2; Rm 12.16; 15.5; 2Co 13.11). 3 Os maiores inimigos da unidade cristã são: o egoísmo, a vaidade pessoal e o “complexo messiânico” (a falsa idéia de que determinada pessoa foi chamada por Deus para resolver os problemas do mundo, e que todos lhe devem plena obediência; qualquer oposição às suas determinações é considerada como ataque do Inimigo). Considerar os outros “superiores a si” não significa desenvolver um sentimento de inferioridade, baixa auto-estima ou pieguice, mas, sim, – por amor cristão – considerar o próximo digno de toda deferência e atendimento preferencial (Rm 12.10; 15.1; Gl 5.13; Ef 5.21; 1Pe 5.5). 4 Paulo traduz para o grego um antigo hino aramaico (vv.6-11), adaptando seus versos à teologia que está ensinando à Igreja: Cristo é Deus; eles, juntamente com o Espírito Santo são a mesma pessoa com funções diferentes. O contraste entre o primeiro homem (Adão) e o Segundo (Jesus) é evidenciado pelo apóstolo. Adão (como toda a sua descendência) sentiu o desejo de ser “como Deus” (Gn 3.5) e cedeu à tentação (desobediência) de usurpar essa posição (que também é o objetivo de Satanás). Em contraste, Jesus Cristo não se apegou egoisticamente aos seus atributos e privilégios divinos, mas aceitou com humilde resignação a vontade do Pai, como única possibilidade da raça humana ser absolvida da condenação eterna, e entregou-se à dor e ao vexame da morte de cruz. 5 Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente humano. Esse é um dos conceitos basilares do NT (especialmente da teologia de Paulo) e da fé cristã. Jesus não perdeu ou renunciou aos seus atributos divinos, como a onisciência, onipotência e onipresença. Porém, para que Ele pudesse nascer e viver na Terra como “verdadeiro homem”, voluntariamente, escolheu o caminho da humilhação (ao contrário de Lúcifer e de Adão), e assumiu plenamente a natureza humana de “filho e servo de Deus”, depositando toda a sua glória natural nas mãos de Deus Pai (Jo 1.14; 17.5-24; Lc 9.32; Rm 8.3; Hb 2.17). 6 A maneira como Jesus se humilhou, obedecendo como perfeito servo até o momento mais horrível da vida humana: a morte, exemplifica a total dependência e reverência que um ser absolutamente livre pode ter em relação a Deus. Jesus foi além, não apenas se entregando à morte, mas passando pelos sofrimentos físicos, emocionais e espirituais de ver sua criação submetê-lo ao mais cruel e humilhante dos aniquilamentos: a morte de cruz, como um criminoso amaldiçoado (2Co 8.9; Hb 5.7,8; Gl 3.13; Hb 12.2). 50_Filipenses_2012.indd 1797 19/03/2012 23:02:03
  • 7. FILIPENSES 2 1798 deu o Nome que está acima de qualquer 17 Contudo, ainda que a minha vida outro nome; esteja sendo derramada como oferta 10 para que ao Nome de Jesus se dobre juntamente com o sacrifício e o serviço todo joelho, dos que estão nos céus, na provenientes da vossa fé, alegro-me e me terra e debaixo da terra, congratulo com todos vós. 11 e toda a língua confesse que Jesus Cris- 18 E, pelo mesmo motivo, alegrai-vos e to é o Senhor, para a glória de Deus Pai.7 acompanhai-me neste júbilo!11 Os cristãos devem resplandecer Paulo envia homens de Deus 12 Sendo assim, meus amados, como sem- 19 Tenho esperança no Senhor Jesus de pre obedecestes, não somente na minha que, em breve, vos poderei enviar Timó- presença, porém muito mais agora na mi- teo, para que eu também me anime, rece- nha ausência, colocai em prática a vossa bendo notícias vossas. salvação com reverência e temor a Deus, 20 Pois não tenho ninguém que tenha 13 pois é Deus quem produz em vós tanto esse mesmo sentimento, que sincera- o querer como o realizar, de acordo com mente zele por vosso bem-estar. sua boa vontade.8 21 Porquanto, todos procuram cuidar 14 Fazei tudo sem murmurações nem apenas de seus próprios interesses, e não contendas; se dedicam ao que é de Cristo Jesus. 