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LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 1
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
Índice:
1.Introdução ................................................................................................................ 2
2.Objetivos. ................................................................................................................. 3
2.1.Objetivo Geral....................................................................................................... 3
2.2.Objectivos Específicos.......................................................................................... 3
3.Metodologia. ............................................................................................................ 3
4. A Antropologia Cultural ......................................................................................... 4
4.1.O que é Antropologia Cultural?............................................................................ 4
4.2. Relações da Antropologia Cultural com outras ciências Humanas e Sociais. ..... 5
4.3.A Antropologia cultural e Antropologia Social, Etnologia e Historia, A
Antropologia Física..................................................................................................... 5
4.3.1.Diferença entre a Etnografia e Antropologia Cultural....................................... 6
4.3.2.Métodos da Etnografia....................................................................................... 8
4.4.O campo de ação da antropologia Cultural. As culturas e sociedades ditas
“primitivas’, tradicionais, “arcaicas”, arcaizantes, agrafas ou pré urbanas. ............... 8
4.5.Cultura e as Culturas: Noção de Cultura. O homem e suas obras. ..................... 10
4.6.Qualidades distintivas da cultura: do biológico ao cultural e do Cultural ao
biológico.................................................................................................................... 12
4.7.O homem, a cultura e a Sociedade...................................................................... 12
4.8.Individuo e a cultura ........................................................................................... 13
4.9. Endoculturação ou inculturação......................................................................... 15
4.9.1. Fases da Endoculturação ou Inculturação....................................................... 15
4.10. Cultura e Personalidade ................................................................................... 16
4.11.Do quotidiano a tomada de consciência do ambiente cultural a invasão do
cultural na experiência individual de cada um.......................................................... 18
4.12.O relativismo cultural........................................................................................ 20
4.12.1.Princípio de relativismo cultural.................................................................... 21
4.13.Cultura e Linguagem......................................................................................... 21
5.Constatações........................................................................................................... 23
6.Bibliografia ............................................................................................................ 24
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1.Introdução
De acordo com o amplo parâmetro do mundo da Antropologia, ela precisa de ser
estudada, desfragmentada, compreendida e profundamente assimilada, uma vez que, ela
estuda as sociedades humanas, as suas culturas na diversidade históricas geográficas,
abrangendo as nossas sociedades industriais e tecnológicas, desde as pequenas
comunidades rurais aos grupos marginais e aos grupos urbanos (GONÇALVES, 1999).
Esta ciência divide-se geralmente em dois grandes campos: a antropologia física, que
trata da evolução biológica e a adaptação fisiológica dos seres humanos, e a antropologia
social ou cultural, que se ocupa das formas em que as pessoas vivem em sociedade, ou
seja, as formas de evolução de sua língua, cultura e costumes.
Os primeiros estudos antropológicos analisavam povos e culturas não ocidentais, porém
seu trabalho actual concentra-se, em grande parte, nas modernas culturas ocidentais (as
aglomerações urbanas e a sociedade industrial). Os antropólogos consideram primordial
realizar trabalhos de campo e dão especial importância às experiências de primeira mão e,
por isso, participam de actividades, costumes e tradições da sociedade.
Contudo, o presente trabalho debruça-se acerca da Antropologia Cultural. O trabalho faz-
se menção a esta temática, reflectindo se sobre a sua definição, especificidade, relações
com outras ciências humanas e sociais, da inculturação, do campo de ação da
Antropologia cultural, da noção da cultura, das qualidades distintivas da cultura do
biológico ao cultural e do cultural ao biológico, do individuo e cultura, da cultura e
personalidade, da invasão do cultural na experiencia individual de cada um, do
relativismo cultural, e, por fim, da cultura e linguagem.
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2.Objetivos.
2.1.Objetivo Geral.
Refletir sobre a Antropologia Cultural ou social, sob ponto de vista da sua
definição, especificidade e relações com outras ciências humanas.
2.2.Objectivos Específicos.
Definir a Antropologia Cultural e o seu objeto de estudo;
Identificar o campo de ação da Antropologia cultural;
Relacionar/ Distinguir a Antropologia cultural, da Antropologia social, Etnologia,
Etnografia e Historia;
Definir Cultura como objeto de estudo da antropologia cultural, estabelecendo a
sua ligação com as obras humanas.
Identificar os métodos de pesquisa aplicados a Antropologia Cultural.
3.Metodologia.
Para a concretização do presente trabalho, a metodologia usada para foi à da consulta
bibliográfica que consistiu na leitura e análise das informações de diversas obras que se
debruçam sobre o tema acima mencionado. Os autores das referidas obras estão
devidamente citados na bibliografia, na última página.
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4. A Antropologia Cultural
4.1.O que é Antropologia Cultural?
A Antropologia cultural engloba dois termos: Antropologia e Cultura, e,
Antropologia significa tratado do homem ou seja estudo do homem em todas as
dimensões sociais, contudo a antropologia Cultural estuda o homem como ser cultural,
adoptando um método específico que parte do objecto cultural para chegar aos
comportamentos, atitudes e condutas do homem.
A Antropologia dentro das ciências humanas, estuda o Homem intemporal e anónimo de
todos os tempos, de todas as épocas e de todos os tipos— o Homem genérico.
Ao colocar-se a palavra Cultural na Antropologia limita-se o ramo do saber da
Antropologia pois o Homem constituindo um ser físico possui cultura, o que o distingue
dos outros animais sobre a terra. Num entanto superficialmente a Antropologia Cultural
estuda o homem com ser cultural.
A Antropologia cultural situa-se na cultura que é a objectividade ou concretização das
condutas ou comportamentos do homem, e a partir dos objectos culturais ou das obras
produzidas pelos homens, realidades objectivas, a Antropologia chega as condutas e os
comportamentos.
A Antropologia Cultural possui um ponto de vista próprio e distingue-se de varias
ciências humanas, a partir do seu método de trabalho, porque a partir dos objectos
culturais chega aos comportamentos, e como ciência reduz o homem a cultura, a objectos
aos artefactos, as coisas ou obras produzidas pelo Homem.
A Antropologia Cultural estuda a cultura como a realidade objectiva, descrevendo s
objectos culturais, explicando e servindo-se de discursos específicos— discursos
antropológicos— que se enquadram dentro de um sistema epistemológico bem
determinado.
A Antropologia subdivide-se em outras ciências e relaciona-se com várias outras ciências
humanas: A Antropologia Física, Cultural, Social e relacionando-se com Sociologia,
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História, psicologia e Geografia humana, onde estas ciências por sua vez subdividem-se e
relaciona-se entre si.
A definição da Antropologia Cultural pode ser resumida segundo os seguintes autores:
KROEBER: é uma ciência do Homem como ser cultural;
Júlio Caro Baroje (Etnólogo espanhol): é uma ciência que trata de certo modo
do Homem como ser social e o produto de cultura ou civilização através do tempo
e do espaço;
Wilhelm Muhhman (Antropólogo): é uma ciência das formas e dos processos
diversos como os povos e os seus indivíduos são obrigados a orientar-se no
sentido da expansão no espaço e no tempo, segundo o seu ambiente natural e
cultural.
4.2. Relações da Antropologia Cultural com outras ciências Humanas e Sociais.
De acordo com a definição etimológica da Antropologia, ela estuda o Homem e suas
obras dentro do meio em se insere. E, por que existe outras áreas que também estudam o
Homem, há necessidade de salientar as relações que existem entre estas ciências do
Homem e da Terra.
A Antropologia cultural (Etnologia e linguista), Antropologia social (Etno-sociologia),
sociologia, Historia (Arqueologia e pré-história), Psicologia (Psicologia social) e a
Geografia Humana estudam o Homem no tempo e no espaço, os padrões
comportamentais e tradicionais, as obras específicas do Homem.
4.3.A Antropologia cultural e Antropologia Social, Etnologia e Historia, A
Antropologia Física.
A Etnologia, nasce do movimento das descobertas, a partir do encontro da Europa com
o resto do mundo, quando começavam a aparecer relatos de viajantes sobre costumes
exóticos dos povos que iam achando. A Etnologia balançava da Historia de outras
ciências humanas e torna-se corpo definitivo como ciência que adopta métodos rigorosos
de pesquisa.
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A Etnologia era destinada a povos primitivos ou pré-letrados, civilizações arcaicas, pré-
urbanas ou pré-industriais. Com o decorrer do tempo aplicou o seu estudo aos grupos
sociais maiores, as comunidades ocidentais.
A palavra Etnologia deriva do grego Etnos— povo e logos— tratado. A Etnologia é o
sinónimo da Antropologia cultural, no entanto as duas tem como finalidade o estudo do
objecto cultura, todas as manifestações concretas, objectivas dos comportamentos do
homem.
4.3.1.Diferença entre a Etnografia e Antropologia Cultural.
Tanto a Etnografia como a Antropologia estudam o Homem, mas, a etnologia estuda um
conjunto de Homem que constitui um grupo (numa visão pluralista e diversificada),
enquanto a Antropologia estuda o homem no sentido individual, numa visão unitária e
total do Homem.
A diferença entre a Antropologia cultural e a Etnologia como ramos da Antropologia é:
enquanto a Antropologia cultural estuda o homem no seu aspecto totalista e universal,
estabelecendo-se as suas semelhanças e diferenças, um estudo singular, uma visão
unitária e total do Homem. A Etnologia estuda os diversos homens nos grupos variados, o
que implica uma visão pluralista e diversificada.
Pode se dizer que uma estuda o Homem (no sentido da humanidade), outros os homens
(diversos homens). A Etnologia é aquele ramo da Antropologia geral que estuda as
expressões regionais da cultura do homem. Mas a tendência actual é a supressão do termo
Etnologia para a Antropologia cultural. A razão de tal atitude foi o alargamento dos
contactos e desaparecimento sistemático daquelas características culturais em
determinados povos, que até então eram sujeitos da etnologia— os chamados primitivos.
A Etnografia seria a ciência que descreve os usos e costumes dos povos, constitui o
registo de factos observados durante o trabalho de campo, sendo puramente descritiva,
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pois representa um m memento de Etnologia, que é a ciência propriamente dita e onde
urge as comparações, as relações, as tipologias.
