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Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 1	
Propostas	Para	o	Terceiro	Milênio
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 2	
Introdução	
O	presente	estudo	consolida	propostas	e	posições	de	macroeconomistas,	economistas	
sociais,	cientistas	sociais	e	urbanistas	identificados	com	a	linha	de	pensamento	
desenvolvimentista.	
Não	se	trata	de	um	trabalho	acadêmico,	mas	de	uma	síntese	de	diagnósticos	e	de	
propostas	de	políticas	públicas,	obedecendo	ao	seguinte	roteiro.	
1.	Diagnóstico	do	quadro	atual.	
Um	levantamento	do	momento	atual	do	desenvolvimento	brasileiro	e	dos	desafios	
impostos	por	um	fim	de	ciclo	de	políticas	inclusivas.	O	modelo	a	ser	perseguido	pelo	
país	para	preservar	e	aprofundar	a	democracia	social.	
2.	Mapeamento	das	condições	competitivas.	
Instituições,	agentes	públicos	e	privados,	leis	e	políticas	que	disponíveis	para	a	
montagem	de	planos	de	desenvolvimento.	
3.	O	modelo	macroeconômico	a	serviço	de	um	projeto.	
Metas	inflacionárias	
Gestão	fiscal	
4.	Modelo	de	políticas	econômicas	em	ambiente	democrático.	
Política	pública	
Orçamento	e	gestão	
5.	Políticas	horizontais	
Educação	
Inovação	
Infraestrutura	
Territorialização	
Diplomacia	
6.	Políticas	verticais	
Indústria	da	saúde	
Indústria	da	educação	
Indústria	naval	
Indústria	do	petróleo	e	gás		
Indústrias	Criativas
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 3	
Diagnóstico	do	quadro	atual	
Nos	últimos	anos	o	país	logrou	crescer	com	distribuição	de	renda.	A	manutenção	das	
políticas	sociais,	do	emprego	e	da	renda,	no	entanto,	dependem	do	dinamismo	da	
economia	nos	próximos	anos.	
O	ciclo	da	criação	do	novo	mercado	de	consumo	baseado	em	políticas	de	renda	impõe	
uma	nova	realidade	na	qual	não	cabem	mais	os	conceitos	históricos	de	
desenvolvimentismo	e	de	industrialização.	
Por	muitos	anos	o	consumo	e	a	formação	bruta	de	capital	fixo	cresceram	mais	do	que	o	
PIB	e	lideraram	o	crescimento,	o	que	foi	compatível	com	a	diminuição	da	desigualdade	
e	a	incorporação	de	40	milhões	de	pessoas	ao	mercado	consumidor.	
Agora,	além	da	reativação	dos	investimentos,	as	três	alavancas	da	expansão	do	
consumo	–		
• o	crescimento	dos	salários	acima	da	produtividade,		
• as	políticas	de	transferência	de	renda	e		
• a	expansão	do	crédito	a	um	ritmo	muito	superior	ao	da	renda	–	
• devem	ser	complementadas	por	novas	medidas	voltadas	para	o	
aprofundamento	do	processo	redistributivo	e	o	aumento	dos	investimentos	
e	da	produtividade	no	setor	industrial.	
A	piora	da	situação	da	conta	corrente	e	a	mudança	no	ambiente	da	economia	
internacional	(perspectivas	de	comportamento	moderado	para	os	preços	de	
commodities	e	de	fluxos	de	capitais	mais	modestos	do	que	os	da	década	passada	para	
os	emergentes),	requer	uma	correção	do	desequilíbrio	do	balanço	de	pagamentos.		
O	crescimento	relativamente	robusto	da	economia	por	muitos	anos,	a	despeito	de	um	
baixo	crescimento	da	produtividade,	absorveu	um	enorme	excedente	de	força	de	
trabalho,	levando	a	taxa	de	desemprego	a	baixar	de	12,3%	em	2003	para	5,4%	em	2013.	
À	medida	que	vai	se	esgotando	o	chamado	“exército	industrial	de	reserva”,	fica	claro	
que	a	restauração	de	taxas	elevadas	de	crescimento	exige	um	crescimento	da	
produtividade	muito	superior	ao	obtido	nos	últimos	anos,	o	que	requer	uma	forte	
expansão	do	investimento	privado	e	do	processo	de	inovação	nas	empresas	industriais.	
Os	desafios	dos	próximos	anos	consistirão:	
1.	Manter	o	dinamismo	da	economia.	
2.	Corrigir	os	desequilíbrios	das	contas	externas.	
3.	Aprofundar	as	políticas	de	inclusão	social.	
Propostas	
1.	Definir	os	setores	que	puxarão	a	economia	nas	próximas	décadas.	
Dentre	eles:	
• Infraestrutura	
• Setores	industriais	intensivos	em	emprego,	preservando	a	maior	conquista	dos	últimos	
dez	anos,	que	foi	o	aumento	do	mercado	de	trabalho.	
• Setores	mais	associados	à	escala	dos	mercados	internos	e	externo,	como	
automobilístico	e	petróleo.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 4	
• Setores	de	maior	intensidade	tecnológica,	onde	o	setor	público	poderia	desempenhar	
maior	protagonista,	como	é	o	caso	da	indústria	da	defesa,	dos	medicamentos	e	do	
petróleo.	
• Setores	ligados	aos	serviços	públicos,	como	saneamento,	saúde	e	educação.	
2.	Trabalhar	políticas	sistêmicas.	
Para	cada	política	pública,	montar	sistemas	que	envolvam	todos	os	setores	
relacionados,	ouvidas	todas	as	partes	e	definindo	todos	os	papéis.	
3.	Desenvolver	políticas	macroeconômicas	adequadas	ao	plano	de	crescimento	
traçado.	
As	políticas	públicas	não	podem	ficar	a	reboque	da	Fazenda,	do	Tesouro	ou	do	
Planejamento.	Definido	o	plano	de	governo,	caberá	à	área	financeira	adaptar-se	às	
prioridades	definidas.	
4.	Garantir	rentabilidade	e	reduzir	riscos	e	incertezas	para	o	empresário.		
Trata-se	de	modalidade	de	intervenção	sob	controle	nacional	e,	possivelmente,	da	
única	forma	de	preservar	e	fortalecer	a	indústria	nesta	fase	da	história	mundial,	de	
feroz	concorrência	global	e	asiática.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 5	
Mapeamento	das	condições	competitivas	
O	Brasil	mudou	muito	nos	últimos	anos,	promovendo	grandes	avanços	em	termos	de	
inclusão	social,	redistribuição	da	renda	e	regionalização	do	desenvolvimento.	Estas	
conquistas	foram	realizadas	concomitantemente	com	a	retomada	de	um	processo	de	
crescimento	que,	no	seu	auge,	entre	2004	e	2010,	alcançou	um	ritmo	de	4,4%	ao	ano,	
deixando	para	trás	duas	décadas	de	quase	estagnação.	
Apesar	do	forte	crescimento	mundial,	liderado	pela	China,	e	da	acentuada	elevação	dos	
preços	internacionais	das	commodities,	o	progresso	alcançado	não	foi	apenas	um	mero	
subproduto	da	conjuntura	internacional.		
De	um	lado,	um	intenso	processo	de	construção	institucional	vem	aparelhando	o	país	
para	trilhar	um	movimento	de	desenvolvimento	economicamente	vigoroso,	inclusivo	e	
sustentável.		
Dentre	estes	progressos	no	plano	institucional,	destacam-se:	
• a	institucionalização	da	política	de	reajuste	do	salário	mínimo;		
• a	recuperação	do	crédito;	
• a	recuperação	parcial	da	capacidade	de	planejamento	estratégico	do	
investimento	público,	consubstanciada	no	PAC;		
• a	política	industrial,	e	em	particular,	o	fortalecimento	do	sistema	nacional	de	
inovação,	que	estabelecem	as	condições	e	diretrizes	para	a	retomada	do	
desenvolvimento	industrial	e	redução	da	brecha	tecnológica	que	nos	separa	
das	nações	mais	desenvolvidas;		
• os	programas	para	ampliação	do	acesso	ao	ensino	técnico	e	superior	
(PROUNI	e	PRONATEC)	e	a	expansão	e	descentralização	regional	da	rede	de	
universidades	federais,	etc.	
Os	novos	graus	de	liberdade	
De	outro,	a	despeito	de	alguns	contratempos	na	área	macroeconômica,	houve	um	
conjunto	de	iniciativas	que	ampliaram	os	graus	de	liberdade	e	o	leque	de	instrumentos	
para	a	gestão	macro:		
• o	acúmulo	de	um	elevado	nível	de	reservas	dotou	o	país	de	condições	para	
enfrentar	eventos	de	turbulência	no	mercado	internacional;	
• o	desenvolvimento	de	instrumentos	para	o	controle	dos	fluxos	de	capitais	
que	se	mostrem	excessivos	ou	desestabilizadores	(IOF	sobre	operações	
financeiras	cambiais,	inclusive	com	derivativos),	juntamente	ao	estoque	
elevado	de	reservas,	ampliaram	o	escopo	para	a	prática	da	política	cambial;		
• a	mudança	nas	regras	das	cadernetas	de	poupança	eliminando	uma	barreira	
para	a	queda	dos	juros.	
• Há	inédita	capacidade	de	mobilizar	recursos	de	longo	prazo,	públicos	e	
privados:	espaço	fiscal,	expansão	de	recursos	à	disposição	do	BNDES,	
capacidade	de	acionar	a	Caixa	Econômica	Federal	(CEF)	e	o	Banco	do	Brasil	
(BB),	fundos	de	pensão	com	estímulos	à	diversificação	de	suas	aplicações	
(por	efeito	da	queda	dos	juros	no	mercado	interno)	e	evidências	de	grande	
expansão	no	espaço	de	emissão	primária	de	ações	e	debêntures,	no	Brasil	e	
no	exterior;	e,	por	se	verificar,	possibilidades	de	expansão	de	crédito	de	
longo	prazo	com	os	bancos	comerciais,	estatais	e	privados.		
• Estão	operativos	vários	instrumentos	de	forte	poder	de	impulsão:	o	PAC	
representa	um	importante	programa	de	recuperação	da	capacidade	de
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 6	
investimento	do	setor	público;	o	PSI	(Programa	de	Sustentação	do	
investimento),	com	juros	baixos	ou	negativos,	pode	estar	ajudando	a	evitar	
maiores	quedas	na	taxa	de	investimento;		
• Regimes	de	preferencia	de	compra	por	parte	do	Estado,	como	o	das	
encomendas	da	Petrobrás	a	produção	nacional.			
Esses	fatores	desempenharam	papel	chave	na	dinamização	da	economia,	na	limitação	
dos	impactos	internos	da	crise	internacional	e	na	melhoria	geral	das	condições	de	vida	e	
de	trabalho	da	população.	
Porém,	é	sabido	que	o	processo	de	desenvolvimento	econômico	é	sempre,	e	em	toda	
parte,	um	processo	desequilibrado,	em	que	a	expansão	gera	tensões,	desequilíbrios	e	
eventualmente	crises,	cuja	resolução,	quando	bem	encaminhada,	cria	novas	frentes	de	
expansão.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 7	
Macroeconomia	
Política	Monetária	
Diagnóstico	
Macroeconomia	não	o	objetivo	maior	da	política	econômica,	mas	o	instrumento	para	
viabilizar	as	políticas	públicas,	assegurando	as	condições	de	implementá-las	sem	
comprometer	o	equilíbrio	fiscal	e	de	preços.	
A	herança	fiscal	e	inflacionária	dos	anos	80	deixou	sequelas	nas	políticas	
macroeconômicas,	que	tornaram-se	o	centro	de	todas	as	políticas	públicas.	Essa	
preponderância	fez	com	que	fossem	jogados	para	segundo	plano	todas	as	sequelas	de	
políticas	monetárias	agressivas,	de	políticas	fiscais	pro-cíclicas.		
Juros	extraordinariamente	elevados	passaram	a	ser	tratados	como	inevitáveis;	assim	
como	metas	elevadas	de	superávit	mesmo	com	a	economia	desaquecida.	
Nos	próximos	anos,	haverá	uma	etapa	de	transição	do	modelo	atual	-	fundado	no	
mercado	interno	-	para	um	novo	modelo	baseado	nos	investimentos	e	em	uma	nova	
inserção	internacional.	O	que	impediu	a	economia	de	afundar	foi	justamente	o	mercado	
interno,	o	emprego	e	a	renda.		
Para	manter	esse	modelo,	será	necessária	a	flexibilização	de	metas	fiscais,	para	que	
atuem	como	elementos	contra-cíclicos.	E	isso	implicará	em	rever	os	mecanismos	de	
combate	à	inflação.	
As	metas	inflacionárias	
Implantada	em	2001,	a	teoria	das	metas	inflacionárias	passou	a	pautar	a	política	
monetária	no	combate	à	inflação.		
A	questão	maior	é	que	a	maneira	como	a	teoria	aciona	os	mecanismos	de	política	
monetária.	
1. Define-se	uma	determinada	meta	de	inflação	e	confere-se	periodicamente	as	
expectativas	do	mercado	em	relação	a	ela.	
2. Se	as	expectativas	estiveram	acima	da	meta,	aumenta-se	a	taxa	básica	de	juros;	se	
estiver	abaixo,	diminui-se.	
3. Com	isso,	teoricamente		visa-se	reduzir	a	demanda	e,	por	via	dessa	redução,	as	
pressões	inflacionárias.	
Nas	economias	avançadas,	os	efeitos	sobre	a	inflação	manifestam-se	através	dos	
seguintes	canais:	
1. Como	os	spreads	bancários	são	bem	menores	que	no	Brasil,	um	aumento	da	taxa	
básica	reflete-se	rapidamente	sobre	o	custo	do	crédito	na	ponta.	Assim,	não	são	
necessários	grandes	e	custosos	saltos	para	atuar	sobre	o	crédito.	
2. Como	a	maioria	dos	investimentos	é	pré-fixado,	cada	aumento	dos	juros	reduz	o	
valor	presente	dos	títulos	públicos,	criando	o	chamado	efeito-pobreza.	O	americano	
sente	que	seu	patrimônio	reduziu	-	nos	fundos	ou	nas	ações	-	e	tratará	de	moderar	
gastos.	
3. Como	existem	canais	monetários	azeitados,	o	aumento	da	taxa	básica	interfere	nas	
taxas	de	longo	prazo,	afetando	os	investimentos.	Articulados,	todos	esses	
mecanismos	promovem	uma	redução	da	demanda	sem	exigir	grandes	elevações	
nas	taxas	básicas.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 8	
4. Como	são	países	de	economia	aberta	e	moedas	conversíveis,	há	pouca	influência	
sobre	a	taxa	de	câmbio.	
No	Brasil	não	está	presente	nenhuma	dessas	características.		
Com	spreads	muito	elevados,	um	aumento	da	Selic	não	impacta	o	valor	final	da	
prestação	do	crediário	ou	mesmo	no	capital	de	giro	de	empresas	pequenas	e	médias.	
