1. 3
ESPECIAL
As organizações negras e educação
anti-racista na formação de professores
S I N D I C A T O
FILIADO À
Vera Rosane Rodrigues de quanto Instituição, já tinha a preocupa- tal, pois em 2001 na III Conferência dos negros a partir de seus valores
Oliveira ção de determinar os critérios de aces- Internacional Contra o Racismo, a Dis- culturais e identi-tários como forma de
Este artigo tem duas preocupa- so ou possibilidades aos negros na criminação, a Homofobia e todas as for- valoração de sua cultura e contribuição Jornal do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul | Gestão 2008-2011 | Porto Alegre, Novembro de 2008
ções fundamentais, uma que retrata a escola. mas de Intolerância, Correlatas, em social.
importância da luta negra através de O Decreto nº 1.331, de 17 de Durban, na África do Sul, onde o racis-
suas organizações, sejam elas políticas, fevereiro 1854 – proíbe nas escolas pú- mo foi reconhecido como Crime que Vera Rosane Rodrigues de
de assistências sociais, culturais, religi- blicas do país a admissão de escravos, e Lesa a Humanidade, é preponderante Oliveira é socióloga, mestre em
osas e outras. Visto que se tem no Brasil prevê a instrução de adultos negros de- para se perceber a possibilidade da mu- educação, e militante da Conlutas.
atualmente segundo o Centro de Estu- pendendo da disponibilidade do pro- dança estrutural das condições de desi-
dos das Relações do Trabalho e Desi- fessor. Ainda, o Decreto nº 7.031-A, de gualdade vividas pelos negros. Bibliografia consultada
gualdade - CEERT, mais de 700 organi- 06 de setembro de 1878, estabelece A política de cotas em sua formu- BRANDÃO, Carlos Rodrigues.
zações do Movimento Negro. que os negros só podiam estudar no ho- lação atual é um anseio da historia con- Identidade e etnia a construção da pes-
E a segunda que é a relevância do rário noturno. Teve-se ainda neste perí- temporânea, no entanto, tem suas raí- soa e resistência cultural. São Paulo:
Movimento Negro Organizado como odo a Lei Eusébio de Queirós, que aboli zes desde as associações de ajuda mú- Brasiliense, 1986.
Movimento de combate a discrimina- o trafico negreiro no Brasil, e ao mesmo tua do início do século XIX, passando BRITO, Luiz Otávio de. Natureza
ção racial que tem privilegiado como tempo a Lei que regulamenta a posse e pela Frente Negra Brasileira e o Teatro do Recismo. Bahia: Núcleo de Estudos
eixo central de suas reivindicações à venda de terras. Ex-perimental do Negro, a fundação do Negros "Ubantu"/UNEB, 2005.
educação quanto forma mudança das Se observa assim, que a desigual- Movimento Negro Unificado, em 1978 BUARQUE, Cristóvão. O que é
idéias do racismo. dade entre brancos e negros não se deu até a configuração da Lei de Cotas em Apartação – O Apartheid Social no
Com a conotação de que o racis- de forma particularizada e individuali- 2001. Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993.
mo se constituí ideologicamente e se zada, pelas potencialidades dos sujei- Entender o papel educativo da luta CUCHE, Denys. A noção de cul-
pauta na discriminação racial para criar tos. Mas se consubstancia por vias insti- negra inferindo no papel social da edu- tura nas ciências sociais. Bauru:
as desigualdades de oportunidade e de tucionais da Coroa Real. cação, é contribuir no processo de de- EDUSC, 1995.
acesso que dão origem as mais variadas Segundo Gohn (1995, p. 42), “as salienação em que o capitalismo sub-
DOCUMENTO do grupo de
formas de exploração social, e que se revoltas eram constantes, sendo a da mete a todos de uma forma indistinta, Trabalho Interministerial UFRGS 20
apresentam tanto no campo econômi- Bahia uma das mais significativas. O criando a divisão dos próprios traba- out. 2003.
co quanto no político-jurídico, social e apoio à causa da abolição começava a lhadores, seja, pelas questões de explo-
ração de classe através de salários e GIROUX, Henry A. Os profes-
cultural. Remetendo-nos assim a analise aparecer, vindo a ser transformado nas sores como Intelectuais: rumo a uma
da educação como parte de um pro- décadas seguintes na principal questão condições de trabalho diferenciadas,
pedagogia crítica da aprendizagem.
