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A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
A Verdade sobre
o Câncer ao
Alcance de Todos
Heyder de
Siqueira Gomes
(médico no Distrito Federal)
Rio de Janeiro
1959
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 1
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
HOMENAGEM
“À direção do Jornal do Brasil, grande órgão de publicidade que honra e
enobrece a imprensa brasileira - e internacional – hipotecamos nossos
melhores agradecimentos pela generosa acolhida que deu, nas suas colunas,
aos artigos que originaram este livro.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 2
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
ÍNDICE
Este livro
Cap. I – A Enfermidade Cancerosa
Cap. II – Principais Teorias Etiológicas
Cap. III – O Contágio do Câncer
Cap. IV – Um pouco de Física Nuclear
Cap. V – Terapêuticas
Cap. VI – Câncer e Demagogia
Cap. VII – A Indústria do Câncer
Cap. VIII – As Vítimas da Cancerologia Clássica
Cap. IX – O Problema do Câncer no Brasil
Cap. X – Perspectivas
Conclusão
Adendo
Pequeno Glossário de Emergência
Resumo Bibliográfico
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 3
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
ESTE LIVRO...
cuja publicação foi retardada por circunstâncias (que hoje bendizemos...)de
vária espécie, na maioria alheias à vontade do autor, não é nenhum tratado de
cunho técnico, desses em que os cancerólogos costumam espraiar-se em
alcandoradas elucubrações científicas...
Seria, portanto, inútil procurar através de suas páginas – contribuição de
um modesto clínico para o público, em geral – altas indagações médicas, que
não-raro vêm vazadas numa inacessível terminologia1
O que nele se verá registrado foi por nós escrito ao sabor das lembranças:
ora concordando, prazeroso, aqui; ou impugando, contrafeito, ali; senão mesmo
opinando, sem vaidade, acolá; porém jamais deixando de ceder honestamente a
palavra aos verdadeiros Mestres, toda vez que a natureza do tema transcendia as
possibilidades de nossa modesta cultura especializada.
Isso explica a frequência de abonações em que nos louvamos, com o
escopo de documentar nossas afirmativas.
Assim, apenas reunimos num volume nótulas que vinhamos divulgando,
sistematicamente, sobre o tormentoso problema do Câncer, muitas das quais
apareceram numa série de artigos publicados no “Jornal do Brasil” desta Capital
entre abril de 1956 e agosto de 57 obedecendo ao título A Verdade sobre o
Câncer, e aqui figuram noutra distribuição e, por vezes, redação diferente;
porém jamais discordantes da diretriz inicial: aclarar para a coletividade leiga
essa turva questão, libertando-a – sempre que possível – das ortodoxias e tabus
que restringem sua exata compreensão, obstáculos esses inteligentemente
forjados pela chamada “Medicina Clássica do Câncer” a qual, na realidade,
nada tem de clássica, e sim muito de arcaica...
Isso porque sua terapêutica era já praticada há seis mil anos no velho
Egito e foi acoimada de letal pelo Clássico dos Clássicos da Medicina –
Hipócrates – lá se vão quase vinte-e-quatro séculos, na Grécia antiga.
Faz cinco anos, circunstâncias especiais trouxeram-nos, como clínico, à
esfera do Câncer, que apenas conhecíamos panoramicamente, visto ser a
neoplasia malígna – então como hoje – considerada um mal eminentemente
cirúrgico; conceito, aliás, generalizado entre o povo e acatado pela maioria
absoluta dos médicos. Decorrência visível de um pernicioso dogmatismo
escolástico, que vem monopolizando o Câncer, emprestando-lhe – por
1 Entretanto, embora sempre evitando incorrer no tecnicismo presunçoso ou estéril, não
pudemos fugir à necessidade de consignar alguns termos científicos e expressões menos
vulgares os quais – para maior comodidade do leitor – aparecem explicados num
Pequeno Glossário de Emergência, apenso ao final deste livro.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 4
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
conveniências nem sempre louvadas – transcendental tabuidade (permitam-nos
o neologismo...), a qual, em absoluto, ele não deve ter.
Posto que enfermidade das mais graves consequências, clinicamente é
semelhante a muitas outras, bem comuns em Patologia Geral, das quais
somente difere por ser ainda propositadamente controvertida sua etiologia. E
hoje não comporta dúvida ser doença tipicamente clínica.
Estudamos e observamos atenta e cautelosamente a evolução
patognomônica dessa trágica enfermidade e procuramos os necessários
conhecimentos teóricos na literatura especializada, tanto na chamada “Medicina
Clássica do Câncer”, quanto na dos Não-Conformistas (que buscam a solução
fora dos lindes herméticos traçados por aquela), aferindo-os cuidadosamente
com o que nos era dado perscrutar em nossos pacientes.e
Atendemos até agora (1958) cerca de seiscentos enfermos, dos quais
somente cinco não haviam sido submetidos a terapêutica ortodoxa (Cirurgia e
radiação).
E se mais não pudemos assistir foi porque, sem dúvida, a soi-disant
“Cancerologia Clássica” houve por bem assestar bactérias contra os médicos
que não iam beijar-lhe as mãos ungidas de vaidade e entrou a perseguir todos e
quaisquer pesquisadores independentes, envolvendo uns e outros na mais
monstruosa campanha difamatória, com o torpe objetivo de carrear para si –
iludindo-a com seus aparatosos, mas ineficazes, consultórios – toda a pleiade
imensa dos que sofrem dessa terrível enfermidade.
Era o açambarcamento universal do Câncer, cujos reflexos já se faziam
sentir em terras brasileiras...
Pois bem. Nossos doentes, sem exceção, já traziam diagnóstico firmado, o
que significa termos prestado assistência, na quase totalidade, em casos tidos
por superados pela Cancerologia Clássica, a seres mutilados pela cirurgia
radical, e já sofrendo os efeitos de progressiva e grave desintegração, pelo
emprego abusivo das radiações nucleares (raios-X, Rádio, bomba de Cobalto) a
que tinham sido expostos!
O que nos tem sido possível constatar nesses infelizes escapa a nossa
capacidade descritiva e nos traumatiza a sensibilidade de homem. São restolhos
humanos, arrastando míseros farrapos de vida, sob o guante da Dor. Esses
trágicos espetáculos sempre repetidos – que superam aos imaginados por Dante
para o seu Inferno – levaram-nos à convicção de que os processos terapêuticos
empregados pela Medicina Clássica do Câncer constituem monstruosidade
pseudocientífica, pois que, os analisando à luz da sã Patologia, verifica-se
serem estruturados em premissas absolutamente falsas, aberrantes à lógica e à
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 5
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
razão científica. Métodos inteiramente ineficazes e – pior que isso – altamente
perniciosos para os enfermos a eles submetidos!
Nessa ordem de ideias, impõe-se a seguinte reflexão:
A Eutanásia – sabem-no todos – é a morte suave, pela qual se procura
abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente
incurável. Tem sido assaz discutida através dos tempos; ora louvada, ora
combatida. Platão e Aristóteles preconizaram, para certos casos, tal providência.
Foi também verificada entre os povos da Birmânia (Índia). Entretanto, sua
prática repugna à sensibilidade cristã e aberra ao consenso médico.
Já a Distanásia tem significação oposta: é a morte dolorosa, entre
prolongados sofrimentos. Somente foi praticada em suplícios, cujos relatos
históricos ainda nos fazem estremecer de horror. Haja vista, entre outras, as
torturas impostas pela Inquisição da Igreja Católica (tribunal de revoltante
memória, criado lá pelo ano de 1.200, pelo papa Inocêncio III, sob o título
hipócrita e paradoxal de “Santo Ofício”).
Entretanto, em última análise, o que hoje comete a Escola Clássica do
Câncer, reiteradamente, é a Distanasia; razão por que nos impele o dever,
médico e humano, de combate-la a todo transe e de alertar contra ela as
coletividades em geral e, em particular, os médicos estranhos ao setor Câncer.
Esse o escopo dos nossos artigos, que procuramos juntar neste volume.
Buscaremos, portanto, focalizar a Verdade, somente a Verdade, nada mais
que a Verdade.
Parecerá, talvez, que nossa atitude importa em deselegância profissional,
o que não ocorre. A ética de uma classe não se restringe a grupelhos estanques,
vinculados por um inconfessável objetivo comum, nem assume compromissos
com “igrejinhas” amém-dizentes, porém alça-se a elevados e sublimes
postulados que, em se tratando da Medcina, são os sacrossantos interesses da
Humanidade sofredora.
Defendemos doutrinas científicas que temos por certas e altruísticas;
combatemos as que consideramos errôneas, tendenciosas ou deletérias. Não nos
preocupam homens, senão ideias, juízos e fatos.
Daí levarmos ao extremo a parcimônia nas citações nominais. Mormente
em relação aos nossos adversários de doutrina médica; só nos afastando dessa
norma – por elementar dever de fidelidade ao texto – ao transcrever palavras de
outrem; ou quando, de todo, o silêncio prejudicasse a compreensão dos fatos,
ou os fizesse parecer menos verídicos...
O documentário que consolida nossa maneira de sentir é imenso. Vai a
milhões o total de pacientes submetidos à terapia clássica do Câncer, em todo o
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 6
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
planeta. Está sobejamente comprovado não se ter conhecimento, até hoje, de
um só caso de cura rigorosamente “clássica”.
É bem verdade que a literatura médica mundial assinala restabelecimentos
espontâneos da neoplasia maligna; como também pretende mencionar – pour
épater le bourgeois – dois ou três casos em que a terapêutica ortodoxa haveria
obtido um discutibilíssimo sucesso. Claro está que nos referimos ao Câncer, e
não a tumores periféricos, cancróides basocelulares, facilmente curáveis por
processos rudimentares... Mas isso é assunto a que ainda voltaremos.
Não nos pesa o julgamento daqueles que se encontram em campo
contrário. Estamos convictos do nosso ponto-de-vista. Lutamos de viseira
erguida, arremetendo contra princípios que nos parecem bárbaros, sem temer
barreiras, nem consequências. Impulsionam-nos os quadros macabros a que
temos assistido quase diariamente, tristes imagens esteriotipadas em nossa
retentiva emocional. Procuraremos, nos modestos capítulos deste livro,
focalizar a verdadeira situação do Câncer perante a Ciência Médica mundial.
Exporemos sumariamente as principais teorias propostas, assinalando que a
única premissa unanimemente aceita é ser a tumoração cancerosa um
conglomerado tecidual grandemente desregrado pela reprodução anárquica de
uma célula (o que, na verdade, constitui ainda bem pouco, tendo em conta que é
um sintoma já bastante adiantado da moléstia).
Enfermidade embora das mais estudadas e pesquisadas em todos os
países, continua o Câncer propositadamente insolúvel; e hoje, dado o aumento
sempre crescente de sua incidência, vem desencadeando neuroses coletivas.
Tem havido e continua a se verificar, em torno desse tremendo flagelo,
dispersão de valiosíssimos esforços criada pela ortodoxia escolástica e
principalmente devida à intolerância da Cancerologia Clássica (que
oficialmente domina, em todos os rincões, o dito setor), sempre aguerrida para
combater quaisquer iniciativas divergentes dos seus herméticos postulados, ou
meras opiniões que dissintam de suas esdrusculas premissas; enfim: que
arranhem seu arrogante solipsismo.
E tal impermeabilidade à colaboração alheia explica-se por um motivo
que nada tem de honroso; mormente tratando-se de uma classe de profissionais
que, em se diplomando, assumiram para com os povos um compromisso de lhes
zelar pela sanidade física.
É que no dia (oxalá não tardasse muito...) em que a Ciência extraclássica
fosse permitido empregar qualquer remédio que realmente curasse o Câncer, a
Humanidade por certo verificaria as contradições e os erros dessa escola que se
intitula “clássica” ao mesmo tempo que ficariam a descoberto as
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 7
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
monstruosidades de sua terapêutica dispendiosa, ineficaz e desumana, posto que
altamente rendosa para os que a professam; porque lhes possibilita
entendimentos lucrativos com os magnatas do instrumental cirúrgico e
actinológico, e também com os responsáveis por toda uma terapia coadjuvante à
base do ópio.
Não paira dúvida sobre que, resolvido o problema do Câncer, cairá de
imediato – em mais de 90% - o consumo desses opiáceos, porquanto o
fenômeno dor pode ser perfeitamente solucionado com o emprego dos produtos
sintéticos (analgésicos e morfínicos).
Cumpre ressaltar que, segundo estimativa oficial, atualmente mais de dois
e meio milhões – de cancerosos – em todo o mundo estão em uso permanente
dos derivados do ópio (morfina, pantopon, trivalerina, sedol etc etc.)
Quando tal acontecer – repitamos – assinalará fatalmente a queda da
indústria do Câncer!...
Não ignoramos que aos corações mais puros parecerá inverossímil essa
torpe mercantilização de uma doença já por si mesma tão cruel; pois deveria ser
pouco crível a ideia de que: a) grupos de médicos se mancomunem para
explorar a desgraça alheia sob a égide dos figurões que vivem dessa indústria;
b) que a Cancerologia Clássica se oponha irredutivelmente ao aparecimento de
qualquer solução eficaz para o trágico problema que lhe é oficialmente afeto
(porém não apenas a ela...).
No tocante ao primeiro item, cremos deixar – ao menos tacitamente –
comprovado no decorrer deste trabalho, ou melhor: no capítulo VII.º.
Por agora, baste dizer que na França (não sabemos se ainda hoje é
assim...) até a uns quatro anos, a homologação de qualquer produto
farmacêutico dependia de uma Comissão e uma Subcomissão em que
figuravam elementos das maiores firmas do ramo!
Isso numa terra onde – consoante ao depoimento de um ilustre biologista
nativo:
“A Ordem dos Médicos é na realidade, o órgão executivo do truste das
especialidades farmacêuticas, que é a mais poderosa empresa capitalista da
França e talvez do mundo.” (C.V. D'Autrec – Les Charlatans de la Médecine,
Paris, 1954, pág. 99).
Daí as palavras amargas de um cientista que em vida foi perseguido
atrozmente pela Cancerologia Clássica, o eminente Grégoire Blanchard:
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 8
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
“Quando se fala na cura do Câncer, torna-se o alvo de tudo que contém de
hostil e vingativo o meio médico francês dito oficial.” (Apud. Jean Palaiseul -
“Au de-là de la Médecine tous les Moyens de vous Guérir interdits aux
Médecins” - tomo II, Paris, 1958, págs. 117-8).
Convém assinalar – de passagem – que, no Brasil, a repartição oficial do
Ministério da Saúde incumbida de aprovar e licenciar medicamentos é o
Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia.
Entretanto, qualquer medicamento destinado à terapia do Câncer é
dependente de parecer do Serviço Nacional do Câncer. Assim, o licenciamento
de qualquer remédio para essa enfermidade está sob o guante direto e inapelável
do estado-maior da Cancerologia Clássica.
Quanto à segunda afirmação nossa, daremos provas também
oportunamente, no capítulo VIII.º
A verdade é que quem acompanha de perto os fatos relativos ao Câncer e
se interessa por analisar a maneira como o assunto é tratado em nossa terra, não
pode deixar de reconhecer a existência de certa mal disfarçada tática ortodoxa,
cujos principais lances na farsa terapêutica são comumente os seguintes:
a) – “suspeita” da moléstia;
b) – exames circunstanciais (raios-X, provas de laboratório etc.);
c) – ordem de operar imediatamente;
d) – envio do enfermo ao Radioterapêuta;
e) – entorpecentes
f) – morte do paciente...
Agora perguntamos:
Quanto custa um tratamento “clássico”? Uma operação que abre caminho
para outras intervenções mutiladoras? A quanto montam as aplicações de raios-
X? De Rádio? Da bomba de Cobalto? Finalmente: qual o resultado?...
Respondam aqueles que sofreram a desgraça de ter na família uma vítima
desse mal inexorável que não poupa reis, nem presidentes, nem generais ou
almirantes e tampouco os próprios membros da Cancerologia!
…........................................................................................................................
…........................................................................................................................
…........................................................................................................................
Meditem sobre o que deixamos dito nesse preâmbulo as almas boas, os
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 9
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
homens de bem de todas as classes sociais, ou hierarquias profissionais, os
quais mercê de Deus, ainda existem pelo mundo afora...
Quanto a nós, prosseguiremos na luta, com a consciência de estarmos
cumprindo um sagrado dever, dedicando-nos ao labor – quiçá inglório, mas
sincero – de resumir e divulgar a revoltante história de um inominável crime do
qual só as coletividades enfermas tem experimentado as terríveis consequências
– o atentado da Cancerologia Clássica contra a Humanidade sofredora.
Ao fazê-lo, não nos constituimos advogado de ninguém, pois a tanto não
estamos autorizado, nem possuimos a indispensável especialização jurídica.
Assim – convém repetir – não nos interessam homens, porém ideias, juízos e
fatos.
É também oportuno esclarecer que pugnamos pela liberdade de pesquisas,
imparcialmente, sem levarmos em conta a quem possa ela beneficiar, ou
estorvar porisso que não estamos diretamente vinculado por objetivos
interesseiros aos tentames de quem quer que seja...
Com o presente trabalho, que submetemos ao julgamento sereno da
posteridade, procuramos simplesmente revelar ao público – talvez culto, mas
geralmente mal informado sobre o assunto – tanto quanto nos foi dado observar,
apenas isto: A VERDADE SOBRE O CÂNCER!...
Rio, fevereiro de 1959.
H.S.G.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 10
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
CAPÍTULO I
A ENFERMIDADE CANCEROSA
O corpo humano. - Saúde e doença. - Que é o Câncer? - Velhice das coisas
novas... - O sexo e o Câncer. - A idade e o Câncer. - Os chamados órgãos
eletivos do Câncer. - O Câncer e a hereditariedade.
O CORPO HUMANO
Nosso corpo é um admirável complexo de aparelhos e sistemas, cada um
desses englobando órgãos que desempenham determinadas funções, formados
de tecidos especiais. Esses, por sua vez, são constituidos de células próprias e
devidamente caracterizadas, que se reproduzem por divisão da própria estrutura.
Aliás, tudo na vida orgânica é constituido de células: seja por uma única
(como os protozoários), ou por bilhões delas (como os animais superiores), cada
uma das quais medindo menos de um micro, que é a fração milésima do
milímetro.
A célula tem uma parte central, chamada núcleo, que lhe regula as
atividades, determinando seu caráter hereditário e experimenta uma complicada
série de transformações, em intervalos periódicos e anteriores, mesmo à divisão
celular. Ao conjunto dessas evoluções do núcleo dá-se o nome de mitose, ou
cariocinese.
O corpo humano contém aproximadamente 30.000.000.000 de células,
verificando-se em cada órgão uma ação citológica específica, que redunda em
determinada função.
Daí ser a célula considerada simultaneamente como unidade anatômica e
fisiológica, visto somente ela ter vida própria.
Noutras palavras: o que chamamos de vida é o conjunto de infinito
número de pequenas vidas, porisso que mesmo terminada a existência animal,
as células que formam o organismo continuam a viver, por algum tempo. E, em
meio adequado, indefinidamente, como aconteceu ao fragmento de coração de
galinha, de Carrel...
O grande Claude Bernard considerado o Pai da Fisiologia, preceituava:
“É somente a célula que vive; o resto não é senão acessório”
As células germinativas, masculina e feminina, se unem formando uma
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 11
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
outra, da qual resultarão todas as demais que constituirão o novo ser.
Esse admirável mecanismo biológico obedece a uma perfeita ação
sincronizada com as necessidades do “todo”, que é o organismo.
O crescimento celular é controlado em parte pelas propensões inatas da
própria célula, e em parte pela influência da circulação hormonial. De modo
que quando o tecido de um órgão em processo de desenvolvimento chega a um
tamanho e forma característicos, o crescimento para automaticamente, só
voltando a se verificar para suprir o desgaste normal das células, ou as perdas
produzidas por causas diversas – como os ferimentos, contusões, fraturas,
invasão de bactérios etc. - Mas se detém tão logo compense as necessidades
orgânicas, e a reprodução não é feita ininterruptamente, mas de modo
intermitente.
Quando, porém, qualquer célula começa a se reproduzir sem obedecer a
controle biofisiológico, quebra-se-lhe a harmonia, passando a formar tecido
anômalo, embora análogo ao de sua origem. É isso o Câncer.
Essa neoformação prolifera desordenadamente e, via de regra, não mais
se detém. Desde logo, entra em conflitos metabólicos com os tecidos
circunvizinhos.
A causa do desregramento celular é ainda controvertida porque existe
elevado número de teorias e hipóteses que tentam explicá-la. Aceitamos a que
nos parece mais razoável.
* * *
SAÚDE E DOENÇA
Quando se verifica uma completa harmonia funcional em todos os órgãos
desse complicado mecanismo biológico que é o corpo humano, diz-se que o
indivíduo está gozando de perfeita saúde, estado esse que lhe determina certa
sensação de euforia, não-raro assinalada pela maior disposição para as lutas da
vida e coadjuvada pela ausência de grandes e deprimentes preocupações.
Se, entretanto, esse bem estar é comprometido por qualquer manifestação
irregular (cansaço, falta de apetite, insônia, febre, enjôo etc etc.), a pessoa trata
de afastá-la, e para isso procura o médico. Costuma-se dar a esse tipo de
sensação subjetiva o nome de sintoma de doença.
Há, porém transtornos no equilíbrio das funções orgânicas mais
perceptíveis, propriamente, ao clínico do que mesmo ao doente (desproporção
entre peso e estatura, palidez, aspecto congestionado, pulso irregular,
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 12
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
batimentos cardíacos anormais, respiração arrítmica, qualquer reflexo alterado,
inflamações etc etc.) Esses fenômenos são chamados sinais objetivos de
enfermidade.
Os sintomas atuam como verdadeiras sentinelas do organismo, pois são
eles os primeiros indícios de uma saúde desequilibrada; os sinais facilitam a
caracterização da enfermidade.
Uns e outros se entrelaçam, permitindo ao médico estabelecer o
diagnóstico; esse baseado sempre em determinados quadros clínicos que a
experiência multimilenar selecionou e consagrou para cada moléstia.
* * *
O QUE É O CÂNCER?
Como já foi dito, o Câncer é um desregramento na reprodução celular, de
causa ainda bastante controvertida, conforme mostraremos oportunamente.
Perde-se na noite escura dos tempos a aplicação do termo Câncer (que é
como também dizem os Espanhois, Franceses e Ingleses) à doença mais terrível
que a Humanidade já conheceu. Com essa palavra – empréstimo feito ao
nominativo latino CÂNCER – é também usada em nossa terra a forma
CANCRO (vigente no italiano e no português ultramarino), tomada ao
acusativo CANCRU (M).
A autoria do batismo tanto pode ser de um médico grego dos áureos
tempos, como remontar a um iluminado sacerdote assírio ou persa2
. É,
entretanto, voz corrente que quem o fez teve em mira associar a enfermidade ao
crustáceo que conhecemos sob o nome de CARANGUEJO (diminutivo
metaplástico de CANCRO).
Disse o saudoso filólogo Mario Barrêto (numa explicação, a nosso ver,
pouco feliz):
2 Não deve ser esquecido que, na Medicina astrológica dos Assírios, já era conhecido o
fato de que o sígno de Câncer confere ao indivíduo nascido sob ele uma constituição
física pouco forte e um temperamento linfático-bilioso (nos climas quentes) ou linfático-
nervoso (nas regiões frias), exercendo decidida influência sobre o tórax e a região
epigástrica e provocando doenças no estômago e nos pulmões...
Por outro lado, a mitologia grega consagrou Câncer como certo crustáceo enviado
por Juno contra Hércules, quando esse lutava com a terrível hidra de Lerna. Todavia,
atingido num pé, o herói matou ao mortífero emissário, que foi então colocado por Juno
entre os doze signos do Zodíaco...
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 13
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
“CÂNCER e CANCRO, úlceras, assim se chamam, em sentido médico ou
metafórico, porque roem as carnes como faria o caranguejo.” (De Gramática e
de Linguagem – 2º tomo, Rio, 1922, cap. XXXV, pág. 146).
