O documento descreve a história do coronel britânico Percy Fawcett, que desapareceu em 1925 enquanto explorava a Amazônia brasileira em busca de uma cidade perdida. Fawcett organizou duas expedições ao Brasil fascinado por lendas sobre uma cidade habitada por índios de pele branca. Ele desapareceu em 1925 durante uma terceira expedição com seu filho e um outro homem.
Apresentação - Guerras Gregas e Crise da Hélade.ppt
Fawcett - Quadrinhos de Flávio Colim & André Diniz
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2. Notícia telegrafada, veiculada em
jornais de todo o mundo, a 6 de mar-
ço de 1925: “Chegou na capital do
Mato Grosso o militar inglês P. H.
Fawcett, pronto para explorar cida-
des soterradas nos sertões mato-
grossenses e pesquisar a existência
de ouro nas minas que encontrar
pelo caminho. Fawcett avisa que só
voltará depois de encontrar as ruí-
nas de uma cidade originária da
Atlântida.”
Ano: 1925. Lugar: selvas brasileiras, onde fica hoje
o Parque Nacional do Xingu. Percy Harrison
Fawcett, coronel do exército britânico, é conhe-
cido hoje como um dos maiores aventureiros da
vida real. De fato, sua história, já contaminada
com muitos boatos, é muito mais interessante que
qualquer filme de aventura.
Fawcett já havia cruzado o mundo trabalhando
para o exército inglês, mas o Bra- sil tinha
algo que o fascinaria. Lendas so-
bre uma cidade perdida, ainda
habitada por índios de pele
branca, deixaram Fawcett ob-
cecado. Um povo originado
pelos sobreviventes da
Atlântida, nos confins das sel-
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3. por
André
Diniz
vas brasileiras. Uma cidade lendária, conheci-
da por outras culturas como Muribeca, ou ain-
da, Eldorado.
O coronel organizou duas expedições ao
Brasil. Na primeira, Fawcett não encon-
trou sua cidade, mas obteve indícios
que o animariam a organizar uma
nova expedição. Como ele demons-
trou, em uma carta dirigida a jornais
de todo o mundo:
“ Não duvido um só instante da exis-
tência dessas velhas cidades. Eu
mesmo vi parte de uma delas - e essa
é a razão pela qual achei que deveria
fazer novas expedições. Viajei por lu-
gares ainda não explorados, os índios
têm me falado de construções antigas, de
seu povo e mais coisas estranhas exis-
tentes nestes locais. Se tiver bastante sorte
e conseguir atravessar a região de índi-
O Coronel Fawcett, em uma de suas expedições
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4. os selvagens e regressar vivo, terei condições
de ampliar imensamente o nosso conhecimen-
to histórico. “
Uma estatueta de basalto, que Fawcett ganhara
de H. Rider Haggard, o autor de As Minas do
Rei Salomão, justificaria por si só todo o mito
criado em torno do coronel. Além de cinco
inscrições indecifráveis em seu peito, uma par-
ticularidade da estatueta intrigava a todos que
nesta tocavam. Mais uma vez, as palavras do
próprio Fawcett:
“Existe uma propriedade particular nessa ima-
gem de pedra, e todos podem senti-la ao to-
car a mão. Estranhamente, uma corrente
elétrica atravessa o braço da gente, causando
um choque tão forte que muitas pessoas a lar-
gam de imediato. Acredito sinceramente que
ela veio de uma das cidade perdidas. Quando
descobrir os significados existentes nela, des-
cobrirei também o caminho para chegar no
lugar de onde se originou.”
Em 1925, Fawcett desapareceu nas
matas brasileiras em busca da solu-
ção destes enigmas. Com uma ex-
pedição de apenas mais duas
pessoas: os jovens Rimmel e Jack,
seu filho. Não voltaram mais. En-
tre várias hipóteses, como a de que
eles teriam sido mortos por índi-
os, prevalece na mente daqueles
que acreditam em Fawcett a de
que eles realmente encontraram
a civilização que buscavam para
viver lá para sempre.
O ídolo que Fawcett carregava sempre consigo
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5. Jack Fawcett, o filho.
