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Notícia telegrafada, veiculada em
                             jornais de todo o mundo, a 6 de mar-
                              ço de 1925: “Chegou na capital do
                               Mato Grosso o militar inglês P. H.
                              Fawcett, pronto para explorar cida-
                               des soterradas nos sertões mato-
                             grossenses e pesquisar a existência
                               de ouro nas minas que encontrar
                              pelo caminho. Fawcett avisa que só
                              voltará depois de encontrar as ruí-
                                nas de uma cidade originária da
                                           Atlântida.”



                             Ano: 1925. Lugar: selvas brasileiras, onde fica hoje
                             o Parque Nacional do Xingu. Percy Harrison
                             Fawcett, coronel do exército britânico, é conhe-
                             cido hoje como um dos maiores aventureiros da
                             vida real. De fato, sua história, já contaminada
                             com muitos boatos, é muito mais interessante que
                             qualquer filme de aventura.
                             Fawcett já havia cruzado o mundo trabalhando
                             para o exército inglês, mas o Bra-  sil tinha
                             algo que o fascinaria. Lendas so-
                             bre uma cidade perdida, ainda
                             habitada por índios de pele
                             branca, deixaram Fawcett ob-
                             cecado. Um povo originado
                             pelos sobreviventes da
                             Atlântida, nos confins das sel-




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por
          André
          Diniz



       vas brasileiras. Uma cidade lendária, conheci-
       da por outras culturas como Muribeca, ou ain-
       da, Eldorado.
       O coronel organizou duas expedições ao
       Brasil. Na primeira, Fawcett não encon-
       trou sua cidade, mas obteve indícios
       que o animariam a organizar uma
       nova expedição. Como ele demons-
       trou, em uma carta dirigida a jornais
       de todo o mundo:
       “ Não duvido um só instante da exis-
       tência dessas velhas cidades. Eu
       mesmo vi parte de uma delas - e essa
       é a razão pela qual achei que deveria
       fazer novas expedições. Viajei por lu-
       gares ainda não explorados, os índios
       têm me falado de construções antigas, de
       seu povo e mais coisas estranhas exis-
       tentes nestes locais. Se tiver bastante sorte
       e conseguir atravessar a região de índi-


       O Coronel Fawcett, em uma de suas expedições




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os selvagens e regressar vivo, terei condições
                              de ampliar imensamente o nosso conhecimen-
                              to histórico. “
                              Uma estatueta de basalto, que Fawcett ganhara
                              de H. Rider Haggard, o autor de As Minas do
                              Rei Salomão, justificaria por si só todo o mito
                              criado em torno do coronel. Além de cinco
                              inscrições indecifráveis em seu peito, uma par-
                              ticularidade da estatueta intrigava a todos que
                              nesta tocavam. Mais uma vez, as palavras do
                              próprio Fawcett:
                              “Existe uma propriedade particular nessa ima-
                              gem de pedra, e todos podem senti-la ao to-
                              car a mão. Estranhamente, uma corrente
                              elétrica atravessa o braço da gente, causando
                              um choque tão forte que muitas pessoas a lar-
                              gam de imediato. Acredito sinceramente que
                              ela veio de uma das cidade perdidas. Quando
                              descobrir os significados existentes nela, des-
                              cobrirei também o caminho para chegar no
                              lugar de onde se originou.”
                              Em 1925, Fawcett desapareceu nas
                              matas brasileiras em busca da solu-
                              ção destes enigmas. Com uma ex-
                              pedição de apenas mais duas
                              pessoas: os jovens Rimmel e Jack,
                              seu filho. Não voltaram mais. En-
                              tre várias hipóteses, como a de que
                              eles teriam sido mortos por índi-
                              os, prevalece na mente daqueles
                              que acreditam em Fawcett a de
                              que eles realmente encontraram
                              a civilização que buscavam para
                              viver lá para sempre.


