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o USO MANIPUEIRAEXTRATO
                          DA
                            ,
                                            LIQUIDO                     .                         ,

           DASRAIZES MANDIOCA. COMO
                    DE             ADUBOFOLIAR*


    Studyon lhe use of manipueira - a liquid extract from cassava roots - as a foliar fertilizer



                                                  Maria do LivramentoAragão..
                                                       J. Júlio da Ponte...




RESUMO

                                                                                -
               Estudou-se a viabilidade do aproveitamento da manipueira extrato liquido das raizes de mandioca (Manihot
esculenta) - comofertilizante foliar. Neste sentido, montou-se um experimento envolvendo o quiabeiro (Hibiscus esculentus)
como planta-teste. Usando a manipueira nas diluições 1:4, 1:6, 1:8 e 1: 10, mediante seis pulverizações a intervalos
semanais, obteve-se produção (número e peso totais de frutos) estatisticamente superior à testemunha (pulverizações com
água), bem assim àquela obtida com a utilização do adubo foliar comercial usado como referencial de aferição nutricional.

            -
PALAVRAS CHA VE ..Manipueira, quiabeiro, fertilizante foliar natural.




SUMMAR Y

            A study was conducted to evaluate the viability of the manipueira - liquid extractedfrom cassavaroots
                  -
(Manihot esculenta) as afoliar fertilizer. Oneexperimentwas carried out with okra (Hibiscus esculentus)as test-plant.
Themanipueirawas usedin the concentrationsof 1:4, 1:6, 1:8 and 1: 10.Sixpulverizationswereapplied oneby week.The
resultsshowedthat the numberoffruits and total weightoffruits werestatistically significant at the levei of5% probability
as comparedwith water (control). The manipueira was also comparedwith the commercialfoliar fertilizer (chemical
control) and it was statistically more effective.

KEY-WORDS:
         Manipueira, akra, naturalfaliar fertilizer.




    Trabalho extraído da tese do primeiro autor para obtençãodo título de mestrepela UniversidadeFederaldo Ceará(Curso de Pós-Graduação
                                                                                                                                      em
    Agronomia! Fitotecnia).UFC, Dep. deFitotecnia,C.P. 12168, 60356-00 Fortaleza,
                                                                        I.        Ceará, Brasil
    Eng Agrônoma,M. Sc.em Fitotecnia. Bolsistado CNPq
    Livre-Docentede Fitopatologiae Professor-Emérito UFC. Bolsistado CNPq
                                                      da


CiênciaAgronômica. Volume 26. Número 1/2. 1995                                                                                      45
INTRODUÇÃO                                                        de espécie para espécie e, também, dentro da mesma espécie
                                                                  (HA YNES & GOH2). Esses imprevistos não invalidam, em
           Postula-se que a vida vegetal teve seu início no       linhas gerais, as vantagens econômicas da adubação foliar
meio aquático, onde ainda se encontra boa parte das               sobre a fertilização do solo. Tais vantagens seriam ainda
                                                      
