4. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 4
• Setores de maior intensidade tecnológica, onde o setor público poderia desempenhar
maior protagonista, como é o caso da indústria da defesa, dos medicamentos e do
petróleo.
• Setores ligados aos serviços públicos, como saneamento, saúde e educação.
2. Trabalhar políticas sistêmicas.
Para cada política pública, montar sistemas que envolvam todos os setores
relacionados, ouvidas todas as partes e definindo todos os papéis.
3. Desenvolver políticas macroeconômicas adequadas ao plano de crescimento
traçado.
As políticas públicas não podem ficar a reboque da Fazenda, do Tesouro ou do
Planejamento. Definido o plano de governo, caberá à área financeira adaptar-se às
prioridades definidas.
4. Garantir rentabilidade e reduzir riscos e incertezas para o empresário.
Trata-se de modalidade de intervenção sob controle nacional e, possivelmente, da
única forma de preservar e fortalecer a indústria nesta fase da história mundial, de
feroz concorrência global e asiática.
10. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 10
Foi feito um trabalho forte com os médicos peritos, com a mudança do modelo de pericia
medica, simplificando procedimentos e permitindo maior controle. Nos últimos tempos
voltou a crescer. O que demonstra a necessidade de controle permanente dos principais
itens de despesa.
4. O abono salarial.
Na década de 70, para contornar o achatamento do salário mínimo, foi criado o PIS e o
abono, que equivalia a dois salários mínimos – na época, valendo pouco mais de 50 dólares.
Hoje o SM beira os 300 dólares. Dois SMs equivalem a R$ 1.500,00. Tem espaço para se
negociar com as centrais.
12. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 12
Na Copa, os investimentos em mobilidade ficaram fora até das exigências legais, de
enquadramento das obras no plano diretor dos municípios.
Um modelo eficaz de planejamento federal precisa conter o seguinte processo:
Etapa 1 – preparação do plano
1. O Estado (entendida a União), como planejador e articulador dos vários atores
envolvidos na questão.
2. a montagem do plano de ação, com duas preocupações centrais:
a. Consulta prévia ao maior número de atores envolvidos com o tema, para se
ter uma visão distribuída e multissetorial, de ministérios a associações e
organizações sociais, estados e municípios.
b. Subordinação de todos os programas de governo a um conjunto de linhas-
chave que embutam os temas centrais do programa de governo. No caso,
as subdivisões de Inclusão, Inovação, Regionalização e Competitividade.
Etapa 2 – o planejamento das ações.
1. Definidos os princípios, monta-se o plano de ação, com atribuições claras a cada
ator, definição de indicadores de acompanhamento e coordenação do Ministério
ao qual o tema está afeito.
2. Caberá à Casa Civil o monitoramento do plano, em nome da Presidência da
República.
Etapa 3 – chegando na ponta
Há duas maneiras de obrigar os municípios a obedeceram aos princípios básicos dos
planos:
1. Leis: hoje em dia cada município precisa ter um Plano Diretor. Mas poucos
colocam em prática. Nas obras da Copa, o governo federal eximiu os municípios
de enquadrarem as obras no Plano Diretor. Ora, a maneira de chegar na ponta é
através de Leis claras e de uma parceria constante com o Ministério Público, para
exigir o cumprimento da lei.
2. Programas: outro caminho é através das condicionalidades dos programas. Nesse
caso, a parceria fiscalizadora será da CGU (Controladoria Geral da União) e dos
Tribunais de Contas.
Etapa 4 - O pacto federativo
Em muitos casos, municípios não tem condições básicas de montar um projeto e
atender às exigências da União. Por outro lado, muitos das decisões de liberação de
verbas são tomadas de forma unilateral pela presidência.
Há um conjunto de medidas para institucionalizar a aplicação das verbas discricionárias:
1. Inclusão dessas verbas no orçamento federal, com previsão de necessidades de
cada município, plano de ação para resolver os problemas e os recursos
correspondentes.