Parece estranho uma expedição
deste porte com apenas três pes-
soas. Para o coronel, os jovens
Jack Fawcett e Rimmel eram o
reforço necessário para a sua bus- do uma figura curiosa. Aliás, mes-
ca. Ficou clássica uma discussão mo antes de nascer, o rapaz pa-
que Fawcett teve com o marechal recia já estar com o destino tra-
Cândido Rondon, que insistiu çado.
para que o trio fosse acompanha- Fevereiro de 1903, no porto de
do por homens do exército. Mas Ceilão (atual Sri Lanka). Se algum
Fawcett fincou pé. O velho des- dia um filme for feito sobre este
bravador não gostava de grandes caso, provavelmente será neste
expedições. Estas, segundo ele, mesmo instante e local que co-
estariam fadadas ao fracasso. meçará a primeira cena. Nina, a
Se o protagonista desta saga é, in- esposa de Fawcett, o abraça,
discutivelmente, o Fawcett pai, após ver o marido desembarcar
é em Jack que os místicos que es- do navio que o trazia de volta,
tudam o caso concentram sua após meses em alto-mar. Nina
atenção. À primeira vista parece está grávida e Fawcett logo quer
estranho, afinal Jack não tinha saber como está seu filho. O ca-
personalidade forte, nem teve um sal ainda se abraça, quando é
papel decisivo no que diz respei- abordado por cinco homens.
to à busca da cidade perdida. Fawcett logo repara nas vestes
Cabe lembrar que Jack só acom- destes homens, que se vestem
panhou o pai na última viagem, como monges budistas. Eles se
e que as pesquisas do coronel se anunciam como profetas e dizem
iniciaram muito antes do filho que vieram da Índia, unicamen-
nascer. Mas, mesmo repassando te para transmitir-lhe uma profe-
estes dados, Jack continua sen-
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6. cia. Mesmo diante da reação de Fawcett, que
estranha muito aquela abordagem, eles conti-
nuam a explicação. A profecia diz respeito a
um menino. Dizem isso e apontam para a bar-
riga de Nina.
- Um espírito muito luminoso está reencarnando
como seu filho. Ele vem com a missão de ser o
pai de uma nova raça na Terra. Quando cres-
cer, este garoto vai acompanhá-lo em viagens
para lugares distantes no sul, onde serão dados
como desaparecidos. Lá, o seu filho será a se-
mente de uma nova civilização.
Nada mais foi dito pelos profetas budistas. Re-
almente, anos depois, a profecia se concreti-
zou, ao menos no que diz respeito ao desapa-
recimento dos dois.
Jack cresceu, e tornou-se um rapaz estranho.
Seu rosto era como o de um bebê, jamais tendo
crescido sequer um fio de barba (quando desa-
pareceu, Jack já tinha 25 anos). Sempre foi um
rapaz muito introspectivo e pouco sociável, e
nunca demonstrou muito interesse pelo sexo
oposto. Muitos acham que estas características
reforçam a profecia, ligando tanta introspecção
ao fato de Jack, de certa forma, não pertencer a
esse mundo.
Eldorado
ado.
A cidade de Eldorado.
Segundo lendas indígenas,
Manoa, ou Eldorado para os
espanhóis, seria uma cidade
repleta de construções de
Jack Fawcett, antes do desaparecimento
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7. ouro, incluindo o próprio chão
onde seus habitantes pisavam.
Muitos aventureiros determina-
dos a encontrar este tesouro de-
sapareceram para sempre. Mas o
interesse de Fawcett não estava com os índios, Diego foi
(só) no ouro. Em todo aquele encntrado, e mudou-se para a
empenho, havia muita paixão, Bahia, trazendo sua esposa. Anos
obsessão e busca da verdade. depois, o sobrinho de Diego tam-
Fawcett, na verdade, tinha o bém casou-se com uma índia
exato perfil de um aventureiro ro- Tupinambá, indo viver entre
mântico. eles. Foi, então, apelidado de
Os primeiros séculos da nossa Muribeca. E foi seguindo os re-
história foram sempre marcados latos dos índios que Muribeca
por lendas e boatos sobre descobriu várias minas de ouro,
fartíssimas minas de ouro e prata prata e pedras preciosas. Tor-
existentes no interior do país. Es- nou-se um homem muito rico e
tas lendas sempre atraíram aven- sua descoberta repercutiu até na
tureiros e mercenários dos mais Europa.
