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ATIVIDADES
DE ACADEMIA
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NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine,
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki
Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa,
Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock.
C397	CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;
MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz.
	 Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba.
	 Maringá - PR.:Unicesumar, 2020.
	 210 p.
	 “Graduação em Educação Física - EaD”.
	 1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título.
ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima
de tudo, para gerar uma conversão integral das
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares:
intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e
Londrina)eemmaisde500polosdeeducaçãoadistância
espalhados por todos os estados do Brasil e, também,
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de
excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
soluções inteligentes para as necessidades de todos.
Para continuar relevante, a instituição de educação
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
coragem e compromisso com a qualidade. Por
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
do conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à
Comunidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores
e pela nossa sociedade. Porém, é importante
destacar aqui que não estamos falando mais daquele
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos,
atemporal, global, democratizado, transformado pelas
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares,
informações, da educação por meio da conectividade
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares
e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram
a informação e a produção do conhecimento, que não
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber cada
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
cativantes, ricos em informações e interatividade. É
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
as portas para melhores oportunidades. Como já disse
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educacional,
complementando sua formação profissional,
desenvolvendo competências e habilidades, e
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade,
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
estes materiais têm como principal objetivo “provocar
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
em busca dos conhecimentos necessários para a sua
formação pessoal e profissional.
Portanto,nossadistâncianesseprocessodecrescimento
e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
das discussões. Além disso, lembre-se que existe
uma equipe de professores e tutores que se encontra
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autores
Me. Adriano Ruy Matsuo
Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui Mestrado em Educação Física pelo
Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES
4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em
Atividade Física e Saúde (2018). Especialização em Fisiologia Humana: Fun-
cionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduação em Bacharelado em
Educação Física (2011), também pela UEM. Tem experiência na área de acade-
mia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes
modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de
Educação Física EAD da UniCesumar.
http://lattes.cnpq.br/2456149959756244
Me. Fábio Luiz Iba
Possui Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela
Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). MBA em
Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela
mesma Universidade e graduação em Administração também pela Universidade Estadual
de Maringá (2005). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós-graduação
EAD, na área de administração e gestão de projetos.
http://lattes.cnpq.br/6939160957684922
apresentação do material
ATIVIDADES DE ACADEMIA
Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba
Prezado(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia!
Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são ativida-
des como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que estas foram e são atividades
que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Contudo, é importante destacar que,
atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes.
Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca-
demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o
conteúdo relativo às ginásticas é devido à sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus
conhecimentos para as demais atividades físicas da academia.
Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte à sua
atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como em diversos outros espaços. Para isso, num
primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate
da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness,
tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades
ofertadas em uma academia de ginástica.
Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes à ginástica de academia. Começare-
mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até
o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em
termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas,
e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos
da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula.
Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia,
que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o
conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim
como a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência.
O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao
concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão
trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica!
Ótima leitura e bons estudos!
sumário
UNIDADE I
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS
14	 História da Academia de Ginástica
20	 Fitness e Wellness
24	 Atividades ofertadas em uma Academia de
Ginástica
50	Gabarito
UNIDADE II
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA
56	 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia
70	 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício
84	 Elementos Musicais na Ginástica de Academia
97	Gabarito
UNIDADE III
MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
104	 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
116	 Modalidades que fazem o uso de equipamentos
128	 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia
139	Gabarito
UNIDADE IV
PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
144	 Treinamento Desportivo e a ginástica de aca-
demia
150	 Planejamento e Organização de uma aula de
ginástica de academia
156	 Elementos para um coaching de excelência
170	Gabarito
UNIDADE V
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
176	 Administração e seus principais conceitos
180	 Processo administrativo
184	 Estrutura organizacional
188	 Empreendedorismo e plano de negócios
198	Gabarito
199	REFERÊNCIAS
Me. Adriano Ruy Matsuo
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
•	 História da Academia de Ginástica
•	 Fitness e Wellness
•	 Atividades Ofertadas em uma Academia de Ginástica
Objetivos de Aprendizagem
•	 Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia
de ginástica.
•	 Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da
academia.
•	 Apresentar as atividades comumente praticadas e
oferecidas na academia.
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS
unidade
I
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de aca-
demia, nesta primeira unidade, trataremos deste nosso am-
biente de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso,
serão apresentadas as principais atividades que, atualmente,
são desenvolvidas nela.
Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história
da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se
consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido,
veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina-
ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas.
Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto
das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está
ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse
contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão físi-
ca, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos, também,
que o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia,
meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física.
Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer-
tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas
vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica-
mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios
físicos e atividades complementares.
Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí-
cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como
a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza-
do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão
aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência
melhor ao aluno, como a avaliação física.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos! Tenha uma ótima leitura!
14

Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades
presentes na academia, realizando um sucinto res-
gate histórico deste estabelecimento de atividades
voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos
componentes da aptidão física. Contudo, antes de
entrarmos nesta discussão, é importante entender
a origem da expressão “academia de ginástica”,
utilizada, aqui no Brasil, para designar estabeleci-
mentos deste tipo.
O termo “academia” tem origem na escola fun-
dada por Platão, chamada de Academia, devido ao
local onde estava instalado o bosque de Academos
(GAARDER, 1995). É relevante destacar que, junta-
mente com a educação do intelecto, o cuidado com o
corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego
da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmen-
te, para designar um conjunto de exercícios físicos que
têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento
físico (FONTANA; REPPOLD FILHO, 2014).
História da
Academia de Ginástica
15
EDUCAÇÃO FÍSICA
O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta-
leceu, na década de 70, com as publicações da The
International Federation of Bodybuilding and Fitness
(IFBB), em português “Federação Internacional de
Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de ato-
res, como Arnold Schwarzenegger e de franquias,
como a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym.
O surgimento das academias de ginástica ocor-
reu no século XIX, na Europa, mais precisamen-
te na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON,
2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989).
Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou
Turnkunst na Alemanha) e tinham como objetivo
educar e condicionar, fisicamente, homens e mu-
lheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos
específicos. A partir do século XX, houve aumento
e propagação das academias tanto na Europa quan-
to nos Estados Unidos, onde as práticas mais ofere-
cidas eram o halterofilismo e a ginástica.
Apesar do grande destaque que a ginástica rece-
beu no século XIX, em decorrência do movimento
ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis-
tas, Eugen Sandow
(1867-1925) e Char-
les Atlas (1892-
1972), que se ini-
ciou a globalização
da academia e da
cultura fitness, no
começo do século
XX (ANDREAS-
SON; JOHANSSON,
2014). Essa globali-
zação ocorreu, por
meio de palestras
internacionais, revis-
tas e materiais sobre
técnicas e treinamen-
to físico, promovidos
por ambos os atletas.
Figura 1 - Eugen Sandow
Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1
.
Figura 2 - Charles Atlas
Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2
.
Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym
16

Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo,
ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge-
ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth
H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram
de estímulo para o desenvolvimento de uma forma
específica de ginástica, que envolvia a música com
movimentos coreografados, denominada de Aerobic
Dancing (SORENSEN, [2020], on-line)5
. Podemos
dizer que esta forma de ginástica deu origem às mo-
dalidades de ginástica de academia contemporâneas.
Uma clássica academia de ginástica entre os
anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di-
ferentes tipos de máquinas e equipamentos de
treinamento, um espaço com pesos livres (barras,
anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi-
nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as
academias seguem este mesmo padrão, contudo, é
possível observar aquelas que oferecem, ainda, di-
ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras
esportivas, entre outros.
Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas
Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach,
na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era
um local simples, com equipamentos caseiros,
ondefisiculturistaspodiammoldarseufísico.Seu
aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene-
gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi-
mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s
Gym passou a ser reconhecida, mundialmente,
a partir do ano de 1977, quando organizou o
concurso Mister América e serviu de cenário para
o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e
seus amigos mostraram seus treinamentos para
os concursos Mister Universe e Mister Olympia.
Atualmente, ela se tornou uma das maiores
empresas do ramo do fitness, com mais de
700 academias em todo o mundo.
Acompanhando a evolução das academias, a
Gold’sGym,oferecealémdoespaçodamusculação
(quefoiseucerne),umavariedadedeprogramas
detreinamento,comooGold’sBurn,oGold’sFiteo
Gold’sCycle,visandoabrangerdiferentespúblicos.
Fonte: Gold’s Gym (2018, on-line)³ e Gold’s Gym
([2020], on-line)4
SAIBA MAIS
17
EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 4 - Barra
18

Foi a partir dos anos 90 que houve a súbita expan-
são das franquias de academias e das modalidades
de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas
para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS-
SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura
fitness pode ser observada pelo número de acade-
mias em todo mundo, que já somam mais de 201
mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo-
calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23).
A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL
O modelo de academia de ginástica, semelhante ao
atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil.
Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e
halterofilismo, sendo encontradas principalmente
nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei-
ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto
espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal-
terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns
atores de cinema, houve a expansão das academias
de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em
todo o mundo (FURTADO, 2009).
A ginástica de academia promoveu, nos anos 80,
o aumento de adeptos à prática de exercícios físicos
nesses locais, principalmente das mulheres, que bus-
cavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane
Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remo-
delação das salas de halterofilismo, que passaram a ter
máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utiliza-
ção, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de
treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofi-
lismo” foi substituído por “musculação”, objetivando
incluir o público que não praticava a modalidade por
competição (FURTADO, 2009).
A partir da década de 90, há uma grande diversi-
ficação de modalidades e produtos oferecidos, sendo
esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As
academias brasileiras procuram se atualizar ofere-
cendo, além das tradicionais modalidades (muscu-
lação e ginástica de academia), espaços para práticas
que integram força, equilíbrio e flexibilidade, e que
propiciam, além do condicionamento físico, tam-
bém, a saúde e o equilíbrio mental. Disponibilizam,
também, equipamentos tecnológicos que fornecem
informações detalhadas de performance, ou ainda,
que simulam situações encontradas em diferentes
práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços,
como avaliação física, acompanhamento nutricio-
nal, fisioterápico bem como programas de treina-
mento específicos, seja para uma população em es-
pecial (idosos, por exemplo), seja para determinada
finalidade (para ganho ou redução de peso).
Figura 7 - Esteira ergométrica
19
EDUCAÇÃO FÍSICA
Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi-
nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e
no mundo), existem aquelas que são especializa-
das em atender determinado público, ou oferecer,
exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido,
é comum encontrar academias restritas ao atendi-
mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas
especializadas em lutas, danças ou qualquer outra
prática. Focando em um único segmento, essas
academias se capacitam para oferecer um trabalho
de qualidade e garantem uma experiência próxima
a que seus alunos desejam.
Figura 8 - Simulador de escada
Figura 9 - Atividades com recurso
de realidade virtual
20

Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da
academia de ginástica enquanto negócio, a visão
que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos
poucos, foram sendo agregadas outras concepções,
buscando ampliar o público alvo e atingir o merca-
do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia
de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou
escutado esses termos em algum lugar. Contudo,
você saberia conceituá-los?
Fitness e Wellness
21
EDUCAÇÃO FÍSICA
O FITNESS
O termo fitness é empregado, comumente, para de-
signar a aptidão ou condicionamento físico de um
indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia,
esse termo de origem da língua inglesa é composto
pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e
o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de
condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta-
do de se estar apto (ter aptidão) para responder às
necessidades individuais. Portanto, não é um termo
restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos
aspectos emocionais, intelectuais e sociais também
(DANTAS et al., 2009).
Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em
dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente
e circunstâncias de vida, que contribuem para o es-
tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS-
TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem
ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e
Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada
uma delas (DANTAS et al., 2009).
Social: reflete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto
(aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e
aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade,
cooperação e lealdade do grupo). O fitness social é indicado pelo
grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura,
os costumes e os hábitos do grupo a que pertence.
Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas
comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem
como a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação.
O fitness emocional reflete o equilíbrio emocional e a aceitação
do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina,
responsabilidade, determinação e autorrealização.
Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem,
na inteligência e na cultura. O fitness intelectual estimula o
indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução
de problemas, bem como a busca pelo conhecimento para
satisfazer suas necessidades.
Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de
promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles
se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo
a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas
esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena.
DIMENSÕES
DO FITNESS
A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di-
mensões, podemos dizer que, no contexto da acade-
mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada
seria physical fitness, em português “aptidão física”.
22

Aptidão física relacionada à saúde
Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro-
curam uma academia de ginástica para realizar a sua
prática de atividade física são a manutenção ou me-
lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL
et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA;
SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade
física, juntamente com a aptidão física, tem sido as-
sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos
de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em
adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi-
dade se manifestam (NAHAS, 2013).
A aptidão física relacionada à saúde inclui com-
ponentes apontados como fundamentais para a lon-
gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos
de doenças ou condições crônico-degenerativas
ocasionadas por baixos níveis de atividade física
habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com-
ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão
aeróbica), a força e resistência muscular, a composi-
ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor-
tantes e podem ser definidos como:
•	 Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade
de o organismo resistir à fadiga em esfor-
ços de média e longa duração. Envolvendo
os sistemas cardiovascular e respiratório, ela
depende, essencialmente, da captação e dis-
tribuição do oxigênio para os músculos em
exercício físico. Também são determinantes
desse componente a ineficiência dos múscu-
los em utilizar do oxigênio transportado e
a disponibilidade de substratos energéticos
(glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão
cardiorrespiratória têm sido correlacionados
a um risco muito elevado de morte prema-
tura por qualquer causa, mas especialmente
por doenças cardiovasculares. Por outro lado,
aumentos no nível de aptidão cardiorrespira-
tória estão associados à redução de morte por
todas as causas (ACSM, 2016).
•	 Força e resistência muscular: a força mus-
cular corresponde à quantidade de força
externa que o músculo pode aplicar contra
uma resistência (CASPERSEN; POWELL;
CHRISTENSEN, 1985). Já a resistência mus-
cular é a capacidade de um músculo ou um
grupo muscular executar repetidas contra-
ções sem reduzir a eficiência do trabalho re-
alizado. Ambas contribuem para a melhora
ou manutenção da massa óssea (a redução
da massa óssea está diretamente associada à
mortalidade), da tolerância à glicose (impor-
tante no estado pré-diabético e diabético), da
integridade musculotendínea, da capacidade
de realizar atividades diárias, e da massa livre
de gordura (relacionada à massa corporal e à
taxa metabólica de repouso) (ACSM, 2016).
•	 Composição corporal: basicamente, ela
pode ser expressa como a porcentagem re-
lativa dos tecidos adiposos e magros (mús-
culos, ossos e água) que compõe a massa
corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com-
ponente crítico do perfil de saúde de um in-
divíduo uma vez que o acúmulo excessivo
de gordura corporal é considerado um pro-
blema de ordem pública e está associado a
diversas doenças, como a diabetes mellitus
tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio-
vasculares, certos tipos de câncer, dentre
outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL;
MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD
et al., 2003; OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
No entanto, baixos níveis de gordura corpo-
ral também representam risco à saúde, pois
o organismo depende de certa quantidade
de gordura para manter as funções fisioló-
gicas normais (HEYWARD, 2004).
23
EDUCAÇÃO FÍSICA
•	 Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli-
tude nos movimentos de diversas partes do
corpo. É dependente das estruturas articula-
res e da elasticidade de músculos e tendões.
Preservar a flexibilidade facilita os movimen-
tos e mantém a independência funcional e o
desempenho de atividades da vida diária (e
esportivas também) (HEYWARD, 2004).
Usualmente, então, os programas de exercícios físi-
cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e
devem continuar sendo) direcionados à promoção
desses componentes relacionados à saúde. Contudo,
isso não significa que os componentes relacionados
à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não
são estimulados, muito pelo contrário, eles também
fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas
com menor ênfase.
O WELLNESS
O fato de as primeiras academias de ginástica terem
surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio-
namento físico dos indivíduos e de seus fundadores
terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol-
vidas em práticas corporais fortaleceu e propagou a
ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen-
volvimento das academias, a visão antes restrita à
aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi-
milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado
fortemente, a partir dos anos 70. É nesse contexto
que aparece o termo wellness.
De acordo com a etimologia, o termo wellness, de
origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig-
nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos
abstratos de condição, conforme dito anteriormente.
Portanto, wellness tem como significado o “estar bem”
ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009).
Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo
wellness pode ser entendido como a integração de
todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas
dimensões), que desenvolve um potencial para vi-
ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa-
tivamente, para a sociedade (SABA, 2006). Assim,
se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico,
agora, a busca é pela qualidade de vida.
É importante destacar que o conceito de wellness
não deixa de enfatizar o condicionamento físico,
no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e
bem-estar (FURTADO, 2009).
A educação para a saúde, visando às modi-
ficações do comportamento que conduzem
a um estilo de vida saudável, deve ser, a
priori, em uma academia. Nesse sentido,
além da atividade física, quais pontos de-
vem ser de conhecimento do profissional
de Educação Física?
REFLITA
24

Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro
pensamento que surge é em relação às práticas cor-
porais inerentes a este ambiente, como a musculação
e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es-
paço adequado para a prática de exercícios físicos,
uma academia oferece muitas outras atividades que
visam complementar o serviço prestado, bem como
satisfazer as necessidades de seus clientes.
Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em
uma academia de ginástica podem ser categoriza-
das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades
de exercícios físicos e atividades complementares.
Atividades ofertadas
em uma Academia de Ginástica
25
EDUCAÇÃO FÍSICA
MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Em sua essência uma academia de ginástica é edifi-
cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico
que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas
as modalidades existentes uma vez que elas variam
de acordo com a época e região, assim como novas
formas de exercício físico são frequentemente elabo-
radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda-
lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se
tornando) práticas clássicas nas academias. São al-
gumas destas práticas que serão abordadas a seguir.
Exercícios aeróbicos em aparelhos
Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida,
normalmente, demandam um espaço amplo para a
sua realização, pois exigem que seus praticantes per-
corram certa distância, ou mantenham o exercício
por determinado tempo. É evidente que, por motivo
de espaço e segurança, exercícios com movimentos
cíclicos como estes não são passíveis de serem re-
alizados, de forma tradicional, no interior de uma
academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo
executadas com a ajuda de aparelhos específicos,
que permitem a simulação dos gestos motores de
maneira estacionária.
Os aparelhos específicos para o desenvolvimen-
to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com-
por o quadro de itens indispensáveis em uma aca-
demia, a partir da década de 70, quando a prática
do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in-
fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex-
to, pode-se dizer que as treadmills, em português
“esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo
no ambiente da academia.
O conceito da esteira surgiu com base em um me-
canismo, criado no século XIX, para punir presidiá-
rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme
roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas
quais os presos realizavam o movimento em degraus,
como uma escada. A máquina era grande e comprida,
de maneira que vários prisioneiros eram colocados
nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015).
Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)6
.
O movimento era constante, e a energia gerada era
utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer
moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que
tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como
“usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe-
los presidiários era tão grande que o equipamento
passou a ser visto como uma maneira eficiente de
manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015).
26

A esteira no formato que conhecemos hoje, uma
estrutura com rolamentos e uma lona, que permite
o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida
estacionária, surgiu na década de 50. Desde então,
ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan-
do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no
controle, no deleite e na qualidade do exercício físico.
Musculação
A musculação é uma das principais modalidades
de exercício físico em uma academia (ao menos, na
maioria delas) e tem o treinamento resistido como
guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer-
cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que
exigem que a musculatura corporal se movimente
(ou tente se mover) contra uma força oposta (no
caso a resistência), normalmente, exercida por al-
gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso
corporal (FLECK; KRAEMER, 2017).
Comoadventodaesteira,outrosequipamentosforam
elaborados com a mesma premissa, a de promover a
aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação
de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo
dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas
que simulam os movimentos do esporte Esqui.
Figura 12 - Elíptico
Figura 11 - Remo ergométrico
27
EDUCAÇÃO FÍSICA
Um programa de treinamento de musculação
bem elaborado, coerente e executado de maneira
correta, pode produzir benefícios à aptidão física
e à saúde, tais como: aumento da massa muscular
(hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora
da força e do desempenho físico em atividades da
vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde
também são observados, como melhora na pressão
arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli-
na (FLECK; KRAEMER, 2017).
Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a
musculação contribui para a preparação de atletas
de diferentes modalidades, além de ser a base do
fisiculturismo e de algumas modalidades, como o
levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer-
cícios da musculação envolvem a manipulação de
pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da
forma como esses elementos são combinados, os re-
sultados produzidos são diferentes.
Nesse sentido, existem vários programas de treina-
mento, cada qual com a sua finalidade (por exemplo,
emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) e seu
idealizador. Contudo, todos eles se alicerçam em seis
princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da
sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade,
Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o
Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser-
ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios.
Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo
aumento da intensidade do treino, ajustado de
acordo com a adaptação do músculo ao estímulo
dado, por meio do aumento na carga levantada, no
número de repetições ou séries realizadas, ou ainda,
na diminuição do tempo de descanso
entre as séries.
Princípio da especificidade:
significa treinar de forma específica
para produzir os efeitos específicos
desejados.
Princípio da individualidade: os
programas de treinamento devem ser
elaborados respeitando e considerando
as necessidades específicas ou os
objetivos e habilidades dos indivíduos.
Princípio da manutenção: ao ser
alcançado o objetivo do treinamento,
esse pode ser mantido apenas com um
programa voltado para a preservação
das adaptações.
Princípio da reversibilidade: quando o
programa de treinamento resistido é
interrompido ou não é mantida uma
frequência ou intensidade adequada, as
adaptações na força ou na hipertrofia,
respectivamente, retornam à condição
inicial ou deixam de progredir.
Princípio da variabilidade: a
adaptação do corpo, frente ao estímulo
produzido pelos programas de treino,
geralmente, cria um platô no processo
evolutivo, que é quebrado apenas por
novos estímulos.
28

Anilhas: são pesos, normalmen-
te, em formato de discos e feitos
de ferro fundido. Apresentam
medidas variadas e um buraco
no centro para serem encaixa-
dos nas barras ou máquinas.
Da mesma maneira que há diversos programas de
treinamento, existem vários exercícios na muscula-
ção para todos os segmentos corporais.Esses exercí-
cios são executados utilizando-se de diferentes equi-
pamentos, como:
Barras: são cilindros de comprimento, diâme-
tro e peso variável, feitas de diferentes ligas
metálicas. Existem diferentes formatos de bar-
ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for-
ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal.
Halteres: numa definição simples, halteres
são pequenas barras, as quais possuem
uma empunhadura com espaço para ape-
nas uma mão. Possuem diversos formatos
e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis.
Figura 13 - Barra hexagonal
Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres
Figura 14 - Anilhas de levantamento
de peso olímpico
29
EDUCAÇÃO FÍSICA
Máquinas com ajuste de placas de peso:
são conhecidas assim por utilizarem placas
de metal, normalmente, retangulares, que
ficam empilhadas em um compartimento
e alinhadas por um trilho. Estas possuem
um elaborado sistema de cabos e roldanas
para o seu funcionamento.
Máquinas com ajuste de anilhas:
possuem um local específico para
acoplar as anilhas. Geralmente,
funcionam com um sistema sim-
ples de alavanca.
Máquinas monoarticulares:
são máquinas cujos exer-
cícios desenvolvidos envol-
vem apenas uma articula-
ção do corpo, isolando, ao
máximo, o músculo agonis-
ta do movimento.
Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas
Figura 18 - Máquina monoarticular
Figura 16 - Máquina com ajuste
de placas de peso
30

Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati-
vidades físicas nas academias, a grande parte das
pessoas ainda adota a musculação como exercício
físico para atingir seus objetivos de saúde, estética
ou performance.
Máquinas multiarticulares: são má-
quinas em que os exercícios desen-
volvidos envolvem mais de uma arti-
culação do corpo, fazendo com que o
músculo agonista do movimento seja
auxiliado por outro grupo muscular.
Figura 19 - Máquina multiarticular
31
EDUCAÇÃO FÍSICA
Treinamento funcional
Basicamente, treinamento funcional é treinar para
uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina
esportiva, quando se observou que a eficiência dos
exercícios utilizados na reabilitação de atletas pode-
ria ser transferida para os programas de preparação
física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a
lidar com o seu peso corporal, em todos os planos
de movimento, nas diferentes exigências do esporte
(BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun-
cional faz o uso de vários conceitos esportivos para
trabalhar elementos, como a velocidade, força, po-
tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor-
poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e
reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018).
A partir da premissa de que os exercícios usados
pararecuperarumatletalesionadotambémpoderiam
ser os melhores exercícios para manter e melhorar a
saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte
do quadro de atividades das academias de ginástica.
Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí-
cios passam a condicionar para as atividades diárias.
Um programa de treinamento funcional é es-
truturado para trabalhar movimentos, não múscu-
los. Desta forma, os exercícios funcionais procu-
ram envolver o máximo de movimento das várias
articulações bem como a integração entre os gru-
pos musculares de diferentes segmentos corporais.
Para tanto, são utilizados movimentos de puxar,
empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar,
correr e saltar (D’ELIA, 2016).
Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)7
.
32

Um ponto essencial é o treinamento do Core, que
compreende a região central do corpo, abrangendo
as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân-
cia do Core reside no fato de que ele oferece movi-
mento e suporte para todas as regiões do corpo, além
disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Re-
sumidamente, o Core assume as seguintes funções:
•	 Estabilização da cintura escapular, cintura
pélvica e coluna durante os movimentos.
•	 Produz a força para os movimentos do tronco.
•	 Transfere a energia (força) entre o tronco e os
membros.
•	 Conexão entre membros superiores e inferiores.
•	 Prevenção de traumas, movimentos compen-
satórios e lesões de um modo geral.
A maioria dos exercícios funcionais é executa-
da com o peso do próprio corpo, mas também
podem ser realizados com acessórios e equipa-
mentos específicos, tais como as que seguem nas
figuras seguintes:
Figura 21 - Medicine ball
Figura 22 - Kettlebell
Figura 23 - Escada de agilidade
Figura 24 - Bosu
33
EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 25 - Resistance band
Figura 26 - Corda naval
34

Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o
corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e
extremidades) e preparado para as exigências mo-
toras da vida diária, por meio de exercícios que es-
timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência,
agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade.
Treinamento em suspensão
O treinamento em suspensão consiste na execução
de movimentos com determinados segmentos cor-
porais suspensos. A ideia central deste método é uti-
lizar o peso corporal e a gravidade como carga para
os exercícios e, desta forma, estimular o aprimora-
mento dos componentes da aptidão física.
Este método de treino foi desenvolvido pelos
soldados das Forças de Operações Especiais da Ma-
rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
com o intuito de manter e auxiliar na progressão do
condicionamento físico durante as missões, princi-
palmente, quanto estavam embarcados em navios e
submarinos (TRX, 2011).
2
3
5
4
6
7
1
13 9
8
10
11
12
1.Fitadeancoragem
2.Ajusteintermediáriodo
mosquetãodeancoragem
3.Mosquetãodeancoragem
4.Laçodeancorageminferior
5.Mosquetãoprincipal
6.Laçodeequalização
7.Travadesegurança
8.Marcasderegularaaltura(pode
serbaixa,intermediáriaoualta)
9.TirasdeAjuste
10.Fivelas
11.Manoplas
12.Apoioparaospés
13.Fitaprincipal
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mosquetãodeancoragem
3.Mosquetãodeancoragem
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5.Mosquetãoprincipal
6.Laçodeequalização
7.Travadesegurança
8.Marcasderegularaaltura(pode
serbaixa,intermediáriaoualta)
9.TirasdeAjuste
10.Fivelas
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1.Fitadeancoragem
2.Ajusteintermediáriodo
mosquetãodeancoragem
3.Mosquetãodeancoragem
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5.Mosquetãoprincipal
6.Laçodeequalização
7.Travadesegurança
8.Marcasderegularaaltura(pode
serbaixa,intermediáriaoualta)
9.TirasdeAjuste
10.Fivelas
11.Manoplas
12.Apoioparaospés
13.Fitaprincipal
Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão
Fonte: o autor.
35
EDUCAÇÃO FÍSICA
A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços
de borracha nasceu o primeiro equipamento e um
conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX,
2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis-
Os programas de treinamento em suspensão abran-
gem diversos métodos de treino, como as tradicio-
nais séries e repetições separadas por determinado
tempo de descanso, os treinos intervalados de alta
tematização dos exercícios em suspensão deram ori-
gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance
Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em
suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX.
intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora-
dos a partir das progressões de movimento em que
as diferentes formas de posicionamento do corpo,
num mesmo exercício, conferirão maior ou menor
grau de dificuldade e intensidade.
Figura 28 - Exercício de agachamento utili-
zando a fita de treinamento em suspensão
Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão
36

