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N o v a V e r s ã o I n t e r n a c i o n a l
NVI
um p a s s ei o i l us tra d o
atra vés d a hi s tóri a e
da cul tura d a b í b l i a
Arqueológicabíblia de estudo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Bíblia de Estudo Arqueológica NVI / Equipe de tradução: Claiton André
Kunz, Eliseu Manoel dos Santos e Marcelo Smargiasse; Prefácio da Edição
Brasileira: Luiz Sayão. — São Paulo: Editora Vida, 2013.
Título original: Archaeological Study Bible NIV.
ISBN 978-85-383-0274-2
1. Arqueologia 2. Bíblia — Estudo e ensino.
CDD-220.520313-00642
Índices para catálogo sistemático:
1. Bíblia de Estudo Arqueológica: Nova Versão Internacional  220.5203
1. edição:  maio 2013
Editora Vida
Rua Isidro Tinoco, 70 Tatuapé
cep 03316-010 São Paulo, sp
Tel.: 0 xx 11 2618 7000
Fax: 0 xx 11 2618 7030
www.editoravida.com.br
Edição publicada sob permissão contratual com
Zondervan Corporation, Grand Rapids, Michigan, EUA.
Materiais de estudo adaptados de Archaeological Study Bible.
Originalmente publicado nos EUA com o título Archaeological
Study Bible.
© 2005, Zondervan Corporation. Todos os direitos reservados.
Todos os direitos desta tradução em língua portuguesa
reservados por Editora Vida.
Proibida a reprodução por quaisquer meios,
salvo em breves citações, com indicação da fonte.
O texto pode ser citado de várias maneiras (escrito, visual,
eletrônico ou áudio) até quinhentos (500) versículos sem
a expressa permissão por escrito do editor, cuidando para que
a soma de versículos citados não complete um livro da Bíblia
nem os versículos computem 25% ou mais do texto da obra em
que são citados. O pedido de permissão que exceder as normas
aqui expressas deve ser encaminhado à Editora Vida Ltda. e
estará sujeito à aprovação por escrito.
The text may be quoted in any form (written, visual, eletronic or
audio), up to and inclusive of five hundred (500) verses without
the express written permission of the publisher, providing the
verses quoted do not amount to a complete book of the Bible
nor do the verses quoted account for 25 percent (25%) or more
of the total text of the work in which they are quoted. Permission
requests that exceed the above guidelines must be directed to,
and approved in writing by, International Bible Society, 1820
Jet Stream Drive, Colorado Springs, CO 80921, USA.
Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI®
Copyright © 1993, 2000, 2011 de Biblica, Inc.
Publicado sob permissão.
Todos os direitos reservados mundialmente.
Concordância Bíblica NVI Abreviada
©2002, Editora Vida. Publicada com permissão.
Esta obra está em conformidade com o Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde
janeiro de 2009.
Equipe de Tradução
Claiton André Kunz
Eliseu Manoel dos Santos
Marcelo Smargiasse
Revisão de Tradução e de Estilo
Judson Canto
Revisão de Provas
Gisele Romão da Cruz Santiago
Inserção de notas laterais
Karina Fatel
Conferência parcial de emendas
Adriana Séris
Direção-Executiva
Sérgio Henrique de Lima
Editor Geral
Marcelo Smargiasse
Editor-Assistente
Gisele Romão da Cruz Santiago
Projeto Gráfico e diagramação
Claudia Fatel Lino
Jônatas Jacob
Karine P. dos Santos
Set-Up Time
Design e Arte de capa
Arte Peniel
I n t r o d u c t i o n t o
Title
a n t i g o t e s t a m e n t o
n o v o t e s t a m e n t o
Sumário*
* Este sumário representa o conteúdo da Bíblia completa
	 vi 	 Os livros da Bíblia em ordem alfabética
	 vii 	 Abreviaturas
	 ix	Introdução
	 x	 Sobre esta Bíblia
	 xii	 Prefácio à Edição Brasileira
	 xiv	 Prefácio à NVI
	 xvii	 Créditos e permissões fotográficas
	 xxii	 Tabela dos períodos arqueológicos
	 xxiii	 A história da Terra Santa
	 xxviii	 História cronológica da Palestina — do exílio babilônico de Judá até o domínio Romano
	 2	Gênesis
	84	Êxodo
	155	 Levítico
	194	 Números
