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GESTÃO DA DEMANDA DE VIAGENS NO CONTEXTO DA
PANDEMIA COVID-19:
TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS
Proposta inicial de trabalho
1. Introdução
No contexto atual da pandemia COVID-19 e diante da perspectiva de continuidade
das medidas de restrição de aglomeração e contato social, o transporte público por
ônibus deve ser encarado de forma muito específica para que os serviços prestados
sejam sustentáveis do ponto de vista da saúde pública e do equilíbrio econômico
financeiro. Por um lado, há inúmeros questionamentos em relação às condições
necessárias para que os ônibus transportem os passageiros com o mínimo risco de
infecção da COVID-19. Por outro lado, há as implicações em termos dos custos
adicionais que seriam gerados caso uma frota adicional fosse disponibilizada para
reduzir o nível de ocupação dos veículos.
Diante dessa situação, é necessário examinar um novo modelo de planejamento,
dimensionamento e operacionalização dos serviços de transporte público por ônibus
dentro das limitações existentes e das expectativas de toda a sociedade. Esse novo
modelo estaria baseado no princípio da gestão da demanda em função da capacidade
de oferta. Exigiria a coordenação dos atores envolvidos e seria também dependente
do constante monitoramento das condições operacionais, para obter a avaliação
contínua dos serviços.
Visando conceber o novo modelo, este documento apresenta uma proposta inicial de
trabalho. Após esta seção de introdução, compreende a concepção geral e os
princípios a serem adotados. Na sequência, é discutida a estrutura de governança
necessária para o novo modelo. Finalmente, são propostos os encaminhamentos para
a operacionalização, monitoramento e avaliação.
2. Concepção geral e princípios do novo modelo
O novo modelo pode ser aplicado em diversos níveis de análise: sistema de
transporte, área de estudo ou bacia, conjunto de serviços ou uma linha de transporte
público isolada. Essa definição depende principalmente do escopo do estudo e da
disponibilidade de dados. Dessa forma, esta seção trata de forma generalizada a
aplicação do novo modelo.
O processo de planejamento construído com base em:
! Passo 1- Estabelece o nível de serviço padrão COVID-19, considerando a
máxima ocupação do ônibus, os passageiros sentados e em pé para cada tipo
de ônibus;
! Passo 2 - Calcula a capacidade horária disponibilizada, considerando as
limitações relacionadas ao nível de serviço padrão COVID-19;
! Passo 3 - Calcula a demanda de viagens horária, considerando o número de
passageiros pagantes catracados, o índice de gratuidades e os passageiros de
integração no horário sob análise;
! Passo 4 - Compara a capacidade e a demanda do sistema no horário sob
análise;
1
! Passo 5 - Avalia a necessidade de alteração das atividades, caso a demanda de
viagens seja superior a capacidade do sistema. Se esse for o caso, vai ao passo
6. Se não for, então efetiva o plano de implantação no Passo 7;
! Passo 6 - Determina as atividades que contribuem para superar a capacidade
do sistema no horário sob análise. Se houver possibilidade de alterar a
intensidade dessas atividades no horário sob análise, então estima a demanda
horária de viagens, considerando a somatória de todas as atividades e as
respectivas características. Se não for possível, então estabelece novos
parâmetros para a oferta de serviços, considerando alteração de capacidades
e número de veículos. Retorna aos Passos 1, 2 ou 3;
Repetir até que não exista horário com DVh ≤CDh ou não seja que a demanda
observada esteja abaixo da demanda de projeto do sistema;
! Passo 7 – Estabelecer processos de controle das atividades para verificar se
intensidade das atividades, as viagens por pessoas e a população das
atividades estão de acordo com os valores inicialmente utilizados. Se forem
diferentes, implementa ações de controle e refinamento;
! Passo 8 – Estabelecer processos de controle da oferta de serviços e demanda
observada no transporte público conforme Passos 1, 2 e 3. Se os valores
forem diferentes, retorna aos Passos 1, 2 ou 3;
! Passo 9 – Monitorar todo o desempenho do sistema, considerando as
condições de evolução da pandemia, retornando ao Passo 1 até que seja
resolvido o problema.
! Passo 10 – Relatar os resultados alcançados ao longo do tempo com medidas
de eficiência e desempenho do novo modelo adotado.
Esses passos são representados esquematicamente na Figura 1 e matematicamente
no Anexo.
Figura 1 – Representação esquemática do modelo proposto
2
2. Estrutura de governança
Visando a operacionalização do modelo proposto, recomenda-se a criação de um
Comitê Gestor. Esse comitê será o ente responsável por toda a discussão que precede
a aplicação do modelo e também estará engajado na efetivação das metas
estabelecidas.
