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1. INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TEMA:
CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS
- O final do século 20 foi caracterizado pela globalização econômica e cultural; pelo impacto da
ciência baseada nas tecnologias da informação e comunicação; e pela reconstrução ideológica do
capitalismo, após o enfraquecimento do socialismo.
- As cidades passam a protagonizar o cenário internacional e competir entre si para tornarem-se
centro de atração de investimentos. Para isso, crescem os argumentos de que é necessário construir
uma imagem positiva e prover a cidade de espaços urbanos que reafirmem essas qualidades. A mídia
passa a ter um papel fundamental na disseminação de ideias universais e as cidades tentam relacioná-
las aos seus projetos urbanos.
- Uma das formas de exposição mais efetiva é sediar grandes eventos internacionais e, dentre eles, os
Jogos Olímpicos (JO);
- O incremento populacional de turistas, atletas e equipes de apoio, exige investimentos em estruturas
esportivas, infraestrutura, logística de transporte, segurança, treinamento, entre outros.
- Para os cidadãos, mais importante que a exposição internacional, é a forma como foram utilizados
os recursos financeiros e que benefícios estes trarão no longo prazo. Nesse contexto, a forma como
se intervém no espaço urbano tem um significativo impacto sobre o social.
- Como nova potência, a China quer se exibir no cenário mundial, ratificar seus progressos técnicos,
sua capacidade de organização, sua disciplina, vigor e, sobretudo, sua modernidade face o Ocidente,
centro criador e difusor das olimpíadas.
2. OBJETIVOS DO TRABALHO
- Demonstrar a dimensão “espetacular” dos JO, pela hiper-exposição mundial e pelo desejo de
constituir vitrine das grandes potências, aspectos que muito bem se encaixam no evento em pauta.
- Delinear o panorama econômico e político chinês, contextualizando assim a iniciativa de sediar os
jogos e seus objetivos no cenário de consolidação de uma nova potência mundial.
- Por fim, mergulhar na cidade de Pequim, para detectar as intervenções urbanísticas, seus impactos
no cotidiano e seu possível legado social e esportivo, embora excepcionalmente esta cidade não
tenha concentrado todas as competições.
3. APRESENTAÇÃO DA CIDADE SEDE
- Agrupando hoje em torno de 16 milhões de habitantes, Pequim tornou-se uma máquina urbana
difícil de controlar. O mercado imobiliário, com a abertura da economia, apresenta elevado
dinamismo e vem redesenhando o mapa da cidade
- Nos anos 1980, com a consolidação do mercado de terras urbanas, a população operária foi sendo
alijada para uma periferia distante, que hoje chega a reunir 500 mil moradores, e se conformam no
que podemos chamar de “bolsões de miséria”.
- A China vive o “paradoxo” de conciliar uma economia de mercado com o regime político
altamente centralizado.
- A capital da República Popular da China contém, em seu arranjo espacial, o acúmulo histórico de
mais de oito séculos de várias camadas de urbanização.
- Todavia, foi apenas nas últimas décadas que a cidade efetivamente apresentou acelerado
crescimento demográfico, associado a um processo de modernização sem precedentes, não apenas
por sua capitalidade, mas por estar inserida numa zona industrial dinâmica.
- Sem dúvida, o ritmo de crescimento acelerado da economia chinesa fez uma grande vítima, o meio
ambiente, sendo Pequim uma das mais poluídas, o que explica a corrida realizada antes dos jogos
para diminuir a poluição na cidade.
- A questão ambiental certamente não se resume à poluição atmosférica: a qualidade hídrica chinesa
também é muito grave. Mais da metade da água dos rios chineses é tida como “imprestável”, e 90%
dos lençóis freáticos das cidades estão poluídos.
- Ao abrir as portas para o mundo, a China desvenda, além de toda sua monumentalidade e poder, as
chagas crivadas pela atuação de um vigoroso regime político estruturado ao longo de sua história
recente, com repressão exercida cotidianamente no país.
- O comando do PCC (Partido Comunista Chinês) governa com “mãos de ferro” os 1,3 bilhões de
chineses.
- Quando as Olimpíadas se aproximavam, a prisão de críticos do governo foi sistemática, baseada em
acusações vagas (“subversão do poder do Estado", "revelação de segredos de Estado para o
exterior") e por meio de processos em que os réus não possuem direito de conversar com seus
advogados (SCOFIELD, 2008)
- De acordo com o jornal britânico Guardian (2008), para a construção dos equipamentos olímpicos
milhares de casas foram demolidas sem que seus proprietários fossem devidamente indenizados e
remanejados. Em Qingdao, cidade das disputas de vela olímpica, centenas de famílias foram
despejadas; civis e ativistas dos direitos humanos foram presos.
