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Física Licenciatura EaD
Disciplina: Ciências da Natureza e Realidade
Aula 15 - O Tocantins e o homem: natureza
de uma realidade
Prof.ª Dr.ª Elisandra Scapin
Apresentação
Esta é a última aula da disciplina Ciências da Natureza e Realidade.
A partir de uma perspectiva sistêmica, você aprenderá a caracterizar
e correlacionar a região Norte, o Estado do Tocantins e o homem que
o habita a conceitos e apreciações físicas, químicas e biológicas já
descritas nas aulas anteriores.
Objetivos
Permitir a você:
1) conhecer um pouco da história de criação e oficialização do Tocantins;
2) discernir melhor os aspectos físicos, químicos e biológicos da região;
3) tomar conhecimento de como o Homo Sapiens migrou para a região,
gerando as etnias que, miscigenadas ao homem branco, deram origem
ao povo tocantinense.
Natureza de uma realidade
O estudo a ser empreendido nesta aula, tendo como título O Tocantins
e o homem: natureza de uma realidade, visa à aquisição dos subsídios
necessários à compreensão das questões:
• o que é o Tocantins?
• como entender o seu povo?
A primeira, de âmbito geral, tem por objetivo situar e caracterizar a
região sob o ponto de vista físico, químico e biológico.
A segunda, mais específica, tem como intento distinguir as variáveis que
contribuem para a atual situação social do nosso Estado e discuti-las de
forma que no decorrer de nossa progressão científica possamos apontar
soluções que contribuam para o aumento da cidadania.
Estado do Tocantins
A divisão do Brasil em regiões no decorrer do Império (1822-1889) até a
República Velha (1889- 1930) era pouco precisa, constando das
províncias e Estados do Norte, do Pará à Bahia; das províncias e Estados
do Sul, do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul.
Até então, inexistiam as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste
e Sul.
O quadro que caracterizou o Norte como região principiou com a ocupação
para exploração do látex e da borracha nos seringais, no final do século
XIX e início do século XX.
Essa crescente importância motivou atos significativos para a região
emergente em termos de disputas territoriais, sendo a mais conhecida e
importante a transferência do atual Acre do controle boliviano para o
brasileiro.
Oficialmente, somente em 1942, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) definiu a primeira regionalização oficial do Brasil,
compreendendo a seguinte distribuição de Estados:
• Norte – Amazonas, Pará e os Territórios de Acre, Rio Branco e Amapá;
• Nordeste Ocidental – Maranhão e Piauí;
• Nordeste Oriental – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas e o Arquipélago de Fernando de Noronha;
• Leste – Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
• Centro-Oeste – Mato Grosso, Goiás e os Territórios de Guaporé e Ponta
Porã;
• Sul – São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Portanto, o território tocantinense era considerado pertencente à região
Centro-Oeste.
A revisão dessa divisão se deu no final de 1969 e início de 1970, quando o
IBGE adotou para fins estatísticos a atual divisão regional, na qual se
destacam as grandes regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Nessa divisão, o Norte era composto pelos estados do Acre, do Amazonas, do
Pará e pelos territórios de Roraima, Amapá e Rondônia.
O Centro-Oeste era composto pelos estados de Mato Grosso, Goiás (que
incluía o território do atual Tocantins) e do Distrito Federal.
Por fim, a Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988
determinou a criação do Estado do Tocantins, dividindo o estado de Goiás
aproximadamente pela linha do paralelo 13° sul.
O IBGE passou a considerar nosso estado recém-criado como
pertencente à região Norte.
A linha paralelo 13° sul já limitava a chamada Amazônia Legal, região
definida pelo governo federal para unificar planejamentos e ações, dentro
do antigo estado de Goiás.
Após 1988, o limite da Amazônia Legal na região passou a ser
considerada equivalente ao limite territorial entre Goiás e Tocantins.
Mas, lembre-se do que aprendemos em aulas anteriores deste capítulo: a
vegetação predominante no Tocantins é de cerrado, e não de floresta
equatorial.
A Região Norte
O espaço e a localização do Norte
O Brasil possui uma área de 8.514.877 km² na qual se insere a região Norte
ocupando uma superfície de 3.869.637,9 km², correspondente a 45,4% do
território Nacional, o que permite acomodar quase todos os países da União
Europeia (cuja área é de 4.324.782,0 km²).
Caso fosse um país, seria o 7º maior do mundo, superando, por exemplo, a
Índia.
Situada na sua maior parte no hemisfério sul, mas tendo partes de quatro
estados (Amazonas, Pará, Amapá e Roraima) a norte da linha do Equador.
A região Norte limita-se a norte com o departamento ultramarino da Guiana
Francesa, o Suriname, a Guiana e a Venezuela, a oeste com a Colômbia e o
Peru, a sul com a Bolívia e com os estados de Mato Grosso e Goiás e,
finalmente, a leste com a Bahia, o Piauí, o Maranhão e com o Oceano
Atlântico.
Duas são as características que marcam essa região:
- A vasta extensão de fronteira internacional na região, que atesta um olhar
mais intenso para a vizinhança.
Dos estados nortistas, apenas o Tocantins não possui fronteiras
internacionais.
- a vasta extensão de sua floresta equatorial, a floresta Amazônica, que não
é a principal cobertura vegetal apenas em dois estados: Roraima e Tocantins.
A maior parte da sua extensão é constituída por uma planície de formação
geológica recente, formada por sedimentos.
Fonte:
<http://www.santaremtur.com.br/portugues/maps/images/regiaonorte-
politico.jpg>.
Acesso
em:
26
abr.
2010.
Figura 1:
Atenção: Realize a Atividade 1 da Aula 15 do Material Complementar.
A Estrutura Geológica
Parte integrante da placa tectônica Sul-Americana, o território brasileiro
apresenta uma complexa evolução geológica originária do período
Arqueano ou Arcaico, éon (1 éon = 1 x 109 anos), compreendido entre 3
bilhões e 850 milhões de anos e 2 bilhões e 500 milhões de anos,
definido pelas características geoquímicas e geofísicas exibidas pelos
constituintes primordiais: minerais e rochas.