espécies.Sob tais condições, todos os seus órgãos incubiam-       maiores não fosse o elevado preço de mercado dos
se, indistintamente,      da absorção de nutrientes       e da    fertilizantes foliares. A possível substituição destesprodutos
fotossÍntese (BOARETTO        & ROSOLEMI).        Quando as       comerciais por compostos naturais igualmente eficazes
plantas, por evolução, passaram a vegetar em terra firme,         reduziria substancialmente os custos operacionais, ao tempo
determinadas partes das mesmas especializaram-se em               em que possibilitaria       uma maior popularização      desta
funções diferentes. As raÍzes aprofundaram-se no solo,            modalidade de fertilização, de uso ainda pouco difundido
fixando a planta e absorvendo água e nutrientes, enquanto as      entre agricultores de pequeno e médio portes.
partes verdes especializavam-se em fixar o CO2 e realizar a                   Consoante esta linha de raciocínio, resolveu-se
fotossintese. Não obstante, conforme enfatizam os mesmos          testar, neste trabalho, a manipueira (extrato líquido das raízes
autores, isto não excluiu, na generalidade das plantas            de mandioca, Manihot esculenta Crantz) como adubo folíar,
terrestres, a característica atávica de alimentação através de    haja vista a complexidadede suacomposiçãoquímica (PONTE4),
órgãos aéreos, especialmente folhas. É nisto que se               contendo em altos níveis, todos os macro e micronutrientes
fundamenta a viabilidade da fertilização foliar, cuja prática     requeridos pelas plantas, com exceção do molibdênio, além de
vem se tomando cada vez mais difundida na agricultura             tratar-sede um resíduo industrial abundantee gratuito em todas
moderna.                                                          as regiões onde se cultiva a mandioca.
           Estabelecendo-se      uma    comparação        entre
adubações radicular e foliar, MALA VOLTA          & SILVA3        MATERIAL E MÉTODOS
esclarecem que, do ponto-de-vista       químico, ambas são
igualmenteuma forma de fomecimento de mmerais; do ponto-                      o experimento      foi realizado    no período de
de-vista fisiológico, também não há diferença funcional. No       novembro/1993      a fevereiro/1994,    em área de 1atossolo
entanto,conforme destacamHA YNES & GOH2, as diferenças            vermelho-amarelo, situada no município de Ibiapina, planalto
aparecemquando se faz a comparação sob o enfoque técnico-         da Ibiapaba, Estado do Ceará, Brasil. Antes da instalação do
econômico, uma vez que, por via foliar, os nutrientes são         experimento, procedeu-se a uma análise de solo, cujos
fomecidos em forma prontamente utilizável pela planta, sendo      resultados indicaram tratar-se de substrato agrícola de
absorvidos diretamente pelos órgãos de transformação, com         mediana fertilidade.
economia do tempo e energia que seriam gastos com a sua                       Utilizou-se     um delineamento         em blocos
translocação desde as raízes até as folhas. Assim, a taxa de      casua1izados,com quatro repetições, reunindo os seguintes
perda tende a ser muito menor.                                    tratamentos: A - manipueira diluída em água na proporção
           A propósito,    são bem conclusivos      os dados      de 1:4; B   - manipueira   em diluição 1:6; C - manipueira em
comparativos entre as adubações foliar e convencional,            diluição 1:8; D - manipueira em diluição 1:10; E - adubo fo1iar
compilados de WITTWER8 ~ RoSoLEM            et alil"6: para lkg   comercial a 0,2%, e F - água (testemunha). Estes tratamentos
de potássio utilizado por via foliar, são necessários 3kg         foram aplicados seis vezes, a intervalos semanais, mediante
em adubação via solo; para lkg de fósforo, de 4 - 30kg,           pulverizações realizadas no período da manhã, em horas de
para lkg de nitrogênio, 1,5 - 2,Okg e para cada quilograma        pouco sol. A manipueira utilizada, cuja composição está
de magnésio, ferro e zinco, são necessários 50    - 100,75 -      exposta na Tabela 1, foi obtida a partir da mandioca brava
100 e 3    - 20kg,   respectivamente.    Tais disparidades        cv. 'Cruvela' e aplicada no mesmo dia de sua extração. O
decorrem das substanciais perdas inerentes à incorporação         adubo foliar admitido no ensaio, como parâmetro de avaliação
do fertilizante   ao solo, sejam por adsorção, fixação e,         nutricional, foi o produto comercial da firma "Fer1igran", de
sobretudo, lixiviação.                                            largo   consumo,       contendo     a maioria   dos macro       e
          A adubação foliar está isenta, em grande parte, de      micronutrientes        requeridos    pela planta,    conforme
tais tipos de perda. Mas é evidente, por outro lado, que os       composição química especificada na Tabela 2.
seus resultados práticos nem sempre correspondem às                           Usou-se o quiabeiro cv. 'Santa Clara' (Hibiscus
respostasesperadas,isto em razão de causasas mais variadas        escu/entus L.) como planta-teste. Em cada bloco, figuraram
que vão desde a simples inobservância de fundamentos              60 plantas, sendo dez por tratamento, dispostas em fileiras
básicosda metodologia de aplicação à interferência de fatores     duplas de cinco plantas. Observou-se um espaçamento de
aleatóriosde naturezaambiental (RoSoLEMS). De outra parte,        1,00m entre fileiras e de 0,50m entre plantas dentro da linha.
sabe-seque a capacidade de absorção foliar varia largamente       Fez-se o plantio mediante semeadura direta.