- A repressão à internet faz da China hoje, o maior e mais eficiente firewall do planeta.
- A China tem a mais alta taxa de pena de morte no mundo. A tortura é muito comum nos centros de
detenção da China, nas prisões e campos de trabalho.
- Os cidadãos chineses não têm o direito de eleger dirigentes de estado, funcionários ou
representantes do governo local.
- Durante os Jogos, o governo chinês descumpriu promessa feita ao COI de garantir a todos o direito
de livre expressão política. Cidadãos que procuraram as delegacias policiais para solicitar a
permissão para realização de manifestações foram imediatamente detidos e mantidos sob custódia da
autoridade policial por 30 dias, sob acusação de “perturbação da ordem social”.
4. APRESENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E PROJETO PARA RECEBER O EVENTO
- Os Jogos Olímpicos de 2008 anunciaram uma "nova China", moderna e tecnológica.
- Foram gastos cerca de US$ 42 bilhões (quarenta e dois bilhões de dólares)!
- Dos 37 locais utilizados para as competições, 25 foram reformados e 12 construídos integralmente.
- O governo chinês também promoveu algumas obras de infraestrutura em Pequim. Cinco novas
linhas de metrô foram inauguradas em Pequim, dobrando sua capacidade de atendimento e uma lei
que reduzia a circulação de carros pela metade acabou promulgada, estabeleceu um rodízio de
automóveis durante as duas semanas e meia de competição e construiu um aeroporto moderno.
- Pequim elaborou seus planos de intervenção no período de preparação dos JO com o objetivo de
direcionar o crescimento e manter a cidade compacta, preceitos da forma urbana considerada mais
sustentável do que a cidade dispersa.
- Foi possível constatar que os planos elaborados para os JO vão ao encontro da busca por ocupações
de altas densidades, usos mistos e intensificação, que segundo Burton significa processo de
adensamento de áreas consolidadas.
- A elaboração de leis específicas ao evento após a escolha da cidade como sede, demonstra o
redirecionamento do planejamento urbano local que contemplam políticas voltadas à cidade e
também a interesses circunstanciais pouco discutidos.
- Beijing propunha o fortalecimento de novas centralidades, desalojando significativos contingentes
populacionais e impondo a transferência de empresas privadas para essas novas áreas. No entanto,
para um país autocrático, essas dinâmicas no espaço urbano ocorrem sem resistências.
- O que pode ser constatado foi que o processo de planejamento da cidade para os JO foi realizado
sem participação popular.
- Apesar do longo processo de escolha da proposta e planejamento, não houve participação da
população em função do regime político. “Portanto, a conquista do direito de sediar os JO não
garante necessariamente o engajamento da sociedade local.
O PARQUE OLÍMPICO DE PEQUIM
Algumas dessas construções ficaram marcadas como obras de arte inesquecíveis:
1. O Estádio Nacional de Pequim ou “Ninho de Pássaro”
- Sede do torneio de Atletismo, da final do Futebol e das cerimônias de abertura e encerramento) –
assim chamado por causa das estruturas expostas de ferro e aço, que se cruzam e entrelaçam,
semelhantes às de um ninho.
- Desenhado pelo escritório de arquitetura suíça Herzog & de Meuron. É considerada a maior
escultura em aço existente no Mundo.
- O Estádio Olímpico é o símbolo maior dos jogos olímpicos de Pequim em 2008. Ele é inspirado
nas formas e nos desenhos da tradicional porcelana chinesa, e tem capacidade para quase 90 000
pessoas sentadas
2. O “Cubo d’Água”
- Desenhado pelo escritório de arquitetura australiano, PTW Architects, se tornou um dos símbolos
das Olimpíadas de 2008.
- A iluminação tem um papel fundamental, pois à noite lembra um cubo de vidro cheio d’água.
- Sediou as competições de natação durante as olimpíadas.
.3. Trânsito e transporte
Linha do metrô de Pequim que liga a cidade ao Aeroporto Internacional de Pequim.
- Para prevenir engarrafamentos durante os Jogos, o metrô de Pequim sofreu uma grande expansão,
que mais que dobrou sua capacidade.