2. Criação de agências federais e instituições espelho em cada estado que permitam
levar as recomendações federais à ponta, deixando espaço para cada município
trabalhar suas especificidades.
13. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 13
Racionalização da máquina pública
Diagnóstico
Historicamente, quando se tem uma determinada necessidade de uma politica publica
qualquer, cria-se um grupo ligado ao principal dirigente, ao governador ou à presidência da
República. Foi assim com a Secretária de Planejamento que, ainda no regime militar, virou o
Ministério do Planejamento. Foi assim com o Ministério das Cidades.
O Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão tornou-se um ministério muito pesado.
Ele cuida desde definir o orçamento ou o PPA (Plano Plurianual) até a questão dos terrenos
da União, além da folha de pagamento e da gestão.
Hoje em dia, com um modelo novos de gestão e as técnicas de informáticas, há condições
de descentralizar as ações. É hora de se repensar um novo desenho de Ministério.
14. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 14
O problema não é o aumento de custos, quase irrisório perto do orçamento público, mas uma
questão de racionalização.
Propostas
1. Desburocratização com uso de tecnologia
É necessário olhar as grandes estruturas de prestação de serviço do Estado, e avaliar se
estão eficiente ou não. Å tecnologia mudou ao longo dos últimos anos e utilizá-la para
racionalizar os serviços. No passado, a Carteira de Trabalho era o documento para provar
que o cidadão não era vagabundo. Hoje em dia. Não tem sentido levar um papel para um
departamento, assinar, escrever, carimbar e depois digitar de novo todas as informações no
sistema. Substitui-se toda essa parafernália por um cartão do trabalhador. O mesmo com
registro de imóveis, junta comercial.
Há uma pauta premente de desburocratização, no redesenho dos ministérios, dos processos
internos, valendo-se da digitalização.
2. Redesenho dos processos públicos.
Em todos os campos da máquina pública há processos sobrepostos, exigências duplicadas,
retrabalhos. Não se pode implantar novos sistemas informatizados sem, antes, promover
uma racionalização nos processos internos.
Orçamento
Diagnóstico
O modelo orçamentário brasileiro se esgotou. Há a necessidade de repensar de novo todo o
aparato de orçamento.
O orçamento de 2014 é de R$ 900 bilhões, dos quais o discricionário não chega a R$ 250
bilhões.
Aprova-se o orçamento. Começa o ano, há um contingenciamento. Depois de algum tempo,
descontigencia-se parte dele. Nesse modelo, o gestor padece de absoluta insegurança, que
acaba gerando um custo apreciável.
Trata-se o “restos a pagar” como um problema. O verdadeiro problema são os “restos a
fazer”. Termina o ano, aplica-se o conceito de economia orçamentária e zera-se o
orçamento, comprometendo todos os programas de prazo maior que um ano.
Essa prática atende exclusivamente o interesse do tesoureiro, por simplificar seus controles.
Mas arrebenta com qualquer noção de planejamento. Em alguns casos, interrompe projetos
em andamento. Em outros, leva os gestores a correr para gastar o resto de orçamento em
dezembro, para não ser penalizado no ano seguinte com redução da dotação.
Além disso, a maioria dos gestores trabalha com a noção de verbas, não se custos. E ele
tem que ter clareza sobre o custo de cada programa, inclusive para avaliar a relação custo-
benefício, definir prioridades etc.
O problema das despesas públicas não está no caráter político dessas escolhas e sim na
inexistência de momentos em que as escolhas do passado sejam permanente reavaliadas.
Como isso não ocorre, essas escolhas vão se acumulando, incorporando novas garantias
para seu atendimento, e ocupando um espaço cada vez maior no orçamento, contribuindo
para a rigidez da despesa e expulsando outros direitos do espaço orçamentário.