cesso ideológico de manutenção da he- do país”. A história oficial nos induz a entre negros e brancos, homens e mu-
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p.
gemonia econômica e racial eurocen- crer que as lutas negras nunca se deram lheres, seja pelas possibilidades de 158-163.
trica, a qual através de uma nova ordem de forma organizada, no entanto se po- acesso aos recursos institucionais,
contra-hegemônica permite as bases como escolas, universidades e outros. GOHN, Maria da Glória. História
de citar apenas um dos vários exemplos dos Movimentos e Lutas Sociais – A
para uma sociedade em que tenha co- que retrata o quanto é necessário se re- Tanto as relações sociais de
mo signo a diversidade e a igualdade. construção da Cidadania dos
estudar a história, ou seja, em 1857, produção, e reprodução, como a escola Brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995.
Como salienta Lia Faria em seu apenas 30 anos antes da abolição da educam o trabalhador para divisão, e
GONÇALVES, Petronilha Beatriz;
artigo intitulado O Papel da Escola no escravatura, se teve no Rio de Janeiro a essa divisão gerada é que permite que o
SILVEIRA, Valter Roberto (orgs.).
Processo de Reversão (ou eliminação) primeira Greve de Escravos-operários conhecimento cientifico e o saber
Educação e Ações Afirmativas - entre a
da Exclusão Social (1996, p. 9-10): do Brasil, Gohn (ibid). prático sejam distribuídos desigualmen- injustiça simbólica e a injustiça eco-
Longe de ser uma pratica desin- Este fato é significante, uma vez te, assim, também não nos permite nômica. Brasília: INEP 2003
,
teressada e neutra, a educação é um im- que, a maioria dos acadêmicos, bem entender o processo de construção das
relações sociais e do trabalho. GRAMSCI, Antonio. Concepção
portante instrumento de reprodução como os militantes sindicais no país, re- Dialética de História. Rio de Janeiro:
social, impondo ao educando o modo conhecem as lutas organizadas a partir O papel desempenhado pelas or- Civilização Brasileira, 1987.
de pensar considerado correto, a ma- do anarco-sindicalismo, ou seja, do in- ganizações como os clubes, agremia-
neira cientifica?, racional?, verda- GRASMICI, Antonio. Os
gresso da imigração italiana. ções e fundamentalmente os terreiros
deira? de se entender e explicar a so- Intelectuais e Organização da Cultura.
Problematizar estes elementos religiosos, que ao longo da historia,
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
ciedade, a família, o trabalho, o poder, guardaram e guardam os fundamentos
dão sentido as indagações levantadas 1982.
bem como os modelos sociais de com- de uma cultural ancestral e os princípios
Pelo professor Cunha Junior, de que a KUENZER, Acácia Zeneida. A
portamento, as formas tidas como cor-
SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
produção acadêmica, conta apenas a de uma identidade cultural. É importan-
retas de se comportar na família e no te salientar essa dimensão da religiosi- Exclusão Includente e Inclusão Exclu-
história dos eurodescendentes, seja dente: a nova forma de dualismo estru-
trabalho, de se relacionar com Deus, a dade para a cultura negra, visto que faz
pelos setores mais reacionários ou tural que objetiva as novas relações en-
autoridade, o sexo oposto, os subal- muito pouco tempo que a ciência esta
progressivos da intelectualidade. Ou tre educação e trabalho. In:
ternos?, etc. se apropriando do dialogo das subjetivi-
Esta característica de reprodução
de comportamentos trazida por Faria é
como ainda expresso pelo militante
trostskista, James Cânon (2000, p. 03): dades na construção coletiva, e a reli-
giosidade negra e africana, ainda tem
FRIGOTTO, Gaudêncio (org.).
Capitalismo, Trabalho e Educação. 20 DE NOVEMBRO
-O movimento socialista anterior 1.ed. Campinas: Autores Associados,
significativo, contudo a postura de mu- muito a ser investigada, pois parte da 2002.