A Etnografia é, contudo, um ramo da Antropologia Geral que estuda as expressões
regionais da cultura do Homem. Embora alguns europeus denominam ou consideram a
Etnologia como ciência que deve salientar ou tratar sobre os povos considerados
“primitivos” civilizações pré-industriais, arcaicas ou arcaizantes; atualmente não é
admissível uma vez que houve e há a expensão do contacto cultural assim como a difusão
da civilização ocidental. E, alguns autores ainda empregam o termo Etnologia em vez de
Antropologia cultural.
Atualmente, a tendência moderna é de empregar-se o termo Etnologia no lugar da
Antropologia Cultural, isto porque existe maior alargamento do contacto de culturas e
extinção de culturas particulares de cada povo, e, cada grupo tem o seu dinamismo
interno e sua cultura.
O nível de emprego do termo Antropologia e da Etnologia era de forma diferenciada
entre os europeus e os americanos e, levou consequentemente ao surgimento de duas
escolas:
Escola Americana: em que, evidenciavam em grande dimensão a aculturação
(desculturação) isto porque houve rápido desenvolvimento das industrias nos
Estados Unidos da América que consequentemente houve menor contacto com os
modelos culturais e outros ocidentais.
Escola Europeias: consideravam mais a palavra Etnologia porque, os europeus
tinham as zonas africana e asiáticas como campo de ação e de pesquisas das suas
respetivas identidades culturais num determinado número de povos e de grupo
primitivos.
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4.3.2.Métodos da Etnografia.
Os métodos de inquérito em Etnografia variam consoante a natureza do trabalho,
objectivos e preparação de etnográficos. Existem dois métodos básicos: O método de
Inquérito extensivo, que consiste em observar o maior número possível de elementos
numa determinada área e num determinado período de tempo, O método Inquérito
Intensivo, que consiste na observação aprofundada completa, sem nada a omitir, de um
dado grupo social. Este constitui o método mais recomendável.
Não existe diferenças entre a Historia e a Antropologia Cultural ou Etnologia: as
demarcações metodológicas são similares pois todas estudam o homem como ser social e
cultural. Dai o facto de muitos pensarem que a Historia é uma antropologia do passado e
a antropologia é uma história do presente.
Todo o homem seja ele de que cultura for se situa sempre em relação ao passado que é
por excelência, o domínio da história quer no passado, presente e futuro.
A antropologia que se ocupa da evolução total do homem e que estuda as variações
culturais resultantes de mudanças operadas nos discursos de longos períodos de tempo,
denomina-se Antropologia Histórica.
A Antropologia Física é aquele ramo da antropologia que estuda o homem como um ser
biológico, quer dizer determina o lugar que o homem ocupa no reino da natureza,
estudando as suas origens e trajectórias no tempo, classificando os tipos que existem
segundo os seus caracteres específicos, A espécie humana, as suas origens, evolução e
diferenciação em tipos raciais.
4.4.O campo de ação da antropologia Cultural. As culturas e sociedades ditas
“primitivas’, tradicionais, “arcaicas”, arcaizantes, agrafas ou pré urbanas.
A Antropologia cultural visa o estudo da cultura dos homens de todas as épocas
procurando estabelecer suas diferenças e semelhanças. Durante muito tempo estudou as
sociedades não ocidentais, aqueles povos que não tinham entrado na civilização tecno-
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industrial, os chamados “primitivos actuais” sociedades agrafas (sem escrita), arcaicas ou
arcaizantes, sociedades tradicionais.
Isto porque uma das funções da Antropologia é de estudar a totalidade da cultura. Onde
os antropólogos procuravam situações culturais fora da sua experiencia cultural—
sociedades completamente diferentes da sua, susceptíveis de serem estudadas de um
ponto de vista total, o que nunca se conseguiria no interior da sua própria sociedade.
Sendo assim a Antropologia cultural desenvolveu-se dentro de duas categorias
“civilizado” e “primitivo”. O civilizado era o sujeito de estudo (o antropólogo, o
ocidental) e o “primitivo” era o objecto de estudo.
Como a Antropologia cultural e a Etnologia nasceram no ocidente, os processos de
análise eram impregnados de conceitos próprios da cultura ocidental, levando a criação
de uma linguagem antropológica que passa a ser universal. Consequentemente o objecto
de estudo da o objecto de estudo da antropologia eram os povos primitivos, os povos
agrafos, sendo estes os estudados e os estudantes os civilizados.
A Antropologia cultural foi uma ciência escrita de uma sociedade sem escrita, uma vez
que o estudo das civilizações ditas civilizadas devia deixar se a Sociologia. Com o passar
do tempo os ditos primitivos, os povos agrafos, foram desaparecendo levando o ocidente
a voltar se para a cultura ocidental. O antropólogo já não se vira para o outro, procura
estudar a si próprio, a sua própria cultura o que levanta problemas de ponto de vista da
observação e das análises científicas: O antropólogo vira sujeito e objecto de estudo, o
que torna a observação e operação de análise mais difícil.
Neste caso a irreversibilidade da civilização tecnológica fez esboroar as estruturas das
culturas “ primitivas” transformando as e teve como consequência a extensão da
Etnologia ou Antropologia cultural a civilizações e culturas não primitivas.
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Com isto esboça-se um movimento de aliança entre a Etnologia ou Antropologia cultural
e a sociologia o que leva os cientistas a utilizar o termo de Antropologia Social ou
Antropologia.
Eis alguns Postulados da Antropologia Cultural:
O Homem é único (senão dos únicos) animal ubíquo na terra (está em toda a
parte), com capacidade de adoptar e modificar objectos semelhantes vivos ou
mortos;
É dos seres da criação menos especializados;
Não existem culturas superiores, mas culturas diferentes;
Todos os grupos humanos possuem costumes próprios e tais costumes são
respostas peculiares a problemas e necessidades humanas universais;
A variedade das condutas humanas no é pautada por causas geneticamente
herdadas mas sim por padrões ou modelos socioculturalmente apreendidos;
Todas as sociedades possuem os seus quadros de referência e os seus padrões de
comportamento específicos de tal ordem institucionalizadas que qualquer membro
da sociedade sabe perfeitamente quais as reacções que sua conduta suscita;
Os sistemas culturais são dinâmicos e nunca estáticos embora existam graus de
dinamismo entre os diversos sistemas espalhados pelo mundo;
O grande drama da antropologia é a objectividade, não só a nível da compreensão
mas também da explicação da cultura do outro, pois nunca conseguimos ser outro
na sua totalidade;
As culturas embora formando sistemas abertos os seus elementos e padrões
constituem um tecido com textura e configuração bem especifica.
4.5.Cultura e as Culturas: Noção de Cultura. O homem e suas obras.
O Homem quando nasce, começa do nada, nasce nu, tem de aprender tudo e tem de ir ,
a pouco a pouco , integrando-se no que o rodeia, aprende a andar a ler , a escrever , a
vestir se , a comportar-se para com os seus semelhantes, enfim a sentir e a apensar
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seguindo os padrões do seu grupo, participando do património colectivo, da herança
social, de um cabedal de elementos que constituem “Um todo complexo” que abarca
conhecimentos , crenças, arte, moral , leis , costumes e outras capacidades adquiridas ,
pelo homem como parte integrante da sociedade.
Todo este cabedal, património de artefactos materiais ou espirituais em que o homem se
mobiliza e de que se serve para satisfazer as suas necessidades físicas, fisiológicas e
espirituais que recebeu dos seus antepassados ou acrescentou, modificou, inventou e que
transformou e transmite é o que se chama Cultura
Cultura é tudo que recebemos, transmitimos ou inventamos, conjunto de tradições
sociais, herança social, tudo aquilo que o homem acrescenta a natureza. Quando
acrescenta qualquer coisa a natureza, está forçosamente a acrescentar qualquer coisa a si
próprio, está se modificando, eis a razão de que a Cultura não é mais do que a natureza
materializada, objectiva, concretizada de qualquer maneira, seja por actos do mundo da
matéria.
A função da cultura é simplesmente imprimir uma ordem a natureza. Os Etnólogos ou
antropólogos aceitam duas espécies de cultura: Cultura material – o campo de acção da
Ergologia e Cultura Espiritual.
A cultura é um dado universal: Não há homem sem cultura, nem cultura sem sociedade.
Se cultura é tudo que o homem acrescenta a natureza, o facto é que os homens não
acrescentam coisas a natureza da mesma maneira: cada grupo, cada povo, cada
sociedade, mercê de um conjunto de causas várias, entre as quais as históricas e as
ambientais são essenciais, possuem as suas s obras peculiares de acrescentar e transmitir
cultura, sendo assim foram surgindo varia culturas.
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4.6.Qualidades distintivas da cultura: do biológico ao cultural e do Cultural ao
biológico.
Vestir de uma calcas ou de outras peças ou doutras peças de roupa pode ser
considerado um acto cultural que inserem-se dentro de um padrão convencional. Não será
a decisão acto biológico ou acto culturais tão evidentes como por vezes somos levados a
aceitar.
O andar não é um acto cultural, no entanto existe maneiras de andar uma mais elegantes
que as outras. Podemos dizer que o indivíduo de diversas culturas estimula esta
aprendizagem de formas variadas.
Para que o andar seja um acto cultural, se bem que este movimento implica o
funcionamento de órgãos biológicos. O inclinar da cabeça, por as mãos nas costas,
posições que os homens e mulheres apresentam por vezes é considerado culturas, mas
trata-se de actos biológicos.
4.7.O homem, a cultura e a Sociedade
O antropólogo preocupa-se com existência da cultura como realidade que existe, e que
procura estudar de uma maneira objectiva, explica através da acção que o homem exerce
na natureza. O homem como uma entidade viva, possui necessidades que tem de
satisfazer para se manter e sobreviver, procurando conseguir algo que preencha as falhas
que sente no seu interior, extensão da sua natureza humana.