Antes de darmos continuidade, vamos aprender a diferenciar um mineral
de uma rocha.
Um mineral nada mais é do que um composto inorgânico de propriedades
físicas e de composição química definida.
São exemplos de minerais: ouro, prata, cobre, grafita, pirita, quartzo,
opala, entre outros.
Por sua vez, rochas são materiais constituídos por um agregado natural
de minerais e, segundo suas composições, origens ou suas formações
classificam-se em (TEIXEIRA et al., 2003, p. 27):
• rochas magmáticas, também nomeadas de ígneas ou eruptivas,
formadas pela solidificação de magmas, abrangem as
• rochas plutônicas, que ao serem formadas sofreram um resfriamento no
seio da câmara magmática, nomeada por isso de holocristalinas (estrutura
completamente cristalizada);
• rochas vulcânicas, originadas a partir de um resfriamento superficial
rápido, logo após uma erupção vulcânica, sendo, por isso, caracterizadas
como hemicristalinas (estrutura cristalizada e vitrificada);
• rochas sedimentares, produzidas superficialmente na terra ou no leito
dos mares por acumulação progressiva em camadas de matérias a partir da
ação do vento e da água;
• rochas metamórficas, geradas pela recristalização e deformação de
rochas sedimentares ou magmáticas a partir da ação da temperatura e da
pressão crescentes com a profundidade da litosfera.
Por sua vez, a classificação dos minerais é feita de acordo com critérios
químicos e cristalográficos, a partir dos quais estes são agrupados em nove
famílias a serem trabalhadas brevemente na disciplina Mineralogia.
Os minerais e, sobretudo, as rochas, são partes fundamentais da litosfera,
compartimento sólido responsável pela formação de ilhas e continentes do
planeta.
As rochas ígneas ou magmáticas, as mais antigas componentes da
arquitetura do planeta, precedidas das metamórficas, são
denominadas de rochas cristalinas em função da cristalização dos
seus minerais.
Já as sedimentares, mais recentes, correspondem a cerca de 5% da
litosfera, constituindo uma espécie de manto protetor da superfície
terrestre.
Três são as estruturas geológicas que compõem o globo terrestre.
A primeira, constituída pelas rochas cristalinas, se caracteriza pela
rigidez, resistência e idade, sendo datadas da era Pré-Cambriana.
A segunda, nomeada Bacia Sedimentar, resulta da acumulação
progressiva de detritos, originando as rochas sedimentares oriundas das
eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica.
A terceira, resultante dos Desdobramentos Modernos, ascendência
vertical do terreno, decorrente da elevação da pressão interior do
planeta, datadas da era Cenozoica, período terciário.
São exemplos: os Andes, os Alpes, o Himalaia, entre outros.
No Brasil, 1/3 da estrutura geológica é formado pelo escudo cristalino,
constituído de rochas ígneas e metamórficas, enquanto os 2/3 restantes
compreendem a Bacia Sedimentar.
A estrutura geológica da Região Norte é primordialmente composta de
áreas sedimentares, ou seja, compostas de sedimentos arrastados por
agentes como chuvas, ventos, rios e marés.
O Norte Hidrográfico
Como já sabemos, a hidrosfera é a parte da biosfera correspondente ao
meio líquido que recobre sete décimos da superfície planetária.
A ciência que estuda a ocorrência, a distribuição e a dinâmica da água
na Terra é nomeada de Hidrologia, do grego hýdor, água + lógos,
tratado.
A Hidrogeologia, do grego hýdor, água + gê, terra + logos, tratado, é o
ramo da geologia que estuda a circulação das águas no solo e subsolo e
as interações da geologia com as águas da superfície terrestre.
Por sua vez, a Hidrografia, do grego hýdor, água + graph, resíduo de
graphein, descrever, é o ramo da Geografia associado ao estudo dos
diversos lugares ocupados pelas águas, na superfície da Terra.
As três principais bacias
hidrográficas do Brasil são,
segundo Vesentini (1990, p.
184): a Amazônica (AM), a
Platina (PT) e a do São
Francisco (SF).
São bacias secundárias as
das regiões Nordeste (NE),
Leste (LE) e Sudeste-Sul
(SS).
A dinâmica da água no planeta é caracterizada pelo seu ciclo
biogeoquímico.
Como sabemos, são os estados de agregação que caracterizam a
matéria, e a água coexiste nos estados: líquido, sólido e gasoso.
Portanto, ela circula facilmente entre os três compartimentos que
caracterizam a biosfera terrestre, dentre os quais o que armazena maior
volume de água é a hidrosfera, 363 milhões de km² sobre um total de
510 milhões de km², seguido da litosfera e, por fim, da atmosfera
(RAMADE, 1984, p. 239).
Figura 3: Ciclo biogeoquímico da água
Na região Norte, devido às condições climáticas, a água circula
naturalmente nos estados líquido e vapor.
A caracterização do seu ciclo biogeoquímico ocorre da seguinte forma:
sob a ação do Sol, a água da hidrosfera se evapora e difunde para as
camadas altas da atmosfera, originando as nuvens, massas visíveis
de gotas d’água ou de cristais de gelo em suspensão.
A partir da diminuição de temperatura, esse vapor se condensa e se
precipita sob a forma de chuva nos oceanos e na Terra.
Por outro lado, o ser humano e os vegetais também exercem
influência marcante sobre o ciclo da água.
As raízes das plantas, atuando como verdadeiros vasos capilares, captam água
do solo e a devolvem em parte à atmosfera.
Portanto, o processo de desflorestamento, tendo como principal artífice o
homem, tem modificado sobremaneira o ciclo biogeoquímico da água,
provocando inundações marcantes em várias regiões do planeta.
Na litosfera, a água circula segundo as vias (ver figura 3):
• por escoamento, seguindo o relevo do ambiente;
• por infiltração, através de fissuras naturais dos solos e rochas;
• por percolação (filtração, sob pressão, de um líquido através de um meio
sólido), migrando lentamente através dos solos.
