Aula 4

A TERRA DAS SOMBRAS DA EXISTÊNCIA DIÁRIA Por: Claudio Gomes

No capitulo VII da obra República, Platão elabora a Alegoria da Caverna, como metáfora de uma situação na qual os homens vivem na aparência acreditando ser a realidade. Assim, tudo que vêem, fazem e sentem não passam de sombras. Esta Alegoria faz alusão ao advento do pensamento racional.,[object Object]

[object Object],UM REINO DE SOMBRAS

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NESTA CENA DO FILME MATRIX SÃO FORMULADAS TRÊS PERGUNTAS CAPITAIS: ,[object Object]

Morfeu prontamente responde perguntando! - o que é real? Como você define o real? E dá a sentença final: Você vive em um mundo de sonhos Neo.

[object Object],Mas e a relação desta passagem com a filosofia?

Voltemos a Platão: ,[object Object]

Suponha que observamos várias coisas belas: um pôr-do-sol, uma flor, uma pintura etc. Elas diferem de muitas maneiras óbvias. Ainda assim, supomos que têm algo em comum: São todas belas.

Platão afirma que esse “algo” é uma entidade: a idéia da beleza. De maneira similar, ele supõe que há a idéia do cavalo, a idéia da montanha, a idéia da cama, etc. Em cada caso, as instâncias individuais de uma coisa (que ele chamou de “particulares”) partilham uma idéia comum. É essa idéia partilhada que faz deles cavalos, montanhas, camas, etc. No entanto, Platão acreditava que as idéias diferem dos particulares em aspectos importantes.DEFINIÇÃO DAS IDÉIAS

Platão afirma também que as idéias são eternas. Belos particulares vão e vêm. A bela flor desabrocha, mas depois murcha e morre. A própria beleza, em contraposição, nem passa a existir nem deixa de ser.

Em terceiro lugar, as idéias são imutáveis. Nosso juízo sobre o que é belo muda com o tempo, é claro. As modas vão e vêm. Mas, segundo Platão, a idéia da beleza, a própria beleza, não se altera.

Em quarto lugar, as idéias sãomais reais do que os particulares que as partilham, os quais são nada mais que sombras fugazes ou reflexos das idéias, que são o que verdadeiramente existe.,[object Object]

Ele sugere também que todo conhecimento genuíno é conhecimento das idéias, e fundamenta isso com a seguinte argumentação: nossas opiniões (doxa) mudam constantemente.

Supúnhamos outrora, p. ex., que a terra era plana, agora não mais. No entanto, o conhecimento genuíno não pode mudar assim. Se algo se revela como não sendo conhecimento, então nunca o foi. O que é conhecimento num momento não pode deixar de sê-lo mais tarde.,[object Object]

Nossos cinco sentidos são incapazes de nos oferecer conhecimento das idéias – revelam apenas um mundo cambiante de sombras. Por isso, Platão crê que somente através de reflexão filosófica podemos chegar ao verdadeiro conhecimento: conhecimento das eternas, imutáveis e perfeitas idéias.,[object Object]

Por que deveríamos supor que existem idéias? Segue um dos argumentos-chave de Platão para a existência delas: ,[object Object],[object Object]

Curiosamente, o argumento do um em muitos pode ser aplicado às próprias idéias. Afinal, também elas têm algo em comum: todas são idéias. Platão conclui que deve haver uma idéia que recobre as outras: a idéia do bem. Essa idéia exemplifica o que todas as diferentes idéias têm em comum: existência e perfeição.,[object Object]

Segundo esse argumento, sempre que as coisas têm uma propriedade em comum, temos fundamento para supor que existe uma idéia comum. Mas se, como Platão parece pensar, a própria idéia possui a propriedade em questão (se a idéia da beleza é ela própria bela), os particulares e a idéia têm uma propriedade em comum. Nesse caso, devemos concluir que há uma segunda idéia responsável por essa propriedade em comum. Mas se essa segunda idéia também possui aquela propriedade, deve haver uma terceira idéia, e uma quarta e assim por diante.,[object Object]

Mas, se rejeita essa conclusão, não deveria rejeitar também o argumento do um em muitos?,[object Object]

“ESTA TUDO EM PLATÃO, TUDO EM PLATÃO; ORA, O QUE É QUE ELES LHES ENSINAM NESSAS ESCOLAS!” Digory, em A última batalha, de C. S. Lewis, cujo reino idealizado de Nárnia situa-se além do que chamou de Terra das Sombras da existência diária.

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