- Um novo aeroporto também foi construído.
- Em relação ao transporte rodoviário, um rodízio de carros (semelhante ao existente em São Paulo)
foi implementado, com os objetivos de reduzir o tráfego e melhorar a qualidade do ar na cidade.
5. APRESENTAÇÃO DO LEGADO A SER USUFRUÍDO
Pontos negativos:
- O custo para construir os locais dos Jogos Olímpicos foi substancial, na ordem de 34 bilhões de
dólares, mas os organizadores falharam ao não considerar de forma geral como usar os espaços após
as Olimpíadas.
- Toda uma revolução urbanística promoveu a arbitrária expulsão de milhões de habitantes de suas
antigas moradias.
- As instalações olímpicas estão geograficamente concentradas ao norte da cidade, zona de baixa
densidade demográfica para os padrões chineses, de forma que os benefícios do impacto urbanístico
tornam-se reduzidos.
- A cidade vivenciou uma verdadeira “maquiagem olímpica” , que incluiu a retirada de mendigos,
prostitutas e retirantes das ruas, alguns sendo mantidos em “prisões prorrogadas ou abrigos e outros
sendo mandados diretamente para os campos de trabalho. Vendedores ambulantes tiveram seus
produtos brutalmente confiscados“ (Guardian, 2008).
- Diversas residências e estabelecimentos comerciais, como restaurantes populares, foram encobertos
por muros de três metros de altura durante o evento:
- Pequim não buscou utilizar o mega-evento como via para enfrentar determinada zona
“problemática” da cidade.
- O patrimônio cultural sofreu perdas irreversíveis com os jogos, em particular a tradicional
arquitetura popular pequinesa, removida pelo “arrastão urbano” da modernidade:
- “Os hutongs são considerados a alma de Pequim. No passado, morada da elite pequinesa, esses
labirintos de ruelas povoadas de casinhas amontoadas estão sendo postos abaixo pelo governo em
nome da modernização.
- A novíssima arquitetura do centro Olímpico de Pequim tornou-se "um conjunto de instalações
esportivas não utilizados com poucos ou nenhum plano para reutilização".
- O Estádio Nacional de Pequim, conhecido por Ninho de Pássaro, conta com pouca utilização,
recebendo eventos esporádicos, como a final da Copa da Itália em 2011 e amistoso entre Brasil e
Argentina em 2014. Outros eventos e shows são realizados, mas nada que cubra ou repasse o valor
gasto, equivalente a mais de 430 milhões de dólares.
- O uso do Cubo d'Água (550 milhões de dólares), praticamente não existe. O legado ficou por conta
de um parque aquático em seu interior, frequentado por turistas que apreciam a obra nas temporadas
de verão, e onde milhares de chineses pagam US$ 10 dólares para ir nadar, e ainda um restaurante
temático.
- Os espaços para canoagem, voleibol de praia, BMX, e beisebol foram abandonadas desde 2008,
enquanto o estádio icônico é raramente usado, e caro de manter.
- A infraestrutura na capital chinesa recebeu melhorias consideráveis, bem como o transporte público
local. Os investimentos em transporte público na cidade chegaram a US$ 40 milhões e ajudam a
desafogar um pouco do trânsito, no entanto, atualmente os motoristas amargam horas, diariamente,
em congestionamentos.
- Na época da Olimpíada, em 2008, o controle das indústrias e do alto número de carros foi feito para
facilitações no trânsito e redução da preocupante poluição do ar, porém este panorama não é mais
cumprido.
- Outra aposta do governo chinês como legado da realização dos Jogos no país seria a criação de uma
nova imagem do país. O espírito olímpico, no entanto, não sobrevive na cidade.
- O inglês ainda é pouco utilizado pelo moradores e comerciantes locais.
- O turismo na cidade, apesar de crescer ano a ano, ainda não oferece serviços melhores.
- Estima-se que serão necessários cerca de 30 anos para que todos os gastos do evento.
- Em outros locais menos badalados, a situação é ainda pior. A instalação onde foram disputadas as
provas de canoagem, por exemplo, está completamente abandonada: o que restou de água no local
estava sendo transposto por um grande tubo para irrigar um parque nas cercanias durante a primavera
seca de Pequim.
- A sede do remo, localizada em um subúrbio de difícil acesso no nordeste de Pequim, agora é
ocupada principalmente por pequenos barcos locais. Nenhum dos esportes é bem conhecido na
China, o que explica parcialmente o abandono.