A composição do Comitê Gestor é extremamente flexível, mas idealmente deve
incorporar atores que representem os principais setores socioeconômicos da área de
análise. Dessa forma, recomenda-se que os setores industrial, comercial, de serviços
e construção sejam partes fundamentais. Ademais, obviamente, há a necessidade da
participação qualificada do representante do poder público e dos operadores dos
serviços de transporte público.
As principais atribuições do Comitê Gestor seriam:
• Estabelecer limites e referências;
• Discutir os resultados do modelo;
• Implantar as ações sob responsabilidade;
• Relatar resultados; e
• Ajustar até o fim da pandemia.
A Figura 2 representa esquematicamente essa estrutura de governança.
Figura 2 – Representação esquemática da estrutura de governança
3. Operacionalização, Monitoramento e Avaliação
Uma vez estabelecida a composição do Comitê Gestor, vislumbra-se a implantação de
um processo de funcionamento. O processo se inicia com a reunião inicial do Comitê
Gestor, que atua dentro das atribuições destacadas na seção 2 deste documento.
Como consequência direta, são definidas uma série de Deliberações,
especificamente voltadas para reorganização das atividades urbanas, seja para o
gradual escalonamento ou flexibilização de horários ou para a mudança na
intensidade das atividades desempenhadas. Alternativamente, caso haja a avaliação
e a disponibilização dos recursos necessários, pode-se contar com a alteração das
condições da oferta de transportes. Segue-se um conjunto de ações setoriais e
operacionais, buscando implantar as Deliberações. Na sequência ocorrem as
3
iniciativas de monitoramento contínuo das ações, buscando identificar variações
tanto nos resultados como na participação dos envolvidos. Finalmente, o processo se
repete com base no refinamento realizado.
A Figura 3 representa esquematicamente o processo de operacionalização,
monitoramento e avaliação.
Figura 3 – Representação esquemática da operacionalização
4
ANEXO – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA
O processo de planejamento construído com base em:
! Passo 1- Estabelece o nível de serviço padrão COVID-19, considerando a
máxima ocupação do ônibus tipo i (MOi) é dada por:
Onde
PSi o número de passageiros sentados no ônibus tipo i; e
PEi o número de passageiros em pé no ônibus tipo i.
! Passo 2 - Calcula a capacidade horária disponibilizada (CD), considerando as
limitações relacionadas ao nível de serviço padrão COVID-19:
Onde
VGih as viagens do tipo i disponibilizada no horário h;
! Passo 3 - Calcula a demanda de viagens horária (DVh), considerando o número
de passageiros pagantes catracados (PGh), o índice de gratuidades (IGh) e os
passageiros de integração (PIh) no horário h:
! Passo 4 - Compara a capacidade e a demanda do sistema no horário h
DVh versus CDh
! Passo 5 - Avalia a necessidade de alteração das atividades
o Se DVh > CDh
▪ Então:
! Passo 5.1 – Identifica as atividades associadas ao
horário h sob análise indo para o Passo 6;
▪ Senão
! Passo 5.2 - Efetiva o plano de implantação no Passo 7;
! Passo 6 - Determina as atividades que contribuem para superar a capacidade
do sistema no horário sob análise;
! Passo 6.1 – Verifica a possibilidade de alterar a
intensidade dessas atividades no horário sob análise;
o Se houver a possibilidade
▪ Então:
! Passo 6.2 – Estima a demanda horária de viagens (DMh)
considerando a somatória de todas as atividades e as
respectivas características
;
Onde
IA é Intensidade da Atividade (percentual do total);
VP são as Viagens por Pessoa por atividade; e
PP é a População Participante na atividade.
MOi = PSi + PEi
CDh
=
∑
MOi*VGh
i
DVh
= PGh
*(1 + IGh
) + PIh
DMh
=
∑
IAh
a*VPa*PPa
5
▪ Senão
! Passo 6.3 – estabelecer novos parâmetros para a oferta
de serviços, considerando alteração de capacidades e
número de veículos;
! Passo 6.4 – retornar aos Passos 1, 2 ou 3;
Repetir até que não exista horário com DVh ≤CDh ou não seja que a demanda
observada esteja abaixo da demanda de projeto do sistema;
! Passo 7 – Estabelecer processos de controle das atividades para verificar se
IA, VP e PP estão de acordo com os valores inicialmente utilizados no Passo
6.2:
o Se valores diferentes
! Passo 7.1 – Implementar ações de controle e
refinamento;
! Passo 8 – Estabelecer processos de controle da oferta de serviços e demanda
observada no transporte público conforme Passos 1, 2 e 3:
o Se valores diferentes
! Passo 8.1 – Voltar aos Passos 1, 2 ou 3;
! Passo 9 – Monitorar todo o desempenho do sistema, considerando as
condições de evolução da pandemia, retornando ao Passo 1 até que seja
resolvido o problema.
