SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Disciplina: LEITURA E INTRODUÇÃO DE TEXTO
Disciplinadora: Cinara Almeida Barcelos
Turma: DIR122/2A
Alunos: Marcelo Ferreira Pivetta
        Gerciandra de Oliveira Araujo
        Fabíola Evangelista Paladino
        Rogério C. Chaves
        Claudinei Vieira de Chaves
        Claudionor Antônio de Chaves
        Wyllyam Victor Campos de Silva
        Agassis S. Rodrigues da Silva
Expressão 01:
Deve estar e deve de estar
O verbo deve apresenta matiz semântico interessante, que de ser conhecido da
linguagem forense. Para os autores mais antigos, não há diferença entre:
        a. Dever seguido da preposição de e de infinitivo (deve de saber);
        b. Dever apenas seguido do infinitivo (deve saber).

A língua é processo. É evolução permanente. As épocas fixam certos
modismos, mas a lei é o progresso. Atualmente, temos de fazer esta distinção:

        - Deve de estar: indica probabilidade, conjetura ou suspeita.
        - Deve estar: indica certeza, obrigação, precisão de resultados.

Exemplos:
         b. “... Os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses
frutos e rendimentos...” (CC, art. 33, caput).
         c. “As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo
dono do prédio...” (CC, art. 1.381).
d. “O comissário e obrigado a agir de conformidade com as ordens e
instruções do comitente, devendo, na faltas destas, não podendo pedi-las a
tempo, proceder segundo os usos em semelhantes” (CC, art. 695).
      A partir do exemplo-título, nota-se que o verbo dever no infinitivo é
fórmula imperativa usual em leis, decretos e regulamentos. No Código Civil
de 1916, os artigos 472, 473, 474 e 477 traziam todos a imposição legal com a
forma do verbo dever, porém, por sugestão de Rui, foram substituídos, pelo
futuro, exceto o de n. 477 que a conservou.
Os clássicos e antigos não faziam a diferença atual entre dever e dever de.
      Dessa maneira hoje, quem quiser exprimir com clareza deve
distinguir entre deve + infinitivo e deve + de + infinitivo, seguindo a
tendência atual da língua portuguesa, vista pelos seus mestres.
      Francisco Fernandes ensina que: “A preposição de após o verbo dever
seguida de infinitivo indica que o fato é provável; a sua ausência indica
certeza, obrigação, precisão de resultado”
      M. Barreto entende que “Significando obrigações ou necessidade
precisa, o verbo dever não leva preposição: Deves honrar teus pais. Quando
há de expressar conjetura, probabilidade ou suspeita diz-se dever
de, seguindo de infinitivo. Ex.: “Hoje deve de vir Fernando”.
João Ribeiro distingui as expressões Deve resultar e também deve
de resultar. “Essa dupla sintaxe é comum ao português e ao castelhano e
a regra em ambas assentada é que a preposição indica a probabilidade
do fato expresso pelo verbo: devia de ir equivale a era de esperar que
fosse – ou era provável ir.
      Resumindo, as frases – devia ir – devia partir – indicam certa
precisão de resultado. A frase – devia e ir – indica probabilidade. São
Exemplos de probabilidade:
      a) Deve de haver festa – isto é, espera-se que haja festa.
      b) Visto que ele dava esmola, devia de ser rico – isto é, é possível
que ele seja rico.
Expressão 02:
Dignar-se
        Digne-se V. Exa. ordenar é tão correta quanto Digne-se V. Exa. de
ordenar a citação.

         Digna-se significa: haver por bem, condescender em, ser servido. Ex.:
“V. Exa. Se dignou de ouvir-me esse respeito” (Rui).

         Pode ser usado em frases como – “Digne-se V. Exa. Aceitar meus
respeitos” (Aulete) – como expressão de deferência para com as pessoas que
dela são merecedoras.