Com	os	títulos	pós-fixados,	em	vez	do	efeito-pobreza,	o	aumento	da	Selic	provoca	o	
efeito-riqueza:	deixa	o	investidor	com	a	sensação	de	estar	mais	rico	e,	portanto,	mais	
propenso	a	gastar.	
Não	existe	um	mercado	privado	de	financiamento	de	longo	prazo.	Os	investimentos	são	
financiados	por	linhas	de	crédito	do	BNDES	amarrados	à	TJLP,	sem	influência	alguma	da	
Selic.	
Além	disso,	a	política	de	metas	inflacionárias	é	acionada	indistintamente,	tratando	
todos	os	aumentos	de	preços	como	se	fosse	pressão	de	demanda.	Estudos	recentes	
comprovam	que	os	dois	principais	fatores	realimentadores	da	inflação	são	os	preços	
administrados	-	que	carregam	a	inflação	passada	-	e	o	efeito-expectativas.	
O	desmonte	da	política	econômica	
Em	todo	esse	período,	o	combate	à	inflação	baseou-se	exclusivamente	na	relação	"juros	
altos	e	câmbio	baixo",	desmontando	todos	os	demais	instrumentos	de	política	
econômica.	
1. Provocou	apreciação	do	real,	reduzindo	o	impacto	dos	chamados	preços	
internacionalizados	mas,	com	isso,	anulando	o	uso	da	política	cambial	em	projetos	
de	desenvolvimento.	
2. Aumentando	os	juros,	Impactou	o	orçamento	público,	a	dívida	pública,	reduzindo	o	
espaço	de	manobra	fiscal.	
3. Ao	impor	contingenciamentos	orçamentários	-	para	fazer	frente	ao	aumento	de	
gastos	com	juros	-		arrebentou	com	a	programação	de	investimentos	do	país	e	com	
os	gastos	sociais.	
4. Anulou	o	remanejamento	da	poupança	interna	para	o	mercado	de	renda	variável,	a	
partir	do	qual	poderia	financiar	a	infraestrutura	e	as	empresas.	
5. Estabeleceram	um	elevado	custo	de	oportunidade	para	o	capital,	ampliando	sua	
margem	de	lucros	e,	também,	os	parâmetros	de	retorno	dos	novos	investimentos.	
6. Concentrou	a	distribuição	funcional	da	renda.	
7. Não	afetou	o	custo	do	crédito,	mas	influiu	nas	taxas	longas	de	juros	-	que	servem	de	
base	para	os	investimentos	-	além	de	ter	ampliado	o	custo	fiscal	dos	aporte	do	
Tesouro	no	BNDES.	
8. Ao	acelerar	o	crescimento,	mantendo	o	câmbio	apreciado,	levou	a	uma	explosão	de	
importações	e	à	fragilização	das	contas	externas.	
Propostas	
Uma	nova	política	monetária	exigirá	do	próximo	governo	uma	discussão	ampla	para	
substituir	os	mecanismos	do	sistema	de	metas	inflacionárias.	
As	alternativas	propostas	-	aumento	do	superávit	fiscal	ou	o	uso	de	medidas	prudenciais	
no	crédito	-	não	entram	na	raiz	da	questão.	São	medidas	para	tratar	de	inflação	de	
demanda.	E	os	dados	indicam	que,	nesses	anos	todos,	o	país	sofreu	impacto	de	inflação	
de	custos	-	devido	a	choques	externos	de	commodities	-	e	inflação	inercial	-	devido	ao	
peso	dos	preços	administrados	nos	dados	finais	de	inflação.	
A	política	macroeconômica	precisará	mudar	o	foco:
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 9	
1.	É	inevitável	uma	desvalorização	cambial	gradativa	e	uma	correção	dos	preços	
administrados.	
2.	Para	amenizar	os	efeitos	sobre	a	inflação,	serão	necessárias	medidas	de	desindexação	
dos	preços	monitorados	e	taxação	das	exportações	de	alguns	produtos	básicos.	
3.	Com	menos	juros	haverá	menos	pressão	sobre	o	orçamento,	permitindo	uma	política	
fiscal	ativa,	para	amenizar	os	efeitos	da	desvalorização	cambial	sobre	o	mercado	interno	
e	sobre	o	nível	dos	salários.	
4.	Uma	desvalorização	do	câmbio	poderá	induzir	a	movimentos	especulativos	do	
mercado,	em	direção	a	uma	nova	valorização.	Mas	com	baixo	diferencial	de	juros,	será	
possível	o	Banco	Central	administrar	as	reservas	sem	grandes	impactos	fiscais.	Medidas	
preventivas	de	controle	de	capitais	de	curto	prazo	ajudaria	na	estabilização	rápida	do	
câmbio.	
Política	Fiscal	
Previdência	Social	
Diagnóstico	
Em 2003 foi feita a reforma da Previdência do setor público, englobando todos os
funcionários contratados dali em diante, que equaciona o problema.
Persiste o problema dos regimes de Previdência dos Estados e Municípios.
Nos últimos 5, 6 anos, o déficit da Previdência oscilou em torno de R$ 45 bi a 50 bi. Não
mudou de patamar, porque o processo de formalização do mercado de trabalho e do
incremento da massa salarial tem garantido uma arrecadação melhor. Portanto, não há
nenhuma emergência à vista. O desafio é no longo prazo.
A curva demográfica está se projetando cada vez mais complicada, crescendo fortemente o
pessoal da terceira idade, agora também da quarta e da quinta. Portanto, não dá para
manter o mesmo modelo para os próximos trinta anos.
Propostas	
As mudanças precisam obedecer a algumas regras claras:
1. Qualquer alteração deve ser apenas para quem está entrando no
mercado. E toda mudança terá que ser bem explicada e negociada.
Há uma lógica por trás disso. Daqui a trinta anos, a expectativa de vida média de quem entra
na Previdência passará dos 90 anos. O cidadão trabalha, entra no mercado com 20 e poucos
anos, trabalha 35, aposenta-se com 60 e a expectativa de vida vai até os 90. Há que se
começar a estudar mexer no tempo de contribuição e na idade mínima de aposentadoria.
2. A questão das pensões.
Em todo mundo, os critérios de concessão de pensão são de 60 a 80% do salário do
contribuinte, já que o remanescente vai gastar menos que os dois. É uma politica
compensatória, não é de investimento.
A Previdência brasileira passou a pagar 100% de pensão em um período em que o salário
mínimo era irrisório. Em vez de melhorar o SM partiu-se para políticas compensatórias,
inclusive permitindo o acúmulo de pensões.
3. Os ajustes de gestão no auxílio doença.
No início do governo Lula, houve uma explosão no auxílio doença. Houve uma forte atuação
de gestão que reduziu o ritmo de concessão.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 10	
Foi feito um trabalho forte com os médicos peritos, com a mudança do modelo de pericia
medica, simplificando procedimentos e permitindo maior controle. Nos últimos tempos
voltou a crescer. O que demonstra a necessidade de controle permanente dos principais
itens de despesa.
4. O abono salarial.
Na década de 70, para contornar o achatamento do salário mínimo, foi criado o PIS e o
abono, que equivalia a dois salários mínimos – na época, valendo pouco mais de 50 dólares.
Hoje o SM beira os 300 dólares. Dois SMs equivalem a R$ 1.500,00. Tem espaço para se
negociar com as centrais.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 11	
Gestão	Pública	
Políticas	públicas	no	federalismo	
Um	dos	grandes	desafios	brasileiros	contemporâneos	é	o	do	federalismo.	
A	Constituição	de	1988	definiu	os	limites	da	autonomia	de	cada	ente	federativo.	Mas,	
ao	mesmo	tempo,	incumbiu	a	União	de	trabalhar	as	grandes	questões	nacionais,	dentre	
os	quais	os	desequilíbrios	regional	e	social.	
A	União	detém	os	recursos;	Estados	e	Municípios	o	contato	com	a	ponta.	A	União	
fornece	os	recursos;	os	Estados	e	Municípios,	os	gastos.	
Os	recursos	chegam	de	forma	constitucional	–	através	dos	Fundos	de	Participação	–	ou	
discricionária	–	de	acordo	com	programas	federais.	
O	grande	desafio	é	como	dar	efetividade	aos	recursos	federais,	isto	é,	criar	um	conjunto	
de	regras	e	controles	que	garantam	a	boa	aplicação	dos	recursos.	
Há	duas	maneiras	de	disciplinar	a	aplicação	dos	recursos.		
Uma,	através	das	condicionalidades	de	cada	programa;	outra,	através	de	leis	que	têm	
que	ser	seguidas	pelos	municípios.	
O	país	está	em	um	processo	recente	de	aprendizado	de	políticas	públicas	federativas,	
mas	já	existem	condições	e	conhecimento	para	avanços	nas	formas	de	fazer	políticas	
públicas.		
Alguns	dos	problemas	que	impedem	a	eficácia	desses	programas	de	transferência:	
1. O	enfoque	sistêmico		
Exemplos:	Minha	Casa	Minha	Vida	provendo	o	financiamento,	mas	não	trabalhando	a	
questão	da	especulação	imobiliária	urbana.	Ou	dos	incentivos	à	indústria	
automobilística	ignorando	os	problemas	de	mobilidade	urbana.	
2. A	visão	regional.	
Hoje	em	dia	há	um	planejamento	territorial,	identificando	fluxos	de	pessoas,	de	
contatos,	de	relação	econômica	comprovando	ainda	um	centralismo	não	diluído.	A	
maioria	dos	contatos	das	grandes	capitais	é	com	metrópoles	do	sudeste.	As	obras	
públicas	necessitam	de	uma	dimensão	regional.	
3. As	externalidades	positivas	em	cada	programa.	
Exemplos:	concessão	rodoviária	em	exigência	de	implantação	e	fibras	óticas;	incentivo	à	
indústria	automobilística	sem	contrapartida	de	inovação,	emprego	ou	exportação.	
4. Um	sistema	de	linhas	básicas	comuns	permitindo	a	intersetorialidade	dos	programas.	
Há	um	conjunto	de	valores	que	precisam	ser	obedecidos	por	todos	os	programas:	a	
questão	do	equilíbrio	territorial,	inclusão	social,	inovação,	competitividade	etc.	
5. O	apoio	aos	municípios	para	implementar	os	programas.	
Exemplos:	verbas	de	saneamento	ou	de	mobilidade	urbana,	sem	que	os	municípios	
tenham	condições	de	montar	projetos	adequados.	
6. O	voluntarismo	e	a	falta	de	regras	para	os	projetos
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 12	
Na	Copa,	os	investimentos	em	mobilidade	ficaram	fora	até	das	exigências	legais,	de	
enquadramento	das	obras	no	plano	diretor	dos	municípios.	
Um	modelo	eficaz	de	planejamento	federal	precisa	conter	o	seguinte	processo:	
Etapa	1	–	preparação	do	plano	
1. O	Estado	(entendida	a	União),	como	planejador	e	articulador	dos	vários	atores	
envolvidos	na	questão.	
2. a	montagem	do	plano	de	ação,	com	duas	preocupações	centrais:	
a. Consulta	prévia	ao	maior	número	de	atores	envolvidos	com	o	tema,	para	se	
ter	uma	visão	distribuída	e	multissetorial,	de	ministérios	a	associações	e	
organizações	sociais,	estados	e	municípios.	
b. Subordinação	de	todos	os	programas	de	governo	a	um	conjunto	de	linhas-
chave	que	embutam	os	temas	centrais	do	programa	de	governo.	No	caso,	
as	subdivisões	de	Inclusão,	Inovação,	Regionalização	e	Competitividade.	
Etapa	2	–	o	planejamento	das	ações.	
1. Definidos	os	princípios,	monta-se	o	plano	de	ação,	com	atribuições	claras	a	cada	
ator,	definição	de	indicadores	de	acompanhamento	e	coordenação	do	Ministério	
ao	qual	o	tema	está	afeito.	
2. Caberá	à	Casa	Civil	o	monitoramento	do	plano,	em	nome	da	Presidência	da	
República.	
Etapa	3	–	chegando	na	ponta	
Há	duas	maneiras	de	obrigar	os	municípios	a	obedeceram	aos	princípios	básicos	dos	
planos:	
1. Leis:	hoje	em	dia	cada	município	precisa	ter	um	Plano	Diretor.	Mas	poucos	
colocam	em	prática.	Nas	obras	da	Copa,	o	governo	federal	eximiu	os	municípios	
de	enquadrarem	as	obras	no	Plano	Diretor.	Ora,	a	maneira	de	chegar	na	ponta	é	
através	de	Leis	claras	e	de	uma	parceria	constante	com	o	Ministério	Público,	para	
exigir	o	cumprimento	da	lei.	
2. Programas:	outro	caminho	é	através	das	condicionalidades	dos	programas.	Nesse	
caso,	a	parceria	fiscalizadora	será	da	CGU	(Controladoria	Geral	da	União)	e	dos	
Tribunais	de	Contas.	
Etapa	4	-	O	pacto	federativo	
Em	muitos	casos,	municípios	não	tem	condições	básicas	de	montar	um	projeto	e	
atender	às	exigências	da	União.	Por	outro	lado,	muitos	das	decisões	de	liberação	de	
verbas	são	tomadas	de	forma	unilateral	pela	presidência.	
Há	um	conjunto	de	medidas	para	institucionalizar	a	aplicação	das	verbas	discricionárias:	
1. Inclusão	dessas	verbas	no	orçamento	federal,	com	previsão	de	necessidades	de	
cada	município,	plano	de	ação	para	resolver	os	problemas	e	os	recursos	
correspondentes.	
2. Criação	de	agências	federais	e	instituições	espelho	em	cada	estado	que	permitam	
levar	as	recomendações	federais	à	ponta,	deixando	espaço	para	cada	município	
trabalhar	suas	especificidades.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 13	
	
	
Racionalização	da	máquina	pública	
Diagnóstico	
Historicamente, quando se tem uma determinada necessidade de uma politica publica
qualquer, cria-se um grupo ligado ao principal dirigente, ao governador ou à presidência da
República. Foi assim com a Secretária de Planejamento que, ainda no regime militar, virou o
Ministério do Planejamento. Foi assim com o Ministério das Cidades.
O Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão tornou-se um ministério muito pesado.
Ele cuida desde definir o orçamento ou o PPA (Plano Plurianual) até a questão dos terrenos
da União, além da folha de pagamento e da gestão.
Hoje em dia, com um modelo novos de gestão e as técnicas de informáticas, há condições
de descentralizar as ações. É hora de se repensar um novo desenho de Ministério.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 14	
O problema não é o aumento de custos, quase irrisório perto do orçamento público, mas uma
questão de racionalização.
Propostas	
1. Desburocratização com uso de tecnologia
É necessário olhar as grandes estruturas de prestação de serviço do Estado, e avaliar se
estão eficiente ou não. Å tecnologia mudou ao longo dos últimos anos e utilizá-la para
racionalizar os serviços. No passado, a Carteira de Trabalho era o documento para provar
que o cidadão não era vagabundo. Hoje em dia. Não tem sentido levar um papel para um
departamento, assinar, escrever, carimbar e depois digitar de novo todas as informações no
sistema. Substitui-se toda essa parafernália por um cartão do trabalhador. O mesmo com
registro de imóveis, junta comercial.