O homem é um produto de si próprio, cria-se a si mesmo – essa ligação traduz dentro da
experiencia humana uma extensão do homem, não só como uma entidade biológica, mas
de outra natureza: a ligação ao sexo oposto não é arbitrária; não só pelo facto de
actividade sexual ser indispensável a reprodução biológica que tal ligação surge. Aparece
como necessidade a satisfazer, mas a observação diz que essa necessidade é condicionada
pelas regras que o homem criou e que se impõe a ele próprio. Tal como a cultura, a
reprodução biológica é uma extensão do próprio homem que agregar idade do homem—
ligação com o seu semelhante— é não só uma necessidade natural proveniente da sua
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estrutura biológica, mas também condicionada pela projecção no interior dessa mesma
cultura.
O Homem é natureza, cultura e sociedade, entidades distintas, mas interligadas, que
geram o biológico, o psicológico, o cultural e o social. O homem faz parte da natureza:
procurando dominá-la, acaba por modifica-la porque não consegue controlar todos os
elementos de que esta se compõe. Três níveis da vivência humana para compreenderem o
Homem: O mundo da natureza, O Homem é a natureza, Por consequência é da vida; O
mundo da sociedade, o homem é sociedade— vive em conjunto –e sociedade implica
cultura ; o homem é um conjunto com uma unidade bem individualizada dentro do
conjunto com o qual integra.
O homem vive dentro dos seguintes mundos ou dimensões:
 O mundo do orgânico e do inorgânico (biologia, física e química);
 O mundo social e do cultural (sociedade e cultura);
 O mundo psíquico (psicologia).
4.8.Individuo e a cultura
Primeiro, é de salientar que, Individuo é aquele que não pode ser dividido e que
corresponde à unidade ou ente.
As sociedades humanas manifestam dois princípios: O individual e o colectivo—O
individual acaba sempre por ser absorvido pelo conectivo, isto é, é a unidade constituinte
do coletivo em que, posteriormente adquire a consciência comum e superior do mesmo.
Por isso, Ruth Benedict, diz: na realidade sociedade e individuo não são coisa
antagónicas (incompatíveis) devido a permanente interdependência entre elas.
E, entre a cultura e a civilização, nota-se grande diferença nos seguintes aspetos:
A cultura engloba o conjunto de meios coletivos de que o Homem ou uma
sociedade dispõem para controlar e manipular o meio ambiente físico ou mundo
(ciência da tecnologia e suas aplicações), enquanto, a civilização engloba
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conjunto de meios coletivos a que o homem pode recorrer para exercer controlo
sobre si próprio, para se elevar intelectual, moral e espiritualmente (tendo como
factos: as artes, a filosofia, a religião e o direito);
Por outra, a cultura preocupa-se com aspetos mais desinteressantes e espirituais
do coletivo (da sociedade); enquanto, a civilização preocupa-se com o carácter
racional que maximalize as condições físicas e materiais do trabalho, da produção
e da tecnologia no seio da vida coletiva (da sociedade), aspetos mais amplo,
englobantes no espaço e no tempo
A imagem profunda, caraterizadora do homem só pode ser possível se olhar-se para a
cultura como conjunto de aspetos resultantes de padrões culturais de comportamento
(costumes, tradições, hábitos, etc.) e simultaneamente como conjunto de mecanismos de
controlo (planos, regras e instruções) no sentido de orientar os tais comportamentos de
que o homem depende. Assim, reduz-se o empirismo do comportamento e eleva-se os
mecanismos cuja amplitude e indeterminação das suas capacidades são reduzidos à
especificidade das suas realizações.
Ao realizarmos o estudo introspetivo sobre os mecanismos exteriores ao homem, notar-
se-á que existe diferença entre os grupos sociais muito mais quanto as suas crenças,
comportamentos, valores e outras formas sociais. E, seja qual for o nível do grupo social,
o Homem é um ser social e cultural (depende da sociedade mais possuindo uma
identidade cultural).
A herança cultural é transmitida através de processo de socialização e de Endoculturação
dos indivíduos que fazem parte dos diferentes grupos sociais e, quer dizer, o homem é o
produtor (não geneticamente) e portador de cultura que, consequentemente, além de ser
um ser social é cultural. Cada individuo possui a cultura determinada e integrada na sua
organização social (no meio coletivo em que vive) e tudo isso, parte da interação entre o
mesmo com a sociedade e a cultura, os meios modeladores da sua conduta (modo de ser).
O contexto cultural (não estático mas dinâmico devido as variais variáveis) é que
carateriza os tipos de cultura, isto é, conjunto de conhecimentos predominantes de
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crenças, de ideias estabelecidas, de normas aceitas, dos valores e condutas especificas de
cada sociedade e, condiciona os limites extrabiólogicos que permitem o individuo tornar-
se pessoa e integrar-se no seu sistema sócio-cultural.
4.9. Endoculturação ou inculturação
Primeiro, é de salientar que, a Endoculturação ou inculturação é o processo permanente
de aprendizagem de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências
a partir do nascimento de um individuo e que se completa com a morte, isto é, o Homem
aprende desde a infância até a idade adulta de um individuo em que, a medida que o
individuo nasce, cresce, e desenvolve, ele aprende envolvendo-se cada vez mais a agir de
forma que lhe foi ensinado (de acordo com os padrões culturais).
A cultura não se transmite geneticamente, isto é, de pais para filho, logo apos o
nascimento, cada criança tem que começar a aprender a cultura do seu grupo.
A cultura é que determina a diferença de comportamento dos homens, pois, a cultura é
todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou
qualquer hábito adquirido pelo homem enquanto membro de uma sociedade.
Tudo que a criança traz consigo quando nasce é puramente biológico, só, um pouco mais
tarde, a criança começa a comportar-se Bioculturalmente em que, à medida que vai
crescendo, irá transladar dos aspetos puramente biológicos do seu comportamento em
aquisição de valores ou padrões culturais. O termo Endoculturação foi atribuído por
HERSKOVITS, que é o processo pelo qual as reações individuais se vão ajustando cada
vez mais aos padrões culturais de um sociedade e, é um processo universal que parte
desde o nascimento.
4.9.1. Fases da Endoculturação ou Inculturação
A Endoculturação é um processo de aprendizagem permanente dos padrões culturais de
uma determinada sociedade em que, o individuo quando nasce deve incorporar-se. E,
sendo a Endoculturação um processo, é subdivida em seguintes fases ou estágios:
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Primeira fase: é universal, nesta fase a criança é o recipiente passivo e isolado de
quaisquer formas de cultura que os seus educandos possam impor-lhe. É
Segunda fase: nesta fase acontece no período de adolescência em que, o corpo do
individuo sofre transformações e conformações ou adaptação com a nova cultura
(conjuntos de formas culturais). O corpo está num estado de desenvolvimento ou
evolução biológica muito intensa ou radicalizada.
Terceira fase: esta fase representa a plena maturidade, sendo frequentemente
caraterizado pelo casamento, é uma fase muito simples.
Quarta fase: é caraterizada pela entrada na velhice e, presume-se que uma pessoa
que atinge este ponto, tem um conhecimento bastante profundo e completo da cultura
do seu grupo. Esta ocorre num período em que a idade já é mais avançada e
limitando-se no acrescimento de certos factos culturais, esperando-se que aconteça o
inverso, que a pessoa muito idosa regresse, de certo modo, ao comportamento
biológico de um neo-nato (segunda infância).
As pessoas dificilmente deixam de aceitar ou interiorizar os valores da sua cultura,
mesmo que muitos elementos sejam pessoalmente desagradáveis ou inadequados devido
aos seguintes fatores ou causas:
Inculturação precoce: a criança é um recipiente sem capacidade de aceitar ou
negar, apenas passivamente assimila tudo que lhe expõem;
O não isolamento dos seus progenitores e outros membros da sociedade de quem
depende o bem-estar de cada um durante o período em que está a apreender a
única forma de vida ao alcance da sua experiência;
O nível de dificuldade do padrão cultural durante a sua assimilação
4.10. Cultura e Personalidade
Primeiro, é de salientar que, Personalidade é a organização estruturada e dinâmica de
todo eu pessoal, nos seus modos de ser, de pensar e de agir, e, engloba todas as
dimensões do ser humano, desde o subconsciente, inconsciente, consciente, até as formas
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de conduta, as ideias em relação com a vivida e indissociável com todo o ambiente social
e o contexto cultural que contribui para o moldar.
Para EYSENCK: personalidade é a soma total dos modos de comportamento atuais ou
potenciais do organismo determinado pela hereditariedade e pelo meio ambiente em que
o individuo se encontra, e, nasce através da interação funcional dos quatros princípais
setores (cognitivo: inteligência, afetivo: temperamento, conotativo: carácter e, somático:
constituição) os quais os modos de comportamento se organizam.
O Homem teve a necessidade de criar modelos (padrões) de comportamentos estáveis
para tornar fácil a relação com os seus semelhantes e as respostas que os outros
elementos iriam fundamentar ou formular. E, existem dois padrões de comportamento
Humano, que são: Individual (comportamento padrão dominante) e Medio-grupo (a
personalidade de base ou modal de comportamentos de todos indivíduos de um grupo),
por exemplo, os padrões de vida de uma comunidade simples para uma comunidade ou
sociedade mais complexa.
Por outro lado, existe a socialização que é o processo de aquisição de conhecimentos,
modelos, valores e símbolos ou seja, maneira de ser, pensar e agir (atitudes) próprias de
um grupo em que o individuo se encontra inserido.
O individuo é o elemento básico da socialização e, dependendo de número dos
indivíduos, poder formar consciência moral (coletivo) e consciência intelectual
(individual).
O individuo, nascendo numa determinada sociedade e no seio de uma determinada
cultura, terá que se adaptar ao esquema cultura (a adaptação dinâmica). Só em sociedade,
o homem adquire a sua verdadeira dimensão.
O Binário Cultura-Personalidade salienta problemas metodológicos e conceptuais,
devido a certos pressupostos filósofos atuantes.
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 18
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
Tratando da cultura, é de salientar os seguintes autores:
Ruth Benedict: que estudou varias culturas e notou que cada uma delas tem a ver com
objetivos emocionais e intelectuais. E disse que a cultura fornece a matéria-prima de que
o individuo faz parte.