[...] jamais reconheceu a necessidade
dança também necessita ser observada, condição de uma organização social e
de um programa especial para a ques- KUENZER, Acácia Zeneida. A O mês de novembro é consa- seu assassinato como um marco pa- mente o racismo, que apesar de to- Para ajudar no debate, a Se-
pois o movimento social negro ao optar não apenas do aspecto litúrgico.
tão do negro. Esta era considerada pura formação de educadores no contexto grado como o mês da Consciência ra a formação da identidade afro- dos os avanços e debates ainda está cretaria de Políticas Sociais do
como forma de reorganização da luta a Estes elementos hoje encontram- das mudanças no mundo do trabalho:
e simplesmente um problema econô- Negra. E o dia 20 uma data escolhida brasileira fortalece a luta e a muito presente, sendo sutilmente CPERS/Sindicato organizou uma
educação, aposta na mesma como ins- se não mais na contramão da história. Novos desafios para as Faculdades de
mico, uma parte da luta entre os operá- reproduzido através de práticas, de proposta pedagógica para ser traba-
trumento possível à mudança de men- São fatores emblemáticos que neces- Educação. Educação e Sociedade, pelo seu simbolismo, por ser o dia resistência do povo negro no Brasil,
rios e os capitalistas, a idéia era que não
talidade. Segundo Giroux (1988, p. 32), sitam ser analisador, pois ao falarmos da Campinas, v.19, n. 63, 1998. da morte de Zumbi dos Palmares. A elementos que servem para dar conceitos e pré-conceitos. lhada na Semana da Consciência
se podia fazer nada sobre os problemas
“a escola é uma das esferas públicas, importância de políticas públicas e Negra com cinco sugestões de aulas
especiais da discriminação e desigual- LOPES, Eliane Marta Teixeira; luta pela liberdade e valorização dos visibilidade à transformação Diante deste contexto,
juntamente com as associações de clas- ações afirmativas como cota nas uni- (pág.2). Nesta Sineta Especial, dis-
dades antes da chegada do socialismo. FILHO, Luciano Mendes Faria; VEIGA, saberes africanos se reporta aos almejada de uma sociedade sem somente a Lei 10.639/03 que inclui
se, sindicatos e partidos, isto é, espa- versidades, nos serviços públicos, salá- ponibilizamos três artigos, bem
Cynthia Greive (orgs.). 500 anos de
ços onde a sociedade discute e pro- Trilhar o caminho constituído pelo rio igual para trabalho igual, nos permite mais de 500 anos da diáspora racismo, discriminação e no currículo escolar o ensino da
movimento negro até a formulação de pensar e repensar a educação e seu
educação no Brasil. Belo Horizonte: como, no portal do sindicato
cura soluções para os seus problemas africana nas Américas. preconceito racial. disciplina de História e Cultura Afro-
Autêntica, 2003. p. 324-370. (www.cpers.org.br), estão disponí-
coletivos”. que o Estado tem papel emblemático, contexto social. Pois segundo exigên-
SANTOS, Milton. Técnica Espaço A atuação do Movimento Ne- Uma das grandes tarefas da Brasileira não bastará, será preciso veis o curta-metragem Vista Minha
através das políticas publicas e ações cias legais, através da lei 10.639/03
As organizações negras a muito já e Tempo: Globalização e Meio Técnico- garantir a sua implementação na
afirmativas como forma de reparações deve-se ter no currículo em todos os gro em torno da imagem de Zumbi Educação é o combate à todas as Pele, com duração de 23 minutos, e
entenderam isso. Mesmo antes do final Científico Informacional. São Paulo: prática.
aos crimes da escravidão é fundamen- níveis de ensino a história da África e formas de preconceito, especial- três documentos em power point.
da escravidão o Estado Brasileiro en- Huaitec, 1997. como símbolo nacional e da data de
04 | Sineta Especial| Novembro | 2008
2. Proposta pedagógica para AS RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL NOS 120
ANOS DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
Ensino da cultura afro: Movimento Hip-Hop
a Semana da Consciência lei precisa sair do papel Walter Günther Rodrigues outros, mostrando que a educação
Lippold está além da sala de aula.