Como a fita é ancorada (fixada) em determinada
altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em
qualquer outra estrutura, os exercícios exploram os
diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas
posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido,
existem movimentos em que são assumidas posi-
ções na vertical, diagonal e horizontal.
Figura 30 - Posicionamento do corpo na
diagonal, com apoio das mãos
Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal,
com apoio dos pés.
37
EDUCAÇÃO FÍSICA
Treinamento individualizado (Personal trainer)
De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu-
bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física
(CONFEF, 2016), uma das atribuições do profissional
de Educação Física é a prescrição do treinamento físico
individualizado. Este serviço, em que se atende de for-
ma individualizada, é conhecido, popularmente, como
Personal trainer (em português “treinador pessoal”).
Por meio de programas de treinamentos pla-
nejados e orientados, individualmente, o Personal
trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto
para a qualidade de vida quanto para fins estéticos
e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co-
meçou a se destacar a partir do momento em que
os meios de comunicação colocaram em evidência
o exercício físico personalizado e o tornaram um es-
pecialista em forma física (BOSSLE, 2008).
Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado
O treinamento individualizado é ofertado em di-
ferentes locais, como os condomínios residenciais,
clubes, parques e, com maior destaque, as academias
de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a
musculação, o treinamento funcional, o treinamen-
to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas
quais o profissional esteja qualificado.
As academias de ginástica constituem um am-
biente ótimo para a prestação do serviço Personal
trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma-
teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis-
põem de salas de avaliação, que são fundamentais
para a prescrição e acompanhamento do treino indi-
vidualizado, assim como, conferem proteção diante
as intempéries do clima e do tempo.
38

Lutas, Danças e Natação
Geralmente, atividades, como as lutas, as dan-
ças e a natação são praticadas em academias
(ou escolas) específicas para elas, pois deman-
dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de
estruturas específicas.
O ensino das lutas e artes marciais compete aos
profissionais da Educação Física, que possuem a ti-
tulação de mestre ou o reconhecimento de treina-
dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente,
demandam um espaço especial, como o tatame ou
o ringue, assim como de materiais específicos, tais
como sacos de pancada, manoplas de foco e apa-
radores de chute. As lutas e as artes marciais mais
comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu-
-jitsu, o Muay Thay e o Boxe.
A prática das diferentes danças também requer a
presença do profissional graduado em Educação Físi-
ca, e este deve ter formação específica em um ou mais
estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe-
cífico para a sua prática, no entanto danças, como o
Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac-
terística para o seu ensino. De modo geral, os esti-
los de dança encontrados com mais frequências nas
academias de ginástica são as danças de salão, como o
samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho.
O ensino da Natação é feito pelos profissionais
da Educação Física que possuem certa experiên-
cia com a modalidade. Para oferecer uma prática
significativa e segura, as academias de ginástica
dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci-
das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros.
Além disso, vestiários apropriados e materiais es-
pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores,
palmares e nadadeiras.
Ginástica de academia
A ginástica de academia é composta por um grande
conjunto de modalidades, em que o exercício físico
é executado em forma de coreografias e cadenciado
por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer-
cício será abordado com mais profundidade e deta-
lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Com o intuito de oferecer suporte e experiência me-
lhor ao aluno, assim como para a fidelização e cap-
tação de novos clientes, as academias de ginástica
disponibilizam muitas outras atividades que comple-
mentam seus serviços. Estas atividades podem, ou
não, conferir um custo adicional ao cliente, depen-
dendo do tipo de serviço e por quem ele é prestado.
Avaliação física
A realização da avaliação física é essencial para uma
intervenção segura e de qualidade, pois é por meio
dela que são analisados os componentes da aptidão
física, determinado o estado de saúde de um indi-
víduo bem como o programa de exercícios físicos é
prescrito e acompanhado.
Uma academia de ginástica deve possuir um pro-
tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma
anamnese, a medida dos parâmetros antropométri-
cos e da composição corporal, e uma análise postural.
Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória,
da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam-
bém podem compor os elementos analisados. Con-
fira a seguir algumas informações a respeito dessas
avaliações no contexto da academia de ginástica.
39
EDUCAÇÃO FÍSICA
•	 Medidas antropométricas e da composição
corporal: a medida das proporções do corpo
são parâmetros de referência para os padrões
de saúde, de beleza e para a performance espor-
tiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos
resultados, é importante que os protocolos de
avaliação sejam adequados ao avaliado e, cri-
teriosamente, seguidos. As medidas antropo-
métricas são, facilmente, obtidas por meio de
balança, estadiômetro e fita antropométrica. Já
os constituintes da massa corporal podem ser
avaliados com técnicas e protocolos simples,
como as dobras cutâneas ou a bioimpedância
(ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013).
•	 Anamnese: o questionário aplicado deve ser es-
truturado para determinar o perfil do indivíduo.
Por meio dele, deve-se investigar, principalmen-
te, os possíveis problemas de saúde (de todas
as ordens), o uso de medicamentos, os riscos
de doenças hereditárias bem como os hábitos
diários de vida (atividade física, alimentação e
sono). Além deste, é interessante que o Questio-
nário de Prontidão para Atividade Física, conhe-
cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness
Questionnaire), também faça parte do protocolo
de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de-
tecção do risco cardiovascular e é considerado
um padrão mínimo de avaliação pré-participa-
ção em exercícios físicos (ACSM, 2018).
40

•	 Avaliação postural: o encurtamento e/ou a
hipotonia muscular (baixo tônus muscular)
podem gerar desequilíbrios entre pares an-
tagônicos de músculos e, consequentemente,
em desvios posturais. Esses desvios podem
causar incômodos e dores aos seus portado-
res bem como limitar a execução de certos
movimentos do cotidiano e de alguns exercí-
cios físicos. A utilização de um simetrógrafo
para a avaliação da postura auxilia na seleção
e prescrição de movimentos adequados. É im-
portante destacar que cabe ao profissional de
Educação Física, apenas, prescrever exercícios
que não agravem, ou evitem possíveis desvios
posturais. E sempre que identificado um caso
grave, encaminhá-lo aos especialistas.
•	 Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade
cardiorrespiratória reflete o estado funcional
dos sistemas respiratório, cardiovascular, mus-
cular e das suas relações fisiológicas e metabó-
licas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é
determinada pelo consumo máximo de oxigê-
nio ou VO2máx., que é expresso, normalmen-
te, em termos relativos (ml/kg/min) e, justa-
mente, reflete a capacidade do organismo em
captar, transportar e utilizar o oxigênio para
a produção de energia (PRADO et al., 2011).
O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado
por meio de testes indiretos como o teste de
banco de McArdle et al. (1972).
•	 Força e resistência muscular: a capacidade de
produção de trabalho de um músculo ou um
conjunto deles se reflete na medida da força e
resistência muscular. A força muscular pode
ser medida, basicamente, de duas maneiras:
estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es-
taticamente ou de modo isométrico, a força
pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina-
micamente, a força pode ser medida por meio
do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a
resistência muscular é facilmente avaliada por
meio de um teste de repetições máximas em
determinado tempo, como os testes de repeti-
ções de abdominal e de flexão de braços.
•	 Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos
componentes uma articulação, como os liga-
mentos, tendões e músculos bem como a inte-
ração entre uma série de articulações. Assim,
a flexibilidade é específica para a articulação e,
portanto, não existe um teste único que possa
ser utilizado. No entanto um teste muito uti-
lizado é o de sentar e alcançar, proposto por
Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade
da lombar, do quadril e de membros inferiores
(POLLOCK; WILMORE, 1993).
Tão importante quanto os dados das medidas e dos
testes são as informações obtidas das análises, que
permitem identificar deficiências, limitações e de-
terminar as necessidades secundárias ao objetivo
do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação
deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana-
lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de
exercício físico e as devidas considerações e orienta-
ções sejam feitas.
Atendimento em primeiros socorros
Pode parecer estranho, contudo o atendimento em
primeiros socorros também faz parte da rotina de
uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são
imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes-
soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As
adversidades mais comuns relacionadas à prática de
atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni-
cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta-
cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in-
farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais
lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos
ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio,
tórax e coluna (CREF4, 2014).
41
EDUCAÇÃO FÍSICA
A demora que pode ocorrer no atendimento es-
pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis-
tências inadequadas constituem algumas das preocu-
pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a
prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais
maneiras de evitar complicações são: ter profissionais
preparados, que sabem como agir quando adversida-
des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca-
demia,epossuirprotocolos,equipamentoseacessórios
necessários para um primeiro atendimento eficiente.
Os primeiros socorros compreendem ao trata-
mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia-
tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito,
até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006).
O objetivo deste é garantir a manutenção das fun-
ções vitais e evitar o agravamento das condições de
saúde do atendido (BRASIL, 2003).
É relevante destacar que deixar de prestar o so-
corro a alguma pessoa configura crime, segundo
o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL,
1940), com pena que varia de um a seis meses de
detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a
primeira assistência, a academia é responsável por
chamar o socorro público, como o resgate do Corpo
de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima.
SAMU (192)
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência,
ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e
presta socorro a vítimas de casos clínicos, como:
- Dores no peito (podem ser sintomas de problemas
cardíacos);
- Intoxicação por diversos produtos;
- Perda de consciência, desmaio e hemorragias;
- Crises de convulsão.
Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as
Unidades de Pronto Atendimento
(UPA´s)
SIATE (193)
O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma
em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número
de telefone 193 e presta socorro a vítimas
emergenciais do tipo:
- Acidentes de trânsito com feridos;
- Ferimentos com arma branca e de fogo;
- Quedas com fraturas e ferimentos;
- Choque elétrico grave;
- Ataque de animais.
Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte,
de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas
expostas. Esses casos são encaminhados para os
hospitais.
Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor.
42

Quanto à regulamentação e fiscalização, em re-
lação à prestação de primeiros socorros na aca-
demia, as leis podem variam em cada estado e
município, por este motivo, cabe ao gestor buscar
informações a respeito do assunto para manter o
estabelecimento em ordem.
De modo geral, a prevenção de fatores de risco
ambientais, como a manutenção e o bom estado das
instalações e dos equipamentos, também como uma
anamnese adequada com informações sobre o esta-
do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade-
mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de
situações emergenciais.
Promoção e participação em eventos
Um evento pode ser considerado um acontecimento
estratégico que ocorre a partir de determinado in-
teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo
(MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser
um plano de ação de Marketing de relacionamento
uma vez que este representa uma tentativa das em-
presas em desenvolver relações de longa duração
com seus clientes.
Existem dois fortes motivos para que uma aca-
demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos
são um meio de gerar a sensação de acolhimento e
comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos
alunos, à medida que os fazem sentir parte de um
grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de
atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo-
ção de eventos internos, com a participação de con-
vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos
externos, tornando a marca da academia mais visí-
vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de
romper com a monotonia causada pela rotina das
aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam-
-se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos
eventos mais comuns acontecem por:
•	 Comemorações de datas específicas: Dia das
Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia e
festas tradicionais (Festa Junina, Halloween,
Natal, entre outras).
•	 Competições: fazem parte do quadro de
competições os eventos de modalidades es-
portivas, como a natação, as lutas, o supino e
as corridas rústicas.
•	 Palestras: convidados especialistas apresen-
tam e discutem temas relacionados aos exer-
cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá-
veis de vida e afins.
É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre
outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so-
cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta-
belecimento de um cronograma de eventos baseados
em datas comemorativas, eventos esportivos, assim
como, na necessidade de diferentes ações com os clien-
tes, faz parte do planejamento anual de uma academia.
Serviços complementares
Algumas academias estão se tornando grandes cen-
tros multidisciplinares ao integrarem áreas afins à
educação física para oferecerem serviços especiali-
zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan-
ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola-
boração de profissionais das seguintes áreas:
•	 Nutrição
•	 Fisioterapia
•	 Medicina do esporte
•	 Estética
43
EDUCAÇÃO FÍSICA
Esse movimento de integração confere praticidade
ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi-
ços em outros locais. Em complemento, a integração
da Educação Física com uma ou mais dessas áreas,
num mesmo espaço, facilita a comunicação e a arti-
culação das ações entre os profissionais, enriquecen-
do o atendimento e podendo proporcionar melhores
resultados. No entanto, é relevante destacar que o
conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen-
te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes,
do público-alvo e da proposta de valor da academia
(SABA, 2012).
44
considerações finais
Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e
apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas.
Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran-
de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico
europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da
ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles
Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que
as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e
serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde.
Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in-
glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo
fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um
indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas
aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o
termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar.
Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas
em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares.
Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas
clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a
Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as
atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primei-
ros socorros, a promoção e a participação em eventos bem como citamos alguns dos
serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo
oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia.
Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima!
45
atividades de estudo
1.	 A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí-
cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras
academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao
que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi-
nástica, assinale a alternativa correta.
a.	 Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho-
mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho.
b.	 As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram,
basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e
pesos livres.
c.	 A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por
influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX.
d.	 Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos
ou atletas, não são comuns.
e.	 O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo.
2.	 O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne-
cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas
à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale
“V” para verdadeira e “F” para Falsa:
( )	
 A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física.
( )	
 O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares.
( )	
 O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelectual.
( )	
 A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a
qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico.
a.	 V, F, V e V.
b.	 F, F, V e V.
c.	 V, V, F e V.
d.	 F, V, V e F.
e.	 V, F, F e F.
46
atividades de estudo
3.	 O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando
se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a
partir dos anos 70. Nesse contexto, qual o significado desse termo?
4.	 Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi-
nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de
exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as
afirmativas seguintes:
I.	 O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so-
corro público.
II.	 Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen-
tos, não músculos, especificamente.
III.	 As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá-
rios na Alemanha.
IV.	 Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re-
petições e pausas.
Assinale a alternativa correta.
a.	 Apenas I e II estão corretas.
b.	 Apenas II e III estão corretas.
c.	 Apenas I está correta.
d.	 Apenas II, III e IV estão corretas.
e.	 Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
5.	 O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados das Forças de
Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as
missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen-
são e como funcionam as progressões do movimento.
47
LEITURA
COMPLEMENTAR
Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey
of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o
mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves-
tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas
tendências na área do condicionamento físico.
Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar
propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas
para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que
tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis-
tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores
podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não.
Normalmente a lista divulgada contempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos,
cinco delas têm se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval
training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei-
namento em grupo e o Personal trainer.
O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de
treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em
alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT
assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre
se mantém entre os dez primeiros. Apesar de alguns profissionais do fitness alegarem
potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido
popular em academias de todo o mundo.
Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores
de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi-
tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo
48
LEITURA
COMPLEMENTAR
sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias
vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde
assumiram a terceira colocação.
O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o
peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de treinamento utiliza o mí-
nimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico.
Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos
para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e
lideram aulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam
diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi-
pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e vêm se
destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do
Colégio Americano de Medicina do Esporte.
O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador
pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com
academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es-
tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl-
dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer
tem sido uma das 10 principais tendências.
Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física,
pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos
que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias-
tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção.
Fonte: Thompson (2019, p. 10-18).
49
material complementar
Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição)
Markus Vinícius Nahas
Editora: Midiograf
Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a inten-
ção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercí-
cios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma lingua-
gem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser
incluídas no cotidiano da maioria das pessoas.
Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros
esportivos (segunda edição)
Fabio Saba
Editora: Manole
Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lingua-
gem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do
gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de
relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o
autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti-
ver dirigida às reais necessidades do seu público.
Indicação para Ler
Indicação para Ler
50
gabarito
1.	 E
2.	 A
3.	 De acordo com a etimologia, o termo wellness,
de origem da língua inglesa, é composto pela
palavra Well que significa “bem”, e o sufixo
Ness formador de substantivos abstratos de
condição, conforme dito, anteriormente. Por-
tanto, wellness tem como significado o “estar
bem” ou “bem-estar”.
4.	 D
5.	 O treinamento em suspensão consiste na exe-
cução de movimentos com determinados seg-
mentos corporais suspensos. A ideia central
deste método é utilizar o peso corporal e a gra-
vidade como carga para os exercícios e, desta
forma, estimular o aprimoramento dos compo-
nentes da aptidão física. Já as progressões de
movimento, acontecem com as diferentes for-
mas de posicionamento do corpo, num mesmo
exercício, que conferem maior ou menor grau
de dificuldade e intensidade.
UNIDADE
II
Me. Adriano Ruy Matsuo
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
•	 Aspectos históricos da ginástica de academia
•	 Ginástica de academia e a fisiologia do exercício
•	 Elementos musicais na ginástica de academia
Objetivos de Aprendizagem
•	 Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica
de academia.
•	 Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no
âmbito da ginástica de academia.
•	 Analisar alguns dos elementos da música no contexto da
ginástica de academia.
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA
DE ACADEMIA
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no
universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con-
textualizar, histórica e cientificamente, esta atividade que está
presente na maioria das academias e possui milhares de adep-
tos em todo o mundo.
Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica
para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo-
dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os
componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido,
veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam
papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática.
Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos
estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto,
veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou
vigorosa), haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo
fornecimento de energia. Assim, o sistema aeróbico é capaz de suprir,
praticamente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas
de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na
academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser
controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí-
veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos.
Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes
das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons-
titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar
motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da
música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade.
Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos!
Tenha uma ótima leitura!
56