A partir das vias de circulação da água por infiltração e percolação, ocorre
a alimentação dos lençóis freáticos (reservatórios de água subterrâneos).
A interação da água com o meio litosférico ocorre de duas maneiras: a
primeira, lenta, contribuindo quimicamente para a fertilização do solo; e a
segunda, rápida, a partir da qual se observa a erosão progressiva do solo.
O clima
De acordo com o Glossary Intergovernmental Panel on Climate Change –
IPCC – (Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima).
Clima, em sentido restrito é definido como a descrição estatística de
quantidades relevantes e mudanças do tempo meteorológico num período de
tempo, que vai de meses a milhões de anos.
O período clássico, definido pela Organização Mundial de Meteorologia
(OMM), é de 30 (trinta) anos.
Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura,
precipitação e vento.
O clima em sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições e
estatísticas do sistema meteorológico IPCC Glossary 2001.
Durante a era Cenozoica, período quaternário, ao final da época
Pleistocênica, início da halocênica, compreendidas entre 10.000 e
2.000.000 de anos, o Cerrado, a Caatinga e o Agreste do Brasil, também
conhecidas como savanas tropicais, assemelhavam-se ao que são nos
dias atuais, algumas vezes permeadas por massas de ar seca e fria, o
que tornava a sua vegetação pouco densa, outras pelo ar úmido e
quente, condições propícias para a eclosão de uma vegetação mais
densa.
A região anualmente se caracterizava por possuir duas estações bem
definidas: uma de chuva e outra seca (SCHMITZ, 1990, p. 9-32).
No Norte, o clima exerce uma influência marcante sobre a paisagem
(amazônica ou de Cerrado).
Com relação às médias anuais de temperatura, poucas variações se registram
na região Norte, situando-se, quase sempre, entre 25 e 30 °C.
Um fenômeno natural resultante da interação entre a atmosfera e o oceano
contribui para o clima na região Norte.
El Niño, como é conhecido o fenômeno, dura de 12 a 18 meses em média e
se repete em intervalos de 2 a 7 anos com intensidades diversas.
Ele decorre do aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico
Tropical, produzindo alterações significativas não somente no clima regional e
global, mas também nos padrões de deslocamentos das massas de ar do planeta
alterando os regimes pluviométricos das regiões tropicais.
Atenção: Realize a Atividade 2 da Aula 15 do Material Complementar.
O bioma do Tocantins
A flora
A região Norte possui uma cobertura vegetal diversificada.
Na sua diversidade, encontramos variadas formas de floresta equatorial (terras
alagáveis, terras firmes) e de Cerrado .
A Floresta Amazônica, a mais extensa, se estende desde o Mato Grosso e
o Pará até a Colômbia e o Peru.
Já o Cerrado, cobertura vegetal que no Norte está mais presente no Tocantins
(quase a totalidade do Estado), em Roraima (maior parte da área) e em
Rondônia (menos da metade).
Apresenta como característica fitogeográfica o fato de ser constituído por
gramíneas com árvores e arbustos dispersos isoladamente ou em pequenos
grupos.
Conforme a região, o Cerrado se caracteriza por ser mais seco e agrupado, ou
seco e esparso, ou arbustivo denso, ou ainda ter características dos biomas
próximos, como Pantanal e Amazônia.
O mangue é visto como um ecossistema costeiro comum nas regiões
tropicais e subtropicais.
Interface entre a terra e o mar, ele permeia as margens das baías, barras,
enseadas, foz de rios e lagunas ou ainda onde se produza o encontro da
água doce com a salgada.
Sujeitas ao regime das marés, a sua vegetação é constituída por espécies
que se desenvolvem em terreno com pequeno declive, sendo dominada por
espécies típicas como:
- mangue vermelho (Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Rhizophora
harrisonii), conhecido como verdadeiro, bravo, sapateiro e gaiteiro;
- mangue preto (Avicennia germinans e Avicennia shaueriana), também
chamado de sereíba ou siriuba e
- o mangue branco (Laguncularia racemosa), conhecido como tinteira ou
manso.
É o que ocorre no encontro dos
rios Amazonas e Tocantins,
por exemplo, com o mar.
Fonte:
https://portalamazonia.com/amazonia/conheca-os-
manguezais-da-amazonia-o-maior-cinturao-de-
manguezais-do-mundo acessado em 21/09/22
Divisão das Plantas
• Árvore: Vegetal lenhoso que apresenta mais de três metros de altura
constituído por tronco, galhos, ramos e folhas.
• Arbusto: Vegetal lenhoso, desprovido de tronco que tem ramificações
desde a base.
• Erva: Vegetal pequeno, de talo macio, cujas partes verdes morrem em
menos de um ano.
Atenção: Realize a Atividade 3 da Aula 15 do Material
Complementar.
A Fauna
O Brasil, país tropical, é conhecido por ser possuidor da maior biodiversidade
do planeta.
Sua macrofauna apresenta aproximadamente a seguinte constituição.
De acordo com a Tabela 1, o Cerrado é um dos biomas de maior
biodiversidade do Brasil, rivalizando diretamente com a Amazônia.
Além disso, ela revela ser um celeiro de espécies endêmicas e de múltipla
constituição vegetal.
Atenção: Realize a Atividade 4 da Aula 15 do Material Complementar.
A Sociedade Brasileira
Os Primeiros Habitantes do Brasil
A teoria mais aceita a respeito da origem do homem americano é partidária de
que os primeiros habitantes a povoarem o continente migraram da Ásia,
passando pelo estreito de Bering, atingindo a América no decorrer da última
Era Glacial há 21.000 anos.
Nesta época um terço dos continentes do planeta estavam imersos em massa
de gelo e a temperatura média da superfície era de 5°C (cinco graus
centígrados).
A história do nosso planeta contempla avanços e recuo de massas de gelo em
grandes extensões dos continentes.