E adiante:
“A única restrição no emprego diferencial das duas palavras é a que decorre
de manifestações venéreas e sifilíticas, em que não se usa o termo CÂNCER.
Aliás, no ponto de vista rigorosamente científico, nenhum desses dois
vocábulos tem valor. Nas classificações clínicas, anatomopatológicas,
patogênicas e etiológicas, de maior valia, eles são moeda sem valia...”
Nenhum sabedor os emprega, são termos de generalização ilimitada.” (Idem,
página 147).
Outros – abonados na rigorosa dissemia que o termo apresenta em certas
línguas (exs.: alemão Krebs; em russo – aqui transliterado – rak, tupi cunuru
etc), em que significa simultaneamente o crustáceo e a moléstia, ou melhor: a
tumoração – aproximam essa daquele devido a sua massa neoplásica central e
menos volumosa emitir expansões que se esgalham para os tecidos
circundantes; ou porque a dor produzida no período de malignidade se
assemelha à causada pelo fechar das pinças do crustáceo [?].
É, todavia, de notar que, em nossa língua, essa denominação tem
alternado com outras, como “ferida maligna”, “chaga cancerosa” (que ainda
aparece no conhecido soneto Mal Secreto, de RAIMUNDO CORREIA) etc,
usadas indiferentemente a partir do século XVII, para os diversos tipos de
neoplasmas.
No interséculo XVIII-XIX, surgiu a terminologia mais culta, de caráter
distintivo, e já vemos os nossos “físicos” (assim eram chamados os médicos da
época) discernirem entre um “sarcoma” e um “carcinoma”, por exemplo.
Na centúria passada, empregavam-se já expressões como: “tumor”,
“afecção cancerosa”, “neoplasia”, “formação acidental” etc, e a nomenclatura
enriquecia-se, registrando: “cirros”, “epiteliomas”, “lipomas” etc. Persistia,
porém, a preferência tópica: “cancro do útero”, “tumor dos seios maxilares”,
“câncer dos seios” etc etc. Sempre – como se ve – encarando a enfermidade
como afecção local, conforme ainda fazem hoje.
Aliás, erroneamente, pois, o Câncer é, em essência, uma disfunção no
metabolismo celular, manifestada objetivamente pela oncose.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 14
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Tornou-se, por sinal, a doença3
mais estudada e discutida do mundo
inteiro, o que há seis anos levou o especialista israelita Dr, Isac Berenblum a
garantir:
“...cabe afirmar serenamente que, na atualidade, se sabe mais sobre o Câncer
do que sobre qualquer outra enfermidade tão complexa.” (El Hombre contra el
Cancer – trad. esp. Asher Mibashan, Buenos Aires, Prefácio, página 8).
Inúmeros pesquisadores, num sem conta de laboratórios e clínicas,
buscam-lhe ansiosamente a solução, e somas astronômicas são invertidas em
seu crédito, por parte dos órgãos oficiais de todas as nações.
Folhetos alarmantes e campanhas chamadas “preventivas” - que se
sucedem num rítmo sistemático – fazem dele, no momento atual, o problema
absorvente de todas energias, nas diversas camadas sociais, arrastadas, em
verdadeira guerra de nervos, às raias do pavor coletivo.
Apesar disso – melhor diríamos: graças a isso... - continua o Câncer a ser
apresentado pelos Ortodoxos como um grande enígma (que ele absolutamente
já não é) e a desafiar a argúcia dos sábios, em cujas mãos trêmulas, frustradas
deixa apenas isto, como conteúdo palpável: um conjunto de tecidos altamente
desregrados pela proliferação anárquica de uma célula.
Eis tudo quanto, em definitivo, é aceito pela Ciência Médica. O mais são
teorias, hipótese, ou meras suposições infundadas: todas extremamente
controvertidas (o que, de certo modo, tem servido para derrastrear a verdadeira
causa da moléstia)...
O Câncer pode originar-se em todos os tecidos, havendo, porém, maior
incidência nuns do que noutros. São da pele os mais frequentes, de fácil
diagnóstico e os únicos capazes de ser realmente curados pelos processos da
3 O preclaro e inesquecível Mestre Miguel Couto, em suas “Lições de Clínica Médica” (2ª
ed., Rio, 1916, págs 337-8), estabeleceu a seguinte distinção nomenclatural:
“Doença - Termo genérico significando qualquer desvio do estado normal.
Moléstia - Conjunto de fenômenos que evoluem sob a influência da mesma causa.
Afecção - Conjunto de fenômenos na dependência da mesma lesão.
Enfermidade – Desarranjo na disposição material do corpo.”
E o eminente Prof. Pedro A. Pinto adverte: “Não há porque confundamos doença ou
enfermidade com moléstia.” Dicionário de Termos Médicos, 6ª ed., Rio, 1954, s.v.
Doença).
Todavia, apesar de sábia especificação de ambos ilustres médicos e primorosos
vernaculistas – e para evitar a monotonia das repetições –, em se tratando do Câncer (que,
flagelo que é, reúne em si todos os quatro conceitos mencionados), aqui usaremos quase
indiferentemente esses termos, que também alternam com morbo.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 15
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Medicina Clássica atual. Queremos, com isso, referir-nos aos basocelulares, por
serem quase isentos de metástases.
Entretanto, conhecemos, por exemplo, melanomas malignos
extremamente agressivos que, embora possam evoluir lentamente, durante anos
(oito a dez), tornam-se violentamente exacerbados pelo ato cirúrgico,
acarretando a morte dos pacientes, o que aliás não impede continuem a ser
“magistralmente” operados...
A metástase – segundo a doutrina firmada pela Medicina Clássica (e da
qual discordamos) – consistiria na migração de células cancerosas através das
correntes sanguíneas e linfáticas. Ocorre perto ou distante do neoplasma inicial,
mas conserva, geralmente, as características citológicas de origem. Por
exemplo: a metástase pulmonar de um Câncer de útero. Suas células mantém
perfeita identidade com as uterinas.
A neoplasia cancerosa primitiva pode ser de grandes proporções e pesar
quilos; ou pequena, com apenas fração do grama, o que não influi
substancialmente no processo metastático, em sua ação invasora. Os tumores
originários são formados por aglomerados compactos de células desregradas,
como já foi dito. O mesmo se dá com as metástases. Essas últimas são
produzidas pela progressão do morbo e exacerbadas pelos traumas; ou – o que
ocorre comumente – pelas intervenções cirúrgicas. Devem ser consideradas, à
luz dos fatos, como inicio do desfecho letal do processo canceroso.
Não é o Câncer enfermidade exclusiva da espécie humana. Tem ocorrido
em grande número de animais domésticos e selvagens (de grande porte, como o
elefante, e de pequeno, qual o camundongo), nas aves, peixes, batráquios etc.
Existe até quem pense ser a pérola um Câncer da ostra. Também os vegetais
dele são passíveis.
É a única moléstia, que saibamos, que agride os dois principais reinos da
Natureza – animal e vegetal.
Sua ação patológica é sempre a mesma: destruição...
* * *
VELHICE DAS COISAS NOVAS...
O Câncer é uma doença antiquíssima.
Embora as mais longínquas informações que dele possuímos acometendo
a espécie humana já pertençam a uma fase bem adiantada dos dias históricos,
não seria ilícito admitir sua existência na aurora da Humanidade, naqueles
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 16
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
brumosos tempos pré-históricos; senão antes, mesmo: há muitos milhares de
anos.
Garrison assinalou:
“um hemangioma no osso de um dinossauro mesozóico – provavelmente o
primeiro tumor registrado. Há provas evidentes da existência de tais lesões nos
restos do terciário e do quaternário.” (Apud Arturo Castiglioni – História da
Medicina, trad. R. Laclette – 1º vol., São Paulo, 1947, pág. 15)
Ora, se as neoplasias – embora do tipo benigno – já existiam na Pré-
história, não nos parece absurdo supor que também as houvesse malignas.
O que é certo, porém, é que papiros do velho Egito – que distam de nós
quatro milênios – falam nessa enfermidade e no seu tratamento (tal como hoje,
em fase já adiantada): extirpação do tumor e cauterização com metal candente;
sem dúvida o bronze, pois o ferro (que apenas surgiria ali pelo ano de 1600 a.c.)
ainda não era conhecido. Múmias daquela época, necropsiadas, ou
radiografadas, apresentam estigmas de sarcoma ósseo.
Também crônicas assírias, persas e hindus fazem referências a neoplasias
malignas.
E na Helade imortal, há mais de 2300 anos, Hipócrates atribuía caráter
distinto a essa doença, embora reconhecendo tipos clínicos diversos da mesma,
que descreveu e para os quais apontou procedimentos terapêuticos bastante
razoáveis para o seu tempo, se levarmos em conta que até hoje – apesar dos
inúmeros recursos que a Cancerologia oficializada alardeia possuir – seus
figurões continuam subindo num verdadeiro “pau-de-sebo”, em busca da
almejada cura.
Eis a lição do iluminado Grego:
“Existem dois tipos de tumores: o primeiro se desenvolve e cresce,
permanecendo, porém, sempre localizado onde esteve no início; o segundo
dissemina-se pelo organismo. O primeiro é curável.”
Há que meditar, entretanto, nas judiciosas palavras do Dr. George
Gricoureff, em sua contribuição apresentada ao 6º Congresso Internacional da
especialidade (reunido em São Paulo, 1954):
“Na tentativa de determinar o limite entre tumor benigno e maligno, o estudo
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 17
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
de certos tumores conduz à conclusão de que essa linha divisória, necessária
na prática, é artificial. A malignidade é uma noção puramente prática e
relativa, que não corresponde a um critério biológico absoluto.”
A Cancerologia hodierna tampouco alterou o prognóstico. Essa
neoformação maligna – o Câncer – prolifera desordenadamente e não mais se
detém. Noutro lugar, preceituava o Pai da Medicina:
“O Câncer oculto não deve ser tocado, porque mata mais depressa.”
E Cornélio Celso, da Roma antiga, também advertia, no 1º século da
nossa era:
“O Câncer da mama só deve ser operado no início; depois apressa a morte.”
(E embora não desconheçamos que esse autor preconizava a cauterização
– por ferro em brasa – no tratamento das mordeduras por cães danados, não nos
consta que adotasse o mesmo procedimento no combate às neoplasias
malignas).
…...................................................................................................................
…...................................................................................................................
Estavam perfeitamente certos os Mestres daquele distante passado.
Até mesmo ao assinalarem o que a Medicina atual chama de trauma, cuja
ação manifesta na aceleração do rítmo dos processos cancerosos está
cabalmente comprovada, embora seu mecanismo fisiológico ainda não esteja
suficientemente explicado. Há os físicos, fisiológicos, morais, psíquicos, etc.,
todos eles nocivos a um grande número de afecções, mas de maior intensidade
no Câncer.
Um Congresso Mundial de especialistas, reunido em São Paulo (1954)
firmou a premissa de que uma biópsia mal conduzida pode determinar a
exacerbação da neoplasia maligna. Essa conclusão, ora oficializada, fora de há
muito provada e aceita pela Medicina moderna. (A biópsia é pequena
intervenção cirúrgica para a retirada de fragmento de tecido – alguns milímetros
– destinado a exame anatomo-patológico.
Verificamos em seis casos de nossa clínica, agravamento espetacular de
cânceres, determinado pela extração de dentes em número superior a três,
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 18
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
simultaneamente.
Se choques tão pequenos, insignificantes mesmo, são responsáveis pelo
agravamento, às vezes catastrófico, dos neoplasmas, que dizer dos efeitos das
grandes intervenções cirúrgicas, sempre longas e mutiladoras?
As estatísticas honestas poderão responder.
Mas o que ressalta inegável é que bem restrita é a contribuição da
Medicina atual, nesse setor. Principalmente a colaboração da chamada
“Cancerologia Clássica”, de procedimento – conforme acabamos de ver – já
condenado desde a fase arcaica...
* * *
O SEXO E O CÂNCER
Estudada a evolução dessa doença e entrevista sua transmissibilidade,
passemos à relação existente entre a enfermidade e o sexo, notando, de início,
dois aspectos a considerar: o biológico e o demográfico.
Esse último é, por sinal, decorrente não apenas de uma condição tecidual
mais delicada, senão também de variações geográficas no aumento das
populações, que decidem sobre o gênero a ser mais atingido pelo flagelo;
lugares em que predomina o elemento feminino (subentenda-se: depois de certa
idade) apresentam maior número de cancerosas do que de cancerosos, e vice-
versa.
Note-se, porém, que nos referimos à incidência eletiva de uma
enfermidade cujos domínios tem-se dilatado assustadoramente nos últimos
tempos; e não ao seu índice de mortalidade, que também aumentou em
proporção terrivelmente soberba! Essa é apenas uma consequência da
inoperância da chamada Cancerologia Clássica, que a despeito de toda
fanfarronice com que procura exibir-se ao mundo, tem-se mostrado incapaz de
debelar o mal...
Das alternâncias locais no predomínio do sexo (a que não são estranhas as
contingências bélicas, que de tempos em tempos dizimam a população
masculina) resulta a mobilidade estatística. No início deste século, o Câncer era
mais frequente nos homens; hoje o é nas mulheres, entre as quais a enfermidade
se manifesta em dobro.
Quanto ao argumento biológico, propriamente dito, tem-se observado
ultimamente que nas filhas de Eva, os pontos mais atingidos são a pele, os
seios, e o aparelho gênito-urinário; ao passo que no sexo “feio e fraco” as vias
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 19
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
preferenciais de invasão maciça costumam ser a boca e os órgãos respiratórios.
Essa estranha diferença de reações, entre seres da mesma espécie, nos
convida a seguinte ponderação.
Tornou-se pacífico em Cancerologia que os traumas – ainda que de uma
simples biópsia – podem, não propriamente “causar” o Câncer (que – como
vimos há pouco – não tem origem física), mas favorecer as condições de
exacerbamento da moléstia.
* * *
A IDADE E O CÂNCER
Há, incontestavelmente, em todo o mundo, aumento potencial da
incidência das moléstias cancerosas; a tal ponto que essa terrível enfermidade é
tida como o Mal do Século, pois nos anteriores era menos frequente.
Dois argumentos são invocados para explicá-lo. 1) Erros possíveis no
passado, quando não se dispunha dos recursos para diagnósticos exatos – como
dizem atualmente acontecer – isto é, o Câncer seria confundido com outras
moléstias, o que levaria a falsas estimativas. 2) Que dado o aumento de
longevidade que ora se verifica, e sendo o Câncer doença, via de regra, da idade
avançada, a morte sobreviria antes de atingida a época propícia à eclosão do
morbo. Ambas hipóteses não satisfazem.
A primeira porque, se de início as moléstias cancerosas podem ser
confundidas com outras – no final apresentam-se perfeitamente delineadas –
sua sintomatologia é gritante, não permitindo dúvidas, salvo raríssimas
exceções. Quanto à segunda – convém lembrar o que disse Pawlowski:
“Nos selvagens da Austrália, aos 42 anos, verificaram-se as mesmas
modificações orgânicas que no europeu de 60 a 62 anos”.
Bashford é categórico, quando afirma que os tumores são biologicamente
função da senectude, mas, essa não está em relação direta com o número de
anos vividos – (citação do Prof. João Andrea: Câncer, flagelo da Humanidade,
pág. 36).
E não faz muito tempo – lemos em publicação idônea desta Capital –
houve um caso, ímpar na Medicina, de certo menino inglês (cujo nome agora
não nos ocorre) que morrera aos sete anos de idade, com todos os sinais de
envelhecimento precoce: pele enrugada, cabelos totalmente brancos, e até
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 20
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
redução da estatura!
Verdadeiramente, pois, a idade é fator indicativo dos anos vividos, e não
do consumo orgânico. Verifica-se facilmente que há indivíduos de 40 anos que
apresentam maiores desgastes fisiológicos que outros de 60 e mais. A incidência
do Câncer deve estar ligada à economia orgânica, e não à contagem numérica
do período vital.
Há contrastes marcantes em sua evolução: de zero aos quarenta anos, a
malignidade é rápida e avassaladora, sendo na primeira e segunda infância
quase sempre letal; e muito grave até os 35 ou 40 anos; depois parece que se
atenua.
Tal anomalia, porém, pode ser explicada pela falta de poder defensivo. O
indivíduo tem imunidades totais ou parciais para determinados agentes
infecciosos, como também possui receptividade maior ou menor para outros
agentes.
Desse assunto trataremos no capítulo seguinte, quando focalizarmos as
teorias (Infecciosa e Genética) propostas para explicar a etiologia do Câncer.
* * *
OS CHAMADOS ÓRGÃOS ELETIVOS DO CÂNCER
Assim como a incidência do Câncer relativamente ao sexo é passível de
variar – e o tem feito – com o tempo e as condições sociais, o mesmo pode
acontecer quanto aos chamados órgãos eletivos dessa moléstia. E estamos certo,
mesmo, de que faceta outra não existe mais discutível do que essa, no campo
das neoplasias malignas.
Temos consultado inúmeras estatísticas, e chegamos à conclusão de que
não existe essa suposta preferência – padrão por tal ou qual órgão. Tudo
depende das circunstâncias predisponentes à enfermidade.
Entretanto – e mercê desses fatores extrínsecos a lógica nos convida a
admitir que, como dissemos, nas mulheres, a parte do organismo mais visada
tem sido o aparelho genital (devido à sua extrema sensibilidade aos estímulos
externos), enquanto que no homem o tem sido as vias respiratórias e digestivas.
Daí, porém, não se pode inferir nenhuma conclusão que nos habilite a
falar dogmaticamente em órgãos preferenciais do Câncer.
* * *
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 21
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
O CÂNCER E A HEREDITARIEDADE
Costumam os serviços oficiais do Câncer assoalhar, sumariamente, que
esse terrível morbo “não é hereditário”, como também o fazem, divulgando que
ele “não é contagioso”; afirmação essa última francamente gratuita, como
veremos no IIIº capítulo (que versa especialmente sobre o assunto). Neste
pequeno tópico, mostraremos simplesmente a relação que existe entre essa cruel
enfermidade e a herança.
De modo geral, é lícito dizer que três são as maneiras pelas quais se pode
contrair uma doença: pela herança, quando se verifica a transmissão de
características inatas; pela aquisição, que vai da forma simples do contágio até
o caso mais complexo de introdução do agente responsável, quando passa de
pais a filhos; e finalmente por afinidade, que é o maior ou menor grau de
receptividade coletiva ao mesmo elemento causal (nesse caso, ou a enfermidade
é adquirida, ou a predisposição é herdada). O Câncer parece enquadrar-se nesse
terceiro grupo.
É bem verdade que a chamada corrente “clássica” tem-se esforçado por
provar que essa doença não é hereditária; mas o faz perdendo-se num tortuoso
cipoal de contradições que traz a questão inibida num desconcertante círculo
vicioso.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 22
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
CAPÍTULO II
PRINCIPAIS TEORIAS ETIOLÓGICAS
Qual a causa do Câncer? - Teoria embrionária. - Teorias irritativas. -
Alimentos considerados cancerígenos. - O câncer e os hormônios sexuais. -
Os antihormônios – Medicina deformante e aniquiladora. - O oxigênio e o
Câncer. - Pretensas causas físicas do Câncer. - Teoria infecciosa. - A obra de
Pasteur. - Os agentes infecciosos na etiologia do Câncer. - Micróbios, vírus,
e bactérios. - Viro e Câncer. - Esquecida uma valiosa contribuição
brasileira. - Teoria genética. - Teoria humoral-virúlica.
QUAL A CAUSA DO CÂNCER?
Até bem pouco tempo, ainda se ignorava a causa do Câncer. Cremos
poder dizer assim – no pretérito – porque compartilhamos sinceramente das
esperanças que cercam aos trabalhos de um ilustre cientista patrício, obra de
transcendental importância, de que falaremos no antepenúltimo e penúltimo
tópicos deste Capítulo.
Entrementes, procuraremos expor – embora sucintamente – as principais
teorias por que se tem procurado explicar a etiologia desse terrível mal.
Dentre as muitas que foram propostas, sobressaem seis principais: a
embrionária, a bioquímica, a biofísica, a dos agentes infecciosos, a genética e a
humoral. A segunda e a terceira podem grupar-se sob o título geral de Teorias
Irritativas, dada sua tese comum. A última, por se cruzar, em parte com a
infecciosa, preferimos chamar humoral-virúlica.
* * *
TEORIA EMBRIONÁRIA
Foi apresentada em 1877 por Cohnheim e é geralmente denominada
Teoria das Inclusões Fetais. Sua explicação lemos acessível em João Andrea:
“Os tecidos e os órgãos tem suas origens nos três folhetos embrionários:
ectodermo, endodermo e, mais tarde, mesodermo. Na formação e evolução
desses tecidos e órgãos, comumente há uma produção excessiva de elementos
celulares, além do necessário ao esboço e à constituição de uma determinada
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 23
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
região orgânica. As células, assim, produzidas em demasia, ficam sem função
imediata, quiescentes, em vida latente. Dormem um longo sono, às vezes, até o
fim da vida de todo o conjunto do organismo; mas, outras vezes, sob a ação de
uma causa qualquer inflamatória ou traumática, transformam-se num
verdadeiro pesadelo, desde que guardam, também, em latência, todo o poder
embrionário de multiplicação. Os fatores que são capazes de desencadear a
divisão desordenada dos elementos celulares estão, para o Autor da teoria, sob
a ação coincidente de uma diminuição da resistência fisiológica local ou
tecidual.
Os restos embrionários, todavia, quase sempre evolvem para um
processo neoplásico benigno, quando adquirem a propriedade de
multiplicação.” (Ob. cit., pág. 199)
Por outro lado – dizem Regato e Ackerman (Câncer – México, 1951):
“A teoria não dá nenhuma luz acerca da natureza das transformações de tais
células em neoplásicas.” (Pág. 39)
Esse ponto de vista – que expusemos resumido, apenas com intenção
informativa – já está, de longa data, superado.
* * *
TEORIAS IRRITATIVAS
As teses bioquímica e biofísica baseiam-se nas irritações crônicas
provocadas por agentes químicos e físicos na estrutura celular. Seus adeptos
vem lutando encarniçadamente para comprová-la à luz dos fatos, e ela tem uma
história que vem de longe, cujo epílogo ainda não foi escrito, e talvez nem o
seja, por já desnecessário.
Em 1775 – exatamente a cento-e-oitenta-e-três anos – Percival Pott
observou e focalizou a frequencia do Câncer de escrotos entre os limpadores de
chaminés, profissão muito comum na época, quando o aquecimento no inverno
era feito pelas lareiras, que queimavam carvão ou lenha. A fumaça expelida
acumulava fuligem, que devia ser periodicamente removida. Sendo as chaminés
geralmente estreitas, para limpá-las era preciso penetrar no seu interior; daí tal
trabalho ser confiado a crianças, pela necessidade de ter o limpador pequeno
porte.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 24
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Pott ligou a incidência do Câncer nesses profissionais a irritações
permanentes, demoradas, produzidas, como dissemos, pela fuligem; não
devendo ser também estranha ao caso a falta de cuidados higiênicos,
pricipalmente banhos com água e sabão abundantes, pouco usados naquele
tempo.
Provavelmente foi ai que se baseou a teoria irritativa para a etiologia dos
cânceres, proposta por Virchow, incontestavelmente o estruturador da
Histopatologia como importante setor da Ciência Médica, nos meados do
século passado4
.
Com o advento de Pasteur – da Microbiologia, portanto – passou a tese de
Virchow a plano secundário.
A do agente infeccioso tomou-lhe definitivamente o lugar, e ainda hoje é
perfilhada por grande número de cientistas, conforme veremos adiante.
Mas tornemos à concepção irritativa que ainda arrebatava no século
passado alguns pesquisadores de valor, e na qual – paradoxalmente – se
estrutura a Cancerologia Clássica...
Foi assim que Volkman (1875) apontou como agentes cancerígenos o
alcatrão e a parafina; Hesse (-79) viu uma neoplasia maligna específica no
pulmão dos mineiros; Rehn (-95) responsabilizou a anilina etc etc.