Há uma pauta premente de desburocratização, no redesenho dos ministérios, dos processos
internos, valendo-se da digitalização.
2. Redesenho dos processos públicos.
Em todos os campos da máquina pública há processos sobrepostos, exigências duplicadas,
retrabalhos. Não se pode implantar novos sistemas informatizados sem, antes, promover
uma racionalização nos processos internos.
Orçamento	
Diagnóstico	
O modelo orçamentário brasileiro se esgotou. Há a necessidade de repensar de novo todo o
aparato de orçamento.
O orçamento de 2014 é de R$ 900 bilhões, dos quais o discricionário não chega a R$ 250
bilhões.
Aprova-se o orçamento. Começa o ano, há um contingenciamento. Depois de algum tempo,
descontigencia-se parte dele. Nesse modelo, o gestor padece de absoluta insegurança, que
acaba gerando um custo apreciável.
Trata-se o “restos a pagar” como um problema. O verdadeiro problema são os “restos a
fazer”. Termina o ano, aplica-se o conceito de economia orçamentária e zera-se o
orçamento, comprometendo todos os programas de prazo maior que um ano.
Essa prática atende exclusivamente o interesse do tesoureiro, por simplificar seus controles.
Mas arrebenta com qualquer noção de planejamento. Em alguns casos, interrompe projetos
em andamento. Em outros, leva os gestores a correr para gastar o resto de orçamento em
dezembro, para não ser penalizado no ano seguinte com redução da dotação.
Além disso, a maioria dos gestores trabalha com a noção de verbas, não se custos. E ele
tem que ter clareza sobre o custo de cada programa, inclusive para avaliar a relação custo-
benefício, definir prioridades etc.
O problema das despesas públicas não está no caráter político dessas escolhas e sim na
inexistência de momentos em que as escolhas do passado sejam permanente reavaliadas.
Como isso não ocorre, essas escolhas vão se acumulando, incorporando novas garantias
para seu atendimento, e ocupando um espaço cada vez maior no orçamento, contribuindo
para a rigidez da despesa e expulsando outros direitos do espaço orçamentário.
Propostas	
1. Negociação ICMS com FPM e royalties do petróleo
Possibilidade de as perdas de alguns estados, com a reforma do ICMS, para por cobro à
guerra fiscal, serem compensadas por ganhos decorrentes da adoção de novas regras para
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 15	
o rateio do FPM, bem como os decorrentes da revisão dos parâmetros da renegociação das
dividas estaduais.
Adicionalmente, os novos recursos originários do aumento do montante dos royalties do
petróleo, a serem repartidos entre os estados, poderiam contribuir para que investimentos na
infraestrutura e na qualificação da mão-de-obra repercutissem positivamente na capacidade
de os investimentos, que se beneficiaram dos incentivos fiscais, sobreviverem a uma perda
gradual dos benefícios da guerra fiscal. Compensações cruzadas limitariam a demanda de
recursos para compor os orçamentos estaduais, abrindo espaço para que o governo federal
pudesse reforçar suas ações no campo do desenvolvimento regional.
2- Reforma orçamentária junto com reforma tributária
Por reforma tributária entenda-se a discriminação constitucional de rendas na federação, a
repartição das competências tributárias e a revisão das regras que definem a partilha de
receitas e a repartição das transferências.
O objetivo dessas reformas é equiparar as responsabilidades a cargo de cada ente federado
com as respectivas capacidades financeiras para exercê-las a contento.
Seria um novo modelo de federalismo fiscal concorrendo para reduzir os desperdícios que
resultam do descompasso entre a localização das demandas, que responde ao perfil
socioeconômico da população que vive em cada estado e município, e o perfil dos
orçamentos dessas mesmas unidades da federação.
A construção de um novo modelo de federalismo fiscal, que envolve a reforma da tributação
e a revisão das transferências, reforça a contribuição da reforma orçamentária para a
eficiência do Estado. Em conjunto, todas concorrem para a competitividade da economia.
3. Orçamento e restos a pagar
Implementar regras para carregar a dotação orçamentária para o ano seguinte.
4. Sistema de custos
A montagem de um sistema de custos, além de ser uma obrigação legal, é o caminho para
recolocar a questão da gestão dentro do setor publico. Ao invés do gestor indagar se tem
dotação, ele passará a perguntar quanto custa a ação. Tendo noção de custo, poderá avaliar
melhor se determinada ação faz sentido ou não, se ele tem ou não tem dotação, se é para
agora ou para o ano seguinte.
É essencial uma mudança de cabeça do gestor. Mas, para tal, ele precisa dispor de um
sistema de informações que ajude no monitoramento de seus trabalhos.
Tem que se ampliar esse trabalho, estendendo para todo o setor público com o máximo de
granularidade. Trabalhar apenas com agregados de custo não ajuda o gestor.
O desafio do setor público é estender os centros de custos por grandes setores e chegar até
a ponta, permitindo ao gestor saber o custo de manutenção de um prédio, o custo dos
processos em andamento etc.
Esse modelo teve início em 2011 e tem avançado mais em alguns setores, como as Forças
Armadas e o Ministério da Educação.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 16	
Política	Horizontais
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 17	
Educação	
Diagnóstico	
Em 2009, a emenda constitucional 59 tornou obrigatória a matrícula escolar dos 4 aos 17
anos.
Com essa emenda, a educação infantil passa ser central. Até então, a educação infantil vai
dos 0 aos 5 anos e não tem objetivos de educar. Com a emenda muda o quadro, Haverá a
universalização da oferta trazendo a necessidade de mudar a formação do professor.
Os desafios do século 21 exigem repensar radicalmente a escola e os métodos pedagógicos.
Há a necessidade de introduzir novos padrões e novos conhecimento, como a neurociência
e as habilidades socioemocionais,
Na nova pedagogia, a criança inicia o dia com atividades físicas, que desenvolvem as
habilidades socioemocionais, ou não cognitivas, porque o esporte de alguma maneira
trabalha a organização, o trabalho em equipe, a cooperação. Em seguida tem as atividades
do conhecimento propriamente ditos, que pode ser uma aula tradicional, uma aula
laboratorial.
Depois, essa criança é alimentada e tem um período de sono, essencial para que o
conhecimento recebido seja devidamente incorporado ao seu cérebro.
Essa nova pedagogia exigirá nova formação de professores e nova grade curricular.
Propostas	
1. A nova formação do professor
O país precisaria ter centros de referencias de educação para formação do professor, que
podem ser dentro das universidades, em um formato interdisciplinar.
Vai requerer uma nova constituição curricular dos cursos de pedagogia, mais inrerdisciplinar
e com foco principalmente, na constituição e formação da criança e do jovem nas primeiras
etapas da vida.
Esse professor teria a formação tradicional dele, na pedagogia, e uma visão ampliada do
conhecimento, com especialistas de outras matérias.
2. Nova pedagogia
Um relatório do Departamento de Trabalho dos EUA mostrou que as 10 profissões que mais
entregaram em 2009 não existiam em 2004. E só se pode naturalmente uma maior
capacidade de resposta a essa dinamicidade do conhecimento, se você flexibilizar a
formação.
O campo das habilidades socioemocionais pode vir por uma gameficação (utilização dos
games).
O professor do novo século é o que vai mediar os processos de conhecimento. Esse
professor mediador ele tem que incorporar no, seu cotidiano, o game de uma forma
articulada com o conhecimento.
Quando integra as habilidades que a criança deve ter no momento da sua formação e coloca
games que promovem essas habilidades, existem ganhos comprovados no campo da
matemática, da língua portuguesa.
3. Currículo escolar
O	jovem	da	Bacia	Amazônica	é	diferente	do	jovem	do	litoral.	Isso	exige-se	que	tenha	um	
currículo	de	referencia	para	todo	mundo,	uma	base	comum.	E	uma	parte	diversificada	que	
responda	aos	anseios	locais,	regionais,	que	potencialize	a	cultura	local,	o	mundo	em	que
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 18	
aquele	jovem	está	inserido,	naquele	meio.		Para	que	possa	dar	sentido	aquilo	que	ele	tá	
aprendendo,	onde	ele	vive!		
O	ensino	técnico	
Ao lado do Bolsa Família, o Pronatec – de educação profissionalizante - talvez seja o melhor
exemplo de um plano bem concebido, bem acabado e com flexibilidade suficiente para
adequar-se às mais distintas situações.
Serviu para o treinamento de funcionários de turismo na Copa; tem servido para incluir
beneficiários do Bolsa Família e, na opinião de Rafael Lucchesi - diretor geral do Senai
(Serviço Nacional da Indústria), “é o melhor programa que já foi feito no país na área de
educação”.
A partir do segundo ano do ensino fundamental, o jovem pode fazer o curso
profissionalizante no contra-turno. Através do Pronatec, o governo federal paga R$ 8,00 a
hora/aula, tanto em cursos de qualificação técnica - de 200 a 440 horas - como em cursos
técnicos - de 800 a mil horas.
O curso poder ser ministrado em uma escola técnica federal, estadual, privada, do Senai ou
do Senac. Pesquisas da FGV e da PUC-Rio constataram que, entre pessoas com a mesma
escolaridade, a que fez curso profissionalizante terá em média 15% a mais de renda.
Tudo isso foi possível porque criou-se uma agenda de consenso. O MEC visava reduzir a
evasão escolar e preparar o jovem mais cedo. O Bolsa Família viu no programa uma das
portas de saída para as famílias beneficiadas. Para a indústria, a formação técnica é
essencial. “A pessoa vai aprender português e matemática aliado ao seu ofício. Se ele é
marceneiro, ele vai entender problemas e soluções na marcenaria. Se é um ferramenteiro,
na área de ferramentaria”, diz Lucchesi
Nos países mais ricos, cerca de 40% dos jovens fazem educação profissional complementar
à educação regular. No Brasil, são menos de 17% dos jovens entre 15 e 17 anos.
Este ano o Pronatec teve oito milhões de matrículas. Para o próximo ciclo serão 10 milhões.
O desafio agora será estender esse aprendizado para a população adulta. Hoje em dia é de
60% o percentual de adultos que abandonam o EJA (Educação de Jovens e Adultos) por ser
uma educação infantil para adultos.
E, aproveitar o modelo, para ampliar a formação técnica para os cursos superiores
Propostas	
1.	Mudar	a	formação	de	engenheiros	
No Brasil, pouco mais de 5 % dos graduados são graduados em engenharia. Um número
muito menor Alargar o sistema de engenharia é importante para melhor qualidade do ciclo de
expansão por conta da capacidade de inovação. No ano passado pela primeira vez a
matrícula dos cursos de engenharia subiu, superou o curso de direito.
Mas há a necessidade de aproximar os cursos de engenharia da realidade empresarial e
econômica. Hoje em dia, depois de formado e depois que entra em uma indústria, o
engenheiro leva em média um ano e meio para estar apto ao trabalho.
Há que se montar um currículo de engenharia que concentre o conhecimento básicos nos
dois primeiros anos, deixando para os anos seguintes a especialização.
2.	O	Inovação	Sem	Fronteira	para	a	indústria	
O timing de inovação das empresas é um timing mais curto. Então as empresas tem
dificuldades de participar de um programa mais longo. A proposta é um Ciência sem
Fronteira para as empresas enviarem ao exterior seus próprios alunos. A empresa bancaria
os custos, mas a Capes e o CNPq fariam a inteligência e a articulação com as instituições
mundo afora.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 19	
Inovação	
Um	dos	grandes	ativos	do	governo	Dilma	Rousseff	foi	ter	montado	programas	nacionais	
em	parceria	com	as	grandes	confederações	empresariais	-	da	Indústria,	Agricultura,	
Serviços	e	Transportes.	
Aproveitou	a	capilaridade	das	organizações,	seu	acesso	óbvio	ao	meio	empresarial	
representado.	Montado	no	âmbito	da	CNI	(Confederação	Nacional	da	Indústria),	por	
exemplo,	o	MEI	(Movimento	Empresarial	pela	Inovação)	tem	mobilizado	grandes	grupos	
para	levar	inovação	a	pequenas	e	micro	empresas,	por	exemplo.	
Diagnóstico	
O	conceito	de	sistema	tem	que	permear	todas	as	políticas	públicas.		A	definição	mais	
simples	de	sistema	é	"combinação	de	partes	que,	coordenadas,	concorrem	para	certo	
fim".	
Definido	um	objetivo,	a	montagem	do	sistema	consiste	em	identificar	todos	os	setores	
envolvidos,	a	contribuição	que	cada	um	pode	trazer	para	o	resultado	final	e	a	definição	
clara	das	atribuições	individuais	dentro	do	esforço	coletivo.	
No	caso	de	um	sistema	de	inovação,	seu	papel	principal	é	de	gerar	conhecimento	
interno.	Conhecimento	é	propriedade,	que,	mais	tarde,	pode	se	tornar	mercadoria.	O	
Brasil	paga	anualmente	US$	8	bilhões	em	compromissos	de	lucros,	dividendos	e	
pagamento	de	royalties	referentes	a	conhecimento.	E	a	construção	do	conhecimento	
depende	fundamentalmente	da	pesquisa	pura,	do	ensino	e	da	geração	de	
conhecimento.	
Em	cima	desses	princípios	foi	montado	um	sistema	nacional	de	inovação,	dividido	em	
três	subsistemas.	
Primeira	etapa	
		
O	primeiro	subsistema	foi	a	construção	de	um	ambiente	de	inovação	na	área	pública,		
infraestrutura	em	cima	da	qual	erguer	a	política:	
Na	esfera	federal,	a	tecnologia	está	no	âmbito	do	MCT	(Ministério	de	Ciências	e	
Tecnologia),	MDIC	(Ministério	do	Desenvolvimento	Indústria	e	Comércio	Exterior),	
Agricultura,	Saúde	e	Educação	e	grandes	cadeias	que	impulsionam	poder	de	compra	
e/ou	conhecimento.	Essas	duas	vertentes	-	compra	e	conhecimento	-	precisam	
caminhar	conjuntamente,	
A	busca	de	um	modelo	de	financiamento	que	avançasse	pelo	mercado	de	capitais,	
debêntures	ou	capital	de	risco	através	do	BNDESPAR	(BNDES	Participações)	para	
compra	de	ativos	intangíveis	de	tecnologia.	Hoje	em	dia	existem	recursos	para	
empresas	de	tecnologia,	mas	exigindo	garantias	reais	em	um	mercado	que	trabalha	
fundamentalmente	com	intangíveis.	