Negra nas escolas do RS Luiz Mendes O quadro brasileiro, a partir de
lutas históricas do Movimento Negro, Depois de cinco anos, a lei fe- e notificou as escolas para que cum- O Movimento Hip-Hop cum- Muitos integrantes do Hip-Hop
O ano de 2008 tem sido um di-
tem causado algumas vitórias impor- deral que obriga escolas públicas e pram a lei. pre um papel essencial na periferia, nem acabaram o Ensino Fundamen-
ferencial na história do povo negro no
Aplicação da Lei Federal 10639/03 para o Ensino tantes nas relações raciais e na busca particulares de todo o país a ensinar pois é cultural e político ao mesmo tal, mas escrevem letras e mostram
mundo. Dentro desta ótica o mês de Em São Paulo, o CEERT (Cen-
de mudanças estruturais na política de história e cultura afro-brasileira não tempo. Muitos jovens que não têm uma consciência extremamente crí-
da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana novembro nos trouxe, além das ações
inclusão social de negros e negras. É saiu do papel. São poucas as escolas tro de Estudos das Relações de Tra- acesso ao conhecimento e à infor- tica - consistente e coerente com a
e atividades que sempre ecoam de
importante possuir um conhecimen- que hoje têm o tema inserido na balho e Desigualdades) entrou com mação têm no Hip-Hop um impor- sua realidade. Assim, fica explicito
norte a sul do Brasil, em memória de
to histórico mínimo ao se discutir a grade curricular. representação no Ministério Públi- tante referencial educacional. O que o preconceito em relação ao
Zumbi dos Palmares, várias alegrias e
1. Sensibilização para debate 3.4. Samba e carnaval – Repre- questão racial brasileira, principal- co Federal para questionar 20 cida- Hip-Hop é formado por quatro ele- Hip-Hop está impregnado pela
emoções. Na Bahia - Estado que abriga
mente porque os quatro séculos de des da Grande São Paulo, incluindo mentos: o DJ, o MC, o Break e o
sobre a questão racial (Curta- sentações Culturais. uma das maiores populações de visão que a periferia não produz cul-
A vitória de Lewis Hamilton, co- tráfico negreiro África/Brasil, assim Grafite. Cada um destes elementos
metragem Vista Minha Pele, de mo primeiro negro a ser campeão da negros no Brasil - o Ministério Públi- a capital, sobre quais ações estavam tura, não produz conhecimento,
3.5 Cultura Hip-Hop – Fazer como a forma como o mesmo foi é uma manifestação cultural dife-
Joel Zito Araújo) Fórmula 1, nos deu a emoção e mos- co instaurou inquérito civil em 2007 sendo tomadas. uma visão elitista que vigora nos
com que os alunos apresentem os abolido e de que forma foi “dada” a rente, mas com um objetivo em co-
trou nossa irreverência no espaço eli- bancos universitários e que impede
1.1. A solidariedade de classes elementos da cultura (artigo de liberdade aos negros brasileiros, se mum: ser um canal de expressão do
tista da Fórmula 1. destoa do restante dos países es- jovem negro de periferia, demons- os acadêmicos de darem a devida
e a exploração racial. Walter Günter Rodrigues Lippold)
cravistas da época. A luta pela li- trando que a periferia também pro- importância ao movimento.
4. Movimento Negro e a
Poucos dias após, foi a vez de Lei 10.639, de 2003 de nacional, bem como a con-
• Demonstrar a vinculação dos Barack Obama. No mês da Consciên- berdade iniciou-se já em território tribuição do povo negro nas áreas duz conhecimento e possui meios A definição de Hip-Hop, para
conceitos de classe e raça no ca- Semana de Consciência Negra cia Negra, ele se torna o primeiro ne- africano. Continuou pela travessia Estabelece a inclusão no de divulgação eficientes para levar nós, a partir da nossa visão, é de um
social, econômica e política per-
pitalismo gro a presidir o país mais poderoso do além-mar. currículo oficial da rede de ensino
tinentes à história do Brasil. este conhecimento até o seu meio. movimento político-cultural de
4.1. Irmandades negras, Frente
mundo, mostrando a tudo e a todos o a obrigatoriedade da temá-
Negra Brasileira, Teatro Experi- A luta encabeçada por milhares A união do MC com o DJ forma resistência popular e negra, e, por-
• Definição de racismo, discri- tica “História e Cultura Afro-
mental do Negro (Machado de quanto somos, além de competentes, de homens e mulheres, desde os tem- Lei 11.645, de 2008 o RAP estilo musical do Hip-Hop, o
, tanto, ele está intrinsecamente liga-
minação e preconceito preparados para sobrepujar os mais Brasileira”. Coloca como conteú-
Assis, João Candido e Solano pos de Zumbi, continua. Enquanto Break é a dança e o grafite expressa do à educação das camadas popula-
do o estudo da história da África e Mantém todos os dispositi-
• A sociedade de classe e a odiosos obstáculos advindos da ex- não estivermos contemplados com a arte plástica da periferia. Assim, res. Negá-lo como tal, é negar que o
Trindade) dos africanos, a luta dos negros no vos anteriores, mas inclui tam-
exploração racial propriação eurocentrica sobre os ne- nossa representação no parlamento estes quatro elementos possibilitam povo produz conhecimento! Negar
gros de todo mundo. Brasil, a cultura negra brasileira e bém a obrigatoriedade da temáti-
4.2. Oficinas de arte, música, de forma que nossas demandas por que o jovem escolha aquele que sua importância educacional é afir-
• Contextualização histórico- o negro na formação da socieda- ca indígena no currículo.