15 para que vos torneis puros e irrepreen- 22 Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi síveis, filhos de Deus inculpáveis, vi-ven- aprovado porque serviu comigo na mi- do em um mundo corrompido e perver- nistração do Evangelho, como um filho so, no qual resplandeceis como grandes cooperando com seu pai.12 astros no universo,9 23 Portanto, é ele quem espero vos enviar, 16 retendo firmemente a Palavra da vida, tão logo tenha certeza sobre minha situ- para que, no dia de Cristo, eu tenha mo- ação, tivo de me gloriar no fato de que não foi 24 tendo fé no Senhor que, em breve, inútil que corri e trabalhei.10 também eu poderei ir ter convosco. 7 A ressurreição e exaltação de Deus é a resposta do Pai à sua obediência filial; é o verdadeiro “amém” de Deus ao “está con- sumado” do Filho. O Nome supremo é também o título: Senhor (em grego Kurios), termo usado na Septuaginta (a tradução grega do AT) para traduzir o nome de Deus (em hebraico Yahweh – Jeová). Deus concedeu ao Filho, Jesus Cristo, o lugar supremo de autoridade e majestade à mão direita do Pai (Mt 28.18; Jo 17.2; At 2.33; Is 45.23; Ef 1.21; Hb 1.4,5). Pela vontade soberana de Deus todas as pessoas do mundo, um dia, dobrarão seus joelhos diante de Cristo, e o reconhecerão como Senhor, quer volunta- riamente (como crentes salvos), quer não (Rm 14.9). 8 A salvação é um processo no qual o primeiro milagre se dá com a regeneração imediata da nossa alma, no momento preciso em que aceitamos o dom remidor de Cristo. A partir de então, começa o crescimento e a maturidade espiritual, um processo de aprendizado e experiências vivas com o Espírito de Cristo; um pouco por dia, durante todos os dias da nossa vida na terra. Ao fecharmos os olhos para este mundo, os abriremos para o tempo da glorificação que alcançará seu auge no glorioso retorno de Jesus. Portanto, os cristãos devem viver na terra de acordo com a fé que abraçaram, e capacitados pelo Espírito Santo (Mt 24.13; 1Co 9.24-27; Hb 3.14; 6.9-11; 2Pe 1.5-8). O contexto indica que Paulo procura advertir a Igreja quanto ao problema dos desen- tendimentos (“guerras entre os crentes”). Nesse sentido, a expressão “salvação” tem o sentido de “saúde espiritual da Igreja”. O clima de harmonia, compreensão e colaboração é sempre resultado da obra de Deus nos corações quebrantados dos crentes. 9 Paulo usa uma figura de linguagem para mostrar o contraste que deve haver entre o brilho fulgurante do caráter e das atitudes dos cristãos, que, mesmo em menor número, iluminam – como estrelas – o frio universo humano mergulhado nas trevas da incredulidade (Dn 12.3 e Mt 5.14-16). A mesma distinção que houve entre o comportamento de Cristo e o mundo, quando Ele andou pela terra (Jo 1.9; 8.12; Ef 5.8). 10 A frase “Palavra da vida” é uma expressão sinônima para o termo “Evangelho”, que os cristãos devem levar com honra, firmeza e gratidão, como um atleta nos antigos jogos olímpicos da época de Paulo (1Ts 2.19; 1Co 9.24-27). 11 Paulo afirma que mesmo que viesse a ser morto no cárcere, seu sangue seria derramado como a oferta junto aos sacrifícios (libação), acompanhando a dedicação espiritual dos cristãos da Igreja em Filipos, numa analogia aos sacrifícios diários do AT (Êx 29.38-41; Nm 28.7). 12 Timóteo é um dos grandes testemunhos bíblicos do quanto, mesmo pessoas com pouca idade, mas humildes e consagra- das ao Senhor, podem cooperar notavelmente com a expansão do Reino de Deus em todo o mundo. Paulo havia discipulado o jovem Timóteo como um pai que educa seu filho amado (1 e 2Tm). 50_Filipenses_2012.indd 1798 19/03/2012 23:02:04