Neste primeiro momento, realizaremos um breve
resgate histórico da ginástica para que possamos en-
tender de que maneira ela se consolidou enquanto
modalidade de exercício físico nas academias, como
um meio de aprimorar os componentes da aptidão
física por meio de aulas coletivas.
Aspectos Históricos
da Ginástica de Academia
57
EDUCAÇÃO FÍSICA
como objetivo a preparação militar. Assim, práticas
como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle-
cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto
faziam parte do treinamento dos soldados. Em com-
plemento, a nobreza participava de competições de
esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en-
tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais,
como jogos simples e de caça e pesca, também eram
praticados nesse período (RAMOS, 1982).
No período do Renascimento, o exercício físico
começou a ser pensado de outra forma, estabelecen-
do novas concepções a respeito do corpo e seus cui-
dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970),
as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten-
dência para a educação física, ao considerá-la con-
teúdo da educação. Em seus programas estavam in-
cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos,
esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram
praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos.
Os renascentistas foram influenciados pelos
ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti-
guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre
considerado como valioso para o aprimoramento
do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto
cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé-
tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as
formas de exercício físico eram chamadas de Ginás-
tica que, de modo implícito, significava treinamento
ou preparação para um esforço físico.
Na Era Moderna, o exercício físico consolida-se
como elemento da educação, devido à evolução do
conhecimento na área da Educação Física, com a
publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi-
siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto,
foi a ginástica que introduziu o exercício físico como
possibilidade de educação do corpo.
Partindo da concepção de ginástica como todo
e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu-
manos, veremos que ela se manifesta de diferentes
maneiras e adquire atributos de acordo com os ob-
jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava
inserido. Nesse contexto, podemos observar que,
na antiguidade oriental, os exercícios físicos eram
expressos por meio de diferentes atividades. A luta
livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram
praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos
realizavam práticas corporais funcionais (voltadas
para a melhora das atividades diárias) com foco na
força, agilidade e resistência. O exercício físico como
instrumento de preparação para a vida e de cunho
litúrgico eram praticados na Pérsia, Índia, China e
no Japão (RAMOS, 1982).
No período Clássico da civilização ocidental,
na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá-
ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím-
picos, sob grande influência da mitologia e do culto
ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li-
nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em
Atenas os exercícios físicos buscavam a formação
do cidadão integral, provido de educação corporal,
composta pela eficiência educacional, fisiológica,
moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara-
ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do
corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982).
Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte
caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para
a preparação militar, objetivando a conquista e a de-
fesa de territórios do império. Além disso, também
eram observadas práticas de atividades desportivas,
como a corrida de bigas e os combates de gladiado-
res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997).
Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas
pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham
58

MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU: A
SISTEMATIZAÇÃO DA GINÁSTICA
A ginástica passou a ganhar notoriedade, a partir do
século XIX, com o movimento ginástico europeu,
composto por quatro Escolas: a Inglesa, a Alemã, a
Francesa e a Sueca (ou Nórdica). Este movimento
tinha como ideal instituir a ordem e a disciplina bem
como contribuir para afirmar a ginástica como parte
da educação dos indivíduos, sendo esta, baseada na
ciência, na técnica e nas condições políticas da Eu-
ropa na época (SOARES, 2002).
A Escola Inglesa, também conhecida como mé-
todo inglês ou movimento esportivo inglês, devido
ao seu caráter competitivo, é um dos métodos mais
conhecidos e difundidos mundialmente (LANGLA-
DE; LANGLADE, 1970). Apesar de esse método
não ter exercido influência direta no campo da gi-
nástica, ele contribuiu, sobretudo, para a universa-
lização de conceitos e para impulsionar a ginástica
como esporte olímpico. É por intermédio das Esco-
las Alemã, Francesa e Sueca que melhor compreen-
demos a sistematização da ginástica (LANGLADE;
LANGLADE, 1970; SOARES, 2002).
Figura 1 - Trajetória histórica da ginástica enquanto exercício físico / Fonte: o autor.
59
EDUCAÇÃO FÍSICA
Escola Alemã
A Escola ginástica Alemã surgiu num contexto de
ideais políticos nacionalistas, onde se acreditava
que a união territorial e a defesa da pátria só seriam
garantidas a partir da criação de indivíduos, fortes,
saudáveis e vigorosos, de espírito nacionalista (SO-
ARES, 2007). Sob a influência de Johann Christoph
Friedrich Guts Muths (1759-1839), conhecido como
o “pai da ginástica pedagógica”, esta Escola promo-
veu importantes mudanças na área da educação físi-
ca e contribuições no campo da ginástica. Guts Mu-
ths idealizou o método de treinamento denominado
de “ginástica natural” ou “método natural” (BETTI,
1991). Seu conhecimento na área da filosofia, das ar-
tes e ciências, além da sua habilidade com exercícios
ginásticos e trabalhos manuais, fez com que ele per-
cebesse a importância e a necessidade de a educação
física ser praticada seguindo os conhecimentos da
fisiologia e da anatomia (TESCHE, 2001).
Figura 2 - Uma das práticas do Turnkunst / Fonte: Wikipedia (2008, on-line)8
.
Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so-
bre os músculos e os nervos, movimentando todo o
corpo tanto de maneira global quanto segmentada,
impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além
disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida-
des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação
60

O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou,
significativamente, com a Escola Alemã, promo-
vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde
e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta
ginástica priorizava a preparação dos jovens para
guerra bem como a disseminação dos ideais higie-
nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos
nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo-
EXERCÍCIOS GINÁSTICOS:
Saltar; Correr; Arremessar;
Lutar; Escalar; Equilibrar;
Levantar e carregar; Nadar;
Exercícios de enrijecimento
e dos sentidos; Leitura
e declamação.
TRABALHOS MANUAIS:
Carpintaria; Tornearia;
Jardinagem.
JOGOS:
De movimento; sentados
ou de descanso.
ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como
o propósito era reforçar o sentimento nacionalista,
Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti-
ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A
arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen-
te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que
considerava adequados para a ginástica (QUITZAU,
2015). Verifique algumas dessas práticas a seguir:
dos elementos da natureza para, assim, promover seu
fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts
Muths selecionou um conjunto de práticas agrupa-
das em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos,
os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 2015).
Confira algumas dessas práticas a seguir:
61
EDUCAÇÃO FÍSICA
Escola Sueca
O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí-
sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia,
à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse
motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica.
O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling
(1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de
nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor-
nando os homens aptos para preservar a paz na Sué-
cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo
e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio
da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li-
vres de vícios, necessários à formação da pátria
(LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982).
EXERCÍCIOS GINÁSTICOS:
Saltar; Correr; Arremessar;
Lutar; Escalar; Equilibrar;
Levantar e carregar; Nadar;
Exercícios de enrijecimento
e dos sentidos; Leitura
e declamação.
JOGOS:
Corrida das barras; Corrida
de assalto; Jogo de bola
alemão.
EXERCÍCIOS
COMPLEMENTARES:
Esgrima; Nadar;
Equitação; Dança;
Patinação; Ficar de
cabeça para baixo;
Saltos mortais.
62

Ling idealizou o método de treinamento chamado
“Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na
ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi-
giênico. Estas denominações permitem identificar
as concepções do método criado por Ling, que agru-
pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou
mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se-
guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3)
Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço;
5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo-
minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo-
vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10)
Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131).
Podemos elencar alguns pontos como princípios
fundamentais da proposta de Ling:
•	 Os movimentos ginásticos devem ser basea-
dos nas necessidades e nas leis do organismo
humano, selecionando as formas mais efica-
zes, segundo certas regras, sem esquecer as
exigências da beleza.
Figura 3 - Apresentação de ginástica sueca / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)9
.
63
EDUCAÇÃO FÍSICA
•	 A ginástica deve desenvolver o corpo de ma-
neira harmônica, agindo sobre as suas dife-
rentes partes, dentro das possibilidades de
cada praticante.
•	 Todo movimento possui uma sequência ges-
tual, isto é, uma posição de partida, certo de-
senvolvimento e uma posição final.
•	 A ginástica deve desenvolver, gradualmente,
o corpo por meio de exercícios com intensi-
dade e dificuldade progressivas, consideran-
do capacidade do praticante.
•	 A ginástica precisa sempre associar a teoria
com a prática.
•	 Todos os exercícios são executados com voz
de comando.
A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di-
vidida em quatro partes (MARINHO, 1978): a Gi-
nástica pedagógica, destinada à educação formal e
social; a Ginástica militar, com objetivo de prepara-
ção militar; a Ginástica médica, voltada às ativida-
des terapêuticas; e a Ginástica estética, preocupada
com a graciosidade do corpo.
Escola Francesa
A Escola Francesa foi baseada nas ideias de Guts
Muths e Jahn (Escola Alemã), era preocupada, tam-
bém, com o corpo anatomofisiológico e possuía um
caráter patriótico e moral. Seu idealizador foi o espa-
nhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848),
o qual acreditava que a ginástica produziria homens
fortes, habilidosos, velozes, flexíveis, corajosos, inte-
ligentes, sensíveis e adestrados. Características estas
necessárias para enfrentar as dificuldades evidencia-
das pelo Estado e pela sociedade.
A ginástica do método de Amorós era composta por
exercícios, como: marchar, trepar (incluindo o traba-
lho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e trans-
portar, correr, lançar, entre outros movimentos. Além
disso, incluía práticas como: nadar, patinar, esgrimar,
dançar, atirar, jogar bola, boxear com os punhos e
com os pés. A maneira como essas atividades eram
desenvolvidas assemelhavam-se com o atual Circuit
training ou “Treino em circuito” (RAMOS, 1982).
A Calistenia
Baseada na Escola Sueca, a Calistenia procurou aten-
der a homens, mulheres e crianças, com exercícios
ritmados e livres de grandes aparelhos (como das
tradicionais escolas de ginástica da época). Podemos
dizer que sua origem data do ano de 1829, com a pu-
Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014,
on-line)10
.
64

blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for
beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a
beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich
Clias (CORREIA, 2008).
Exercícios com saltos e corridas.
GRUPO 7:
GRUPO 8:
GRUPO 6:
GRUPO 5:
GRUPO 4:
GRUPO 3:
GRUPO 2:
GRUPO 1: Braços e pernas.
Região pôstero-superior do tronco.
Região pôstero-inferior do tronco.
Região lateral do tronco.
Exercícios de equilíbrio.
Região abdominal.
Exercícios de ombro.
A Calistenia era um método composto por exer-
cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados,
executados ao som de música. Esses exercícios eram
realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa-
relhos leves, visando um trabalho global que
permitisse o desenvolvimento de todos os
grupos musculares bem como a simetria cor-
poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os
exercícios calistênicos eram, meticulosamen-
te, selecionados, de forma que a série executa-
da permitisse alcançar os princípios da higie-
ne, da educação, da recreação e da adaptação
ao ambiente da época (CORRÊA, 2002).
Uma aula de Calistenia era estruturada
em oito grupos de exercícios, cada qual con-
templando segmentos corporais e capacida-
des físicas específicas. Confira a organização
desses grupos no quadro ao lado.
Outro ponto a destacar é que, ao longo da
aula, havia um incremento gradual de esfor-
ço (intensidade), conforme eram desenvolvi-
dos os grupos de exercícios. Essa relação en-
tre exercício e esforço pode ser observada na
Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um
esforço muito leve, a cor verde um esforço
leve, a amarela um esforço moderado e as co-
res alaranjado e vermelho, esforços intenso e
muito intenso, respectivamente.
65
EDUCAÇÃO FÍSICA
Devido aos movimentos ritmados e à utilização da
música para a execução dos exercícios, a Calistenia
foi uma grande influência para as ginásticas presen-
tes nas academias.
Movimentos do século XX e suas contribuições
Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três
grandes movimentos ginásticos, o Movimento do
Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do
oeste. Todos eles foram importantes para a evolução
e o surgimento das diferentes manifestações gímni-
cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que
surgiram as subdivisões das modalidades e as pri-
meiras regulamentações das ginásticas.
O Movimento do Centro teve grande influên-
cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador
de um método de educação musical por meio dos
Desenvolvimento da aula
Esforço
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
Grupo 6
Grupo 7
Grupo 8
Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor.
movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os
sentidos e a expressividade. Devido à sua relação
com os procedimentos técnicos e metodológicos da
cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins-
pirou o surgimento da chamada ginástica moderna,
voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode
(1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
De maneira geral, as contribuições do Movimen-
to do Norte ao campo prático foram direcionadas à
técnica de construção e à execução dos movimen-
tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do
Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó-
gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
Estes três movimentos permaneceram até o
ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer-
salização dos conceitos de ginástica que resultou
nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN-
GLADE, 1986).
66