Propostas
1. Negociação ICMS com FPM e royalties do petróleo
Possibilidade de as perdas de alguns estados, com a reforma do ICMS, para por cobro à
guerra fiscal, serem compensadas por ganhos decorrentes da adoção de novas regras para
15. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 15
o rateio do FPM, bem como os decorrentes da revisão dos parâmetros da renegociação das
dividas estaduais.
Adicionalmente, os novos recursos originários do aumento do montante dos royalties do
petróleo, a serem repartidos entre os estados, poderiam contribuir para que investimentos na
infraestrutura e na qualificação da mão-de-obra repercutissem positivamente na capacidade
de os investimentos, que se beneficiaram dos incentivos fiscais, sobreviverem a uma perda
gradual dos benefícios da guerra fiscal. Compensações cruzadas limitariam a demanda de
recursos para compor os orçamentos estaduais, abrindo espaço para que o governo federal
pudesse reforçar suas ações no campo do desenvolvimento regional.
2- Reforma orçamentária junto com reforma tributária
Por reforma tributária entenda-se a discriminação constitucional de rendas na federação, a
repartição das competências tributárias e a revisão das regras que definem a partilha de
receitas e a repartição das transferências.
O objetivo dessas reformas é equiparar as responsabilidades a cargo de cada ente federado
com as respectivas capacidades financeiras para exercê-las a contento.
Seria um novo modelo de federalismo fiscal concorrendo para reduzir os desperdícios que
resultam do descompasso entre a localização das demandas, que responde ao perfil
socioeconômico da população que vive em cada estado e município, e o perfil dos
orçamentos dessas mesmas unidades da federação.
A construção de um novo modelo de federalismo fiscal, que envolve a reforma da tributação
e a revisão das transferências, reforça a contribuição da reforma orçamentária para a
eficiência do Estado. Em conjunto, todas concorrem para a competitividade da economia.
3. Orçamento e restos a pagar
Implementar regras para carregar a dotação orçamentária para o ano seguinte.
4. Sistema de custos
A montagem de um sistema de custos, além de ser uma obrigação legal, é o caminho para
recolocar a questão da gestão dentro do setor publico. Ao invés do gestor indagar se tem
dotação, ele passará a perguntar quanto custa a ação. Tendo noção de custo, poderá avaliar
melhor se determinada ação faz sentido ou não, se ele tem ou não tem dotação, se é para
agora ou para o ano seguinte.
É essencial uma mudança de cabeça do gestor. Mas, para tal, ele precisa dispor de um
sistema de informações que ajude no monitoramento de seus trabalhos.
Tem que se ampliar esse trabalho, estendendo para todo o setor público com o máximo de
granularidade. Trabalhar apenas com agregados de custo não ajuda o gestor.
O desafio do setor público é estender os centros de custos por grandes setores e chegar até
a ponta, permitindo ao gestor saber o custo de manutenção de um prédio, o custo dos
processos em andamento etc.
Esse modelo teve início em 2011 e tem avançado mais em alguns setores, como as Forças
Armadas e o Ministério da Educação.
17. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 17
Educação
Diagnóstico
Em 2009, a emenda constitucional 59 tornou obrigatória a matrícula escolar dos 4 aos 17
anos.
Com essa emenda, a educação infantil passa ser central. Até então, a educação infantil vai
dos 0 aos 5 anos e não tem objetivos de educar. Com a emenda muda o quadro, Haverá a
universalização da oferta trazendo a necessidade de mudar a formação do professor.
Os desafios do século 21 exigem repensar radicalmente a escola e os métodos pedagógicos.
Há a necessidade de introduzir novos padrões e novos conhecimento, como a neurociência
e as habilidades socioemocionais,
Na nova pedagogia, a criança inicia o dia com atividades físicas, que desenvolvem as
habilidades socioemocionais, ou não cognitivas, porque o esporte de alguma maneira
trabalha a organização, o trabalho em equipe, a cooperação. Em seguida tem as atividades
do conhecimento propriamente ditos, que pode ser uma aula tradicional, uma aula
laboratorial.