Jung: tentou explicar as relações entre a personalidade e a cultura através das
manifestações literárias, lendas, mitos em povos afastados uns dos outros no espaço e no
tempo e, concluiu que certas caraterísticas, símbolos, temas e figuras se encontram
igualmente representados entre os indivíduos pertencentes a etnias, culturas e religiões
diferentes. E, salientou que existe um fundo comum que denominou de “inconsciente
coletivo”, que é capaz de compreender as manifestações artísticas e religiosas de outras
culturas.
Em suma, as normas de personalidade diferem de sociedade para sociedade em que,
dentro das mesmas, há consideráveis variações das personalidades individuais. Em todas
sociedades se encontram o mesmo tipo de personalidade e o mesmo campo de
variabilidades condicionadas pelas culturas e fatores ambientais (se processa a
aprendizagem cultural).
4.11.Do quotidiano a tomada de consciência do ambiente cultural a invasão do
cultural na experiência individual de cada um.
Primeiro, é de salientar que, a investigação socio-antropológica é equilibrada pelo uso de
método de observação científica que é classificada por três tipos:
Experimentação: é um tipo de método de observação que, é sistematizada,
provocada e dirigida tendo como finalidade em provar uma hipótese (duvida ou
afirmação) previamente definida, e é aplicada aos fenómenos sociais;
Observação não participante: é um tipo de método de observação científica que é
caraterizada fundamentalmente pela ausência do investigador nos problemas humanos
em estudo e que, vão desde o inquérito, à análise dos documentos, estudos de casos,
testes, medidas de opiniões e atitudes, até ao método histórico;
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 19
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
Observação participante: é um tipo de observação em que o investigador faz parte
dos problemas ou factos humanos em estudo, participa nas atividades e
manifestações, isto é, o investigador é observador e autor simultaneamente.
Para MAURICE DUVERGER diz, o investigador da observação participante, é um
agente estranho do grupo que se introduz apenas para observar, por outro lado, existe
participantes-observadores que são membros do próprio grupo e ao mesmo tempo,
observam sistematicamente (de forma oculta) a coletividade que pertencem, sendo muito
difícil de compreender plenamente devido a falta de atitude científica, isto é, aquilo que
lhe dá a base de comparação, distanciamento dos seus modos de vida. Só tornar-se fácil
se o investigador-participante colocar-se na descontinuidade (o que é diferente da sua
cultura) e na ruptura (notando as alterações da estrutura e as mudanças na sua própria
cultura), e, sinteticamente quer salientar que o investigador deve se distanciar do
etnocentrismo.
. E, são predominantes na prática etnográfica.
Segundo HERSKOVITS “ todos os povos formam juízos acerca dos modos de vida
diferentes dos seus e, quando se pretende fazer um estudo sistemático, deve-se primeiro
salientar o esquema de classificação de modos de vida. E, para ele, o mecanismo primário
que funciona na avaliação da cultura é o Etnocentrismo em que, o próprio modo de vida
de alguém é mais eficaz que a da alheia.
Durante o emprego do método de observação participante (observador-participante), é
necessário que o antropólogo (o investigador) reduza o seu nível de etnocentrismo
praticamente até ser nulo, para melhor se interessar de fazer estudos harmoniosos dos
aspetos de vida, de cultura das outras comunidades.
Segundo BERNARDO BERNARDI, conforme salienta no seu texto abaixo sobre o
investigador (antropólogo) da cultura alheia:
“Quando o antropólogo se dispõe a estudar uma cultura, é um homem entre homens,
introduzindo-se de modo activo nas manifestações culturais; não se contenta em ser
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 20
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
observador mesmo sendo participante das expressões coletivas, mas procura o contacto
pessoal. Estabelece relações de confiança e de amizade com os seus interlocutores, com
pessoas singulares com objetivo de corresponder, ao vivo, a origem e o significado das
manifestações que estuda.
4.12.O relativismo cultural
Antes de mais, é de salientar que, Relativismo cultural procura evidenciar a relatividade
que procura respeitar a integridade das diferenças culturais, sem as tornar absolutas. E,
todos os ovos formam juízos de valor sobre modos de vida diferentes dos seus (segundo
Herskovits), sobre os princípios éticos dos diferentes grupos sociais, sobre a sua estrutura
económica e politica, as suas crenças religiosas, a arte, a música, a literatura, as regras de
etiqueta, entre outras. Assim, salientam-se os seguintes exemplos:
O português quando não compreende uma língua, diz que é grego, o grego diz que é
chinês;
O francês quando sai de uma festa sem despedir diz que “sai à inglesa” enquanto o
português diz que “ sai à francesa”;
Para um português um “pipi” é um elegante, bem vestido, cheio de maneiras, e para
um Francês será alguém cheio de chichi;
Para o português “chichi” é urina e para o Francês é “pipi”
Como referiu-se atras, o mecanismo primário que leva a formação dos juízos sobre a vida
dos povos alheios, é o etnocentrismo que, implica a tendência para considerar como maus
quaisquer desvios que se registem em relação ao padrão de cultura de cada um. Assim, o
etnocentrismo é considerado como factor de ajustamento e de integração social do
individuo, por valorizar a sua identidade com o grupo da qual faz parte, com as formas de
conduta aprovadas e consideradas como boas pelo mesmo grupo. Há padrões de culturas
que são bons para um grupo social e não são bons para outros e, um grupo considera
como bom o que não é necessariamente mau para outro.
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 21
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
4.12.1.Princípio de relativismo cultural
O princípio de relativismo cultural diz-nos: : “os juízos de valor baseiam-se na
experiência e, esta interpretada por cada individuo em termos da sua própria
Endoculturação”; é obtida através de técnicas adequadas de trabalho de campo que
permite penetrar nos sistemas de valores de sociedades com diversos costumes (hábitos).
O sistema de conceito da moralidade, do bem e do mal, não são considerados de
relativismo cultural absoluto e, apenas capitaneiam plenamente a conduta dos povos,
enquanto estiverem de acordo com a orientação por eles seguidos, num determinado
momento da história.
O relativismo cultura é vista como uma filosofia de reconhecimento dos valores
estabelecidos em qualquer sociedade, radicalizando a dignidade inerente a qual desses
sistemas de valores e a necessidade de tolerância em relação a eles; radicaliza e ajuda as
disciplinas que tratam das diferenças e do respeito mutuo.
4.13.Cultura e Linguagem
O Homem é um animal simbólico (símbolo da linguagem), isto é, um animal cultural.
Todas as sociedades têm uma língua e cultura bem correlacionadas (interdependentes) em
que, embora a língua e a cultura não sejam mesma coisa, são estreitamente uniformes. E,
existe várias formas simbólicas que integram a experiência humana, tais como: língua, os
rituais, as dança, as festas, os jogos, as modas, os costumes, as artes e as ciências.
O Homem, por ser social, exerce uma atividade social no momento que há troca de
signos (imagens).
Se o Homem é um animal simbólico então, a cultura referir-se-á como um conjunto de
formas simbólicas que caraterizam o próprio animal simbólico, isto é, o movimento, a
comunicação entre os signos resultando assim os diferentes modos dessa mesma
comunicação. Um exemplo clássico de modos de comunicação possíveis de Pierre
Guiraund (1973, p. 53), que nos fala de um sinaleiro que se encontra num cruzamento
de ruas: tem um uniforme, que nos comunica a sua identidade; faz movimentos com um
bastão que nos comunica um conjunto de ordens precisas pare, avance, entre outras. E, se
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 22
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
o mesmo sinaleiro usar o uniforme (signo) para ir a uma cerimónia (objeto cultural), que
no primeiro caso era fundamentalmente o indício de uma função, comunica-nos no
segundo caso que o mesmo sinaleiro resolveu marcar a solenidade da cerimónia.
Contudo, podemos salientar que existem dois tipos fundamentais de códigos: objetivos ou
lógicos e subjetivos (ou estéticos); por exemplo:
Objetivos ou lógicos: insígnias, sinais, ciências;
Subjetivos ou estéticos: comportamentos ou modas de costumes, festas, rituais,
danças, jogos, artes, literatura, entre muitos outros.
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5.Constatações
Depois de tubo apresentado de forma sintética ao longo do presente trabalho, é de deixar
claro e sublinhado os seguintes aspetos:
-Antropologia cultural é constituída por dois termos (Antropologia e cultura) por isso
que, é uma ciência que trata do Homem muito mais no âmbito cultural, isto é, dos
comportamentos individuais e coletivos, dos costumes, hábitos, em suma de todos
aspetos e padrões vivências do Homem; e devido a adição do termo cultura, a
Antropologia ganha uma certa especificidade.
-A Antropologia possui uma ampla relação com outras ciências sociais e humanas (com
Sociologia, Demografia, História, Geografia e Psicologia) visto que também trata do
Homem mas diferenciado entre si apenas das esferas caraterizadoras do próprio homem
(dos padrões comportamentais, dos espaços e de todas obras).
-A Etnologia e Antropologia são sinónimos entre si uma vez que estudam os padrões do
Homem mas, diferem entre si porque a Etnologia estuda o homem num grupo ou no
convívio coletivo e a Antropologia no sentido singular.
-A Etnografia visa essencialmente descrever as características culturais de povo de uma
determinada comunidade e, é caraterizado pelo método de observação científica,
especificamente através de uso de inquéritos.
-A Antropologia cultural visa o estudo da cultura dos homens de todas as épocas
procurando estabelecer suas diferenças e semelhanças.
- O Homem quando nasce, começa do nada, nasce nu, e entra no processo de
Endoculturação (e ou socialização), que aprende permanentemente, entre outros, os
padrões culturais da sociedade ou grupo coletivo em que ele se encontra; isto salienta que
a cultura não é transmitida geneticamente (de pai ou mãe para filho);
-Em suma, do ser humano possui um grau de etnocentrismo que, de certa forma, origina a
desigualdade, diferenças culturais e outros. E a cultura é formada por varias formas de de
símbolos (conjunto de imagens dos objetos) uma vez que o Homem, além de ser um ser
social, é um ser simbólico, isto é, um ser cultural.
LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 24
Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012
6.Bibliografia
LIMA, A, M; MARTINEZ, B; FILHO, J, L. A Antropologia Cultural. 2ª ed.