46                                                                             CiênciaAgronômica. Volume 26. Número 1/2. 1995
TABELA         -
                   1 Composição química. da manipueira                       À luz desses resultados, não há dúvida de que a
                                                                 manipueira, nas diluições utilizadas no ensaio, atuou como
                                                                 um excelente fertilizante         foliar para a cultura testada,
Componente                          Quantidade(ppm)
                                                                 induzindo-a a uma produção bem superior àquela obtida com
                                                                 o produto comercial           então usado como referencial     de
Nitrogênio                                   (N)425,5
Fósforo (P)                                                      avaliação nutricional.         Aliás, este adubo sintético não
                                                 259,5
Potássio(K)                                    1.863,5           correspondeu, na prática experimental, à expectativa de uma
Cálcio (Ca)                                      227,5           boa rentabilidade, haja vista que o aumento de produção por
Magnésio(Mg)                                     405,0           ele proporcionado           em relação à testemunha       não foi
Enxofre (8)                                      195,0           estatisticamente significativo (Tabela 3). A propósito, cabe
Ferro (Fe)                                        15,3           destacar que a sua composição química é quantitativa e
Zinco (Zn)                                         4,2
Cobre (Cu)                                                       qualitativamente inferior à da manipueira, pois reúne menor
                                                  11,5
Manganês(Mn)                                       3,7           número de nutrientes, a par de nutrientes em teores abaixo
Boro (B)                                           5,0           daqueles que se registram na manipueira, em cuja composição
Cianeto(CN)                                       42,5           destacam-se, por ordem de grandeza, os elevados niveis de
Cianetototal (CN)                             604,0**            K,N, Mg,P, Cae S (Tabelas 1 e2).

   Valores médios de várias determinações (In: PONTE, 1992)
   55,0 mg/l (em média)                                          TABELA       3     - Médias   de produção de plantas de quiabo,
                                                                 (Hibiscus esculentus   L.), em número e peso (kg) de frutos,
                  -
     TABELA 2 Composição química do fertilizante foliar
                                                                 submetidas adubaçãofoliar com manipueirae fertilizante
                                                                               à
               FERLIGRAN, utilizado no experimento
                                                                 foliar sintético(lbiapina, Ceará,1993/4)