A GINÁSTICA NA ATUALIDADE
Como você observou, a ginástica passou por gran-
des transformações a partir do século XIX e, nos
dias de hoje, possui uma ampla abrangência, sendo
direcionada para objetivos diversos. Atualmente,
podemos organizar a ginástica em cinco campos:
Ginásticas de condicionamento, Ginásticas de cons-
cientização corporal, Ginásticas de competição, Gi-
násticas fisioterápicas e Ginástica de demonstração
(SOUZA, 1992).
As áreas de atuação que cada campo contempla são:
GINÁSTICAS DE
CONDICIONAMENTO
GINÁSTICAS DE
CONSCIENTIZAÇÃO
CORPORAL
GINÁSTICAS DE
COMPETIÇÃO
GINÁSTICAS
FISIOTERÁPICAS
GINÁSTICA DE
DEMONSTRAÇÃO
Musculação, Localizada,
Aeróbica, Treinamento
funcional, Step, Jump,
Ciclismo Indoor, Zumba,
entre outras.
Eutonia,
Feldenkrais, Yoga,
Bioenergética,
Antiginástica, Tai Chi
Chuan, entre outras.
Ginástica Artística,
Ginástica Rítmica,
Ginástica Aeróbica,
Ginástica Acrobática,
Trampolim, Roda
Ginástica, Tumbling,
Rope Skipping,
entre outras.
Reeducação Postura
Global (RPG),
Cinesioterapia,
Isostretching, entre
outras.
Ginástica para
todos.
Observando esses campos, em qual deles a Ginástica
de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi-
násticas de condicionamento, que são caracterizadas,
principalmente, pela busca da manutenção da condi-
ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005).
É importante destacar que as manifestações gímni-
cas pertencentes a este campo também estão relacio-
nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao
padrão estético colocado comercialmente.
As Ginásticas de condicionamento são, popularmen-
te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca-
demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi-
mento das capacidades físicas, como a força, a resistência
(aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997).
A GINÁSTICA DE ACADEMIA
Na década de 70, surgiu um movimento influen-
ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken-
neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de
exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa
duração) como uma excelente ferramenta para me-
67
EDUCAÇÃO FÍSICA
lhorar a aptidão cardiorrespiratória, a composição
corporal e reduzir o risco de doenças relacionadas
ao baixo nível de atividade física. As principais pu-
blicações, deste pesquisador, que influenciaram esse
movimento foram os livros Aerobics (1968) e The
Aerobics Way (1977), em português “Aeróbicos” e “O
jeito aeróbico”, respectivamente.
Nesse contexto, com o objetivo de melhorar a
resistência cardiovascular, Jaki Sorensen idealizou
um programa de exercícios denominado de Aerobic
Dancing (ou Dança aeróbica), que utilizava a mú-
sica combinada a passos de dança e exercícios ca-
listênicos. A música tornava os exercícios menos
monótonos, o que possibilitava aumentar o núme-
ro de praticantes bem como permitia desenvolver
um sentido rítmico e a coordenação dos indivíduos
(CERAGIOLI, 2008). É interessante dizer que, ini-
cialmente, o programa de Sorensen foi destinado às
esposas de militares americanos sediados em Porto
Rico e era apresentado em rede de televisão local.
A partir da década de 80, esse programa de exer-
cícios aeróbicos ganhou maior destaque e compre-
ensão social, quando a atriz Jane Fonda aderiu a ele e
o promoveu para todo o mundo por meio da televi-
são (CERAGIOLI, 2008). Foi assim que a Ginástica
aeróbica se estabeleceu e começou sua trajetória no
Fitness. No começo, os instrutores focavam, particu-
larmente, nos exercícios de alto impacto, o que acar-
retou muitos praticantes lesionados, formando uma
imagem ruim da Ginástica aeróbica (CHARPIN,
1996). Contudo com a utilização de um método
combinado, ou seja, com a alternância de exercícios
de alto e baixo impacto, esta situação foi superada.
Figura 6 - Capa do VHS de uma aula de ginástica aeróbica / Fonte: Fan-
dom ([2020], on-line)11
.
Com a propagação do método combinado, surgiram
várias academias e, consequentemente, o número de
instrutores de Ginástica aeróbica aumentou. Esse au-
mento gerou mudanças e inovações no formato das
aulas, produzindo novas modalidades, como o Step,
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  • 1. PROFESSOR Me. Adriano Ruy Matsuo Me. Fábio Luiz Iba Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. ATIVIDADES DE ACADEMIA Google Play App Store
  • 2. 2  NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa, Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz. Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba. Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. 210 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por:
  • 3. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina)eemmaisde500polosdeeducaçãoadistância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar
  • 4. boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD
  • 5. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto,nossadistâncianesseprocessodecrescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência
  • 6. autores Me. Adriano Ruy Matsuo Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui Mestrado em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES 4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em Atividade Física e Saúde (2018). Especialização em Fisiologia Humana: Fun- cionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduação em Bacharelado em Educação Física (2011), também pela UEM. Tem experiência na área de acade- mia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de Educação Física EAD da UniCesumar. http://lattes.cnpq.br/2456149959756244 Me. Fábio Luiz Iba Possui Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). MBA em Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela mesma Universidade e graduação em Administração também pela Universidade Estadual de Maringá (2005). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós-graduação EAD, na área de administração e gestão de projetos. http://lattes.cnpq.br/6939160957684922
  • 7. apresentação do material ATIVIDADES DE ACADEMIA Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia! Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são ativida- des como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que estas foram e são atividades que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Contudo, é importante destacar que, atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes. Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca- demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o conteúdo relativo às ginásticas é devido à sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus conhecimentos para as demais atividades físicas da academia. Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte à sua atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como em diversos outros espaços. Para isso, num primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness, tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades ofertadas em uma academia de ginástica. Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes à ginástica de academia. Começare- mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas, e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula. Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia, que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim como a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência. O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo. Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica! Ótima leitura e bons estudos!
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  • 9. sumário UNIDADE I A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS 14 História da Academia de Ginástica 20 Fitness e Wellness 24 Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica 50 Gabarito UNIDADE II INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA 56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 97 Gabarito UNIDADE III MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos 116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos 128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia 139 Gabarito UNIDADE IV PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 144 Treinamento Desportivo e a ginástica de aca- demia 150 Planejamento e Organização de uma aula de ginástica de academia 156 Elementos para um coaching de excelência 170 Gabarito UNIDADE V GESTÃO E EMPREENDEDORISMO 176 Administração e seus principais conceitos 180 Processo administrativo 184 Estrutura organizacional 188 Empreendedorismo e plano de negócios 198 Gabarito 199 REFERÊNCIAS
  • 10. Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • História da Academia de Ginástica • Fitness e Wellness • Atividades Ofertadas em uma Academia de Ginástica Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia de ginástica. • Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da academia. • Apresentar as atividades comumente praticadas e oferecidas na academia. A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS
  • 12. INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de aca- demia, nesta primeira unidade, trataremos deste nosso am- biente de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão apresentadas as principais atividades que, atualmente, são desenvolvidas nela. Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido, veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina- ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas. Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão físi- ca, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos, também, que o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia, meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física. Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer- tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica- mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí- cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza- do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência melhor ao aluno, como a avaliação física. Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura!
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  • 14. 14  Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades presentes na academia, realizando um sucinto res- gate histórico deste estabelecimento de atividades voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos componentes da aptidão física. Contudo, antes de entrarmos nesta discussão, é importante entender a origem da expressão “academia de ginástica”, utilizada, aqui no Brasil, para designar estabeleci- mentos deste tipo. O termo “academia” tem origem na escola fun- dada por Platão, chamada de Academia, devido ao local onde estava instalado o bosque de Academos (GAARDER, 1995). É relevante destacar que, junta- mente com a educação do intelecto, o cuidado com o corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmen- te, para designar um conjunto de exercícios físicos que têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento físico (FONTANA; REPPOLD FILHO, 2014). História da Academia de Ginástica
  • 15. 15 EDUCAÇÃO FÍSICA O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta- leceu, na década de 70, com as publicações da The International Federation of Bodybuilding and Fitness (IFBB), em português “Federação Internacional de Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de ato- res, como Arnold Schwarzenegger e de franquias, como a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym. O surgimento das academias de ginástica ocor- reu no século XIX, na Europa, mais precisamen- te na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989). Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou Turnkunst na Alemanha) e tinham como objetivo educar e condicionar, fisicamente, homens e mu- lheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos específicos. A partir do século XX, houve aumento e propagação das academias tanto na Europa quan- to nos Estados Unidos, onde as práticas mais ofere- cidas eram o halterofilismo e a ginástica. Apesar do grande destaque que a ginástica rece- beu no século XIX, em decorrência do movimento ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis- tas, Eugen Sandow (1867-1925) e Char- les Atlas (1892- 1972), que se ini- ciou a globalização da academia e da cultura fitness, no começo do século XX (ANDREAS- SON; JOHANSSON, 2014). Essa globali- zação ocorreu, por meio de palestras internacionais, revis- tas e materiais sobre técnicas e treinamen- to físico, promovidos por ambos os atletas. Figura 1 - Eugen Sandow Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1 . Figura 2 - Charles Atlas Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2 . Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym
  • 16. 16  Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo, ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge- ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram de estímulo para o desenvolvimento de uma forma específica de ginástica, que envolvia a música com movimentos coreografados, denominada de Aerobic Dancing (SORENSEN, [2020], on-line)5 . Podemos dizer que esta forma de ginástica deu origem às mo- dalidades de ginástica de academia contemporâneas. Uma clássica academia de ginástica entre os anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di- ferentes tipos de máquinas e equipamentos de treinamento, um espaço com pesos livres (barras, anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi- nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as academias seguem este mesmo padrão, contudo, é possível observar aquelas que oferecem, ainda, di- ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras esportivas, entre outros. Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach, na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era um local simples, com equipamentos caseiros, ondefisiculturistaspodiammoldarseufísico.Seu aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene- gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi- mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s Gym passou a ser reconhecida, mundialmente, a partir do ano de 1977, quando organizou o concurso Mister América e serviu de cenário para o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e seus amigos mostraram seus treinamentos para os concursos Mister Universe e Mister Olympia. Atualmente, ela se tornou uma das maiores empresas do ramo do fitness, com mais de 700 academias em todo o mundo. Acompanhando a evolução das academias, a Gold’sGym,oferecealémdoespaçodamusculação (quefoiseucerne),umavariedadedeprogramas detreinamento,comooGold’sBurn,oGold’sFiteo Gold’sCycle,visandoabrangerdiferentespúblicos. Fonte: Gold’s Gym (2018, on-line)³ e Gold’s Gym ([2020], on-line)4 SAIBA MAIS
  • 18. 18  Foi a partir dos anos 90 que houve a súbita expan- são das franquias de academias e das modalidades de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura fitness pode ser observada pelo número de acade- mias em todo mundo, que já somam mais de 201 mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL O modelo de academia de ginástica, semelhante ao atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e halterofilismo, sendo encontradas principalmente nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal- terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns atores de cinema, houve a expansão das academias de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em todo o mundo (FURTADO, 2009). A ginástica de academia promoveu, nos anos 80, o aumento de adeptos à prática de exercícios físicos nesses locais, principalmente das mulheres, que bus- cavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remo- delação das salas de halterofilismo, que passaram a ter máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utiliza- ção, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofi- lismo” foi substituído por “musculação”, objetivando incluir o público que não praticava a modalidade por competição (FURTADO, 2009). A partir da década de 90, há uma grande diversi- ficação de modalidades e produtos oferecidos, sendo esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As academias brasileiras procuram se atualizar ofere- cendo, além das tradicionais modalidades (muscu- lação e ginástica de academia), espaços para práticas que integram força, equilíbrio e flexibilidade, e que propiciam, além do condicionamento físico, tam- bém, a saúde e o equilíbrio mental. Disponibilizam, também, equipamentos tecnológicos que fornecem informações detalhadas de performance, ou ainda, que simulam situações encontradas em diferentes práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços, como avaliação física, acompanhamento nutricio- nal, fisioterápico bem como programas de treina- mento específicos, seja para uma população em es- pecial (idosos, por exemplo), seja para determinada finalidade (para ganho ou redução de peso). Figura 7 - Esteira ergométrica
  • 19. 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi- nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e no mundo), existem aquelas que são especializa- das em atender determinado público, ou oferecer, exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido, é comum encontrar academias restritas ao atendi- mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas especializadas em lutas, danças ou qualquer outra prática. Focando em um único segmento, essas academias se capacitam para oferecer um trabalho de qualidade e garantem uma experiência próxima a que seus alunos desejam. Figura 8 - Simulador de escada Figura 9 - Atividades com recurso de realidade virtual
  • 20. 20  Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da academia de ginástica enquanto negócio, a visão que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos poucos, foram sendo agregadas outras concepções, buscando ampliar o público alvo e atingir o merca- do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou escutado esses termos em algum lugar. Contudo, você saberia conceituá-los? Fitness e Wellness
  • 21. 21 EDUCAÇÃO FÍSICA O FITNESS O termo fitness é empregado, comumente, para de- signar a aptidão ou condicionamento físico de um indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia, esse termo de origem da língua inglesa é composto pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta- do de se estar apto (ter aptidão) para responder às necessidades individuais. Portanto, não é um termo restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos aspectos emocionais, intelectuais e sociais também (DANTAS et al., 2009). Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente e circunstâncias de vida, que contribuem para o es- tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS- TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada uma delas (DANTAS et al., 2009). Social: reflete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto (aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade, cooperação e lealdade do grupo). O fitness social é indicado pelo grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura, os costumes e os hábitos do grupo a que pertence. Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem como a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação. O fitness emocional reflete o equilíbrio emocional e a aceitação do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina, responsabilidade, determinação e autorrealização. Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem, na inteligência e na cultura. O fitness intelectual estimula o indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução de problemas, bem como a busca pelo conhecimento para satisfazer suas necessidades. Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena. DIMENSÕES DO FITNESS A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada seria physical fitness, em português “aptidão física”.