Editorial Presença, São Paulo. 1991;
COPANS, Jeans; et all. Antropologia. Ciência das Sociedades primitivas? 7ª ed
Porto Editora, Lisboa, 1988;
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: Guia para o Estudo.
6aEdição. Maputo: Ed. Paulinas, 2009;
GUIRAUD, Pierre. A semiologia. 2aedição. Lisboa: Ed. Presença, 1973. P 53.

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Antro cult lucas

  • 1. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 1 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 Índice: 1.Introdução ................................................................................................................ 2 2.Objetivos. ................................................................................................................. 3 2.1.Objetivo Geral....................................................................................................... 3 2.2.Objectivos Específicos.......................................................................................... 3 3.Metodologia. ............................................................................................................ 3 4. A Antropologia Cultural ......................................................................................... 4 4.1.O que é Antropologia Cultural?............................................................................ 4 4.2. Relações da Antropologia Cultural com outras ciências Humanas e Sociais. ..... 5 4.3.A Antropologia cultural e Antropologia Social, Etnologia e Historia, A Antropologia Física..................................................................................................... 5 4.3.1.Diferença entre a Etnografia e Antropologia Cultural....................................... 6 4.3.2.Métodos da Etnografia....................................................................................... 8 4.4.O campo de ação da antropologia Cultural. As culturas e sociedades ditas “primitivas’, tradicionais, “arcaicas”, arcaizantes, agrafas ou pré urbanas. ............... 8 4.5.Cultura e as Culturas: Noção de Cultura. O homem e suas obras. ..................... 10 4.6.Qualidades distintivas da cultura: do biológico ao cultural e do Cultural ao biológico.................................................................................................................... 12 4.7.O homem, a cultura e a Sociedade...................................................................... 12 4.8.Individuo e a cultura ........................................................................................... 13 4.9. Endoculturação ou inculturação......................................................................... 15 4.9.1. Fases da Endoculturação ou Inculturação....................................................... 15 4.10. Cultura e Personalidade ................................................................................... 16 4.11.Do quotidiano a tomada de consciência do ambiente cultural a invasão do cultural na experiência individual de cada um.......................................................... 18 4.12.O relativismo cultural........................................................................................ 20 4.12.1.Princípio de relativismo cultural.................................................................... 21 4.13.Cultura e Linguagem......................................................................................... 21 5.Constatações........................................................................................................... 23 6.Bibliografia ............................................................................................................ 24
  • 2. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 2 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 1.Introdução De acordo com o amplo parâmetro do mundo da Antropologia, ela precisa de ser estudada, desfragmentada, compreendida e profundamente assimilada, uma vez que, ela estuda as sociedades humanas, as suas culturas na diversidade históricas geográficas, abrangendo as nossas sociedades industriais e tecnológicas, desde as pequenas comunidades rurais aos grupos marginais e aos grupos urbanos (GONÇALVES, 1999). Esta ciência divide-se geralmente em dois grandes campos: a antropologia física, que trata da evolução biológica e a adaptação fisiológica dos seres humanos, e a antropologia social ou cultural, que se ocupa das formas em que as pessoas vivem em sociedade, ou seja, as formas de evolução de sua língua, cultura e costumes. Os primeiros estudos antropológicos analisavam povos e culturas não ocidentais, porém seu trabalho actual concentra-se, em grande parte, nas modernas culturas ocidentais (as aglomerações urbanas e a sociedade industrial). Os antropólogos consideram primordial realizar trabalhos de campo e dão especial importância às experiências de primeira mão e, por isso, participam de actividades, costumes e tradições da sociedade. Contudo, o presente trabalho debruça-se acerca da Antropologia Cultural. O trabalho faz- se menção a esta temática, reflectindo se sobre a sua definição, especificidade, relações com outras ciências humanas e sociais, da inculturação, do campo de ação da Antropologia cultural, da noção da cultura, das qualidades distintivas da cultura do biológico ao cultural e do cultural ao biológico, do individuo e cultura, da cultura e personalidade, da invasão do cultural na experiencia individual de cada um, do relativismo cultural, e, por fim, da cultura e linguagem.
  • 3. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 3 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 2.Objetivos. 2.1.Objetivo Geral. Refletir sobre a Antropologia Cultural ou social, sob ponto de vista da sua definição, especificidade e relações com outras ciências humanas. 2.2.Objectivos Específicos. Definir a Antropologia Cultural e o seu objeto de estudo; Identificar o campo de ação da Antropologia cultural; Relacionar/ Distinguir a Antropologia cultural, da Antropologia social, Etnologia, Etnografia e Historia; Definir Cultura como objeto de estudo da antropologia cultural, estabelecendo a sua ligação com as obras humanas. Identificar os métodos de pesquisa aplicados a Antropologia Cultural. 3.Metodologia. Para a concretização do presente trabalho, a metodologia usada para foi à da consulta bibliográfica que consistiu na leitura e análise das informações de diversas obras que se debruçam sobre o tema acima mencionado. Os autores das referidas obras estão devidamente citados na bibliografia, na última página.
  • 4. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 4 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 4. A Antropologia Cultural 4.1.O que é Antropologia Cultural? A Antropologia cultural engloba dois termos: Antropologia e Cultura, e, Antropologia significa tratado do homem ou seja estudo do homem em todas as dimensões sociais, contudo a antropologia Cultural estuda o homem como ser cultural, adoptando um método específico que parte do objecto cultural para chegar aos comportamentos, atitudes e condutas do homem. A Antropologia dentro das ciências humanas, estuda o Homem intemporal e anónimo de todos os tempos, de todas as épocas e de todos os tipos— o Homem genérico. Ao colocar-se a palavra Cultural na Antropologia limita-se o ramo do saber da Antropologia pois o Homem constituindo um ser físico possui cultura, o que o distingue dos outros animais sobre a terra. Num entanto superficialmente a Antropologia Cultural estuda o homem com ser cultural. A Antropologia cultural situa-se na cultura que é a objectividade ou concretização das condutas ou comportamentos do homem, e a partir dos objectos culturais ou das obras produzidas pelos homens, realidades objectivas, a Antropologia chega as condutas e os comportamentos. A Antropologia Cultural possui um ponto de vista próprio e distingue-se de varias ciências humanas, a partir do seu método de trabalho, porque a partir dos objectos culturais chega aos comportamentos, e como ciência reduz o homem a cultura, a objectos aos artefactos, as coisas ou obras produzidas pelo Homem. A Antropologia Cultural estuda a cultura como a realidade objectiva, descrevendo s objectos culturais, explicando e servindo-se de discursos específicos— discursos antropológicos— que se enquadram dentro de um sistema epistemológico bem determinado. A Antropologia subdivide-se em outras ciências e relaciona-se com várias outras ciências humanas: A Antropologia Física, Cultural, Social e relacionando-se com Sociologia,
  • 5. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 5 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 História, psicologia e Geografia humana, onde estas ciências por sua vez subdividem-se e relaciona-se entre si. A definição da Antropologia Cultural pode ser resumida segundo os seguintes autores: KROEBER: é uma ciência do Homem como ser cultural; Júlio Caro Baroje (Etnólogo espanhol): é uma ciência que trata de certo modo do Homem como ser social e o produto de cultura ou civilização através do tempo e do espaço; Wilhelm Muhhman (Antropólogo): é uma ciência das formas e dos processos diversos como os povos e os seus indivíduos são obrigados a orientar-se no sentido da expansão no espaço e no tempo, segundo o seu ambiente natural e cultural. 4.2. Relações da Antropologia Cultural com outras ciências Humanas e Sociais. De acordo com a definição etimológica da Antropologia, ela estuda o Homem e suas obras dentro do meio em se insere. E, por que existe outras áreas que também estudam o Homem, há necessidade de salientar as relações que existem entre estas ciências do Homem e da Terra. A Antropologia cultural (Etnologia e linguista), Antropologia social (Etno-sociologia), sociologia, Historia (Arqueologia e pré-história), Psicologia (Psicologia social) e a Geografia Humana estudam o Homem no tempo e no espaço, os padrões comportamentais e tradicionais, as obras específicas do Homem. 4.3.A Antropologia cultural e Antropologia Social, Etnologia e Historia, A Antropologia Física. A Etnologia, nasce do movimento das descobertas, a partir do encontro da Europa com o resto do mundo, quando começavam a aparecer relatos de viajantes sobre costumes exóticos dos povos que iam achando. A Etnologia balançava da Historia de outras ciências humanas e torna-se corpo definitivo como ciência que adopta métodos rigorosos de pesquisa.
  • 6. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 6 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 A Etnologia era destinada a povos primitivos ou pré-letrados, civilizações arcaicas, pré- urbanas ou pré-industriais. Com o decorrer do tempo aplicou o seu estudo aos grupos sociais maiores, as comunidades ocidentais. A palavra Etnologia deriva do grego Etnos— povo e logos— tratado. A Etnologia é o sinónimo da Antropologia cultural, no entanto as duas tem como finalidade o estudo do objecto cultura, todas as manifestações concretas, objectivas dos comportamentos do homem. 4.3.1.Diferença entre a Etnografia e Antropologia Cultural. Tanto a Etnografia como a Antropologia estudam o Homem, mas, a etnologia estuda um conjunto de Homem que constitui um grupo (numa visão pluralista e diversificada), enquanto a Antropologia estuda o homem no sentido individual, numa visão unitária e total do Homem. A diferença entre a Antropologia cultural e a Etnologia como ramos da Antropologia é: enquanto a Antropologia cultural estuda o homem no seu aspecto totalista e universal, estabelecendo-se as suas semelhanças e diferenças, um estudo singular, uma visão unitária e total do Homem. A Etnologia estuda os diversos homens nos grupos variados, o que implica uma visão pluralista e diversificada. Pode se dizer que uma estuda o Homem (no sentido da humanidade), outros os homens (diversos homens). A Etnologia é aquele ramo da Antropologia geral que estuda as expressões regionais da cultura do homem. Mas a tendência actual é a supressão do termo Etnologia para a Antropologia cultural. A razão de tal atitude foi o alargamento dos contactos e desaparecimento sistemático daquelas características culturais em determinados povos, que até então eram sujeitos da etnologia— os chamados primitivos. A Etnografia seria a ciência que descreve os usos e costumes dos povos, constitui o registo de factos observados durante o trabalho de campo, sendo puramente descritiva,
  • 7. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 7 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 pois representa um m memento de Etnologia, que é a ciência propriamente dita e onde urge as comparações, as relações, as tipologias. A Etnografia é, contudo, um ramo da Antropologia Geral que estuda as expressões regionais da cultura do Homem. Embora alguns europeus denominam ou consideram a Etnologia como ciência que deve salientar ou tratar sobre os povos considerados “primitivos” civilizações pré-industriais, arcaicas ou arcaizantes; atualmente não é admissível uma vez que houve e há a expensão do contacto cultural assim como a difusão da civilização ocidental. E, alguns autores ainda empregam o termo Etnologia em vez de Antropologia cultural. Atualmente, a tendência moderna é de empregar-se o termo Etnologia no lugar da Antropologia Cultural, isto porque existe maior alargamento do contacto de culturas e extinção de culturas particulares de cada povo, e, cada grupo tem o seu dinamismo interno e sua cultura. O nível de emprego do termo Antropologia e da Etnologia era de forma diferenciada entre os europeus e os americanos e, levou consequentemente ao surgimento de duas escolas: Escola Americana: em que, evidenciavam em grande dimensão a aculturação (desculturação) isto porque houve rápido desenvolvimento das industrias nos Estados Unidos da América que consequentemente houve menor contacto com os modelos culturais e outros ocidentais. Escola Europeias: consideravam mais a palavra Etnologia porque, os europeus tinham as zonas africana e asiáticas como campo de ação e de pesquisas das suas respetivas identidades culturais num determinado número de povos e de grupo primitivos.