! Passo 10 – Relatar os resultados alcançados ao longo do tempo com medidas
de eficiência e desempenho do novo modelo adotado.
6

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  • 1. GESTÃO DA DEMANDA DE VIAGENS NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19: TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS Proposta inicial de trabalho 1. Introdução No contexto atual da pandemia COVID-19 e diante da perspectiva de continuidade das medidas de restrição de aglomeração e contato social, o transporte público por ônibus deve ser encarado de forma muito específica para que os serviços prestados sejam sustentáveis do ponto de vista da saúde pública e do equilíbrio econômico financeiro. Por um lado, há inúmeros questionamentos em relação às condições necessárias para que os ônibus transportem os passageiros com o mínimo risco de infecção da COVID-19. Por outro lado, há as implicações em termos dos custos adicionais que seriam gerados caso uma frota adicional fosse disponibilizada para reduzir o nível de ocupação dos veículos. Diante dessa situação, é necessário examinar um novo modelo de planejamento, dimensionamento e operacionalização dos serviços de transporte público por ônibus dentro das limitações existentes e das expectativas de toda a sociedade. Esse novo modelo estaria baseado no princípio da gestão da demanda em função da capacidade de oferta. Exigiria a coordenação dos atores envolvidos e seria também dependente do constante monitoramento das condições operacionais, para obter a avaliação contínua dos serviços. Visando conceber o novo modelo, este documento apresenta uma proposta inicial de trabalho. Após esta seção de introdução, compreende a concepção geral e os princípios a serem adotados. Na sequência, é discutida a estrutura de governança necessária para o novo modelo. Finalmente, são propostos os encaminhamentos para a operacionalização, monitoramento e avaliação. 2. Concepção geral e princípios do novo modelo O novo modelo pode ser aplicado em diversos níveis de análise: sistema de transporte, área de estudo ou bacia, conjunto de serviços ou uma linha de transporte público isolada. Essa definição depende principalmente do escopo do estudo e da disponibilidade de dados. Dessa forma, esta seção trata de forma generalizada a aplicação do novo modelo. O processo de planejamento construído com base em: ! Passo 1- Estabelece o nível de serviço padrão COVID-19, considerando a máxima ocupação do ônibus, os passageiros sentados e em pé para cada tipo de ônibus; ! Passo 2 - Calcula a capacidade horária disponibilizada, considerando as limitações relacionadas ao nível de serviço padrão COVID-19; ! Passo 3 - Calcula a demanda de viagens horária, considerando o número de passageiros pagantes catracados, o índice de gratuidades e os passageiros de integração no horário sob análise; ! Passo 4 - Compara a capacidade e a demanda do sistema no horário sob análise; 1
  • 2. ! Passo 5 - Avalia a necessidade de alteração das atividades, caso a demanda de viagens seja superior a capacidade do sistema. Se esse for o caso, vai ao passo 6. Se não for, então efetiva o plano de implantação no Passo 7; ! Passo 6 - Determina as atividades que contribuem para superar a capacidade do sistema no horário sob análise. Se houver possibilidade de alterar a intensidade dessas atividades no horário sob análise, então estima a demanda horária de viagens, considerando a somatória de todas as atividades e as respectivas características. Se não for possível, então estabelece novos parâmetros para a oferta de serviços, considerando alteração de capacidades e número de veículos. Retorna aos Passos 1, 2 ou 3; Repetir até que não exista horário com DVh ≤CDh ou não seja que a demanda observada esteja abaixo da demanda de projeto do sistema; ! Passo 7 – Estabelecer processos de controle das atividades para verificar se intensidade das atividades, as viagens por pessoas e a população das atividades estão de acordo com os valores inicialmente utilizados. Se forem diferentes, implementa ações de controle e refinamento; ! Passo 8 – Estabelecer processos de controle da oferta de serviços e demanda observada no transporte público conforme Passos 1, 2 e 3. Se os valores forem diferentes, retorna aos Passos 1, 2 ou 3; ! Passo 9 – Monitorar todo o desempenho do sistema, considerando as condições de evolução da pandemia, retornando ao Passo 1 até que seja resolvido o problema. ! Passo 10 – Relatar os resultados alcançados ao longo do tempo com medidas de eficiência e desempenho do novo modelo adotado. Esses passos são representados esquematicamente na Figura 1 e matematicamente no Anexo. Figura 1 – Representação esquemática do modelo proposto 2