Esse	sistema	articula-se	com	as	agências	de	regulação.	Foi	criado	um	comitê	específico	
com	todas	elas,	mas	privilegiando	a	ANP	(Agência	Nacional	de	Petróleo),	Anatel	
(Agência	Nacional	de	Telecomunicações),	ANEEL	(Agência	Nacional	de	Energia	Elétrica),	
visando	estimular	as	pesquisas	em	seus	respetivos	setores	com	recursos	dos	fundos	
setoriais.	Com	a	ANEEL	caminhou	muito	bem;	com	a	Anatel,	não	se	saiu	do	lugar,	pelo	
fato	da	agência	ter	sido	apropriada	pelos	regulados.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 20	
Em	cima	dessa	estrutura,	caminhou-se	para	o	segundo	subsistema,	a	disseminação	do	
centros	de	pesquisa	em	âmbito	nacional.	
Para	isso	foram	essenciais	duas	ferramentas,	o	Reuni	(Recuperação	das	Universidades	
Públicas)	e	o	Prouni	(bolsas	das	universidades	privadas)	interiorizando	e	multiplicando	
os	campi	universitários.	
Segunda	etapa	
	A	segunda	ferramenta	foi	o	aparelhamento	desses	novos	campis,	através	de	
laboratórios	locais	e	laboratórios	multiusuários	regionais.	Ao	mesmo	tempo	foram	
criadas	algumas	superestruturas	laboratoriais	científicas	de	porte	nacional,	como	o	
Cicloton,	em	Campinas,	e	o	Reator	Multipropósito	na	área	de	fármacos	e	biotecnologia.	
Para	essa	etapa	juntaram-se	as	fontes	de	custeio	-	o	FNDCT	(Fundo	Nacional	de	
Desenvolvimento	Científico	e	Tecnológico),	o	Proinfa	(Programa	de	Incentivo	às	Fontes	
Alternativas	de	Energia	Elétrica)	-	para	financiar	os	laboratórios	multiusuários	regionais.	
Nessa	etapa,	entraram	também	as	articulações	com	o	sistema	de	Fundações	de	Amparo	
à	Pesquisa	e	com	as	Secretarias	de	Ciência	e	Tecnologia	estaduais.	Em	onze	estados	elas	
foram	criadas	por	leis	que	destinaram	percentuais	fixos	do	orçamento	para	inovação.		
Os	laboratórios	montados	cumprem	duas	funções	centrais:	capacitam-se	para	projetos	
de	maior	fôlego;	e	retêm	na	região	seus	pesquisadores.	Ao	mesmo	tempo	ampliam	a	
possibilidades	dos	campi	oferecerem	seu	produto	principal:	formação	de	mestres	e	
doutores.	
Terceira	etapa	
O	passo	seguinte	foi	desenhar	uma	empresa	que	ajudasse	a	bancar	os	lançamentos	de	
produtos	tecnológicos.	A	Finep	(Financiamento	de	Estudos	e	Projetos)	banca	as	
pesquisas	até	o	protótipo).	Depois,	está	impedida	de	atuar.	
Esse	papel	suplementar	passou	a	ser	desempenhado	pela	Embrapii	(Empresa	Brasileira	
de	Pesquisa	e	Inovação	Industrial),	ajudando	a	identificar	os	problemas	das	cadeias	
produtivas	horizontais.	
Para	cumprir	a	missão	de	disseminar	conhecimento,	a	Embrapii	passou	a	articular	uma	
extensa	rede	de	institutos	de	pesquisa	para	trabalhos	de	parceria	com	o	setor	
industrial.	A	missão	da	Embrappi	é	"apoiar	instituições	de	pesquisa	tecnológica,	em	
selecionadas	áreas	de	competência,	para	que	executem	projetos	de	desenvolvimento	
tecnológico	na	fase	pré	competitiva	do	processo	de	inovação,	em	cooperação	com	
empresas	do	setor	industrial.	Compartilhando	os	riscos	dos	projetos	com	as	empresas,	o	
objetivo	é	estimular	o	setor	industrial	a	inovar	mais	e	com	maior	intensidade	
tecnológica	para	potencializar	a	força	competitiva	das	empresas	tanto	no	mercado	
interno	como	no	mercado	internacional".	
As	verbas	para	os	institutos	de	pesquisa	foram	condicionadas	à	montagem	de	redes	de	
pesquisadores	nacionais	interligados	às	redes	internacionais.	
Durante	um	ano,	o	MCT	paga	a	montagem	da	rede	por	cada	Instituto.	Nos	anos	
seguintes,	eles	são	obrigados	a	mostrar	resultado,	trabalhando	em	pelo	menos	uma	
pesquisa	de	fôlego.	
No	4o	e	5o	ano	são	obrigados	a	ter	vinculação	com	empresas,	para	transformar	as	
pesquisas	em	produtos.	Só	na	área	de	saúde,	o	projeto	mobilizou	39	institutos;	no	total,	
122.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 21	
A	papel	da	Embrapii	foi	impulsionar	a	demanda.	Os	institutos	nacionais	tornaram-se	sua	
cadeia	privilegiada.		
As	Plataformas	do	Conhecimento	
		
Nos	últimos	tempos,	porém,	o	governo	acabou	fugindo	do	espírito	inicial	de	
descentralização	das	pesquisas	e	do	conhecimento.	
A	CNI	conseguiu	emplacar	o	conceito	de	Plataforma	do	Conhecimento.	
A	Plataforma	visa	identificar	problemas	específicos	na	indústria	e	alocar	verbas	para	
solucioná-lo.	Digamos	que	a	Petrobras	tenha	determinado	problema	na	área	de	
petróleo.	A	Plataforma	irá	contratar	um	centro	de	pesquisa	para	resolver	um	problema	
que	é	específico	da	Petrobras.	
O	modelo	Embrapii	expande	o	conhecimento	porque	atua	em	pesquisas	em	áreas	
amplas,	como	a	cadeia	de	aço,	do	plástico,	do	eletroeletrônico.	Já	a	Plataforma	
restringe	nos	players	maiores,	em	um	movimento	de	concentração	que	não	toma	como	
base	com	o	tamanho,	a	diversidade	do	país	e	a	necessidade	de	espalhar	conhecimento.	
Nos	Estados	Unidos	constatou-se	que	esse	modelo	de	plataformas	era	concentrador.	
Daí	a	razão	de	Obama	ter	lançado	um	superprojeto	de	inovação,	com	US$	70	bi	de	
recursos,	respondendo	a	uma	lógica	basicamente	desconcentradora:	
Infraestrutura,	para	destravar	o	processo	para	exportação	e	maior	facilidade	para	
circulação	de	mercadorias	e	impulsionar	mercado	interno.	
Educação	desde	primeira	infância,	e	expandir	o	modelo	até	a	pós-graduação	
desconcentrando	nos	EUA.	
Laboratórios,	pesquisa	básica		gerando	o	conhecimento.		
Seria	importante	para	o	país	recuperar	os	princípios	originais	do	sistema	e	evitar	
descontinuidade.	
Propostas	
1.	Os	Centros	de	P&D	das	Multinacionais	
A	partir	de	1980,	a	atração	de	centro	de	P&D	de	mutlinacionais	tornou-se	um	dos	
vetores	no	processo	de	difusão	tecnológica.	66%	desses	centros	se	encontram	for	a	dos	
países-sede,	um	décimo	em	emergentes	e	o	restante	na	China.	
O	Brasil	tem	duas	experiências	bem	sucedidas	de	atração	de	multinacionais	inovadoras:	
o	Parque	Tecnológico	da	UFRJ	(Universidade	Federal	do	Rio	de	Janeiro),	liderado	pela	
Petrobras,	e	o	complexo	aeronáutico	liderado	pela	Embraer.	
O	desafio	é	estender	a	experiência	para	outras	cadeias	produtivas.	
A	estratégia	passa	pelas	seguintes	etapas:	
1. Um	sistema	de	informações	adequado	do	governo	brasileiro	sobre	os	
movimentos	das	multinacionais	de	realocação	de	seus	centros	de	pesquisa.	
2. Induzir	as	empresas	que	tomam	empréstimos	públicos	a	investir	um	percentual	
para	inovação	de	produtos	e	processos	que	elevem	sua	produtividade	ou	
diminuam	os	impactos	no	meio	ambiente.	
3. Condicionar	a	utilização	da	Família	INOVA/FINEP	por	grandes	empresas	para	os	
recursos	sejam	utilizados	em	inovação	de	produtos	e	processos	bem	definidos,	
para	não	ser	apenas	uma	linha	de	crédito	de	menor	custo.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 22	
4. Montar	um	projeto	para	que	BNDES,	Finep,	BID	e	Banco	Mundial	financiem	
investimentos	em	tecnologia	de	produtos	e	processos	de	exploração	do	pré-sal	
para	fornecedores	da	Petrobras,	especialmente	PMEs.	
Os	setores	portadores	de	futuro	
A	Estratégia	Nacional	de	Ciência,	Tecnologia	e	Inovação	do	período	2012/2015	
identificou	os	seguintes	setores	portadores	de	futuro:	tecnologia	da	informação,	
nanotecnologia,	fármacos,	biotecnologias,	complexos	industriais	de	defesa,	
aeroespacial	e	energia.	
Um	sistema	nacional	de	inovação	precisa	articular	interesses	da	academia,	indústria,	
setor	financeiro	e	governo.	Passa	por	quatro	etapas:	
Primeira	etapa:	pesquisa	laboratorial	
Recomenda-se	uma	ação	urgente	do	MEC	e	dos	governos	estaduais	para	melhorar	no	
ensino	médio	os	aprendizados	de	matemática,	biologia,	química	e	física.	E	uma	ação	
entre	o	MCTI	e	o	MEC	para	a	capacitação	de	recursos	humanos	para	pesquisa	básica	
especialmente	em	engenharia	e	medicina.	E	a	continuação	do	aparelhamento	
laboratorial	das	universidades.	
Segunda	etapa:	start	ups	
Transformação	dos	ativos	intangíveis	em	novos	produtos	ou	engenharias	alternativas	de	
produção.	Os	atores	desse	processo	são	as	incubadoras	e	aceleradoras	de	empresas.	
Sugere-se	isenção	de	impostos	sobre	a	propriedade	de	imíveis	de	incubadoras	e	
aceleradoras;	tratamento	jurídico	e	fiscal	específico	para	as	start	ups,	para	aplicações	
em	fundos	de	venture	capital	e	pivate	equity.	
Terceira	etapa:	expansão	e	consolidação	dos	negócios	das	novas	empresas	
Ao	mesmo	tempo,	os	Projetos	de	inovação	que	demandam	volumes	significativos	de	
recursos	para	o	desenvolvimento	de	protótipos	(aeroespacial,	defesa,	
telecomunicações)	ou	de	testes	clínicos	(complexos	de	saúde	e	rota	biotecnológica	para	
fármacos)	e	cujos	riscos	sejam	elevados,	não	conseguem	despertar	um	apetite	
suficientemente	grande	do	mercado	de	capitais	em	termos	de	recursos.	Assim,	o	
financiamento	e	risco	desses	projetos	têm	que	ser	em	boa	medida	absorvidos	pelo	
BNDES	e	a	FINEP	ou	por	empréstimos	tomados	pelo	MCTI	junto	ao	BID	e	BIRD.	
Tratamento	diferenciado	para	as	empresas	emergentes	terem	acesso	aos	mecanismos	
de	crédito	e	do	Mercado	de	capitais.	
Propostas	
Nesta	última	década,	houve	grandes	avanços	nos	programas	de	incentivo	e	
financiamento	a	PD&I.	Entretanto,	essas	iniciativas	não	se	constituíram	até	hoje	em	
sistema	nacional	de	inovação.	Apresentam-se	a	seguir	algumas	evidências	e	
recomendações.	
1. A	Lei	nº	11.196	estabelece	regimes	especiais	de	tributação	para	a	promoção	da	
competitividade	industrial	e	para	a	contratação	subsidiada	de	pesquisadores	e	
de	serviços	de	P&D	de	universidades	e	de	centros	de	pesquisa	por	empresas	
que	busquem	inovar	e	não	tenham	meios	para	fazê-lo	com	seus	recursos	
humanos.	Indicações	gerais	e	qualitativas	apontam	uso	irrelevante	dessa	lei	por	
nossos	empresários.	Caberia	investigar	suas	causas.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 23	
2. O	Programa	Brasil	Maior	procurou	reunir	um	conjunto	de	instrumentos	
financeiros	e	não	financeiros	para	a	inovação	em	setores	prioritários	de	grande	
potencial.	Entretanto,	ouvindo	possíveis	tomadores,	percebe-se	a	necessidade	
de	redefinições	marginais	para	que	essas	facilidades	possam	contribuir	para	o	
alcance	das	metas	dessa	política.	Somente	o	tratamento	integrado	e	
coordenado	dos	desafios	inovativos	de	cada	cadeia	industrial	cria	as	demandas	
corretas	por	investimento	e	constrói	as	engenharias	financeiras	para	viabilizá-
las.	Sem	esse	enfoque,	não	se	pode	dizer,	a	priori,	que	haja	insuficiência	ou	
suficiência	de	fundos	públicos	e	privados	para	os	projetos	de	PD&I.
		
Um	Sistema	de	Financiamento	à	Inovação	como	parte	de	um	Sistema	Nacional	de	
Inovação	
Necessidade	de	se	repensar	os	mecanismos	públicos	de	direcionamento	dos	
financiamentos	à	inovação	de	uma	forma	mais	sistêmica	em	consonância	com	as	
conformações	de	um	sistema	nacional	de	inovação	que	se	pretenda	efetivo.		
Os	instrumentos	existentes	não	foram	criados	tendo	por	base	uma	concepção	dessa	
natureza.	Foram	em	sua	maioria,	iniciativas	isoladas,	que	buscavam	responder	a	
necessidades	imediatas.	
A	experiência	acumulada	ao	longo	da	última	década	já	permite	que	sejam	repensados	
com	uma	visão	de	mais	longo	prazo.	O	foco	deveria	ser	o	aumento	de	sua	eficácia	em	
termos	de	uma	atuação	integrada,	a	partir	da	ampliação	de	escopo	dos	instrumentos	e	
de	seu	rebalanceamento,	definindo	um	mix	mais	apropriado	a	cada	circunstância.			
Planejamento	da	Próxima	Etapa	e	Sugestões	de	Temas	de	Pesquisa	
Não	há	ainda	base	de	conhecimento	suficiente	para	se	avançar	de	forma	imediata	na	
formulação	de	propostas	que	envolvam	mudanças	mais	profundas	nos	mecanismo	de	
promoção	e	financiamento	à	inovação.	Desse	ponto	de	vista,	a	próxima	etapa	da	
pesquisa	deveria	se	concentrar	no	aprofundamento	da	investigação,	focando	aspectos	
que	foram	levantados	nesse	relatório.	Apresenta-se,	a	seguir,	um	rol	de	sugestões	de	
temas	de	pesquisa,	cuja	implementação	dependerá	de	uma	avaliação	prévia	das	
prioridades	do	MCTI.	As	propostas	foram	reunidas	em	três	grandes	grupos,	tendo	em	
vista	a	afinidade	das	temáticas:	financeiras;	fiscais	e	institucionais.	