  • 8. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 8 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 4.3.2.Métodos da Etnografia. Os métodos de inquérito em Etnografia variam consoante a natureza do trabalho, objectivos e preparação de etnográficos. Existem dois métodos básicos: O método de Inquérito extensivo, que consiste em observar o maior número possível de elementos numa determinada área e num determinado período de tempo, O método Inquérito Intensivo, que consiste na observação aprofundada completa, sem nada a omitir, de um dado grupo social. Este constitui o método mais recomendável. Não existe diferenças entre a Historia e a Antropologia Cultural ou Etnologia: as demarcações metodológicas são similares pois todas estudam o homem como ser social e cultural. Dai o facto de muitos pensarem que a Historia é uma antropologia do passado e a antropologia é uma história do presente. Todo o homem seja ele de que cultura for se situa sempre em relação ao passado que é por excelência, o domínio da história quer no passado, presente e futuro. A antropologia que se ocupa da evolução total do homem e que estuda as variações culturais resultantes de mudanças operadas nos discursos de longos períodos de tempo, denomina-se Antropologia Histórica. A Antropologia Física é aquele ramo da antropologia que estuda o homem como um ser biológico, quer dizer determina o lugar que o homem ocupa no reino da natureza, estudando as suas origens e trajectórias no tempo, classificando os tipos que existem segundo os seus caracteres específicos, A espécie humana, as suas origens, evolução e diferenciação em tipos raciais. 4.4.O campo de ação da antropologia Cultural. As culturas e sociedades ditas “primitivas’, tradicionais, “arcaicas”, arcaizantes, agrafas ou pré urbanas. A Antropologia cultural visa o estudo da cultura dos homens de todas as épocas procurando estabelecer suas diferenças e semelhanças. Durante muito tempo estudou as sociedades não ocidentais, aqueles povos que não tinham entrado na civilização tecno-
  • 9. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 9 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 industrial, os chamados “primitivos actuais” sociedades agrafas (sem escrita), arcaicas ou arcaizantes, sociedades tradicionais. Isto porque uma das funções da Antropologia é de estudar a totalidade da cultura. Onde os antropólogos procuravam situações culturais fora da sua experiencia cultural— sociedades completamente diferentes da sua, susceptíveis de serem estudadas de um ponto de vista total, o que nunca se conseguiria no interior da sua própria sociedade. Sendo assim a Antropologia cultural desenvolveu-se dentro de duas categorias “civilizado” e “primitivo”. O civilizado era o sujeito de estudo (o antropólogo, o ocidental) e o “primitivo” era o objecto de estudo. Como a Antropologia cultural e a Etnologia nasceram no ocidente, os processos de análise eram impregnados de conceitos próprios da cultura ocidental, levando a criação de uma linguagem antropológica que passa a ser universal. Consequentemente o objecto de estudo da o objecto de estudo da antropologia eram os povos primitivos, os povos agrafos, sendo estes os estudados e os estudantes os civilizados. A Antropologia cultural foi uma ciência escrita de uma sociedade sem escrita, uma vez que o estudo das civilizações ditas civilizadas devia deixar se a Sociologia. Com o passar do tempo os ditos primitivos, os povos agrafos, foram desaparecendo levando o ocidente a voltar se para a cultura ocidental. O antropólogo já não se vira para o outro, procura estudar a si próprio, a sua própria cultura o que levanta problemas de ponto de vista da observação e das análises científicas: O antropólogo vira sujeito e objecto de estudo, o que torna a observação e operação de análise mais difícil. Neste caso a irreversibilidade da civilização tecnológica fez esboroar as estruturas das culturas “ primitivas” transformando as e teve como consequência a extensão da Etnologia ou Antropologia cultural a civilizações e culturas não primitivas.
  • 10. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 10 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 Com isto esboça-se um movimento de aliança entre a Etnologia ou Antropologia cultural e a sociologia o que leva os cientistas a utilizar o termo de Antropologia Social ou Antropologia. Eis alguns Postulados da Antropologia Cultural: O Homem é único (senão dos únicos) animal ubíquo na terra (está em toda a parte), com capacidade de adoptar e modificar objectos semelhantes vivos ou mortos; É dos seres da criação menos especializados; Não existem culturas superiores, mas culturas diferentes; Todos os grupos humanos possuem costumes próprios e tais costumes são respostas peculiares a problemas e necessidades humanas universais; A variedade das condutas humanas no é pautada por causas geneticamente herdadas mas sim por padrões ou modelos socioculturalmente apreendidos; Todas as sociedades possuem os seus quadros de referência e os seus padrões de comportamento específicos de tal ordem institucionalizadas que qualquer membro da sociedade sabe perfeitamente quais as reacções que sua conduta suscita; Os sistemas culturais são dinâmicos e nunca estáticos embora existam graus de dinamismo entre os diversos sistemas espalhados pelo mundo; O grande drama da antropologia é a objectividade, não só a nível da compreensão mas também da explicação da cultura do outro, pois nunca conseguimos ser outro na sua totalidade; As culturas embora formando sistemas abertos os seus elementos e padrões constituem um tecido com textura e configuração bem especifica. 4.5.Cultura e as Culturas: Noção de Cultura. O homem e suas obras. O Homem quando nasce, começa do nada, nasce nu, tem de aprender tudo e tem de ir , a pouco a pouco , integrando-se no que o rodeia, aprende a andar a ler , a escrever , a vestir se , a comportar-se para com os seus semelhantes, enfim a sentir e a apensar
  • 11. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 11 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 seguindo os padrões do seu grupo, participando do património colectivo, da herança social, de um cabedal de elementos que constituem “Um todo complexo” que abarca conhecimentos , crenças, arte, moral , leis , costumes e outras capacidades adquiridas , pelo homem como parte integrante da sociedade. Todo este cabedal, património de artefactos materiais ou espirituais em que o homem se mobiliza e de que se serve para satisfazer as suas necessidades físicas, fisiológicas e espirituais que recebeu dos seus antepassados ou acrescentou, modificou, inventou e que transformou e transmite é o que se chama Cultura Cultura é tudo que recebemos, transmitimos ou inventamos, conjunto de tradições sociais, herança social, tudo aquilo que o homem acrescenta a natureza. Quando acrescenta qualquer coisa a natureza, está forçosamente a acrescentar qualquer coisa a si próprio, está se modificando, eis a razão de que a Cultura não é mais do que a natureza materializada, objectiva, concretizada de qualquer maneira, seja por actos do mundo da matéria. A função da cultura é simplesmente imprimir uma ordem a natureza. Os Etnólogos ou antropólogos aceitam duas espécies de cultura: Cultura material – o campo de acção da Ergologia e Cultura Espiritual. A cultura é um dado universal: Não há homem sem cultura, nem cultura sem sociedade. Se cultura é tudo que o homem acrescenta a natureza, o facto é que os homens não acrescentam coisas a natureza da mesma maneira: cada grupo, cada povo, cada sociedade, mercê de um conjunto de causas várias, entre as quais as históricas e as ambientais são essenciais, possuem as suas s obras peculiares de acrescentar e transmitir cultura, sendo assim foram surgindo varia culturas.