  • 8. 1799 FILIPENSES 2, 3 25 Mesmo assim, creio que será neces- cooperação que vós não pudestes me sário enviar-vos de volta Epafrodito, conceder.13 meu querido irmão, auxiliador e com- panheiro de lutas, mensageiro a quem Aceitar a Cristo é o maior ganho enviastes para me ajudar nas minhas necessidades. 26 Pois ele tem saudades de todos vós e 3 Concluindo, meus irmãos, quanto ao mais, alegrai-vos no Senhor. Para mim, não é incômodo escrever-vos outra se sente angustiado por saberdes que ele vez sobre o mesmo assunto, e para vós é havia adoecido. uma segurança a mais. 27 De fato, ele esteve gravemente enfer- 2 Tomai cuidado com os “cães”, cuidado mo, à beira da morte; mas Deus se com- com esses que praticam o mal, cuidado padeceu dele, e não apenas dele, mas com a falsa circuncisão!1 igualmente do meu coração, para que 3 Porquanto, nós é que somos a própria eu não fosse afligido por tristeza sobre circuncisão, todos nós que adoramos pelo tristeza. Espírito de Deus, que nos gloriamos em 28 Por isso, o enviarei a vós com mais ur- Cristo Jesus e não depositamos confiança gência, a fim de que possais vos alegrar alguma na carne.2 ao vê-lo novamente, e, com isso eu sinta 4 Embora eu também tivesse razões para menos tristeza. alimentar tal convicção, ora, se alguém 29 Recebei-o, portanto, no Senhor, com julga que tem motivos para confiar na grande alegria, e sempre honrai pessoas carne, eu ainda mais:3 como ele; 5 circuncidado no oitavo dia de vida, fi- 30 porquanto, ele chegou às portas da lho da descendência de Israel, da tribo de morte por amor à causa de Cristo, ar- Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à riscando a própria vida para suprir a Lei, fui fariseu;4 13 Paulo usa uma figura de linguagem (literalmente em grego: “jogou com a vida”), retirada dos jogos entre soldados e gladia- dores, nos quais alguns ofereciam voluntariamente a própria vida, para referir-se à atitude corajosa de Epafrodito em sua dispo- sição para servir à Igreja de Cristo. Paulo também usa a expressão grega, muitas vezes traduzida como “apóstolo” (mensageiro, missionário) ao mencionar a responsabilidade de Epafrodito como representante da Igreja em Filipos (2Co 8.23). Capítulo 3 1 Paulo usa a expressão “cão” para demonstrar a irracionalidade e a ferocidade com que os falsos pregadores se opunham ao verdadeiro Evangelho e a gravidade das heresias que ensinavam, cujos resultados podiam ser comparados ao ataque de um “cão” devorador. Divulgavam uma doutrina semelhante àquela que Paulo combateu nas igrejas da Galácia. Esses falsos mestres distorciam de tal maneira o significado do ritual da circuncisão, que Paulo o chama literalmente de “mutilação”, pois perdera seu principal conceito espiritual e, nas mãos desses falsários, havia sido transformado apenas em um corte inútil no órgão genital masculino (Gl 5.15; Gn 17.10; 21.4; Dt 10.16; Jr 4.4). 2 Por causa do sacrifício de Cristo, os cristãos – como o Povo da Aliança (a Igreja) - passaram a considerar a “circuncisão” (o povo com a marca de propriedade de Deus), tendo, portanto, o direito de herdar as promessas do Senhor. A circuncisão deixou de ser um ritual físico, obrigatório, e passou a ser um ato voluntário e espiritual, uma decisão de amor (Rm 2.24-29; Cl 2.11; Gl 6.16; 1Pe 2.9,10; Gl 5.2-6). 3 Embora o termo “carne”, na maioria das vezes em que aparece nas cartas de Paulo, tenha a ver com a “natureza humana pecaminosa”, aqui se refere a qualquer valor humano, ganho por herança ou esforço, em que o homem não convertido deposita sua fé ou confiança. Os nossos esforços morais, intelectuais ou religiosos são frágeis, como a própria natureza humana, não podem, portanto, nos salvar nem mesmo nos aperfeiçoar. Os vv.4-14 apresentam uma das seções autobiográficas mais importantes das cartas de Paulo (Gl 1.13-24; 1Tm 1.12-16; At 22.1-21; 26.1-23). 