Componente                         Quantidade
                                            (ppm)                Tratamento                        Produçãode frutos*
                                                                                                   Número       Peso
Nitrogênio (N)                              225,40
Fósforo (P)                                 134,40
Potássio (K)                                180,32               A - manipueira 1:4                101,OOa       3,475a
Cálcio (Ca)                                   0,23               B - manipueira 1:6                 98,50 a      3,200a
Magnésio (Mg)                                 0,23               C - manipueira 1:8                 96,75 a      3,350a
Zinco (Zn)                                    1,13               D   - manipueira    1: 10          91,25 a      3,013a
Cobre (Cu)                                    1,13               E - adubo comercial
Manganês (Mn)                                0,45                (FERLIGRAN à 0,2%)                 54,25b        1,788b
                                                                 F - testemunha                     31,25b        1,075
                                                                                                                      b
           A     primeira     aplicação     dos      compostos
representativos dos tratamentos foi feita quando as plantas      -
estavamcom 30 dias de idade, a contar da data de emergência      * Médias seguidasda mesmaletra não diferem estatistica.
das plântulas.                                                       menteentre si, pelo testede Tukey
          O período experimental prolongou-se por quatro
meses, a contar da data da semeadura. Os quiabos foram
colhidos separadamente por tratamento,            a intervalos
                                                                              Em      termos     estatísticos,   os tratamentos
semanais,sendo sete o número total de colheitas. A valiaram-
                                                                 envolvendo manipueira não diferiram             entre si. Todavia,
se os resultados em função dos parâmetros número e peso
                                                                 observou-se que a produção dos quiabeiros, no tocante ao
dos frutos e os dados analisados estatisticamente.
                                                                 número de frutos, foi decrescendo, de forma lenta mas
                                                                 gradual, à medida que a concentração do composto foi se
RESULTADOSE DISCUSSÃO                                            tomando menor. Assim, em números absolutos, a maior
                                                                 quantidade de quiabos foi obtida com o tratamento A,
           Os dados expostos na Tabela 3, sejam aqueles
                                                                 correspondente à maior concentração de manipueira (1:4),
relativos à quantidade de frutos ou ao peso dos mesmos,          seguindo-se, pela ordem, os tratamentos B (1 :6), C (1 :8) e D
demonstram claramente o rendimento superior das plantas
                                                                 (1:10). Em relação ao peso total dos frutos, esta sequência
tratadascom manipueira,nasdiferentesdiluições entãotestadas.
                                                                 só é quebrada pelo tratamento C (1: 8), que superou o
 E esta superioridademostrou-se estatisticamentesignificativa    tratamento B (1 :6), produzindo um pouco mais. Os resultados
 ao nível de 5% de probabilidade (testesF e Tukey).              ora obtidos com o quiabeiro, que, seguramente, poderão ser

 Ciência Agronômica. Volume 26 . Número 1/2 . 1995                                                                               47
repetidos com numerosas outras culturas, atestam a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
viabilidade do aproveitamentoda manipueira como adubo
foliar. No caso,um fertilizante tecnicamente
                                           eficaz, alémde 1. BOARETTO, A.E. & ROSOLEM, C.A. Adubação foliar:
economicamente    vantajosopor tratar-sede um produto de       conceituaçãoe~rática.ln: Adubação Foliar. BOARETO,
baixo custo e abundanteem todas as regiões de cultivo e        A.E. & ROSOLEM, A.C. (eds.). Campinas, Fundação
industrialização mandioca.
                 da                                            Cargill, 1989.p. 301-320.
           Acresça-se, especial,a notável eficácia desse
                       em                                 2. HAYNES, R.J. & GOH, K.H. Review on physiological
composto   como inseticida(PONTE4)e fungicida (SANTOS          pathways of foliar absorption. Scientia Horticultural, 7:
                                                               291-302.1977.
& PONTE?), que lhe acentuaa economicidade,
             o                                  porquanto
                                                          3. MALAVOLTA,       E. & SILVA, O. A adubação foliar -
poder-se-áreunir, numa só operação, adubaçãofoliar e
                                                               princípios e perspectivas. São Paulo, ANDA, 1978. 21p.
tratamentofitossanitário.
                                                              4. POmE, J.J.da. Histórico daspesquisassobre a utilização da
                                                                   manipueira (extrato líquido das raízesde mandioca) como
                                                                   defensivoagricola.Fito~atol.venez.,5(1): 2-5. 1992.
CONCLUSÃO                                                     5. ROSOLEM, CÃ. Adubação foliar. In: SIMPÓSIO SOBRE
                                                                   FERTll..IZANTE NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 1,
           Com os resultadosobtidos nestetrabalho, pode-          Brasília,EI..mRAPA;1984.Anais,p. 419-449.
                                                                                        i
se concluir que é perfeitamente viável o aproveitamento 6. ROSOLEM, C.A.; SIL VERIO, I.C.O. & PRIMA VESI, O.
da manipueiracomo fertilizante foliar em substituição aos         Adubação foliar da soja: 11. Efeitos de NPK e
adubos foliares sintéticos. Aliás, usar a manipueira em           micronutrientes em função do preparo do solo. ~
substituição aos fertilizantes foliares sintéticos, todos de      agro~ec.bras., 17: 1559-1562.1982.
                                                             7. SANTOS, A.B.C. & PONTE, J.J. da. Ação fungicida da
alto custo, afigura-se, também, como prática econo-
                                                                  manipueira no controle de Oídio. Fito~atol. bras., 18:
micamentevantajosa,particularmentenasáreasde cultivo
                                                                  302. 1993.(resumo).
damandioca,por tratar-sede um resíduodo processamento
                                                             8. WITIWER, S.H. Foliar absorption ofplantnutrients. AQ.Y.,.
industrial da mesma.
                                                                   Frontiers PlantoSci., 8: 161-182.1964.