	252	 Deuteronômio
	302	 Josué
	342	 Juízes
	386	 Rute
	395	 1Samuel
	440	 2Samuel
	479	 1Reis
	526	 2Reis
	574	 1Crônicas
	622	 2Crônicas
	667	 Esdras
	687	 Neemias
	714	 Ester
	732	 Jó
	791	 Salmos
	957	 Provérbios
	1012	 Eclesiastes
	 1032	 Cântico dos Cânticos
	1051	 Isaías
	1179	 Jeremias
	1294	 Lamentações
	1311	 Ezequiel
	1382	 Daniel
	1410	 Oseias
	1432	 Joel
	1444	 Amós
	1464	 Obadias
	1469	 Jonas
	1477	 Miqueias
	1494	 Naum
	1504	 Habacuque
	1512	 Sofonias
	1521	 Ageu
	1526	 Zacarias
	1545	 Malaquias
	1556	 Mateus
	1620	 Marcos
	1663	 Lucas
	1718	 João
	 1764	 Atos dos Apóstolos
	1833	 Romanos
	1863	 1Coríntios
	1884	 2Coríntios
	1901	 Gálatas
	1914	 Efésios
	1925	 Filipenses
	1933	 Colossenses
	1942	 1Tessalonicenses
	1949	 2Tessalonicenses
	1954	 1Timóteo
	1962	 2Timóteo
	1970	 Tito
	1977	 Filemom
	1981	 Hebreus
	2000	 Tiago
	2008	 1Pedro
	2018	 2Pedro
	2024	 1João
	2031	 2João
	2034	 3João
	2038	 Judas
	2043	 Apocalipse
	 2077	 Guia de estudos
	 2079	 Tabela de pesos e medidas
	2080	 Glossário
	 2090	 Índice dos assuntos dos artigos
	 2123	 Lista de artigos em ordem alfabética
	 2129	 Lista de artigos pela ordem das referências bíblicas
	 2135	 Concordância Bíblica NVI
	 2223	 Índice dos mapas coloridos
O Seminário Teológico Gordon-Conwell sente-se feliz em se unir à Zondervan para oferecer ao público esta Bíblia de estudo única.
Cremos que este lançamento será um marco na história recente das publicações. A Bíblia de Estudo Arqueológica NVI representa uma
façanha notável, com seus temas intrigantes, enfoque arqueológico-cultural e bela apresentação gráfica, tudo isso agregado ao texto
bíblico de melhor aceitação: a Nova Versão Internacional. É raro um editor testemunhar uma acolhida tão entusiasmada de um conceito
de publicação como a do protótipo da Bíblia de Estudo Arqueológica com o texto da NVI. As avaliações positivas partiram de grupos
diversos, como leigos, eruditos e pastores.
Nenhuma geração testemunhou tão alto grau de cooperação entre os fatos, pessoas e locais da Bíblia como a do século passado,
diante das avançadas e bem-sucedidas explorações arqueológicas. A quantidade, qualidade e relevância dos artefatos e materiais epi-
gráficos que incidem sobre a história bíblica do antigo Oriente Médio foi tão surpreendente que poucos têm sido capazes de incorporá-
las num único lugar, de modo que a única solução possível era estabelecer sua ligação com as passagens bíblicas mais relevantes.
Assim, temos diante de nós a oportunidade única de verificar em primeira mão como as descobertas arqueológicas dão sentido a
alguns textos das Escrituras até agora difíceis de entender. O papel da arqueologia bíblica como ferramenta hermenêutica é inestimável
em situações nas quais os elementos culturais nos escapam à atenção simplesmente porque o contexto pertence lugar ou período
“estrangeiro”. Acrescentem-se fotografias coloridas dos artefatos e dos documentos mencionados, e logo se perceberá que esta Bíblia
estabelece um novo padrão para as Bíblias de estudo.
Nossa oração é que a Bíblia de Estudo Arqueológica acrescente louvor e glória ao nosso Pai celestial e também seja usada por
Deus para conduzir o crescente número de cristãos biblicamente iletrados de volta ao texto das Escrituras. A narrativa bíblica abrange
a maior história já contada, mas essa história é muito mais que um conto antigo e impessoal, na terceira pessoa. Na verdade, é uma
história contada para nós, mas também sobre nós. Entregar-se ao estudo dessa história com os olhos do entendimento renovado con-
stitui a mais substancial investigação sobre a verdade que qualquer um de nós possa experimentar. Esses fatos e pessoas são parte
do mundo real, fatos que realmente aconteceram e indivíduos que realmente existiram em épocas e lugares dos quais somos agora
descendentes lineares.