4 A fé pré-cristã de Paulo estava depositada na sua linhagem, puramente judaica, e no seu zelo quanto à obediência da Lei e suas normas e detalhamentos farisaicos. A expressão literal “hebreu de hebreus” quer dizer “um filho judeu, nascido de pais judeus”. Paulo enfatiza que não era prosélito (gentio que se converte ao judaísmo), mas nascido judeu, circuncidado ainda bebê, na mais tradicional das tribos judaicas: Benjamim, em cujas fronteiras ficava a Cidade Santa, Jerusalém. Portanto, era um verdadeiro e digno hebreu, no sangue, no idioma, na cultura e no estilo de vida (Gn 17.12; At 22.2,3; 23.6; 26.5; Gl 1.14). Perante as exigências da religião judaica, Paulo era irrepreensível (v.6). Entretanto, diante do Espírito de Cristo, e em seu coração, ele se reconheceu pecador (Rm 3.20; 7.7-25). 50_Filipenses_2012.indd 1799 19/03/2012 23:02:04
  • 9. FILIPENSES 3 1800 6 quanto ao zelo, persegui a Igreja; quan- isso, ou seja perfeito; entretanto, vou to à justiça que há na Lei, irrepreensível. caminhando, buscando alcançar aqui- 7 Todavia, o que para mim era lucro, pas- lo para que também fui alcançado por sei a considerar como prejuízo por causa Cristo Jesus. de Cristo.5 13 Irmãos, não penso que eu mesmo já o 8 Mais do que isso, compreendo que tudo tenha conquistado; mas tomo a seguinte é uma completa perda, quando compa- atitude: esquecendo-me das coisas que rado à superioridade do valor do conhe- para trás ficam e avançando para as que cimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por estão adiante de mim, quem decidi perder todos esses valores, 14 apresso-me em direção ao alvo, a fim os quais considero como esterco, a fim de de ganhar o prêmio da convocação celes- ganhar Cristo, tial de Deus em Cristo Jesus.7 9 e ser encontrado nele, não tendo por 15 Por isso, todos nós que alcançamos a minha a justiça que procede da Lei, mas maturidade espiritual, devemos pensar sim a que é outorgada por Deus median- dessa mesma maneira; porém, se em al- te a fé, gum aspecto pensais de forma diferente, 10 para conhecer Cristo, e o poder da sua também quanto a isso Deus vos escla- ressurreição, e a participação nos seus recerá.8 sofrimentos, identificando-me com Ele 16 Contudo, caminhemos na medida da na sua morte, perfeição que já atingimos.9 11 com o propósito de, seja como for a 17 Caros irmãos, sede meus imitadores ressurreição dentre os mortos, nela estar e prestai atenção nos que caminham de presente.6 acordo com o padrão de comportamen- to que temos vivido.10 Correndo em direção ao alvo 18 Porquanto, como já vos adverti repe- 12 Não que eu já tenha alcançado tudo tidas vezes, e agora repito com lágrimas 5 O encontro de Cristo com Paulo, na estrada de Damasco, transformou seu conjunto de valores, sua visão de si mesmo e do mundo. O auto-suficiente, arrogante e egocêntrico Saulo, foi convertido num servo, humilde, amoroso e cristocêntrico (At 9.3-16; 2Tm 2.15). 6 Paulo não está revelando qualquer dúvida sobre sua fé na ressurreição ou na vida eterna com Cristo após a morte do corpo, mas, sim, reforçando sua intensa dedicação e expectativa. Não significa que ao crermos em Cristo, ainda tenhamos que – obrigatoriamente – realizar boas obras e contar com um julgamento benevolente de Deus no último dia. Paulo está afirmando que, seja qual for a forma em que se dê a ressurreição dos que dormem em Cristo, ele – certamente – estará lá, assim como todos os cristãos sinceros (Dn 12.2; Jo 5.29; At 24.15; 1Co 15.23; 1Ts 4.16). 