textual e poesia A história dos negros brasileiros, acesso a educação em todos os níveis, mais lhe convém. Se gosta de dese- mar a tese de que a educação se dá
sócio-econômico da luta do negro que aportaram por estas bandas nos trabalho digno, salário igual aos dos nhar, torna-se grafiteiro. Se gosta de somente na sala de aula, externando
5. Luta anti-racista na sociedade brancos para homens e mulheres,
no Brasil tempos do Pau Brasil, do ouro minei- dançar, torna-se B.Boy (dançarino um pensamento extremamente
capitalista – Debates em aula moradia - que não sejam as celas das
ro, do açúcar ouro branco, das terras de Break). E se gosta de cantar, conservador.
2. Raça/Etnia: Diferenças prisões -, o fim do extermínio de nos-
5.1. Cotas e o questionamento de café paulista, das charqueadas mi- pode vir a ser um rapero. Desse
biológicas ou culturais? (Power
da educação publica, gratuita e para lionárias, entre outras tantas riquezas sa juventude, entre outras inúmeras CURTA-METRAGEM modo, a educação toma um novo Walter Günther Rodrigues
Point) demandas, esta luta não cessará. Lippold é sociólogo e mestre em
todos advindas do trabalho escravo do povo
africano para cá trazido, nunca foi É importante ressaltar, aqui
discute o preconceito racial rumo. Com o atrativo da arte, os
jovens educam-se a si mesmos e aos educação
2.1. Definição do conceito.
5.2. Luta Quilombola e o contada pelos próprios negros. Em neste espaço, vislumbrado por edu- Com linguagem ágil e atores Maria quer ser a “Miss Festa Ju-
• Etnia como expressão de questionamento do latifúndio – contrapartida estes mesmos cativos cadores e educandos de todo o Es-
vídeo sobre os quilombos ou o filme conhecidos, o curta-metragem nina” da escola, mas isso requer um
unidade cultural mostraram aos enriquecidos euro- tado, qual é nosso papel na constru-
do Quilombo de Palmares Vista a Minha Pele, de Joel Zito esforço enorme, que passa pela su-
brasileiros da colônia que nossa dig- ção desta cidadania ainda não alcan-
• Raça: fenótipos (biológico) e Araújo (disponível no portal peração do padrão de beleza im-
nidade seria alcançada, por bem ou çada. Porque devemos defender uma
estereótipos de marca, cor da pele No final da semana, a escola www.cpers.org.br), se constitui posto pela mídia, onde só o negro é
por mal, com quilombos ou fora de- política de cotas que possibilite uma
(político) poderá organizar, juntamente com a num excelente instrumento para valorizado, à resistência de seus
les, com açoite ou com o letramento. maior ascensão deste grupo populaci-
comunidade, uma Kizomba, que na discutir a questão racial no Brasil e pais, à aversão dos colegas e à difi-
• Ideologia do branquea- Nestes 120 anos do pós-aboli- onal. Porque devemos questionar o
língua africana bantu quer dizer outras formas de preconceito pre- culdade em vender os bilhetes para
mento ção, pouco ou nada foi feito em ma- fato das telenovelas e programas de
festa ou confraternização. Onde sentes nas salas de aula. O filme é seus conhecidos, em sua maioria
téria de construção de igualdade ra- TV dificilmente colocarem negros e
3. Cultura como resistência e poderá estar sendo feita com a negras em papel de destaque. Afinal uma divertida paródia da realidade muito pobres.
participação da comunidade a ex- cial no Brasil. As agruras sociais dos
organização/Territórios negros sempre estão como empregados ou brasileira.