Em 1915, dois médicos japoneses, Yamajiwa e Ytchikawa, conseguiram
provocar o Câncer em orelhas de coelhos, pincelando-as com alcatrão,
experiência que teve enorme repercussão no mundo médico, quando
confirmada por ensaios semelhantes, em outros países. Anteriormente,
empregando-se o raio-X, já havia sido conseguida a neoplasia artificial – pelos
cientistas franceses Marie Clunet e Raulot-Lepointe, que publicaram suas
observações em 1910.
Todavia, a descoberta dos pesquisadores nipônicos foi mais objetiva, com
campo de ação muito mais vasto para deduções, dado ser o alcatrão substância
química comum e muito empregada em diversas indústrias, podendo, portanto,
explicar a etiologia dos cânceres por irritação da intimidade celular por agentes
químicos (o que significaria ser o Câncer pura e simplesmente um tumor local);
portanto a terapêutica indicada era a sua destruição. Entretanto, como de há
muito se sabia que tal exérese não curava o morbo, por ele se reproduzir tempos
depois num ou em muitos locais do organismo, foi aventada a hipótese de isso
ocorrer porque a ação destruidora não atingira todas as células desregradas e as
que escaparam terem ido, arrastadas pelas correntes circulatórias ou linfáticas,
4 Nota do divulgador: isto é, século XIX, pois este livro foi escrito no
século XX.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 25
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
fixar-se noutros pontos do organismo, formando, assim, novas tumorações (a
que se deu o nome de metástases). Invocaram, para justificar essa suposição, o
fato de as células dos tumores subsequentes apresentarem semelhanças
morfológicas com as do neoplasma inicial.
Generalizou-se pelo mundo médico ocidental a teoria irritativa e a
terapêutica de destruição tumoral ampliou-se paralelamente; a Cirurgia integral,
que destruisse não somente o tumor, mas também os tecidos circunvizinhos; a
princípio pelo termocautério, depois pela fulguração elétrica (bisturi elétrico) e
radiações nucleares (raios-X, Rádio etc.), porém, os insucessos continuaram
ininteruptos e as pesquisas para os explicar também prosseguiram, estruturadas
nas mesmas premissas.
Como nem todos os tipos de alcatrão geravam a neoplasia, foi analisada
sua estrutura química e posteriormente dele foram isolados hidrocarbonetos que
produziram o Câncer artificial, sendo os mais importantes o dibenzotraceno e o
benzopireno (trabalhos de Kennaway e Cook, na Inglaterra).
É na teoria da irritação celular que estrutura sua terapêutica a Medicina
Clássica do Câncer – que postula – A Terapêutica do Câncer é a Cirurgia
Radical, complementada pelas radiações nucleares.
As pesquisas da química foram além: ao determinarem-se as fórmulas
desses hidrocarbonetos, verificou-se serem elas estruturalmente semelhantes às
de algumas substâncias orgânicas de elevada função fisiológica, como a
Colesterina, ácidos biliares, hormônios (masculino e feminino) etc. Porcurou-se
então, por analogia, explicar a causa do Câncer interno pela ação dessas
substâncias biológicas, originando-se, assim, os predisponentes ao Câncer pela
ação de tais elementos. Atualmente, são apontadas centenas de substâncias com
esse terrível poder.
Por exemplo: o professor argentino Angel Roffo (que esteve no Brasil em
1945), cientista de grande merecimento, propôs a tese da ação cancerígena da
Colesterina, e para prová-la, fez exaustivas pesquisas no terreno objetivo,
chegando a conclusões sem dúvida interessantes.
A Colesterina (ou Colesterol) é parte integrante de todos os tecidos, de
todos os líquidos e humores orgânicos: no protoplasma da célula viva tem papel
essencial, relacionado com sua nutrição e permeabilidade.
Advém, para a economia orgânica, de duas fontes: exógena e endógena.
No primeiro caso, provém dos alimentos gordos; no segundo, ela é formada por
síntese, no próprio organismo.
O notável pesquisador portenho fez suas provas experimentais em ratos.
Há, desde logo, que fazer uma advertência: os ratos são roedores; sua
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 26
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
alimentação predominante é de origem vegetal; acidentalmente, apenas, comem
gordura. A distância biológica entre esses pequenos animais e o homem é
substancial, mesmo extrema. Portanto, as conclusões de Roffo merecem severas
reservas.
Ele procura justificar sua tese – em algumas formas de Câncer humano –
pelo excesso do índice de Colesterina no organismo, causado pelo uso
imoderado de substâncias gordas na alimentação. Noutras palavras – atribui às
gorduras ação predisponente à neoplasia humana, doutrina essa que, a seguir
procuraremos enquadrar nas devidas proporções.
* * *
ALIMENTOS CONSIDERADOS CANCERÍGENOS
É ponto alto na opinião de inúmeros observadores a ação alimentar na
predisponência ao Câncer, embora a dividam e subdividam, quanto à natureza
dos alimentos.
As carnes e seus derivados são desde logo arguidos; defendendo essa
opinião se enfileiram nomes de incontestavel valor.
Diz o Prof. João Andréa, em seu trabalho já por nós citado:
“Desde os trabalhos de Lebanc, em 1854 e os de Trasbot, citados por
Ménétrier, julga-se o regime carnívoro como o responsável, uma vez que são os
indivíduos desse tipo alimentar os mais atingidos pelas tumorações malignas.
Posteriormente, Verneuil, Bertillon e Roux também ligaram ao uso da
carne um poder cancerígeno intenso, mormente da carne de porco, mas não se
devem esquecer dois fatores essenciais:
a) O número de indivíduos que se alimentam de carne é muitíssimo
maior do que o dos indivíduos estritamente vegetarianos donde a maior
frequência do Câncer entre os primeiros do que entre os segundos.
b) O consumo, na Alemanha, de carne de porco era muito grande
antes da ascenção de Hitler ao poder (quereis manteiga ou quereis canhões?),
uso de salsichas, presuntos, etc., e a média de cancerosos entretanto, não se
mostrara maior no período anterior ou posterior ao predomínio dos nazistas.”
(Ps 68-9).
Tem razão o professor baïano: não é possível atribuir essencialmente à
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 27
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
alimentação carnívora a predisposição ao Câncer, pois os vegetarianos5
também
a ele estão sujeitos.
Hendley, citado pelo mesmo Autor, na Índia, aponta em 102 casos
operados de Câncer, 41 em indivíduos de regime alimentar misto – e 61 em
indivíduos estritamente vegetalívoros.
Outros pesquisadores indicam com igual ação o álcool, o chá, o café, e
ainda o sal (esse último, sob o argumento de que nos selvagens, que não o
empregam como tempero, não tem sido constatada a incidência de Câncer. É o
pão branco branco também acoimado por alguns de ter a terrível ação, visto ser
rico em glute (ácido glutânico) e pobre em amido e sais minerais, etc, etc.
Dado que alguém quisesse abster-se, heroicamente, de todos alimentos
apontados pelas diversas correntes como causadores do Câncer, morreria
provavelmente de inanição, por não ter de que se nutrir.
Mencionaremos a seguir os que tem sido indicados como possuindo ação
cancerígena, e os nomes dos autores que assim pensam:
Carne e seus derivados: Roger William, Bulkley, Leriche, Lecoq,
Haubold.
Arroz: Carlos Mayo, S. Young.
Vegetais em geral: Hendley, Behla, Metchnikoff, Kojeouckoff,
Moluscos: Bosc, Lemière.
Sal (comum): Braithwaite, Van der Corput, Zierhelle.
Pão de trigo branco: Carracido, Packard.
Leite: Rokhline.
Ovos: Roffo.
Aveia: Stahr, Secher.
Gorduras: Wacker, Jaffé, Eliassow, Maisin, François e, sobretudo, Roffo.
A subalimentação é também apontada por Suguira e Benedict, embora já
tenha sido preconizada anteriormente como coadjuvante no tratamento do
Câncer.
A superalimentação também o é: Leon Hébert.
Ao escrevermos estas linha, cai-nos sob os olhos a notícia de que um
médico chinês que vive nos Estados Unidos – Dr. Ximan Chang, professor de
Harvard – acaba de responsabilizar pelo Câncer humano a ausência de glicose,
após experiências em que utilizou dois tipos de células vivas como terreno de
5 Mantemos aqui a diferença estabelecida pelo renomado dietólogo francês Dr. Paul
Carton, entre vegetalismo (do port. vegetal + ismo, alimentação em que se usam
exclusivamente vegetais) e vegetarismo (do lat. vegetu: “forte”, “vigoroso” + sufixo,
regime que compreende todos os alimentos sustanciosos, principalmente carne, ovo, leite
e derivados etc.).
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 28
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
cultura: um da membrana mucosa do olho e outro de Câncer uterino de u'a
mulher que morrera havia muito tempo.
“Algumas das células assim conservadas acrescenta o comunicado – só
reviveram com a ausência total de glicose e adquiriram novas características,
que lhe permitem converter em glicose as substâncias com que sejam
alimentadas. Observou o cientista que, depois de várias semanas, as células
privadas de glicose, além de sobreviverem, multiplicavam-se com maior
frequência.”
Entrechocam-se, como se vê, as opiniões das diversas correntes
científicas, embora todas “oficialmente” baseadas em observações e
experiências concretas.
Franco regime do “pode ser; pode não ser”, que deixa o infeliz canceroso
preso por ter cão, preso por não o ter...
Os dois seguintes exemplos ilustram essa disparidade. Roffo atribui a
grande ocorrência do Câncer entre Bascos e Irlandeses à riqueza de lipóides e à
colesterina dos ovos, que predominam em sua alimentação, pelo que preconiza
rigorosa restrição de gorduras.
Entretanto, estatísticas realizadas na Groenlândia, onde a alimentação é
quase exclusivamente de carne de baleia e foca (ambas altamente ricas em
gorduras) demonstram número reduzido de cancerosos.
O Prof. João Andréa preceitua:
“A ação cancerígena mais importante dos alimentos deve ser estudada
nas modificações metabólicas, porventura ocorridas, quer na fase assimiladora
ou anabólica, quer na fase dissimiladora ou catabólica”. (Ob. cit., página 67).
Cremos, nós outros, estar na bioquímica celular, não a causa do Câncer,
mas a ação estimuladora de sua evolução e intimamente ligada aos fenômenos
de fermentações internas, a que se refere Pasteur.
Concepção essa que provavelmente norteou os estudos sobre oxidação
celular do fisiologista alemão prof. Otto Warburg, e do sábio brasileiro Osório
de Almeida, tema esse a que mais tarde volveremos.
Não acreditamos que qualquer alimento seja – como dissemos – fator
predisponente à formação do Câncer. Parece evidente, porém, que determinadas
substâncias (de fácil fermentação), a alimentação desordenada, etc., contribuem
para a exacerbação da moléstia.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 29
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
* * *
O CÂNCER E OS HORMÔNIOS SEXUAIS
Baseados no mesmo princípio da semelhança de estruturas químicas entre
determinadas substâncias orgânicas e as dos hidrocarbonetos agentes do Câncer
cultivado em roedores (ratos, coelhos, etc.), os hormônios sexuais, tal como
acontece com a colesterina, de que já tratamos, são também imputados como
possíveis geradores de cânceres na genitália do homem e da mulher, sendo que
a neoplasia das mamas da mulher, também lhes era de certo modo atribuída. Os
hormônios masculinos são secretados pelos testículos; os femininos pelos
ovários, sendo ambos responsáveis pela reprodução da espécie.
Tal hipótese é discutível, dado ser o Câncer geralmente moléstia peculiar
às idades avançadas (depois de 45 anos), quando a função reprodutora já está
em declínio, o que diminui sensivelmente a quantidade desses hormônios.
Por outro lado, não deve ser esquecido que a ação das chamadas
substâncias cancerígenas é irritativa: portanto, maior a quantidade de
hormônios, maior seria seu poder excitante. É estranho que seja exatamente na
fase da descensão gradativa, ou após sua completa anulação, que venham a se
tornar maléficos ao organismo. A ocorrência do Câncer na mulher (está
perfeitamente provado pelas estatísticas) é maior após a menopause, isto é,
quando se anula a função ovariana e consequentemente, sua capacidade genital.
No homem, a fase viril geralmente vai além dos 60 anos e a incidência da
moléstia principia muito tarde, sendo “oficialmente” considerada 50%
(cinquenta por cento) menos frequente que na mulher.
Ora, se levarmos em conta que – conforme acontece entre todos os
representantes superiores da escala zoológica – o macho tem sempre uma
atividade sexual maior que a da fêmea, o que lhe assegura, a ele, maior secreção
hormossexual, chegaremos a um impasse: não podem os hormônios desse tipo
ser responsabilizados pela produção do Câncer humano (que – repetimos –
segundo as publicações “clássicas”, atinge em dobro as mulheres, que os
secretam menos intensamente)...
Já tentaram os Ortodoxos explicar essa discordância, atribuindo-a a
modificação da química hormonal no período crítico, ou próximo dele; mas as
pesquisas realizadas desautorizam tal hipótese. Por outro lado, a mulher estéril
é, comprovadamente, mais sujeita ao Câncer; e a esterilidade está intimamente
ligada à deficiência hormonial, desde que não se prenda a defeitos de natureza
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 30
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
anatômica.
* * *
OS ANTIHORMÔNIOS
Já que falamos em hormônios, cremos cabíbvel aqui – a título de
ilustração – uma pequena referência aos antihormônios, que se sabe – desde
1935, com Tales Martins – serem reações do tipo unitário, contra as proteinas
que acompanham os extratos, arrastando secundariamente os hormônios.
* * *
MEDICINA DEFORMANTE E ANIQUILADORA
Já vimos que Roffo, responsabilizando a colesterina pelo Câncer humano,
pede severa dieta de gorduras.
Mas os partidários da ação cancerígena dos hormônios sexuais exigem
muito mais que um cauteloso regime dietético: perpetram a eliminação total dos
ditos hormônios, criando, para tal, uma “especialíssima” terapêutica que
começa – como é preceitual – pela fase cirúrgica e termina na humoral,
destinando-a ao tratamento de neoplasmas do aparelho gênito-urinário dos dois
sexos (e na mulher também, ao das mamas). Consiste o singular tratamento na
ablação das glândulas sexuais (castração: orquiectomia no homem,
coforectomia na mulher): e em casos de metástases, excisão das glândulas
correlacionadas, (suprarrenais e hipófise) dado poderem elas também secretar
homônios sexuais!
Os seguintes exemplos poderão esclarecer melhor. Comecemos pelo
Câncer da próstata.
A conduta inicial é a prostatectomia e, em caso de metástase,
orquiectomia, seguida da extração das glândulas suprarrenais e hipófise!
Quanto ao Câncer de seio, a “salvação clássica” não é nada menos que a
ablação radical da mama doente, bem como da rede linfática e ganglionar
circunvizinha.
Havendo – ou sobrevindo – metástase, ablação dos ovários ou
esterilização radioterápica.
Como coadjuvantes de tratamento, para ambos os sexos: radioterapia e
hormoterapia cruzada (que consiste na aplicação de hormônios femininos para o
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 31
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
homem e masculinos para a mulher), o que constitui verdadeiro paradoxo
terapêutico, porque de início visa, por sucessivas mutilações a eliminar as
fontes secretoras de hormônios sexuais, para depois utilizar-se deles, como
coadjuvantes. Eis como procede a corrente Ortodoxa...
Afinal, tem a Humanidade o direito de perguntar a esses “magos” da
terapia século-XX: Quando os hormônios são cancerígenos? Quando são
produzidos pelas glândulas, ou quando são introduzidos no paciente pelos
“precoces” facultativos “clássicos”, como um éternel souvenir... do sexo
oposto?
E cumpre não esquecer que semelhantes trocas tem sobre o organismo
efeitos marcantes e palpáveis.
No homem castrado, o hormônio feminino acentua os sintomas
característicos do eunucoidismo, como afinamento da voz, queda de pelos,
diminuição da vontade e do poder mental, transformando-o em “ser neutro” e
sem capacidade reprodutora6
, exornado por atitudes feminis, em espaço bem
curto de tempo.
Na mulher, os fenômenos são diametralmente opostos: masculiniza-se, a
voz engrossa, tornando-se roufenha, aparecem pelos e até barba, obliterando-se
a feminilidade. Ocorre, sempre, também um singular fenômeno: exacerbação do
estro sexual, que vai até o delírio erótico.
Entre muitas senhora tratadas por esse processo uma, que tivemos ocasião
de assistir (Câncer do seio, 65 anos, viúva) nos declarou:
“Quando tomei hormônios masculinos, pensei que fosse enlouquecer,
pelo estado de superexcitação sexual em que vivia. Vezes houve em que tive
ímpetos de agredir homens desconhecidos”!
Certamente se justificaria o emprego dessa terapêutica heróica se ela
oferecesse vantagens concretas. Mas as probabilidades de sobrevida são
estimadas em 6 (seis) meses apenas, e os doentes que fazem extirpação das
glândulas suprarrenais ficam obrigados ao uso permanente e indefinido de
Cortisona, ou de seus derivados.
Certo relatório do “Sloan-Kettering”, um dos maiores centros de cultura
dos Estados Unidos e talvez do mundo, há tempos, informava ter a
hormoterapia cruzada manifestação terapêutica sobre o adenoma da próstata;
mas nenhuma sobre o Câncer desse órgão. E mais: que na mulher a
6 Entretanto, a Medicina moderna tem registrado interessantes casos em contrário, que
capitulou sob a epígrafe geral de eunucoidismo fértil
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 32
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
hormoterapia é paliativa, paralisando temporariamente os cânceres da mama (de
três a seis meses), e parece atenuar as dores e retardar a descalcificação das
metástases ósseas.
Convém ressalvar que as glândulas sexuais masculinas secretam também,
normalmente, hormônios femininos, e vice-versa.
Seriam altamente demagógicos e ortodoxos comentários, se não
devidamente testados no campo clínico, por observações concretas e
insofismáveis, razão por que mencionaremos dois, dentre muitos outros casos
do nosso arquivo, que justificam cabalmente o ponto de vista por nós
defendido.
1º caso: Homem de 46 anos (engenheiro construtor). Diagnóstico: Câncer
da próstata, confirmado pela biópsia.
Terapêutica empregada: prostatectomia.
Primeira ocorrência – metástase do ilíaco. Nova biopsia, radioterapia.
Segunda ocorrência – dores lancinantes ininterruptas.
Terceira ocorrência – viagem do paciente aos Estados Unidos, onde foi
desde logo, orquiectomizado (castrado) havendo exacerbação das dores: foi-lhe
feita secção dos nervos intercostais.
Quarta ocorrência – volta ao Rio de Janeiro, e também às dores.
Quinta ocorrência – extirpação incompleta das glândulas suprarrenais e
hormoterapia (feminina) pelo Stibestrol (hormônio sexual sintético) e Cortisona
(hormônio da córtice suprarrenal).
Vimos esse doente, já no final de seu calvário, uma única vez, quando
usava uma ampola de entorpecente (Pantopom-morfina) por hora. Faleceu dias
depois de nossa visita.
2º caso: Homem de 61 anos (magistrado). Diagnóstico: Câncer da
próstata (biópsia da próstata e, logo a seguir, do ilíaco, onde se constatou
metástase).
Tratamento: orquiectomia, seguida de hormoterapia (feminina), que
provocou desde o início forte reação alérgica (urticária). Emagrecimento
alarmante. Generalização do processo neoplásico maligno. Operação em
fevereiro; falecimento em maio. Trauma moral e psíquico tremendo, pois,
apesar da idade, era comprovadamente viril. Acresce que a vítima era também
diabética, embora o índice glicêmico (açúcar no sangue) se aproximasse do
normal, quando se deu a intervenção cirúrgica.
Ambos pacientes foram operados pelo mesmo urologista.
Disse-nos um dos assistentes desse cirurgião ser a estatística do seu ilustre
Chefe, referente ao processo cirúrgico-hormonial para os cânceres da próstata,
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 33
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
muito elevada (perto de seiscentos casos, muitos dos quais com mais de seis
anos de sobrevida), informação essa que se choca frontalmente com o
comunicado do “Memorial Hospital”, já referido, e com o depoimento de
grandes tratadistas (inclusive Regato e Ackerman), o que leva a crer que pelo
menos um dos maiores centros de cultura mundial terá de se curvar ante a
“clínica privada” desse cirurgião patrício.
Sem comentários!...
* * *
O OXIGÊNIO E O CÂNCER
Ao iniciarmos este tópico sobre as relações entre o oxigênio e o Câncer,
apraz-nos ceder a palavra ao Prof. Ernest Ayre, Diretor do Instituto de Câncer,
de Miami, (E.U.A.), quando de sua visita ao Brasil, em 1956.
O renomado cientista, em declaração à imprensa, focalizou tema
sumamente interessante, ao dizer que “já se tem um ponto de partida para
combater o Câncer”, e salientou estar definitivamente comprovado por
pesquisadores americanos que as células normais, em meio carente de oxigênio,
se transformam em cancerosas; portanto,
“que o oxigênio será, certamente, o ponto central de processos a serem
descobertos para a cura do Câncer, em qualquer estágio em que a doença se
apresente”.
Reporta-se, provavelmente, o Professor Ayre às experiências realizadas no
Instituto Charles-Huggins, de Chicago, as quais nos referiremos pouco adiante.
Não é nova, também, a premissa que a ciência americana acaba de
aprofundar. Está intimamente ligada à centenária teoria celular, sobre a qual
pontificaram luminares do passado.
Em 1839, Schwann enunciou-a. Em -58, dizia Leydig:
“Cada célula à sua célula”,
o que – mutatis mutandis – foi repetido por Virchow, considerado o Pai da
Anatomopatologia.
François Magendie, professor do grande Claude Bernard, afirmava: “os
fenômenos patológicos são os fisiológicos modificados”. E seu ilustre Discípulo
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 34
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
exarava:
“É somente a célula que vive; o resto não é senão acessório.”
Brounhial postulava:
“O estudo da respiração deveria preceder e dominar a toda Fisiologia, toda
Patologia e toda Higiene, pois é ela o princípio movente da vida.”
Pasteur ensinava:
“As células cancerosas, mantidas num meio pobre de oxigênio, se reproduzem
em multiplicações sucessivas, chegando a decompor o protoplasma, para dele
retirar o oxigênio de sua constituição. As células cancerosas se comportam
como um fermento, e não como células normais.”
São do Prof. Otto Warburg, diretor do Instituto de Fisiologia Celular
Maxplanck, de Berlim (prêmio Nobel em 1931) as seguintes conclusões:
“Qualquer interferência no processo respiratório no período de
desenvolvimento celular constitui, do ponto-de-vista de fisiologia do
metabolismo, a causa dos tumores. Se a respiração de uma célula em
crescimento foi perturbada, a célula morre. Se não morrer, o resultado será um
tumor. Isso não é teoria, mas um sumário compreensível da reunião de todas as
observações postas ao nosso alcance, até o presente”.
Segundo ainda Warburg,
“uma vez estabelecida a perturbação respiratória, a anomalia seria
hereditariamente transmitida a todas as gerações de células sucessivas”.
O injustiçado Prof. Raoul Estripeant (da Escola de Antropologia de Paris
e da Escola Superior de Antropo-biologia) também afirma:
“A eclosão e a evolução do Câncer são favorecidas pela carência de oxigênio
no processo metabólico celular”.
Alinhamos essas opiniões altamente valiosas, oriundas de grandes
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 35
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
expoentes da Ciência, para reforçar o alvissareiro depoimento que o Prof. Ayre
trouxe, há dois anos, referindo-se certamente a um fato de transcendental
importância, ocorrido há pouco em seu País.
É que, até então, não fora possível conseguir, em cultura artificial de
tecido celular, transformar em cancerosas, as células normais. Pois isso está
hoje definitiva e insofismavelmente comprovado, graças aos trabalhos dos
cientistas e pesquisadores Henry Gladblat e Gladys Cameron, do Instituto
Charles Huggins, de Chicago, que o fizeram pela carência do oxigênio, e mais:
enxertando tecidos cancerosos em animais obtiveram a formação de tumores
malignos enquanto as células que serviram de prova, em meio rico de oxigênio,
continuaram normais. Ora, isso é a confirmação das ideias do eminente
Warburg...
Essa experimentação tem cunho revolucionário, pois fez ruir as diversas
teorias que vinham procurando explicar a etiologia do Câncer e abre novos
horizontes à sua terapêutica.