- Alguns locais olímpicos, como o do tênis de mesa e das lutas, foram construídos dentro de
universidades.
- As Olimpíadas encheram a capital de grandes obras de arte contemporânea como o terminal 3 do
aeroporto (obra de Norman Foster, o maior do mundo), a sede da televisão estatal (um projeto quase
impossível de Rem Kolhaas) e o Teatro Nacional, com forma ovoide, de Paul Andreu, porém o uso
de alguns desses prédios foi complicado de se adaptar aos anos "de ressaca" posteriores aos Jogos.
- De acordo com Yumi Yamawaka, em Beijing os JO impactaram na atração de investimentos à
cidade, na atração de turistas e novos residentes – e na consequente expulsão de outros,
principalmente imigrantes. Conforme Poynter (2008), os JO beneficiam apenas algumas parcelas da
população e a forma como são planejadas as intervenções e as políticas determinam qual será esse
público.
Pontos positivos
- O Aeroporto Internacional é muito grande, moderno e bem organizado, um dos melhores do
mundo. Já é hoje o que mais tráfego aéreo recebe do mundo, seu estilo é mais cosmopolita, e seus
arranha-céus, misturados com palácios imperiais e o ar rural de suas ruas tradicionais, a mantêm
como uma cidade muito bonita de se ver, nos dias em que o "smog" (fumaça) permite.
- A rede hoteleira manteve um legado de 2008, na disponibilidade maior em Pequim e com o choque
cultural em uma localidade tão distinta do mundo ocidental.
- A diminuição do trânsito também aconteceu graças a medidas adotadas antes da Olimpíada 2008. A
rede de metrô expandiu de forma incrível e também aumentaram as ciclovias na cidade, criando
novas alternativas de transporte e desafogando o movimento dos carros.
- O número e qualidade dos hotéis aumentaram bastante, ainda que muitos quartos fiquem vazios em
alguns períodos do ano
- Os comércios têm crescido de forma incrível, mas esse é um processo que já acontecia mesmo
antes da Olimpíada, pois a China resolveu se abrir para o mundo em prol de melhorias na economia.
- Avenidas fantásticas, Parque imensos e maravilhosos, além de uma maior conscientização sobre
como tratar bem os turistas, influenciando inclusive nos hábitos dos chineses que ainda nos
incomodam. Hoje, cospe-se muito menos no chão de Pequim e as ruas são muito limpas.
Construções modernas como legado das Olimpíadas
6. CONCLUSÕES, CRÍTICAS E COMPARAÇÕES
Desfrutando de bilhões de espectadores, as olimpíadas fazem com que cidades-sede se transformem,
momentaneamente, admirado centro das atenções em escala planetária. Todavia, por mais que as
imagens e informações sejam controladas, que o país tenha liderado a corrida pelas medalhas, que a
própria cidade seja amplamente “maquiada” e que a sociedade seja preparada para causar “boa
impressão” ao mundo exterior, esta superexposição da realidade local tende a deixar escapar os
problemas e contradições que se queria esconder. A questão tibetena, por exemplo, repercutiu
intensamente na mídia internacional, sendo uma das principais fontes de manifestação contrária à
China e proporcionando uma das mais tensas trajetórias de uma tocha olímpica de que se tem notícia.
Foram gastos 34 bilhões de dólares para realizar este mega-evento, a mais cara olimpíada de toda
a história. Certamente, não faltavam ao governo local opções de investimento em melhoria das
condições de vida da população pequinesa, particularmente as condições sanitárias. Mas optou-se
pelo “espetáculo” suntuoso, pela edificação de obras monumentais, assinadas pelos mais prestigiados
escritórios de arquitetura do mundo. Um processo de ocidentalização que apenas importa a
exuberância opulenta do consumo conspícuo, e não a pauta de direitos humanos e cidadania.
Por um lado, reconhecemos que os jogos foram utilizados como ocasião especial para grandes
investimentos na infra-estrutura urbana, com destaque para a expansão colossal do metrô e do
aeroporto. Por outro, percebemos que serviram também para acentuar (e de forma violenta) o
processo de segregação socioespacial em Pequim, além de edificar estruturas esportivas
monumentais, imponentes, sem a clara perspectiva de uso comunitário posterior, pela própria
distância física destes equipamentos.