  • 22. 22  Aptidão física relacionada à saúde Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro- curam uma academia de ginástica para realizar a sua prática de atividade física são a manutenção ou me- lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA; SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade física, juntamente com a aptidão física, tem sido as- sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi- dade se manifestam (NAHAS, 2013). A aptidão física relacionada à saúde inclui com- ponentes apontados como fundamentais para a lon- gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos de doenças ou condições crônico-degenerativas ocasionadas por baixos níveis de atividade física habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com- ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão aeróbica), a força e resistência muscular, a composi- ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor- tantes e podem ser definidos como: • Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade de o organismo resistir à fadiga em esfor- ços de média e longa duração. Envolvendo os sistemas cardiovascular e respiratório, ela depende, essencialmente, da captação e dis- tribuição do oxigênio para os músculos em exercício físico. Também são determinantes desse componente a ineficiência dos múscu- los em utilizar do oxigênio transportado e a disponibilidade de substratos energéticos (glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória têm sido correlacionados a um risco muito elevado de morte prema- tura por qualquer causa, mas especialmente por doenças cardiovasculares. Por outro lado, aumentos no nível de aptidão cardiorrespira- tória estão associados à redução de morte por todas as causas (ACSM, 2016). • Força e resistência muscular: a força mus- cular corresponde à quantidade de força externa que o músculo pode aplicar contra uma resistência (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSEN, 1985). Já a resistência mus- cular é a capacidade de um músculo ou um grupo muscular executar repetidas contra- ções sem reduzir a eficiência do trabalho re- alizado. Ambas contribuem para a melhora ou manutenção da massa óssea (a redução da massa óssea está diretamente associada à mortalidade), da tolerância à glicose (impor- tante no estado pré-diabético e diabético), da integridade musculotendínea, da capacidade de realizar atividades diárias, e da massa livre de gordura (relacionada à massa corporal e à taxa metabólica de repouso) (ACSM, 2016). • Composição corporal: basicamente, ela pode ser expressa como a porcentagem re- lativa dos tecidos adiposos e magros (mús- culos, ossos e água) que compõe a massa corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com- ponente crítico do perfil de saúde de um in- divíduo uma vez que o acúmulo excessivo de gordura corporal é considerado um pro- blema de ordem pública e está associado a diversas doenças, como a diabetes mellitus tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio- vasculares, certos tipos de câncer, dentre outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL; MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD et al., 2003; OLIVEIRA; FISBERG, 2003). No entanto, baixos níveis de gordura corpo- ral também representam risco à saúde, pois o organismo depende de certa quantidade de gordura para manter as funções fisioló- gicas normais (HEYWARD, 2004).
  • 23. 23 EDUCAÇÃO FÍSICA • Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli- tude nos movimentos de diversas partes do corpo. É dependente das estruturas articula- res e da elasticidade de músculos e tendões. Preservar a flexibilidade facilita os movimen- tos e mantém a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária (e esportivas também) (HEYWARD, 2004). Usualmente, então, os programas de exercícios físi- cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e devem continuar sendo) direcionados à promoção desses componentes relacionados à saúde. Contudo, isso não significa que os componentes relacionados à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não são estimulados, muito pelo contrário, eles também fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas com menor ênfase. O WELLNESS O fato de as primeiras academias de ginástica terem surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio- namento físico dos indivíduos e de seus fundadores terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol- vidas em práticas corporais fortaleceu e propagou a ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen- volvimento das academias, a visão antes restrita à aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi- milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado fortemente, a partir dos anos 70. É nesse contexto que aparece o termo wellness. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig- nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito anteriormente. Portanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009). Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo wellness pode ser entendido como a integração de todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas dimensões), que desenvolve um potencial para vi- ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa- tivamente, para a sociedade (SABA, 2006). Assim, se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico, agora, a busca é pela qualidade de vida. É importante destacar que o conceito de wellness não deixa de enfatizar o condicionamento físico, no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e bem-estar (FURTADO, 2009). A educação para a saúde, visando às modi- ficações do comportamento que conduzem a um estilo de vida saudável, deve ser, a priori, em uma academia. Nesse sentido, além da atividade física, quais pontos de- vem ser de conhecimento do profissional de Educação Física? REFLITA
  • 24. 24  Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro pensamento que surge é em relação às práticas cor- porais inerentes a este ambiente, como a musculação e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- paço adequado para a prática de exercícios físicos, uma academia oferece muitas outras atividades que visam complementar o serviço prestado, bem como satisfazer as necessidades de seus clientes. Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em uma academia de ginástica podem ser categoriza- das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica
  • 25. 25 EDUCAÇÃO FÍSICA MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Em sua essência uma academia de ginástica é edifi- cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas as modalidades existentes uma vez que elas variam de acordo com a época e região, assim como novas formas de exercício físico são frequentemente elabo- radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda- lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se tornando) práticas clássicas nas academias. São al- gumas destas práticas que serão abordadas a seguir. Exercícios aeróbicos em aparelhos Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida, normalmente, demandam um espaço amplo para a sua realização, pois exigem que seus praticantes per- corram certa distância, ou mantenham o exercício por determinado tempo. É evidente que, por motivo de espaço e segurança, exercícios com movimentos cíclicos como estes não são passíveis de serem re- alizados, de forma tradicional, no interior de uma academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo executadas com a ajuda de aparelhos específicos, que permitem a simulação dos gestos motores de maneira estacionária. Os aparelhos específicos para o desenvolvimen- to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com- por o quadro de itens indispensáveis em uma aca- demia, a partir da década de 70, quando a prática do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in- fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex- to, pode-se dizer que as treadmills, em português “esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo no ambiente da academia. O conceito da esteira surgiu com base em um me- canismo, criado no século XIX, para punir presidiá- rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas quais os presos realizavam o movimento em degraus, como uma escada. A máquina era grande e comprida, de maneira que vários prisioneiros eram colocados nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015). Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)6 . O movimento era constante, e a energia gerada era utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como “usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe- los presidiários era tão grande que o equipamento passou a ser visto como uma maneira eficiente de manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015).
  • 26. 26  A esteira no formato que conhecemos hoje, uma estrutura com rolamentos e uma lona, que permite o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida estacionária, surgiu na década de 50. Desde então, ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan- do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no controle, no deleite e na qualidade do exercício físico. Musculação A musculação é uma das principais modalidades de exercício físico em uma academia (ao menos, na maioria delas) e tem o treinamento resistido como guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer- cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que exigem que a musculatura corporal se movimente (ou tente se mover) contra uma força oposta (no caso a resistência), normalmente, exercida por al- gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso corporal (FLECK; KRAEMER, 2017). Comoadventodaesteira,outrosequipamentosforam elaborados com a mesma premissa, a de promover a aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas que simulam os movimentos do esporte Esqui. Figura 12 - Elíptico Figura 11 - Remo ergométrico
  • 27. 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Um programa de treinamento de musculação bem elaborado, coerente e executado de maneira correta, pode produzir benefícios à aptidão física e à saúde, tais como: aumento da massa muscular (hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora da força e do desempenho físico em atividades da vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde também são observados, como melhora na pressão arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli- na (FLECK; KRAEMER, 2017). Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a musculação contribui para a preparação de atletas de diferentes modalidades, além de ser a base do fisiculturismo e de algumas modalidades, como o levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer- cícios da musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da forma como esses elementos são combinados, os re- sultados produzidos são diferentes. Nesse sentido, existem vários programas de treina- mento, cada qual com a sua finalidade (por exemplo, emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) e seu idealizador. Contudo, todos eles se alicerçam em seis princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade, Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser- ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios. Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo aumento da intensidade do treino, ajustado de acordo com a adaptação do músculo ao estímulo dado, por meio do aumento na carga levantada, no número de repetições ou séries realizadas, ou ainda, na diminuição do tempo de descanso entre as séries. Princípio da especificidade: significa treinar de forma específica para produzir os efeitos específicos desejados. Princípio da individualidade: os programas de treinamento devem ser elaborados respeitando e considerando as necessidades específicas ou os objetivos e habilidades dos indivíduos. Princípio da manutenção: ao ser alcançado o objetivo do treinamento, esse pode ser mantido apenas com um programa voltado para a preservação das adaptações. Princípio da reversibilidade: quando o programa de treinamento resistido é interrompido ou não é mantida uma frequência ou intensidade adequada, as adaptações na força ou na hipertrofia, respectivamente, retornam à condição inicial ou deixam de progredir. Princípio da variabilidade: a adaptação do corpo, frente ao estímulo produzido pelos programas de treino, geralmente, cria um platô no processo evolutivo, que é quebrado apenas por novos estímulos.
  • 28. 28  Anilhas: são pesos, normalmen- te, em formato de discos e feitos de ferro fundido. Apresentam medidas variadas e um buraco no centro para serem encaixa- dos nas barras ou máquinas. Da mesma maneira que há diversos programas de treinamento, existem vários exercícios na muscula- ção para todos os segmentos corporais.Esses exercí- cios são executados utilizando-se de diferentes equi- pamentos, como: Barras: são cilindros de comprimento, diâme- tro e peso variável, feitas de diferentes ligas metálicas. Existem diferentes formatos de bar- ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for- ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal. Halteres: numa definição simples, halteres são pequenas barras, as quais possuem uma empunhadura com espaço para ape- nas uma mão. Possuem diversos formatos e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis. Figura 13 - Barra hexagonal Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres Figura 14 - Anilhas de levantamento de peso olímpico
  • 29. 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Máquinas com ajuste de placas de peso: são conhecidas assim por utilizarem placas de metal, normalmente, retangulares, que ficam empilhadas em um compartimento e alinhadas por um trilho. Estas possuem um elaborado sistema de cabos e roldanas para o seu funcionamento. Máquinas com ajuste de anilhas: possuem um local específico para acoplar as anilhas. Geralmente, funcionam com um sistema sim- ples de alavanca. Máquinas monoarticulares: são máquinas cujos exer- cícios desenvolvidos envol- vem apenas uma articula- ção do corpo, isolando, ao máximo, o músculo agonis- ta do movimento. Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas Figura 18 - Máquina monoarticular Figura 16 - Máquina com ajuste de placas de peso
  • 30. 30  Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati- vidades físicas nas academias, a grande parte das pessoas ainda adota a musculação como exercício físico para atingir seus objetivos de saúde, estética ou performance. Máquinas multiarticulares: são má- quinas em que os exercícios desen- volvidos envolvem mais de uma arti- culação do corpo, fazendo com que o músculo agonista do movimento seja auxiliado por outro grupo muscular. Figura 19 - Máquina multiarticular
  • 31. 31 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento funcional Basicamente, treinamento funcional é treinar para uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina esportiva, quando se observou que a eficiência dos exercícios utilizados na reabilitação de atletas pode- ria ser transferida para os programas de preparação física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a lidar com o seu peso corporal, em todos os planos de movimento, nas diferentes exigências do esporte (BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun- cional faz o uso de vários conceitos esportivos para trabalhar elementos, como a velocidade, força, po- tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor- poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018). A partir da premissa de que os exercícios usados pararecuperarumatletalesionadotambémpoderiam ser os melhores exercícios para manter e melhorar a saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte do quadro de atividades das academias de ginástica. Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí- cios passam a condicionar para as atividades diárias. Um programa de treinamento funcional é es- truturado para trabalhar movimentos, não múscu- los. Desta forma, os exercícios funcionais procu- ram envolver o máximo de movimento das várias articulações bem como a integração entre os gru- pos musculares de diferentes segmentos corporais. Para tanto, são utilizados movimentos de puxar, empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar, correr e saltar (D’ELIA, 2016). Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)7 .
  • 32. 32  Um ponto essencial é o treinamento do Core, que compreende a região central do corpo, abrangendo as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân- cia do Core reside no fato de que ele oferece movi- mento e suporte para todas as regiões do corpo, além disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Re- sumidamente, o Core assume as seguintes funções: • Estabilização da cintura escapular, cintura pélvica e coluna durante os movimentos. • Produz a força para os movimentos do tronco. • Transfere a energia (força) entre o tronco e os membros. • Conexão entre membros superiores e inferiores. • Prevenção de traumas, movimentos compen- satórios e lesões de um modo geral. A maioria dos exercícios funcionais é executa- da com o peso do próprio corpo, mas também podem ser realizados com acessórios e equipa- mentos específicos, tais como as que seguem nas figuras seguintes: Figura 21 - Medicine ball Figura 22 - Kettlebell Figura 23 - Escada de agilidade Figura 24 - Bosu
  • 33. 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 25 - Resistance band Figura 26 - Corda naval
  • 34. 34  Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e extremidades) e preparado para as exigências mo- toras da vida diária, por meio de exercícios que es- timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência, agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade. Treinamento em suspensão O treinamento em suspensão consiste na execução de movimentos com determinados segmentos cor- porais suspensos. A ideia central deste método é uti- lizar o peso corporal e a gravidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimora- mento dos componentes da aptidão física. Este método de treino foi desenvolvido pelos soldados das Forças de Operações Especiais da Ma- rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e auxiliar na progressão do condicionamento físico durante as missões, princi- palmente, quanto estavam embarcados em navios e submarinos (TRX, 2011). 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1.Fitadeancoragem 2.Ajusteintermediáriodo mosquetãodeancoragem 3.Mosquetãodeancoragem 4.Laçodeancorageminferior 5.Mosquetãoprincipal 6.Laçodeequalização 7.Travadesegurança 8.Marcasderegularaaltura(pode serbaixa,intermediáriaoualta) 9.TirasdeAjuste 10.Fivelas 11.Manoplas 12.Apoioparaospés 13.Fitaprincipal 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 1.Fitadeancoragem 2.Ajusteintermediáriodo mosquetãodeancoragem 3.Mosquetãodeancoragem 4.Laçodeancorageminferior 5.Mosquetãoprincipal 6.Laçodeequalização 7.Travadesegurança 8.Marcasderegularaaltura(pode serbaixa,intermediáriaoualta) 9.TirasdeAjuste 10.Fivelas 11.Manoplas 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1.Fitadeancoragem 2.Ajusteintermediáriodo mosquetãodeancoragem 3.Mosquetãodeancoragem 4.Laçodeancorageminferior 5.Mosquetãoprincipal 6.Laçodeequalização 7.Travadesegurança 8.Marcasderegularaaltura(pode serbaixa,intermediáriaoualta) 9.TirasdeAjuste 10.Fivelas 11.Manoplas 12.Apoioparaospés 13.Fitaprincipal Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão Fonte: o autor.
  • 35. 35 EDUCAÇÃO FÍSICA A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços de borracha nasceu o primeiro equipamento e um conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, 2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- Os programas de treinamento em suspensão abran- gem diversos métodos de treino, como as tradicio- nais séries e repetições separadas por determinado tempo de descanso, os treinos intervalados de alta tematização dos exercícios em suspensão deram ori- gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX. intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora- dos a partir das progressões de movimento em que as diferentes formas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, conferirão maior ou menor grau de dificuldade e intensidade. Figura 28 - Exercício de agachamento utili- zando a fita de treinamento em suspensão Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão
  • 36. 36  Como a fita é ancorada (fixada) em determinada altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em qualquer outra estrutura, os exercícios exploram os diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido, existem movimentos em que são assumidas posi- ções na vertical, diagonal e horizontal. Figura 30 - Posicionamento do corpo na diagonal, com apoio das mãos Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal, com apoio dos pés.