7 Paulo compreendia bem o quanto os gregos valorizavam a performance intelectual e física dos seres humanos. Os discursos, as artes e os esportes revelavam – para os gregos – a própria divindade misturada à alma humana. O vencedor das corridas gre- gas recebia uma grinalda de folhas em sinal de divindade e, muitas vezes, um alto valor em dinheiro. Paulo faz uma analogia com o grande prêmio dos cristãos: a glória da salvação eterna, não conquistada por esforço ou capacidade, mas por meio da graça de Deus através do sacrifício de Cristo (1Co 9.24-27; 1Tm 6.12; 2Tm 4.7,8; Mt 24.13; Hb 12.1). As maiores aspirações do apóstolo Paulo não estavam nesta vida ou em qualquer valor da terra, mas no céu, porque é ali que Cristo está (Cl 3.1,2). 8 A expressão grega original teleioi, que significa “aperfeiçoado” ou “desenvolvido de acordo com um alto padrão”, aponta para a maturidade daqueles que, com os olhos fixos em Cristo (nosso objetivo principal), esperam ouvir do Senhor: “muito bem” (Mt 25.21). O cristão teleioi é o crente em Cristo que fez progresso razoável no crescimento e na maturidade espiritual (1Co 2.6; 3.1-3; Hb 5.14). Os cristãos não devem se entregar às discussões teológicas acirradas, especialmente sobre detalhes da fé, o mais sábio é deixar que o Espírito Santo venha esclarecer todas as coisas a cada um. 9 Cada cristão deve viver segundo o que já aprendeu e experimentou do Senhor. Em um mundo onde a fome por informação parece insaciável, essa exortação de Paulo é um alerta para que os crentes procurem fazer mais o que já sabem ser a vontade de Deus do que se entregarem a uma busca insana por descobrir a vontade de Deus para cada detalhe, presente e futuro, de suas vidas pessoais. 10 Esse é o princípio do discipulado cristão, em que Cristo é nosso mentor e exemplo maior, seguido por Paulo (os apóstolos) e todos cuja vida espelhe a ação livre e saudável do Espírito Santo. O estilo de vida seguido pelos cristãos deve ser um exemplo que valha a pena ser seguido pelo mundo. Esse é o mais eficaz método de evangelização em massa de todos os tempos: o crescimento exponencial dos crentes a partir do discipulado bíblico, sincero e dedicado, um a um. 50_Filipenses_2012.indd 1800 19/03/2012 23:02:04
  • 10. 1801 FILIPENSES 3, 4 nos olhos, que há muitos que vivem como gria e coroa, permanecei assim firmes no inimigos da cruz de Cristo. Senhor, amados.1 19 O fim dessas pessoas é a perdição; o 2 Suplico a Evódia e a Síntique que resta- deus deles é o estômago; e o orgulho que beleçam a boa convivência no Senhor. eles ostentam fundamenta-se no que é 3 Sim, peço a ti, leal companheiro de vergonhoso; eles se preocupam apenas jugo, que as ajudes, pois ministraram co- com o que é terreno.11 migo na causa do Evangelho, juntamente 20 No entanto, a nossa cidadania é dos com Clemente e com meus outros coo- céus, de onde aguardamos com grande peradores, cujos nomes estão no livro da expectativa o Salvador, o Senhor Jesus vida.2 Cristo, 4 Alegrai-vos sempre no Senhor; e nova- 21 que transformará nossos corpos hu- mente vos afirmo: Alegrai-vos!3 milhados, tornando-os semelhantes ao 5 Seja a vossa amabilidade conhecida seu corpo glorioso, pelo poder que o ca- por todas as pessoas. Breve voltará o Se- pacita a colocar tudo o que existe debai- nhor.4 xo do seu pleno domínio.12 6 Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo contrário, sejam todas as vossas so- Unidade e alegria em oração licitações declaradas na presença de Deus 4 Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudades, minha ale- por meio de oração e súplicas com ações de graça.5 11 Na época de Paulo já haviam os chamados “cristãos nominais”, pessoas que se dizem cristãs, mas suas práticas diárias demonstram nitidamente o contrário. Paulo se refere a dois tipos bem definidos: os judaizantes (legalistas desprovidos de amor cristão, mais apegados às leis do que ao Deus das leis – v.2) e os antinomistas (um outro extremo; libertinos, para os quais tudo é permitido – v.19). 