                             O ídolo que Fawcett carregava sempre consigo




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Jack Fawcett, o filho.
       Parece estranho uma expedição
       deste porte com apenas três pes-
       soas. Para o coronel, os jovens
       Jack Fawcett e Rimmel eram o
       reforço necessário para a sua bus-    do uma figura curiosa. Aliás, mes-
       ca. Ficou clássica uma discussão      mo antes de nascer, o rapaz pa-
       que Fawcett teve com o marechal       recia já estar com o destino tra-
       Cândido Rondon, que insistiu          çado.
       para que o trio fosse acompanha-      Fevereiro de 1903, no porto de
       do por homens do exército. Mas        Ceilão (atual Sri Lanka). Se algum
       Fawcett fincou pé. O velho des-       dia um filme for feito sobre este
       bravador não gostava de grandes       caso, provavelmente será neste
       expedições. Estas, segundo ele,       mesmo instante e local que co-
       estariam fadadas ao fracasso.         meçará a primeira cena. Nina, a
       Se o protagonista desta saga é, in-   esposa de Fawcett, o abraça,
       discutivelmente, o Fawcett pai,       após ver o marido desembarcar
       é em Jack que os místicos que es-     do navio que o trazia de volta,
       tudam o caso concentram sua           após meses em alto-mar. Nina
       atenção. À primeira vista parece      está grávida e Fawcett logo quer
       estranho, afinal Jack não tinha       saber como está seu filho. O ca-
       personalidade forte, nem teve um      sal ainda se abraça, quando é
       papel decisivo no que diz respei-     abordado por cinco homens.
       to à busca da cidade perdida.         Fawcett logo repara nas vestes
       Cabe lembrar que Jack só acom-        destes homens, que se vestem
       panhou o pai na última viagem,        como monges budistas. Eles se
       e que as pesquisas do coronel se      anunciam como profetas e dizem
       iniciaram muito antes do filho        que vieram da Índia, unicamen-
       nascer. Mas, mesmo repassando         te para transmitir-lhe uma profe-
       estes dados, Jack continua sen-




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cia. Mesmo diante da reação de Fawcett, que
                             estranha muito aquela abordagem, eles conti-
                             nuam a explicação. A profecia diz respeito a
                             um menino. Dizem isso e apontam para a bar-
                             riga de Nina.
                             - Um espírito muito luminoso está reencarnando
                             como seu filho. Ele vem com a missão de ser o
                             pai de uma nova raça na Terra. Quando cres-
                             cer, este garoto vai acompanhá-lo em viagens
                             para lugares distantes no sul, onde serão dados
                             como desaparecidos. Lá, o seu filho será a se-
                             mente de uma nova civilização.
                             Nada mais foi dito pelos profetas budistas. Re-
                             almente, anos depois, a profecia se concreti-
                             zou, ao menos no que diz respeito ao desapa-
                             recimento dos dois.
                             Jack cresceu, e tornou-se um rapaz estranho.
                             Seu rosto era como o de um bebê, jamais tendo
                             crescido sequer um fio de barba (quando desa-
                             pareceu, Jack já tinha 25 anos). Sempre foi um
                             rapaz muito introspectivo e pouco sociável, e
                             nunca demonstrou muito interesse pelo sexo
                             oposto. Muitos acham que estas características
                             reforçam a profecia, ligando tanta introspecção
                             ao fato de Jack, de certa forma, não pertencer a
                             esse mundo.


                                         Eldorado
                                              ado.
                             A cidade de Eldorado.