48                                                                       CiênciaAgronômica. Volume 26 . Número 1/2. 1995

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  • 1. o USO MANIPUEIRAEXTRATO DA , LIQUIDO . , DASRAIZES MANDIOCA. COMO DE ADUBOFOLIAR* Studyon lhe use of manipueira - a liquid extract from cassava roots - as a foliar fertilizer Maria do LivramentoAragão.. J. Júlio da Ponte... RESUMO - Estudou-se a viabilidade do aproveitamento da manipueira extrato liquido das raizes de mandioca (Manihot esculenta) - comofertilizante foliar. Neste sentido, montou-se um experimento envolvendo o quiabeiro (Hibiscus esculentus) como planta-teste. Usando a manipueira nas diluições 1:4, 1:6, 1:8 e 1: 10, mediante seis pulverizações a intervalos semanais, obteve-se produção (número e peso totais de frutos) estatisticamente superior à testemunha (pulverizações com água), bem assim àquela obtida com a utilização do adubo foliar comercial usado como referencial de aferição nutricional. - PALAVRAS CHA VE ..Manipueira, quiabeiro, fertilizante foliar natural. SUMMAR Y A study was conducted to evaluate the viability of the manipueira - liquid extractedfrom cassavaroots - (Manihot esculenta) as afoliar fertilizer. Oneexperimentwas carried out with okra (Hibiscus esculentus)as test-plant. Themanipueirawas usedin the concentrationsof 1:4, 1:6, 1:8 and 1: 10.Sixpulverizationswereapplied oneby week.The resultsshowedthat the numberoffruits and total weightoffruits werestatistically significant at the levei of5% probability as comparedwith water (control). The manipueira was also comparedwith the commercialfoliar fertilizer (chemical control) and it was statistically more effective. KEY-WORDS: Manipueira, akra, naturalfaliar fertilizer. Trabalho extraído da tese do primeiro autor para obtençãodo título de mestrepela UniversidadeFederaldo Ceará(Curso de Pós-Graduação em Agronomia! Fitotecnia).UFC, Dep. deFitotecnia,C.P. 12168, 60356-00 Fortaleza, I. Ceará, Brasil Eng Agrônoma,M. Sc.em Fitotecnia. Bolsistado CNPq Livre-Docentede Fitopatologiae Professor-Emérito UFC. Bolsistado CNPq da CiênciaAgronômica. Volume 26. Número 1/2. 1995 45
  • 2. INTRODUÇÃO de espécie para espécie e, também, dentro da mesma espécie (HA YNES & GOH2). Esses imprevistos não invalidam, em Postula-se que a vida vegetal teve seu início no linhas gerais, as vantagens econômicas da adubação foliar meio aquático, onde ainda se encontra boa parte das sobre a fertilização do solo. Tais vantagens seriam ainda espécies.Sob tais condições, todos os seus órgãos incubiam- maiores não fosse o elevado preço de mercado dos se, indistintamente, da absorção de nutrientes e da fertilizantes foliares. A possível substituição destesprodutos fotossÍntese (BOARETTO & ROSOLEMI). Quando as comerciais por compostos naturais igualmente eficazes plantas, por evolução, passaram a vegetar em terra firme, reduziria substancialmente os custos operacionais, ao tempo determinadas partes das mesmas especializaram-se em em que possibilitaria uma maior popularização desta funções diferentes. As raÍzes aprofundaram-se no solo, modalidade de fertilização, de uso ainda pouco difundido fixando a planta e absorvendo água e nutrientes, enquanto as entre agricultores de pequeno e médio portes. partes verdes especializavam-se em fixar o CO2 e realizar a Consoante esta linha de raciocínio, resolveu-se