Por isso, convidamos você a juntar-se a nós num encontro pessoal com esta Bíblia, um feito memorável do Seminário Teológico
Gordon-Conwell e da Zondervan. O seminário sente-se feliz em ser o precursor desta aventura e acredita que muito mais está por vir
nos grandes dias que se seguirão.
Walter C. Kaiser Jr. — Presidente
Colman M. Mockler — Egrégio professor de Antigo Testamento
Maio de 2005
Introdução
I n t r o d u c t i o n t o
Title
A Bíblia não é um livro de ensino religioso abstrato. Se o fosse, compreender seu contexto histórico seria de menor importância. Ainda
assim, as perguntas sobre as circunstâncias de sua composição não poderiam ser ignoradas. Além disso, a Bíblia não surgiu de um
único ambiente cultural e histórico: ela não é o produto de revelações concedidas a um único homem, como o Alcorão reivindica ser. Se
o fosse, entender seu contexto histórico seria muito mais simples.
O texto da Bíblia foi produzido num período que se estendeu por mais de mil anos. Embora a maioria, se não todos os escritores
da Bíblia, fosse israelita ou judeu, eles viveram uma ampla variedade de circunstâncias. O cenário cultural das histórias bíblicas inclui
o Egito dos faraós, a Mesopotâmia, a cultura cananeia, o Israel do Bronze Antigo e das idades do Ferro, o palácio real da Pérsia, a
extensa civilização helênica e o Império Romano. As línguas da Bíblia são o hebraico, o grego e o aramaico, mas também há sinais da
influência do egípcio, ugarítico, acádio, sumério, persa e latim. Algumas porções da Bíblia foram compostas em lugares como Israel,
Egito, Babilônia, Ásia Menor (Turquia), Grécia e Roma. Os escritores da Bíblia foram sábios, reis, fazendeiros, exilados, governadores,
pescadores e pregadores itinerantes.
A Bíblia apresenta gêneros literários variados, que muito provavelmente refletem a literatura de seu tempo. A saga do povo de
Deus, contada em histórias simples, porém cativantes, sucedem-se por toda a Bíblia em livros tão diversos como Gênesis, Juízes, Rute,
Ester e Atos. Textos jurídicos com paralelos nos códigos legais da Mesopotâmia emergem de livros como Números e Deuteronômio.
Hinos e cânticos devocionais aparecem nos Salmos e, quando comparados com os hinos e poemas religiosos do Egito, Ugarite e
Mesopotâmia, apresentam notáveis similaridades e também impressionante dissimilaridade com suas contrapartidas. A Bíblia contém,
igualmente, poesias de amor (Cântico dos Cânticos) que são ao mesmo tempo semelhantes e dessemelhantes à poesia de amor
egípcia. À semelhança dos egípcios e dos mesopotâmios, o povo de Israel compôs muitos provérbios.
É óbvio que as diferenças podem ser tão significativas quanto as similaridades, e nem todos os tipos de literatura da Bíblia en-
contram paralelos evidentes fora de suas páginas. As proclamações dos profetas hebreus limitaram os paralelos à antiga Mesopotâmia,
e é difícil encontrar algo que se compare aos Evangelhos do NT. Já as visões de Apocalipse podem ser comparadas com os textos
apocalípticos do judaísmo do segundo templo, e as cartas de Paulo podem ser analisadas com base na literatura epistolar do período
greco-romano. Em resumo, a Bíblia é uma coleção de textos maravilhosamente diversa, e nenhum deles se originou no vácuo.
A Bíblia de Estudo Arqueológica enfoca os contextos histórico, literário e cultural da Bíblia. Esses contextos abrangem a história de
povos e lugares, a vida cotidiana em vários períodos e sob circunstâncias diversas nos tempos bíblicos e textos antigos que esclarecem
o texto sagrado e ajudam a elucidar a arqueologia do mundo bíblico. Além disso, os artigos desta Bíblia dedicam especial atenção aos
desafios que os arqueólogos e os estudiosos da Bíblia enfrentam com relação à confiabilidade das Escrituras. Mas qual a necessidade
de uma ferramenta para explorar o contexto histórico? Algumas respostas são necessárias:
1.	 O contexto é crucial para a interpretação. Imagine-se lendo as palavras de um debate político ou religioso sem o benefício do
conhecimento das circunstâncias, costumes ou crenças dos envolvidos na discussão. O leitor ficará desnorteado ou correrá
o risco de cometer erros grosseiros na interpretação dos temas e opiniões dos debatedores. É tolice e até mesmo arrogância
pensar que podemos compreender plenamente os escritores sagrados sem conhecer coisa alguma de seu ambiente.
2.	 Como já foi dito, o mundo bíblico é complexo e abrange uma parcela significativa da história humana. O mundo antigo é extenso
e complexo demais para se pensar que uns poucos comentários incidentais sobre determinados contextos sejam bastantes para
entender as culturas das quais os escritores da Bíblia faziam parte.
3.	 O estudo do contexto da Bíblia é um incentivo à fé. Muitos cristãos hoje evitam o estudo do mundo antigo por medo de que os
eruditos os tornem cientes de fatos conflitantes que venham a enfraquecer a fé na Bíblia. Na verdade, o estudo cuidadoso do
mundo da Bíblia intensifica nossa confiança na veracidade histórica e na singularidade da Palavra de Deus. Inserida na sur-
preendente variedade de culturas que compunham o mundo bíblico, a unidade da mensagem bíblica é notável. Os escritores da
Bíblia são de épocas e lugares diversos, mas foram inspirados por um Espírito imutável. E o único modo de dar uma resposta aos
que alegam que os fatos históricos enfraquecem a credibilidade da Bíblia é analisando em primeira mão esses mesmos fatos.
4. 	 O conhecimento do contexto bíblico é um antídoto contra o perigoso desprezo pela História, visto de forma tão frequente tanto
na igreja quanto nos meios acadêmicos. A pós-modernidade investiga tudo, mas rejeita a História e o contexto. Sob a influência
desse movimento, os leitores simplesmente se recusam a ouvir os escritores da Bíblia nos termos deles próprios. Preferem
afirmar que é atribuição de cada leitor a interpretação desses textos antigos. Muitos rejeitam a ideia de que devemos tentar
compreender o objetivo do escritor original da passagem. Dessa forma, a intenção do autor passa a ser irrelevante para o leitor
s obr e e s ta
Bíblia
SOBRE ESTA BÍBL I A
moderno, que se sente livre para interpretar o texto de qualquer maneira. Esse comportamento faz pouco caso da autoridade
bíblica. Além disso, muitos leitores cristãos bem-intencionados e não totalmente comprometidos com a forma de pensamento
pós-moderna tendem a interpretar a Bíblia estritamente nos termos das próprias experiências e dos próprios padrões, sem
considerar o que o profeta ou o apóstolo estava dizendo aos seus contemporâneos. O conhecimento das crenças, dos conflitos,
da história e dos hábitos das personagens dos tempos bíblicos apresenta-nos algumas questões, como esta: “O que Paulo
realmente quis dizer quando escreveu aquelas palavras à igreja em Corinto?”.
5.	 O Conhecimento do mundo bíblico instila em nós uma profunda apreciação pelos escritores da Bíblia e um amor profundo pela
própria Bíblia. É difícil amar genuinamente algo que não conhecemos. Não podemos adentrar as experiências e perspectivas
das personagens bíblicas sem antes nos relacionarmos com o mundo delas. Olhando para os utensílios com os quais elas traba­
lhavam, os conflitos que enfrentavam, a literatura que conheciam e os costumes que adotaram, iremos adquirir uma profunda
admiração por sua fé e sabedoria.
A Bíblia de Estudo Arqueológica contém os seguintes recursos:
•	 Mais de 500 artigos em linguagem acessível, muitos deles ilustrados com fotografias coloridas, cobrindo estas cinco categorias gerais:
“Sítios arqueológicos”; “Notas históricas e culturais”; “Povos antigos, territórios e governantes”; “A credibilidade da Bíblia”; “Textos e
artefatos antigos”.
•	 Notas de estudo, na parte inferior da página, ligadas a temas arqueológicos, culturais e históricos, em muitos casos cruzando referên-
cias com artigos relevantes e outras notas.
•	 Introduções detalhadas a cada livro, incluindo cronologias e esboços úteis e fáceis de visualizar.
•	 Tabelas e gráficos sobre tópicos pertinentes.