diversos cantos, todos dispostos Bem, Muribeca teve um filho, o
a comprovar a veracidade na qual chamou Robério Dias. No
existência destas minas. Fawcett começo do século XVII, Robério
pesquisou todos estes relatos, e resolveu pedir a D. Pedro II o tí-
um em especial, que diz respei- tulo de marquês (não confundir
to à expedição de Diego Alvarez. com o nosso D. Pedro II, esse
Nos primeiros anos de descober- outro era rei de Portugal!). Em
ta do Brasil, a caravela de Diego troca, Robério teria a oferecer a
naufragou no litoral
brasileiro. Único so-
brevivente do naufrá-
gio, Diego foi resgata-
do por índios da tribo
dos tupinambás, ca-
sando-se, depois, com
uma índia, de nome
Paraguaçu. Após anos
A expedição Fawcett
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8. exata localização das minas descobertas por
seu pai. O rei não era lá flor que se cheirasse,
e tramou logo um plano. Disse aceitar o acor-
do, mas o título só seria deferido após as mi-
nas serem encontradas. Robério acompa-
nhou, então, os militares destacados para lo-
calizarem as minas, indicando o caminho a
eles. Mas, durante a viagem, Robério conse-
guiu abrir o envelope que acreditava conter
o título de marquês, e teve uma desagradável
surpresa. O envelope continha apenas um tí-
tulo de capitão de uma missão militar. Posto
irrelevante diante do aspirado título de mar-
quês. Revoltado com a traição, Robério re-
cusou-se a continuar e não revelou a locali-
zação das minas. Foi preso por isso, passan-
do anos no cárcere, sempre recusando-se a
entregar o local do tesouro. Morreu anos de-
pois, levando consigo o segredo que iria me-
xer com a imaginação das muitas gerações
seguintes.
Fawcett tomou conhecimento dessa história
em um manuscrito de 1753, conhecido como
Documento 512. Resolveu, desde então, des-
cobrir a localização destas minas, quando es-
tivesse pelo Brasil. A fixação neste objetivo
fez com que Fawcett, em 1925, sumisse no
meio das matas brasileiras, nunca mais sen-
do visto. Mas fez, também, com que Fawcett
entrasse para a história do imaginário popu-
lar, tornando-se
uma verdadeira
lenda.
Fawcett, em 1924
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49. Tive o privilégio de ler
por antecipação uma HQ maravilhosa
intitulada Fawcett, escrita por André de tudo, pois o mestre é vivido e dotado
Diniz, ótimo talento da nova geração de de inteligência enciclopédica. Sem dúvi-
quadrinhistas, e desenhada por ninguém da, ele é um dos desenhistas brasileiros
menos do que Flavio Colin, lenda viva que mais lêem. Conversar com Colin é
na arte seqüencial brasileira. sempre um aprendizado, pela sua verve
Aqui não falarei de Fawcett, que tem rica, espirituosa. Ele é um artista comple-
como personagem central o último dos to que, além de ser quadrinhista de ní-
famosos exploradores ingleses, o Coronel vel superlativo e de estilo pessoal
Percy Harrison Fawcett, numa saga inclonável, suas ilustrações de livros,
Amazônica, onde realidade e ficção se pinturas, talhas e esculturas em madei-
fundem, fermentadas por adrenalina e ma- ra despertam vivos entusiasmos da críti-
gia. Meu comentário será dispensável, ca.
pois o próprio leitor poderá viajar nas Por tudo isso, mestre Colin é colecionador
belíssimas páginas deste álbum, guiado de incontáveis troféus, prêmios e home-
por suas próprias emoções. nagens.
Mas não posso deixar escapar a oportu- De memória destaco alguns pontos altos
nidade de falar desse incrível artista e ser no seu esplêndido currículo na área de
humano que é Colin. Quem não teve a HQ: O Anjo, Shane, Vigilante Rodoviá-
sorte de conhecê-lo pessoalmente e usu- rio, Sepé Tiarajú, Vizunga, Guerra dos Far-
fruir de sua amizade deve invejar-me. rapos, Rainha Diaba, Caraíba, O Boi das
Conheci-o no remoto ano de 1962, num Aspas de Ouro, Antônio Mortalma e este
animado dia do pay-day na Editora Ou- que o leitor vai começar a ler, Fawcett.
tubro, localizada no bairro da Moóca, em Que o talento e a garra desse guerreiro
São Paulo. Entretanto, só iniciamos nossa continuem sempre acesos, servindo de
amizade quando vim para o Rio de Janei- inspiração a todos nós, veteranos e jo-
ro em 1972, época em que ambos traba- vens amantes do mágico mundo batizado
lhávamos em publicidade. A partir de de 9ª Arte.
1976, quando retornamos ao mundo dos
quadrinhos, nosso vínculo tornou-se
como de dois irmãos cosangüíneos, tro- Julio Y. Shimamoto
cando idéias, enfrentando vicissitudes
próprias de um legionário (como o filme
clássico Beau Geste), em troca de parcos
ganhos pela liberdade de sobreviver fa-
zendo o que se gosta.
Embora moremos distanciados um do ou-
tro, mantemos longos contatos telefônicos
ao menos uma vez por semana. Falamos
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