fotossintese. Não obstante, conforme enfatizam os mesmos testar, neste trabalho, a manipueira (extrato líquido das raízes autores, isto não excluiu, na generalidade das plantas de mandioca, Manihot esculenta Crantz) como adubo folíar, terrestres, a característica atávica de alimentação através de haja vista a complexidadede suacomposiçãoquímica (PONTE4), órgãos aéreos, especialmente folhas. É nisto que se contendo em altos níveis, todos os macro e micronutrientes fundamenta a viabilidade da fertilização foliar, cuja prática requeridos pelas plantas, com exceção do molibdênio, além de vem se tomando cada vez mais difundida na agricultura tratar-sede um resíduo industrial abundantee gratuito em todas moderna. as regiões onde se cultiva a mandioca. Estabelecendo-se uma comparação entre adubações radicular e foliar, MALA VOLTA & SILVA3 MATERIAL E MÉTODOS esclarecem que, do ponto-de-vista químico, ambas são igualmenteuma forma de fomecimento de mmerais; do ponto- o experimento foi realizado no período de de-vista fisiológico, também não há diferença funcional. No novembro/1993 a fevereiro/1994, em área de 1atossolo entanto,conforme destacamHA YNES & GOH2, as diferenças vermelho-amarelo, situada no município de Ibiapina, planalto aparecemquando se faz a comparação sob o enfoque técnico- da Ibiapaba, Estado do Ceará, Brasil. Antes da instalação do econômico, uma vez que, por via foliar, os nutrientes são experimento, procedeu-se a uma análise de solo, cujos fomecidos em forma prontamente utilizável pela planta, sendo resultados indicaram tratar-se de substrato agrícola de absorvidos diretamente pelos órgãos de transformação, com mediana fertilidade. economia do tempo e energia que seriam gastos com a sua Utilizou-se um delineamento em blocos translocação desde as raízes até as folhas. Assim, a taxa de casua1izados,com quatro repetições, reunindo os seguintes perda tende a ser muito menor. tratamentos: A - manipueira diluída em água na proporção A propósito, são bem conclusivos os dados de 1:4; B - manipueira em diluição 1:6; C - manipueira em comparativos entre as adubações foliar e convencional, diluição 1:8; D - manipueira em diluição 1:10; E - adubo fo1iar compilados de WITTWER8 ~ RoSoLEM et alil"6: para lkg comercial a 0,2%, e F - água (testemunha). Estes tratamentos de potássio utilizado por via foliar, são necessários 3kg foram aplicados seis vezes, a intervalos semanais, mediante em adubação via solo; para lkg de fósforo, de 4 - 30kg, pulverizações realizadas no período da manhã, em horas de para lkg de nitrogênio, 1,5 - 2,Okg e para cada quilograma pouco sol. A manipueira utilizada, cuja composição está de magnésio, ferro e zinco, são necessários 50 - 100,75 - exposta na Tabela 1, foi obtida a partir da mandioca brava 100 e 3 - 20kg, respectivamente. Tais disparidades cv. 'Cruvela' e aplicada no mesmo dia de sua extração. O decorrem das substanciais perdas inerentes à incorporação adubo foliar admitido no ensaio, como parâmetro de avaliação do fertilizante ao solo, sejam por adsorção, fixação e, nutricional, foi o produto comercial da firma "Fer1igran", de sobretudo, lixiviação. largo consumo, contendo a maioria dos macro e A adubação foliar está isenta, em grande parte, de micronutrientes requeridos pela planta, conforme tais tipos de perda. Mas é evidente, por outro lado, que os composição química especificada na Tabela 2. seus resultados práticos nem sempre correspondem às Usou-se o quiabeiro cv. 