                             Segundo lendas indígenas,
                             Manoa, ou Eldorado para os
                             espanhóis, seria uma cidade
                             repleta de construções de


                            Jack Fawcett, antes do desaparecimento




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ouro, incluindo o próprio chão
        onde seus habitantes pisavam.
        Muitos aventureiros determina-
        dos a encontrar este tesouro de-
        sapareceram para sempre. Mas o
        interesse de Fawcett não estava       com os índios, Diego foi
        (só) no ouro. Em todo aquele          encntrado, e mudou-se para a
        empenho, havia muita paixão,          Bahia, trazendo sua esposa. Anos
        obsessão e busca da verdade.          depois, o sobrinho de Diego tam-
        Fawcett, na verdade, tinha o          bém casou-se com uma índia
        exato perfil de um aventureiro ro-    Tupinambá, indo viver entre
        mântico.                              eles. Foi, então, apelidado de
        Os primeiros séculos da nossa         Muribeca. E foi seguindo os re-
        história foram sempre marcados        latos dos índios que Muribeca
        por lendas e boatos sobre             descobriu várias minas de ouro,
        fartíssimas minas de ouro e prata     prata e pedras preciosas. Tor-
        existentes no interior do país. Es-   nou-se um homem muito rico e
        tas lendas sempre atraíram aven-      sua descoberta repercutiu até na
        tureiros e mercenários dos mais       Europa.
        diversos cantos, todos dispostos      Bem, Muribeca teve um filho, o
        a comprovar a veracidade na           qual chamou Robério Dias. No
        existência destas minas. Fawcett      começo do século XVII, Robério
        pesquisou todos estes relatos, e      resolveu pedir a D. Pedro II o tí-
        um em especial, que diz respei-       tulo de marquês (não confundir
        to à expedição de Diego Alvarez.      com o nosso D. Pedro II, esse
        Nos primeiros anos de descober-       outro era rei de Portugal!). Em
        ta do Brasil, a caravela de Diego     troca, Robério teria a oferecer a
        naufragou no litoral
        brasileiro. Único so-
        brevivente do naufrá-
        gio, Diego foi resgata-
        do por índios da tribo
        dos tupinambás, ca-
        sando-se, depois, com
        uma índia, de nome
        Paraguaçu. Após anos

        A expedição Fawcett




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exata localização das minas descobertas por
                                seu pai. O rei não era lá flor que se cheirasse,
                                e tramou logo um plano. Disse aceitar o acor-
                                do, mas o título só seria deferido após as mi-
                                nas serem encontradas. Robério acompa-
                                nhou, então, os militares destacados para lo-
                                calizarem as minas, indicando o caminho a
                                eles. Mas, durante a viagem, Robério conse-
                                guiu abrir o envelope que acreditava conter
                                o título de marquês, e teve uma desagradável
                                surpresa. O envelope continha apenas um tí-
                                tulo de capitão de uma missão militar. Posto
                                irrelevante diante do aspirado título de mar-
                                quês. Revoltado com a traição, Robério re-
                                cusou-se a continuar e não revelou a locali-
                                zação das minas. Foi preso por isso, passan-
                                do anos no cárcere, sempre recusando-se a
                                entregar o local do tesouro. Morreu anos de-
                                pois, levando consigo o segredo que iria me-
                                xer com a imaginação das muitas gerações
                                seguintes.
                                Fawcett tomou conhecimento dessa história
                                em um manuscrito de 1753, conhecido como
                                Documento 512. Resolveu, desde então, des-
                                cobrir a localização destas minas, quando es-
                                tivesse pelo Brasil. A fixação neste objetivo
                                fez com que Fawcett, em 1925, sumisse no
                                meio das matas brasileiras, nunca mais sen-
                                do visto. Mas fez, também, com que Fawcett
                                entrasse para a história do imaginário popu-
                                lar, tornando-se
                                uma verdadeira
                                lenda.