O que se espera é que um dos legados das olimpíadas possa ser algum debate político interno e o
aumento da pressão internacional como fatores que, em um futuro próximo, venham a propiciar um
grau maior liberdade e condições para a construção de uma sociedade mais justa.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 

Legado olimpíadas de pequim atualizado

  • 1. 1. INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TEMA: CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS - O final do século 20 foi caracterizado pela globalização econômica e cultural; pelo impacto da ciência baseada nas tecnologias da informação e comunicação; e pela reconstrução ideológica do capitalismo, após o enfraquecimento do socialismo. - As cidades passam a protagonizar o cenário internacional e competir entre si para tornarem-se centro de atração de investimentos. Para isso, crescem os argumentos de que é necessário construir uma imagem positiva e prover a cidade de espaços urbanos que reafirmem essas qualidades. A mídia passa a ter um papel fundamental na disseminação de ideias universais e as cidades tentam relacioná- las aos seus projetos urbanos. - Uma das formas de exposição mais efetiva é sediar grandes eventos internacionais e, dentre eles, os Jogos Olímpicos (JO); - O incremento populacional de turistas, atletas e equipes de apoio, exige investimentos em estruturas esportivas, infraestrutura, logística de transporte, segurança, treinamento, entre outros. - Para os cidadãos, mais importante que a exposição internacional, é a forma como foram utilizados os recursos financeiros e que benefícios estes trarão no longo prazo. Nesse contexto, a forma como se intervém no espaço urbano tem um significativo impacto sobre o social. - Como nova potência, a China quer se exibir no cenário mundial, ratificar seus progressos técnicos, sua capacidade de organização, sua disciplina, vigor e, sobretudo, sua modernidade face o Ocidente, centro criador e difusor das olimpíadas. 2. OBJETIVOS DO TRABALHO - Demonstrar a dimensão “espetacular” dos JO, pela hiper-exposição mundial e pelo desejo de constituir vitrine das grandes potências, aspectos que muito bem se encaixam no evento em pauta. - Delinear o panorama econômico e político chinês, contextualizando assim a iniciativa de sediar os jogos e seus objetivos no cenário de consolidação de uma nova potência mundial. - Por fim, mergulhar na cidade de Pequim, para detectar as intervenções urbanísticas, seus impactos no cotidiano e seu possível legado social e esportivo, embora excepcionalmente esta cidade não tenha concentrado todas as competições. 3. APRESENTAÇÃO DA CIDADE SEDE - Agrupando hoje em torno de 16 milhões de habitantes, Pequim tornou-se uma máquina urbana difícil de controlar. O mercado imobiliário, com a abertura da economia, apresenta elevado dinamismo e vem redesenhando o mapa da cidade - Nos anos 1980, com a consolidação do mercado de terras urbanas, a população operária foi sendo alijada para uma periferia distante, que hoje chega a reunir 500 mil moradores, e se conformam no que podemos chamar de “bolsões de miséria”. - A China vive o “paradoxo” de conciliar uma economia de mercado com o regime político altamente centralizado.
  • 2. - A capital da República Popular da China contém, em seu arranjo espacial, o acúmulo histórico de mais de oito séculos de várias camadas de urbanização. - Todavia, foi apenas nas últimas décadas que a cidade efetivamente apresentou acelerado crescimento demográfico, associado a um processo de modernização sem precedentes, não apenas por sua capitalidade, mas por estar inserida numa zona industrial dinâmica. - Sem dúvida, o ritmo de crescimento acelerado da economia chinesa fez uma grande vítima, o meio ambiente, sendo Pequim uma das mais poluídas, o que explica a corrida realizada antes dos jogos para diminuir a poluição na cidade. - A questão ambiental certamente não se resume à poluição atmosférica: a qualidade hídrica chinesa também é muito grave. Mais da metade da água dos rios chineses é tida como “imprestável”, e 90% dos lençóis freáticos das cidades estão poluídos. - Ao abrir as portas para o mundo, a China desvenda, além de toda sua monumentalidade e poder, as chagas crivadas pela atuação de um vigoroso regime político estruturado ao longo de sua história recente, com repressão exercida cotidianamente no país. - O comando do PCC (Partido Comunista Chinês) governa com “mãos de ferro” os 1,3 bilhões de chineses. - Quando as Olimpíadas se aproximavam, a prisão de críticos do governo foi sistemática, baseada em acusações vagas (“subversão do poder do Estado", "revelação de segredos de Estado para o exterior") e por meio de processos em que os réus não possuem direito de conversar com seus advogados (SCOFIELD, 2008) - De acordo com o jornal britânico Guardian (2008), para a construção dos equipamentos olímpicos milhares de casas foram demolidas sem que seus proprietários fossem devidamente indenizados e remanejados. Em Qingdao, cidade das disputas de vela olímpica, centenas de famílias foram despejadas; civis e ativistas dos direitos humanos foram presos. - A repressão à internet faz da China hoje, o maior e mais eficiente firewall do planeta. - A China tem a mais alta taxa de pena de morte no mundo. A tortura é muito comum nos centros de detenção da China, nas prisões e campos de trabalho. - Os cidadãos chineses não têm o direito de eleger dirigentes de estado, funcionários ou representantes do governo local. - Durante os Jogos, o governo chinês descumpriu promessa feita ao COI de garantir a todos o direito de livre expressão política. Cidadãos que procuraram as delegacias policiais para solicitar a permissão para realização de manifestações foram imediatamente detidos e mantidos sob custódia da autoridade policial por 30 dias, sob acusação de “perturbação da ordem social”. 4. APRESENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E PROJETO PARA RECEBER O EVENTO - Os Jogos Olímpicos de 2008 anunciaram uma "nova China", moderna e tecnológica. - Foram gastos cerca de US$ 42 bilhões (quarenta e dois bilhões de dólares)! - Dos 37 locais utilizados para as competições, 25 foram reformados e 12 construídos integralmente. - O governo chinês também promoveu algumas obras de infraestrutura em Pequim. Cinco novas linhas de metrô foram inauguradas em Pequim, dobrando sua capacidade de atendimento e uma lei que reduzia a circulação de carros pela metade acabou promulgada, estabeleceu um rodízio de automóveis durante as duas semanas e meia de competição e construiu um aeroporto moderno. - Pequim elaborou seus planos de intervenção no período de preparação dos JO com o objetivo de direcionar o crescimento e manter a cidade compacta, preceitos da forma urbana considerada mais sustentável do que a cidade dispersa. - Foi possível constatar que os planos elaborados para os JO vão ao encontro da busca por ocupações de altas densidades, usos mistos e intensificação, que segundo Burton significa processo de adensamento de áreas consolidadas.
  • 3. - A elaboração de leis específicas ao evento após a escolha da cidade como sede, demonstra o redirecionamento do planejamento urbano local que contemplam políticas voltadas à cidade e também a interesses circunstanciais pouco discutidos. - Beijing propunha o fortalecimento de novas centralidades, desalojando significativos contingentes populacionais e impondo a transferência de empresas privadas para essas novas áreas. No entanto, para um país autocrático, essas dinâmicas no espaço urbano ocorrem sem resistências. - O que pode ser constatado foi que o processo de planejamento da cidade para os JO foi realizado sem participação popular. - Apesar do longo processo de escolha da proposta e planejamento, não houve participação da população em função do regime político. “Portanto, a conquista do direito de sediar os JO não garante necessariamente o engajamento da sociedade local. O PARQUE OLÍMPICO DE PEQUIM Algumas dessas construções ficaram marcadas como obras de arte inesquecíveis: 1. O Estádio Nacional de Pequim ou “Ninho de Pássaro” - Sede do torneio de Atletismo, da final do Futebol e das cerimônias de abertura e encerramento) – assim chamado por causa das estruturas expostas de ferro e aço, que se cruzam e entrelaçam, semelhantes às de um ninho. - Desenhado pelo escritório de arquitetura suíça Herzog & de Meuron. É considerada a maior escultura em aço existente no Mundo. - O Estádio Olímpico é o símbolo maior dos jogos olímpicos de Pequim em 2008. Ele é inspirado nas formas e nos desenhos da tradicional porcelana chinesa, e tem capacidade para quase 90 000 pessoas sentadas 2. O “Cubo d’Água” - Desenhado pelo escritório de arquitetura australiano, PTW Architects, se tornou um dos símbolos das Olimpíadas de 2008.