Confirma, ainda, a opinião dos “Não-Conformistas” de ter o neoplasma
caráter geral, e não local, como quer a corrente Ortodoxa. No Brasil, o
inolvidável Mestre Álvaro Osório de Almeida, um dos nossos maiores
fisiologistas, esposava a premissa de oxigenação celular e fez exaustivas
experiências em busca de uma terapêutica estruturada nesse princípio.
O grande Ehrlich, que descobriu o 606 (Salvarsan) e depois o 914 (Neo-
Salvarsan) procurou em vão a “bala mágica” como dizia, que pudesse agir
diretamente sobre o metabolismo das células desregradas, sem afetar as
normais, apresentando provavelmente os seguintes requisitos básicos: a) agente
que, dadas suas mínimas proporções, lograsse circular livremente através de
todas estruturas celulares; b) com grande poder absortivo para o oxigênio; c)
com tropismo seletivo pelas células neoplásicas ;d) rápida e fácil eliminação; e)
atoxidez.
E há mais de um ano (22-11-1957) chegava-nos de Nova Iorque a notícia
de que um cientista soviético, o Dr. G. F. Gaud, do Instituto de Antibióticos da
Academia de Ciências de Moscou, sustentava que a diferença entre as células
normais e as cancerosas é que as primeiras obtém o oxigênio por oxidação, e as
outras por fermentação.
Nesse setor (de oxigenação celular) devemos por em justo relevo os
trabalhos notáveis – infelizmente inacabados – do nosso grande fisiologista
Alvaro Osório de Almeida.
Isso nos leva a concluir que se impõe no terreno bravio do Câncer um
reajustamento equitativo, em que a ortodoxia oficial sem estrutura racional e
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 36
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
científica visível – ceda lugar a pesquisas honestas (sejam ou não feitas por
médicos), em nome dos mais comezinhos princípios de humanidade.
O erro básico, criminoso mesmo, é a dispersão de esforços que existe no
setor dessa moléstia.
Avalia-se em alguns milhares o número de cientistas de incontestável
valor que pesquisam oficialmente o problema do Câncer, em todo o mundo; que
buscam afanosamente solução para o terrível mal; fazen-no, porém,
circunscritos a postulados próprios, vendo-o pelos mais diversos primas,
enclausurados em sua Torre de Marfim, convictos de serem os detentores da
vera Ciência.
Se se unissem todos, sem ortodoxias inoperantes, num esforço comum, o
fantasma do Câncer ruiria como um castelo de cartas de jogar.
Razão tem o Prof. Niehans quando diz:
“Há ainda muita coisa por fazer. Se cada um de nós completasse o seu acervo
com o conhecimento dos outros, em lugar de brigarmos uns contra outros, nós
dominaríamos o Câncer”.
* * *
PRETENSAS CAUSAS FÍSICAS DO CÂNCER
Retornemos aqui aos comentários que anteriormente vínhamos fazendo.
Procura-se, como já foi dito, em todo o mundo, explicar a incidência do Câncer
na civilização atual, num crescendo assustador.
Sobe a centenas o número de substâncias consideradas cancerígenas,
baseadas no princípio – ação irritativa; muitas com vastas abonações
laboratoriais e estatísticas.
Dentre as mais acoimadas nestes últimos tempos, está a poluição do ar
que se respira nas cidades, devida à queima dos derivados do petróleo, nos
motores de combustão interna (automóveis, ônibus, etc.). Que contém
hidrocarbonetos cancerígenos.
Ininterruptas experimentações vem sendo feitas por toda parte e
minuciosas estimativas são levantadas; todas ao que parece, procurando
corroborar a mesma conclusão: ser a corrupção da atmosfera a causadora, pelo
menos, dos cânceres pulmonares, o que leva à tremenda expectativa de que
dentro de limitado tempo, as populações das grandes cidades terão os pulmões
cancerizados, pois é praticamente impossível evitar, ou mesmo diminuir a
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 37
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
conspurcação da atmosfera pelos resíduos do petróleo em suspensão etc.
Há sempre, e infelizmente, tendência inata em todas escolásticas para a
generalização de suas premissas e para procurar impô-las arbitrariamente.
Dessa conjuntura não escapou a poluição da atmosfera como fator cancerígeno.
Porquanto, se assim fosse, de há muito a Humanidade teria sido extinta,
vitimada pelo Câncer. Isso, se levarmos em conta que, através dos tempos, até o
advento da eletricidade, a iluminação era feita à base da queima de resinas e
substâncias oleaginosas; depois, por gás de iluminação e petróleo, todos eles
ricos em hidrocarbonetos que se desprendiam pela queima, dispersando-se não-
raro, em ambientes restritos. Atualmente, ainda a iluminação das classes pobres
de vastas zonas do interior brasileiro é primitiva, onde se constata que uma
lamparina das de torcida, queimando petróleo, para iluminar um pequeno
dormitório, desprende tanta fuligem que os que nele dormem, ao amanhecer,
tem as fossas nasais enegrecidas, o que evidencia a ação direta e constante dos
gases emanados do ouro negro.7
Entretanto, as estatísticas demonstram ser a incidência do Câncer muito
menor no passado que o é atualmente; bem como menor é no interior que nas
grandes cidades iluminadas a eletricidade; a ponto de ser ele denominado Mal
da Civilização.
Pelas mesmas razões não aceitamos o fumo como produtor do Câncer,
embora ultimamente se sucedam as opiniões em favor dessa asserção. Fala-se
até em estatísticas comprobatórias, bem como em testes realizados por
máquinas de fumar etc..
Admitimos, entretanto seja o tabagismo fator exacerbativo onde já haja
lesões iniciais.
É a controvérsia que se eterniza do incógnito Câncer ou grande enigma,
como o classificam seus atuais “donatários”, entre nós.
* * *
TEORIA INFECCIOSA
Promana essa teoria dos geniais trabalhos de Louis Pasteur e preceitua ser
a neoplasia maligna causada por um germe (oficialmente ainda não
reconhecido); enfermidade de caráter geral, apresentando evolução lenta e
sinuosa e sendo a tumoração fase já avançada do processo morboso.
7 Não deve ser confundida: Substância Cancerógena – que dizem capaz de produzir
Câncer – com a que pode exacerbar a eclosão desse morbo.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 38
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Seu tratamento deve ser procurado no arsenal quimioterápico8
, ou mesmo
bioquimioterápico...
* * *
A OBRA DE PASTEUR
Verdadeiramente, não se pode falar a obra de Pasteur sem fazer a justiça
de a vincular à descoberta do microscópio, pelo holandes Zacarias Janssen, em
1590.
Ali por 1675, outro nerlandes, Leeuwenhock assinalava a existência de
seres infinitamente pequenos, visíveis somente com o auxílio desse
prestantíssimo instrumento, que se veio aperfeiçoando através dos tempos.
Kircher, Spallanzani e outros ligaram aos micro-organismos as causas das
moléstias. Mas só em 1762 foi que Plenciz afirmou em caráter oficial que havia
uma semente para a enfermidade. Durante quase um centenário, a ideia do
micróbio como responsável por doenças flutuou no ar das cogitações
científicas, pois somente nos meados do século passado tomou forma definitiva,
graças aos trabalhos de Louis Pasteur.
O nome desse genial francês agiganta-se e projeta-se através de todo o
mundo, abrindo para a Medicina novos horizontes e redimindo a Humanidade
dos pesados e terríveis tributos que vinha pagando periodicamente com as
milhares de vidas ceifadas, pelas mais diversas enfermidades. Sua obra é uma
epopéia magnífica, resultante de porfiada luta que teve de enfrentar contra os
postulados ortodoxos da Ciência do seu tempo, derrubando princípios oriundos
de muitas centúrias (Hipócrates, Galeno e tantos outros), que suas teorias
contraditavam e modificavam radicalmente, dando nova contextura e apontando
outros rumos à Medicina mundial.
Venceu gloriosamente Louis Pasteur, recebendo em vida, quando já velho
e alquebrado, a consagração universal a que fizera jus. Foi homenageado por
quase todas nações, inclusive o Brasil.
Entretanto, dois fatos nossos podem dar ideia de incompreensão que
rondava os trabalhos do grande Mestre.
Contava-nos o velho e inesquecível Professor, Egas Moniz Barrêto de
Aragão (Pition de Vilar), que lecionava Parasitologia, na Escola de Medicina da
Bahia (Farmácia) que certo catedrático daquela faculdade, no início da era
8 Nota do divulgador: na época da publicação desse livro, ainda não havia a quimioterapia
para o Câncer, mas essa quimioterapia que a cancerologia ortodoxa nos propõe, no século
XXI, não resolve o problema da moléstia cancerosa.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 39
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
microbiana, para negar-lhe a realidade, costumava dizer em aula:
– “Só acreditarei em micróbios, quando pegar um pelo rabo”.
Outro titular, esse da faculdade de medicina do Rio de Janeiro (Cirurgia)
afirmava em livro didático, ter visto – sem auxílio de microscópio – espécimes
do hematozoário de Laveran (micróbio responsável pela Malária) em
abundância, em abcesso dessa moléstia!...
A gigantesca obra de Pasteur continuou e fez prosélitos em todo o mundo,
dando início, por toda parte onde se cultivava a Ciência Médica, a um surto
febril de estudos e pesquisas. A causa de muitas moléstias foi identificada, bem
como novos tratamentos e meios profiláticos foram postos em evidência. É
grande o número de discípulos (ou continuadores) do sábio francês. Citaremos
os principais.
Em 1875 Hansen descobre o bacilo da Lepra; em -79 Neisser isola o da
Blenorragia; em -80 Eberth evidencia o do Tifo e Laveran menciona o da
Malária; em -82 Koch revela o da Tuberculose e pela mesma época Gessard
identifica o do Puz Azul; em -83 Klebs e Loeffler patenteiam o da Difteria e
Fehleisen encontra o da Erisipela; em -84 Nicolaier dá a conhecer o do Tétano;
em -87 Weichsenbaum denuncia o da Meningite; em -89 Ducrey divulga o do
Cancro mole; em -92 Nocard aponta o da Psitacose - “Em -94 Yersin e Kitasato
deparam o da Peste; em -97 Xiga e Kruse topam com o da Disenteria; em 1905
Schaudinn e Hoffmann mostram mostram ao mundo a verdadeira causa da
Sífile; no ano seguinte Bordet e Gengou indicam o agente responsável pela
Coqueluche; em -23 Dochen registra o da Escarlatina etc. etc..
Quanto à Imunologia, ensaiou seus primeiros passos nos trabalhos de
Roux e Yersin (1888), Buchner (-89) e Behring-Kitasato (-90).
No Brasil tivemos as magníficas realizações de: Osvaldo Cruz, Carlos
Chagas, Cardoso Fontes, Adolfo Lutz, Vital Brasil, Henrique Aragão, - para
citar somente os mortos – todas elas orientadas pelo rastro luminoso de Pasteur.
Mas, por outro lado, fugiríamos ao cunho informativo que vimos dando
ao presente trabalho, se calássemos que, ultimamente, a doutrina do genial
pesquisador francês tem sofrido sérios impactos.
No estado atual da Biologia já não se afirma categoricamente que a
invasão microbiana parte sempre do exterior; porém que
“os micróbios patogênicos podem perfeitamente ser endógenos e resultar
naturalmente de um organismo viciado.” (D'Autrec, ob. cit., pág. 182).
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 40
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Talvez pressentindo isso, dizia nos últimos dias de sua vida o próprio
Pasteur a um professor amigo seu:
– “Renon, Claude Bernard é que tinha razão: o germe não é nada; o
terreno é tudo!...”
* * *
OS AGENTES INFECCIOSOS NA ETIOLOGIA DO CÂNCER
No setor do Câncer, inúmeras pesquisas para identificar o agente
infeccioso tem sido e continuam a ser feitas, desde Pasteur, que pessoalmente o
investigou.
As indagações continuam em todo mundo. Periodicamente, de um ponto
qualquer, vem a notícia da descoberta do elemento etiológico do Câncer.
Sobem a milhares, talvez, os homens de laboratório que julgam ter
encontrado esse desconhecido e cobiçadíssimo agente, mas a comprovação
científica ainda não foi feita oficialmente.
A nosso ver é a teoria infecciosa, para a causa da referida moléstia, a mais
sedutora, dentre as até agora apresentadas; e, pelo menos, a mais lógica, a que
mais se presta a uma interpretação racional, possibilitando explicar todas as
outras no seu próprio âmbito de ação.
O Dr. Arturo Guzmán, no Prólogo do livro “El Câncer”, (Buenos Aires,
1946) de John Hett, chama a atenção para os seguintes fatos:
“a) Que o Câncer se apresenta em todos os vertebrados;
b) Que é uma condição tipicamente específica, que aparece, desenvolve-
se e termina – tempos depois – exatamente do mesmo modo em todos os casos;
c) Que em qualquer parte do corpo onde ocorra, apresenta as mesmas
características na sintomatologia e microscopia, quando situado inicialmente
em tecidos idênticos do corpo; e meditando sobre a), b) e c), chega-se
facilmente a
d) Que a mesma causa está presente em cada caso, sem exceção; e
e) Que a causa única de aplicação universal é um micro-organismo. Não
é possível chegar a outra conclusão, o que se confirma se se tem presente o
fato perfeitamente estabelecido de que o Câncer nunca se desenvolve num
corpo se prévio infecto-contágio dos viros-germes desse morbo. É, pois,
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 41
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
necessário que o corpo hospede anteriormente os viros-germes dessa
enfermidade e se torne vulnerável à ação desses agentes externos, para que
reaja defensivamente, criando o tumor canceroso, para tratar de destruir tanto
os vírus como suas toxinas.” (Págs.17-8).
* * *
MICRÓBIOS, VIROS E BACTÉRIOS
Cremos aqui oportunas algumas palavras para o público leigo, em geral,
sobre: Micróbios, Viros e Bactérios.
Os micróbios são seres infinitamente pequenos, somente visíveis através
do microscópio, como já foi dito. Seu tamanho varia: há maiores, menores e
muitíssimo pequenos. Podem ser medidos pela unidade que se criou em
microscopia, micro, que é a milésima parte do milímetro.
Tem origens diferentes. Uns, são animais, os protozoários, como as
amebas, responsáveis pela Disenteria amebiana, o treponema pálido (Sífile), os
hematozoários, (Malária, etc.). Outros são vegetais, os bactérios, como o bacilo
de Koch (Tuberculose), o bacilo Eberth (do Tifo), o pneumococo (Pneumonia),
o gonococo (Blenorragia) etc.. Existem também fitozoários, considerados como
pontos-de-ligação entre os reinos animal e vegetal, pois se comportam como
pertencendo a ambos (como os mixomicetes, por exemplo).
Os muito menores são os vírus, de origem desconhecida, como também o
é em parte sua biologia. Até a descoberta do microscópio eletrônico, eram eles
somente suspeitados, aceitos teoricamente, dado serem invisíveis ao
microscópio comum, e chamados, por isso, ultramicroscópicos; ou filtráveis,
por atravessarem os poros de filtros. O microscópio eletrônico possibilitou vê-
los e fotografá-los, graças ao seu aumento (os mais modernos alcançam até
100.000 vezes), enquanto o do comum é de 1.200 vezes, o que vem
favorecendo ao estudo ao estudo dos vírus em escala crescente. A esses é, de há
muito, atribuída a causa de todas as moléstias infecto-contagiosas, cujos agentes
são desconhecidos, como a Varíola, o Sarampo, a Gripe, a Raiva, a Poliomielite,
etc..9
De algumas já se tem anunciado a identificação do ser vivo responsável,
principalmente da Pólio; o da Gripe é ainda objeto de discussão.
A questão do viro é bastante curiosa. Discutia-se, até bem pouco tempo,
se ele tinha ou não vida própria, mas está provado que os vírus se multiplicam,
9 Nota do divulgador: lembrem que este livro foi publicado em 1959.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 42
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
e a reprodução é atributo de vida. Stanley, nos Estados Unidos, conseguiu-os
em forma de cristais impuros, e Bawdon e Pirie, na Inglaterra, os obtiveram em
cristais puros, o que tornou o assunto transcendental, pois a cristalização era, até
a época, tida como inerente às substâncias inanimadas, ao passo que os vírus
são cristalizáveis e vivem.
As opiniões se dividem: uns julgam serem eles entidades viventes,
autônomas em relação às outras formas superiores de vida; outros crêem-nos a
mais primitiva forma de vida existente na Terra; outros, ainda, opinam serem o
“elo perdido” ou melhor, “desconhecido”, isto é,: o traço-de-união entre a
matéria animada e a inanimada. De acordo com essa teoria, os vírus seriam os
antecessores das gênias na vida geral, e não, como querem outros, os
remanescentes degenerados de gênias preexistentes.
Os bacteriologistas vacilam em aceitá-los como bactérios em miniatura
(dez a cinquenta vezes menores), muito embora os vírus cristalinos, vivam
como aqueles e os corpúsculos riquetsianos, sendo menores que os bactérios
(ainda que visíveis ao microscópio comum), sob certos aspectos, se comportem
como vírus e possuam também forma de vida perfeitamente organizada.
Às futuras investigações caberá o esclarecimento desse intrincado e
complexo problema, pois, até aqui, continua em suspenso.
* * *
VIRO E CÂNCER
Não tendo sido possível até agora comprovar perante a Medicina Oficial o
agente infeccioso responsável pelo Câncer humano, os partidários dessa teoria
também o atribuem a um ou alguns vírus.
O contágio por inoculação já foi obtido e sobejamente provado.10
No período 1910-14, Peyton Rous11
, no Instituto Rockfeller, de Nova
10 Nota do divulgador: O ex-presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que desafiou o
poderio do governo dos Estados Unidos morreu de um câncer que, segundo ele mesmo,
teria lhe sido provocado. Ora, nesse texto vemos que o câncer pode ser inoculado, o que
está de acordo. Há uma guerra silenciosa – a guerra biológica – em que opositores
políticos são contaminados sem que os verdadeiros culpados sejam responsabilizados. Eu
mesmo contraí herpes sem que haja uma explicação médica plausível. De fato, os
poderosos tentam me por fora de combate há quase dez anos, por me considerarem
perigoso para o poder constituído, já que estou denunciano o governo federal brasileiro
por tentarem me matar, bem como o sistema religioso. Uma das formas que eles tem
para me silenciar é me contaminando, a fim de justifucarem meu desaparecimento.
11 Principalmente por se tratar de cientistas que viveram mais-ou-menos na mesma
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 43
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Iorque, conseguiu transmitir a neoplasia maligna em galinhas, por injeção de
filtrados ativos de tecido canceroso (isento de células, por terem essas ficado
retidas nos filtros). Verificou que essa contaminação podia ser repetida num
grande número daquelas aves, cuja tumoração apresentava as mesmas
características. Mas, se o filtrado fosse aquecido a 60º (sessenta graus) ou
tratado por substância antissética, não transmitia a moléstia, o que demonstrava
ser o Câncer da galinha produzido por agente infeccioso. Shope em 1933,
chegou aos mesmos resultados, em coelhos; e depois Lucke, em rãs.
Tais pesquisas tiveram estrondosa repercussão em todo o mundo
científico que se interessa pelo Câncer, pois ratificaram a natureza infecciosa da
neoplasia, em determinados animais.
As experiências de Bittne e de Andervont provaram também que o leite
da mama da camundonga cancerosa transmite a moléstia a outro camundongo,
se ingerido por via gástrica ou injetado dentro de um período de oito a dez
meses.
No tratado “Câncer” de Ackerman e Regato, lê-se:
“Por conseguinte, não há dúvida de que pelo menos três variedades de
neoplasmas, tanto em mamíferos como em aves são produzidas por entidades
submicroscópicas que se perpetuam, por si próprias e cujas atividades se
relacionam com um complexo de nucleoproteinas. Por outro lado, é
interessante perguntar se todos os neoplasmas são causados por vírus; ou se
esses não são meros originadores de reação neoplásica e se tem, ou não,
participação mais direta na cancerização das células.” (Pág. 31)
Não há, portanto, dúvida, de que o Câncer das galinhas, dos coelhos, das
rãs e outros animais é produzido por vírus, isto é: tem origem infecciosa e
apresenta o mesmo mecanismo (desregramento celular) que o do homem.
Cumpre assinalar que já se conhece uma boa dezena-e-meia de classes diversas
desses micro-organismos.
Assim, porque não admitir ser também o Câncer humano de caráter
infeccioso?
As explicações dadas por aqueles Mestres da Medicina Clássica – não ter
sido identificado o agente causador desse último, ou não haver sido feita
comprovação científica – são vagas e elásticas, senão tendenciosas.
época (e se dedicaram ao mesmo assunto), cumpre não confundir esse médico
norteamericano – Francis Peyton Rous – com o higienista e bacteriólogo francês Pierre-
Paul Émile Roux, que deixamos citado neste mesmo capítulo, ao tratarmos dos
primórdios da Imunologia.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 44
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
Muitos são os seres microbianos encontrados em lesões cancerosas:
protozoários, bactérios, cogumelos e vírus, mas a prova da responsabilidade
deles é extremamente difícil, visto ser o processo mórbido, via-de-regra, lento,
sinuoso e depender de experimentos entre homens, o que se nos afigura
criminoso e desumano. Necessário se fazia encontrar o animal recipiendário do
Câncer humano, como aconteceu na Poliomielite, para a qual apareceu um
macaco salvador.
Foi exatamente o que descobriu o cientista brasileiro Dr. Paulo de Castro
Bueno, de cuja obra falaremos oportunamente.
A Dra. Alice Moore, vem experimentando em doentes voluntários
determinados vírus, no Hospital James Ewing – que faz parte da cadeia
nosocomial dirigida pelo ilustre Professor Rhoads. Provavelmente, nesses
casos, não há impiedade, embora, ao que se sabe, tal terapêutica não seja isenta
de perigos. Mas lá é o General Staff...
Estrutura-se o trabalho da Dra. Moore, na possibilidade que tem
determinados vírus de destruir tumores cancerosos de camundongos, embora
lhes causem uma infecção que os leva à morte. Esse o problema que vem
procurando solucionar a distinta médica americana, a qual, segundo, informa,
dispõe atualmente de um plantel de virus tipo “coxakie”, com elevado poder
aniquilador sobre várias formas de Câncer humano.
* * *
ESQUECIDA UMA VALIOSA CONTRIBUIÇÃO BRASILEIRA
As experiências com vírus, da Dra. Alice Moore, fazem-nos recordar algo
semelhante, com relação à Tuberculose, intentado por ilustre médico brasileiro.
O Dr. Fontes Magarão, sabendo que os bacilos sutis tem o poder de
“lisar” os dessa doença em curto período, procurou estudar a fundo a questão,
com a honestidade e proficiência que lhe são peculiares.
Muito conseguiu nesse setor, tanto assim que seus trabalhos tiveram
repercussão internacional.
Verificou, também que os filtrados dos bacilos sutis, quando aplicados,
produziam fortíssima reação e alarmante elevação de temperatura, o que punha
em risco a vida do paciente. Descobriu o antibiótico chamado Sutilina.
Esses estudos parece terem sido abandonados, sob a pressão das eternas
dificuldades impostas aos pesquisadores nacionais.
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 45
A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS
* * *
TEORIA GENÉTICA
Resumidas que foram três das principais concepções etiológicas do
Câncer – a Embrionária, a Irritativa (bioquímica e biofísica) e a Infecciosa,
passemos agora a dizer algo sobre a Teoria Genética.
Seus seguidores ligam o Câncer a fatores hereditários.
Dentre as inúmeras tentativas feitas no sentido de provar esse ponto-de-
vista, principalmente nos Estados Unidos, merecem ressaltados os trabalhos da
Dra. Maud Slye, de Chicago, que dedicou uma vida inteira a estudos e
experiências com ratos.
Não obstante, todos os seus esforços, apesar da dedicação com que a
Pesquisadora os cercou, resultaram inúteis, pois embora tivesse ela criado
grande número – milhares – desses roedores, anotando o “pedigree” de cada um
e fazendo cuidadosas necropsias, seus espécimes não eram geneticamente
puros, o que a levou a resultados contraditórios e interpretações difíceis, quando
não inaceitáveis.