Propostas	na	Área	Financeira	
• Revisão	da	Lei	nº	12.431	para	Projetos	de	PD&I	-	A	revisão	deveria	analisar	a	
evolução	recente	das	operações	de	crédito	lançadas	ao	abrigo	da	Lei	de	forma	a	
identificar	propostas	de	correção	da	legislação	ou	de	sua	regulamentação	
tornando-a	instrumento	efetivo	de	mobilização	de	recursos	privados	para	PD&I.	
• 	Mecanismos	de	garantias	-	A	revisão	deveria	focar	a	experiência	de	garantias	
públicas	no	Brasil	de	forma	a	identificar	o	fracasso	desses	instrumentos	como	
mecanismo	de	direcionamento	de	crédito.	Deveria	ainda	avaliar	as	experiências	
existentes	em	países	desenvolvidos	e	nos	BRIC	nessa	área	e	propor	as	medidas	
que	fossem	necessárias	para	a	criação	de	um	mecanismo	de	garantias	públicas	
para	PD&I		
• Mecanismos	de	equalização	de	taxas	de	juros	-	A	revisão	deveria	focar	a	
experiência	de	equalização	de	juros	no	Brasil	e	no	exterior.	Deveria	ainda	a
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 24	
propor	as	medidas	que	fossem	necessárias	para	a	criação	dessa	modalidade	de	
mecanismo	indireto	para	PD&I		
Recomendações	de	Aprimoramento	na	Área	Fiscal	e	Regulatória	
• Benefício	Fiscal	para	Investidores	“Anjos”	-	Concessão	de	estímulo	fiscal	para	os	
investimentos	em	projetos	inovadores	que	estejam	em	sua	fase	inicial,	limitado	a	
um	valor	fixo.	Tal	benefício	poderia	ser	semelhante	àquele	existente	para	as	
pessoas	físicas	que	alienam	ações	até	o	montante	de	R$	20	mil	por	mês	ou	
equivalente	às	vantagens	do	detentor	de	um	imóvel	único	que	vende	seu	bem	e	
compra	outro	com	os	recursos	da	venda.	Em	ambos	os	casos,	o	ganho	de	capital	
é	isento	de	Imposto	de	Renda.	
• Revisão	e	simplificação	das	regras	de	tributação	dos	Fundos	de	private	equity	e	
de	seed	Money	-	A	revisão	deveria	rever	a	tributação	dos	Fundos	de	private	
equity	e	de	seed	money	de	forma	a	identificar	possíveis	aprimoramentos.	
Atualmente	essas	carteiras	são	tributadas	com	a	alíquota	de	15%,	sobre	a	
diferença	positiva	entre	o	valor	de	resgate	e	de	aquisição	das	quotas	e	sobre	os	
ganhos	auferidos	na	alienação	ou	amortização	das	quotas.	
• Atualização	da	Instrução	Normativa	nº	202,	da	CVM	–	A	Instrução	Normativa	nº	
202	da	CVM	regulamenta	a	constituição	dos	Fundos	de	Investimento	em	
Empresas	Emergentes.	Esta	norma	data	de	março	de	1994	e	sofreu	apenas	uma	
atualização	relevante	em	2002.	Com	isso,	segundo	os	entrevistados,	teria	“caído	
em	desuso”.	O	objetivo	da	revisão	seria	propor	sua	atualização.	
Propostas	na	Área	Institucional		
• Revisão	da	legislação	para	licitações	na	área	P&D-	A	Lei	nº	8.666	estabelece	
princípios	gerais	para	licitação	pública	de	bens	e	serviços	convencionais.	Dada	a	
especificidade	da	contratação	de	pesquisas	e	de	desenvolvimento	tecnológico	de	
produtos	e	processos	(intangíveis),	A	revisão	deveria	avaliar	vantagens	e	
desvantagens	e	propor	uma	alteração	da	legislação	que	permita	uma	maior	
flexibilidade	das	instituições	públicas	no	direcionamento	das	atividades	de	PD&I.	
• Melhoria	da	Qualidade	da	Informação	sobre	PD&I	-	A	revisão	deveria	analisar	os	
métodos	contábeis	utilizados	no	Brasil	e	em	países	relevantes	de	forma	a	
embasar	uma	proposta	para	melhorar	o	detalhamento	das	informações	sobre	
gastos	de	P&D	dos	Relatórios	de	Administração	das	empresas	abertas,	a	partir	de	
uma	conceituação	precisa	de	inovação	para	fins	contábeis,	financeiros	e	fiscais.	
• Banco	de	Dados	sobre	os	Projetos	de	Inovação	-	A	revisão	deveria	ser	um	pré-
projeto	para	embasar	a	montagem	de	um	banco	de	dados	de	projetos	de	
inovação	identificando,	para	cada	uma	de	suas	diferentes	etapas	de	execução,	os	
PI	existentes	nas	universidades,	centros,	institutos	e	fundações	de	pesquisa	e	
empresas.	Agregaria,	também,	informações	detalhadas	sobre	as	demandas	
prioritárias	dos	Ministérios	da	Saúde,	Defesa,	Comunicações,	Minas	e	Energia	
entre	outros,	por	pesquisas	básica	e	aplicada	para	novos	produtos	ou	processos	
de	testes.	Esse	Banco	forneceria,	assim,	o	“mapa	da	inovação”	para	que	o	
governo	priorizasse	e	definisse	suas	encomendas	de	P&D	e	os	investidores	
privados	pudessem	também	orientar	suas	decisões	de	investimento.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 25	
• 	Agenda	de	fundamentos	microeconômicos	da	produtividade	e	competitividade	
sistêmica	-	A	revisão	deveria	abranger	os	fundamentos	microeconômicos	da	
produtividade	e	competitividade	sistêmica,	tendo	em	vista	a	realidade	brasileira.	
Seu	propósito	final	seria	apontar	propostas	de	política	econômica	que	tornassem	
o	ambiente	de	negócios	um	estímulo	-	e	não	mais	um	entrave	-	para	o	
investimento	tecnológico.	Essa	agenda	envolveria	tópicos	tais	como:	consistência	
das	políticas	de	promoção	e	atração	de	investimentos;	políticas	e	práticas	de	
comércio	internacional;	legislação	de	propriedade	intelectual;	política	e	
legislação	de	patentes;	política	de	compras	públicas;	e	aspectos	tributários,	
jurídicos	e	burocráticos	para	iniciar	e	finalizar	negócios	no	Brasil.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 26	
Logística	
Diagnóstico	
Houve	atrasos	nas	concessões	públicas,	devido	a	problemas	de	concepção	do	modelo.	
Mas	foi	plantada	uma	base	relevante,	a	partir	da	qual	já	no	próximo	ano	os	
investimentos	em	logística	poderão	explodir.	
O	plantio	dos	dois	PACs	(Programa	de	Aceleração	do	Crescimento)	germinou,	reativou	
as	empreiteiras	nacionais,	retomou	o	planejamento	logístico,	criou	uma	base	(ainda	que	
tímida)	de	projetistas,	aplainou	alguns	(não	todos)	problemas	burocráticos,	permitiu	
uma	curva	de	aprendizado	e	agora	está	no	ponto	de	ganhar	escala.	
Há	dois	desafios	grandes	da	infraestrutura	brasileira.		
O	primeiro,	é	atender	o	déficit	do	setor;	o	segundo,	dar	conta	do	presente.	Atender	o	
déficit	exigirá	investimentos	da	ordem	de	R$	100	bilhões/ano	por	seis	ou	sete	anos.	
Depois	de	alcançada	a	velocidade	de	cruzeiro,	investimentos	de	cerca	de	R$	15	bi	ano.	
Essa	gigantesca	mudança	de	escala	implicará	mobilizar	os	seguintes	fatores:	
1. Planejamento	de	médio	e	longo	prazo.	
2. Projetos	e	recursos	humanos.	
3. Financiamento	
4. Empreiteiras	
5. Indústria	de	máquinas	
Desses	fatores,	um	é	crucial:	limites	na	capacidade	instalada	das	empreiteiras	nacionais;	
outro	é	contornável:	as	restrições	de	ordem	fiscal.	Há	que	se	montar	uma	sincronização	
fina	com	os	fundamentos	da	política	econômica	para	impedir	que	o	salto	nos	
investimentos	tenha	reflexos	inflacionários.	
Todos	os	demais	estão	disponíveis.	
O	Brasil	continua	a	ser	a	bola	da	vez	dos	investimentos	em	logística,	conforme	se	pode	
conferir	em	algumas	rodadas	de	negócio	em	Londres,	Nova	York	e	Cingapura.		
A	crise	internacional	legou	enorme	disponibilidade	de	capitais,	empreiteiras,	
empreendedorismo	e	até	de	engenheiros.		
Na	Espanha,	há	3	mil	engenheiros	disponíveis	na	empresa	de	planejamento	estatal;	em	
Portugal,	uma	visita	recente	do	Ministério	do	Planejamento	despertou	o	entusiasmo	de	
centenas	de	engenheiros.	
Apesar	das	restrições	dos	CREAs	(Conselho	Regional	de	Engenharia	e	Arquitetura),	há	
amplo	espaço	para	um	Mais	Engenheiros	–	sem	cubanos	no	meio.	
Propostas	
1.	Capitais	internacionais	–	mais	o	poder	de	fogo	do	BNDES	-	poderão	não	apenas	
financiar	as	obras	como	também	participar	do	capital	de	médias	empreiteiras	
brasileiras.	Hoje	em	dia	existem	10	grandes	empreiteiras	e	cerca	de	70	empreiteiras	
médias	atuando	no	país.	
2.	Um	bom	trabalho,	em	parceria	com	as	bolsas,	poderia	estimular	a	capitalização	
rápida	e	a	profissionalização	de	pelo	menos	20	empreiteiras	médias.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 27	
3.	Em	que	pesem	os	problemas	dos	últimos	anos,	subsiste	uma	indústria	de	máquinas	e	
equipamentos	relevante,	que	poderá	ser	amparada	com	financiamentos	para	ampliar	a	
oferta	de	máquinas	para	as	obras	de	infraestrutura.	
O	grande	desafio	será	definir	um	planejamento	adequado	–	o	que	está	sendo	feito	pela	
EPL.	E	criar	o	ambiente	de	previsibilidade	para	os	capitais	privados,	a	garantia	de	um	
cenário	de	médio	e	longo	prazo	que	os	estimule.	
As	rodadas	internacionais	de	negócios	poderiam	ser	mais	efetivas	se	com	a	consultoria	
de	grandes	players	internacionais.	
Portos	
Diagnóstico	
Atualmente	os	problemas	estão	localizados	nos	grãos,	pois	os	produtores	não	possuem	
silos	de	armazenagem	e	usam	os	transportes	pra	essa	função.	
É	necessário	dar	isonomia	no	modelo	público	e	privado,	aproveitar	a	renovação	dos	
contratos	de	arrendamentos	para	que	a	iniciativa	privada	invista	dentro	do	porto	para	
competir	com	o	novo	modelo	e	permitir	que	os	arrendatários	cuidem	dos	serviços	
condominiais.	
Falta	hoje	uma	instituição	competente,	experiente,	que	conheça	o	setor	e	que	pense	o	
conjunto.	A	área	de	pesquisa	e	desenvolvimento	está	hoje	concentrada	no	Ministério	
de	Ciência	e	Tecnologia,	que	tem	que	olhar	pra	muitas	outras	áreas.	
Propostas	
1.	É	preciso	descentralizar	os	portos	e	profissionalizar	as	administrações.	Governo	deve	
tratar	apenas	dos	acessos	e	criar	portos	autônomos,	que	geram	autofinanciamento.	
Dinheiro	público	só	deveria	entrar	de	maneira	complementar.		
2.		É	preciso	desburocratizar	os	processos	licitatórios	de	arrendamento	das	áreas	dos	
portos.	Hoje	há	muitos	intervenientes	que	deixam	a	licitação	engessada	
3.	O	planejamento	da	atividade	portuária	tem	que	ocorrer	na	esfera	central	do	governo,	
mas	decisões	operacionais	devem	ficar	a	cargo	de	companhias	docas	atreladas	à	
atividade	portuária.	
4.		É	preciso	informatizar	e	harmonizar	as	autoridades	envolvidas	na	atividade	
portuária.	
5.	Preservar	a	autonomia	de	gestão	e	de	licitação	dos	terminais	dos	portos	delegados	
aos	Estados.	
6.	Os	arrendamentos	funcionam	muito	bem,	mas	a	administração	tem	excesso	de	
funcionários,	falta	de	eficiência	e	falta	de	coordenação	entre	os	diretores.	
7.	É	importante	que	o	relator	possa	incorporar	a	permissão	para	que	os	arrendatários	
dos	portos	públicos	possam	criar	uma	sociedade	de	propósito	específico	para	assumir	
os	serviços	condominiais.	Não	o	trabalho	de	autoridade	portuária,	que	continua	com	o	
poder	público,	mas	para	cuidar	dos	serviços	do	dia	a	dia	(acesso,	dragagem,	etc).	
8.		É	preciso	melhorar	o	Fundo	Marinha	Mercante,	aprimorar	o	sistema	de	
financiamento	para	novas	tecnologias,	criar	mecanismos	de	financiamento	que	tenham	
níveis	adequados	de	proteção	e	alocar	recursos	de	maneira	eficiente.	
-	É	necessário	estudar	e	entender	porque	os	custos	da	indústria	nacional	ainda	está	
elevado	em	comparação	a	mercados	internacionais.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 28	
Ferrovias	
Diagnóstico	
O	regime	de	concessões	ferroviárias	implantado	no	governo	governo	Fernando	
Henrique	Cardoso	permitiu	aumentar	a	produtividade	e	a	produção	de	transporte.	Mas,	
sem	maiores	obrigações	contratuais,	as	operadores	reduziram		significativamente	os	
trechos	operados,	deteriorando	adicionalmente	o	nível	já	baixo	de	conectividade	de	
nossa	rede.		
Além	disso,	houve	a	superconcentração	do	tráfego	em	minério	e	grãos,	e	um	baixo	grau	
de	intermodalidade.	
O	novo	governo	levou	quase	doze	anos	para	tentar	corrigir	esses	vícios	de	origem.	E	
chegou	a	um	novo	modelo,	no	qual	os	trechos	ociosos	serão	de	livre	acesso	a	
operadores	ferroviários	independentes.		
Recorreu-se	a	uma	adaptação	do	modelo	alemão.	
Vinte	anos	atrás	o	sistema	ferroviário	alemão	estava	em	crise,	com	prejuízos	de	50	
bilhões	de	euros	por	ano.	Assim	como	no	Brasil,	o	governo	alemão	assumiu	as	dívidas	
das	companhias,	mas	optou	por	um	modelo	diferente.	Criou	uma	empresa	estatal,	de	
capital	aberto,	a	DB	(Deutsche	Bahn)	para	gerir	as	linhas	férreas.	E	deixou	para	o	setor	
privado	a	livre	utilização	das	linhas.	