12 Cristo tem poder absoluto sobre o universo por toda a eternidade. Deus Pai lhe outorgou esse poder e o ressuscitou glorificado mediante sua obediência até a morte, e morte de cruz (Mt 28.18; 1Co 15.27; Ef 1.20-22). Mediante o Espírito Santo, ressuscitará também os nossos corpos mortais, sujeitos às fraquezas, à corrupção, à completa deterioração física e à eterna separação de Deus (morte e inferno) por causa do pecado (Rm 8.10-23; 1Co 6.14; 15.42-53). O corpo ressurreto, espiritual e glorioso, já recebido por Cristo, que é “a primícia”, de modo semelhante será presenteado aos cristãos sinceros na futura “colheita” da ressurreição (1Co 15.20-49). Capítulo 4 1 Paulo volta a usar a imagem da “grinalda de folhas”, com a qual os gregos costumavam galardoar o vencedor de uma prova atlética. O apóstolo exalta sua alegria com o triunfo espiritual de seus discípulos em Filipos. Sua maior recompensa agora, e especialmente, quando Cristo voltar (1Ts 2.19). Os crentes devem permanecer firmes na fé em meio às lutas enfrentadas por amor ao verdadeiro Evangelho, pois essa dedicação e lealdade não ficarão sem grande recompensa em breve (1.27-30; 1Co 15.58). 2 O zelo de Paulo pela unidade e harmonia entre os irmãos, especialmente entre os líderes espirituais, é tão grande a ponto de citar a discórdia entre Evódia e Síntique numa carta que seria lida em público e em várias igrejas. Paulo pede que um outro cristão maduro, de sua confiança, ministre às irmãs em litígio como um pacificador, pois ele acredita na plena reconciliação das partes em Cristo. Paulo considerava os homens e mulheres que Deus lhe confiava para discipular e cooperar como “companheiros de jugo” (colegas de ministério), não como subordinados (2.25; Rm 16.3-21; Fm 24). Todos os cristãos sinceros e fiéis já estão com seus nomes publicados no mais importante de todos os diplomas: o registro celestial dos eleitos do Senhor (Ap 3.5). 3 A alegria espiritual não é apenas um sentimento de prazer ou êxtase decorrente de certos momentos felizes da vida. É um estado de espírito, permanentemente otimista, em relação ao amor e ação de Cristo em favor do cristão sincero, por meio do Espírito Santo. O cristão não nega a dor, as fraquezas e o sofrimento, mas tem sua força e motivação alicerçadas na certeza da provisão divina (Hc 3.17,18; Tg 1.2; 1Pe 4.13). 4 Os cristãos devem dispensar a mesma consideração que Jesus Cristo demonstrou (2Co 10.1) ao próximo, especialmente, para com seus irmãos. Os líderes cristãos devem exercitar o princípio da amabilidade; para com todos e nas mais variadas situa- ções, como um dos mais expressivos testemunhos do controle do Espírito Santo (1Tm 3.3; Tt 3.2). O próximo, iminente e mais importante evento histórico do calendário profético de Deus é o glorioso retorno de Cristo. Considerando que, para Deus, mil anos são como o dia que passou, é certo deduzir que o Senhor está às portas (Sl 90.4; 1Jo 2.18; Rm 13.11; Tg 5.8,9; Ap 22.7-20). 5 Quanto mais ansiosos e preocupados estamos, menos conseguimos orar adequadamente. Contudo, ao concentrarmos toda a nossa fé na pessoa do Espírito Santo e ao começarmos a dialogar com Deus (não apenas falar ou rezar, mas ouvir a voz do Senhor em nossa alma), passamos a ver a vida e seus problemas pela perspectiva de Cristo; reconhecemos que temos um grande Deus e pequenos problemas, não o contrário como antes (1Pe 5.7; Mt 6.25-31; 2Co 11.28). 50_Filipenses_2012.indd 1801 19/03/2012 23:02:04