Depois, essa criança é alimentada e tem um período de sono, essencial para que o
conhecimento recebido seja devidamente incorporado ao seu cérebro.
Essa nova pedagogia exigirá nova formação de professores e nova grade curricular.
Propostas
1. A nova formação do professor
O país precisaria ter centros de referencias de educação para formação do professor, que
podem ser dentro das universidades, em um formato interdisciplinar.
Vai requerer uma nova constituição curricular dos cursos de pedagogia, mais inrerdisciplinar
e com foco principalmente, na constituição e formação da criança e do jovem nas primeiras
etapas da vida.
Esse professor teria a formação tradicional dele, na pedagogia, e uma visão ampliada do
conhecimento, com especialistas de outras matérias.
2. Nova pedagogia
Um relatório do Departamento de Trabalho dos EUA mostrou que as 10 profissões que mais
entregaram em 2009 não existiam em 2004. E só se pode naturalmente uma maior
capacidade de resposta a essa dinamicidade do conhecimento, se você flexibilizar a
formação.
O campo das habilidades socioemocionais pode vir por uma gameficação (utilização dos
games).
O professor do novo século é o que vai mediar os processos de conhecimento. Esse
professor mediador ele tem que incorporar no, seu cotidiano, o game de uma forma
articulada com o conhecimento.
Quando integra as habilidades que a criança deve ter no momento da sua formação e coloca
games que promovem essas habilidades, existem ganhos comprovados no campo da
matemática, da língua portuguesa.
3. Currículo escolar
O jovem da Bacia Amazônica é diferente do jovem do litoral. Isso exige-se que tenha um
currículo de referencia para todo mundo, uma base comum. E uma parte diversificada que
responda aos anseios locais, regionais, que potencialize a cultura local, o mundo em que
18. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 18
aquele jovem está inserido, naquele meio. Para que possa dar sentido aquilo que ele tá
aprendendo, onde ele vive!
O ensino técnico
Ao lado do Bolsa Família, o Pronatec – de educação profissionalizante - talvez seja o melhor
exemplo de um plano bem concebido, bem acabado e com flexibilidade suficiente para
adequar-se às mais distintas situações.
Serviu para o treinamento de funcionários de turismo na Copa; tem servido para incluir
beneficiários do Bolsa Família e, na opinião de Rafael Lucchesi - diretor geral do Senai
(Serviço Nacional da Indústria), “é o melhor programa que já foi feito no país na área de
educação”.
A partir do segundo ano do ensino fundamental, o jovem pode fazer o curso
profissionalizante no contra-turno. Através do Pronatec, o governo federal paga R$ 8,00 a
hora/aula, tanto em cursos de qualificação técnica - de 200 a 440 horas - como em cursos
técnicos - de 800 a mil horas.
O curso poder ser ministrado em uma escola técnica federal, estadual, privada, do Senai ou
do Senac. Pesquisas da FGV e da PUC-Rio constataram que, entre pessoas com a mesma
escolaridade, a que fez curso profissionalizante terá em média 15% a mais de renda.
Tudo isso foi possível porque criou-se uma agenda de consenso. O MEC visava reduzir a
evasão escolar e preparar o jovem mais cedo. O Bolsa Família viu no programa uma das
portas de saída para as famílias beneficiadas. Para a indústria, a formação técnica é
essencial. “A pessoa vai aprender português e matemática aliado ao seu ofício. Se ele é
marceneiro, ele vai entender problemas e soluções na marcenaria. Se é um ferramenteiro,
na área de ferramentaria”, diz Lucchesi
Nos países mais ricos, cerca de 40% dos jovens fazem educação profissional complementar
à educação regular. No Brasil, são menos de 17% dos jovens entre 15 e 17 anos.
Este ano o Pronatec teve oito milhões de matrículas. Para o próximo ciclo serão 10 milhões.
O desafio agora será estender esse aprendizado para a população adulta. Hoje em dia é de
60% o percentual de adultos que abandonam o EJA (Educação de Jovens e Adultos) por ser
uma educação infantil para adultos.