        A fórmula consagrada nas petições e requerimentos é - Digne-se de e
devemos mantê-la dentro da linguagem jurídica, pelo menos para distingui-la
da linguagem comum.
Expressão 03:
FIM e FINALIDADE
       O recurso tem por finalidade procrastinar a execução e não o
recurso tem por fim procrastinar a execução.

         Finalidade é um substantivo feminino que significa:
motivo, determinação, fim, explicação intelectual de um fenômeno, causa final.
         Fim é um substantivo masculino que significa:
termo, conclusão, remate, raia, ponta, a última parte ou fase de qualquer
coisa, morte, falecimento.
         Francisco Fernandes consigna fim como sinônimo de finalidade e vice-
versa, e exemplifica: “Escreve com o fim de instruir os homens (J.A. Macedo)”.
Se para a linguagem comum é admissível, para a linguagem jurídica e para a
linguagem filosófica as palavras não são sinônimas.
         - FIM, na acepção comentada, significa:
intento, propósito, desígnio, alvo, mira, fito, escopo – é um substantivo
masculino concreto.
         - Finalidade é termo de filosofia e os dicionários, como Caldas
A diferença se apresenta também na formação da palavra. Finalidade
vem de final + sufixo tatem que é formador de substantivos abstratos (o I é
influência erudita).

        FIM significado propriamente limite, fronteira, extremidade.

       Finalidade é o caráter daquilo que tende para um fim ou doutrina
segundo a qual tudo o que sucede ou se faz tem um fim determinado.

         Fim e Finalidade têm diferenças notáveis no uso do direito e da
filosofia.

        Exemplos:
        a) “As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as
sociedades e as fundações, obedecem á lei do Estado em que se constituírem”
(LICC, art.11).
Expressão 04:
 Devido a
         Condenação devido à prova...

  Muitos autores tem empregado devido a como uma locução preposicional
com o sentido de por causa de, em virtude de, e defendido o seu uso.

Observe-se que nas resenhas de galicismos de C. Figueiredo, Silva Túlio e
outros, não se encontra na expressão devido a. O Prof. Vitório Bergo observa
que “é o uso na preposição A, o valor de locução prepositiva” (Erros e dúvidas de
linguagem). Assim, a linguagem forense deve evitá-la, pois aspira à perfeição da
forma.

Devido é particípio passado de dever, e, muitas vezes, representa uma oração
reduzida, nesse caso é variável.
Exemplos :
       a) Condenação devida (que é devida) à denúncia...

        b) Fatos devidos (que são devidos) à inflação...

        c) Fato devido (que é devido) à analogia...

         d) “Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois
de iniciada a viagem, sendo-lhe devida, a restituição...” (CC. Art. 740, § 1º).

         O exemplo (único) que trazem os defensores da expressão, de
Alexandre Herculano é discutível. A frase: “Mas, devido a uns e a outros o
estado das coisas era intolerável” (história de Portugal, 5, 1, 9, 1846) Dê-se
outra ordem ao período: “Mas o estado das coisas devido (que era devido) a
uns e a outros era intolerável”. Ora, ninguém pode afirmar que o autor haja
usado a locução preposicional devido a ou que não tenha usado a ordem
inversa, que é a da índole de nossa língua.
Bibliografia

NASCIMENTO, Edmundo Dantes. Linguagem
forense. 10. ed.. São Paulo: Saraiva, 2010.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Questões de figuras de linguagem na aocp 2
Questões de figuras de linguagem na aocp 2Questões de figuras de linguagem na aocp 2
Questões de figuras de linguagem na aocp 2
ma.no.el.ne.ves
 
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
ma.no.el.ne.ves
 
Figuras de linguagem na aocp
Figuras de linguagem na aocpFiguras de linguagem na aocp
Figuras de linguagem na aocp
ma.no.el.ne.ves
 
Exercícios de concordância
Exercícios de concordânciaExercícios de concordância
Exercícios de concordância
ma.no.el.ne.ves
 
Exercícios sobre figuras de linguagem
Exercícios sobre figuras de linguagemExercícios sobre figuras de linguagem
Exercícios sobre figuras de linguagem
ma.no.el.ne.ves
 
Prova para técnico administrativo universitário
Prova para técnico administrativo universitárioProva para técnico administrativo universitário
Prova para técnico administrativo universitário
ma.no.el.ne.ves
 
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf   claudia kozlowskiPortuguês em exercícios da esaf   claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
raquelnazi
 

Mais procurados (19)

Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, prefeitura de alag...
Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, prefeitura de alag...Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, prefeitura de alag...
Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, prefeitura de alag...
 
Prova ctsp pmmg 2009
Prova ctsp pmmg 2009Prova ctsp pmmg 2009
Prova ctsp pmmg 2009
 
Questões de figuras de linguagem na aocp 2
Questões de figuras de linguagem na aocp 2Questões de figuras de linguagem na aocp 2
Questões de figuras de linguagem na aocp 2
 
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
Aspectos da compreensão textual, sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e...
 
Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, ilsl de bauru, 201...
Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, ilsl de bauru, 201...Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, ilsl de bauru, 201...
Prova de língua portuguesa da ibfc resolvida e comentada, ilsl de bauru, 201...
 
Caderno questoes escrevente 3
Caderno questoes escrevente 3 Caderno questoes escrevente 3
Caderno questoes escrevente 3
 
O latim jurídico
O latim jurídicoO latim jurídico
O latim jurídico
 
Revisão de Teoria Gramatical do CTSP da PMMG
Revisão de Teoria Gramatical do CTSP da PMMGRevisão de Teoria Gramatical do CTSP da PMMG
Revisão de Teoria Gramatical do CTSP da PMMG
 
Prova de língua portuguesa do CTSP da PMMG-2012 resolvida e comentada
Prova de língua portuguesa do CTSP da PMMG-2012 resolvida e comentadaProva de língua portuguesa do CTSP da PMMG-2012 resolvida e comentada
Prova de língua portuguesa do CTSP da PMMG-2012 resolvida e comentada
 
Figuras de linguagem na aocp
Figuras de linguagem na aocpFiguras de linguagem na aocp
Figuras de linguagem na aocp
 
Provas da ibfc resolvidas e comentadas, ibserh, 2013, superior
Provas da ibfc resolvidas e comentadas, ibserh, 2013, superiorProvas da ibfc resolvidas e comentadas, ibserh, 2013, superior
Provas da ibfc resolvidas e comentadas, ibserh, 2013, superior
 
Exercícios de concordância
Exercícios de concordânciaExercícios de concordância
Exercícios de concordância
 
Prova de Língua Portuguesa da IBFC resolvida e comentada: SEPLAG/FHA-2015, Su...
Prova de Língua Portuguesa da IBFC resolvida e comentada: SEPLAG/FHA-2015, Su...Prova de Língua Portuguesa da IBFC resolvida e comentada: SEPLAG/FHA-2015, Su...
Prova de Língua Portuguesa da IBFC resolvida e comentada: SEPLAG/FHA-2015, Su...
 
Exercícios sobre figuras de linguagem
Exercícios sobre figuras de linguagemExercícios sobre figuras de linguagem
Exercícios sobre figuras de linguagem
 
Figuras de linguagem na idecan
Figuras de linguagem na idecanFiguras de linguagem na idecan
Figuras de linguagem na idecan
 
Prova para técnico administrativo universitário
Prova para técnico administrativo universitárioProva para técnico administrativo universitário
Prova para técnico administrativo universitário
 
Classes de palavras na idecan
Classes de palavras na idecanClasses de palavras na idecan
Classes de palavras na idecan
 
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf   claudia kozlowskiPortuguês em exercícios da esaf   claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
 
Prova da IBFC para Professor de Língua Portuguesa do SEPLAG/FHA, 2015
Prova da IBFC para Professor de Língua Portuguesa do SEPLAG/FHA, 2015Prova da IBFC para Professor de Língua Portuguesa do SEPLAG/FHA, 2015
Prova da IBFC para Professor de Língua Portuguesa do SEPLAG/FHA, 2015
 

Destaque (6)

Apresentação SBL
Apresentação SBLApresentação SBL
Apresentação SBL
 
html
htmlhtml
html
 
Controlo parental
Controlo parentalControlo parental
Controlo parental
 
CHRISTIAN_MATRIC
CHRISTIAN_MATRICCHRISTIAN_MATRIC
CHRISTIAN_MATRIC
 
Revannath Chorghe
Revannath ChorgheRevannath Chorghe
Revannath Chorghe
 
010115 conheça sobre fraudes em ads (anúncios digitais) - g lucena on-lineg...
010115   conheça sobre fraudes em ads (anúncios digitais) - g lucena on-lineg...010115   conheça sobre fraudes em ads (anúncios digitais) - g lucena on-lineg...
010115 conheça sobre fraudes em ads (anúncios digitais) - g lucena on-lineg...
 

Semelhante a Cinara verbos

Valor morfológico da palavra e sintaxe
Valor morfológico da palavra e sintaxeValor morfológico da palavra e sintaxe
Valor morfológico da palavra e sintaxe
Lucas Paixão
 
Aula 8 preposição e conjunção
Aula 8   preposição e conjunçãoAula 8   preposição e conjunção
Aula 8 preposição e conjunção
J M
 
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf   claudia kozlowskiPortuguês em exercícios da esaf   claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
J M
 
Atividade de porgues campo lexical (1)
Atividade de porgues   campo lexical (1)Atividade de porgues   campo lexical (1)
Atividade de porgues campo lexical (1)
patricia_sousa
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ
 
Exercicios
ExerciciosExercicios
Exercicios
J M
 
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
kisb1337
 
Direito LéXico 110304
Direito   LéXico 110304Direito   LéXico 110304
Direito LéXico 110304
Augusto Seixas
 
Rta aula 6 - 2010
Rta   aula 6 - 2010Rta   aula 6 - 2010
Rta aula 6 - 2010
LeYa
 

Semelhante a Cinara verbos (20)

Cinara verbos (1)
Cinara verbos (1)Cinara verbos (1)
Cinara verbos (1)
 
Valor morfológico da palavra e sintaxe
Valor morfológico da palavra e sintaxeValor morfológico da palavra e sintaxe
Valor morfológico da palavra e sintaxe
 
Aula 8 preposição e conjunção
Aula 8   preposição e conjunçãoAula 8   preposição e conjunção
Aula 8 preposição e conjunção
 
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf   claudia kozlowskiPortuguês em exercícios da esaf   claudia kozlowski
Português em exercícios da esaf claudia kozlowski
 
1º gramática
1º gramática1º gramática
1º gramática
 
Atividade de porgues campo lexical (1)
Atividade de porgues   campo lexical (1)Atividade de porgues   campo lexical (1)
Atividade de porgues campo lexical (1)
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
JURIDIQUES-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTW...
JURIDIQUES-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTW...JURIDIQUES-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTW...
JURIDIQUES-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTW...
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
Exercicios
ExerciciosExercicios
Exercicios
 
Linguagem Jurídica e Juridiquês
Linguagem Jurídica e JuridiquêsLinguagem Jurídica e Juridiquês
Linguagem Jurídica e Juridiquês
 
Resumo para Concurso TJ-SP 2017
 Resumo para Concurso TJ-SP 2017 Resumo para Concurso TJ-SP 2017
Resumo para Concurso TJ-SP 2017
 
Falantes competentes
Falantes competentesFalantes competentes
Falantes competentes
 
Coesão e Coerência textual - material
Coesão  e Coerência  textual  - materialCoesão  e Coerência  textual  - material
Coesão e Coerência textual - material
 
Manual Estilistica portugues PLE
Manual Estilistica portugues PLEManual Estilistica portugues PLE
Manual Estilistica portugues PLE
 
Estilística.PDF
Estilística.PDFEstilística.PDF
Estilística.PDF
 
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
Preposição e conjunção ( conectivos ) pg35
 
Direito LéXico 110304
Direito   LéXico 110304Direito   LéXico 110304
Direito LéXico 110304
 
Rta aula 6 - 2010
Rta   aula 6 - 2010Rta   aula 6 - 2010
Rta aula 6 - 2010
 
LINGUAGEM JURÍDICA E JURIDIQUÊS.
LINGUAGEM JURÍDICA E JURIDIQUÊS.LINGUAGEM JURÍDICA E JURIDIQUÊS.
LINGUAGEM JURÍDICA E JURIDIQUÊS.
 

Mais de Agassis Rodrigues

O que significa ter um direito
O que significa ter um direitoO que significa ter um direito
O que significa ter um direito
Agassis Rodrigues
 
Estatuto criança adolescente_comentado
Estatuto criança adolescente_comentadoEstatuto criança adolescente_comentado
Estatuto criança adolescente_comentado
Agassis Rodrigues
 
Defesa da defensoria do para
Defesa da defensoria do paraDefesa da defensoria do para
Defesa da defensoria do para
Agassis Rodrigues
 
Constituição federal anotada - stf
Constituição federal   anotada - stfConstituição federal   anotada - stf
Constituição federal anotada - stf
Agassis Rodrigues
 
Como fazer uma redação dissertativa argumentativa
Como fazer uma redação dissertativa argumentativaComo fazer uma redação dissertativa argumentativa
Como fazer uma redação dissertativa argumentativa
Agassis Rodrigues
 
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
Agassis Rodrigues
 
Vale transporte como funciona
Vale transporte como funcionaVale transporte como funciona
Vale transporte como funciona
Agassis Rodrigues
 
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
Agassis Rodrigues
 
Aula iv fluxos reais e monetários
Aula iv fluxos reais e monetáriosAula iv fluxos reais e monetários
Aula iv fluxos reais e monetários
Agassis Rodrigues
 
Aula iii estrutura de mercado
Aula iii estrutura de mercadoAula iii estrutura de mercado
Aula iii estrutura de mercado
Agassis Rodrigues
 

Mais de Agassis Rodrigues (20)

Termo ciência fabiola
Termo ciência fabiolaTermo ciência fabiola
Termo ciência fabiola
 
Reunião 13 08
Reunião 13 08Reunião 13 08
Reunião 13 08
 
Resumo acesso a justiça
Resumo acesso a justiçaResumo acesso a justiça
Resumo acesso a justiça
 
O que significa ter um direito
O que significa ter um direitoO que significa ter um direito
O que significa ter um direito
 
Manual tecnicas redacao
Manual tecnicas redacaoManual tecnicas redacao
Manual tecnicas redacao
 
Guia trabalho acadêmico
Guia trabalho acadêmicoGuia trabalho acadêmico
Guia trabalho acadêmico
 
Estatuto criança adolescente_comentado
Estatuto criança adolescente_comentadoEstatuto criança adolescente_comentado
Estatuto criança adolescente_comentado
 
Defesa da defensoria do para
Defesa da defensoria do paraDefesa da defensoria do para
Defesa da defensoria do para
 
Constituição federal anotada - stf
Constituição federal   anotada - stfConstituição federal   anotada - stf
Constituição federal anotada - stf
 
Como fazer uma redação dissertativa argumentativa
Como fazer uma redação dissertativa argumentativaComo fazer uma redação dissertativa argumentativa
Como fazer uma redação dissertativa argumentativa
 
C digo penal comentado
C digo penal comentadoC digo penal comentado
C digo penal comentado
 
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
44361736 lei-11-340-lei-maria-da-penha-comentada
 
0027 primeiro aditamento
0027 primeiro aditamento0027 primeiro aditamento
0027 primeiro aditamento
 
Vale transporte como funciona
Vale transporte como funcionaVale transporte como funciona
Vale transporte como funciona
 
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
Ada pelegrini-grinover-antonio-carlos-de-araujo-cintra-candido-rangel-dinamar...
 