'Santa Clara' (Hibiscus respostasesperadas,isto em razão de causasas mais variadas escu/entus L.) como planta-teste. Em cada bloco, figuraram que vão desde a simples inobservância de fundamentos 60 plantas, sendo dez por tratamento, dispostas em fileiras básicosda metodologia de aplicação à interferência de fatores duplas de cinco plantas. Observou-se um espaçamento de aleatóriosde naturezaambiental (RoSoLEMS). De outra parte, 1,00m entre fileiras e de 0,50m entre plantas dentro da linha. sabe-seque a capacidade de absorção foliar varia largamente Fez-se o plantio mediante semeadura direta. 46 CiênciaAgronômica. Volume 26. Número 1/2. 1995
  • 3. TABELA - 1 Composição química. da manipueira À luz desses resultados, não há dúvida de que a manipueira, nas diluições utilizadas no ensaio, atuou como um excelente fertilizante foliar para a cultura testada, Componente Quantidade(ppm) induzindo-a a uma produção bem superior àquela obtida com o produto comercial então usado como referencial de Nitrogênio (N)425,5 Fósforo (P) avaliação nutricional. Aliás, este adubo sintético não 259,5 Potássio(K) 1.863,5 correspondeu, na prática experimental, à expectativa de uma Cálcio (Ca) 227,5 boa rentabilidade, haja vista que o aumento de produção por Magnésio(Mg) 405,0 ele proporcionado em relação à testemunha não foi Enxofre (8) 195,0 estatisticamente significativo (Tabela 3). A propósito, cabe Ferro (Fe) 15,3 destacar que a sua composição química é quantitativa e Zinco (Zn) 4,2 Cobre (Cu) qualitativamente inferior à da manipueira, pois reúne menor 11,5 Manganês(Mn) 3,7 número de nutrientes, a par de nutrientes em teores abaixo Boro (B) 5,0 daqueles que se registram na manipueira, em cuja composição Cianeto(CN) 42,5 destacam-se, por ordem de grandeza, os elevados niveis de Cianetototal (CN) 604,0** K,N, Mg,P, Cae S (Tabelas 1 e2). Valores médios de várias determinações (In: PONTE, 1992) 55,0 mg/l (em média) TABELA 3 - Médias de produção de plantas de quiabo, (Hibiscus esculentus L.), em número e peso (kg) de frutos, - TABELA 2 Composição química do fertilizante foliar submetidas adubaçãofoliar com manipueirae fertilizante à FERLIGRAN, utilizado no experimento foliar sintético(lbiapina, Ceará,1993/4) Componente Quantidade (ppm) Tratamento Produçãode frutos* Número Peso Nitrogênio (N) 225,40 Fósforo (P) 134,40 Potássio (K) 180,32 A - manipueira 1:4 101,OOa 3,475a Cálcio (Ca) 0,23 B - manipueira 1:6 98,50 a 3,200a Magnésio (Mg) 0,23 C - manipueira 1:8 96,75 a 3,350a Zinco (Zn) 1,13 D - manipueira 1: 10 91,25 a 3,013a Cobre (Cu) 1,13 E - adubo comercial Manganês (Mn) 0,45 (FERLIGRAN à 0,2%) 54,25b 1,788b F - testemunha 31,25b 1,075 b A primeira aplicação dos compostos representativos dos tratamentos foi feita quando as plantas - estavamcom 30 dias de idade, a contar da data de emergência * Médias seguidasda mesmaletra não diferem estatistica. das plântulas. menteentre si, pelo testede Tukey O período experimental prolongou-se por quatro meses, a contar da data da semeadura. Os quiabos foram colhidos separadamente por tratamento, a intervalos Em termos estatísticos, os tratamentos semanais,sendo sete o número total de colheitas. A valiaram- envolvendo manipueira não diferiram entre si. Todavia, se os resultados em função dos parâmetros