E, aproveitar o modelo, para ampliar a formação técnica para os cursos superiores
Propostas
1. Mudar a formação de engenheiros
No Brasil, pouco mais de 5 % dos graduados são graduados em engenharia. Um número
muito menor Alargar o sistema de engenharia é importante para melhor qualidade do ciclo de
expansão por conta da capacidade de inovação. No ano passado pela primeira vez a
matrícula dos cursos de engenharia subiu, superou o curso de direito.
Mas há a necessidade de aproximar os cursos de engenharia da realidade empresarial e
econômica. Hoje em dia, depois de formado e depois que entra em uma indústria, o
engenheiro leva em média um ano e meio para estar apto ao trabalho.
Há que se montar um currículo de engenharia que concentre o conhecimento básicos nos
dois primeiros anos, deixando para os anos seguintes a especialização.
2. O Inovação Sem Fronteira para a indústria
O timing de inovação das empresas é um timing mais curto. Então as empresas tem
dificuldades de participar de um programa mais longo. A proposta é um Ciência sem
Fronteira para as empresas enviarem ao exterior seus próprios alunos. A empresa bancaria
os custos, mas a Capes e o CNPq fariam a inteligência e a articulação com as instituições
mundo afora.
24. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 24
propor as medidas que fossem necessárias para a criação dessa modalidade de
mecanismo indireto para PD&I
Recomendações de Aprimoramento na Área Fiscal e Regulatória
• Benefício Fiscal para Investidores “Anjos” - Concessão de estímulo fiscal para os
investimentos em projetos inovadores que estejam em sua fase inicial, limitado a
um valor fixo. Tal benefício poderia ser semelhante àquele existente para as
pessoas físicas que alienam ações até o montante de R$ 20 mil por mês ou
equivalente às vantagens do detentor de um imóvel único que vende seu bem e
compra outro com os recursos da venda. Em ambos os casos, o ganho de capital
é isento de Imposto de Renda.
• Revisão e simplificação das regras de tributação dos Fundos de private equity e
de seed Money - A revisão deveria rever a tributação dos Fundos de private
equity e de seed money de forma a identificar possíveis aprimoramentos.
Atualmente essas carteiras são tributadas com a alíquota de 15%, sobre a
diferença positiva entre o valor de resgate e de aquisição das quotas e sobre os
ganhos auferidos na alienação ou amortização das quotas.
• Atualização da Instrução Normativa nº 202, da CVM – A Instrução Normativa nº
202 da CVM regulamenta a constituição dos Fundos de Investimento em
Empresas Emergentes. Esta norma data de março de 1994 e sofreu apenas uma
atualização relevante em 2002. Com isso, segundo os entrevistados, teria “caído
em desuso”. O objetivo da revisão seria propor sua atualização.
Propostas na Área Institucional
• Revisão da legislação para licitações na área P&D- A Lei nº 8.666 estabelece
princípios gerais para licitação pública de bens e serviços convencionais. Dada a
especificidade da contratação de pesquisas e de desenvolvimento tecnológico de
produtos e processos (intangíveis), A revisão deveria avaliar vantagens e
desvantagens e propor uma alteração da legislação que permita uma maior
flexibilidade das instituições públicas no direcionamento das atividades de PD&I.
• Melhoria da Qualidade da Informação sobre PD&I - A revisão deveria analisar os
métodos contábeis utilizados no Brasil e em países relevantes de forma a
embasar uma proposta para melhorar o detalhamento das informações sobre
gastos de P&D dos Relatórios de Administração das empresas abertas, a partir de
uma conceituação precisa de inovação para fins contábeis, financeiros e fiscais.