  • 4. - A iluminação tem um papel fundamental, pois à noite lembra um cubo de vidro cheio d’água. - Sediou as competições de natação durante as olimpíadas. .3. Trânsito e transporte Linha do metrô de Pequim que liga a cidade ao Aeroporto Internacional de Pequim. - Para prevenir engarrafamentos durante os Jogos, o metrô de Pequim sofreu uma grande expansão, que mais que dobrou sua capacidade. - Um novo aeroporto também foi construído. - Em relação ao transporte rodoviário, um rodízio de carros (semelhante ao existente em São Paulo) foi implementado, com os objetivos de reduzir o tráfego e melhorar a qualidade do ar na cidade. 5. APRESENTAÇÃO DO LEGADO A SER USUFRUÍDO
  • 5. Pontos negativos: - O custo para construir os locais dos Jogos Olímpicos foi substancial, na ordem de 34 bilhões de dólares, mas os organizadores falharam ao não considerar de forma geral como usar os espaços após as Olimpíadas. - Toda uma revolução urbanística promoveu a arbitrária expulsão de milhões de habitantes de suas antigas moradias. - As instalações olímpicas estão geograficamente concentradas ao norte da cidade, zona de baixa densidade demográfica para os padrões chineses, de forma que os benefícios do impacto urbanístico tornam-se reduzidos. - A cidade vivenciou uma verdadeira “maquiagem olímpica” , que incluiu a retirada de mendigos, prostitutas e retirantes das ruas, alguns sendo mantidos em “prisões prorrogadas ou abrigos e outros sendo mandados diretamente para os campos de trabalho. Vendedores ambulantes tiveram seus produtos brutalmente confiscados“ (Guardian, 2008). - Diversas residências e estabelecimentos comerciais, como restaurantes populares, foram encobertos por muros de três metros de altura durante o evento: - Pequim não buscou utilizar o mega-evento como via para enfrentar determinada zona “problemática” da cidade. - O patrimônio cultural sofreu perdas irreversíveis com os jogos, em particular a tradicional arquitetura popular pequinesa, removida pelo “arrastão urbano” da modernidade: - “Os hutongs são considerados a alma de Pequim. No passado, morada da elite pequinesa, esses labirintos de ruelas povoadas de casinhas amontoadas estão sendo postos abaixo pelo governo em nome da modernização. - A novíssima arquitetura do centro Olímpico de Pequim tornou-se "um conjunto de instalações esportivas não utilizados com poucos ou nenhum plano para reutilização". - O Estádio Nacional de Pequim, conhecido por Ninho de Pássaro, conta com pouca utilização, recebendo eventos esporádicos, como a final da Copa da Itália em 2011 e amistoso entre Brasil e Argentina em 2014. Outros eventos e shows são realizados, mas nada que cubra ou repasse o valor gasto, equivalente a mais de 430 milhões de dólares. - O uso do Cubo d'Água (550 milhões de dólares), praticamente não existe. O legado ficou por conta de um parque aquático em seu interior, frequentado por turistas que apreciam a obra nas temporadas de verão, e onde milhares de chineses pagam US$ 10 dólares para ir nadar, e ainda um restaurante temático. - Os espaços para canoagem, voleibol de praia, BMX, e beisebol foram abandonadas desde 2008, enquanto o estádio icônico é raramente usado, e caro de manter. - A infraestrutura na capital chinesa recebeu melhorias consideráveis, bem como o transporte público local. Os investimentos em transporte público na cidade chegaram a US$ 40 milhões e ajudam a
  • 6. desafogar um pouco do trânsito, no entanto, atualmente os motoristas amargam horas, diariamente, em congestionamentos. - Na época da Olimpíada, em 2008, o controle das indústrias e do alto número de carros foi feito para facilitações no trânsito e redução da preocupante poluição do ar, porém este panorama não é mais cumprido. - Outra aposta do governo chinês como legado da realização dos Jogos no país seria a criação de uma nova imagem do país. O espírito olímpico, no entanto, não sobrevive na cidade. - O inglês ainda é pouco utilizado pelo moradores e comerciantes locais. - O turismo na cidade, apesar de crescer ano a ano, ainda não oferece serviços melhores. - Estima-se que serão necessários cerca de 30 anos para que todos os gastos do evento. - Em outros locais menos badalados, a situação é ainda pior. A instalação onde foram disputadas as provas de canoagem, por exemplo, está completamente abandonada: o que restou de água no local estava sendo transposto por um grande tubo para irrigar um parque nas cercanias durante a primavera seca de Pequim. - A sede do remo, localizada em um subúrbio de difícil acesso no nordeste de Pequim, agora é ocupada principalmente por pequenos barcos