número e peso observou-se que a produção dos quiabeiros, no tocante ao dos frutos e os dados analisados estatisticamente. número de frutos, foi decrescendo, de forma lenta mas gradual, à medida que a concentração do composto foi se RESULTADOSE DISCUSSÃO tomando menor. Assim, em números absolutos, a maior quantidade de quiabos foi obtida com o tratamento A, Os dados expostos na Tabela 3, sejam aqueles correspondente à maior concentração de manipueira (1:4), relativos à quantidade de frutos ou ao peso dos mesmos, seguindo-se, pela ordem, os tratamentos B (1 :6), C (1 :8) e D demonstram claramente o rendimento superior das plantas (1:10). Em relação ao peso total dos frutos, esta sequência tratadascom manipueira,nasdiferentesdiluições entãotestadas. só é quebrada pelo tratamento C (1: 8), que superou o E esta superioridademostrou-se estatisticamentesignificativa tratamento B (1 :6), produzindo um pouco mais. Os resultados ao nível de 5% de probabilidade (testesF e Tukey). ora obtidos com o quiabeiro, que, seguramente, poderão ser Ciência Agronômica. Volume 26 . Número 1/2 . 1995 47
  • 4. repetidos com numerosas outras culturas, atestam a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS viabilidade do aproveitamentoda manipueira como adubo foliar. No caso,um fertilizante tecnicamente eficaz, alémde 1. BOARETTO, A.E. & ROSOLEM, C.A. Adubação foliar: economicamente vantajosopor tratar-sede um produto de conceituaçãoe~rática.ln: Adubação Foliar. BOARETO, baixo custo e abundanteem todas as regiões de cultivo e A.E. & ROSOLEM, A.C. (eds.). Campinas, Fundação industrialização mandioca. da Cargill, 1989.p. 301-320. Acresça-se, especial,a notável eficácia desse em 2. HAYNES, R.J. & GOH, K.H. Review on physiological composto como inseticida(PONTE4)e fungicida (SANTOS pathways of foliar absorption. Scientia Horticultural, 7: 291-302.1977. & PONTE?), que lhe acentuaa economicidade, o porquanto 3. MALAVOLTA, E. & SILVA, O. A adubação foliar - poder-se-áreunir, numa só operação, adubaçãofoliar e princípios e perspectivas. São Paulo, ANDA, 1978. 21p. tratamentofitossanitário. 4. POmE, J.J.da. Histórico daspesquisassobre a utilização da manipueira (extrato líquido das raízesde mandioca) como defensivoagricola.Fito~atol.venez.,5(1): 2-5. 1992. CONCLUSÃO 5. ROSOLEM, CÃ. Adubação foliar. In: SIMPÓSIO SOBRE FERTll..IZANTE NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 1, Com os resultadosobtidos nestetrabalho, pode- Brasília,EI..mRAPA;1984.Anais,p. 419-449. i se concluir que é perfeitamente viável o aproveitamento 6. ROSOLEM, C.A.; SIL VERIO, I.C.O. & PRIMA VESI, O. da manipueiracomo fertilizante foliar em substituição aos Adubação foliar da soja: 11. Efeitos de NPK e adubos foliares sintéticos. Aliás, usar a manipueira em micronutrientes em função do preparo do solo. ~ substituição aos fertilizantes foliares sintéticos, todos de agro~ec.bras., 17: 1559-1562.1982. 7. SANTOS, A.B.C. & PONTE, J.J. da. Ação fungicida da alto custo, afigura-se, também, como prática econo- manipueira no controle de Oídio. Fito~atol. bras., 18: micamentevantajosa,particularmentenasáreasde cultivo 302. 1993.(resumo). damandioca,por tratar-sede um resíduodo processamento 8. WITIWER, S.H. Foliar absorption ofplantnutrients. AQ.Y.,. industrial da mesma. Frontiers PlantoSci., 8: 161-182.1964. 48 CiênciaAgronômica. Volume 26 . Número 1/2. 1995