                               Fawcett, em 1924




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Tive o privilégio de ler
por        antecipação                     uma            HQ           maravilhosa
intitulada Fawcett, escrita por André            de tudo, pois o mestre é vivido e dotado
Diniz, ótimo talento da nova geração de          de inteligência enciclopédica. Sem dúvi-
quadrinhistas, e desenhada por ninguém           da, ele é um dos desenhistas brasileiros
menos do que Flavio Colin, lenda viva            que mais lêem. Conversar com Colin é
na arte seqüencial brasileira.                   sempre um aprendizado, pela sua verve
Aqui não falarei de Fawcett, que tem             rica, espirituosa. Ele é um artista comple-
como personagem central o último dos             to que, além de ser quadrinhista de ní-
famosos exploradores ingleses, o Coronel         vel superlativo e de estilo pessoal
Percy Harrison Fawcett, numa saga                inclonável, suas ilustrações de livros,
Amazônica, onde realidade e ficção se            pinturas, talhas e esculturas em madei-
fundem, fermentadas por adrenalina e ma-         ra despertam vivos entusiasmos da críti-
gia. Meu comentário será dispensável,            ca.
pois o próprio leitor poderá viajar nas          Por tudo isso, mestre Colin é colecionador
belíssimas páginas deste álbum, guiado           de incontáveis troféus, prêmios e home-
por suas próprias emoções.                       nagens.
Mas não posso deixar escapar a oportu-           De memória destaco alguns pontos altos
nidade de falar desse incrível artista e ser     no seu esplêndido currículo na área de
humano que é Colin. Quem não teve a              HQ: O Anjo, Shane, Vigilante Rodoviá-
sorte de conhecê-lo pessoalmente e usu-          rio, Sepé Tiarajú, Vizunga, Guerra dos Far-
fruir de sua amizade deve invejar-me.            rapos, Rainha Diaba, Caraíba, O Boi das
Conheci-o no remoto ano de 1962, num             Aspas de Ouro, Antônio Mortalma e este
animado dia do pay-day na Editora Ou-            que o leitor vai começar a ler, Fawcett.
tubro, localizada no bairro da Moóca, em         Que o talento e a garra desse guerreiro
São Paulo. Entretanto, só iniciamos nossa        continuem sempre acesos, servindo de
amizade quando vim para o Rio de Janei-          inspiração a todos nós, veteranos e jo-
ro em 1972, época em que ambos traba-            vens amantes do mágico mundo batizado
lhávamos em publicidade. A partir de             de 9ª Arte.
1976, quando retornamos ao mundo dos
quadrinhos, nosso vínculo tornou-se
como de dois irmãos cosangüíneos, tro-                                     Julio Y. Shimamoto
cando idéias, enfrentando vicissitudes
próprias de um legionário (como o filme
clássico Beau Geste), em troca de parcos
ganhos pela liberdade de sobreviver fa-
zendo o que se gosta.
Embora moremos distanciados um do ou-
tro, mantemos longos contatos telefônicos
ao menos uma vez por semana. Falamos

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Fawcett - Quadrinhos de Flávio Colim & André Diniz