Mais tarde, porém, verificou-se que nos ratos de linhagem pura (o que é
conseguido pelo cruzamento entre irmãos, durante muitas – mais de trinta –
gerações), noutras palavras: onde havia manifesta consanguinidade, foi obtida a
transmissão hereditária do Câncer em 80% (oitenta por cento) dos tentames.
Todavia, acasalando-se esse plantel com ratos comuns, a incidência do
mal diminuía sensivelmente, ou desaparecia por completo.
Ora, em se tratando de seres humanos, semelhante pesquisa torna-se
impraticável, pois falta o fator primordial – consanguinidade –, por óbvias
razões morais, jurídicas e religiosas.
Tal não impede, porém, que, dentro das normas sociais vigentes, haja
famílias em que a presença do Câncer é patente (citamos, por exemplo, a de
Napoleão Bonaparte), ocorrência essa explicável pelos vínculos hereditários de
sensibilidade, favorecidos pela predisposição individual, ou por um coeficiente
baixo ou nulo de defesa orgânica contra a enfermidade.
Daí admitirem a existência de um índice genético para explicar a etiologia
do Câncer, isto é: que sua causa também esteja ligada a fatores hereditários.
* * *
TEORIA HUMORAL-VIRÚLICA
HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 46
A verdade sobre o cancer ao alcance de todos (1959) - primeira metade - autor: HEYDER DE SIQUEIRA GOMES
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A verdade sobre o cancer ao alcance de todos (1959) - primeira metade - autor: HEYDER DE SIQUEIRA GOMES

  • 1. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS A Verdade sobre o Câncer ao Alcance de Todos Heyder de Siqueira Gomes (médico no Distrito Federal) Rio de Janeiro 1959 HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 1
  • 2. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS HOMENAGEM “À direção do Jornal do Brasil, grande órgão de publicidade que honra e enobrece a imprensa brasileira - e internacional – hipotecamos nossos melhores agradecimentos pela generosa acolhida que deu, nas suas colunas, aos artigos que originaram este livro. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 2
  • 3. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS ÍNDICE Este livro Cap. I – A Enfermidade Cancerosa Cap. II – Principais Teorias Etiológicas Cap. III – O Contágio do Câncer Cap. IV – Um pouco de Física Nuclear Cap. V – Terapêuticas Cap. VI – Câncer e Demagogia Cap. VII – A Indústria do Câncer Cap. VIII – As Vítimas da Cancerologia Clássica Cap. IX – O Problema do Câncer no Brasil Cap. X – Perspectivas Conclusão Adendo Pequeno Glossário de Emergência Resumo Bibliográfico HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 3
  • 4. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS ESTE LIVRO... cuja publicação foi retardada por circunstâncias (que hoje bendizemos...)de vária espécie, na maioria alheias à vontade do autor, não é nenhum tratado de cunho técnico, desses em que os cancerólogos costumam espraiar-se em alcandoradas elucubrações científicas... Seria, portanto, inútil procurar através de suas páginas – contribuição de um modesto clínico para o público, em geral – altas indagações médicas, que não-raro vêm vazadas numa inacessível terminologia1 O que nele se verá registrado foi por nós escrito ao sabor das lembranças: ora concordando, prazeroso, aqui; ou impugando, contrafeito, ali; senão mesmo opinando, sem vaidade, acolá; porém jamais deixando de ceder honestamente a palavra aos verdadeiros Mestres, toda vez que a natureza do tema transcendia as possibilidades de nossa modesta cultura especializada. Isso explica a frequência de abonações em que nos louvamos, com o escopo de documentar nossas afirmativas. Assim, apenas reunimos num volume nótulas que vinhamos divulgando, sistematicamente, sobre o tormentoso problema do Câncer, muitas das quais apareceram numa série de artigos publicados no “Jornal do Brasil” desta Capital entre abril de 1956 e agosto de 57 obedecendo ao título A Verdade sobre o Câncer, e aqui figuram noutra distribuição e, por vezes, redação diferente; porém jamais discordantes da diretriz inicial: aclarar para a coletividade leiga essa turva questão, libertando-a – sempre que possível – das ortodoxias e tabus que restringem sua exata compreensão, obstáculos esses inteligentemente forjados pela chamada “Medicina Clássica do Câncer” a qual, na realidade, nada tem de clássica, e sim muito de arcaica... Isso porque sua terapêutica era já praticada há seis mil anos no velho Egito e foi acoimada de letal pelo Clássico dos Clássicos da Medicina – Hipócrates – lá se vão quase vinte-e-quatro séculos, na Grécia antiga. Faz cinco anos, circunstâncias especiais trouxeram-nos, como clínico, à esfera do Câncer, que apenas conhecíamos panoramicamente, visto ser a neoplasia malígna – então como hoje – considerada um mal eminentemente cirúrgico; conceito, aliás, generalizado entre o povo e acatado pela maioria absoluta dos médicos. Decorrência visível de um pernicioso dogmatismo escolástico, que vem monopolizando o Câncer, emprestando-lhe – por 1 Entretanto, embora sempre evitando incorrer no tecnicismo presunçoso ou estéril, não pudemos fugir à necessidade de consignar alguns termos científicos e expressões menos vulgares os quais – para maior comodidade do leitor – aparecem explicados num Pequeno Glossário de Emergência, apenso ao final deste livro. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 4
  • 5. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS conveniências nem sempre louvadas – transcendental tabuidade (permitam-nos o neologismo...), a qual, em absoluto, ele não deve ter. Posto que enfermidade das mais graves consequências, clinicamente é semelhante a muitas outras, bem comuns em Patologia Geral, das quais somente difere por ser ainda propositadamente controvertida sua etiologia. E hoje não comporta dúvida ser doença tipicamente clínica. Estudamos e observamos atenta e cautelosamente a evolução patognomônica dessa trágica enfermidade e procuramos os necessários conhecimentos teóricos na literatura especializada, tanto na chamada “Medicina Clássica do Câncer”, quanto na dos Não-Conformistas (que buscam a solução fora dos lindes herméticos traçados por aquela), aferindo-os cuidadosamente com o que nos era dado perscrutar em nossos pacientes.e Atendemos até agora (1958) cerca de seiscentos enfermos, dos quais somente cinco não haviam sido submetidos a terapêutica ortodoxa (Cirurgia e radiação). E se mais não pudemos assistir foi porque, sem dúvida, a soi-disant “Cancerologia Clássica” houve por bem assestar bactérias contra os médicos que não iam beijar-lhe as mãos ungidas de vaidade e entrou a perseguir todos e quaisquer pesquisadores independentes, envolvendo uns e outros na mais monstruosa campanha difamatória, com o torpe objetivo de carrear para si – iludindo-a com seus aparatosos, mas ineficazes, consultórios – toda a pleiade imensa dos que sofrem dessa terrível enfermidade. Era o açambarcamento universal do Câncer, cujos reflexos já se faziam sentir em terras brasileiras... Pois bem. Nossos doentes, sem exceção, já traziam diagnóstico firmado, o que significa termos prestado assistência, na quase totalidade, em casos tidos por superados pela Cancerologia Clássica, a seres mutilados pela cirurgia radical, e já sofrendo os efeitos de progressiva e grave desintegração, pelo emprego abusivo das radiações nucleares (raios-X, Rádio, bomba de Cobalto) a que tinham sido expostos! O que nos tem sido possível constatar nesses infelizes escapa a nossa capacidade descritiva e nos traumatiza a sensibilidade de homem. São restolhos humanos, arrastando míseros farrapos de vida, sob o guante da Dor. Esses trágicos espetáculos sempre repetidos – que superam aos imaginados por Dante para o seu Inferno – levaram-nos à convicção de que os processos terapêuticos empregados pela Medicina Clássica do Câncer constituem monstruosidade pseudocientífica, pois que, os analisando à luz da sã Patologia, verifica-se serem estruturados em premissas absolutamente falsas, aberrantes à lógica e à HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 5
  • 6. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS razão científica. Métodos inteiramente ineficazes e – pior que isso – altamente perniciosos para os enfermos a eles submetidos! Nessa ordem de ideias, impõe-se a seguinte reflexão: A Eutanásia – sabem-no todos – é a morte suave, pela qual se procura abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável. Tem sido assaz discutida através dos tempos; ora louvada, ora combatida. Platão e Aristóteles preconizaram, para certos casos, tal providência. Foi também verificada entre os povos da Birmânia (Índia). Entretanto, sua prática repugna à sensibilidade cristã e aberra ao consenso médico. Já a Distanásia tem significação oposta: é a morte dolorosa, entre prolongados sofrimentos. Somente foi praticada em suplícios, cujos relatos históricos ainda nos fazem estremecer de horror. Haja vista, entre outras, as torturas impostas pela Inquisição da Igreja Católica (tribunal de revoltante memória, criado lá pelo ano de 1.200, pelo papa Inocêncio III, sob o título hipócrita e paradoxal de “Santo Ofício”). Entretanto, em última análise, o que hoje comete a Escola Clássica do Câncer, reiteradamente, é a Distanasia; razão por que nos impele o dever, médico e humano, de combate-la a todo transe e de alertar contra ela as coletividades em geral e, em particular, os médicos estranhos ao setor Câncer. Esse o escopo dos nossos artigos, que procuramos juntar neste volume. Buscaremos, portanto, focalizar a Verdade, somente a Verdade, nada mais que a Verdade. Parecerá, talvez, que nossa atitude importa em deselegância profissional, o que não ocorre. A ética de uma classe não se restringe a grupelhos estanques, vinculados por um inconfessável objetivo comum, nem assume compromissos com “igrejinhas” amém-dizentes, porém alça-se a elevados e sublimes postulados que, em se tratando da Medcina, são os sacrossantos interesses da Humanidade sofredora. Defendemos doutrinas científicas que temos por certas e altruísticas; combatemos as que consideramos errôneas, tendenciosas ou deletérias. Não nos preocupam homens, senão ideias, juízos e fatos. Daí levarmos ao extremo a parcimônia nas citações nominais. Mormente em relação aos nossos adversários de doutrina médica; só nos afastando dessa norma – por elementar dever de fidelidade ao texto – ao transcrever palavras de outrem; ou quando, de todo, o silêncio prejudicasse a compreensão dos fatos, ou os fizesse parecer menos verídicos... O documentário que consolida nossa maneira de sentir é imenso. Vai a milhões o total de pacientes submetidos à terapia clássica do Câncer, em todo o HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 6
  • 7. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS planeta. Está sobejamente comprovado não se ter conhecimento, até hoje, de um só caso de cura rigorosamente “clássica”. É bem verdade que a literatura médica mundial assinala restabelecimentos espontâneos da neoplasia maligna; como também pretende mencionar – pour épater le bourgeois – dois ou três casos em que a terapêutica ortodoxa haveria obtido um discutibilíssimo sucesso. Claro está que nos referimos ao Câncer, e não a tumores periféricos, cancróides basocelulares, facilmente curáveis por processos rudimentares... Mas isso é assunto a que ainda voltaremos. Não nos pesa o julgamento daqueles que se encontram em campo contrário. Estamos convictos do nosso ponto-de-vista. Lutamos de viseira erguida, arremetendo contra princípios que nos parecem bárbaros, sem temer barreiras, nem consequências. Impulsionam-nos os quadros macabros a que temos assistido quase diariamente, tristes imagens esteriotipadas em nossa retentiva emocional. Procuraremos, nos modestos capítulos deste livro, focalizar a verdadeira situação do Câncer perante a Ciência Médica mundial. Exporemos sumariamente as principais teorias propostas, assinalando que a única premissa unanimemente aceita é ser a tumoração cancerosa um conglomerado tecidual grandemente desregrado pela reprodução anárquica de uma célula (o que, na verdade, constitui ainda bem pouco, tendo em conta que é um sintoma já bastante adiantado da moléstia). Enfermidade embora das mais estudadas e pesquisadas em todos os países, continua o Câncer propositadamente insolúvel; e hoje, dado o aumento sempre crescente de sua incidência, vem desencadeando neuroses coletivas. Tem havido e continua a se verificar, em torno desse tremendo flagelo, dispersão de valiosíssimos esforços criada pela ortodoxia escolástica e principalmente devida à intolerância da Cancerologia Clássica (que oficialmente domina, em todos os rincões, o dito setor), sempre aguerrida para combater quaisquer iniciativas divergentes dos seus herméticos postulados, ou meras opiniões que dissintam de suas esdrusculas premissas; enfim: que arranhem seu arrogante solipsismo. E tal impermeabilidade à colaboração alheia explica-se por um motivo que nada tem de honroso; mormente tratando-se de uma classe de profissionais que, em se diplomando, assumiram para com os povos um compromisso de lhes zelar pela sanidade física. É que no dia (oxalá não tardasse muito...) em que a Ciência extraclássica fosse permitido empregar qualquer remédio que realmente curasse o Câncer, a Humanidade por certo verificaria as contradições e os erros dessa escola que se intitula “clássica” ao mesmo tempo que ficariam a descoberto as HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 7
  • 8. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS monstruosidades de sua terapêutica dispendiosa, ineficaz e desumana, posto que altamente rendosa para os que a professam; porque lhes possibilita entendimentos lucrativos com os magnatas do instrumental cirúrgico e actinológico, e também com os responsáveis por toda uma terapia coadjuvante à base do ópio. Não paira dúvida sobre que, resolvido o problema do Câncer, cairá de imediato – em mais de 90% - o consumo desses opiáceos, porquanto o fenômeno dor pode ser perfeitamente solucionado com o emprego dos produtos sintéticos (analgésicos e morfínicos). Cumpre ressaltar que, segundo estimativa oficial, atualmente mais de dois e meio milhões – de cancerosos – em todo o mundo estão em uso permanente dos derivados do ópio (morfina, pantopon, trivalerina, sedol etc etc.) Quando tal acontecer – repitamos – assinalará fatalmente a queda da indústria do Câncer!... Não ignoramos que aos corações mais puros parecerá inverossímil essa torpe mercantilização de uma doença já por si mesma tão cruel; pois deveria ser pouco crível a ideia de que: a) grupos de médicos se mancomunem para explorar a desgraça alheia sob a égide dos figurões que vivem dessa indústria; b) que a Cancerologia Clássica se oponha irredutivelmente ao aparecimento de qualquer solução eficaz para o trágico problema que lhe é oficialmente afeto (porém não apenas a ela...). No tocante ao primeiro item, cremos deixar – ao menos tacitamente – comprovado no decorrer deste trabalho, ou melhor: no capítulo VII.º. Por agora, baste dizer que na França (não sabemos se ainda hoje é assim...) até a uns quatro anos, a homologação de qualquer produto farmacêutico dependia de uma Comissão e uma Subcomissão em que figuravam elementos das maiores firmas do ramo! Isso numa terra onde – consoante ao depoimento de um ilustre biologista nativo: “A Ordem dos Médicos é na realidade, o órgão executivo do truste das especialidades farmacêuticas, que é a mais poderosa empresa capitalista da França e talvez do mundo.” (C.V. D'Autrec – Les Charlatans de la Médecine, Paris, 1954, pág. 99). Daí as palavras amargas de um cientista que em vida foi perseguido atrozmente pela Cancerologia Clássica, o eminente Grégoire Blanchard: HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 8
  • 9. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS “Quando se fala na cura do Câncer, torna-se o alvo de tudo que contém de hostil e vingativo o meio médico francês dito oficial.” (Apud. Jean Palaiseul - “Au de-là de la Médecine tous les Moyens de vous Guérir interdits aux Médecins” - tomo II, Paris, 1958, págs. 117-8). Convém assinalar – de passagem – que, no Brasil, a repartição oficial do Ministério da Saúde incumbida de aprovar e licenciar medicamentos é o Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia. Entretanto, qualquer medicamento destinado à terapia do Câncer é dependente de parecer do Serviço Nacional do Câncer. Assim, o licenciamento de qualquer remédio para essa enfermidade está sob o guante direto e inapelável do estado-maior da Cancerologia Clássica. Quanto à segunda afirmação nossa, daremos provas também oportunamente, no capítulo VIII.º A verdade é que quem acompanha de perto os fatos relativos ao Câncer e se interessa por analisar a maneira como o assunto é tratado em nossa terra, não pode deixar de reconhecer a existência de certa mal disfarçada tática ortodoxa, cujos principais lances na farsa terapêutica são comumente os seguintes: a) – “suspeita” da moléstia; b) – exames circunstanciais (raios-X, provas de laboratório etc.); c) – ordem de operar imediatamente; d) – envio do enfermo ao Radioterapêuta; e) – entorpecentes f) – morte do paciente... Agora perguntamos: Quanto custa um tratamento “clássico”? Uma operação que abre caminho para outras intervenções mutiladoras? A quanto montam as aplicações de raios- X? De Rádio? Da bomba de Cobalto? Finalmente: qual o resultado?... Respondam aqueles que sofreram a desgraça de ter na família uma vítima desse mal inexorável que não poupa reis, nem presidentes, nem generais ou almirantes e tampouco os próprios membros da Cancerologia! …........................................................................................................................ …........................................................................................................................ …........................................................................................................................ Meditem sobre o que deixamos dito nesse preâmbulo as almas boas, os HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 9
  • 10. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS homens de bem de todas as classes sociais, ou hierarquias profissionais, os quais mercê de Deus, ainda existem pelo mundo afora... Quanto a nós, prosseguiremos na luta, com a consciência de estarmos cumprindo um sagrado dever, dedicando-nos ao labor – quiçá inglório, mas sincero – de resumir e divulgar a revoltante história de um inominável crime do qual só as coletividades enfermas tem experimentado as terríveis consequências – o atentado da Cancerologia Clássica contra a Humanidade sofredora. Ao fazê-lo, não nos constituimos advogado de ninguém, pois a tanto não estamos autorizado, nem possuimos a indispensável especialização jurídica. Assim – convém repetir – não nos interessam homens, porém ideias, juízos e fatos. É também oportuno esclarecer que pugnamos pela liberdade de pesquisas, imparcialmente, sem levarmos em conta a quem possa ela beneficiar, ou estorvar porisso que não estamos diretamente vinculado por objetivos interesseiros aos tentames de quem quer que seja... Com o presente trabalho, que submetemos ao julgamento sereno da posteridade, procuramos simplesmente revelar ao público – talvez culto, mas geralmente mal informado sobre o assunto – tanto quanto nos foi dado observar, apenas isto: A VERDADE SOBRE O CÂNCER!... Rio, fevereiro de 1959. H.S.G. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 10
  • 11. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS CAPÍTULO I A ENFERMIDADE CANCEROSA O corpo humano. - Saúde e doença. - Que é o Câncer? - Velhice das coisas novas... - O sexo e o Câncer. - A idade e o Câncer. - Os chamados órgãos eletivos do Câncer. - O Câncer e a hereditariedade. O CORPO HUMANO Nosso corpo é um admirável complexo de aparelhos e sistemas, cada um desses englobando órgãos que desempenham determinadas funções, formados de tecidos especiais. Esses, por sua vez, são constituidos de células próprias e devidamente caracterizadas, que se reproduzem por divisão da própria estrutura. Aliás, tudo na vida orgânica é constituido de células: seja por uma única (como os protozoários), ou por bilhões delas (como os animais superiores), cada uma das quais medindo menos de um micro, que é a fração milésima do milímetro. A célula tem uma parte central, chamada núcleo, que lhe regula as atividades, determinando seu caráter hereditário e experimenta uma complicada série de transformações, em intervalos periódicos e anteriores, mesmo à divisão celular. Ao conjunto dessas evoluções do núcleo dá-se o nome de mitose, ou cariocinese. O corpo humano contém aproximadamente 30.000.000.000 de células, verificando-se em cada órgão uma ação citológica específica, que redunda em determinada função. Daí ser a célula considerada simultaneamente como unidade anatômica e fisiológica, visto somente ela ter vida própria. Noutras palavras: o que chamamos de vida é o conjunto de infinito número de pequenas vidas, porisso que mesmo terminada a existência animal, as células que formam o organismo continuam a viver, por algum tempo. E, em meio adequado, indefinidamente, como aconteceu ao fragmento de coração de galinha, de Carrel... O grande Claude Bernard considerado o Pai da Fisiologia, preceituava: “É somente a célula que vive; o resto não é senão acessório” As células germinativas, masculina e feminina, se unem formando uma HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 11
  • 12. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS outra, da qual resultarão todas as demais que constituirão o novo ser. Esse admirável mecanismo biológico obedece a uma perfeita ação sincronizada com as necessidades do “todo”, que é o organismo. O crescimento celular é controlado em parte pelas propensões inatas da própria célula, e em parte pela influência da circulação hormonial. De modo que quando o tecido de um órgão em processo de desenvolvimento chega a um tamanho e forma característicos, o crescimento para automaticamente, só voltando a se verificar para suprir o desgaste normal das células, ou as perdas produzidas por causas diversas – como os ferimentos, contusões, fraturas, invasão de bactérios etc. - Mas se detém tão logo compense as necessidades orgânicas, e a reprodução não é feita ininterruptamente, mas de modo intermitente. Quando, porém, qualquer célula começa a se reproduzir sem obedecer a controle biofisiológico, quebra-se-lhe a harmonia, passando a formar tecido anômalo, embora análogo ao de sua origem. É isso o Câncer. Essa neoformação prolifera desordenadamente e, via de regra, não mais se detém. Desde logo, entra em conflitos metabólicos com os tecidos circunvizinhos. A causa do desregramento celular é ainda controvertida porque existe elevado número de teorias e hipóteses que tentam explicá-la. Aceitamos a que nos parece mais razoável. * * * SAÚDE E DOENÇA Quando se verifica uma completa harmonia funcional em todos os órgãos desse complicado mecanismo biológico que é o corpo humano, diz-se que o indivíduo está gozando de perfeita saúde, estado esse que lhe determina certa sensação de euforia, não-raro assinalada pela maior disposição para as lutas da vida e coadjuvada pela ausência de grandes e deprimentes preocupações. Se, entretanto, esse bem estar é comprometido por qualquer manifestação irregular (cansaço, falta de apetite, insônia, febre, enjôo etc etc.), a pessoa trata de afastá-la, e para isso procura o médico. Costuma-se dar a esse tipo de sensação subjetiva o nome de sintoma de doença. Há, porém transtornos no equilíbrio das funções orgânicas mais perceptíveis, propriamente, ao clínico do que mesmo ao doente (desproporção entre peso e estatura, palidez, aspecto congestionado, pulso irregular, HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 12
  • 13. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS batimentos cardíacos anormais, respiração arrítmica, qualquer reflexo alterado, inflamações etc etc.) Esses fenômenos são chamados sinais objetivos de enfermidade. Os sintomas atuam como verdadeiras sentinelas do organismo, pois são eles os primeiros indícios de uma saúde desequilibrada; os sinais facilitam a caracterização da enfermidade. Uns e outros se entrelaçam, permitindo ao médico estabelecer o diagnóstico; esse baseado sempre em determinados quadros clínicos que a experiência multimilenar selecionou e consagrou para cada moléstia. * * * O QUE É O CÂNCER? Como já foi dito, o Câncer é um desregramento na reprodução celular, de causa ainda bastante controvertida, conforme mostraremos oportunamente. Perde-se na noite escura dos tempos a aplicação do termo Câncer (que é como também dizem os Espanhois, Franceses e Ingleses) à doença mais terrível que a Humanidade já conheceu. Com essa palavra – empréstimo feito ao nominativo latino CÂNCER – é também usada em nossa terra a forma CANCRO (vigente no italiano e no português ultramarino), tomada ao acusativo CANCRU (M). A autoria do batismo tanto pode ser de um médico grego dos áureos tempos, como remontar a um iluminado sacerdote assírio ou persa2 . É, entretanto, voz corrente que quem o fez teve em mira associar a enfermidade ao crustáceo que conhecemos sob o nome de CARANGUEJO (diminutivo metaplástico de CANCRO). Disse o saudoso filólogo Mario Barrêto (numa explicação, a nosso ver, pouco feliz): 2 Não deve ser esquecido que, na Medicina astrológica dos Assírios, já era conhecido o fato de que o sígno de Câncer confere ao indivíduo nascido sob ele uma constituição física pouco forte e um temperamento linfático-bilioso (nos climas quentes) ou linfático- nervoso (nas regiões frias), exercendo decidida influência sobre o tórax e a região epigástrica e provocando doenças no estômago e nos pulmões... Por outro lado, a mitologia grega consagrou Câncer como certo crustáceo enviado por Juno contra Hércules, quando esse lutava com a terrível hidra de Lerna. Todavia, atingido num pé, o herói matou ao mortífero emissário, que foi então colocado por Juno entre os doze signos do Zodíaco... HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 13