O	novo	modelo	brasileiro	é	híbrido.	A	infraestrutura	continuará	por	conta	de	
concessionárias	privadas.		A	VALEC	(estatal)	adquirirá	o	tráfego	e	o	revenderá	para	
operadores	ferroviários	independentes,	garantindo	a	taxa	interna	de	retorno	das	
operadoras.		Nas	ferrovias	antigas,	a	VALEC	compraria	a	capacidade	ociosa.	
Os	OFIs	credenciados	pagarão	à	VALEC,	com	o	preço	definido	por	oferta	pública.	E		às	
concessionárias	a	"tarifa	de	fruição",	pelo		custo	do	desgaste	da	infraestrutura.		
A	proposta	visa	liberar	o	concessionário	do	risco	de	mercado.	
O	concessionário	seria	remunerado	por	dois	tipos	de	tarifa	ficando	sujeito	a	riscos	de	
mercado	e	a	riscos	governamentais.	
O	operador	também	estaria	sujeito	ao	duplo	pagamento.	
Para	tornar	o	contrato	mais	atrativo,	estão	previstas	para	as	concessionárias	“receitas	
de	operações	complementares”	e	“receitas	extraordinárias”.		
Planejamento	territorial	
Outro	problema	é	o	desequilíbrio	territorial.		
O	planejamento	dos	transportes	(PNLT)	trabalha	para	reduzir	gargalos	atuais	para	o	
fluxo	de	commodities.	E	deixa	de	lado	a	prioridade	de	construir	um	território	
equilibrado.	
Ocorre	que	esses	fluxos	resultam	de	processo	espontâneo	e	desigual	de	
territorialização.	Assim,	resolvendo	os	gargalos,	sem	entender	o	território	de	forma	
mais	equitativa,	reforçará	os	desequilíbrios	territorais.	
As	políticas	de	concessão	dividem	o	sistema	logístico	em	partes	lucrativas	e	não	
lucrativas.	O	trabalho	insiste	sobre	a	necessidade	de	uma	complementação	do	modelo	
regulatório	para	que	essa	visão	fragmentada	não	inviabilize	os	investimentos	
ferroviários	em	larga	escala	e	a	alteração	da	matriz	modal.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 29	
Propostas	
1.	Construção	de	uma	rede	completa	e	de	conectividade	razoável	na	maior	parte	do	
território	nacional,	aliado	a	um	planejamento	territorial	em	nível	nacional,	regional	e	
local.	
2.	Em	vez	do	fatiamento	e	da	fragmentação	das	políticas	e	dos	projetos,	há	de	se	
procurar	uma	maior	reconexão	dos	investimentos	em	infraestrutura	com	os	do	setor	
produtivo	e	com	outras	políticas	que	catalisem	o	crescimento	econômico	(educação	e	
capacitação,	apoio	ao	empreendedorismo,	infraestrutura	urbanas,	etc.),	nas	áreas	de	
influência	das	infraestruturas.		
Os	novos	empreendimentos	privados	e	de	parcerias	público-privadas	seriam	planejados	
em	uma	empresa	de	desenvolvimento	territorial,	uma	espécie	de	holding	comandando	
todo	o	processo.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 30	
Política	Industrial	
A	partir	de	2004	o	país	passou	a	reaprender	a	fazer	política	industrial.	Uma	falsa	ideia	
de	liberalismo	havia	deixado	para	segundo	plano	um	elemento	central	de	
desenvolvimento,	ao	qual	recorrem	todos	os	países,	dos	Estados	Unidos	à	China.	
A	primeira	experiência	foi	a	PITCE	(Política	Industrial,	Tecnológica	e	de	Comércio	
Exterior),	de	2004.		
Desinterditou	o	debate,	ensaiou	as	primeiras	ações	concatenadas	dentro	do	governo,	
levantou	as	novas	áreas	da	fronteira	tecnológica,	as	chamadas	áreas	portadoras	de	
futuro,	como	biotecnologia,	nanotecnologia,	energia	renovável.	Ajudou	a	dar	
consistência	à	ação	da	Finep	(Financiadora	de	Estudos	e	Pesquisas),	até	então	
mergulhada	em	um	conjunto	de	editais	soltos.			
O	PICTE	não	tinha	metas.	E	mostrou	a	necessidade	de	uma	organização	interna	do	setor	
público.	
Lançado	em	março	de	2008,	o	PDP	(Política	de	Desenvolvimento	Produtivo)	avançou	
nessa	direção	e	no	relacionamento	com	o	setor	produtivo.	
Inaugurou	uma	nova	formação	de	relação	público-privado,	com	a	criação	da	ABDI	
(Agência	Brasileira	de	Desenvolvimento	Industrial),	do	CNDI	(Conselho	Nacional	de	
Desenvolvimento	Industrial).	
O	CNDI	é	composto	por	12	representantes,	entre	empresários	de	alto	nível,	
representantes	sindicais	e	Ministros.	As	reuniões	eram	no	Palácio	do	Planalto	e	não	se	
aceitava	que	Ministros	enviassem	suplentes.	
Foi	responsável	por	alguns	programas	relevantes,	como	a	Lei	da	Inovação,	a	Lei	do	Bem,	
o	Prominp	(Programa	de	Mobilização	da	Indústria	Nacional	de	Petróleo	e	Gás	Natural),	
o	programa	de	Banda	Larga	entre	outros.		
As	metas	acabaram	atropeladas	pela	crise	mundial	daquele	ano.	Mas	as	ações	do	PDP	
ajudaram	a	minorar	seus	efeitos	sobre	a	economia.	
Lançado	em	2011,		após	a	crise,	o	PBM	(Plano	Brasil	Maior)	visou	preparar	o	país	para	o	
pós-crise.	Ampliou	a	visão	moderna	de	política	industrial,	combinando	políticas	setoriais	
e	medidas	sistêmicas	–	como	desoneração	da	folha,	isenção	de	IPI.	
O	amadurecimento	do	conceito	levou,	no	momento	seguinte,	ao	lançamento	do	Inova	
Empresas	e	das	Plataformas	de	Conhecimento.	
O	Plano	Inova	Empresa,	com	diversas	ramificações	setoriais,	tem	R$	33	bilhões	para	
financiamento	em	inovação.	
Trouxe	avanços,	como	definir	uma	única	porta	de	entrada	para	a	empresa	ter	acesso	
aos	recursos	e	ao	apoio.		
Na	outra	ponta,	passou	a	condicionar	incentivos	setoriais	a	contrapartidas	de	inovação.	
É	o	caso	do	Inovar	Auto.	Para	ter	direito	a	incentivos	fiscais,	a	indústria	automobilística	
precisa	cumprir	uma	série	de	requisitos	de	eficiência	energética	e	segurança	veicular	–	
inclusive	para	poder	competir	em	mercados	maduros	–	e	índices	de	conteúdo	local	
crescentes.	
Políticas	de	conteúdo	local	são	fundamentais	para	preservar	a	indústria	como	o	pólo	
dinâmico	da	economia	brasileira,	especialmente	quando	potencializam	a	capacidade	da
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 31	
atividade	industrial	de	comandar	serviços	de	alto	valor	adicionado	que,	sem	essa	
atividade	industrial	local,	não	teriam	como	prosperar	no	país.		
Por	isso,	a	política	de	conteúdo	local	deve	estar	direcionada	para	as	atividades	que	têm	
potencial	para	encadear	desenvolvimento	tecnológico.		
	Conteúdo	local	é	necessário	mas	não	suficiente	se	não	estiver	conjugado	a	
conteúdo	tecnológico	nacional.	E	é	exatamente	aí	que	a	especialização	vertical	
proporciona	muito	mais	espaço	do	que	as	formas	alternativas.	E	é	também	aí	que	a	
política	industrial,	ao	fazer	os	múltiplos	instrumentos	de	que	dispõe	convergirem	para	
esse	objetivo,	encontra	seu	espaço	mais	nobre	de	atuação.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 32	
Financiamento	
O	financiamento	de	longo	prazo	
Diagnóstico	
Nos	anos	80,	a	incerteza	inflacionária	no	Brasil	liquidou	com	o	crédito	de	longo	prazo,	
com	a	possibilidade	de	cálculo	de	horizonte	econômico.	Não	havia	confiança	no	crédito	
em	moeda	nacional,	por	conta	da	instabilidade	inflacionária,	e	do	crédito	em	dólares,	
devido	à	instabilidade	cambial.	
O	Plano	Real	surgiu	em	cima	de	uma	âncora	cambial	em	um	período	de	reservs	
cambiais	exíguas	e	formada	por	passivos	de	curto	prazo.	
A	saída	encontrada	foi	oferecer	taxas	de	juros	extremamente	elevadas	para	ancorar	o	
sistema.	Além	disso,	para	evitar	a	dolarização	o	Banco	Central	passou	a	oferecer	
instrumentos	de	proteção	e	indexação	dos	ativos	financeiros,	dentre	os	quais	papéis	
curtos	indexados	à	própria	taxa	de	juros.	
Na	estabilidade,	o	poupador	brasileiro	foi	viciado	em	ativos	de	alta	rentabilidade	e	total	
liquidez.	
O	Tesouro	Nacional	buscou	remover	os	títulos	indexados	à	própria	Selic,	mas	manteve	
as	demais	condições,	de	prazos	muito	curtos	e	de	taxas	de	juros	muito	elevadas.	
Com	isso,	o	Brasil	criou	uma	estrutura	de	termos	de	taxa	de	juro	muito	alta	e	
estruturalmente	perversa,	n	qual	o	juro	de	curto	prazo	é	estruturalmente	mais	alto	do	
que	o	juro	de	longo	prazo.	
Propostas	
O	grande	desafio	será	migrar	o	atual	sistema	de	financiamento	para	o	padrão	
paradigmático	dos	países	desenvolvidos,	com	linhas	que	garantam	o	longo	prazo	e	
abram	possibilidades	que	atendam	a	um	leque	amplo	de	necessidades,	próprio	de	uma	
economia	madura.	
No	quadro	atual	há	uma	dualidade,	com	o	BNDES	garantindo	o	financiamento	de	longo	
prazo	e	o	sistema	bancário	o	de	curto	prazo.		
Em	um	cenário	futuro,	caberá	ao	BNDES	ser	um	dos	articuladores	de	um	conjunto	de	
instrumentos	financeiros	complementares	às	suas	linhas	de	financiamento.	
O	quadro	que	se	desenha	é	o	seguinte:	
1.	Garantir	funding	adequado	ao	BNDES.	
O	BNDES	ficou	sobrecarregado	sem	dispor	de	funding	em	escala	adequada	para	o	
tamanho	do	mercado	brasileiro.	Seu	funding	é	uma	parcela	do	FAT	(Fundo	de	Amparo	
ao	Trabalhador),	que	é	insuficiente	para	a	escala	atual.	A	capitalização	do	banco	pelo	
Tesouro	foi	um	remendo,	mas	não	é	a	solução	definitiva.	O	caminho	definitivo	é	a	
migração	da	poupança	do	país	para	prazos	mais	longos.	Passa	por	uma	política	de	dívida	
pública	que	acompanhe	e	dê	respaldo	a	esse	processo.	
2.	Gerar	ativos	com	perfil	de	duration	mais	longo	para	oferecer	ao	mercado;	e	de	outro	
lado,	gerar	um	incentivos	tributários	para	que	um	pool	de	investidores	migrem	para	
esses	ativos.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 33	
Os emissores são as novas infraestruturas; do lado do pool de poupança um incentivo
para que os fundos de pensão, as famílias, migrem.
3.	A	necessidade	de	destravar	as	debêntures	como	ativos	de	longo	prazo.	
O	financiamento	imobiliário	foi	destravado	com	o	instituto	da	alienação	fiduciária,	a	
separação	do	patrimônio	de	afetação,	a	criação	das	Letras	de	Crédito	Imobiliário.	
Agora,	é	necessário	montar	um	sistema	que	crie	ferramentas	para	o	investimento.		
Uma	das	propostas	são	as	debêntures	de	infraestrutura,	que	receberam	tratamento	
importante	e	uma	série	de	incentivos.	Tem	que	incluir	nelas	a	educação,	saúde	e	outros	
setores	para	originar	uma	massa	maior	de	debêntures.	
A	ideia	das	debentures	surgiu	para	complementar	a	capacidade	de	financiamento	do	
banco.	Paralelamente,	o	governo	abriu	uma	ferramenta	–	as	Letras	Financeiras	-	para	os	
bancos	privados	captarem	a	prazos	mais	longos.	O	que	ocorreu	é	que	os	bancos	
passaram	a	pegar	o	funding	mais	longo,	induzir	o	clientes	a	emitir	uma	debêntures	e	
eles	passaram	a	encarteirar	as	debêntures,	mascarando	uma	operação	de	crédito	como	
se	fosse	de	mercado	de	capitais.	
Além	disso,	a	alta	da	Selic	fez	com	que	as	empresas	segurassem	a	emissão	das	
debêntures,	aguardando	um	ciclo	de	juros	mais	baixos.	
Mesmo	assim,	muitos	bancos	prepararam	fundos	de	FIDCs	para	a	compra	de	
debêntures.	Mas	não	havia	oferta	de	papéis	no	mercado.	Então	está	se	vivendo	uma	
crise	de	originação	de	papéis.	
4. A necessidade de um aparato institucional.
Não	basta	reduzir	os	juros	para	haver	uma	migração	automática	para	papéis	mais	
longos.	Há	a	necessidade	de	um	desenvolvimento	institucional,	a	criação	de	mercados,	
criação	de	liquidez	dos	títulos,	a	criação	do	“market	making”	(corretoras	incumbidas	de	
dar	liquidez	aos	papéis).	É	a	maneira	de	garantir	a	liquidez	secundária,	essencial	para	a	
colocação	de	papéis	de	prazo	mais	longo.	Todo	esse	trabalho	exige	engajamento,	
desenvolvimento	institucional,	regulatório.	
As	debêntures	
O	financiamento	de	uma	nova	onda	de	investimentos	dependerá	fundamentalmente	do	
mercado	de	dívidas,	que	se	tornou	o	grande	canal	de	consolidação	de	dívidas	nas	
economias	mais	avançadas.		
Há	um	conjunto	de	pré-condições	para	a	consolidação	desse	mercado.		
1. Redirecionamento	do	papel	da	dívida	pública	
Redimensionamento	gradativo	do	papel	da	dívida	pública	no	mercado	de	capitais	
brasileiro	para	abrir	espaço	para	os	papéis	privados.	
2. Expansão	dos	mecanismos	de	Securitização
Introdução	de	esquemas	de	securitização	permitindo	o	pooling	de	obrigações	de	várias	
empresas	como	lastro	dos	papéis	a	serem	colocados	no	mercado.	A	securitização	alarga	
o	mercado	para	um	número	muito	maior	de	tomadores,	favorecendo	empresas	
privadas,	e	especialmente		as	de	médio	e	mesmo	pequeno	porte.		
Poderia	haver	apoio	governamental	nas		garantias	de	risco	de	crédito	dos	papéis	
securitizados.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 34	
Com	maior	oferta	de	títulos	poder-se-ia		desenhar	títulos	adequados	aos	diversos	tipos	
de	investimentos	que	as	empresas	se	disponham	a	fazer.	E	se	poderia	envolver	parcelas	
amplas	da	poupança	nacional,	como	FGTS,	cooperativas	de	investimento	ou	aplicações	
voluntárias.	