• Banco de Dados sobre os Projetos de Inovação - A revisão deveria ser um pré-
projeto para embasar a montagem de um banco de dados de projetos de
inovação identificando, para cada uma de suas diferentes etapas de execução, os
PI existentes nas universidades, centros, institutos e fundações de pesquisa e
empresas. Agregaria, também, informações detalhadas sobre as demandas
prioritárias dos Ministérios da Saúde, Defesa, Comunicações, Minas e Energia
entre outros, por pesquisas básica e aplicada para novos produtos ou processos
de testes. Esse Banco forneceria, assim, o “mapa da inovação” para que o
governo priorizasse e definisse suas encomendas de P&D e os investidores
privados pudessem também orientar suas decisões de investimento.
33. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 33
Os emissores são as novas infraestruturas; do lado do pool de poupança um incentivo
para que os fundos de pensão, as famílias, migrem.
3. A necessidade de destravar as debêntures como ativos de longo prazo.
O financiamento imobiliário foi destravado com o instituto da alienação fiduciária, a
separação do patrimônio de afetação, a criação das Letras de Crédito Imobiliário.
Agora, é necessário montar um sistema que crie ferramentas para o investimento.
Uma das propostas são as debêntures de infraestrutura, que receberam tratamento
importante e uma série de incentivos. Tem que incluir nelas a educação, saúde e outros
setores para originar uma massa maior de debêntures.
A ideia das debentures surgiu para complementar a capacidade de financiamento do
banco. Paralelamente, o governo abriu uma ferramenta – as Letras Financeiras - para os
bancos privados captarem a prazos mais longos. O que ocorreu é que os bancos
passaram a pegar o funding mais longo, induzir o clientes a emitir uma debêntures e
eles passaram a encarteirar as debêntures, mascarando uma operação de crédito como
se fosse de mercado de capitais.
Além disso, a alta da Selic fez com que as empresas segurassem a emissão das
debêntures, aguardando um ciclo de juros mais baixos.
Mesmo assim, muitos bancos prepararam fundos de FIDCs para a compra de
debêntures. Mas não havia oferta de papéis no mercado. Então está se vivendo uma
crise de originação de papéis.
4. A necessidade de um aparato institucional.
Não basta reduzir os juros para haver uma migração automática para papéis mais
longos. Há a necessidade de um desenvolvimento institucional, a criação de mercados,
criação de liquidez dos títulos, a criação do “market making” (corretoras incumbidas de
dar liquidez aos papéis). É a maneira de garantir a liquidez secundária, essencial para a
colocação de papéis de prazo mais longo. Todo esse trabalho exige engajamento,
desenvolvimento institucional, regulatório.
As debêntures
O financiamento de uma nova onda de investimentos dependerá fundamentalmente do
mercado de dívidas, que se tornou o grande canal de consolidação de dívidas nas
economias mais avançadas.
Há um conjunto de pré-condições para a consolidação desse mercado.
1. Redirecionamento do papel da dívida pública
Redimensionamento gradativo do papel da dívida pública no mercado de capitais
brasileiro para abrir espaço para os papéis privados.
2. Expansão dos mecanismos de Securitização
Introdução de esquemas de securitização permitindo o pooling de obrigações de várias
empresas como lastro dos papéis a serem colocados no mercado. A securitização alarga
o mercado para um número muito maior de tomadores, favorecendo empresas
privadas, e especialmente as de médio e mesmo pequeno porte.
Poderia haver apoio governamental nas garantias de risco de crédito dos papéis
securitizados.
34. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 34
Com maior oferta de títulos poder-se-ia desenhar títulos adequados aos diversos tipos
de investimentos que as empresas se disponham a fazer. E se poderia envolver parcelas
amplas da poupança nacional, como FGTS, cooperativas de investimento ou aplicações
voluntárias.
3. O tratamento das debêntures incentivadas
4. O financiamento de inovações através de empresas ou de projeto de
PD&I.