locais. Nenhum dos esportes é bem conhecido na China, o que explica parcialmente o abandono. - Alguns locais olímpicos, como o do tênis de mesa e das lutas, foram construídos dentro de universidades. - As Olimpíadas encheram a capital de grandes obras de arte contemporânea como o terminal 3 do aeroporto (obra de Norman Foster, o maior do mundo), a sede da televisão estatal (um projeto quase impossível de Rem Kolhaas) e o Teatro Nacional, com forma ovoide, de Paul Andreu, porém o uso de alguns desses prédios foi complicado de se adaptar aos anos "de ressaca" posteriores aos Jogos. - De acordo com Yumi Yamawaka, em Beijing os JO impactaram na atração de investimentos à cidade, na atração de turistas e novos residentes – e na consequente expulsão de outros, principalmente imigrantes. Conforme Poynter (2008), os JO beneficiam apenas algumas parcelas da população e a forma como são planejadas as intervenções e as políticas determinam qual será esse público. Pontos positivos - O Aeroporto Internacional é muito grande, moderno e bem organizado, um dos melhores do mundo. Já é hoje o que mais tráfego aéreo recebe do mundo, seu estilo é mais cosmopolita, e seus arranha-céus, misturados com palácios imperiais e o ar rural de suas ruas tradicionais, a mantêm como uma cidade muito bonita de se ver, nos dias em que o "smog" (fumaça) permite. - A rede hoteleira manteve um legado de 2008, na disponibilidade maior em Pequim e com o choque cultural em uma localidade tão distinta do mundo ocidental.
  • 7. - A diminuição do trânsito também aconteceu graças a medidas adotadas antes da Olimpíada 2008. A rede de metrô expandiu de forma incrível e também aumentaram as ciclovias na cidade, criando novas alternativas de transporte e desafogando o movimento dos carros. - O número e qualidade dos hotéis aumentaram bastante, ainda que muitos quartos fiquem vazios em alguns períodos do ano - Os comércios têm crescido de forma incrível, mas esse é um processo que já acontecia mesmo antes da Olimpíada, pois a China resolveu se abrir para o mundo em prol de melhorias na economia. - Avenidas fantásticas, Parque imensos e maravilhosos, além de uma maior conscientização sobre como tratar bem os turistas, influenciando inclusive nos hábitos dos chineses que ainda nos incomodam. Hoje, cospe-se muito menos no chão de Pequim e as ruas são muito limpas. Construções modernas como legado das Olimpíadas 6. CONCLUSÕES, CRÍTICAS E COMPARAÇÕES Desfrutando de bilhões de espectadores, as olimpíadas fazem com que cidades-sede se transformem, momentaneamente, admirado centro das atenções em escala planetária. Todavia, por mais que as imagens e informações sejam controladas, que o país tenha liderado a corrida pelas medalhas, que a própria cidade seja amplamente “maquiada” e que a sociedade seja preparada para causar “boa impressão” ao mundo exterior, esta superexposição da realidade local tende a deixar escapar os problemas e contradições que se queria esconder. A questão tibetena, por exemplo, repercutiu intensamente na mídia internacional, sendo uma das principais fontes de manifestação contrária à China e proporcionando uma das mais tensas trajetórias de uma tocha olímpica de que se tem notícia. Foram gastos 34 bilhões de dólares para realizar este mega-evento, a mais cara olimpíada de toda a história. Certamente, não faltavam ao governo local opções de investimento em melhoria das condições de vida da população pequinesa, particularmente as condições sanitárias. Mas optou-se pelo “espetáculo” suntuoso, pela edificação de obras monumentais, assinadas pelos mais prestigiados escritórios de arquitetura do mundo. Um processo de ocidentalização que apenas importa a exuberância opulenta do consumo conspícuo, e não a pauta de direitos humanos e cidadania. Por um lado, reconhecemos que os jogos foram utilizados como ocasião especial para grandes investimentos na infra-estrutura urbana, com destaque para a expansão colossal do metrô e do
  • 8. aeroporto. Por outro, percebemos que serviram também para acentuar (e de forma violenta) o processo de segregação socioespacial em Pequim, além de edificar estruturas esportivas monumentais, imponentes, sem a clara perspectiva de uso comunitário posterior, pela própria distância física destes equipamentos. O que se espera é que um dos legados das olimpíadas possa ser algum debate político interno e o aumento da pressão internacional como fatores que, em um futuro próximo, venham a propiciar um grau maior liberdade e condições para a construção de uma sociedade mais justa. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS