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A Ética
Verde
Texto_João Paulo Soares [Consultor]
"Há quem passe
pelo bosque
e apenas veja
lenha para a fogueira"
Lev Tolstoi
Há uma vastíssima literatura científica,
e não só, sobre a ética ambiental. Seria
exaustiva a lista, mas concentraria a nossa
atenção sobre documentos e passos
históricos que, na minha perspectiva,
condensam e permitem uma convergência
de vários saberes e profissões que temos e
como poderemos todos agir em defesa da
Ética Verde.
Em primeiro lugar recomendaria a leitura
e conhecimento das grandes directrizes
da Carta da Terra, que segundo Leonardo
Boff «recolhe o que de melhor o discurso
ecológico produziu, os resultados mais
seguros das ciências da vida e do universo,
com forte densidade ética e espiritual».
Anteriormente surgiu o Relatório do Clube
de Roma, conhecido como «os limites do
crescimento» ou Relatório Meadows. Já faz
quase 45 anos que o mundo se deparou
com uma mensagem de advertência: a
Natureza tem limites.
Recuando ainda mais no tempo Rachel
Carson, investigadora bióloga marinha,
marcaria a Humanidade e reforçaria o
movimento Verde a nível planetário com o
seu magnífico livro, a “Primavera Silencio-
sa”, despertando as consciências para os
efeitos, menos visíveis ao olho humano, da
poluição química - em particular o DDT- e
que estava a afectar os ecossistemas e a
biodiversidade. Apesar de publicado em
1962 e tratando-se de mais que prestigiada
cientista nessa área, Rachel Carson não viu
em vida a concretização do seu principal
objectivo. Nos Estados Unidos o pesticida
DDT só foi banido em 1972. Esta obra
tem sido colocada em muitas listas dos
melhores livros científicos e não-ficcionais
do século XX: em 2006 foi nomeado um
dos 25 maiores livros de ciência de todos
os tempos pelos editores da Discover
Magazine; em 2008 foi o número 78 no
conservador National Review e em 2016 é
o número 5 na Modern Library List of Best
20th-Century Nonfiction.
Mais recentemente destaco a entrada na
Constituição de um País, dos Direitos da
Natureza. O passo vanguardista dado no
Equador, durante a Assembleia Constituin-
te de Montecristi, em 2008, foi aceitar que
a Natureza é, sim, um Sujeito com direitos.
Ao reconhecer os Direitos da Natureza e
somar a isso o direito de ser restaurada
quando tiver sido destruída, estabeleceu-
-se, nessa Assembleia, um marco mundial.
Igualmente transcendente foi a incorpo-
ração do termo indígena Pacha Mama,
como sinónimo de Natureza, enquanto
reconhecimento de plurinacionalidade e
interculturalidade. A provocação trazida
pela Constituição Equatoriana sugere, num
primeiro olhar, o inevitável estremecimento
estrutural de um direito de base tradicio-
nalmente patrimonial, em que as relações
jurídicas se desenvolveram unicamente
entre o ser humano e a propriedade (coisa).
Já existe uma plataforma mundial “The
Rights Of Nature” impulsionando exemplos
semelhantes em várias soberanias nacio-
nais ou regionais.
No ritmo de vida actual, muito rápido,
muito stressante e acentuado por um sen-
timento de despersonalização individual
e colectiva provocado por um paradigma
muito baseado no capitalismo e consu-
mismo, abstraímo-nos do tempo precioso
que é reflectirmos sobre o que sentimos. E
é pela educação através dos sentidos que,
quiçá, obteremos um entendimento mais
profundo da ética ambiental e uma ética
mais interiorizada e proactiva.
Creio que aguço os vossos sentidos
e maior sensibilidade relativamente à
nossa acção sobre a Terra com Fernando
Pessoa, que diz o seguinte: «o essencial
é sentir directa e simplesmente. Eu sinto
directa e simplesmente. Sinto o complexo,
o anormal e o artificial? É o meu modo de
sentir. Logo que eu os sinta espontanea-
mente, estou no meu lugar, no lugar que
a Natureza, criando-me assim, me impôs.
Cumpro o meu dever».
Opinião | Falas da Terra
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS

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