Ampliação das emissões públicas
Um conjunto de medidas desburocratizantes:
a) Redução dos prazos de registro para “emissores frequentes”.
b) Formalização pela ANBIMA de um help desk com profissionais especializados
em títulos de dívida corporativa que possam ser contatados pelos estruturadores
e escritórios de advocacia antes do protocolo inicial de cada emissão.
c) Revisão dos processos de análise no âmbito da CVM e no Convênio de Ofertas
da ANBIMA, dando maior celeridade ao processo.
d) Revisão do aparato regulatório - artigos 11 a 13 da Instrução CVM nº 400 - e
dos processos operacionais relacionados aos títulos de dívida corporativa que
sejam distribuídos ao amparo dos Programas de Distribuição. Esses Programas
deveriam ficar pré-aprovados junto à entidade de registro aguardando janelas
de mercado.
e) O material publicitário deixaria de ser previamente aprovado pela Autarquia que,
entretanto, fixaria penalidades rigorosas para os emissores que deixassem de
cumprir um conjunto de obrigações previamente discriminadas.
f) Aumento da transparência: divulgação de informações pós-trade, no âmbito da
autorregulação da ANBIMA que induzam os operadores do mercado secundário
a divulgar as informações relacionadas aos negócios realizados de forma
tempestiva.
Medidas para Ampliar o Mercado das Debêntures Incentivadas
a) Incluir o Setor Industrial entre os Beneficiários do Incentivo:
b) Ampliar a Originação de Títulos Incentivados, associando benefícios em termos
de condições financeiras – prazos e taxas – aos financiamentos direcionados
dos bancos públicos, desde que os tomadores concordem em financiar uma
parcela relevante do investimento – de no mínio 30% - por debêntures
beneficiadas pela Lei 12.431 em condições de mercado.
c) Ampliar o volume transacionado de títulos incentivados no mercado
secundário, induzindo as instituições públicas a oferecer regularmente ao
mercado sua carteira de debêntures incentivadas.
d) Permitir a formação de carteiras mistas, de debêntures incentivadas e outros
papéis, de maneira de ampliar a demanda, reduzir o risco de concentração em
um número pequeno de operações e ampliar a liquidez das debêntures
incentivadas.
Medidas para Estimular o Financiamento de Projetos de PD&I
a) Permitir que os bancos possam emitir letras com isenção de imposto de renda
para o tomador desde que lastreadas em projetos aprovados pelo MCTI e que
atendam às condições financeiras mínimas estabelecidas nessa legislação
(Letras de Crédito à Inovação).
Benefício Fiscal para Acionistas em empresas Start-ups e New Ventures. No caso das
start-ups, o benefício seria limitado a vendas de participações de até R$ 20 mil por mês
desde que os recursos sejam, no prazo de até seis meses, aplicados em outra start-up.
41. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 41
Políticas regionais
Diagnóstico
Nos últimos anos houve avanços setoriais relevantes em algumas políticas públicas de
sucesso.
Dentre elas:
1. O PRONAF (Programa de Apoio à Agricultura Familiar), que saltou de R$ 2 bi no
último ano do governo FHC para R$ 65 bi no último ano do governo Lula, com 56%
indo para o nordeste.
2. O aumento do SM beneficiou especialmente o nordeste – onde 45% dos ocupados
recebem um SM contra a média brasileira de 26%. A melhoria do consumo está
promovendo uma reindustrialização da região.
3. O REUNI (Programa de Recuperação das Universidades Federais),que elevou de 43
para 230 os campi universitários, valorizando a interiorização e a desconcentração
regional.
Mesmo assim, não se logrou definir uma política que privilegiasse a dimensão territorial
do planejamento.
Nesses anos todos, houve o sub-aproveitamento de dois órgãos centrais de
planejamento.
O primeiro, o Ministério da Integração Nacional, que limitou-se a priorizar a oferta de
recursos hídricos. O segundo, o Ministério das Cidades, que jamais teve a relevância
necessária.