Trabalho tgp
Trabalho tgpTrabalho tgp
Trabalho tgp
 
Mercado e concorrência
Mercado e concorrênciaMercado e concorrência
Mercado e concorrência
 
Aula iv fluxos reais e monetários
Aula iv fluxos reais e monetáriosAula iv fluxos reais e monetários
Aula iv fluxos reais e monetários
 
Aula iii estrutura de mercado
Aula iii estrutura de mercadoAula iii estrutura de mercado
Aula iii estrutura de mercado
 
Aula ii economia tópicos
Aula ii economia tópicosAula ii economia tópicos
Aula ii economia tópicos
 

Cinara verbos

  • 1. Disciplina: LEITURA E INTRODUÇÃO DE TEXTO Disciplinadora: Cinara Almeida Barcelos Turma: DIR122/2A Alunos: Marcelo Ferreira Pivetta Gerciandra de Oliveira Araujo Fabíola Evangelista Paladino Rogério C. Chaves Claudinei Vieira de Chaves Claudionor Antônio de Chaves Wyllyam Victor Campos de Silva Agassis S. Rodrigues da Silva
  • 2. Expressão 01: Deve estar e deve de estar O verbo deve apresenta matiz semântico interessante, que de ser conhecido da linguagem forense. Para os autores mais antigos, não há diferença entre: a. Dever seguido da preposição de e de infinitivo (deve de saber); b. Dever apenas seguido do infinitivo (deve saber). A língua é processo. É evolução permanente. As épocas fixam certos modismos, mas a lei é o progresso. Atualmente, temos de fazer esta distinção: - Deve de estar: indica probabilidade, conjetura ou suspeita. - Deve estar: indica certeza, obrigação, precisão de resultados. Exemplos: b. “... Os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos...” (CC, art. 33, caput). c. “As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo dono do prédio...” (CC, art. 1.381).
  • 3. d. “O comissário e obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comitente, devendo, na faltas destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em semelhantes” (CC, art. 695). A partir do exemplo-título, nota-se que o verbo dever no infinitivo é fórmula imperativa usual em leis, decretos e regulamentos. No Código Civil de 1916, os artigos 472, 473, 474 e 477 traziam todos a imposição legal com a forma do verbo dever, porém, por sugestão de Rui, foram substituídos, pelo futuro, exceto o de n. 477 que a conservou. Os clássicos e antigos não faziam a diferença atual entre dever e dever de. Dessa maneira hoje, quem quiser exprimir com clareza deve distinguir entre deve + infinitivo e deve + de + infinitivo, seguindo a tendência atual da língua portuguesa, vista pelos seus mestres. Francisco Fernandes ensina que: “A preposição de após o verbo dever seguida de infinitivo indica que o fato é provável; a sua ausência indica certeza, obrigação, precisão de resultado” M. Barreto entende que “Significando obrigações ou necessidade precisa, o verbo dever não leva preposição: Deves honrar teus pais. Quando há de expressar conjetura, probabilidade ou suspeita diz-se dever de, seguindo de infinitivo. Ex.: “Hoje deve de vir Fernando”.
  • 4. João Ribeiro distingui as expressões Deve resultar e também deve de resultar. “Essa dupla sintaxe é comum ao português e ao castelhano e a regra em ambas assentada é que a preposição indica a probabilidade do fato expresso pelo verbo: devia de ir equivale a era de esperar que fosse – ou era provável ir. Resumindo, as frases – devia ir – devia partir – indicam certa precisão de resultado. A frase – devia e ir – indica probabilidade. São Exemplos de probabilidade: a) Deve de haver festa – isto é, espera-se que haja festa. b) Visto que ele dava esmola, devia de ser rico – isto é, é possível que ele seja rico.