  • 37. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento individualizado (Personal trainer) De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu- bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2016), uma das atribuições do profissional de Educação Física é a prescrição do treinamento físico individualizado. Este serviço, em que se atende de for- ma individualizada, é conhecido, popularmente, como Personal trainer (em português “treinador pessoal”). Por meio de programas de treinamentos pla- nejados e orientados, individualmente, o Personal trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto para a qualidade de vida quanto para fins estéticos e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co- meçou a se destacar a partir do momento em que os meios de comunicação colocaram em evidência o exercício físico personalizado e o tornaram um es- pecialista em forma física (BOSSLE, 2008). Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado O treinamento individualizado é ofertado em di- ferentes locais, como os condomínios residenciais, clubes, parques e, com maior destaque, as academias de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a musculação, o treinamento funcional, o treinamen- to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas quais o profissional esteja qualificado. As academias de ginástica constituem um am- biente ótimo para a prestação do serviço Personal trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma- teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis- põem de salas de avaliação, que são fundamentais para a prescrição e acompanhamento do treino indi- vidualizado, assim como, conferem proteção diante as intempéries do clima e do tempo.
  • 38. 38  Lutas, Danças e Natação Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- ças e a natação são praticadas em academias (ou escolas) específicas para elas, pois deman- dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de estruturas específicas. O ensino das lutas e artes marciais compete aos profissionais da Educação Física, que possuem a ti- tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente, demandam um espaço especial, como o tatame ou o ringue, assim como de materiais específicos, tais como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- radores de chute. As lutas e as artes marciais mais comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- -jitsu, o Muay Thay e o Boxe. A prática das diferentes danças também requer a presença do profissional graduado em Educação Físi- ca, e este deve ter formação específica em um ou mais estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe- cífico para a sua prática, no entanto danças, como o Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- los de dança encontrados com mais frequências nas academias de ginástica são as danças de salão, como o samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. O ensino da Natação é feito pelos profissionais da Educação Física que possuem certa experiên- cia com a modalidade. Para oferecer uma prática significativa e segura, as academias de ginástica dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. Além disso, vestiários apropriados e materiais es- pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, palmares e nadadeiras. Ginástica de academia A ginástica de academia é composta por um grande conjunto de modalidades, em que o exercício físico é executado em forma de coreografias e cadenciado por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer- cício será abordado com mais profundidade e deta- lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático. ATIVIDADES COMPLEMENTARES Com o intuito de oferecer suporte e experiência me- lhor ao aluno, assim como para a fidelização e cap- tação de novos clientes, as academias de ginástica disponibilizam muitas outras atividades que comple- mentam seus serviços. Estas atividades podem, ou não, conferir um custo adicional ao cliente, depen- dendo do tipo de serviço e por quem ele é prestado. Avaliação física A realização da avaliação física é essencial para uma intervenção segura e de qualidade, pois é por meio dela que são analisados os componentes da aptidão física, determinado o estado de saúde de um indi- víduo bem como o programa de exercícios físicos é prescrito e acompanhado. Uma academia de ginástica deve possuir um pro- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma anamnese, a medida dos parâmetros antropométri- cos e da composição corporal, e uma análise postural. Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória, da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam- bém podem compor os elementos analisados. Con- fira a seguir algumas informações a respeito dessas avaliações no contexto da academia de ginástica.
  • 39. 39 EDUCAÇÃO FÍSICA • Medidas antropométricas e da composição corporal: a medida das proporções do corpo são parâmetros de referência para os padrões de saúde, de beleza e para a performance espor- tiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos resultados, é importante que os protocolos de avaliação sejam adequados ao avaliado e, cri- teriosamente, seguidos. As medidas antropo- métricas são, facilmente, obtidas por meio de balança, estadiômetro e fita antropométrica. Já os constituintes da massa corporal podem ser avaliados com técnicas e protocolos simples, como as dobras cutâneas ou a bioimpedância (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013). • Anamnese: o questionário aplicado deve ser es- truturado para determinar o perfil do indivíduo. Por meio dele, deve-se investigar, principalmen- te, os possíveis problemas de saúde (de todas as ordens), o uso de medicamentos, os riscos de doenças hereditárias bem como os hábitos diários de vida (atividade física, alimentação e sono). Além deste, é interessante que o Questio- nário de Prontidão para Atividade Física, conhe- cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire), também faça parte do protocolo de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de- tecção do risco cardiovascular e é considerado um padrão mínimo de avaliação pré-participa- ção em exercícios físicos (ACSM, 2018).
  • 40. 40  • Avaliação postural: o encurtamento e/ou a hipotonia muscular (baixo tônus muscular) podem gerar desequilíbrios entre pares an- tagônicos de músculos e, consequentemente, em desvios posturais. Esses desvios podem causar incômodos e dores aos seus portado- res bem como limitar a execução de certos movimentos do cotidiano e de alguns exercí- cios físicos. A utilização de um simetrógrafo para a avaliação da postura auxilia na seleção e prescrição de movimentos adequados. É im- portante destacar que cabe ao profissional de Educação Física, apenas, prescrever exercícios que não agravem, ou evitem possíveis desvios posturais. E sempre que identificado um caso grave, encaminhá-lo aos especialistas. • Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade cardiorrespiratória reflete o estado funcional dos sistemas respiratório, cardiovascular, mus- cular e das suas relações fisiológicas e metabó- licas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é determinada pelo consumo máximo de oxigê- nio ou VO2máx., que é expresso, normalmen- te, em termos relativos (ml/kg/min) e, justa- mente, reflete a capacidade do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio para a produção de energia (PRADO et al., 2011). O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado por meio de testes indiretos como o teste de banco de McArdle et al. (1972). • Força e resistência muscular: a capacidade de produção de trabalho de um músculo ou um conjunto deles se reflete na medida da força e resistência muscular. A força muscular pode ser medida, basicamente, de duas maneiras: estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es- taticamente ou de modo isométrico, a força pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina- micamente, a força pode ser medida por meio do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a resistência muscular é facilmente avaliada por meio de um teste de repetições máximas em determinado tempo, como os testes de repeti- ções de abdominal e de flexão de braços. • Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos componentes uma articulação, como os liga- mentos, tendões e músculos bem como a inte- ração entre uma série de articulações. Assim, a flexibilidade é específica para a articulação e, portanto, não existe um teste único que possa ser utilizado. No entanto um teste muito uti- lizado é o de sentar e alcançar, proposto por Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade da lombar, do quadril e de membros inferiores (POLLOCK; WILMORE, 1993). Tão importante quanto os dados das medidas e dos testes são as informações obtidas das análises, que permitem identificar deficiências, limitações e de- terminar as necessidades secundárias ao objetivo do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana- lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de exercício físico e as devidas considerações e orienta- ções sejam feitas. Atendimento em primeiros socorros Pode parecer estranho, contudo o atendimento em primeiros socorros também faz parte da rotina de uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes- soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As adversidades mais comuns relacionadas à prática de atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni- cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta- cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in- farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio, tórax e coluna (CREF4, 2014).
  • 41. 41 EDUCAÇÃO FÍSICA A demora que pode ocorrer no atendimento es- pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- tências inadequadas constituem algumas das preocu- pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais maneiras de evitar complicações são: ter profissionais preparados, que sabem como agir quando adversida- des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- demia,epossuirprotocolos,equipamentoseacessórios necessários para um primeiro atendimento eficiente. Os primeiros socorros compreendem ao trata- mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006). O objetivo deste é garantir a manutenção das fun- ções vitais e evitar o agravamento das condições de saúde do atendido (BRASIL, 2003). É relevante destacar que deixar de prestar o so- corro a alguma pessoa configura crime, segundo o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940), com pena que varia de um a seis meses de detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a primeira assistência, a academia é responsável por chamar o socorro público, como o resgate do Corpo de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima. SAMU (192) O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e presta socorro a vítimas de casos clínicos, como: - Dores no peito (podem ser sintomas de problemas cardíacos); - Intoxicação por diversos produtos; - Perda de consciência, desmaio e hemorragias; - Crises de convulsão. Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s) SIATE (193) O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número de telefone 193 e presta socorro a vítimas emergenciais do tipo: - Acidentes de trânsito com feridos; - Ferimentos com arma branca e de fogo; - Quedas com fraturas e ferimentos; - Choque elétrico grave; - Ataque de animais. Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte, de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas expostas. Esses casos são encaminhados para os hospitais. Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor.
  • 42. 42  Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- lação à prestação de primeiros socorros na aca- demia, as leis podem variam em cada estado e município, por este motivo, cabe ao gestor buscar informações a respeito do assunto para manter o estabelecimento em ordem. De modo geral, a prevenção de fatores de risco ambientais, como a manutenção e o bom estado das instalações e dos equipamentos, também como uma anamnese adequada com informações sobre o esta- do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de situações emergenciais. Promoção e participação em eventos Um evento pode ser considerado um acontecimento estratégico que ocorre a partir de determinado in- teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo (MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser um plano de ação de Marketing de relacionamento uma vez que este representa uma tentativa das em- presas em desenvolver relações de longa duração com seus clientes. Existem dois fortes motivos para que uma aca- demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos são um meio de gerar a sensação de acolhimento e comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos alunos, à medida que os fazem sentir parte de um grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- ção de eventos internos, com a participação de con- vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos externos, tornando a marca da academia mais visí- vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de romper com a monotonia causada pela rotina das aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos eventos mais comuns acontecem por: • Comemorações de datas específicas: Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween, Natal, entre outras). • Competições: fazem parte do quadro de competições os eventos de modalidades es- portivas, como a natação, as lutas, o supino e as corridas rústicas. • Palestras: convidados especialistas apresen- tam e discutem temas relacionados aos exer- cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá- veis de vida e afins. É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta- belecimento de um cronograma de eventos baseados em datas comemorativas, eventos esportivos, assim como, na necessidade de diferentes ações com os clien- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia. Serviços complementares Algumas academias estão se tornando grandes cen- tros multidisciplinares ao integrarem áreas afins à educação física para oferecerem serviços especiali- zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan- ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola- boração de profissionais das seguintes áreas: • Nutrição • Fisioterapia • Medicina do esporte • Estética
  • 43. 43 EDUCAÇÃO FÍSICA Esse movimento de integração confere praticidade ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi- ços em outros locais. Em complemento, a integração da Educação Física com uma ou mais dessas áreas, num mesmo espaço, facilita a comunicação e a arti- culação das ações entre os profissionais, enriquecen- do o atendimento e podendo proporcionar melhores resultados. No entanto, é relevante destacar que o conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen- te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes, do público-alvo e da proposta de valor da academia (SABA, 2012).
  • 44. 44 considerações finais Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas. Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran- de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde. Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in- glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar. Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares. Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primei- ros socorros, a promoção e a participação em eventos bem como citamos alguns dos serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia. Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima!
  • 45. 45 atividades de estudo 1. A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí- cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi- nástica, assinale a alternativa correta. a. Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho- mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho. b. As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram, basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e pesos livres. c. A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX. d. Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos ou atletas, não são comuns. e. O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo. 2. O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne- cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para verdadeira e “F” para Falsa: ( ) A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física. ( ) O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares. ( ) O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelectual. ( ) A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico. a. V, F, V e V. b. F, F, V e V. c. V, V, F e V. d. F, V, V e F. e. V, F, F e F.
  • 46. 46 atividades de estudo 3. O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a partir dos anos 70. Nesse contexto, qual o significado desse termo? 4. Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi- nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes: I. O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so- corro público. II. Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen- tos, não músculos, especificamente. III. As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá- rios na Alemanha. IV. Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re- petições e pausas. Assinale a alternativa correta. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados das Forças de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen- são e como funcionam as progressões do movimento.
  • 47. 47 LEITURA COMPLEMENTAR Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves- tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas tendências na área do condicionamento físico. Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis- tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não. Normalmente a lista divulgada contempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos, cinco delas têm se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei- namento em grupo e o Personal trainer. O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre se mantém entre os dez primeiros. Apesar de alguns profissionais do fitness alegarem potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido popular em academias de todo o mundo. Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi- tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo
  • 48. 48 LEITURA COMPLEMENTAR sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde assumiram a terceira colocação. O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de treinamento utiliza o mí- nimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico. Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e lideram aulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi- pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e vêm se destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do Colégio Americano de Medicina do Esporte. O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es- tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl- dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer tem sido uma das 10 principais tendências. Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física, pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias- tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção. Fonte: Thompson (2019, p. 10-18).
  • 49. 49 material complementar Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição) Markus Vinícius Nahas Editora: Midiograf Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a inten- ção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercí- cios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma lingua- gem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser incluídas no cotidiano da maioria das pessoas. Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros esportivos (segunda edição) Fabio Saba Editora: Manole Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lingua- gem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti- ver dirigida às reais necessidades do seu público. Indicação para Ler Indicação para Ler
  • 50. 50 gabarito 1. E 2. A 3. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem da língua inglesa, é composto pela palavra Well que significa “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito, anteriormente. Por- tanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar”. 4. D 5. O treinamento em suspensão consiste na exe- cução de movimentos com determinados seg- mentos corporais suspensos. A ideia central deste método é utilizar o peso corporal e a gra- vidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimoramento dos compo- nentes da aptidão física. Já as progressões de movimento, acontecem com as diferentes for- mas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, que conferem maior ou menor grau de dificuldade e intensidade.