  • 3. 2. Estrutura de governança Visando a operacionalização do modelo proposto, recomenda-se a criação de um Comitê Gestor. Esse comitê será o ente responsável por toda a discussão que precede a aplicação do modelo e também estará engajado na efetivação das metas estabelecidas. A composição do Comitê Gestor é extremamente flexível, mas idealmente deve incorporar atores que representem os principais setores socioeconômicos da área de análise. Dessa forma, recomenda-se que os setores industrial, comercial, de serviços e construção sejam partes fundamentais. Ademais, obviamente, há a necessidade da participação qualificada do representante do poder público e dos operadores dos serviços de transporte público. As principais atribuições do Comitê Gestor seriam: • Estabelecer limites e referências; • Discutir os resultados do modelo; • Implantar as ações sob responsabilidade; • Relatar resultados; e • Ajustar até o fim da pandemia. A Figura 2 representa esquematicamente essa estrutura de governança. Figura 2 – Representação esquemática da estrutura de governança 3. Operacionalização, Monitoramento e Avaliação Uma vez estabelecida a composição do Comitê Gestor, vislumbra-se a implantação de um processo de funcionamento. O processo se inicia com a reunião inicial do Comitê Gestor, que atua dentro das atribuições destacadas na seção 2 deste documento. Como consequência direta, são definidas uma série de Deliberações, especificamente voltadas para reorganização das atividades urbanas, seja para o gradual escalonamento ou flexibilização de horários ou para a mudança na intensidade das atividades desempenhadas. Alternativamente, caso haja a avaliação e a disponibilização dos recursos necessários, pode-se contar com a alteração das condições da oferta de transportes. Segue-se um conjunto de ações setoriais e operacionais, buscando implantar as Deliberações. Na sequência ocorrem as 3
  • 4. iniciativas de monitoramento contínuo das ações, buscando identificar variações tanto nos resultados como na participação dos envolvidos. Finalmente, o processo se repete com base no refinamento realizado. A Figura 3 representa esquematicamente o processo de operacionalização, monitoramento e avaliação. Figura 3 – Representação esquemática da operacionalização 4
  • 5. ANEXO – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA O processo de planejamento construído com base em: ! Passo 1- Estabelece o nível de serviço padrão COVID-19, considerando a máxima ocupação do ônibus tipo i (MOi) é dada por: Onde PSi o número de passageiros sentados no ônibus tipo i; e PEi o número de passageiros em pé no ônibus tipo i. ! Passo 2 - Calcula a capacidade horária disponibilizada (CD), considerando as limitações relacionadas ao nível de serviço padrão COVID-19: Onde VGih as viagens do tipo i disponibilizada no horário h; ! Passo 3 - Calcula a demanda de viagens horária (DVh), considerando o número de passageiros pagantes catracados (PGh), o índice de gratuidades (IGh) e os passageiros de integração (PIh) no horário h: ! Passo 4 - Compara a capacidade e a demanda do sistema no horário h DVh versus CDh ! Passo 5 - Avalia a necessidade de alteração das atividades o Se DVh > CDh ▪ Então: ! Passo 5.1 – Identifica as atividades associadas ao horário h sob análise indo para o Passo 6; ▪ Senão ! Passo 5.2 - Efetiva o plano de implantação no Passo 7; ! Passo 6 - Determina as atividades que contribuem para superar a capacidade do sistema no horário sob análise; ! Passo 6.1 – Verifica a possibilidade de alterar a intensidade dessas atividades no horário sob análise; o Se houver a possibilidade ▪ Então: ! Passo 6.2 – Estima a demanda horária de viagens (DMh) considerando a somatória de todas as atividades e as respectivas características ; Onde IA é Intensidade da Atividade (percentual do total); VP são as Viagens por Pessoa por atividade; e PP é a População Participante na atividade. MOi = PSi + PEi CDh = ∑ MOi*VGh i DVh = PGh *(1 + IGh ) + PIh DMh = ∑ IAh a*VPa*PPa 5
  • 6. ▪ Senão ! Passo 6.3 – estabelecer novos parâmetros para a oferta de serviços, considerando alteração de capacidades e número de veículos; ! Passo 6.4 – retornar aos Passos 1, 2 ou 3; Repetir até que não exista horário com DVh ≤CDh ou não seja que a demanda observada esteja abaixo da demanda de projeto do sistema; ! Passo 7 – Estabelecer processos de controle das atividades para verificar se IA, VP e PP estão de acordo com os valores inicialmente utilizados no Passo 6.2: o Se valores diferentes ! Passo 7.1 – Implementar ações de controle e refinamento; ! Passo 8 – Estabelecer processos de controle da oferta de serviços e demanda observada no transporte público conforme Passos 1, 2 e 3: o Se valores diferentes ! Passo 8.1 – Voltar aos Passos 1, 2 ou 3; ! Passo 9 – Monitorar todo o desempenho do sistema, considerando as condições de evolução da pandemia, retornando ao Passo 1 até que seja resolvido o problema. ! Passo 10 – Relatar os resultados alcançados ao longo do tempo com medidas de eficiência e desempenho do novo modelo adotado. 6