Fonte: https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/16032017073746668.pdf
Ao movimento dessas massas frígidas, dá-se o nome de Glaciação e
atribui-se a denominação de Era Glacial aos períodos nos quais o gelo
ocupa grandes áreas em que reinam temperaturas excessivamente frias.
Segundo o sérvio Milutin Milankovich (1879 - 1958), matemático e
especialista em astronomia e geofísica, as Glaciações decorrem de
alterações na órbita da Terra.
Entre 28.000 e 23.000 anos a.C., uma grande quantidade de água retida
nas geleiras do oceano Ártico induziu o abaixamento do nível das águas do
mar, gerando uma ponte natural ligando o extremo leste do que viria a ser a
Ásia, região além Sibéria, com a região isolada e rochosa do atual Alasca.
Assim, o homem migrava para o Novo Mundo, para a América. Após um novo
período submerso, a ponte emergiu e perdurou durante 14.000 e 10.000 anos
a.C.
Foi fazendo uso dessa rota que os asiáticos migraram para o continente
americano.
Admite-se que o homem, ao chegar ao novo Continente já tinha evoluído a
Homo Sapiens, fato comprovado pela antropologia, etnografia e linguística,
ciências defensoras da teoria da migração via estreito de Bering.
A ele coube a tarefa de explorar o novo continente e povoar as suas
diferentes regiões, uma destas, o Brasil.
Fonte: https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/16032017073746668.pdf
Além do mais, ele foi o precursor das primeiras comunidades agrícolas
no território onde hoje se situam países como México, Guatemala,
Honduras, Equador, Bolívia, Peru, Chile, berço das civilizações Maia,
Asteca e Inca.
Quanto à migração humana para as terras brasileiras, entre 12.000 e
9.000 anos a.C., duas áreas férteis em dados arqueológicos são
levadas em consideração, a primeira compreende a Bacia Amazônica
e a segunda ao Planalto Central, ambas ocupadas por incursões
sucessivas do Homo Sapiens.
A ocupação do Nordeste brasileiro ocorreu depois, ao final do Período
Pleistoceno, dando-se a partir da região do Tocantins e Goiás por incursões de
caçadores que se estabeleceram próximos aos mananciais aquáticos, o que
possibilitou a adaptação progressiva da espécie às condições áridas da região.
Nesse mesmo período, coabitavam a região espécimes como o tigre dente-de-
sabre, o mastodonte, a preguiça e o tatu gigante, componentes da megafauna
local (MARTIM, 1999, p. 24-26).
Na futura região Nordeste, o homem primitivo evoluiu a homem do sertão,
sertanejo, mestiço resultante da miscigenação entre brancos e índios, até hoje
convivendo com as intempéries do seu habitat e assumindo o perfil tão bem
descrito por Euclides da Cunha em sua obra-máxima, Os Sertões (CUNHA,
2002, p. 115).
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. [...] A sua aparência, entretanto, ao
primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável,
[...]. É desgracioso, desengonçado, torto. [...}. O andar sem firmeza, sem
aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros
desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar
de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé,
quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede
que encontra [...] . Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória
retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de
que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se
na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o
isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo –
de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável,
em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés,
sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e
adorável.
De acordo com estimativas de 2020, realizadas pelo IBGE, a população da
região Norte foi estimada em 18.672.591 habitantes, valor correspondente a
cerca de 8,81% da população nacional.
https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/
estimativa_dou_2020.pdf adaptado em 21/09/22
ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA
FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2020
Região População Percentual
Região Norte 18.672.591 8,81%
Região Nordeste 57.374.243 27,09%
Região Sudeste 89.012.240 42,03%
Região Sul 30.192.315 14,25%
Região Centro-Oeste 16.504.303 7,79%
Brasil 211.755.692 100,00%
ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA
DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2020
Fonte https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/estimativa_dou_2020.pdf
Na região norte a população está distribuída nos estados conforme
mostra a seguir:
Pelo isolamento vivido até antes da construção da rodovia Belém-Brasília e,
mais recentemente, antes da emancipação a partir do território goiano, o
Tocantins enfrenta problemas sérios que interferem efetivamente no seu
desenvolvimento, os mais comuns são:
-a distribuição de terras,
- a concentração de renda e,
-sobretudo, o analfabetismo.
Inverno e verão
O Tocantins se caracteriza por ter duas estações relativamente bem
definidas ao longo do ano.
A chuvosa, popularmente chamada de inverno, é caracterizada pela ligeira
redução da temperatura média mensal, aumento da umidade e da
pluviosidade, e pelo balanço hídrico positivo (chove mais do que evapora).
Já a seca, chamada de verão, possui temperaturas médias mais elevadas,
umidade do ar mais reduzida e balanço hídrico negativo, podendo ser
observada com frequência situação de três meses com completa ausência
de chuvas, especialmente por volta do mês de julho.
Outro fenômeno a ser enfatizado é a evapotranspiração resultante de duas
contribuições:
- a evaporação direta (evolução física sofrida pela água ao passar do
estado líquido para o estado de vapor) que se dá a partir da água dos solos
úmidos e dos diferentes mananciais aquáticos da região;
- e a transpiração dos vegetais.
As raízes dos vegetais captam a água presente no solo e a conduz por
osmose através dos seus vasos capilares; nas suas folhas, através de seus
estômatos (microporos), parte da água se evapora e parte é utilizada pelo
vegetal para a realização do processo de fotossíntese.
Atenção: Realize a Atividade 5 da Aula 15 do Material Complementar.
Resumo
Nesta aula, passamos a conhecer melhor o Norte brasileiro. Aprendemos
que a sua criação foi decorrência da existência de uma característica
comum, a Amazônia, na qual o Tocantins veio se inserir, no início da década
de 1990, por afinidades geográficas e de incentivo governamental
(Amazônia Legal).
Também, evidenciamos a região quanto a sua localização espacial, estrutura
geológica, hidrografia e seu clima.