  • 11. FILIPENSES 4 1802 7 E a paz de Deus, que ultrapassa todo tado, porquanto aprendi a viver satisfeito entendimento, guardará o vosso cora- sob toda e qualquer circunstância.9 ção e os vossos pensamentos em Cristo 12 Sei bem o que é passar necessidade e Jesus.6 sei o que é andar com fartura. Aprendi o 8 Concluindo, caros irmãos, absoluta- mistério de viver feliz em todo lugar e em mente tudo o que for verdadeiro, tudo qualquer situação, esteja bem alimenta- o que for honesto, tudo o que for justo, do, ou mesmo com fome, possuindo far- tudo o que for puro, tudo o que for amá- tura, ou passando privações.10 vel, tudo o que for de boa fama, se hou- 13 Tudo posso naquele que me fortale- ver algo de excelente ou digno de louvor, ce.11 nisso pensai.7 14 Entretanto, fizestes bem em participar 9 Tudo o que aprendestes, recebestes, ou- da minha aflição.12 vistes e vistes em mim, isso praticai; e o 15 Sabeis, ó filipenses, que, durante os Deus de paz estará convosco. vossos primeiros dias no Evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Paulo é grato à Igreja em Filipos igreja compartilhou comigo no que se 10 Alegro-me grandemente no Senhor, refere a dar e receber, exceto vós; por terdes finalmente renovado o vosso 16 pois, enquanto eu ainda estava em cuidado para comigo, sobre o qual, na Tessalônica, generosamente me enviastes verdade, estáveis atentos, mas vos faltava ajuda, não somente uma vez, mas duas, ocasião apropriada.8 quando tive necessidade. 11 Não vos declaro isso por estar necessi- 17 Não que eu esteja à procura de ofertas, 6 A “paz de Deus” não pode ser confundida com um simples estado de bem-estar emocional ou psicológico, pois é, na verdade, uma profunda e indestrutível tranqüilidade de alma; fruto da plena confiança de que todos os nossos pecados foram perdoados na cruz do Calvário, pelo sacrifício vicário de Cristo. Portanto, não temos que carregar qualquer peso de culpa (em relação ao nosso passado, presente e futuro), embora Satanás e seus asseclas tentem, diariamente e de todas as maneiras, nos fazer pensar o contrário. Se dermos ouvidos a essas falsas acusações, estaremos desmerecendo o sacrifício redentor do Senhor (pois já fomos absolvidos), e nossa vida não estará sendo controlada pelo Espírito Santo. A tranqüilidade que vem do Senhor é fruto da certeza absoluta de estarmos sob os seus cuidados paternos. A expressão “guardará vosso coração e vossos pensamentos” remete a um conceito militar que retrata uma sentinela montando guarda. Jesus zela por nós diuturnamente, sem se cansar ou distrair-se; nada que nos acontece pode surpreender a Deus. Seus cuidados estendem-se ao âmago do nosso ser e às nossas intenções mais profundas. Por isso, podemos, com toda a tranqüilidade, descansar no amor e nas providências poderosas do nosso Senhor (1Pe 1.5; Ef 3.18-20). 7 A expressão grega prosphile significa “agradável, amável ou belo”, e ocorre no NT apenas nessa carta de Paulo. Outro termo grego raro é Arete que tem a idéia de “excelência ou virtude”. Buscar a “excelência” humana ou exercitar o divino que existe no ser humano – a Imago Dei – era o ideal dos gregos estóicos. O cristão, entretanto, foi resgatado do pecado e da morte para proclamar em seu viver diário as “virtudes” de Jesus Cristo (1Pe 2.9). 8 Paulo usa um termo emprestado da antiga horticultura judaica “renovado” que aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT), e cujo significado é: “florescer de novo” (Nm 17.5). 9 A expressão grega original autarkes ocorre somente aqui no NT, e significa, especialmente no pensamento estóico, “a serenidade que brota da auto-suficiência”. Para Paulo, no entanto, Cristo é o segredo da “serenidade” (tranqüilidade) e do perfeito contentamento (1.21; 4.13). 10 O sentido literal da palavra “fartura”, usada aqui por Paulo, é “transbordar”. Certamente, o apóstolo se recordava dos seus dias de abastança, antes da sua conversão a Cristo. Por crer e pregar o Evangelho, teria perdido seus privilégios nas sinagogas e sido deserdado pelos familiares. 