  • 5. Expressão 02: Dignar-se Digne-se V. Exa. ordenar é tão correta quanto Digne-se V. Exa. de ordenar a citação. Digna-se significa: haver por bem, condescender em, ser servido. Ex.: “V. Exa. Se dignou de ouvir-me esse respeito” (Rui). Pode ser usado em frases como – “Digne-se V. Exa. Aceitar meus respeitos” (Aulete) – como expressão de deferência para com as pessoas que dela são merecedoras. A fórmula consagrada nas petições e requerimentos é - Digne-se de e devemos mantê-la dentro da linguagem jurídica, pelo menos para distingui-la da linguagem comum.
  • 6. Expressão 03: FIM e FINALIDADE O recurso tem por finalidade procrastinar a execução e não o recurso tem por fim procrastinar a execução. Finalidade é um substantivo feminino que significa: motivo, determinação, fim, explicação intelectual de um fenômeno, causa final. Fim é um substantivo masculino que significa: termo, conclusão, remate, raia, ponta, a última parte ou fase de qualquer coisa, morte, falecimento. Francisco Fernandes consigna fim como sinônimo de finalidade e vice- versa, e exemplifica: “Escreve com o fim de instruir os homens (J.A. Macedo)”. Se para a linguagem comum é admissível, para a linguagem jurídica e para a linguagem filosófica as palavras não são sinônimas. - FIM, na acepção comentada, significa: intento, propósito, desígnio, alvo, mira, fito, escopo – é um substantivo masculino concreto. - Finalidade é termo de filosofia e os dicionários, como Caldas
  • 7. A diferença se apresenta também na formação da palavra. Finalidade vem de final + sufixo tatem que é formador de substantivos abstratos (o I é influência erudita). FIM significado propriamente limite, fronteira, extremidade. Finalidade é o caráter daquilo que tende para um fim ou doutrina segundo a qual tudo o que sucede ou se faz tem um fim determinado. Fim e Finalidade têm diferenças notáveis no uso do direito e da filosofia. Exemplos: a) “As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem á lei do Estado em que se constituírem” (LICC, art.11).
  • 8. Expressão 04: Devido a Condenação devido à prova... Muitos autores tem empregado devido a como uma locução preposicional com o sentido de por causa de, em virtude de, e defendido o seu uso. Observe-se que nas resenhas de galicismos de C. Figueiredo, Silva Túlio e outros, não se encontra na expressão devido a. O Prof. Vitório Bergo observa que “é o uso na preposição A, o valor de locução prepositiva” (Erros e dúvidas de linguagem). Assim, a linguagem forense deve evitá-la, pois aspira à perfeição da forma. Devido é particípio passado de dever, e, muitas vezes, representa uma oração reduzida, nesse caso é variável.
  • 9. Exemplos : a) Condenação devida (que é devida) à denúncia... b) Fatos devidos (que são devidos) à inflação... c) Fato devido (que é devido) à analogia... d) “Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem, sendo-lhe devida, a restituição...” (CC. Art. 740, § 1º). O exemplo (único) que trazem os defensores da expressão, de Alexandre Herculano é discutível. A frase: “Mas, devido a uns e a outros o estado das coisas era intolerável” (história de Portugal, 5, 1, 9, 1846) Dê-se outra ordem ao período: “Mas o estado das coisas devido (que era devido) a uns e a outros era intolerável”. Ora, ninguém pode afirmar que o autor haja usado a locução preposicional devido a ou que não tenha usado a ordem inversa, que é a da índole de nossa língua.
  • 10. Bibliografia NASCIMENTO, Edmundo Dantes. Linguagem forense. 10. ed.. São Paulo: Saraiva, 2010.