Em breve relato, descrevemos a sua flora, diversificada e característica – o
Cerrado –, além de traçarmos o perfil estatístico da sua fauna.
Retratamos, ainda, a origem do homem tocantinense, resultado da
miscigenação entre o homem branco e os nativos, índios das diferentes
etnias.
Por fim, traçamos o perfil físico e social do nosso Estado.
Atenção: Realize todas as Atividades da Autoavaliação da Aula 15 do
Material Complementar.
Bons Estudos!

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  • 1. Física Licenciatura EaD Disciplina: Ciências da Natureza e Realidade Aula 15 - O Tocantins e o homem: natureza de uma realidade Prof.ª Dr.ª Elisandra Scapin
  • 2. Apresentação Esta é a última aula da disciplina Ciências da Natureza e Realidade. A partir de uma perspectiva sistêmica, você aprenderá a caracterizar e correlacionar a região Norte, o Estado do Tocantins e o homem que o habita a conceitos e apreciações físicas, químicas e biológicas já descritas nas aulas anteriores.
  • 3. Objetivos Permitir a você: 1) conhecer um pouco da história de criação e oficialização do Tocantins; 2) discernir melhor os aspectos físicos, químicos e biológicos da região; 3) tomar conhecimento de como o Homo Sapiens migrou para a região, gerando as etnias que, miscigenadas ao homem branco, deram origem ao povo tocantinense.
  • 4. Natureza de uma realidade O estudo a ser empreendido nesta aula, tendo como título O Tocantins e o homem: natureza de uma realidade, visa à aquisição dos subsídios necessários à compreensão das questões: • o que é o Tocantins? • como entender o seu povo? A primeira, de âmbito geral, tem por objetivo situar e caracterizar a região sob o ponto de vista físico, químico e biológico.
  • 5. A segunda, mais específica, tem como intento distinguir as variáveis que contribuem para a atual situação social do nosso Estado e discuti-las de forma que no decorrer de nossa progressão científica possamos apontar soluções que contribuam para o aumento da cidadania. Estado do Tocantins A divisão do Brasil em regiões no decorrer do Império (1822-1889) até a República Velha (1889- 1930) era pouco precisa, constando das províncias e Estados do Norte, do Pará à Bahia; das províncias e Estados do Sul, do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul. Até então, inexistiam as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
  • 6. O quadro que caracterizou o Norte como região principiou com a ocupação para exploração do látex e da borracha nos seringais, no final do século XIX e início do século XX. Essa crescente importância motivou atos significativos para a região emergente em termos de disputas territoriais, sendo a mais conhecida e importante a transferência do atual Acre do controle boliviano para o brasileiro. Oficialmente, somente em 1942, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) definiu a primeira regionalização oficial do Brasil, compreendendo a seguinte distribuição de Estados: • Norte – Amazonas, Pará e os Territórios de Acre, Rio Branco e Amapá;
  • 7. • Nordeste Ocidental – Maranhão e Piauí; • Nordeste Oriental – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e o Arquipélago de Fernando de Noronha; • Leste – Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo; • Centro-Oeste – Mato Grosso, Goiás e os Territórios de Guaporé e Ponta Porã; • Sul – São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Portanto, o território tocantinense era considerado pertencente à região Centro-Oeste.
  • 8. A revisão dessa divisão se deu no final de 1969 e início de 1970, quando o IBGE adotou para fins estatísticos a atual divisão regional, na qual se destacam as grandes regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Nessa divisão, o Norte era composto pelos estados do Acre, do Amazonas, do Pará e pelos territórios de Roraima, Amapá e Rondônia. O Centro-Oeste era composto pelos estados de Mato Grosso, Goiás (que incluía o território do atual Tocantins) e do Distrito Federal. Por fim, a Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988 determinou a criação do Estado do Tocantins, dividindo o estado de Goiás aproximadamente pela linha do paralelo 13° sul.
  • 9. O IBGE passou a considerar nosso estado recém-criado como pertencente à região Norte. A linha paralelo 13° sul já limitava a chamada Amazônia Legal, região definida pelo governo federal para unificar planejamentos e ações, dentro do antigo estado de Goiás. Após 1988, o limite da Amazônia Legal na região passou a ser considerada equivalente ao limite territorial entre Goiás e Tocantins. Mas, lembre-se do que aprendemos em aulas anteriores deste capítulo: a vegetação predominante no Tocantins é de cerrado, e não de floresta equatorial.
  • 10. A Região Norte O espaço e a localização do Norte O Brasil possui uma área de 8.514.877 km² na qual se insere a região Norte ocupando uma superfície de 3.869.637,9 km², correspondente a 45,4% do território Nacional, o que permite acomodar quase todos os países da União Europeia (cuja área é de 4.324.782,0 km²). Caso fosse um país, seria o 7º maior do mundo, superando, por exemplo, a Índia. Situada na sua maior parte no hemisfério sul, mas tendo partes de quatro estados (Amazonas, Pará, Amapá e Roraima) a norte da linha do Equador.
  • 11. A região Norte limita-se a norte com o departamento ultramarino da Guiana Francesa, o Suriname, a Guiana e a Venezuela, a oeste com a Colômbia e o Peru, a sul com a Bolívia e com os estados de Mato Grosso e Goiás e, finalmente, a leste com a Bahia, o Piauí, o Maranhão e com o Oceano Atlântico. Duas são as características que marcam essa região: - A vasta extensão de fronteira internacional na região, que atesta um olhar mais intenso para a vizinhança. Dos estados nortistas, apenas o Tocantins não possui fronteiras internacionais. - a vasta extensão de sua floresta equatorial, a floresta Amazônica, que não é a principal cobertura vegetal apenas em dois estados: Roraima e Tocantins.
  • 12. A maior parte da sua extensão é constituída por uma planície de formação geológica recente, formada por sedimentos. Fonte: <http://www.santaremtur.com.br/portugues/maps/images/regiaonorte- politico.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. Figura 1:
  • 13. Atenção: Realize a Atividade 1 da Aula 15 do Material Complementar. A Estrutura Geológica Parte integrante da placa tectônica Sul-Americana, o território brasileiro apresenta uma complexa evolução geológica originária do período Arqueano ou Arcaico, éon (1 éon = 1 x 109 anos), compreendido entre 3 bilhões e 850 milhões de anos e 2 bilhões e 500 milhões de anos, definido pelas características geoquímicas e geofísicas exibidas pelos constituintes primordiais: minerais e rochas. Antes de darmos continuidade, vamos aprender a diferenciar um mineral de uma rocha.
  • 14. Um mineral nada mais é do que um composto inorgânico de propriedades físicas e de composição química definida. São exemplos de minerais: ouro, prata, cobre, grafita, pirita, quartzo, opala, entre outros. Por sua vez, rochas são materiais constituídos por um agregado natural de minerais e, segundo suas composições, origens ou suas formações classificam-se em (TEIXEIRA et al., 2003, p. 27): • rochas magmáticas, também nomeadas de ígneas ou eruptivas, formadas pela solidificação de magmas, abrangem as
  • 15. • rochas plutônicas, que ao serem formadas sofreram um resfriamento no seio da câmara magmática, nomeada por isso de holocristalinas (estrutura completamente cristalizada); • rochas vulcânicas, originadas a partir de um resfriamento superficial rápido, logo após uma erupção vulcânica, sendo, por isso, caracterizadas como hemicristalinas (estrutura cristalizada e vitrificada); • rochas sedimentares, produzidas superficialmente na terra ou no leito dos mares por acumulação progressiva em camadas de matérias a partir da ação do vento e da água;
  • 16. • rochas metamórficas, geradas pela recristalização e deformação de rochas sedimentares ou magmáticas a partir da ação da temperatura e da pressão crescentes com a profundidade da litosfera. Por sua vez, a classificação dos minerais é feita de acordo com critérios químicos e cristalográficos, a partir dos quais estes são agrupados em nove famílias a serem trabalhadas brevemente na disciplina Mineralogia. Os minerais e, sobretudo, as rochas, são partes fundamentais da litosfera, compartimento sólido responsável pela formação de ilhas e continentes do planeta.
  • 17. As rochas ígneas ou magmáticas, as mais antigas componentes da arquitetura do planeta, precedidas das metamórficas, são denominadas de rochas cristalinas em função da cristalização dos seus minerais. Já as sedimentares, mais recentes, correspondem a cerca de 5% da litosfera, constituindo uma espécie de manto protetor da superfície terrestre. Três são as estruturas geológicas que compõem o globo terrestre. A primeira, constituída pelas rochas cristalinas, se caracteriza pela rigidez, resistência e idade, sendo datadas da era Pré-Cambriana.
  • 18. A segunda, nomeada Bacia Sedimentar, resulta da acumulação progressiva de detritos, originando as rochas sedimentares oriundas das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica. A terceira, resultante dos Desdobramentos Modernos, ascendência vertical do terreno, decorrente da elevação da pressão interior do planeta, datadas da era Cenozoica, período terciário. São exemplos: os Andes, os Alpes, o Himalaia, entre outros. No Brasil, 1/3 da estrutura geológica é formado pelo escudo cristalino, constituído de rochas ígneas e metamórficas, enquanto os 2/3 restantes compreendem a Bacia Sedimentar.
  • 19. A estrutura geológica da Região Norte é primordialmente composta de áreas sedimentares, ou seja, compostas de sedimentos arrastados por agentes como chuvas, ventos, rios e marés. O Norte Hidrográfico Como já sabemos, a hidrosfera é a parte da biosfera correspondente ao meio líquido que recobre sete décimos da superfície planetária.
  • 20. A ciência que estuda a ocorrência, a distribuição e a dinâmica da água na Terra é nomeada de Hidrologia, do grego hýdor, água + lógos, tratado. A Hidrogeologia, do grego hýdor, água + gê, terra + logos, tratado, é o ramo da geologia que estuda a circulação das águas no solo e subsolo e as interações da geologia com as águas da superfície terrestre. Por sua vez, a Hidrografia, do grego hýdor, água + graph, resíduo de graphein, descrever, é o ramo da Geografia associado ao estudo dos diversos lugares ocupados pelas águas, na superfície da Terra.
  • 21. As três principais bacias hidrográficas do Brasil são, segundo Vesentini (1990, p. 184): a Amazônica (AM), a Platina (PT) e a do São Francisco (SF). São bacias secundárias as das regiões Nordeste (NE), Leste (LE) e Sudeste-Sul (SS).
  • 22. A dinâmica da água no planeta é caracterizada pelo seu ciclo biogeoquímico. Como sabemos, são os estados de agregação que caracterizam a matéria, e a água coexiste nos estados: líquido, sólido e gasoso. Portanto, ela circula facilmente entre os três compartimentos que caracterizam a biosfera terrestre, dentre os quais o que armazena maior volume de água é a hidrosfera, 363 milhões de km² sobre um total de 510 milhões de km², seguido da litosfera e, por fim, da atmosfera (RAMADE, 1984, p. 239).
  • 23. Figura 3: Ciclo biogeoquímico da água
  • 24. Na região Norte, devido às condições climáticas, a água circula naturalmente nos estados líquido e vapor. A caracterização do seu ciclo biogeoquímico ocorre da seguinte forma: sob a ação do Sol, a água da hidrosfera se evapora e difunde para as camadas altas da atmosfera, originando as nuvens, massas visíveis de gotas d’água ou de cristais de gelo em suspensão. A partir da diminuição de temperatura, esse vapor se condensa e se precipita sob a forma de chuva nos oceanos e na Terra. Por outro lado, o ser humano e os vegetais também exercem influência marcante sobre o ciclo da água.
  • 25. As raízes das plantas, atuando como verdadeiros vasos capilares, captam água do solo e a devolvem em parte à atmosfera. Portanto, o processo de desflorestamento, tendo como principal artífice o homem, tem modificado sobremaneira o ciclo biogeoquímico da água, provocando inundações marcantes em várias regiões do planeta. Na litosfera, a água circula segundo as vias (ver figura 3): • por escoamento, seguindo o relevo do ambiente; • por infiltração, através de fissuras naturais dos solos e rochas;
  • 26. • por percolação (filtração, sob pressão, de um líquido através de um meio sólido), migrando lentamente através dos solos. A partir das vias de circulação da água por infiltração e percolação, ocorre a alimentação dos lençóis freáticos (reservatórios de água subterrâneos). A interação da água com o meio litosférico ocorre de duas maneiras: a primeira, lenta, contribuindo quimicamente para a fertilização do solo; e a segunda, rápida, a partir da qual se observa a erosão progressiva do solo.
  • 27. O clima De acordo com o Glossary Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC – (Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima). Clima, em sentido restrito é definido como a descrição estatística de quantidades relevantes e mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM), é de 30 (trinta) anos. Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento.
  • 28. O clima em sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições e estatísticas do sistema meteorológico IPCC Glossary 2001. Durante a era Cenozoica, período quaternário, ao final da época Pleistocênica, início da halocênica, compreendidas entre 10.000 e 2.000.000 de anos, o Cerrado, a Caatinga e o Agreste do Brasil, também conhecidas como savanas tropicais, assemelhavam-se ao que são nos dias atuais, algumas vezes permeadas por massas de ar seca e fria, o que tornava a sua vegetação pouco densa, outras pelo ar úmido e quente, condições propícias para a eclosão de uma vegetação mais densa.
  • 29. A região anualmente se caracterizava por possuir duas estações bem definidas: uma de chuva e outra seca (SCHMITZ, 1990, p. 9-32). No Norte, o clima exerce uma influência marcante sobre a paisagem (amazônica ou de Cerrado). Com relação às médias anuais de temperatura, poucas variações se registram na região Norte, situando-se, quase sempre, entre 25 e 30 °C. Um fenômeno natural resultante da interação entre a atmosfera e o oceano contribui para o clima na região Norte. El Niño, como é conhecido o fenômeno, dura de 12 a 18 meses em média e se repete em intervalos de 2 a 7 anos com intensidades diversas.
  • 30. Ele decorre do aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico Tropical, produzindo alterações significativas não somente no clima regional e global, mas também nos padrões de deslocamentos das massas de ar do planeta alterando os regimes pluviométricos das regiões tropicais. Atenção: Realize a Atividade 2 da Aula 15 do Material Complementar. O bioma do Tocantins A flora A região Norte possui uma cobertura vegetal diversificada. Na sua diversidade, encontramos variadas formas de floresta equatorial (terras alagáveis, terras firmes) e de Cerrado .
  • 31. A Floresta Amazônica, a mais extensa, se estende desde o Mato Grosso e o Pará até a Colômbia e o Peru. Já o Cerrado, cobertura vegetal que no Norte está mais presente no Tocantins (quase a totalidade do Estado), em Roraima (maior parte da área) e em Rondônia (menos da metade). Apresenta como característica fitogeográfica o fato de ser constituído por gramíneas com árvores e arbustos dispersos isoladamente ou em pequenos grupos. Conforme a região, o Cerrado se caracteriza por ser mais seco e agrupado, ou seco e esparso, ou arbustivo denso, ou ainda ter características dos biomas próximos, como Pantanal e Amazônia.
  • 32. O mangue é visto como um ecossistema costeiro comum nas regiões tropicais e subtropicais. Interface entre a terra e o mar, ele permeia as margens das baías, barras, enseadas, foz de rios e lagunas ou ainda onde se produza o encontro da água doce com a salgada. Sujeitas ao regime das marés, a sua vegetação é constituída por espécies que se desenvolvem em terreno com pequeno declive, sendo dominada por espécies típicas como: - mangue vermelho (Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Rhizophora harrisonii), conhecido como verdadeiro, bravo, sapateiro e gaiteiro;
  • 33. - mangue preto (Avicennia germinans e Avicennia shaueriana), também chamado de sereíba ou siriuba e - o mangue branco (Laguncularia racemosa), conhecido como tinteira ou manso. É o que ocorre no encontro dos rios Amazonas e Tocantins, por exemplo, com o mar. Fonte: https://portalamazonia.com/amazonia/conheca-os- manguezais-da-amazonia-o-maior-cinturao-de- manguezais-do-mundo acessado em 21/09/22
  • 34. Divisão das Plantas • Árvore: Vegetal lenhoso que apresenta mais de três metros de altura constituído por tronco, galhos, ramos e folhas. • Arbusto: Vegetal lenhoso, desprovido de tronco que tem ramificações desde a base. • Erva: Vegetal pequeno, de talo macio, cujas partes verdes morrem em menos de um ano. Atenção: Realize a Atividade 3 da Aula 15 do Material Complementar.
  • 35. A Fauna O Brasil, país tropical, é conhecido por ser possuidor da maior biodiversidade do planeta. Sua macrofauna apresenta aproximadamente a seguinte constituição. De acordo com a Tabela 1, o Cerrado é um dos biomas de maior biodiversidade do Brasil, rivalizando diretamente com a Amazônia. Além disso, ela revela ser um celeiro de espécies endêmicas e de múltipla constituição vegetal. Atenção: Realize a Atividade 4 da Aula 15 do Material Complementar.
  • 36.
  • 37. A Sociedade Brasileira Os Primeiros Habitantes do Brasil A teoria mais aceita a respeito da origem do homem americano é partidária de que os primeiros habitantes a povoarem o continente migraram da Ásia, passando pelo estreito de Bering, atingindo a América no decorrer da última Era Glacial há 21.000 anos. Nesta época um terço dos continentes do planeta estavam imersos em massa de gelo e a temperatura média da superfície era de 5°C (cinco graus centígrados). A história do nosso planeta contempla avanços e recuo de massas de gelo em grandes extensões dos continentes.
  • 39. Ao movimento dessas massas frígidas, dá-se o nome de Glaciação e atribui-se a denominação de Era Glacial aos períodos nos quais o gelo ocupa grandes áreas em que reinam temperaturas excessivamente frias. Segundo o sérvio Milutin Milankovich (1879 - 1958), matemático e especialista em astronomia e geofísica, as Glaciações decorrem de alterações na órbita da Terra. Entre 28.000 e 23.000 anos a.C., uma grande quantidade de água retida nas geleiras do oceano Ártico induziu o abaixamento do nível das águas do mar, gerando uma ponte natural ligando o extremo leste do que viria a ser a Ásia, região além Sibéria, com a região isolada e rochosa do atual Alasca.
  • 40. Assim, o homem migrava para o Novo Mundo, para a América. Após um novo período submerso, a ponte emergiu e perdurou durante 14.000 e 10.000 anos a.C. Foi fazendo uso dessa rota que os asiáticos migraram para o continente americano. Admite-se que o homem, ao chegar ao novo Continente já tinha evoluído a Homo Sapiens, fato comprovado pela antropologia, etnografia e linguística, ciências defensoras da teoria da migração via estreito de Bering. A ele coube a tarefa de explorar o novo continente e povoar as suas diferentes regiões, uma destas, o Brasil.
  • 42. Além do mais, ele foi o precursor das primeiras comunidades agrícolas no território onde hoje se situam países como México, Guatemala, Honduras, Equador, Bolívia, Peru, Chile, berço das civilizações Maia, Asteca e Inca. Quanto à migração humana para as terras brasileiras, entre 12.000 e 9.000 anos a.C., duas áreas férteis em dados arqueológicos são levadas em consideração, a primeira compreende a Bacia Amazônica e a segunda ao Planalto Central, ambas ocupadas por incursões sucessivas do Homo Sapiens.
  • 43. A ocupação do Nordeste brasileiro ocorreu depois, ao final do Período Pleistoceno, dando-se a partir da região do Tocantins e Goiás por incursões de caçadores que se estabeleceram próximos aos mananciais aquáticos, o que possibilitou a adaptação progressiva da espécie às condições áridas da região. Nesse mesmo período, coabitavam a região espécimes como o tigre dente-de- sabre, o mastodonte, a preguiça e o tatu gigante, componentes da megafauna local (MARTIM, 1999, p. 24-26). Na futura região Nordeste, o homem primitivo evoluiu a homem do sertão, sertanejo, mestiço resultante da miscigenação entre brancos e índios, até hoje convivendo com as intempéries do seu habitat e assumindo o perfil tão bem descrito por Euclides da Cunha em sua obra-máxima, Os Sertões (CUNHA, 2002, p. 115).
  • 44. O sertanejo é, antes de tudo, um forte. [...] A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, [...]. É desgracioso, desengonçado, torto. [...}. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra [...] . Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.
  • 45. De acordo com estimativas de 2020, realizadas pelo IBGE, a população da região Norte foi estimada em 18.672.591 habitantes, valor correspondente a cerca de 8,81% da população nacional. https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/ estimativa_dou_2020.pdf adaptado em 21/09/22 ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2020 Região População Percentual Região Norte 18.672.591 8,81% Região Nordeste 57.374.243 27,09% Região Sudeste 89.012.240 42,03% Região Sul 30.192.315 14,25% Região Centro-Oeste 16.504.303 7,79% Brasil 211.755.692 100,00% ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2020
  • 46. Fonte https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/estimativa_dou_2020.pdf Na região norte a população está distribuída nos estados conforme mostra a seguir:
  • 47. Pelo isolamento vivido até antes da construção da rodovia Belém-Brasília e, mais recentemente, antes da emancipação a partir do território goiano, o Tocantins enfrenta problemas sérios que interferem efetivamente no seu desenvolvimento, os mais comuns são: -a distribuição de terras, - a concentração de renda e, -sobretudo, o analfabetismo.
  • 48. Inverno e verão O Tocantins se caracteriza por ter duas estações relativamente bem definidas ao longo do ano. A chuvosa, popularmente chamada de inverno, é caracterizada pela ligeira redução da temperatura média mensal, aumento da umidade e da pluviosidade, e pelo balanço hídrico positivo (chove mais do que evapora). Já a seca, chamada de verão, possui temperaturas médias mais elevadas, umidade do ar mais reduzida e balanço hídrico negativo, podendo ser observada com frequência situação de três meses com completa ausência de chuvas, especialmente por volta do mês de julho.
  • 49. Outro fenômeno a ser enfatizado é a evapotranspiração resultante de duas contribuições: - a evaporação direta (evolução física sofrida pela água ao passar do estado líquido para o estado de vapor) que se dá a partir da água dos solos úmidos e dos diferentes mananciais aquáticos da região; - e a transpiração dos vegetais. As raízes dos vegetais captam a água presente no solo e a conduz por osmose através dos seus vasos capilares; nas suas folhas, através de seus estômatos (microporos), parte da água se evapora e parte é utilizada pelo vegetal para a realização do processo de fotossíntese. Atenção: Realize a Atividade 5 da Aula 15 do Material Complementar.
  • 50. Resumo Nesta aula, passamos a conhecer melhor o Norte brasileiro. Aprendemos que a sua criação foi decorrência da existência de uma característica comum, a Amazônia, na qual o Tocantins veio se inserir, no início da década de 1990, por afinidades geográficas e de incentivo governamental (Amazônia Legal). Também, evidenciamos a região quanto a sua localização espacial, estrutura geológica, hidrografia e seu clima. Em breve relato, descrevemos a sua flora, diversificada e característica – o Cerrado –, além de traçarmos o perfil estatístico da sua fauna.
  • 51. Retratamos, ainda, a origem do homem tocantinense, resultado da miscigenação entre o homem branco e os nativos, índios das diferentes etnias. Por fim, traçamos o perfil físico e social do nosso Estado. Atenção: Realize todas as Atividades da Autoavaliação da Aula 15 do Material Complementar. Bons Estudos!