  • 12. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 12 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 4.6.Qualidades distintivas da cultura: do biológico ao cultural e do Cultural ao biológico. Vestir de uma calcas ou de outras peças ou doutras peças de roupa pode ser considerado um acto cultural que inserem-se dentro de um padrão convencional. Não será a decisão acto biológico ou acto culturais tão evidentes como por vezes somos levados a aceitar. O andar não é um acto cultural, no entanto existe maneiras de andar uma mais elegantes que as outras. Podemos dizer que o indivíduo de diversas culturas estimula esta aprendizagem de formas variadas. Para que o andar seja um acto cultural, se bem que este movimento implica o funcionamento de órgãos biológicos. O inclinar da cabeça, por as mãos nas costas, posições que os homens e mulheres apresentam por vezes é considerado culturas, mas trata-se de actos biológicos. 4.7.O homem, a cultura e a Sociedade O antropólogo preocupa-se com existência da cultura como realidade que existe, e que procura estudar de uma maneira objectiva, explica através da acção que o homem exerce na natureza. O homem como uma entidade viva, possui necessidades que tem de satisfazer para se manter e sobreviver, procurando conseguir algo que preencha as falhas que sente no seu interior, extensão da sua natureza humana. O homem é um produto de si próprio, cria-se a si mesmo – essa ligação traduz dentro da experiencia humana uma extensão do homem, não só como uma entidade biológica, mas de outra natureza: a ligação ao sexo oposto não é arbitrária; não só pelo facto de actividade sexual ser indispensável a reprodução biológica que tal ligação surge. Aparece como necessidade a satisfazer, mas a observação diz que essa necessidade é condicionada pelas regras que o homem criou e que se impõe a ele próprio. Tal como a cultura, a reprodução biológica é uma extensão do próprio homem que agregar idade do homem— ligação com o seu semelhante— é não só uma necessidade natural proveniente da sua
  • 13. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 13 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 estrutura biológica, mas também condicionada pela projecção no interior dessa mesma cultura. O Homem é natureza, cultura e sociedade, entidades distintas, mas interligadas, que geram o biológico, o psicológico, o cultural e o social. O homem faz parte da natureza: procurando dominá-la, acaba por modifica-la porque não consegue controlar todos os elementos de que esta se compõe. Três níveis da vivência humana para compreenderem o Homem: O mundo da natureza, O Homem é a natureza, Por consequência é da vida; O mundo da sociedade, o homem é sociedade— vive em conjunto –e sociedade implica cultura ; o homem é um conjunto com uma unidade bem individualizada dentro do conjunto com o qual integra. O homem vive dentro dos seguintes mundos ou dimensões:  O mundo do orgânico e do inorgânico (biologia, física e química);  O mundo social e do cultural (sociedade e cultura);  O mundo psíquico (psicologia). 4.8.Individuo e a cultura Primeiro, é de salientar que, Individuo é aquele que não pode ser dividido e que corresponde à unidade ou ente. As sociedades humanas manifestam dois princípios: O individual e o colectivo—O individual acaba sempre por ser absorvido pelo conectivo, isto é, é a unidade constituinte do coletivo em que, posteriormente adquire a consciência comum e superior do mesmo. Por isso, Ruth Benedict, diz: na realidade sociedade e individuo não são coisa antagónicas (incompatíveis) devido a permanente interdependência entre elas. E, entre a cultura e a civilização, nota-se grande diferença nos seguintes aspetos: A cultura engloba o conjunto de meios coletivos de que o Homem ou uma sociedade dispõem para controlar e manipular o meio ambiente físico ou mundo (ciência da tecnologia e suas aplicações), enquanto, a civilização engloba
  • 14. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 14 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 conjunto de meios coletivos a que o homem pode recorrer para exercer controlo sobre si próprio, para se elevar intelectual, moral e espiritualmente (tendo como factos: as artes, a filosofia, a religião e o direito); Por outra, a cultura preocupa-se com aspetos mais desinteressantes e espirituais do coletivo (da sociedade); enquanto, a civilização preocupa-se com o carácter racional que maximalize as condições físicas e materiais do trabalho, da produção e da tecnologia no seio da vida coletiva (da sociedade), aspetos mais amplo, englobantes no espaço e no tempo A imagem profunda, caraterizadora do homem só pode ser possível se olhar-se para a cultura como conjunto de aspetos resultantes de padrões culturais de comportamento (costumes, tradições, hábitos, etc.) e simultaneamente como conjunto de mecanismos de controlo (planos, regras e instruções) no sentido de orientar os tais comportamentos de que o homem depende. Assim, reduz-se o empirismo do comportamento e eleva-se os mecanismos cuja amplitude e indeterminação das suas capacidades são reduzidos à especificidade das suas realizações. Ao realizarmos o estudo introspetivo sobre os mecanismos exteriores ao homem, notar- se-á que existe diferença entre os grupos sociais muito mais quanto as suas crenças, comportamentos, valores e outras formas sociais. E, seja qual for o nível do grupo social, o Homem é um ser social e cultural (depende da sociedade mais possuindo uma identidade cultural). A herança cultural é transmitida através de processo de socialização e de Endoculturação dos indivíduos que fazem parte dos diferentes grupos sociais e, quer dizer, o homem é o produtor (não geneticamente) e portador de cultura que, consequentemente, além de ser um ser social é cultural. Cada individuo possui a cultura determinada e integrada na sua organização social (no meio coletivo em que vive) e tudo isso, parte da interação entre o mesmo com a sociedade e a cultura, os meios modeladores da sua conduta (modo de ser). O contexto cultural (não estático mas dinâmico devido as variais variáveis) é que carateriza os tipos de cultura, isto é, conjunto de conhecimentos predominantes de
  • 15. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 15 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 crenças, de ideias estabelecidas, de normas aceitas, dos valores e condutas especificas de cada sociedade e, condiciona os limites extrabiólogicos que permitem o individuo tornar- se pessoa e integrar-se no seu sistema sócio-cultural. 4.9. Endoculturação ou inculturação Primeiro, é de salientar que, a Endoculturação ou inculturação é o processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um individuo e que se completa com a morte, isto é, o Homem aprende desde a infância até a idade adulta de um individuo em que, a medida que o individuo nasce, cresce, e desenvolve, ele aprende envolvendo-se cada vez mais a agir de forma que lhe foi ensinado (de acordo com os padrões culturais). A cultura não se transmite geneticamente, isto é, de pais para filho, logo apos o nascimento, cada criança tem que começar a aprender a cultura do seu grupo. A cultura é que determina a diferença de comportamento dos homens, pois, a cultura é todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer hábito adquirido pelo homem enquanto membro de uma sociedade. Tudo que a criança traz consigo quando nasce é puramente biológico, só, um pouco mais tarde, a criança começa a comportar-se Bioculturalmente em que, à medida que vai crescendo, irá transladar dos aspetos puramente biológicos do seu comportamento em aquisição de valores ou padrões culturais. O termo Endoculturação foi atribuído por HERSKOVITS, que é o processo pelo qual as reações individuais se vão ajustando cada vez mais aos padrões culturais de um sociedade e, é um processo universal que parte desde o nascimento. 4.9.1. Fases da Endoculturação ou Inculturação A Endoculturação é um processo de aprendizagem permanente dos padrões culturais de uma determinada sociedade em que, o individuo quando nasce deve incorporar-se. E, sendo a Endoculturação um processo, é subdivida em seguintes fases ou estágios:
  • 16. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 16 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 Primeira fase: é universal, nesta fase a criança é o recipiente passivo e isolado de quaisquer formas de cultura que os seus educandos possam impor-lhe. É Segunda fase: nesta fase acontece no período de adolescência em que, o corpo do individuo sofre transformações e conformações ou adaptação com a nova cultura (conjuntos de formas culturais). O corpo está num estado de desenvolvimento ou evolução biológica muito intensa ou radicalizada. Terceira fase: esta fase representa a plena maturidade, sendo frequentemente caraterizado pelo casamento, é uma fase muito simples. Quarta fase: é caraterizada pela entrada na velhice e, presume-se que uma pessoa que atinge este ponto, tem um conhecimento bastante profundo e completo da cultura do seu grupo. Esta ocorre num período em que a idade já é mais avançada e limitando-se no acrescimento de certos factos culturais, esperando-se que aconteça o inverso, que a pessoa muito idosa regresse, de certo modo, ao comportamento biológico de um neo-nato (segunda infância). As pessoas dificilmente deixam de aceitar ou interiorizar os valores da sua cultura, mesmo que muitos elementos sejam pessoalmente desagradáveis ou inadequados devido aos seguintes fatores ou causas: Inculturação precoce: a criança é um recipiente sem capacidade de aceitar ou negar, apenas passivamente assimila tudo que lhe expõem; O não isolamento dos seus progenitores e outros membros da sociedade de quem depende o bem-estar de cada um durante o período em que está a apreender a única forma de vida ao alcance da sua experiência; O nível de dificuldade do padrão cultural durante a sua assimilação 4.10. Cultura e Personalidade Primeiro, é de salientar que, Personalidade é a organização estruturada e dinâmica de todo eu pessoal, nos seus modos de ser, de pensar e de agir, e, engloba todas as dimensões do ser humano, desde o subconsciente, inconsciente, consciente, até as formas
  • 17. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 17 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 de conduta, as ideias em relação com a vivida e indissociável com todo o ambiente social e o contexto cultural que contribui para o moldar. Para EYSENCK: personalidade é a soma total dos modos de comportamento atuais ou potenciais do organismo determinado pela hereditariedade e pelo meio ambiente em que o individuo se encontra, e, nasce através da interação funcional dos quatros princípais setores (cognitivo: inteligência, afetivo: temperamento, conotativo: carácter e, somático: constituição) os quais os modos de comportamento se organizam. O Homem teve a necessidade de criar modelos (padrões) de comportamentos estáveis para tornar fácil a relação com os seus semelhantes e as respostas que os outros elementos iriam fundamentar ou formular. E, existem dois padrões de comportamento Humano, que são: Individual (comportamento padrão dominante) e Medio-grupo (a personalidade de base ou modal de comportamentos de todos indivíduos de um grupo), por exemplo, os padrões de vida de uma comunidade simples para uma comunidade ou sociedade mais complexa. Por outro lado, existe a socialização que é o processo de aquisição de conhecimentos, modelos, valores e símbolos ou seja, maneira de ser, pensar e agir (atitudes) próprias de um grupo em que o individuo se encontra inserido. O individuo é o elemento básico da socialização e, dependendo de número dos indivíduos, poder formar consciência moral (coletivo) e consciência intelectual (individual). O individuo, nascendo numa determinada sociedade e no seio de uma determinada cultura, terá que se adaptar ao esquema cultura (a adaptação dinâmica). Só em sociedade, o homem adquire a sua verdadeira dimensão. O Binário Cultura-Personalidade salienta problemas metodológicos e conceptuais, devido a certos pressupostos filósofos atuantes.
  • 18. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 18 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 Tratando da cultura, é de salientar os seguintes autores: Ruth Benedict: que estudou varias culturas e notou que cada uma delas tem a ver com objetivos emocionais e intelectuais. E disse que a cultura fornece a matéria-prima de que o individuo faz parte. Jung: tentou explicar as relações entre a personalidade e a cultura através das manifestações literárias, lendas, mitos em povos afastados uns dos outros no espaço e no tempo e, concluiu que certas caraterísticas, símbolos, temas e figuras se encontram igualmente representados entre os indivíduos pertencentes a etnias, culturas e religiões diferentes. E, salientou que existe um fundo comum que denominou de “inconsciente coletivo”, que é capaz de compreender as manifestações artísticas e religiosas de outras culturas. Em suma, as normas de personalidade diferem de sociedade para sociedade em que, dentro das mesmas, há consideráveis variações das personalidades individuais. Em todas sociedades se encontram o mesmo tipo de personalidade e o mesmo campo de variabilidades condicionadas pelas culturas e fatores ambientais (se processa a aprendizagem cultural). 4.11.Do quotidiano a tomada de consciência do ambiente cultural a invasão do cultural na experiência individual de cada um. Primeiro, é de salientar que, a investigação socio-antropológica é equilibrada pelo uso de método de observação científica que é classificada por três tipos: Experimentação: é um tipo de método de observação que, é sistematizada, provocada e dirigida tendo como finalidade em provar uma hipótese (duvida ou afirmação) previamente definida, e é aplicada aos fenómenos sociais; Observação não participante: é um tipo de método de observação científica que é caraterizada fundamentalmente pela ausência do investigador nos problemas humanos em estudo e que, vão desde o inquérito, à análise dos documentos, estudos de casos, testes, medidas de opiniões e atitudes, até ao método histórico;
  • 19. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 19 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 Observação participante: é um tipo de observação em que o investigador faz parte dos problemas ou factos humanos em estudo, participa nas atividades e manifestações, isto é, o investigador é observador e autor simultaneamente. Para MAURICE DUVERGER diz, o investigador da observação participante, é um agente estranho do grupo que se introduz apenas para observar, por outro lado, existe participantes-observadores que são membros do próprio grupo e ao mesmo tempo, observam sistematicamente (de forma oculta) a coletividade que pertencem, sendo muito difícil de compreender plenamente devido a falta de atitude científica, isto é, aquilo que lhe dá a base de comparação, distanciamento dos seus modos de vida. Só tornar-se fácil se o investigador-participante colocar-se na descontinuidade (o que é diferente da sua cultura) e na ruptura (notando as alterações da estrutura e as mudanças na sua própria cultura), e, sinteticamente quer salientar que o investigador deve se distanciar do etnocentrismo. . E, são predominantes na prática etnográfica. Segundo HERSKOVITS “ todos os povos formam juízos acerca dos modos de vida diferentes dos seus e, quando se pretende fazer um estudo sistemático, deve-se primeiro salientar o esquema de classificação de modos de vida. E, para ele, o mecanismo primário que funciona na avaliação da cultura é o Etnocentrismo em que, o próprio modo de vida de alguém é mais eficaz que a da alheia. Durante o emprego do método de observação participante (observador-participante), é necessário que o antropólogo (o investigador) reduza o seu nível de etnocentrismo praticamente até ser nulo, para melhor se interessar de fazer estudos harmoniosos dos aspetos de vida, de cultura das outras comunidades. Segundo BERNARDO BERNARDI, conforme salienta no seu texto abaixo sobre o investigador (antropólogo) da cultura alheia: “Quando o antropólogo se dispõe a estudar uma cultura, é um homem entre homens, introduzindo-se de modo activo nas manifestações culturais; não se contenta em ser
  • 20. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 20 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 observador mesmo sendo participante das expressões coletivas, mas procura o contacto pessoal. Estabelece relações de confiança e de amizade com os seus interlocutores, com pessoas singulares com objetivo de corresponder, ao vivo, a origem e o significado das manifestações que estuda. 4.12.O relativismo cultural Antes de mais, é de salientar que, Relativismo cultural procura evidenciar a relatividade que procura respeitar a integridade das diferenças culturais, sem as tornar absolutas. E, todos os ovos formam juízos de valor sobre modos de vida diferentes dos seus (segundo Herskovits), sobre os princípios éticos dos diferentes grupos sociais, sobre a sua estrutura económica e politica, as suas crenças religiosas, a arte, a música, a literatura, as regras de etiqueta, entre outras. Assim, salientam-se os seguintes exemplos: O português quando não compreende uma língua, diz que é grego, o grego diz que é chinês; O francês quando sai de uma festa sem despedir diz que “sai à inglesa” enquanto o português diz que “ sai à francesa”; Para um português um “pipi” é um elegante, bem vestido, cheio de maneiras, e para um Francês será alguém cheio de chichi; Para o português “chichi” é urina e para o Francês é “pipi” Como referiu-se atras, o mecanismo primário que leva a formação dos juízos sobre a vida dos povos alheios, é o etnocentrismo que, implica a tendência para considerar como maus quaisquer desvios que se registem em relação ao padrão de cultura de cada um. Assim, o etnocentrismo é considerado como factor de ajustamento e de integração social do individuo, por valorizar a sua identidade com o grupo da qual faz parte, com as formas de conduta aprovadas e consideradas como boas pelo mesmo grupo. Há padrões de culturas que são bons para um grupo social e não são bons para outros e, um grupo considera como bom o que não é necessariamente mau para outro.
  • 21. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 21 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 4.12.1.Princípio de relativismo cultural O princípio de relativismo cultural diz-nos: : “os juízos de valor baseiam-se na experiência e, esta interpretada por cada individuo em termos da sua própria Endoculturação”; é obtida através de técnicas adequadas de trabalho de campo que permite penetrar nos sistemas de valores de sociedades com diversos costumes (hábitos). O sistema de conceito da moralidade, do bem e do mal, não são considerados de relativismo cultural absoluto e, apenas capitaneiam plenamente a conduta dos povos, enquanto estiverem de acordo com a orientação por eles seguidos, num determinado momento da história. O relativismo cultura é vista como uma filosofia de reconhecimento dos valores estabelecidos em qualquer sociedade, radicalizando a dignidade inerente a qual desses sistemas de valores e a necessidade de tolerância em relação a eles; radicaliza e ajuda as disciplinas que tratam das diferenças e do respeito mutuo. 4.13.Cultura e Linguagem O Homem é um animal simbólico (símbolo da linguagem), isto é, um animal cultural. Todas as sociedades têm uma língua e cultura bem correlacionadas (interdependentes) em que, embora a língua e a cultura não sejam mesma coisa, são estreitamente uniformes. E, existe várias formas simbólicas que integram a experiência humana, tais como: língua, os rituais, as dança, as festas, os jogos, as modas, os costumes, as artes e as ciências. O Homem, por ser social, exerce uma atividade social no momento que há troca de signos (imagens). Se o Homem é um animal simbólico então, a cultura referir-se-á como um conjunto de formas simbólicas que caraterizam o próprio animal simbólico, isto é, o movimento, a comunicação entre os signos resultando assim os diferentes modos dessa mesma comunicação. Um exemplo clássico de modos de comunicação possíveis de Pierre Guiraund (1973, p. 53), que nos fala de um sinaleiro que se encontra num cruzamento de ruas: tem um uniforme, que nos comunica a sua identidade; faz movimentos com um bastão que nos comunica um conjunto de ordens precisas pare, avance, entre outras. E, se
  • 22. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 22 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 o mesmo sinaleiro usar o uniforme (signo) para ir a uma cerimónia (objeto cultural), que no primeiro caso era fundamentalmente o indício de uma função, comunica-nos no segundo caso que o mesmo sinaleiro resolveu marcar a solenidade da cerimónia. Contudo, podemos salientar que existem dois tipos fundamentais de códigos: objetivos ou lógicos e subjetivos (ou estéticos); por exemplo: Objetivos ou lógicos: insígnias, sinais, ciências; Subjetivos ou estéticos: comportamentos ou modas de costumes, festas, rituais, danças, jogos, artes, literatura, entre muitos outros.
  • 23. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 23 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 5.Constatações Depois de tubo apresentado de forma sintética ao longo do presente trabalho, é de deixar claro e sublinhado os seguintes aspetos: -Antropologia cultural é constituída por dois termos (Antropologia e cultura) por isso que, é uma ciência que trata do Homem muito mais no âmbito cultural, isto é, dos comportamentos individuais e coletivos, dos costumes, hábitos, em suma de todos aspetos e padrões vivências do Homem; e devido a adição do termo cultura, a Antropologia ganha uma certa especificidade. -A Antropologia possui uma ampla relação com outras ciências sociais e humanas (com Sociologia, Demografia, História, Geografia e Psicologia) visto que também trata do Homem mas diferenciado entre si apenas das esferas caraterizadoras do próprio homem (dos padrões comportamentais, dos espaços e de todas obras). -A Etnologia e Antropologia são sinónimos entre si uma vez que estudam os padrões do Homem mas, diferem entre si porque a Etnologia estuda o homem num grupo ou no convívio coletivo e a Antropologia no sentido singular. -A Etnografia visa essencialmente descrever as características culturais de povo de uma determinada comunidade e, é caraterizado pelo método de observação científica, especificamente através de uso de inquéritos. -A Antropologia cultural visa o estudo da cultura dos homens de todas as épocas procurando estabelecer suas diferenças e semelhanças. - O Homem quando nasce, começa do nada, nasce nu, e entra no processo de Endoculturação (e ou socialização), que aprende permanentemente, entre outros, os padrões culturais da sociedade ou grupo coletivo em que ele se encontra; isto salienta que a cultura não é transmitida geneticamente (de pai ou mãe para filho); -Em suma, do ser humano possui um grau de etnocentrismo que, de certa forma, origina a desigualdade, diferenças culturais e outros. E a cultura é formada por varias formas de de símbolos (conjunto de imagens dos objetos) uma vez que o Homem, além de ser um ser social, é um ser simbólico, isto é, um ser cultural.
  • 24. LIC. EM ENSINO DEQUÍMICA 24 Autores:Albino,Edson,Flávio,Lucas&Sérgio Antrop.Culturale Moçambicana:2012 6.Bibliografia LIMA, A, M; MARTINEZ, B; FILHO, J, L. A Antropologia Cultural. 2ª ed. Editorial Presença, São Paulo. 1991; COPANS, Jeans; et all. Antropologia. Ciência das Sociedades primitivas? 7ª ed Porto Editora, Lisboa, 1988; MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: Guia para o Estudo. 6aEdição. Maputo: Ed. Paulinas, 2009; GUIRAUD, Pierre. A semiologia. 2aedição. Lisboa: Ed. Presença, 1973. P 53.