  • 52. Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Aspectos históricos da ginástica de academia • Ginástica de academia e a fisiologia do exercício • Elementos musicais na ginástica de academia Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica de academia. • Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no âmbito da ginástica de academia. • Analisar alguns dos elementos da música no contexto da ginástica de academia. INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA
  • 54. INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con- textualizar, histórica e cientificamente, esta atividade que está presente na maioria das academias e possui milhares de adep- tos em todo o mundo. Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo- dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido, veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática. Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi- siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto, veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vigorosa), haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo fornecimento de energia. Assim, o sistema aeróbico é capaz de suprir, praticamente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí- veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos. Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons- titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade. Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura!
  • 55.
  • 56. 56  Neste primeiro momento, realizaremos um breve resgate histórico da ginástica para que possamos en- tender de que maneira ela se consolidou enquanto modalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Aspectos Históricos da Ginástica de Academia
  • 57. 57 EDUCAÇÃO FÍSICA como objetivo a preparação militar. Assim, práticas como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle- cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto faziam parte do treinamento dos soldados. Em com- plemento, a nobreza participava de competições de esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en- tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais, como jogos simples e de caça e pesca, também eram praticados nesse período (RAMOS, 1982). No período do Renascimento, o exercício físico começou a ser pensado de outra forma, estabelecen- do novas concepções a respeito do corpo e seus cui- dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970), as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten- dência para a educação física, ao considerá-la con- teúdo da educação. Em seus programas estavam in- cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos, esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos. Os renascentistas foram influenciados pelos ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti- guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre considerado como valioso para o aprimoramento do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as formas de exercício físico eram chamadas de Ginás- tica que, de modo implícito, significava treinamento ou preparação para um esforço físico. Na Era Moderna, o exercício físico consolida-se como elemento da educação, devido à evolução do conhecimento na área da Educação Física, com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto, foi a ginástica que introduziu o exercício físico como possibilidade de educação do corpo. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- manos, veremos que ela se manifesta de diferentes maneiras e adquire atributos de acordo com os ob- jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava inserido. Nesse contexto, podemos observar que, na antiguidade oriental, os exercícios físicos eram expressos por meio de diferentes atividades. A luta livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos realizavam práticas corporais funcionais (voltadas para a melhora das atividades diárias) com foco na força, agilidade e resistência. O exercício físico como instrumento de preparação para a vida e de cunho litúrgico eram praticados na Pérsia, Índia, China e no Japão (RAMOS, 1982). No período Clássico da civilização ocidental, na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá- ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím- picos, sob grande influência da mitologia e do culto ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li- nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em Atenas os exercícios físicos buscavam a formação do cidadão integral, provido de educação corporal, composta pela eficiência educacional, fisiológica, moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara- ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982). Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para a preparação militar, objetivando a conquista e a de- fesa de territórios do império. Além disso, também eram observadas práticas de atividades desportivas, como a corrida de bigas e os combates de gladiado- res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997). Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham
  • 58. 58  MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU: A SISTEMATIZAÇÃO DA GINÁSTICA A ginástica passou a ganhar notoriedade, a partir do século XIX, com o movimento ginástico europeu, composto por quatro Escolas: a Inglesa, a Alemã, a Francesa e a Sueca (ou Nórdica). Este movimento tinha como ideal instituir a ordem e a disciplina bem como contribuir para afirmar a ginástica como parte da educação dos indivíduos, sendo esta, baseada na ciência, na técnica e nas condições políticas da Eu- ropa na época (SOARES, 2002). A Escola Inglesa, também conhecida como mé- todo inglês ou movimento esportivo inglês, devido ao seu caráter competitivo, é um dos métodos mais conhecidos e difundidos mundialmente (LANGLA- DE; LANGLADE, 1970). Apesar de esse método não ter exercido influência direta no campo da gi- nástica, ele contribuiu, sobretudo, para a universa- lização de conceitos e para impulsionar a ginástica como esporte olímpico. É por intermédio das Esco- las Alemã, Francesa e Sueca que melhor compreen- demos a sistematização da ginástica (LANGLADE; LANGLADE, 1970; SOARES, 2002). Figura 1 - Trajetória histórica da ginástica enquanto exercício físico / Fonte: o autor.
  • 59. 59 EDUCAÇÃO FÍSICA Escola Alemã A Escola ginástica Alemã surgiu num contexto de ideais políticos nacionalistas, onde se acreditava que a união territorial e a defesa da pátria só seriam garantidas a partir da criação de indivíduos, fortes, saudáveis e vigorosos, de espírito nacionalista (SO- ARES, 2007). Sob a influência de Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759-1839), conhecido como o “pai da ginástica pedagógica”, esta Escola promo- veu importantes mudanças na área da educação físi- ca e contribuições no campo da ginástica. Guts Mu- ths idealizou o método de treinamento denominado de “ginástica natural” ou “método natural” (BETTI, 1991). Seu conhecimento na área da filosofia, das ar- tes e ciências, além da sua habilidade com exercícios ginásticos e trabalhos manuais, fez com que ele per- cebesse a importância e a necessidade de a educação física ser praticada seguindo os conhecimentos da fisiologia e da anatomia (TESCHE, 2001). Figura 2 - Uma das práticas do Turnkunst / Fonte: Wikipedia (2008, on-line)8 . Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so- bre os músculos e os nervos, movimentando todo o corpo tanto de maneira global quanto segmentada, impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida- des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação
  • 60. 60  O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou, significativamente, com a Escola Alemã, promo- vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta ginástica priorizava a preparação dos jovens para guerra bem como a disseminação dos ideais higie- nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo- EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: Saltar; Correr; Arremessar; Lutar; Escalar; Equilibrar; Levantar e carregar; Nadar; Exercícios de enrijecimento e dos sentidos; Leitura e declamação. TRABALHOS MANUAIS: Carpintaria; Tornearia; Jardinagem. JOGOS: De movimento; sentados ou de descanso. ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como o propósito era reforçar o sentimento nacionalista, Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti- ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen- te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que considerava adequados para a ginástica (QUITZAU, 2015). Verifique algumas dessas práticas a seguir: dos elementos da natureza para, assim, promover seu fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts Muths selecionou um conjunto de práticas agrupa- das em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos, os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 2015). Confira algumas dessas práticas a seguir:
  • 61. 61 EDUCAÇÃO FÍSICA Escola Sueca O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí- sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia, à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica. O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling (1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor- nando os homens aptos para preservar a paz na Sué- cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li- vres de vícios, necessários à formação da pátria (LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982). EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: Saltar; Correr; Arremessar; Lutar; Escalar; Equilibrar; Levantar e carregar; Nadar; Exercícios de enrijecimento e dos sentidos; Leitura e declamação. JOGOS: Corrida das barras; Corrida de assalto; Jogo de bola alemão. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES: Esgrima; Nadar; Equitação; Dança; Patinação; Ficar de cabeça para baixo; Saltos mortais.
  • 62. 62  Ling idealizou o método de treinamento chamado “Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi- giênico. Estas denominações permitem identificar as concepções do método criado por Ling, que agru- pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se- guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3) Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço; 5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo- minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo- vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10) Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131). Podemos elencar alguns pontos como princípios fundamentais da proposta de Ling: • Os movimentos ginásticos devem ser basea- dos nas necessidades e nas leis do organismo humano, selecionando as formas mais efica- zes, segundo certas regras, sem esquecer as exigências da beleza. Figura 3 - Apresentação de ginástica sueca / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)9 .
  • 63. 63 EDUCAÇÃO FÍSICA • A ginástica deve desenvolver o corpo de ma- neira harmônica, agindo sobre as suas dife- rentes partes, dentro das possibilidades de cada praticante. • Todo movimento possui uma sequência ges- tual, isto é, uma posição de partida, certo de- senvolvimento e uma posição final. • A ginástica deve desenvolver, gradualmente, o corpo por meio de exercícios com intensi- dade e dificuldade progressivas, consideran- do capacidade do praticante. • A ginástica precisa sempre associar a teoria com a prática. • Todos os exercícios são executados com voz de comando. A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di- vidida em quatro partes (MARINHO, 1978): a Gi- nástica pedagógica, destinada à educação formal e social; a Ginástica militar, com objetivo de prepara- ção militar; a Ginástica médica, voltada às ativida- des terapêuticas; e a Ginástica estética, preocupada com a graciosidade do corpo. Escola Francesa A Escola Francesa foi baseada nas ideias de Guts Muths e Jahn (Escola Alemã), era preocupada, tam- bém, com o corpo anatomofisiológico e possuía um caráter patriótico e moral. Seu idealizador foi o espa- nhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848), o qual acreditava que a ginástica produziria homens fortes, habilidosos, velozes, flexíveis, corajosos, inte- ligentes, sensíveis e adestrados. Características estas necessárias para enfrentar as dificuldades evidencia- das pelo Estado e pela sociedade. A ginástica do método de Amorós era composta por exercícios, como: marchar, trepar (incluindo o traba- lho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e trans- portar, correr, lançar, entre outros movimentos. Além disso, incluía práticas como: nadar, patinar, esgrimar, dançar, atirar, jogar bola, boxear com os punhos e com os pés. A maneira como essas atividades eram desenvolvidas assemelhavam-se com o atual Circuit training ou “Treino em circuito” (RAMOS, 1982). A Calistenia Baseada na Escola Sueca, a Calistenia procurou aten- der a homens, mulheres e crianças, com exercícios ritmados e livres de grandes aparelhos (como das tradicionais escolas de ginástica da época). Podemos dizer que sua origem data do ano de 1829, com a pu- Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)10 .
  • 64. 64  blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich Clias (CORREIA, 2008). Exercícios com saltos e corridas. GRUPO 7: GRUPO 8: GRUPO 6: GRUPO 5: GRUPO 4: GRUPO 3: GRUPO 2: GRUPO 1: Braços e pernas. Região pôstero-superior do tronco. Região pôstero-inferior do tronco. Região lateral do tronco. Exercícios de equilíbrio. Região abdominal. Exercícios de ombro. A Calistenia era um método composto por exer- cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados, executados ao som de música. Esses exercícios eram realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa- relhos leves, visando um trabalho global que permitisse o desenvolvimento de todos os grupos musculares bem como a simetria cor- poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os exercícios calistênicos eram, meticulosamen- te, selecionados, de forma que a série executa- da permitisse alcançar os princípios da higie- ne, da educação, da recreação e da adaptação ao ambiente da época (CORRÊA, 2002). Uma aula de Calistenia era estruturada em oito grupos de exercícios, cada qual con- templando segmentos corporais e capacida- des físicas específicas. Confira a organização desses grupos no quadro ao lado. Outro ponto a destacar é que, ao longo da aula, havia um incremento gradual de esfor- ço (intensidade), conforme eram desenvolvi- dos os grupos de exercícios. Essa relação en- tre exercício e esforço pode ser observada na Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um esforço muito leve, a cor verde um esforço leve, a amarela um esforço moderado e as co- res alaranjado e vermelho, esforços intenso e muito intenso, respectivamente.
  • 65. 65 EDUCAÇÃO FÍSICA Devido aos movimentos ritmados e à utilização da música para a execução dos exercícios, a Calistenia foi uma grande influência para as ginásticas presen- tes nas academias. Movimentos do século XX e suas contribuições Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três grandes movimentos ginásticos, o Movimento do Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do oeste. Todos eles foram importantes para a evolução e o surgimento das diferentes manifestações gímni- cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que surgiram as subdivisões das modalidades e as pri- meiras regulamentações das ginásticas. O Movimento do Centro teve grande influên- cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador de um método de educação musical por meio dos Desenvolvimento da aula Esforço Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor. movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os sentidos e a expressividade. Devido à sua relação com os procedimentos técnicos e metodológicos da cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins- pirou o surgimento da chamada ginástica moderna, voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode (1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970). De maneira geral, as contribuições do Movimen- to do Norte ao campo prático foram direcionadas à técnica de construção e à execução dos movimen- tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó- gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970). Estes três movimentos permaneceram até o ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer- salização dos conceitos de ginástica que resultou nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN- GLADE, 1986).
  • 66. 66  A GINÁSTICA NA ATUALIDADE Como você observou, a ginástica passou por gran- des transformações a partir do século XIX e, nos dias de hoje, possui uma ampla abrangência, sendo direcionada para objetivos diversos. Atualmente, podemos organizar a ginástica em cinco campos: Ginásticas de condicionamento, Ginásticas de cons- cientização corporal, Ginásticas de competição, Gi- násticas fisioterápicas e Ginástica de demonstração (SOUZA, 1992). As áreas de atuação que cada campo contempla são: GINÁSTICAS DE CONDICIONAMENTO GINÁSTICAS DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL GINÁSTICAS DE COMPETIÇÃO GINÁSTICAS FISIOTERÁPICAS GINÁSTICA DE DEMONSTRAÇÃO Musculação, Localizada, Aeróbica, Treinamento funcional, Step, Jump, Ciclismo Indoor, Zumba, entre outras. Eutonia, Feldenkrais, Yoga, Bioenergética, Antiginástica, Tai Chi Chuan, entre outras. Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática, Trampolim, Roda Ginástica, Tumbling, Rope Skipping, entre outras. Reeducação Postura Global (RPG), Cinesioterapia, Isostretching, entre outras. Ginástica para todos. Observando esses campos, em qual deles a Ginástica de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi- násticas de condicionamento, que são caracterizadas, principalmente, pela busca da manutenção da condi- ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005). É importante destacar que as manifestações gímni- cas pertencentes a este campo também estão relacio- nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao padrão estético colocado comercialmente. As Ginásticas de condicionamento são, popularmen- te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca- demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi- mento das capacidades físicas, como a força, a resistência (aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997). A GINÁSTICA DE ACADEMIA Na década de 70, surgiu um movimento influen- ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken- neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa duração) como uma excelente ferramenta para me-
  • 67. 67 EDUCAÇÃO FÍSICA lhorar a aptidão cardiorrespiratória, a composição corporal e reduzir o risco de doenças relacionadas ao baixo nível de atividade física. As principais pu- blicações, deste pesquisador, que influenciaram esse movimento foram os livros Aerobics (1968) e The Aerobics Way (1977), em português “Aeróbicos” e “O jeito aeróbico”, respectivamente. Nesse contexto, com o objetivo de melhorar a resistência cardiovascular, Jaki Sorensen idealizou um programa de exercícios denominado de Aerobic Dancing (ou Dança aeróbica), que utilizava a mú- sica combinada a passos de dança e exercícios ca- listênicos. A música tornava os exercícios menos monótonos, o que possibilitava aumentar o núme- ro de praticantes bem como permitia desenvolver um sentido rítmico e a coordenação dos indivíduos (CERAGIOLI, 2008). É interessante dizer que, ini- cialmente, o programa de Sorensen foi destinado às esposas de militares americanos sediados em Porto Rico e era apresentado em rede de televisão local. A partir da década de 80, esse programa de exer- cícios aeróbicos ganhou maior destaque e compre- ensão social, quando a atriz Jane Fonda aderiu a ele e o promoveu para todo o mundo por meio da televi- são (CERAGIOLI, 2008). Foi assim que a Ginástica aeróbica se estabeleceu e começou sua trajetória no Fitness. No começo, os instrutores focavam, particu- larmente, nos exercícios de alto impacto, o que acar- retou muitos praticantes lesionados, formando uma imagem ruim da Ginástica aeróbica (CHARPIN, 1996). Contudo com a utilização de um método combinado, ou seja, com a alternância de exercícios de alto e baixo impacto, esta situação foi superada. Figura 6 - Capa do VHS de uma aula de ginástica aeróbica / Fonte: Fan- dom ([2020], on-line)11 . Com a propagação do método combinado, surgiram várias academias e, consequentemente, o número de instrutores de Ginástica aeróbica aumentou. Esse au- mento gerou mudanças e inovações no formato das aulas, produzindo novas modalidades, como o Step,