  • 1. FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 1
  • 2. Notícia telegrafada, veiculada em jornais de todo o mundo, a 6 de mar- ço de 1925: “Chegou na capital do Mato Grosso o militar inglês P. H. Fawcett, pronto para explorar cida- des soterradas nos sertões mato- grossenses e pesquisar a existência de ouro nas minas que encontrar pelo caminho. Fawcett avisa que só voltará depois de encontrar as ruí- nas de uma cidade originária da Atlântida.” Ano: 1925. Lugar: selvas brasileiras, onde fica hoje o Parque Nacional do Xingu. Percy Harrison Fawcett, coronel do exército britânico, é conhe- cido hoje como um dos maiores aventureiros da vida real. De fato, sua história, já contaminada com muitos boatos, é muito mais interessante que qualquer filme de aventura. Fawcett já havia cruzado o mundo trabalhando para o exército inglês, mas o Bra- sil tinha algo que o fascinaria. Lendas so- bre uma cidade perdida, ainda habitada por índios de pele branca, deixaram Fawcett ob- cecado. Um povo originado pelos sobreviventes da Atlântida, nos confins das sel- FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 2
  • 3. por André Diniz vas brasileiras. Uma cidade lendária, conheci- da por outras culturas como Muribeca, ou ain- da, Eldorado. O coronel organizou duas expedições ao Brasil. Na primeira, Fawcett não encon- trou sua cidade, mas obteve indícios que o animariam a organizar uma nova expedição. Como ele demons- trou, em uma carta dirigida a jornais de todo o mundo: “ Não duvido um só instante da exis- tência dessas velhas cidades. Eu mesmo vi parte de uma delas - e essa é a razão pela qual achei que deveria fazer novas expedições. Viajei por lu- gares ainda não explorados, os índios têm me falado de construções antigas, de seu povo e mais coisas estranhas exis- tentes nestes locais. Se tiver bastante sorte e conseguir atravessar a região de índi- O Coronel Fawcett, em uma de suas expedições FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 3
  • 4. os selvagens e regressar vivo, terei condições de ampliar imensamente o nosso conhecimen- to histórico. “ Uma estatueta de basalto, que Fawcett ganhara de H. Rider Haggard, o autor de As Minas do Rei Salomão, justificaria por si só todo o mito criado em torno do coronel. Além de cinco inscrições indecifráveis em seu peito, uma par- ticularidade da estatueta intrigava a todos que nesta tocavam. Mais uma vez, as palavras do próprio Fawcett: “Existe uma propriedade particular nessa ima- gem de pedra, e todos podem senti-la ao to- car a mão. Estranhamente, uma corrente elétrica atravessa o braço da gente, causando um choque tão forte que muitas pessoas a lar- gam de imediato. Acredito sinceramente que ela veio de uma das cidade perdidas. Quando descobrir os significados existentes nela, des- cobrirei também o caminho para chegar no lugar de onde se originou.” Em 1925, Fawcett desapareceu nas matas brasileiras em busca da solu- ção destes enigmas. Com uma ex- pedição de apenas mais duas pessoas: os jovens Rimmel e Jack, seu filho. Não voltaram mais. En- tre várias hipóteses, como a de que eles teriam sido mortos por índi- os, prevalece na mente daqueles que acreditam em Fawcett a de que eles realmente encontraram a civilização que buscavam para viver lá para sempre. O ídolo que Fawcett carregava sempre consigo FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 4
  • 5. Jack Fawcett, o filho. Parece estranho uma expedição deste porte com apenas três pes- soas. Para o coronel, os jovens Jack Fawcett e Rimmel eram o reforço necessário para a sua bus- do uma figura curiosa. Aliás, mes- ca. Ficou clássica uma discussão mo antes de nascer, o rapaz pa- que Fawcett teve com o marechal recia já estar com o destino tra- Cândido Rondon, que insistiu çado. para que o trio fosse acompanha- Fevereiro de 1903, no porto de do por homens do exército. Mas Ceilão (atual Sri Lanka). Se algum Fawcett fincou pé. O velho des- dia um filme for feito sobre este bravador não gostava de grandes caso, provavelmente será neste expedições. Estas, segundo ele, mesmo instante e local que