11 Todo cristão sincero, em razão da sua união vital com Cristo, por meio do Espírito Santo, recebe um poder divino chamado dunamis, que no original grego significa “força maravilhosa” ou “poder miraculoso”. Esse poder é confiado pelo Senhor aos seus filhos em Cristo, com o objetivo de ajudá-los a superar todos os problemas e situações difíceis da caminhada cristã, segundo a vontade de Deus. Algo como a garantia de Deus que o crente pode pagar o preço de andar retamente em um mundo distorcido pelo pecado, sem temer qualquer prejuízo real no presente e, especialmente no futuro. A comunhão íntima e permanente com o Espírito Santo, isto é, com o Cristo vivo, é o segredo de toda a força e contentamento do apóstolo Paulo (v.12; 2Co 12.9,10; Jo 15.5; Ef 3.16,17; Cl 1.11). 12 Quando um cristão ou a Igreja contribui com o sustento missionário, está participando ativamente das lutas e aflições de irmãos que entregaram suas vidas para levar as boas novas do Evangelho àqueles que, como nós, não tinham qualquer espe- rança (Hb 10.33). 50_Filipenses_2012.indd 1802 19/03/2012 23:02:04
  • 12. 1803 FILIPENSES 4 mas busco preferencialmente o bem que 20Ao nosso Deus e Pai seja a glória por pode ser creditado à vossa conta.13 toda a eternidade. Amém! 18 Agora estou plenamente suprido, até em excesso; tenho recursos em abundân- Saudações e bênção apostólica cia, desde quando recebi de Epafrodito 21 Saudai a todos os santos em Cristo Je- os donativos que enviastes, como oferta sus. Os irmãos que estão comigo igual- de aroma suave e como sacrifício aceitá- mente vos saúdam. vel a Deus.14 22 Todos os santos vos cumprimentam, 19 Mas o meu Deus suprirá todas as vos- especialmente os que estão no palácio de sas necessidades, em conformidade com César.16 as suas gloriosas riquezas em Cristo Je- 23 A graça do Senhor Jesus Cristo esteja sus.15 com o vosso espírito. Amém!17 13 Paulo usa uma linguagem própria da área econômica e de investimentos com o propósito de demonstrar claramente o volume do lucro espiritual, que o generoso e contínuo aporte de capital realizado pelos filipenses na vida e missão do apóstolo, está gerando (inclusive em crédito cumulativo), em suas próprias vidas e para todos quantos aceitarem a Palavra de Deus (2Co 8.1-5; At 17.1-9). 14 Paulo usa uma base veterotestamentária para mostrar que Deus se agrada da participação sacrificial dos crentes, na ado- ração ao seu Nome, e em todo tipo de contribuição para o sustento missionário e manutenção administrativa do ministério do Senhor na terra (Gn 8.21; Lv 7.12-15; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 13.15,16), por causa da obra de Cristo a nosso favor (1Pe 2.5) e da obra de Deus que se realiza em nós pelo seu Espírito (Fp 2.13). 15 Alguns documentos paralelos informam que os filipenses contribuíram não apenas com uma parte do que lhes sobrava, mas até ao nível de empobrecerem. Contudo, Paulo garantiu que essa generosidade dos irmãos de Filipos não passaria despercebida aos olhos amorosos e poderosos do Senhor. Ao usar a palavra “suprirá”, Paulo lhe atribui o mesmo sentido da expressão grega original usada no v.18, “abundância” (2Co 8.2). 16 Paulo não se refere aos familiares do imperador, mas, sim, a todos os militares, serviçais e escravos que, por meio do testemunho do apóstolo, agora serviam ao Senhor Jesus. Entre os mais chegados cooperadores estava Timóteo (1.1,13,14,16). 17 Ao se referir ao “espírito”, Paulo não está limitando a ação do Espírito Santo apenas à alma dos crentes, mas a expressão no original grego tem o sentido de “o ser inteiro da pessoa humana” (corpo, alma e espírito – 1Ts 5.23). Paulo invoca sobre os cristãos uma bênção restauradora que pode ser percebida a partir do âmago do ser até a pele do corpo (Gl 6.18; 2Tm 4.22; Fm 24,25). 50_Filipenses_2012.indd 1803 19/03/2012 23:02:05