3. O	tratamento	das	debêntures	incentivadas
4. O	financiamento	de	inovações	através	de	empresas	ou	de	projeto	de	
PD&I.
Ampliação	das	emissões	públicas	
Um	conjunto	de	medidas	desburocratizantes:	
a) Redução	dos	prazos	de	registro	para	“emissores	frequentes”.
b) Formalização pela ANBIMA de um help desk com profissionais especializados
em títulos de dívida corporativa que possam ser contatados pelos estruturadores
e escritórios de advocacia antes do protocolo inicial de cada emissão.
c) Revisão dos processos de análise no âmbito da CVM e no Convênio de Ofertas
da ANBIMA, dando maior celeridade ao processo.
d) Revisão do aparato regulatório - artigos 11 a 13 da Instrução CVM nº 400 - e
dos processos operacionais relacionados aos títulos de dívida corporativa que
sejam distribuídos ao amparo dos Programas de Distribuição. Esses Programas
deveriam ficar pré-aprovados junto à entidade de registro aguardando janelas
de mercado.
e) O material publicitário deixaria de ser previamente aprovado pela Autarquia que,
entretanto, fixaria penalidades rigorosas para os emissores que deixassem de
cumprir um conjunto de obrigações previamente discriminadas.
f) Aumento da transparência: divulgação de informações pós-trade, no âmbito da
autorregulação da ANBIMA que induzam os operadores do mercado secundário
a divulgar as informações relacionadas aos negócios realizados de forma
tempestiva.
Medidas	para	Ampliar	o	Mercado	das	Debêntures	Incentivadas		
a) Incluir	o	Setor	Industrial	entre	os	Beneficiários	do	Incentivo:		
b) Ampliar	a	Originação	de	Títulos	Incentivados,	associando	benefícios	em	termos	
de	condições	financeiras	–	prazos	e	taxas	–	aos	financiamentos	direcionados	
dos	bancos	públicos,	desde	que	os	tomadores	concordem	em	financiar	uma	
parcela	relevante	do	investimento	–	de	no	mínio	30%	-	por	debêntures	
beneficiadas	pela	Lei	12.431	em	condições	de	mercado.			
c) Ampliar	o	volume	transacionado	de	títulos	incentivados	no	mercado	
secundário,	induzindo	as	instituições	públicas	a	oferecer	regularmente	ao	
mercado	sua	carteira	de	debêntures	incentivadas.	
d) Permitir	a		formação	de	carteiras	mistas,	de	debêntures	incentivadas	e	outros	
papéis,	de	maneira	de	ampliar	a	demanda,	reduzir	o	risco	de	concentração	em	
um	número	pequeno	de	operações	e	ampliar	a	liquidez	das	debêntures	
incentivadas.	
Medidas	para	Estimular	o	Financiamento	de	Projetos	de	PD&I	
a) Permitir	que	os	bancos	possam	emitir	letras		com	isenção	de	imposto	de	renda	
para		o	tomador	desde	que	lastreadas	em	projetos	aprovados	pelo	MCTI	e	que	
atendam	às	condições	financeiras	mínimas	estabelecidas	nessa	legislação	
(Letras	de	Crédito	à	Inovação).	
Benefício	Fiscal	para	Acionistas	em	empresas	Start-ups	e	New	Ventures.	No	caso	das	
start-ups,	o	benefício	seria	limitado	a	vendas	de	participações	de	até	R$	20	mil	por	mês	
desde	que	os	recursos	sejam,	no	prazo	de	até	seis	meses,	aplicados	em	outra	start-up.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 35	
Se	new	ventures,	os	limites	seriam	maiores,	mas	o	benefício	seria	efetivado	apenas	
quando	do	lançamento	das	ações	da	nova	empresa	na	bolsa	de	valores.	
b.	Revisão	e	simplificação	das	regras	de	tributação	dos	Fundos	de	private	equity	e	
de	seed	money,	de	forma	a	conceder	benefícios	fiscais	aos	que	fossem	específicos	para	
pequenas	e	médias	empresas	específicas	para	projetos	de	inovação.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 36	
Pequenas	e	Micro	Empresas	
Já	conseguiu	avançar	bastante	no	apoio	às	PMEs.	Mas,	na	próxima	década,	terá	que	
avançar	ainda	mais	para	preparar	as	empresas	para	agregar	valor,	entrar	em	cadeias	de	
fornecedores	mais	sofisticadas.	
Presidente	do	Sebrae	nacional,	Luiz	Barreto	considera	os	últimos	anos	como	a	fase	de	
ouro	do	empreendedorismo.	Foram	criadas	9	milhões	de	microempresas	contra	2	
milhões	do	último	ano	do	governo	FHC.	De	2001	a	2011,	a	participação	no	PIB	saltou	de	
R$	144	bilhões	para	R$	600	bilhões.	
O	mercado	interno	foi	o	primeiro	fator	determinante,	já	que	quase	100%	do	setor	é	
voltado	para	o	consumo	interno.	
O	segundo	fator	decisivo	foi	a	educação:	61%	dos	novos	microempreendedores	têm	no	
mínimo	segundo	grau	e	14%	têm	nível	universitário.	
O	terceiro	fator	foi	o	sistema	tributário,	a	revolução	que	ocorreu	a	partir	de	2007	com	o	
Supersimples.	
O	regime	simplificado	permite	em	um	único	guichê	todos	os	impostos	federais,	
estaduais	e	municipais,	com	uma	carga	tributária	média	de	menos	40%	podendo	chegar	
a	70%,	dependendo	da	faixa	de	receita.	
O	desafio	maior	será	levar	inovação	às	PMEs.	Cada	vez	mais	dependerão	da	qualidade,	
da	produtividade	e	da	inovação.	
Dois	programas	parecem	ser	mais	promissores.	
1.	Encadeamento	produtivo	
É	um	dos	bons	exemplos	da	importância	das	políticas	Inter	setoriais,	montadas	com	a	
participação	ativa	de	todos	os	players.	
Tempos	atrás	organizou-se	o	MEI	(Movimento	Empresarial	pela	Inovação)	juntando	
Ministério	de	Ciência,	Tecnologia	e	Inovação,	entidades	empresariais,	grandes	empresas	
inovadoras	e	o	Sebrae.	Esse	movimento	teve	um	grande	momento	na	Conferência	
Nacional	de	Inovação.	
Do	contato	nasceu	a	ideia	de	juntar	os	60	maiores	players	do	mercado,	líderes	de	suas	
cadeias	produtivas,	para	treinar	os	fornecedores	e	capacitar	as	PMEs.	Entraram	no	
programa	a	Odebrechet,	Gerdau,	Vale,	Petrobras,	BRF	entre	outras.	
20	mil	PMEs	se	inscreveram	no	programa.	As	que	completaram	o	treinamento	
ganharam	certificação	que	lhes	permite	entrar	em	uma	rede	mais	qualificada	de	
fornecedores.	
O	objetivo	final	era	enquadrar	os	participantes	na	normatização	internacional	e	em	
novos	processos	produtivos.	
2.	Agentes	locais	de	inovação	
Outro	papel	do	Sebrae	tem	sido	o	de	fazer	o	meio	campo	entre	PMEs	e	as	empresas	do	
complexo	de	inovação	–	desde	certificadoras	como	o	Inmetro,	ABNT	(Associação	
Brasileira	de	Normas	Técnicas)	e	IPT	(Instituto	de	Pesquisas	Tecnológicas).	
O	Sebrae	subsidia	80%	do	custo.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 37	
Para	avançar	na	inovação,	há	a	necessidade	de	consultorias	personalizadas.	Para	isso,	
entra	em	cena	o	CNPq	(Conselho	Nacional	de	Pesquisas)	com	bolsas	de	extensionismo,	
não	tão	abrangentes	como	o	mestrado	convencional.	
O	Sebrae	banca	o	CNPq,	que	repassa	o	recurso	e	distribuir	o	conjunto	de	bolsas	para	
recém-formados.	Eles	trabalham	com	supervisão	de	um	sênior	cuidando	de	um	
conjunto	de	cerca	de	50	empresas	cada	um	por	dois	anos.	
Até	agora	foram	preparados	1.500	agentes	locais	de	inovação,	que	acabam	se	
convertendo	nos	maiores	vendedores	e	distribuidores	dos	produtos	Sebrae.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 38	
Políticas	Sociais	
DIAGNÓSTICO	
Entre	2003	e	2012,	mais	de	20	milhões	de	empregos	formais	foram	criados	e	a	taxa	de	
desemprego	caiu	pela	metade	(de	12,3%	para	5,5%).	Outra	medida	central	foi	a	
implantação	da	política	de	valorização	gradual	do	salário	mínimo.	Em	função	dela,	em	
igual	período,	o	salário	mínimo	cresceu	mais	de	70%	acima	da	inflação.	A	valorização	do	
salário	mínimo	também	teve	impactos	positivos	sobre	a	renda	dos	beneficiários	da	
Seguridade	Social	(37	milhões	de	benefícios	diretos).	Esse	conjunto	de	fatores	deu	vigor	
ao	mercado	interno,	criando	um	ciclo	virtuoso	entre	produção,	consumo	e	
investimento.	
A	ativação	da	atividade	econômica	fez	crescer	as	receitas	tributárias,	melhorando	as	
contas	públicas	e	abrindo	espaços	para	a	expansão	do	gasto	social,	um	dos	elementos	
estratégicos	que	impulsionou	o	ciclo	econômico	e	seu	caráter	mais	redistributivo.	De	
acordo	com	o	IPEA,	entre	2004	e	2010	o	Gasto	Social	Federal	(GSF)	per	capita	passou	de	
R$	2.100,00	para	R$	3.325,00,	um	aumento	real	de	quase	60%	(valores	constantes	de	
2010).		
Essa	melhor	conjugação	de	políticas	econômicas	e	sociais	contribuiu	para	a	melhora	dos	
indicadores	de	distribuição	da	renda,	mobilidade	social	e	consumo	das	famílias.	Estudos	
recentes	revelam	que	o	Brasil	atingiu	em	2011	seu	menor	nível	de	desigualdade	de	
renda	medido	pelo	índice	de	Gini	desde	1960.	O	mercado	de	trabalho	respondeu	por	
cerca	de	60%	da	queda	da	desigualdade	social;	a	Seguridade	Social	contribuiu	com	27%;	
e	o	programa	Bolsa	Família	com	13%.			
Não	obstante,	um	conjunto	de	problemas	estruturais,	que	afetam	os	diversos	
segmentos	da	política	social,	ainda	persiste	e	deve	ser	objeto	da	agenda	de	
desenvolvimento.			
DESAFIOS	PARA	O	FUTURO		
Mesmo	com	os	avanços	recentes,	a	desigualdade	social	brasileira	permanece	entre	as	
piores	do	mundo.	Na	década	passada	saímos	da	3ª	para	a	15ª	pior	posição	global.	
Distribuir	a	renda	e	a	riqueza	deve	ser	um	dos	principais	vetores	da	agenda	para	o	
futuro.		
Crescimento	econômico	é	condição	necessária	para	o	desenvolvimento.	Mas	apenas	o	
crescimento	é	insuficiente	para	distribuir	renda.	Também	são	necessárias	medidas	
específicas	voltadas	para	a	superação	dos	traços	de	subdesenvolvimento	que	ainda	
persistem	no	mercado	de	trabalho:	elevada	informalidade,	rotatividade	e	contratação	
flexível;	criação	de	emprego	de	baixos	salários	em	setores	de	baixo	valor	agregado;	
desemprego	oculto	elevado;	e,	discriminação	racial	e	de	gênero,	são	apenas	alguns	dos	
exemplos.	
A	melhor	distribuição	da	renda	também	requer	esforços	para	a	distribuição	da	
propriedade	rural,	altamente	concentrada	no	Brasil,	o	que	recoloca	a	questão	da	
Reforma	Agrária	e	o	reforço	à	agricultura	familiar	no	centro	do	debate	nacional.		
Enfrentar	as	desigualdades	sociais	também	requer	ações	no	sentido	de	enfrentar	a	
profunda	injustiça	do	sistema	de	impostos,	que	reproduz	os	inúmeros	déficits	de	
cidadania	que	nos	caracterizam	como	nação.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 39	
A	Constituição	da	República	consagrou	as	bases	de	um	sistema	de	proteção	inspirado	
nos	princípios	da	universalidade,	da	seguridade	e	da	cidadania.	Não	obstante,	as	
políticas	universais	apresentam	lacunas	e	vazios	de	oferta	de	serviços	que	se	refletem	
na	falta	de	acesso	ou	acesso	desigual	para	as	diversas	camadas	da	população.		
Na	Educação,	o	Brasil	ainda	acumula	desigualdades	e	ausências.	A	escolaridade	media	
da	população	é	baixa	em	relação	aos	parâmetros	internacionais.	O	analfabetismo	de	
jovens	e	adultos	permanece	elevado.	Apesar	dos	avanços,	a	universalização	da	oferta	
ainda	apresenta	lacunas	no	ensino	infantil,	médio	e	superior.	Estar	na	escola	não	
garante	o	aprendizado	e	a	questão	da	qualidade	permanece	viva.		
Consolidar	a	Seguridade	Social	de	acordo	com	os	princípios	estabelecidos	pela	
Constituição	da	República	deve	ser	um	dos	núcleos	da	agenda	de	desenvolvimento.	
Desde	a	promulgação	da	Carta	de	1988,	a	Seguridade	Social	tem	enfrentado	forte	
oposição	de	setores	da	sociedade.	Esse	fato	contribuiu	para	que	princípios	
constitucionais	da	Organização	da	Seguridade	Social,	do	Orçamento	da	Seguridade	
Social	e	do	controle	social	(Conselho	Nacional	da	Seguridade	Social)	fossem	
descumpridos.		
O	crescimento	econômico	recente	reverteu	tendência	de	queda	da	cobertura	
previdenciária	dos	trabalhadores	ativos	iniciada	em	1992.	Todavia,	atualmente	cerca	de	
40%	dos	trabalhadores	ativos	da	iniciativa	privada	não	contribui	para	a	previdência.		
A	Constituição	da	República	consagrou	o	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS)	como	público,	
universal,	gratuito	e	baseado	na	cooperação	entre	entes	federativos.	Mas	o	Brasil	não	
priorizou	investimentos	na	ampliação	da	oferta	pública,	especialmente	nos	sistemas	de	
média	e	alta	complexidade.		
Em	função	da	elevada	rotatividade	dos	postos	de	trabalho,	o	programa	Seguro-
Desemprego	apresenta	uma	anomalia	específica	do	subdesenvolvimento	do	mercado	
de	trabalho	brasileiro:	a	demanda	por	seguro-desemprego	aumenta	quando	a	taxa	de	
desemprego	cai.		