co- estariam fadadas ao fracasso. meçará a primeira cena. Nina, a Se o protagonista desta saga é, in- esposa de Fawcett, o abraça, discutivelmente, o Fawcett pai, após ver o marido desembarcar é em Jack que os místicos que es- do navio que o trazia de volta, tudam o caso concentram sua após meses em alto-mar. Nina atenção. À primeira vista parece está grávida e Fawcett logo quer estranho, afinal Jack não tinha saber como está seu filho. O ca- personalidade forte, nem teve um sal ainda se abraça, quando é papel decisivo no que diz respei- abordado por cinco homens. to à busca da cidade perdida. Fawcett logo repara nas vestes Cabe lembrar que Jack só acom- destes homens, que se vestem panhou o pai na última viagem, como monges budistas. Eles se e que as pesquisas do coronel se anunciam como profetas e dizem iniciaram muito antes do filho que vieram da Índia, unicamen- nascer. Mas, mesmo repassando te para transmitir-lhe uma profe- estes dados, Jack continua sen- FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 5
  • 6. cia. Mesmo diante da reação de Fawcett, que estranha muito aquela abordagem, eles conti- nuam a explicação. A profecia diz respeito a um menino. Dizem isso e apontam para a bar- riga de Nina. - Um espírito muito luminoso está reencarnando como seu filho. Ele vem com a missão de ser o pai de uma nova raça na Terra. Quando cres- cer, este garoto vai acompanhá-lo em viagens para lugares distantes no sul, onde serão dados como desaparecidos. Lá, o seu filho será a se- mente de uma nova civilização. Nada mais foi dito pelos profetas budistas. Re- almente, anos depois, a profecia se concreti- zou, ao menos no que diz respeito ao desapa- recimento dos dois. Jack cresceu, e tornou-se um rapaz estranho. Seu rosto era como o de um bebê, jamais tendo crescido sequer um fio de barba (quando desa- pareceu, Jack já tinha 25 anos). Sempre foi um rapaz muito introspectivo e pouco sociável, e nunca demonstrou muito interesse pelo sexo oposto. Muitos acham que estas características reforçam a profecia, ligando tanta introspecção ao fato de Jack, de certa forma, não pertencer a esse mundo. Eldorado ado. A cidade de Eldorado. Segundo lendas indígenas, Manoa, ou Eldorado para os espanhóis, seria uma cidade repleta de construções de Jack Fawcett, antes do desaparecimento FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 6
  • 7. ouro, incluindo o próprio chão onde seus habitantes pisavam. Muitos aventureiros determina- dos a encontrar este tesouro de- sapareceram para sempre. Mas o interesse de Fawcett não estava com os índios, Diego foi (só) no ouro. Em todo aquele encntrado, e mudou-se para a empenho, havia muita paixão, Bahia, trazendo sua esposa. Anos obsessão e busca da verdade. depois, o sobrinho de Diego tam- Fawcett, na verdade, tinha o bém casou-se com uma índia exato perfil de um aventureiro ro- Tupinambá, indo viver entre mântico. eles. Foi, então, apelidado de Os primeiros séculos da nossa Muribeca. E foi seguindo os re- história foram sempre marcados latos dos índios que Muribeca por lendas e boatos sobre descobriu várias minas de ouro, fartíssimas minas de ouro e prata prata e pedras preciosas. Tor- existentes no interior do país. Es- nou-se um homem muito rico e tas lendas sempre atraíram aven- sua descoberta repercutiu até na tureiros e mercenários dos mais Europa. diversos cantos, todos dispostos Bem, Muribeca teve um filho, o a comprovar a veracidade na qual chamou Robério Dias. No existência destas minas. Fawcett começo do século XVII, Robério pesquisou todos estes relatos, e resolveu pedir a D. Pedro II o tí- um em especial, que diz respei- tulo de marquês (não confundir to à expedição de Diego Alvarez. com o nosso D. Pedro II, esse Nos primeiros anos de descober- outro era rei de Portugal!). Em ta do Brasil, a caravela de Diego troca, Robério teria a oferecer a naufragou no litoral brasileiro. Único so- brevivente do naufrá- gio, Diego foi resgata- do por índios da tribo dos tupinambás, ca- sando-se, depois, com uma índia, de nome Paraguaçu. Após anos A expedição Fawcett FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 7