posição dos trabalhos desenvolvi- afro-brasileiros, veladas ou explicitas, Maria e Luana se envolvem nu-
quando e como convém, continuam a com suas famílias desestruturadas, ou Numa inversão da história, os ma série de aventuras para alcançar
3.1. Quilombos (PowerPoint) dos pelos alunos sobre o tema, seja, a família negra não tem direito de
acontecer. Por mais que notícias negros são a classe dominante; e seus objetivos. O centro da história
apresentação de comidas típicas ser feliz? Neste caso, viva a família
3.2. Religiosidade (PowerPoint) como as de Hamilton e Obama pos- os brancos, os escravos. Os países não é o concurso, mas a disposição Circularidade
africanas, ou mesmo mostra-deba- sam nos alegrar, muito precisa ser fei- negra de Obama!
3.3. Capoeira (PowerPoint) – tes de filmes como Malcon-X, Ali pobres são Alemanha e Inglaterra, de Maria para enfrentar essa situa-
to neste Brasil continental. A falta de Que este novembro de 2008 enquanto entre os ricos estão, ção. Ao final ela descobre que, Oralidade Religiosidade
oficina roda de capoeira (Mohamed Ali) ou Panteras Negras políticas públicas que modifiquem a possa ser um momento de reflexão por exemplo, a África do Sul e quanto mais confia em si mesma,
(Black Panters). realidade sócio-econômica dos ne- destes 120 anos de abolição sem uma Moçambique. mais capacidade terá de convencer
gros brasileiros não foi ainda contem- política pública efetiva de inclusão Energia Vital Corporeidade
outros de sua chance de vencer. (Axé)
plada na Constituição Cidadã. Recen- para o povo negro. Mas que também No enredo, Maria é uma meni-
EXPEDIENTE temente foi publicado pelo Laborató- possibilite na sua essência, a convic- na branca, pobre, que estuda num
Ludicidade Musicalidade
rio de Análises Econômicas, Históri- ção de que podemos construir um colégio particular graças à bolsa-de-
Ficha técnica:
Publicação do CPERS/Sindicato Filiado à eà - Av. Alberto Bins, 480 - Centro - 90030-140 - Porto cas, Sociais e Estatísticas das Relações país onde as oportunidades sejam de estudo que tem pelo fato de sua
Alegre/RS - Fone: 51-32546000 Raciais – LASER, o Relatório Anual das Duração: 23 minutos Cooperativismo
todos, negros, brancos, índios, jo- mãe ser faxineira nesta escola. É Comunitarismo
Presidente: Rejane de Oliveira,
Desigualdades Raciais no Brasil – vens, idosos, homens e mulheres.
Direção: Joel Zito Araújo Memória
1ª Vice-presidente: Neida de Oliveira, hostilizada pela maioria das colegas
2ª Vice-Presidente: Neiva Lazzarotto, 2007/2008, organizado pelos pro- Produção: Casa de Criação
Secretário Geral: Clovis Oliveira, Tesoureiro Geral: Nei Sena, Luiz Mendes é sociólogo, espe- por sua cor e por sua condição so-
fessores Marcelo Paixão e Luiz M. cial, com exceção de sua amiga Onde adquirir: Centro de Ancestralidade
Diretoria: Antonio Avelange Bueno . *Antonio Q. Branco . *Jucele Azzolin Comis . *Luiz Veronezi . *Marliane cialista em gestão da educação, coor-
F. Santos . Meibe Ribeiro . Orlando M. Silva Filho . *Regis Ethur . Salete Possan Nunes . Tania M. Freitas Carvano, material este que nos pos- Luana, filha de um diplomata que, Estudos das Relações do
denador geral da CECDR/CUT-RS, www.acordacultura.org.br
Jornalista Responsável: João dos Santos e Silva (MTb 7924) . Impressão: VT Propaganda (51-32329739) . sibilita mostrar, com propriedade, os Trabalho e Desigualdade
Tiragem: 15 mil exemplares . Impresso em papel reciclato 75g coordenador do Fórum Permanente por ter morado em países pobres,
verdadeiros indicadores sociais da (11-38040320)
de Educação e Diversidade Étnico Ra- possui uma visão mais abrangente
* Integrantes da Secretaria de Políticas Sociais. população negra num período mais
cial e Secretário Geral do Sindjus-RS da realidade.
recente.
02 | Sineta Especial | Novembro | 2008 03 | Sineta Especial | Novembro | 2008