O	Sistema	Público	de	Emprego	beneficia	os	trabalhadores	melhor	inseridos	no	mercado	
laboral,	mas	ele	não	é	eficaz	na	inclusão	produtiva	dos	empregos	de	baixa	qualidade.			
Os	avanços	ocorridos	nos	últimos	anos	com	a	Política	Nacional	de	Assistência	Social	
(PNAS/2004)	Mas,	o	processo	de	consolidação	requer	aprofundamento	de	temas	
complexos	relacionados	às	assimetrias	existentes	entre	o	seus	segmentos	de	prestação	
de	serviços	e	transferência	de	renda;	aos	seus	mecanismos	de	financiamento;	e,	a	
necessária	construção	de	pactos	federativos	para	a	melhor	articulação	institucional	de	
ações	e	programas	entre	seus	diversos	componentes	(transferência	de	renda;	serviços	
típicos	de	assistência	social;	e	Segurança	Alimentar).	
A	agenda	de	desenvolvimento	deve	levar	em	conta	que	nos	últimos	60	anos	o	Brasil	
nunca	contou	com	políticas	nacionais	de	habitação	popular,	saneamento	e	mobilidade	
urbana	que	fossem	portadoras	de	recursos	financeiros	e	institucionais	compatíveis	com	
os	problemas	estruturais	agravados	desde	meados	do	século	passado	em	função	da	
acelerada	urbanização.		
O	Programa	Bolsa	Família	tem	méritos	evidentes,	como	parte	da	estratégia	de	
desenvolvimento	social.	Cumpriu	etapa	importante	na	inclusão	dos	menos	favorecidos.	
O	desafio	da	dimensão	social	do	desenvolvimento	é	transformar	indivíduos	em	situação	
de	miséria	em	cidadãos	portadores	de	direitos	sociais	universais.	Não	se	deve	caminhar	
exclusivamente	na	transferência	condicionada	de	renda.	O	desafio	para	o	futuro	é	que	a	
universalização	da	cidadania	social	alcance	todos	os	brasileiros,	incluindo	os	mais
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 40	
pobres.	Isso	requer	o	fortalecimento	dos	sistemas	públicos	universais	conquistados	em	
1988.	Mais	do	que	isso,	requer	a	busca	de	melhor	articulação	institucional	entre	as	
políticas	sociais	universais	e	as	políticas	de	combate	à	pobreza	extrema.	
Além	desses	“velhos	problemas”,	a	dinâmica	demográfica	pressionará	o	Estado,	a	
sociedade	e	democracia	para	o	enfrentamento	de	novos	desafios.	É	verdade	que	a	
transição	demográfica	apresenta	uma	oportunidade	para	a	educação	nacional.	Por	
outro	lado,	com	o	envelhecimento	da	população,	as	despesas	com	saúde	e	previdência	
deverão	crescer.		
REFORMAS	ESTRUTURAIS	PARA	UNIVERSALIZAR	A	CIDADANIA	SOCIAL	
A	superação	desses	problemas	setoriais	estruturais	dificilmente	será	obtida	
internamente	a	cada	um	dos	setores,	pois	estão	imbricados	com	questões	mais	gerais	
de	natureza	política	e	econômica.	Nesta	perspectiva,	se	coloca	a	necessidade	da	
construção	de	uma	agenda	de	desenvolvimento	que	incorpore	a	dimensão	social.	
Observe-se	que	a	superação	desse	conjunto	de	questões	depende	da	realização	de	
reforma	tributária	que	promova	a	justiça	fiscal.	Outro	ponto	diz	respeito	à	revisão	da	
agressiva	política	de	desoneração	de	impostos	que	está	sendo	implantada	desde	
meados	da	década	passada	que	poderão	limitar	as	bases	de	financiamento	da	proteção	
social,	com	destaque	para	os	segmentos	que	compõem	a	Seguridade	Social	Além	disso,	
é	preciso	restabelecer	os	mecanismos	de	financiamento	que	foram	assegurados	pela	
Constituição	da	República,	mas	desfigurados	pela	área	econômica	desde	a	década	de	
1990.	A	Desvinculação	das	Receitas	da	União	(DRU)	e	a	captura	de	recursos	do	
Orçamento	da	Seguridade	Social	são	exemplares.			
Da	mesma	forma,	será	preciso	restabelecer	o	pacto	federativo,	esvaziado	desde	a	
década	de	1990,	pela	crescente	centralização	das	receitas	tributárias	na	esfera	federal,	
bem	como	pela	elevação	do	endividamento	de	estados	e	municípios	em	função	da	
política	monetária	restritiva,	seguida	pela	adoção	de	severo	programa	de	ajuste	fiscal	
para	esses	entes	que	foi	adotado	no	final	dos	anos	de	1990.		
A	superação	das	desigualdades	do	acesso	aos	bens	e	serviços	sociais	também	requer	o	
enfrentamento	dos	processos	de	mercantilização	que	foram	difundidas	a	partir	de	1990	
pelos	três	níveis	de	governo	para	diversos	setores	sociais.	
Assegurar	serviços	públicos	de	qualidade	a	todos	os	brasileiros	também	requer	o	
fortalecimento	da	gestão	estatal,	enfraquecida	pelo	avanço	de	diversos	mecanismos	de	
gestão	privada	que	cria	duplicidades,	fragmentação	e	dificuldades	para	assegurar	um	
padrão	de	eficiência.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 41	
Políticas	regionais	
Diagnóstico	
Nos	últimos	anos	houve	avanços	setoriais	relevantes	em	algumas	políticas	públicas	de	
sucesso.		
Dentre	elas:	
1. O	PRONAF	(Programa	de	Apoio	à	Agricultura	Familiar),	que	saltou	de	R$	2	bi	no	
último	ano	do	governo	FHC	para	R$	65	bi	no	último	ano	do	governo	Lula,	com	56%	
indo	para	o	nordeste.	
2. O	aumento	do	SM	beneficiou	especialmente	o	nordeste	–	onde	45%	dos	ocupados	
recebem	um	SM	contra	a	média	brasileira	de	26%.	A	melhoria	do	consumo	está	
promovendo	uma	reindustrialização	da	região.	
3. O	REUNI	(Programa	de	Recuperação	das	Universidades	Federais),que	elevou	de	43	
para	230	os	campi	universitários,	valorizando	a	interiorização	e	a	desconcentração	
regional.	
Mesmo	assim,	não	se	logrou	definir	uma	política	que	privilegiasse	a	dimensão	territorial	
do	planejamento.	
Nesses	anos	todos,	houve	o	sub-aproveitamento	de	dois	órgãos	centrais	de	
planejamento.	
O	primeiro,	o	Ministério	da	Integração	Nacional,	que		limitou-se	a	priorizar	a	oferta	de	
recursos	hídricos.	O	segundo,	o	Ministério	das	Cidades,	que	jamais	teve	a	relevância	
necessária.	
Foram	desenvolvidas	diversas	políticas	de	base	territorial	–	algumas	vindo	dos	anos	90	–	
que	precisariam	ter	uma	integração	para	serem	mais	efetivas.	Dentre	os	programas:	
1. Os	Arranjos	Produtivos	Locais	(APLs),	conduzidos	pelo	MDIC	(Ministério	do	
Desenvolvimento,	Indústria	e	Comércio	Exterior)	envolvendo	BNDES,	Banco	do	
Nordeste,	Banco	do	Brasil,	Ministério	de	Ciências	e	Tecnologia,	Sebrae.	
2. O	próprio	PRONAF	que,	a	partir	do	governo	Lula	mudou	o	enfoque	de	base	
municipal	para	regional	–	atuando	sobre	regiões	homogêneas.	
3. A	partir	desse	visão	regional	são	identificados	os	chamados	“territórios	rurais”	–	a	
aglomeração	de	vários	municípios	com	realidades	semelhantes.	Esse	modelo	de	
atuação	resultou	no	programa	conhecido	como	“Territórios	da	Cidadania”,	120	
territórios	onde	se	buscavam	convergir	as	políticas	dos	diversos	ministérios,	sob	a	
coordenação	da	Casa	Civil.	
4. Além	disso,	há	distritos	industriais,	‘clusters’,	incubadoras,	parques	tecnológicos	e	
outras	formas	de	organização	dos	sistemas	regionais	de	inovação.	
Regiões	como	pontos	de	conhecimento	
Está	havendo	uma	significativa	convergência	das	rendas	per	capita	interestaduais	e	
inter-regionais	no	Brasil.	Portanto,	políticas	de	distribuição	de	renda	devem	ser	
nacionais,	contemplando	áreas	de	pobreza	em	todas	as	regiões	do	país.	
Nesses	tempos	de	capitalismo	intensivo	em	conhecimento,	regiões	ou	localidades	
devem	ser	entendidos	como	pontos	de	criação	de	conhecimento	e	de	aprendizado.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 42	
Para	se	tornarem	regiões	que	aprendem,	devem	ser	preparadas	com	infraestruturas	
específicas,	facilitando	o	fluxo	de	conhecimento,	e	governança	local.	
Qualquer	política	regional	deve	levar	em	conta	as	particularidades	de	cada	região,	as	
bases	produtivas,	o	potencial	econômico.	As	prioridades	regionais	devem	ser	definidas	
a	partir	do	conhecimento	local	das	empresas,	organizações	empresariais,	universidades	
e	órgãos	governamentais.	
	Condições	para	planejamento	regional	
• Dentro	desse	conceito,	o	planejamento	regional	deve	ser	visto	como	parte	do	
planejamento	nacional.		
• Também	está	explícito	de	que	a	política	nacional	de	desenvolvimento	regional	deve	
ser	estabelecida	e	operada	em	múltiplas	escalas,	em	função	da	especificidade	e	da	
dimensão	territorial	de	cada	objetivo	ou	dos	respectivos	projetos.	
• Uma	política	de	tal	natureza	exige	um	conjunto	de	requisitos.	Há	que	se	recortar	(ou	
regionalizar)	o	país,	de	acordo	com	as	características	econômicas	e	dos	efeitos	
polarizadores.	
• Há	a	necessidade	de	reestruturação	das	fontes	de	financiamento,	considerada	a	
diversidade	de	fontes,	a	contradição	entre	algumas	delas	e	a	guerra	fiscal	praticada	
entre	entes	federados.		
• A	implementação	de	uma	nova	política	exige	uma	nova	concertação	institucional	
que	estabeleça	o	papel	e	as	formas	de	funcionamento	das	instituições	federais,	
articule	as	diferentes	instâncias	de	governo,	estabeleça	as	formas	de	
relacionamento	e	de	sinergia	entre	as	instituições	públicas,	as	instituições	privadas	e	
da	sociedade	civil.	
• Há	a	necessidade	de	uma	nova	regionalização,	já	que	nem	a	divisão	do	país	em	cinco	
macrorregiões,	nem	as	divisões	estaduais,	menos	ainda	o	recorte	municipal	são	
adequados	para	fins	de	análise	de	uma	nova	regionalização.	
• Uma	regionalização	com	tais	propósitos	deve	partir	de	três	critérios	
complementares	e	articulados:	econômico,	ambiental	e	político.		
• Com	o	planejamento	federal	e	a	implementação	local,	há	a	necessidade	de	articular	
as	ações	com	o	fortalecimento	de	agentes	coordenadores	locais,	como	agências	de	
desenvolvimento.	
	As	formas	de	integração	nacional	
• A	integração	físico-territorial	se	baseia	na	construção	da	infraestrutura	física,	
especialmente	transportes,	energia	e	telecomunicações,	e	na	rede	de	cidades.	
• A	integração	econômica	visa	consolidar	cadeias	produtivas	reforçando	as	
especializações	e	vantagens	comparativas	locais.	
• A	integração	social,	entendida	como	o	acesso	da	população	aos	serviços	sociais	
básicos	(educação	e	saúde,	principalmente),	moradia	e	e	emprego.	
• A	integração	política	é	a	base	para	o	reforço	da	solidariedade	nacional	e	para	a	
nacionalidade	e	para	um	projeto	de	Nação.	
• Um	Projeto	de	Nação,	que	combine	crescimento	econômico	com	inclusão	social,	
deveria	estar	baseado	em	um	processo	de	coesão	econômica	e	social,	para	o	qual	a	
reconfiguração	da	rede	urbana	e	a	criação	de	novas	centralidades	urbanas	têm	
papel	central.
Brasil	Propostas	para	o	Terceiro	Milênio	 43	
Os	centros	regionais	
• Em	contraste	com	a	alta	concentração	populacional	nas	metrópoles	da	faixa	
atlântica,	a	criação	de	novas	centralidades	nas	regiões	de	menor	densidade	
populacional	poderia	cumprir	dois	papeis	centrais:	serviriam	de	centros	de	
produção	industrial	e	que	além	de	seu	próprio	crescimento	serviriam	como	suporte	
ao	desenvolvimento	econômico	de	seus	entornos.	E	também		para	reorientar	os	
fluxos	migratórios	e	frear	o	crescimento	demográfico	das	grandes	metrópoles,	
contribuindo	para	uma	melhor	distribuição	produtiva	e	populacional	no	país.		
• Essas	novas	centralidades	deveriam	ser	selecionadas	em	função	das	forças	do	
mercado,	identificadas	pelo	potencial	da	expansão	produtiva	(agrícola,	industrial,	
mineral,	de	serviços),	e	da	intencionalidade	política	em	termos	de	ordenamento	do	
território,	redução	das	desigualdades	regionais,	preservação	ambiental	e	interesses	
de	geopolítica	e	de	soberania.	
	O	arranjo	institucional	para	políticas	regionais	
• A	implementação	de	uma	nova	política	de	desenvolvimento	regional	dentro	dos	
marcos	de	crescimento	econômico	com	redução	das	desigualdades	regionais	e	
inclusão	social	pressupõe	uma	repactuação	institucional.		
• Essa	repactuação	deveria	partir	de	uma	redefinição	do	arranjo	institucional	do	
governo	federal	que	combine	uma	coordenação	das	diretrizes	de	política	nos	
marcos	de	um	projeto	nacional,	com	a	descentralização	das	operações,	articulação	
com	as	instâncias	sub-nacionais	(estados,	municípios	etc.)	e	mobilização	do	sistema	
empresarial	e	da	sociedade	civil.	Este	último	aspecto	se	fundamenta	na	idéia	de	que	
os	agentes	e	a	sociedade	local	melhor	conhecem	suas	potencialidades	e	desafios	e,	
portanto,	devem	ter	papel	de	destaque	na	formulação	e	implementação	das	
políticas.		
• 	Ao	lado	do	arranjo	institucional	e	como	peça	central	na	implementação	das	políticas	
está	o	sistema	de	financiamento	que	também	deveria	compatibilizar	a	contribuição	
das	diferentes	instâncias	de	governo	e	da	iniciativa	privada.		
• Do	ponto	de	vista	do	governo	federal,	as	várias	fontes	de	financiamento	deveriam	
ser	centralizadas	em	um	Fundo	Nacional	de	Desenvolvimento	Regional,	com	
prioridades	e	alocações	definidas	pelo	Congresso	Nacional.
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
Brasil Seculo 21 final
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