  • 8. exata localização das minas descobertas por seu pai. O rei não era lá flor que se cheirasse, e tramou logo um plano. Disse aceitar o acor- do, mas o título só seria deferido após as mi- nas serem encontradas. Robério acompa- nhou, então, os militares destacados para lo- calizarem as minas, indicando o caminho a eles. Mas, durante a viagem, Robério conse- guiu abrir o envelope que acreditava conter o título de marquês, e teve uma desagradável surpresa. O envelope continha apenas um tí- tulo de capitão de uma missão militar. Posto irrelevante diante do aspirado título de mar- quês. Revoltado com a traição, Robério re- cusou-se a continuar e não revelou a locali- zação das minas. Foi preso por isso, passan- do anos no cárcere, sempre recusando-se a entregar o local do tesouro. Morreu anos de- pois, levando consigo o segredo que iria me- xer com a imaginação das muitas gerações seguintes. Fawcett tomou conhecimento dessa história em um manuscrito de 1753, conhecido como Documento 512. Resolveu, desde então, des- cobrir a localização destas minas, quando es- tivesse pelo Brasil. A fixação neste objetivo fez com que Fawcett, em 1925, sumisse no meio das matas brasileiras, nunca mais sen- do visto. Mas fez, também, com que Fawcett entrasse para a história do imaginário popu- lar, tornando-se uma verdadeira lenda. Fawcett, em 1924 FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 8
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  • 49. Tive o privilégio de ler por antecipação uma HQ maravilhosa intitulada Fawcett, escrita por André de tudo, pois o mestre é vivido e dotado Diniz, ótimo talento da nova geração de de inteligência enciclopédica. Sem dúvi- quadrinhistas, e desenhada por ninguém da, ele é um dos desenhistas brasileiros menos do que Flavio Colin, lenda viva que mais lêem. Conversar com Colin é na arte seqüencial brasileira. sempre um aprendizado, pela sua verve Aqui não falarei de Fawcett, que tem rica, espirituosa. Ele é um artista comple- como personagem central o último dos to que, além de ser quadrinhista de ní- famosos exploradores ingleses, o Coronel vel superlativo e de estilo pessoal Percy Harrison Fawcett, numa saga inclonável, suas ilustrações de livros, Amazônica, onde realidade e ficção se pinturas, talhas e esculturas em madei- fundem, fermentadas por adrenalina e ma- ra despertam vivos entusiasmos da críti- gia. Meu comentário será dispensável, ca. pois o próprio leitor poderá viajar nas Por tudo isso, mestre Colin é colecionador belíssimas páginas deste álbum, guiado de incontáveis troféus, prêmios e home- por suas próprias emoções. nagens. Mas não posso deixar escapar a oportu- De memória destaco alguns pontos altos nidade de falar desse incrível artista e ser no seu esplêndido currículo na área de humano que é Colin. Quem não teve a HQ: O Anjo, Shane, Vigilante Rodoviá- sorte de conhecê-lo pessoalmente e usu- rio, Sepé Tiarajú, Vizunga, Guerra dos Far- fruir de sua amizade deve invejar-me. rapos, Rainha Diaba, Caraíba, O Boi das Conheci-o no remoto ano de 1962, num Aspas de Ouro, Antônio Mortalma e este animado dia do pay-day na Editora Ou- que o leitor vai começar a ler, Fawcett. tubro, localizada no bairro da Moóca, em Que o talento e a garra desse guerreiro São Paulo. Entretanto, só iniciamos nossa continuem sempre acesos, servindo de amizade quando vim para o Rio de Janei- inspiração a todos nós, veteranos e jo- ro em 1972, época em que ambos traba- vens amantes do mágico mundo batizado lhávamos em publicidade. A partir de de 9ª Arte. 1976, quando retornamos ao mundo dos quadrinhos, nosso vínculo tornou-se como de dois irmãos cosangüíneos, tro- Julio Y. Shimamoto cando idéias, enfrentando vicissitudes próprias de um legionário (como o filme clássico Beau Geste), em troca de parcos ganhos pela liberdade de sobreviver fa- zendo o que se gosta. Embora moremos distanciados um do ou- tro, mantemos longos contatos telefônicos ao menos uma vez por semana. Falamos FAWCETT - Roteiro: André Diniz - Desenhos: Flavio Colin - www.nonaarte.com.br - Página 49