•	 Citações periódicas de textos da Antiguidade, cada uma vinculada a um artigo em particular.
•	 Coluna lateral de referências cruzadas.
•	 Miolo colorido do começo ao fim.
•	 16 páginas de mapas coloridos com índice, para facilitar a localização de nomes de lugares citados nos artigos e nas notas.
•	 Índices de artigos, em ordem alfabética e por referência bíblica.
•	 Índice de assuntos.
•	 Concordância.
•	 Glossário, referências cruzadas para palavras destacadas em negrito nos artigos.
7
A h i s t ór i a d a
TerraSanta
1	Ver o Glossário, na p. 2080 para definições das palavras em negrito.  2Ver “Tabela dos períodos arqueológicos” na página xxii.  3Ver “Arade”, em
Nm 33.   4Ver “Os hicsos e o Antigo Testamento”, em Êx 18.   5Ver “Hazor”, em Js 11.   6Ver “Mudanças em Canaã”, em Jz 7.  
A Terra Santa, às vezes chamada Canaã,1 Israel, Oriente ou Palestina, mudou de dono muitas vezes e era centro de inter-
mináveis conflitos. A arqueologia da Palestina é complexa quando se trata de refletir todas as eras da longa história da região.
A C U L T U R A P R É - IS R AE L ITA
Pré-história e Idade do Bronze Antigo
Canaã é habitada desde o período pré-histórico. A mais antiga cultura da Idade da Pedra, descoberta no monte Carmelo
e que sobreviveu à cultura tardia da Idade da Pedra, conhecida como os natufianos, foi descoberta em Jericó. A agricultura e a
produção de cerâmica começaram no Período Neolítico,2 que é dividido em Pré-cerâmico e Cerâmico. Perto do final do V e IV
milênios a.C., uma cultura chamada “gassuliana” emergiu ao sul do vale do Jordão. Com o local de descobertas em Berseba,
ela marcou o início do Período Calcolítico na região. A cerâmica gassuliana é notavelmente avançada e atesta a sofisticação
desse povo primitivo.
O início da Idade do Bronze Antigo (3200-2200 a.C.) no Oriente corresponde ao final do período pré-dinástico e início do
período dinástico egípcio (ca. 3400-3000 a.C.). Importantes sítios do Bronze Antigo I abrangem Megido, Jericó, Ai e Bete-Seã,
todos ao norte da Palestina ou na Palestina Central. Uma cultura mais avançada desenvolveu-se na parte sul da região algum
tempo depois. Um importante sítio do Bronze Antigo II no sul é Arade.3 A Idade do Bronze Antigo viu o início da cultura urbana na
região, quando algumas cidades-Estados com certa autonomia começaram a surgir ao redor de cidades maiores e fortificadas.
Por volta de 2650-2350 a.C., ocorreu uma ruptura de origem não especificada na cultura urbana, especialmente ao norte.
Alguns acreditam que os amorreus nômades invadiram a terra e desorganizaram a cultura. É questionável, porém, que essa
mudança na cultura possa ser atribuída à migração ou à invasão dos amorreus, e hoje muitos estudiosos rejeitam a ideia. Al-
guns acreditam que os problemas ambientais são a causa mais provável. Abraão desceu ao Egito por causa da fome (Gn 12.10).
O declínio da cultura do Bronze Antigo em Canaã pode estar relacionado com o final do Reino Antigo do Egito, no século
XXII a.C., quando os “asiáticos” (povos semíticos de Canaã e da Síria) investiram contra o Egito.
As idades do Bronze Médio e do Bronze Tardio
Uma nova cultura urbana, contemporânea à do início do Reino Médio do Egito, surgiu no início da Idade do Bronze Médio
(ca. 2000-1550 a.C.). Entre as cidades proeminentes desse período estão Tel Afeque, Biblos, Acco, Megido, Jericó e Bete-Seã.