Foram desenvolvidas diversas políticas de base territorial – algumas vindo dos anos 90 –
que precisariam ter uma integração para serem mais efetivas. Dentre os programas:
1. Os Arranjos Produtivos Locais (APLs), conduzidos pelo MDIC (Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) envolvendo BNDES, Banco do
Nordeste, Banco do Brasil, Ministério de Ciências e Tecnologia, Sebrae.
2. O próprio PRONAF que, a partir do governo Lula mudou o enfoque de base
municipal para regional – atuando sobre regiões homogêneas.
3. A partir desse visão regional são identificados os chamados “territórios rurais” – a
aglomeração de vários municípios com realidades semelhantes. Esse modelo de
atuação resultou no programa conhecido como “Territórios da Cidadania”, 120
territórios onde se buscavam convergir as políticas dos diversos ministérios, sob a
coordenação da Casa Civil.
4. Além disso, há distritos industriais, ‘clusters’, incubadoras, parques tecnológicos e
outras formas de organização dos sistemas regionais de inovação.
Regiões como pontos de conhecimento
Está havendo uma significativa convergência das rendas per capita interestaduais e
inter-regionais no Brasil. Portanto, políticas de distribuição de renda devem ser
nacionais, contemplando áreas de pobreza em todas as regiões do país.
Nesses tempos de capitalismo intensivo em conhecimento, regiões ou localidades
devem ser entendidos como pontos de criação de conhecimento e de aprendizado.
42. Brasil Propostas para o Terceiro Milênio 42
Para se tornarem regiões que aprendem, devem ser preparadas com infraestruturas
específicas, facilitando o fluxo de conhecimento, e governança local.
Qualquer política regional deve levar em conta as particularidades de cada região, as
bases produtivas, o potencial econômico. As prioridades regionais devem ser definidas
a partir do conhecimento local das empresas, organizações empresariais, universidades
e órgãos governamentais.
Condições para planejamento regional
• Dentro desse conceito, o planejamento regional deve ser visto como parte do
planejamento nacional.
• Também está explícito de que a política nacional de desenvolvimento regional deve
ser estabelecida e operada em múltiplas escalas, em função da especificidade e da
dimensão territorial de cada objetivo ou dos respectivos projetos.
• Uma política de tal natureza exige um conjunto de requisitos. Há que se recortar (ou
regionalizar) o país, de acordo com as características econômicas e dos efeitos
polarizadores.
• Há a necessidade de reestruturação das fontes de financiamento, considerada a
diversidade de fontes, a contradição entre algumas delas e a guerra fiscal praticada
entre entes federados.
• A implementação de uma nova política exige uma nova concertação institucional
que estabeleça o papel e as formas de funcionamento das instituições federais,
articule as diferentes instâncias de governo, estabeleça as formas de
relacionamento e de sinergia entre as instituições públicas, as instituições privadas e
da sociedade civil.
• Há a necessidade de uma nova regionalização, já que nem a divisão do país em cinco
macrorregiões, nem as divisões estaduais, menos ainda o recorte municipal são
adequados para fins de análise de uma nova regionalização.
• Uma regionalização com tais propósitos deve partir de três critérios
complementares e articulados: econômico, ambiental e político.
• Com o planejamento federal e a implementação local, há a necessidade de articular
as ações com o fortalecimento de agentes coordenadores locais, como agências de
desenvolvimento.
As formas de integração nacional
• A integração físico-territorial se baseia na construção da infraestrutura física,
especialmente transportes, energia e telecomunicações, e na rede de cidades.
• A integração econômica visa consolidar cadeias produtivas reforçando as
especializações e vantagens comparativas locais.
• A integração social, entendida como o acesso da população aos serviços sociais
básicos (educação e saúde, principalmente), moradia e e emprego.
• A integração política é a base para o reforço da solidariedade nacional e para a
nacionalidade e para um projeto de Nação.
• Um Projeto de Nação, que combine crescimento econômico com inclusão social,
deveria estar baseado em um processo de coesão econômica e social, para o qual a
reconfiguração da rede urbana e a criação de novas centralidades urbanas têm
papel central.