  • 14. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS “CÂNCER e CANCRO, úlceras, assim se chamam, em sentido médico ou metafórico, porque roem as carnes como faria o caranguejo.” (De Gramática e de Linguagem – 2º tomo, Rio, 1922, cap. XXXV, pág. 146). E adiante: “A única restrição no emprego diferencial das duas palavras é a que decorre de manifestações venéreas e sifilíticas, em que não se usa o termo CÂNCER. Aliás, no ponto de vista rigorosamente científico, nenhum desses dois vocábulos tem valor. Nas classificações clínicas, anatomopatológicas, patogênicas e etiológicas, de maior valia, eles são moeda sem valia...” Nenhum sabedor os emprega, são termos de generalização ilimitada.” (Idem, página 147). Outros – abonados na rigorosa dissemia que o termo apresenta em certas línguas (exs.: alemão Krebs; em russo – aqui transliterado – rak, tupi cunuru etc), em que significa simultaneamente o crustáceo e a moléstia, ou melhor: a tumoração – aproximam essa daquele devido a sua massa neoplásica central e menos volumosa emitir expansões que se esgalham para os tecidos circundantes; ou porque a dor produzida no período de malignidade se assemelha à causada pelo fechar das pinças do crustáceo [?]. É, todavia, de notar que, em nossa língua, essa denominação tem alternado com outras, como “ferida maligna”, “chaga cancerosa” (que ainda aparece no conhecido soneto Mal Secreto, de RAIMUNDO CORREIA) etc, usadas indiferentemente a partir do século XVII, para os diversos tipos de neoplasmas. No interséculo XVIII-XIX, surgiu a terminologia mais culta, de caráter distintivo, e já vemos os nossos “físicos” (assim eram chamados os médicos da época) discernirem entre um “sarcoma” e um “carcinoma”, por exemplo. Na centúria passada, empregavam-se já expressões como: “tumor”, “afecção cancerosa”, “neoplasia”, “formação acidental” etc, e a nomenclatura enriquecia-se, registrando: “cirros”, “epiteliomas”, “lipomas” etc. Persistia, porém, a preferência tópica: “cancro do útero”, “tumor dos seios maxilares”, “câncer dos seios” etc etc. Sempre – como se ve – encarando a enfermidade como afecção local, conforme ainda fazem hoje. Aliás, erroneamente, pois, o Câncer é, em essência, uma disfunção no metabolismo celular, manifestada objetivamente pela oncose. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 14
  • 15. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Tornou-se, por sinal, a doença3 mais estudada e discutida do mundo inteiro, o que há seis anos levou o especialista israelita Dr, Isac Berenblum a garantir: “...cabe afirmar serenamente que, na atualidade, se sabe mais sobre o Câncer do que sobre qualquer outra enfermidade tão complexa.” (El Hombre contra el Cancer – trad. esp. Asher Mibashan, Buenos Aires, Prefácio, página 8). Inúmeros pesquisadores, num sem conta de laboratórios e clínicas, buscam-lhe ansiosamente a solução, e somas astronômicas são invertidas em seu crédito, por parte dos órgãos oficiais de todas as nações. Folhetos alarmantes e campanhas chamadas “preventivas” - que se sucedem num rítmo sistemático – fazem dele, no momento atual, o problema absorvente de todas energias, nas diversas camadas sociais, arrastadas, em verdadeira guerra de nervos, às raias do pavor coletivo. Apesar disso – melhor diríamos: graças a isso... - continua o Câncer a ser apresentado pelos Ortodoxos como um grande enígma (que ele absolutamente já não é) e a desafiar a argúcia dos sábios, em cujas mãos trêmulas, frustradas deixa apenas isto, como conteúdo palpável: um conjunto de tecidos altamente desregrados pela proliferação anárquica de uma célula. Eis tudo quanto, em definitivo, é aceito pela Ciência Médica. O mais são teorias, hipótese, ou meras suposições infundadas: todas extremamente controvertidas (o que, de certo modo, tem servido para derrastrear a verdadeira causa da moléstia)... O Câncer pode originar-se em todos os tecidos, havendo, porém, maior incidência nuns do que noutros. São da pele os mais frequentes, de fácil diagnóstico e os únicos capazes de ser realmente curados pelos processos da 3 O preclaro e inesquecível Mestre Miguel Couto, em suas “Lições de Clínica Médica” (2ª ed., Rio, 1916, págs 337-8), estabeleceu a seguinte distinção nomenclatural: “Doença - Termo genérico significando qualquer desvio do estado normal. Moléstia - Conjunto de fenômenos que evoluem sob a influência da mesma causa. Afecção - Conjunto de fenômenos na dependência da mesma lesão. Enfermidade – Desarranjo na disposição material do corpo.” E o eminente Prof. Pedro A. Pinto adverte: “Não há porque confundamos doença ou enfermidade com moléstia.” Dicionário de Termos Médicos, 6ª ed., Rio, 1954, s.v. Doença). Todavia, apesar de sábia especificação de ambos ilustres médicos e primorosos vernaculistas – e para evitar a monotonia das repetições –, em se tratando do Câncer (que, flagelo que é, reúne em si todos os quatro conceitos mencionados), aqui usaremos quase indiferentemente esses termos, que também alternam com morbo. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 15
  • 16. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Medicina Clássica atual. Queremos, com isso, referir-nos aos basocelulares, por serem quase isentos de metástases. Entretanto, conhecemos, por exemplo, melanomas malignos extremamente agressivos que, embora possam evoluir lentamente, durante anos (oito a dez), tornam-se violentamente exacerbados pelo ato cirúrgico, acarretando a morte dos pacientes, o que aliás não impede continuem a ser “magistralmente” operados... A metástase – segundo a doutrina firmada pela Medicina Clássica (e da qual discordamos) – consistiria na migração de células cancerosas através das correntes sanguíneas e linfáticas. Ocorre perto ou distante do neoplasma inicial, mas conserva, geralmente, as características citológicas de origem. Por exemplo: a metástase pulmonar de um Câncer de útero. Suas células mantém perfeita identidade com as uterinas. A neoplasia cancerosa primitiva pode ser de grandes proporções e pesar quilos; ou pequena, com apenas fração do grama, o que não influi substancialmente no processo metastático, em sua ação invasora. Os tumores originários são formados por aglomerados compactos de células desregradas, como já foi dito. O mesmo se dá com as metástases. Essas últimas são produzidas pela progressão do morbo e exacerbadas pelos traumas; ou – o que ocorre comumente – pelas intervenções cirúrgicas. Devem ser consideradas, à luz dos fatos, como inicio do desfecho letal do processo canceroso. Não é o Câncer enfermidade exclusiva da espécie humana. Tem ocorrido em grande número de animais domésticos e selvagens (de grande porte, como o elefante, e de pequeno, qual o camundongo), nas aves, peixes, batráquios etc. Existe até quem pense ser a pérola um Câncer da ostra. Também os vegetais dele são passíveis. É a única moléstia, que saibamos, que agride os dois principais reinos da Natureza – animal e vegetal. Sua ação patológica é sempre a mesma: destruição... * * * VELHICE DAS COISAS NOVAS... O Câncer é uma doença antiquíssima. Embora as mais longínquas informações que dele possuímos acometendo a espécie humana já pertençam a uma fase bem adiantada dos dias históricos, não seria ilícito admitir sua existência na aurora da Humanidade, naqueles HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 16
  • 17. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS brumosos tempos pré-históricos; senão antes, mesmo: há muitos milhares de anos. Garrison assinalou: “um hemangioma no osso de um dinossauro mesozóico – provavelmente o primeiro tumor registrado. Há provas evidentes da existência de tais lesões nos restos do terciário e do quaternário.” (Apud Arturo Castiglioni – História da Medicina, trad. R. Laclette – 1º vol., São Paulo, 1947, pág. 15) Ora, se as neoplasias – embora do tipo benigno – já existiam na Pré- história, não nos parece absurdo supor que também as houvesse malignas. O que é certo, porém, é que papiros do velho Egito – que distam de nós quatro milênios – falam nessa enfermidade e no seu tratamento (tal como hoje, em fase já adiantada): extirpação do tumor e cauterização com metal candente; sem dúvida o bronze, pois o ferro (que apenas surgiria ali pelo ano de 1600 a.c.) ainda não era conhecido. Múmias daquela época, necropsiadas, ou radiografadas, apresentam estigmas de sarcoma ósseo. Também crônicas assírias, persas e hindus fazem referências a neoplasias malignas. E na Helade imortal, há mais de 2300 anos, Hipócrates atribuía caráter distinto a essa doença, embora reconhecendo tipos clínicos diversos da mesma, que descreveu e para os quais apontou procedimentos terapêuticos bastante razoáveis para o seu tempo, se levarmos em conta que até hoje – apesar dos inúmeros recursos que a Cancerologia oficializada alardeia possuir – seus figurões continuam subindo num verdadeiro “pau-de-sebo”, em busca da almejada cura. Eis a lição do iluminado Grego: “Existem dois tipos de tumores: o primeiro se desenvolve e cresce, permanecendo, porém, sempre localizado onde esteve no início; o segundo dissemina-se pelo organismo. O primeiro é curável.” Há que meditar, entretanto, nas judiciosas palavras do Dr. George Gricoureff, em sua contribuição apresentada ao 6º Congresso Internacional da especialidade (reunido em São Paulo, 1954): “Na tentativa de determinar o limite entre tumor benigno e maligno, o estudo HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 17
  • 18. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS de certos tumores conduz à conclusão de que essa linha divisória, necessária na prática, é artificial. A malignidade é uma noção puramente prática e relativa, que não corresponde a um critério biológico absoluto.” A Cancerologia hodierna tampouco alterou o prognóstico. Essa neoformação maligna – o Câncer – prolifera desordenadamente e não mais se detém. Noutro lugar, preceituava o Pai da Medicina: “O Câncer oculto não deve ser tocado, porque mata mais depressa.” E Cornélio Celso, da Roma antiga, também advertia, no 1º século da nossa era: “O Câncer da mama só deve ser operado no início; depois apressa a morte.” (E embora não desconheçamos que esse autor preconizava a cauterização – por ferro em brasa – no tratamento das mordeduras por cães danados, não nos consta que adotasse o mesmo procedimento no combate às neoplasias malignas). …................................................................................................................... …................................................................................................................... Estavam perfeitamente certos os Mestres daquele distante passado. Até mesmo ao assinalarem o que a Medicina atual chama de trauma, cuja ação manifesta na aceleração do rítmo dos processos cancerosos está cabalmente comprovada, embora seu mecanismo fisiológico ainda não esteja suficientemente explicado. Há os físicos, fisiológicos, morais, psíquicos, etc., todos eles nocivos a um grande número de afecções, mas de maior intensidade no Câncer. Um Congresso Mundial de especialistas, reunido em São Paulo (1954) firmou a premissa de que uma biópsia mal conduzida pode determinar a exacerbação da neoplasia maligna. Essa conclusão, ora oficializada, fora de há muito provada e aceita pela Medicina moderna. (A biópsia é pequena intervenção cirúrgica para a retirada de fragmento de tecido – alguns milímetros – destinado a exame anatomo-patológico. Verificamos em seis casos de nossa clínica, agravamento espetacular de cânceres, determinado pela extração de dentes em número superior a três, HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 18
  • 19. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS simultaneamente. Se choques tão pequenos, insignificantes mesmo, são responsáveis pelo agravamento, às vezes catastrófico, dos neoplasmas, que dizer dos efeitos das grandes intervenções cirúrgicas, sempre longas e mutiladoras? As estatísticas honestas poderão responder. Mas o que ressalta inegável é que bem restrita é a contribuição da Medicina atual, nesse setor. Principalmente a colaboração da chamada “Cancerologia Clássica”, de procedimento – conforme acabamos de ver – já condenado desde a fase arcaica... * * * O SEXO E O CÂNCER Estudada a evolução dessa doença e entrevista sua transmissibilidade, passemos à relação existente entre a enfermidade e o sexo, notando, de início, dois aspectos a considerar: o biológico e o demográfico. Esse último é, por sinal, decorrente não apenas de uma condição tecidual mais delicada, senão também de variações geográficas no aumento das populações, que decidem sobre o gênero a ser mais atingido pelo flagelo; lugares em que predomina o elemento feminino (subentenda-se: depois de certa idade) apresentam maior número de cancerosas do que de cancerosos, e vice- versa. Note-se, porém, que nos referimos à incidência eletiva de uma enfermidade cujos domínios tem-se dilatado assustadoramente nos últimos tempos; e não ao seu índice de mortalidade, que também aumentou em proporção terrivelmente soberba! Essa é apenas uma consequência da inoperância da chamada Cancerologia Clássica, que a despeito de toda fanfarronice com que procura exibir-se ao mundo, tem-se mostrado incapaz de debelar o mal... Das alternâncias locais no predomínio do sexo (a que não são estranhas as contingências bélicas, que de tempos em tempos dizimam a população masculina) resulta a mobilidade estatística. No início deste século, o Câncer era mais frequente nos homens; hoje o é nas mulheres, entre as quais a enfermidade se manifesta em dobro. Quanto ao argumento biológico, propriamente dito, tem-se observado ultimamente que nas filhas de Eva, os pontos mais atingidos são a pele, os seios, e o aparelho gênito-urinário; ao passo que no sexo “feio e fraco” as vias HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 19
  • 20. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS preferenciais de invasão maciça costumam ser a boca e os órgãos respiratórios. Essa estranha diferença de reações, entre seres da mesma espécie, nos convida a seguinte ponderação. Tornou-se pacífico em Cancerologia que os traumas – ainda que de uma simples biópsia – podem, não propriamente “causar” o Câncer (que – como vimos há pouco – não tem origem física), mas favorecer as condições de exacerbamento da moléstia. * * * A IDADE E O CÂNCER Há, incontestavelmente, em todo o mundo, aumento potencial da incidência das moléstias cancerosas; a tal ponto que essa terrível enfermidade é tida como o Mal do Século, pois nos anteriores era menos frequente. Dois argumentos são invocados para explicá-lo. 1) Erros possíveis no passado, quando não se dispunha dos recursos para diagnósticos exatos – como dizem atualmente acontecer – isto é, o Câncer seria confundido com outras moléstias, o que levaria a falsas estimativas. 2) Que dado o aumento de longevidade que ora se verifica, e sendo o Câncer doença, via de regra, da idade avançada, a morte sobreviria antes de atingida a época propícia à eclosão do morbo. Ambas hipóteses não satisfazem. A primeira porque, se de início as moléstias cancerosas podem ser confundidas com outras – no final apresentam-se perfeitamente delineadas – sua sintomatologia é gritante, não permitindo dúvidas, salvo raríssimas exceções. Quanto à segunda – convém lembrar o que disse Pawlowski: “Nos selvagens da Austrália, aos 42 anos, verificaram-se as mesmas modificações orgânicas que no europeu de 60 a 62 anos”. Bashford é categórico, quando afirma que os tumores são biologicamente função da senectude, mas, essa não está em relação direta com o número de anos vividos – (citação do Prof. João Andrea: Câncer, flagelo da Humanidade, pág. 36). E não faz muito tempo – lemos em publicação idônea desta Capital – houve um caso, ímpar na Medicina, de certo menino inglês (cujo nome agora não nos ocorre) que morrera aos sete anos de idade, com todos os sinais de envelhecimento precoce: pele enrugada, cabelos totalmente brancos, e até HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 20
  • 21. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS redução da estatura! Verdadeiramente, pois, a idade é fator indicativo dos anos vividos, e não do consumo orgânico. Verifica-se facilmente que há indivíduos de 40 anos que apresentam maiores desgastes fisiológicos que outros de 60 e mais. A incidência do Câncer deve estar ligada à economia orgânica, e não à contagem numérica do período vital. Há contrastes marcantes em sua evolução: de zero aos quarenta anos, a malignidade é rápida e avassaladora, sendo na primeira e segunda infância quase sempre letal; e muito grave até os 35 ou 40 anos; depois parece que se atenua. Tal anomalia, porém, pode ser explicada pela falta de poder defensivo. O indivíduo tem imunidades totais ou parciais para determinados agentes infecciosos, como também possui receptividade maior ou menor para outros agentes. Desse assunto trataremos no capítulo seguinte, quando focalizarmos as teorias (Infecciosa e Genética) propostas para explicar a etiologia do Câncer. * * * OS CHAMADOS ÓRGÃOS ELETIVOS DO CÂNCER Assim como a incidência do Câncer relativamente ao sexo é passível de variar – e o tem feito – com o tempo e as condições sociais, o mesmo pode acontecer quanto aos chamados órgãos eletivos dessa moléstia. E estamos certo, mesmo, de que faceta outra não existe mais discutível do que essa, no campo das neoplasias malignas. Temos consultado inúmeras estatísticas, e chegamos à conclusão de que não existe essa suposta preferência – padrão por tal ou qual órgão. Tudo depende das circunstâncias predisponentes à enfermidade. Entretanto – e mercê desses fatores extrínsecos a lógica nos convida a admitir que, como dissemos, nas mulheres, a parte do organismo mais visada tem sido o aparelho genital (devido à sua extrema sensibilidade aos estímulos externos), enquanto que no homem o tem sido as vias respiratórias e digestivas. Daí, porém, não se pode inferir nenhuma conclusão que nos habilite a falar dogmaticamente em órgãos preferenciais do Câncer. * * * HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 21
  • 22. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS O CÂNCER E A HEREDITARIEDADE Costumam os serviços oficiais do Câncer assoalhar, sumariamente, que esse terrível morbo “não é hereditário”, como também o fazem, divulgando que ele “não é contagioso”; afirmação essa última francamente gratuita, como veremos no IIIº capítulo (que versa especialmente sobre o assunto). Neste pequeno tópico, mostraremos simplesmente a relação que existe entre essa cruel enfermidade e a herança. De modo geral, é lícito dizer que três são as maneiras pelas quais se pode contrair uma doença: pela herança, quando se verifica a transmissão de características inatas; pela aquisição, que vai da forma simples do contágio até o caso mais complexo de introdução do agente responsável, quando passa de pais a filhos; e finalmente por afinidade, que é o maior ou menor grau de receptividade coletiva ao mesmo elemento causal (nesse caso, ou a enfermidade é adquirida, ou a predisposição é herdada). O Câncer parece enquadrar-se nesse terceiro grupo. É bem verdade que a chamada corrente “clássica” tem-se esforçado por provar que essa doença não é hereditária; mas o faz perdendo-se num tortuoso cipoal de contradições que traz a questão inibida num desconcertante círculo vicioso. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 22
  • 23. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS CAPÍTULO II PRINCIPAIS TEORIAS ETIOLÓGICAS Qual a causa do Câncer? - Teoria embrionária. - Teorias irritativas. - Alimentos considerados cancerígenos. - O câncer e os hormônios sexuais. - Os antihormônios – Medicina deformante e aniquiladora. - O oxigênio e o Câncer. - Pretensas causas físicas do Câncer. - Teoria infecciosa. - A obra de Pasteur. - Os agentes infecciosos na etiologia do Câncer. - Micróbios, vírus, e bactérios. - Viro e Câncer. - Esquecida uma valiosa contribuição brasileira. - Teoria genética. - Teoria humoral-virúlica. QUAL A CAUSA DO CÂNCER? Até bem pouco tempo, ainda se ignorava a causa do Câncer. Cremos poder dizer assim – no pretérito – porque compartilhamos sinceramente das esperanças que cercam aos trabalhos de um ilustre cientista patrício, obra de transcendental importância, de que falaremos no antepenúltimo e penúltimo tópicos deste Capítulo. Entrementes, procuraremos expor – embora sucintamente – as principais teorias por que se tem procurado explicar a etiologia desse terrível mal. Dentre as muitas que foram propostas, sobressaem seis principais: a embrionária, a bioquímica, a biofísica, a dos agentes infecciosos, a genética e a humoral. A segunda e a terceira podem grupar-se sob o título geral de Teorias Irritativas, dada sua tese comum. A última, por se cruzar, em parte com a infecciosa, preferimos chamar humoral-virúlica. * * * TEORIA EMBRIONÁRIA Foi apresentada em 1877 por Cohnheim e é geralmente denominada Teoria das Inclusões Fetais. Sua explicação lemos acessível em João Andrea: “Os tecidos e os órgãos tem suas origens nos três folhetos embrionários: ectodermo, endodermo e, mais tarde, mesodermo. Na formação e evolução desses tecidos e órgãos, comumente há uma produção excessiva de elementos celulares, além do necessário ao esboço e à constituição de uma determinada HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 23
  • 24. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS região orgânica. As células, assim, produzidas em demasia, ficam sem função imediata, quiescentes, em vida latente. Dormem um longo sono, às vezes, até o fim da vida de todo o conjunto do organismo; mas, outras vezes, sob a ação de uma causa qualquer inflamatória ou traumática, transformam-se num verdadeiro pesadelo, desde que guardam, também, em latência, todo o poder embrionário de multiplicação. Os fatores que são capazes de desencadear a divisão desordenada dos elementos celulares estão, para o Autor da teoria, sob a ação coincidente de uma diminuição da resistência fisiológica local ou tecidual. Os restos embrionários, todavia, quase sempre evolvem para um processo neoplásico benigno, quando adquirem a propriedade de multiplicação.” (Ob. cit., pág. 199) Por outro lado – dizem Regato e Ackerman (Câncer – México, 1951): “A teoria não dá nenhuma luz acerca da natureza das transformações de tais células em neoplásicas.” (Pág. 39) Esse ponto de vista – que expusemos resumido, apenas com intenção informativa – já está, de longa data, superado. * * * TEORIAS IRRITATIVAS As teses bioquímica e biofísica baseiam-se nas irritações crônicas provocadas por agentes químicos e físicos na estrutura celular. Seus adeptos vem lutando encarniçadamente para comprová-la à luz dos fatos, e ela tem uma história que vem de longe, cujo epílogo ainda não foi escrito, e talvez nem o seja, por já desnecessário. Em 1775 – exatamente a cento-e-oitenta-e-três anos – Percival Pott observou e focalizou a frequencia do Câncer de escrotos entre os limpadores de chaminés, profissão muito comum na época, quando o aquecimento no inverno era feito pelas lareiras, que queimavam carvão ou lenha. A fumaça expelida acumulava fuligem, que devia ser periodicamente removida. Sendo as chaminés geralmente estreitas, para limpá-las era preciso penetrar no seu interior; daí tal trabalho ser confiado a crianças, pela necessidade de ter o limpador pequeno porte. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 24
  • 25. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Pott ligou a incidência do Câncer nesses profissionais a irritações permanentes, demoradas, produzidas, como dissemos, pela fuligem; não devendo ser também estranha ao caso a falta de cuidados higiênicos, pricipalmente banhos com água e sabão abundantes, pouco usados naquele tempo. Provavelmente foi ai que se baseou a teoria irritativa para a etiologia dos cânceres, proposta por Virchow, incontestavelmente o estruturador da Histopatologia como importante setor da Ciência Médica, nos meados do século passado4 . Com o advento de Pasteur – da Microbiologia, portanto – passou a tese de Virchow a plano secundário. A do agente infeccioso tomou-lhe definitivamente o lugar, e ainda hoje é perfilhada por grande número de cientistas, conforme veremos adiante. Mas tornemos à concepção irritativa que ainda arrebatava no século passado alguns pesquisadores de valor, e na qual – paradoxalmente – se estrutura a Cancerologia Clássica... Foi assim que Volkman (1875) apontou como agentes cancerígenos o alcatrão e a parafina; Hesse (-79) viu uma neoplasia maligna específica no pulmão dos mineiros; Rehn (-95) responsabilizou a anilina etc etc. Em 1915, dois médicos japoneses, Yamajiwa e Ytchikawa, conseguiram provocar o Câncer em orelhas de coelhos, pincelando-as com alcatrão, experiência que teve enorme repercussão no mundo médico, quando confirmada por ensaios semelhantes, em outros países. Anteriormente, empregando-se o raio-X, já havia sido conseguida a neoplasia artificial – pelos cientistas franceses Marie Clunet e Raulot-Lepointe, que publicaram suas observações em 1910. Todavia, a descoberta dos pesquisadores nipônicos foi mais objetiva, com campo de ação muito mais vasto para deduções, dado ser o alcatrão substância química comum e muito empregada em diversas indústrias, podendo, portanto, explicar a etiologia dos cânceres por irritação da intimidade celular por agentes químicos (o que significaria ser o Câncer pura e simplesmente um tumor local); portanto a terapêutica indicada era a sua destruição. Entretanto, como de há muito se sabia que tal exérese não curava o morbo, por ele se reproduzir tempos depois num ou em muitos locais do organismo, foi aventada a hipótese de isso ocorrer porque a ação destruidora não atingira todas as células desregradas e as que escaparam terem ido, arrastadas pelas correntes circulatórias ou linfáticas, 4 Nota do divulgador: isto é, século XIX, pois este livro foi escrito no século XX. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 25
  • 26. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS fixar-se noutros pontos do organismo, formando, assim, novas tumorações (a que se deu o nome de metástases). Invocaram, para justificar essa suposição, o fato de as células dos tumores subsequentes apresentarem semelhanças morfológicas com as do neoplasma inicial. Generalizou-se pelo mundo médico ocidental a teoria irritativa e a terapêutica de destruição tumoral ampliou-se paralelamente; a Cirurgia integral, que destruisse não somente o tumor, mas também os tecidos circunvizinhos; a princípio pelo termocautério, depois pela fulguração elétrica (bisturi elétrico) e radiações nucleares (raios-X, Rádio etc.), porém, os insucessos continuaram ininteruptos e as pesquisas para os explicar também prosseguiram, estruturadas nas mesmas premissas. Como nem todos os tipos de alcatrão geravam a neoplasia, foi analisada sua estrutura química e posteriormente dele foram isolados hidrocarbonetos que produziram o Câncer artificial, sendo os mais importantes o dibenzotraceno e o benzopireno (trabalhos de Kennaway e Cook, na Inglaterra). É na teoria da irritação celular que estrutura sua terapêutica a Medicina Clássica do Câncer – que postula – A Terapêutica do Câncer é a Cirurgia Radical, complementada pelas radiações nucleares. As pesquisas da química foram além: ao determinarem-se as fórmulas desses hidrocarbonetos, verificou-se serem elas estruturalmente semelhantes às de algumas substâncias orgânicas de elevada função fisiológica, como a Colesterina, ácidos biliares, hormônios (masculino e feminino) etc. Porcurou-se então, por analogia, explicar a causa do Câncer interno pela ação dessas substâncias biológicas, originando-se, assim, os predisponentes ao Câncer pela ação de tais elementos. Atualmente, são apontadas centenas de substâncias com esse terrível poder. Por exemplo: o professor argentino Angel Roffo (que esteve no Brasil em 1945), cientista de grande merecimento, propôs a tese da ação cancerígena da Colesterina, e para prová-la, fez exaustivas pesquisas no terreno objetivo, chegando a conclusões sem dúvida interessantes. A Colesterina (ou Colesterol) é parte integrante de todos os tecidos, de todos os líquidos e humores orgânicos: no protoplasma da célula viva tem papel essencial, relacionado com sua nutrição e permeabilidade. Advém, para a economia orgânica, de duas fontes: exógena e endógena. No primeiro caso, provém dos alimentos gordos; no segundo, ela é formada por síntese, no próprio organismo. O notável pesquisador portenho fez suas provas experimentais em ratos. Há, desde logo, que fazer uma advertência: os ratos são roedores; sua HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 26
  • 27. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS alimentação predominante é de origem vegetal; acidentalmente, apenas, comem gordura. A distância biológica entre esses pequenos animais e o homem é substancial, mesmo extrema. Portanto, as conclusões de Roffo merecem severas reservas. Ele procura justificar sua tese – em algumas formas de Câncer humano – pelo excesso do índice de Colesterina no organismo, causado pelo uso imoderado de substâncias gordas na alimentação. Noutras palavras – atribui às gorduras ação predisponente à neoplasia humana, doutrina essa que, a seguir procuraremos enquadrar nas devidas proporções. * * * ALIMENTOS CONSIDERADOS CANCERÍGENOS É ponto alto na opinião de inúmeros observadores a ação alimentar na predisponência ao Câncer, embora a dividam e subdividam, quanto à natureza dos alimentos. As carnes e seus derivados são desde logo arguidos; defendendo essa opinião se enfileiram nomes de incontestavel valor. Diz o Prof. João Andréa, em seu trabalho já por nós citado: “Desde os trabalhos de Lebanc, em 1854 e os de Trasbot, citados por Ménétrier, julga-se o regime carnívoro como o responsável, uma vez que são os indivíduos desse tipo alimentar os mais atingidos pelas tumorações malignas. Posteriormente, Verneuil, Bertillon e Roux também ligaram ao uso da carne um poder cancerígeno intenso, mormente da carne de porco, mas não se devem esquecer dois fatores essenciais: a) O número de indivíduos que se alimentam de carne é muitíssimo maior do que o dos indivíduos estritamente vegetarianos donde a maior frequência do Câncer entre os primeiros do que entre os segundos. b) O consumo, na Alemanha, de carne de porco era muito grande antes da ascenção de Hitler ao poder (quereis manteiga ou quereis canhões?), uso de salsichas, presuntos, etc., e a média de cancerosos entretanto, não se mostrara maior no período anterior ou posterior ao predomínio dos nazistas.” (Ps 68-9). Tem razão o professor baïano: não é possível atribuir essencialmente à HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 27
  • 28. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS alimentação carnívora a predisposição ao Câncer, pois os vegetarianos5 também a ele estão sujeitos. Hendley, citado pelo mesmo Autor, na Índia, aponta em 102 casos operados de Câncer, 41 em indivíduos de regime alimentar misto – e 61 em indivíduos estritamente vegetalívoros. Outros pesquisadores indicam com igual ação o álcool, o chá, o café, e ainda o sal (esse último, sob o argumento de que nos selvagens, que não o empregam como tempero, não tem sido constatada a incidência de Câncer. É o pão branco branco também acoimado por alguns de ter a terrível ação, visto ser rico em glute (ácido glutânico) e pobre em amido e sais minerais, etc, etc. Dado que alguém quisesse abster-se, heroicamente, de todos alimentos apontados pelas diversas correntes como causadores do Câncer, morreria provavelmente de inanição, por não ter de que se nutrir. Mencionaremos a seguir os que tem sido indicados como possuindo ação cancerígena, e os nomes dos autores que assim pensam: Carne e seus derivados: Roger William, Bulkley, Leriche, Lecoq, Haubold. Arroz: Carlos Mayo, S. Young. Vegetais em geral: Hendley, Behla, Metchnikoff, Kojeouckoff, Moluscos: Bosc, Lemière. Sal (comum): Braithwaite, Van der Corput, Zierhelle. Pão de trigo branco: Carracido, Packard. Leite: Rokhline. Ovos: Roffo. Aveia: Stahr, Secher. Gorduras: Wacker, Jaffé, Eliassow, Maisin, François e, sobretudo, Roffo. A subalimentação é também apontada por Suguira e Benedict, embora já tenha sido preconizada anteriormente como coadjuvante no tratamento do Câncer. A superalimentação também o é: Leon Hébert. Ao escrevermos estas linha, cai-nos sob os olhos a notícia de que um médico chinês que vive nos Estados Unidos – Dr. Ximan Chang, professor de Harvard – acaba de responsabilizar pelo Câncer humano a ausência de glicose, após experiências em que utilizou dois tipos de células vivas como terreno de 5 Mantemos aqui a diferença estabelecida pelo renomado dietólogo francês Dr. Paul Carton, entre vegetalismo (do port. vegetal + ismo, alimentação em que se usam exclusivamente vegetais) e vegetarismo (do lat. vegetu: “forte”, “vigoroso” + sufixo, regime que compreende todos os alimentos sustanciosos, principalmente carne, ovo, leite e derivados etc.). HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 28
  • 29. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS cultura: um da membrana mucosa do olho e outro de Câncer uterino de u'a mulher que morrera havia muito tempo. “Algumas das células assim conservadas acrescenta o comunicado – só reviveram com a ausência total de glicose e adquiriram novas características, que lhe permitem converter em glicose as substâncias com que sejam alimentadas. Observou o cientista que, depois de várias semanas, as células privadas de glicose, além de sobreviverem, multiplicavam-se com maior frequência.” Entrechocam-se, como se vê, as opiniões das diversas correntes científicas, embora todas “oficialmente” baseadas em observações e experiências concretas. Franco regime do “pode ser; pode não ser”, que deixa o infeliz canceroso preso por ter cão, preso por não o ter... Os dois seguintes exemplos ilustram essa disparidade. Roffo atribui a grande ocorrência do Câncer entre Bascos e Irlandeses à riqueza de lipóides e à colesterina dos ovos, que predominam em sua alimentação, pelo que preconiza rigorosa restrição de gorduras. Entretanto, estatísticas realizadas na Groenlândia, onde a alimentação é quase exclusivamente de carne de baleia e foca (ambas altamente ricas em gorduras) demonstram número reduzido de cancerosos. O Prof. João Andréa preceitua: “A ação cancerígena mais importante dos alimentos deve ser estudada nas modificações metabólicas, porventura ocorridas, quer na fase assimiladora ou anabólica, quer na fase dissimiladora ou catabólica”. (Ob. cit., página 67). Cremos, nós outros, estar na bioquímica celular, não a causa do Câncer, mas a ação estimuladora de sua evolução e intimamente ligada aos fenômenos de fermentações internas, a que se refere Pasteur. Concepção essa que provavelmente norteou os estudos sobre oxidação celular do fisiologista alemão prof. Otto Warburg, e do sábio brasileiro Osório de Almeida, tema esse a que mais tarde volveremos. Não acreditamos que qualquer alimento seja – como dissemos – fator predisponente à formação do Câncer. Parece evidente, porém, que determinadas substâncias (de fácil fermentação), a alimentação desordenada, etc., contribuem para a exacerbação da moléstia. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 29
  • 30. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS * * * O CÂNCER E OS HORMÔNIOS SEXUAIS Baseados no mesmo princípio da semelhança de estruturas químicas entre determinadas substâncias orgânicas e as dos hidrocarbonetos agentes do Câncer cultivado em roedores (ratos, coelhos, etc.), os hormônios sexuais, tal como acontece com a colesterina, de que já tratamos, são também imputados como possíveis geradores de cânceres na genitália do homem e da mulher, sendo que a neoplasia das mamas da mulher, também lhes era de certo modo atribuída. Os hormônios masculinos são secretados pelos testículos; os femininos pelos ovários, sendo ambos responsáveis pela reprodução da espécie. Tal hipótese é discutível, dado ser o Câncer geralmente moléstia peculiar às idades avançadas (depois de 45 anos), quando a função reprodutora já está em declínio, o que diminui sensivelmente a quantidade desses hormônios. Por outro lado, não deve ser esquecido que a ação das chamadas substâncias cancerígenas é irritativa: portanto, maior a quantidade de hormônios, maior seria seu poder excitante. É estranho que seja exatamente na fase da descensão gradativa, ou após sua completa anulação, que venham a se tornar maléficos ao organismo. A ocorrência do Câncer na mulher (está perfeitamente provado pelas estatísticas) é maior após a menopause, isto é, quando se anula a função ovariana e consequentemente, sua capacidade genital. No homem, a fase viril geralmente vai além dos 60 anos e a incidência da moléstia principia muito tarde, sendo “oficialmente” considerada 50% (cinquenta por cento) menos frequente que na mulher. Ora, se levarmos em conta que – conforme acontece entre todos os representantes superiores da escala zoológica – o macho tem sempre uma atividade sexual maior que a da fêmea, o que lhe assegura, a ele, maior secreção hormossexual, chegaremos a um impasse: não podem os hormônios desse tipo ser responsabilizados pela produção do Câncer humano (que – repetimos – segundo as publicações “clássicas”, atinge em dobro as mulheres, que os secretam menos intensamente)... Já tentaram os Ortodoxos explicar essa discordância, atribuindo-a a modificação da química hormonal no período crítico, ou próximo dele; mas as pesquisas realizadas desautorizam tal hipótese. Por outro lado, a mulher estéril é, comprovadamente, mais sujeita ao Câncer; e a esterilidade está intimamente ligada à deficiência hormonial, desde que não se prenda a defeitos de natureza HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 30
  • 31. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS anatômica. * * * OS ANTIHORMÔNIOS Já que falamos em hormônios, cremos cabíbvel aqui – a título de ilustração – uma pequena referência aos antihormônios, que se sabe – desde 1935, com Tales Martins – serem reações do tipo unitário, contra as proteinas que acompanham os extratos, arrastando secundariamente os hormônios. * * * MEDICINA DEFORMANTE E ANIQUILADORA Já vimos que Roffo, responsabilizando a colesterina pelo Câncer humano, pede severa dieta de gorduras. Mas os partidários da ação cancerígena dos hormônios sexuais exigem muito mais que um cauteloso regime dietético: perpetram a eliminação total dos ditos hormônios, criando, para tal, uma “especialíssima” terapêutica que começa – como é preceitual – pela fase cirúrgica e termina na humoral, destinando-a ao tratamento de neoplasmas do aparelho gênito-urinário dos dois sexos (e na mulher também, ao das mamas). Consiste o singular tratamento na ablação das glândulas sexuais (castração: orquiectomia no homem, coforectomia na mulher): e em casos de metástases, excisão das glândulas correlacionadas, (suprarrenais e hipófise) dado poderem elas também secretar homônios sexuais! Os seguintes exemplos poderão esclarecer melhor. Comecemos pelo Câncer da próstata. A conduta inicial é a prostatectomia e, em caso de metástase, orquiectomia, seguida da extração das glândulas suprarrenais e hipófise! Quanto ao Câncer de seio, a “salvação clássica” não é nada menos que a ablação radical da mama doente, bem como da rede linfática e ganglionar circunvizinha. Havendo – ou sobrevindo – metástase, ablação dos ovários ou esterilização radioterápica. Como coadjuvantes de tratamento, para ambos os sexos: radioterapia e hormoterapia cruzada (que consiste na aplicação de hormônios femininos para o HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 31
  • 32. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS homem e masculinos para a mulher), o que constitui verdadeiro paradoxo terapêutico, porque de início visa, por sucessivas mutilações a eliminar as fontes secretoras de hormônios sexuais, para depois utilizar-se deles, como coadjuvantes. Eis como procede a corrente Ortodoxa... Afinal, tem a Humanidade o direito de perguntar a esses “magos” da terapia século-XX: Quando os hormônios são cancerígenos? Quando são produzidos pelas glândulas, ou quando são introduzidos no paciente pelos “precoces” facultativos “clássicos”, como um éternel souvenir... do sexo oposto? E cumpre não esquecer que semelhantes trocas tem sobre o organismo efeitos marcantes e palpáveis. No homem castrado, o hormônio feminino acentua os sintomas característicos do eunucoidismo, como afinamento da voz, queda de pelos, diminuição da vontade e do poder mental, transformando-o em “ser neutro” e sem capacidade reprodutora6 , exornado por atitudes feminis, em espaço bem curto de tempo. Na mulher, os fenômenos são diametralmente opostos: masculiniza-se, a voz engrossa, tornando-se roufenha, aparecem pelos e até barba, obliterando-se a feminilidade. Ocorre, sempre, também um singular fenômeno: exacerbação do estro sexual, que vai até o delírio erótico. Entre muitas senhora tratadas por esse processo uma, que tivemos ocasião de assistir (Câncer do seio, 65 anos, viúva) nos declarou: “Quando tomei hormônios masculinos, pensei que fosse enlouquecer, pelo estado de superexcitação sexual em que vivia. Vezes houve em que tive ímpetos de agredir homens desconhecidos”! Certamente se justificaria o emprego dessa terapêutica heróica se ela oferecesse vantagens concretas. Mas as probabilidades de sobrevida são estimadas em 6 (seis) meses apenas, e os doentes que fazem extirpação das glândulas suprarrenais ficam obrigados ao uso permanente e indefinido de Cortisona, ou de seus derivados. Certo relatório do “Sloan-Kettering”, um dos maiores centros de cultura dos Estados Unidos e talvez do mundo, há tempos, informava ter a hormoterapia cruzada manifestação terapêutica sobre o adenoma da próstata; mas nenhuma sobre o Câncer desse órgão. E mais: que na mulher a 6 Entretanto, a Medicina moderna tem registrado interessantes casos em contrário, que capitulou sob a epígrafe geral de eunucoidismo fértil HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 32
  • 33. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS hormoterapia é paliativa, paralisando temporariamente os cânceres da mama (de três a seis meses), e parece atenuar as dores e retardar a descalcificação das metástases ósseas. Convém ressalvar que as glândulas sexuais masculinas secretam também, normalmente, hormônios femininos, e vice-versa. Seriam altamente demagógicos e ortodoxos comentários, se não devidamente testados no campo clínico, por observações concretas e insofismáveis, razão por que mencionaremos dois, dentre muitos outros casos do nosso arquivo, que justificam cabalmente o ponto de vista por nós defendido. 1º caso: Homem de 46 anos (engenheiro construtor). Diagnóstico: Câncer da próstata, confirmado pela biópsia. Terapêutica empregada: prostatectomia. Primeira ocorrência – metástase do ilíaco. Nova biopsia, radioterapia. Segunda ocorrência – dores lancinantes ininterruptas. Terceira ocorrência – viagem do paciente aos Estados Unidos, onde foi desde logo, orquiectomizado (castrado) havendo exacerbação das dores: foi-lhe feita secção dos nervos intercostais. Quarta ocorrência – volta ao Rio de Janeiro, e também às dores. Quinta ocorrência – extirpação incompleta das glândulas suprarrenais e hormoterapia (feminina) pelo Stibestrol (hormônio sexual sintético) e Cortisona (hormônio da córtice suprarrenal). Vimos esse doente, já no final de seu calvário, uma única vez, quando usava uma ampola de entorpecente (Pantopom-morfina) por hora. Faleceu dias depois de nossa visita. 2º caso: Homem de 61 anos (magistrado). Diagnóstico: Câncer da próstata (biópsia da próstata e, logo a seguir, do ilíaco, onde se constatou metástase). Tratamento: orquiectomia, seguida de hormoterapia (feminina), que provocou desde o início forte reação alérgica (urticária). Emagrecimento alarmante. Generalização do processo neoplásico maligno. Operação em fevereiro; falecimento em maio. Trauma moral e psíquico tremendo, pois, apesar da idade, era comprovadamente viril. Acresce que a vítima era também diabética, embora o índice glicêmico (açúcar no sangue) se aproximasse do normal, quando se deu a intervenção cirúrgica. Ambos pacientes foram operados pelo mesmo urologista. Disse-nos um dos assistentes desse cirurgião ser a estatística do seu ilustre Chefe, referente ao processo cirúrgico-hormonial para os cânceres da próstata, HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 33
  • 34. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS muito elevada (perto de seiscentos casos, muitos dos quais com mais de seis anos de sobrevida), informação essa que se choca frontalmente com o comunicado do “Memorial Hospital”, já referido, e com o depoimento de grandes tratadistas (inclusive Regato e Ackerman), o que leva a crer que pelo menos um dos maiores centros de cultura mundial terá de se curvar ante a “clínica privada” desse cirurgião patrício. Sem comentários!... * * * O OXIGÊNIO E O CÂNCER Ao iniciarmos este tópico sobre as relações entre o oxigênio e o Câncer, apraz-nos ceder a palavra ao Prof. Ernest Ayre, Diretor do Instituto de Câncer, de Miami, (E.U.A.), quando de sua visita ao Brasil, em 1956. O renomado cientista, em declaração à imprensa, focalizou tema sumamente interessante, ao dizer que “já se tem um ponto de partida para combater o Câncer”, e salientou estar definitivamente comprovado por pesquisadores americanos que as células normais, em meio carente de oxigênio, se transformam em cancerosas; portanto, “que o oxigênio será, certamente, o ponto central de processos a serem descobertos para a cura do Câncer, em qualquer estágio em que a doença se apresente”. Reporta-se, provavelmente, o Professor Ayre às experiências realizadas no Instituto Charles-Huggins, de Chicago, as quais nos referiremos pouco adiante. Não é nova, também, a premissa que a ciência americana acaba de aprofundar. Está intimamente ligada à centenária teoria celular, sobre a qual pontificaram luminares do passado. Em 1839, Schwann enunciou-a. Em -58, dizia Leydig: “Cada célula à sua célula”, o que – mutatis mutandis – foi repetido por Virchow, considerado o Pai da Anatomopatologia. François Magendie, professor do grande Claude Bernard, afirmava: “os fenômenos patológicos são os fisiológicos modificados”. E seu ilustre Discípulo HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 34
  • 35. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS exarava: “É somente a célula que vive; o resto não é senão acessório.” Brounhial postulava: “O estudo da respiração deveria preceder e dominar a toda Fisiologia, toda Patologia e toda Higiene, pois é ela o princípio movente da vida.” Pasteur ensinava: “As células cancerosas, mantidas num meio pobre de oxigênio, se reproduzem em multiplicações sucessivas, chegando a decompor o protoplasma, para dele retirar o oxigênio de sua constituição. As células cancerosas se comportam como um fermento, e não como células normais.” São do Prof. Otto Warburg, diretor do Instituto de Fisiologia Celular Maxplanck, de Berlim (prêmio Nobel em 1931) as seguintes conclusões: “Qualquer interferência no processo respiratório no período de desenvolvimento celular constitui, do ponto-de-vista de fisiologia do metabolismo, a causa dos tumores. Se a respiração de uma célula em crescimento foi perturbada, a célula morre. Se não morrer, o resultado será um tumor. Isso não é teoria, mas um sumário compreensível da reunião de todas as observações postas ao nosso alcance, até o presente”. Segundo ainda Warburg, “uma vez estabelecida a perturbação respiratória, a anomalia seria hereditariamente transmitida a todas as gerações de células sucessivas”. O injustiçado Prof. Raoul Estripeant (da Escola de Antropologia de Paris e da Escola Superior de Antropo-biologia) também afirma: “A eclosão e a evolução do Câncer são favorecidas pela carência de oxigênio no processo metabólico celular”. Alinhamos essas opiniões altamente valiosas, oriundas de grandes HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 35
  • 36. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS expoentes da Ciência, para reforçar o alvissareiro depoimento que o Prof. Ayre trouxe, há dois anos, referindo-se certamente a um fato de transcendental importância, ocorrido há pouco em seu País. É que, até então, não fora possível conseguir, em cultura artificial de tecido celular, transformar em cancerosas, as células normais. Pois isso está hoje definitiva e insofismavelmente comprovado, graças aos trabalhos dos cientistas e pesquisadores Henry Gladblat e Gladys Cameron, do Instituto Charles Huggins, de Chicago, que o fizeram pela carência do oxigênio, e mais: enxertando tecidos cancerosos em animais obtiveram a formação de tumores malignos enquanto as células que serviram de prova, em meio rico de oxigênio, continuaram normais. Ora, isso é a confirmação das ideias do eminente Warburg... Essa experimentação tem cunho revolucionário, pois fez ruir as diversas teorias que vinham procurando explicar a etiologia do Câncer e abre novos horizontes à sua terapêutica. Confirma, ainda, a opinião dos “Não-Conformistas” de ter o neoplasma caráter geral, e não local, como quer a corrente Ortodoxa. No Brasil, o inolvidável Mestre Álvaro Osório de Almeida, um dos nossos maiores fisiologistas, esposava a premissa de oxigenação celular e fez exaustivas experiências em busca de uma terapêutica estruturada nesse princípio. O grande Ehrlich, que descobriu o 606 (Salvarsan) e depois o 914 (Neo- Salvarsan) procurou em vão a “bala mágica” como dizia, que pudesse agir diretamente sobre o metabolismo das células desregradas, sem afetar as normais, apresentando provavelmente os seguintes requisitos básicos: a) agente que, dadas suas mínimas proporções, lograsse circular livremente através de todas estruturas celulares; b) com grande poder absortivo para o oxigênio; c) com tropismo seletivo pelas células neoplásicas ;d) rápida e fácil eliminação; e) atoxidez. E há mais de um ano (22-11-1957) chegava-nos de Nova Iorque a notícia de que um cientista soviético, o Dr. G. F. Gaud, do Instituto de Antibióticos da Academia de Ciências de Moscou, sustentava que a diferença entre as células normais e as cancerosas é que as primeiras obtém o oxigênio por oxidação, e as outras por fermentação. Nesse setor (de oxigenação celular) devemos por em justo relevo os trabalhos notáveis – infelizmente inacabados – do nosso grande fisiologista Alvaro Osório de Almeida. Isso nos leva a concluir que se impõe no terreno bravio do Câncer um reajustamento equitativo, em que a ortodoxia oficial sem estrutura racional e HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 36
  • 37. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS científica visível – ceda lugar a pesquisas honestas (sejam ou não feitas por médicos), em nome dos mais comezinhos princípios de humanidade. O erro básico, criminoso mesmo, é a dispersão de esforços que existe no setor dessa moléstia. Avalia-se em alguns milhares o número de cientistas de incontestável valor que pesquisam oficialmente o problema do Câncer, em todo o mundo; que buscam afanosamente solução para o terrível mal; fazen-no, porém, circunscritos a postulados próprios, vendo-o pelos mais diversos primas, enclausurados em sua Torre de Marfim, convictos de serem os detentores da vera Ciência. Se se unissem todos, sem ortodoxias inoperantes, num esforço comum, o fantasma do Câncer ruiria como um castelo de cartas de jogar. Razão tem o Prof. Niehans quando diz: “Há ainda muita coisa por fazer. Se cada um de nós completasse o seu acervo com o conhecimento dos outros, em lugar de brigarmos uns contra outros, nós dominaríamos o Câncer”. * * * PRETENSAS CAUSAS FÍSICAS DO CÂNCER Retornemos aqui aos comentários que anteriormente vínhamos fazendo. Procura-se, como já foi dito, em todo o mundo, explicar a incidência do Câncer na civilização atual, num crescendo assustador. Sobe a centenas o número de substâncias consideradas cancerígenas, baseadas no princípio – ação irritativa; muitas com vastas abonações laboratoriais e estatísticas. Dentre as mais acoimadas nestes últimos tempos, está a poluição do ar que se respira nas cidades, devida à queima dos derivados do petróleo, nos motores de combustão interna (automóveis, ônibus, etc.). Que contém hidrocarbonetos cancerígenos. Ininterruptas experimentações vem sendo feitas por toda parte e minuciosas estimativas são levantadas; todas ao que parece, procurando corroborar a mesma conclusão: ser a corrupção da atmosfera a causadora, pelo menos, dos cânceres pulmonares, o que leva à tremenda expectativa de que dentro de limitado tempo, as populações das grandes cidades terão os pulmões cancerizados, pois é praticamente impossível evitar, ou mesmo diminuir a HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 37
  • 38. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS conspurcação da atmosfera pelos resíduos do petróleo em suspensão etc. Há sempre, e infelizmente, tendência inata em todas escolásticas para a generalização de suas premissas e para procurar impô-las arbitrariamente. Dessa conjuntura não escapou a poluição da atmosfera como fator cancerígeno. Porquanto, se assim fosse, de há muito a Humanidade teria sido extinta, vitimada pelo Câncer. Isso, se levarmos em conta que, através dos tempos, até o advento da eletricidade, a iluminação era feita à base da queima de resinas e substâncias oleaginosas; depois, por gás de iluminação e petróleo, todos eles ricos em hidrocarbonetos que se desprendiam pela queima, dispersando-se não- raro, em ambientes restritos. Atualmente, ainda a iluminação das classes pobres de vastas zonas do interior brasileiro é primitiva, onde se constata que uma lamparina das de torcida, queimando petróleo, para iluminar um pequeno dormitório, desprende tanta fuligem que os que nele dormem, ao amanhecer, tem as fossas nasais enegrecidas, o que evidencia a ação direta e constante dos gases emanados do ouro negro.7 Entretanto, as estatísticas demonstram ser a incidência do Câncer muito menor no passado que o é atualmente; bem como menor é no interior que nas grandes cidades iluminadas a eletricidade; a ponto de ser ele denominado Mal da Civilização. Pelas mesmas razões não aceitamos o fumo como produtor do Câncer, embora ultimamente se sucedam as opiniões em favor dessa asserção. Fala-se até em estatísticas comprobatórias, bem como em testes realizados por máquinas de fumar etc.. Admitimos, entretanto seja o tabagismo fator exacerbativo onde já haja lesões iniciais. É a controvérsia que se eterniza do incógnito Câncer ou grande enigma, como o classificam seus atuais “donatários”, entre nós. * * * TEORIA INFECCIOSA Promana essa teoria dos geniais trabalhos de Louis Pasteur e preceitua ser a neoplasia maligna causada por um germe (oficialmente ainda não reconhecido); enfermidade de caráter geral, apresentando evolução lenta e sinuosa e sendo a tumoração fase já avançada do processo morboso. 7 Não deve ser confundida: Substância Cancerógena – que dizem capaz de produzir Câncer – com a que pode exacerbar a eclosão desse morbo. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 38
  • 39. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Seu tratamento deve ser procurado no arsenal quimioterápico8 , ou mesmo bioquimioterápico... * * * A OBRA DE PASTEUR Verdadeiramente, não se pode falar a obra de Pasteur sem fazer a justiça de a vincular à descoberta do microscópio, pelo holandes Zacarias Janssen, em 1590. Ali por 1675, outro nerlandes, Leeuwenhock assinalava a existência de seres infinitamente pequenos, visíveis somente com o auxílio desse prestantíssimo instrumento, que se veio aperfeiçoando através dos tempos. Kircher, Spallanzani e outros ligaram aos micro-organismos as causas das moléstias. Mas só em 1762 foi que Plenciz afirmou em caráter oficial que havia uma semente para a enfermidade. Durante quase um centenário, a ideia do micróbio como responsável por doenças flutuou no ar das cogitações científicas, pois somente nos meados do século passado tomou forma definitiva, graças aos trabalhos de Louis Pasteur. O nome desse genial francês agiganta-se e projeta-se através de todo o mundo, abrindo para a Medicina novos horizontes e redimindo a Humanidade dos pesados e terríveis tributos que vinha pagando periodicamente com as milhares de vidas ceifadas, pelas mais diversas enfermidades. Sua obra é uma epopéia magnífica, resultante de porfiada luta que teve de enfrentar contra os postulados ortodoxos da Ciência do seu tempo, derrubando princípios oriundos de muitas centúrias (Hipócrates, Galeno e tantos outros), que suas teorias contraditavam e modificavam radicalmente, dando nova contextura e apontando outros rumos à Medicina mundial. Venceu gloriosamente Louis Pasteur, recebendo em vida, quando já velho e alquebrado, a consagração universal a que fizera jus. Foi homenageado por quase todas nações, inclusive o Brasil. Entretanto, dois fatos nossos podem dar ideia de incompreensão que rondava os trabalhos do grande Mestre. Contava-nos o velho e inesquecível Professor, Egas Moniz Barrêto de Aragão (Pition de Vilar), que lecionava Parasitologia, na Escola de Medicina da Bahia (Farmácia) que certo catedrático daquela faculdade, no início da era 8 Nota do divulgador: na época da publicação desse livro, ainda não havia a quimioterapia para o Câncer, mas essa quimioterapia que a cancerologia ortodoxa nos propõe, no século XXI, não resolve o problema da moléstia cancerosa. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 39
  • 40. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS microbiana, para negar-lhe a realidade, costumava dizer em aula: – “Só acreditarei em micróbios, quando pegar um pelo rabo”. Outro titular, esse da faculdade de medicina do Rio de Janeiro (Cirurgia) afirmava em livro didático, ter visto – sem auxílio de microscópio – espécimes do hematozoário de Laveran (micróbio responsável pela Malária) em abundância, em abcesso dessa moléstia!... A gigantesca obra de Pasteur continuou e fez prosélitos em todo o mundo, dando início, por toda parte onde se cultivava a Ciência Médica, a um surto febril de estudos e pesquisas. A causa de muitas moléstias foi identificada, bem como novos tratamentos e meios profiláticos foram postos em evidência. É grande o número de discípulos (ou continuadores) do sábio francês. Citaremos os principais. Em 1875 Hansen descobre o bacilo da Lepra; em -79 Neisser isola o da Blenorragia; em -80 Eberth evidencia o do Tifo e Laveran menciona o da Malária; em -82 Koch revela o da Tuberculose e pela mesma época Gessard identifica o do Puz Azul; em -83 Klebs e Loeffler patenteiam o da Difteria e Fehleisen encontra o da Erisipela; em -84 Nicolaier dá a conhecer o do Tétano; em -87 Weichsenbaum denuncia o da Meningite; em -89 Ducrey divulga o do Cancro mole; em -92 Nocard aponta o da Psitacose - “Em -94 Yersin e Kitasato deparam o da Peste; em -97 Xiga e Kruse topam com o da Disenteria; em 1905 Schaudinn e Hoffmann mostram mostram ao mundo a verdadeira causa da Sífile; no ano seguinte Bordet e Gengou indicam o agente responsável pela Coqueluche; em -23 Dochen registra o da Escarlatina etc. etc.. Quanto à Imunologia, ensaiou seus primeiros passos nos trabalhos de Roux e Yersin (1888), Buchner (-89) e Behring-Kitasato (-90). No Brasil tivemos as magníficas realizações de: Osvaldo Cruz, Carlos Chagas, Cardoso Fontes, Adolfo Lutz, Vital Brasil, Henrique Aragão, - para citar somente os mortos – todas elas orientadas pelo rastro luminoso de Pasteur. Mas, por outro lado, fugiríamos ao cunho informativo que vimos dando ao presente trabalho, se calássemos que, ultimamente, a doutrina do genial pesquisador francês tem sofrido sérios impactos. No estado atual da Biologia já não se afirma categoricamente que a invasão microbiana parte sempre do exterior; porém que “os micróbios patogênicos podem perfeitamente ser endógenos e resultar naturalmente de um organismo viciado.” (D'Autrec, ob. cit., pág. 182). HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 40
  • 41. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Talvez pressentindo isso, dizia nos últimos dias de sua vida o próprio Pasteur a um professor amigo seu: – “Renon, Claude Bernard é que tinha razão: o germe não é nada; o terreno é tudo!...” * * * OS AGENTES INFECCIOSOS NA ETIOLOGIA DO CÂNCER No setor do Câncer, inúmeras pesquisas para identificar o agente infeccioso tem sido e continuam a ser feitas, desde Pasteur, que pessoalmente o investigou. As indagações continuam em todo mundo. Periodicamente, de um ponto qualquer, vem a notícia da descoberta do elemento etiológico do Câncer. Sobem a milhares, talvez, os homens de laboratório que julgam ter encontrado esse desconhecido e cobiçadíssimo agente, mas a comprovação científica ainda não foi feita oficialmente. A nosso ver é a teoria infecciosa, para a causa da referida moléstia, a mais sedutora, dentre as até agora apresentadas; e, pelo menos, a mais lógica, a que mais se presta a uma interpretação racional, possibilitando explicar todas as outras no seu próprio âmbito de ação. O Dr. Arturo Guzmán, no Prólogo do livro “El Câncer”, (Buenos Aires, 1946) de John Hett, chama a atenção para os seguintes fatos: “a) Que o Câncer se apresenta em todos os vertebrados; b) Que é uma condição tipicamente específica, que aparece, desenvolve- se e termina – tempos depois – exatamente do mesmo modo em todos os casos; c) Que em qualquer parte do corpo onde ocorra, apresenta as mesmas características na sintomatologia e microscopia, quando situado inicialmente em tecidos idênticos do corpo; e meditando sobre a), b) e c), chega-se facilmente a d) Que a mesma causa está presente em cada caso, sem exceção; e e) Que a causa única de aplicação universal é um micro-organismo. Não é possível chegar a outra conclusão, o que se confirma se se tem presente o fato perfeitamente estabelecido de que o Câncer nunca se desenvolve num corpo se prévio infecto-contágio dos viros-germes desse morbo. É, pois, HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 41
  • 42. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS necessário que o corpo hospede anteriormente os viros-germes dessa enfermidade e se torne vulnerável à ação desses agentes externos, para que reaja defensivamente, criando o tumor canceroso, para tratar de destruir tanto os vírus como suas toxinas.” (Págs.17-8). * * * MICRÓBIOS, VIROS E BACTÉRIOS Cremos aqui oportunas algumas palavras para o público leigo, em geral, sobre: Micróbios, Viros e Bactérios. Os micróbios são seres infinitamente pequenos, somente visíveis através do microscópio, como já foi dito. Seu tamanho varia: há maiores, menores e muitíssimo pequenos. Podem ser medidos pela unidade que se criou em microscopia, micro, que é a milésima parte do milímetro. Tem origens diferentes. Uns, são animais, os protozoários, como as amebas, responsáveis pela Disenteria amebiana, o treponema pálido (Sífile), os hematozoários, (Malária, etc.). Outros são vegetais, os bactérios, como o bacilo de Koch (Tuberculose), o bacilo Eberth (do Tifo), o pneumococo (Pneumonia), o gonococo (Blenorragia) etc.. Existem também fitozoários, considerados como pontos-de-ligação entre os reinos animal e vegetal, pois se comportam como pertencendo a ambos (como os mixomicetes, por exemplo). Os muito menores são os vírus, de origem desconhecida, como também o é em parte sua biologia. Até a descoberta do microscópio eletrônico, eram eles somente suspeitados, aceitos teoricamente, dado serem invisíveis ao microscópio comum, e chamados, por isso, ultramicroscópicos; ou filtráveis, por atravessarem os poros de filtros. O microscópio eletrônico possibilitou vê- los e fotografá-los, graças ao seu aumento (os mais modernos alcançam até 100.000 vezes), enquanto o do comum é de 1.200 vezes, o que vem favorecendo ao estudo ao estudo dos vírus em escala crescente. A esses é, de há muito, atribuída a causa de todas as moléstias infecto-contagiosas, cujos agentes são desconhecidos, como a Varíola, o Sarampo, a Gripe, a Raiva, a Poliomielite, etc..9 De algumas já se tem anunciado a identificação do ser vivo responsável, principalmente da Pólio; o da Gripe é ainda objeto de discussão. A questão do viro é bastante curiosa. Discutia-se, até bem pouco tempo, se ele tinha ou não vida própria, mas está provado que os vírus se multiplicam, 9 Nota do divulgador: lembrem que este livro foi publicado em 1959. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 42
  • 43. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS e a reprodução é atributo de vida. Stanley, nos Estados Unidos, conseguiu-os em forma de cristais impuros, e Bawdon e Pirie, na Inglaterra, os obtiveram em cristais puros, o que tornou o assunto transcendental, pois a cristalização era, até a época, tida como inerente às substâncias inanimadas, ao passo que os vírus são cristalizáveis e vivem. As opiniões se dividem: uns julgam serem eles entidades viventes, autônomas em relação às outras formas superiores de vida; outros crêem-nos a mais primitiva forma de vida existente na Terra; outros, ainda, opinam serem o “elo perdido” ou melhor, “desconhecido”, isto é,: o traço-de-união entre a matéria animada e a inanimada. De acordo com essa teoria, os vírus seriam os antecessores das gênias na vida geral, e não, como querem outros, os remanescentes degenerados de gênias preexistentes. Os bacteriologistas vacilam em aceitá-los como bactérios em miniatura (dez a cinquenta vezes menores), muito embora os vírus cristalinos, vivam como aqueles e os corpúsculos riquetsianos, sendo menores que os bactérios (ainda que visíveis ao microscópio comum), sob certos aspectos, se comportem como vírus e possuam também forma de vida perfeitamente organizada. Às futuras investigações caberá o esclarecimento desse intrincado e complexo problema, pois, até aqui, continua em suspenso. * * * VIRO E CÂNCER Não tendo sido possível até agora comprovar perante a Medicina Oficial o agente infeccioso responsável pelo Câncer humano, os partidários dessa teoria também o atribuem a um ou alguns vírus. O contágio por inoculação já foi obtido e sobejamente provado.10 No período 1910-14, Peyton Rous11 , no Instituto Rockfeller, de Nova 10 Nota do divulgador: O ex-presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que desafiou o poderio do governo dos Estados Unidos morreu de um câncer que, segundo ele mesmo, teria lhe sido provocado. Ora, nesse texto vemos que o câncer pode ser inoculado, o que está de acordo. Há uma guerra silenciosa – a guerra biológica – em que opositores políticos são contaminados sem que os verdadeiros culpados sejam responsabilizados. Eu mesmo contraí herpes sem que haja uma explicação médica plausível. De fato, os poderosos tentam me por fora de combate há quase dez anos, por me considerarem perigoso para o poder constituído, já que estou denunciano o governo federal brasileiro por tentarem me matar, bem como o sistema religioso. Uma das formas que eles tem para me silenciar é me contaminando, a fim de justifucarem meu desaparecimento. 11 Principalmente por se tratar de cientistas que viveram mais-ou-menos na mesma HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 43
  • 44. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Iorque, conseguiu transmitir a neoplasia maligna em galinhas, por injeção de filtrados ativos de tecido canceroso (isento de células, por terem essas ficado retidas nos filtros). Verificou que essa contaminação podia ser repetida num grande número daquelas aves, cuja tumoração apresentava as mesmas características. Mas, se o filtrado fosse aquecido a 60º (sessenta graus) ou tratado por substância antissética, não transmitia a moléstia, o que demonstrava ser o Câncer da galinha produzido por agente infeccioso. Shope em 1933, chegou aos mesmos resultados, em coelhos; e depois Lucke, em rãs. Tais pesquisas tiveram estrondosa repercussão em todo o mundo científico que se interessa pelo Câncer, pois ratificaram a natureza infecciosa da neoplasia, em determinados animais. As experiências de Bittne e de Andervont provaram também que o leite da mama da camundonga cancerosa transmite a moléstia a outro camundongo, se ingerido por via gástrica ou injetado dentro de um período de oito a dez meses. No tratado “Câncer” de Ackerman e Regato, lê-se: “Por conseguinte, não há dúvida de que pelo menos três variedades de neoplasmas, tanto em mamíferos como em aves são produzidas por entidades submicroscópicas que se perpetuam, por si próprias e cujas atividades se relacionam com um complexo de nucleoproteinas. Por outro lado, é interessante perguntar se todos os neoplasmas são causados por vírus; ou se esses não são meros originadores de reação neoplásica e se tem, ou não, participação mais direta na cancerização das células.” (Pág. 31) Não há, portanto, dúvida, de que o Câncer das galinhas, dos coelhos, das rãs e outros animais é produzido por vírus, isto é: tem origem infecciosa e apresenta o mesmo mecanismo (desregramento celular) que o do homem. Cumpre assinalar que já se conhece uma boa dezena-e-meia de classes diversas desses micro-organismos. Assim, porque não admitir ser também o Câncer humano de caráter infeccioso? As explicações dadas por aqueles Mestres da Medicina Clássica – não ter sido identificado o agente causador desse último, ou não haver sido feita comprovação científica – são vagas e elásticas, senão tendenciosas. época (e se dedicaram ao mesmo assunto), cumpre não confundir esse médico norteamericano – Francis Peyton Rous – com o higienista e bacteriólogo francês Pierre- Paul Émile Roux, que deixamos citado neste mesmo capítulo, ao tratarmos dos primórdios da Imunologia. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 44
  • 45. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS Muitos são os seres microbianos encontrados em lesões cancerosas: protozoários, bactérios, cogumelos e vírus, mas a prova da responsabilidade deles é extremamente difícil, visto ser o processo mórbido, via-de-regra, lento, sinuoso e depender de experimentos entre homens, o que se nos afigura criminoso e desumano. Necessário se fazia encontrar o animal recipiendário do Câncer humano, como aconteceu na Poliomielite, para a qual apareceu um macaco salvador. Foi exatamente o que descobriu o cientista brasileiro Dr. Paulo de Castro Bueno, de cuja obra falaremos oportunamente. A Dra. Alice Moore, vem experimentando em doentes voluntários determinados vírus, no Hospital James Ewing – que faz parte da cadeia nosocomial dirigida pelo ilustre Professor Rhoads. Provavelmente, nesses casos, não há impiedade, embora, ao que se sabe, tal terapêutica não seja isenta de perigos. Mas lá é o General Staff... Estrutura-se o trabalho da Dra. Moore, na possibilidade que tem determinados vírus de destruir tumores cancerosos de camundongos, embora lhes causem uma infecção que os leva à morte. Esse o problema que vem procurando solucionar a distinta médica americana, a qual, segundo, informa, dispõe atualmente de um plantel de virus tipo “coxakie”, com elevado poder aniquilador sobre várias formas de Câncer humano. * * * ESQUECIDA UMA VALIOSA CONTRIBUIÇÃO BRASILEIRA As experiências com vírus, da Dra. Alice Moore, fazem-nos recordar algo semelhante, com relação à Tuberculose, intentado por ilustre médico brasileiro. O Dr. Fontes Magarão, sabendo que os bacilos sutis tem o poder de “lisar” os dessa doença em curto período, procurou estudar a fundo a questão, com a honestidade e proficiência que lhe são peculiares. Muito conseguiu nesse setor, tanto assim que seus trabalhos tiveram repercussão internacional. Verificou, também que os filtrados dos bacilos sutis, quando aplicados, produziam fortíssima reação e alarmante elevação de temperatura, o que punha em risco a vida do paciente. Descobriu o antibiótico chamado Sutilina. Esses estudos parece terem sido abandonados, sob a pressão das eternas dificuldades impostas aos pesquisadores nacionais. HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 45
  • 46. A VERDADE SOBRE O CÂNCER AO ALCANCE DE TODOS * * * TEORIA GENÉTICA Resumidas que foram três das principais concepções etiológicas do Câncer – a Embrionária, a Irritativa (bioquímica e biofísica) e a Infecciosa, passemos agora a dizer algo sobre a Teoria Genética. Seus seguidores ligam o Câncer a fatores hereditários. Dentre as inúmeras tentativas feitas no sentido de provar esse ponto-de- vista, principalmente nos Estados Unidos, merecem ressaltados os trabalhos da Dra. Maud Slye, de Chicago, que dedicou uma vida inteira a estudos e experiências com ratos. Não obstante, todos os seus esforços, apesar da dedicação com que a Pesquisadora os cercou, resultaram inúteis, pois embora tivesse ela criado grande número – milhares – desses roedores, anotando o “pedigree” de cada um e fazendo cuidadosas necropsias, seus espécimes não eram geneticamente puros, o que a levou a resultados contraditórios e interpretações difíceis, quando não inaceitáveis. Mais tarde, porém, verificou-se que nos ratos de linhagem pura (o que é conseguido pelo cruzamento entre irmãos, durante muitas – mais de trinta – gerações), noutras palavras: onde havia manifesta consanguinidade, foi obtida a transmissão hereditária do Câncer em 80% (oitenta por cento) dos tentames. Todavia, acasalando-se esse plantel com ratos comuns, a incidência do mal diminuía sensivelmente, ou desaparecia por completo. Ora, em se tratando de seres humanos, semelhante pesquisa torna-se impraticável, pois falta o fator primordial – consanguinidade –, por óbvias razões morais, jurídicas e religiosas. Tal não impede, porém, que, dentro das normas sociais vigentes, haja famílias em que a presença do Câncer é patente (citamos, por exemplo, a de Napoleão Bonaparte), ocorrência essa explicável pelos vínculos hereditários de sensibilidade, favorecidos pela predisposição individual, ou por um coeficiente baixo ou nulo de defesa orgânica contra a enfermidade. Daí admitirem a existência de um índice genético para explicar a etiologia do Câncer, isto é: que sua causa também esteja ligada a fatores hereditários. * * * TEORIA HUMORAL-VIRÚLICA HEYDER DE SIQUEIRA GOMES 46