A arte da cerâmica avançou significativamente depois que os oleiros aprenderam a usar rodas fixas para moldar vasos de ex-
celente qualidade. O conto egípcio de Sinuhe apresenta um retrato da vida cananeia daquele tempo. A Idade do Bronze Médio
em Canaã também coincide com a era dos hicsos no Egito do Segundo Período Intermediário. Alguns acreditam na presença
dos hicsos em Canaã, mas isso é improvável.4
Houve um declínio na qualidade da cultura material, especialmente a cerâmica, em Canaã no início da Idade do Bronze
Tardio (ca. 1550-1200 a.C.), e parece ter havido considerável decadência durante o Bronze Tardio I (ca. 1550-1400 a.C.). É
certo que os governantes egípcios, especialmente Tutmés III (ca. 1479-1425 a.C.), fizeram incursões a Canaã para manter
as cidades-Estados de vários sítios da região submissas às ordens e influências egípcias (e.g., Megido). Muitos estudiosos,
baseados nos vários níveis de destruição dos sítios do Bronze Tardio, argumentam que a invasão israelita sob o comando de
Josué ocorreu por volta de 1250 a.C., mas esse raciocínio tem sido amplamente combatido, pelo fato de que nenhuma cidade,
com exceção de Hazor,5 possui níveis de destruição que corroborem essa teoria.
A C U L T U R A IS R AE L ITA
Embora pareça que os israelitas invadiram Canaã por volta de 1400 a.C., eles não deixaram nenhum indício até cerca de
1200 a.C.5 Durante a Idade do Ferro l (datada geralmente entre c.1200-1000 a.C.), a nação de Israel começou a tomar forma.
Exemplos do que parece ser sua cultura material, como “casas de quatro aposentos” e “colar de argolas”, aparecem na
arqueologia desse tempo. Centenas de vilas da Canaã Central datadas desse período podem ser consideradas israelitas.6
A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a 9
Os filisteus apareceram em Canaã pela primeira vez pela mesma época durante a migração dos “povos do mar”, e exemplos
de sua cultura material (como os vasos bicromáticos, comparáveis aos da cerâmica grega micênica) começam a aparecer.
Tendo em vista que o relato bíblico indica que Israel já habitava aquela terra e guerreava contra vários inimigos pouco
antes de os filisteus se tornarem uma ameaça, o argumento de que os filisteus e os israelitas surgiram em Canaã na mesma
época é errôneo. Na verdade, a menção de “Israel” na estela de Merneptá (ca. 1210 a.C.) dá a entender que Israel já estava
bem estabelecido na região por volta de 1200 a.C., no início da Idade do Ferro l.7
Durante o período dos juízes, os israelitas mantiveram-se unificados pelo pacto com Deus, mas a constante pressão dos
inimigos externos os levaram a procurar uma unidade política mais forte (1Sm 8.19,20). Saul foi o primeiro rei de Israel, mas a
nação alcançou seu apogeu cultural e político sob a liderança Davi e Salomão (séc. X a.C.), quando Israel dominou todo o Oriente.
Materiais importantes remanescentes do período da monarquia unida foram escavados em Hazor, Megido e Gezer, em que
um portão de entrada para a cidade com três portas e muros de casamata ilustram a fortificação mencionada em 1Rs 9.15.8
A supremacia israelita foi enfraquecida pela divisão do reino entre Roboão e Jeroboão I (1Rs 12) e quebrada pela invasão
do egípcio Sisaque (1Rs 14.25,26). Na verdade, o ataque de Sisaque parece ter sido pouco mais que uma rápida campanha
com o propósito de reduzir o poder de Israel diante do Egito.9 A situação de Samaria (o Reino do Norte de Israel)10 variou du-
rante os dois séculos seguintes. Samaria foi poderosa às vezes, no governo de reis como Omri e Jeroboão II, mas se mostrou
notavelmente fraca outras vezes, como quando esteve sob a opressão de reis como Hazael e Damasco.11 Finalmente, Samaria
sucumbiu diante da Assíria, por volta de 720 a.C., e Judá, um Estado relativamente menor, entrou em declínio até sua destrui­
ção por Nabucodonosor da Babilônia, em 586 a.C.12
O P E R Í O D O P E R SA
A terra ficou completamente desolada durante o exílio, com todos os judeus, menos os mais pobres, espalhados pelo
Oriente Médio desde o Egito até a Babilônia. Outros povos começaram a migrar para a terra. Os edomitas, talvez impelidos
pelos árabes que pressionavam ao sul, mudaram-se para o norte, e os samaritanos, povo de origem parcialmente israelita e
parcialmente pagã, logo emergiram.13 Em 539 a.C., Ciro II da Pérsia conquistou a Babilônia e, por volta de 500 a.C., todo
o Oriente Médio estava em poder dos persas.14 Os judeus começaram a retornar, mas a situação era desalentadora, e houve
pouco progresso até a chegada de Esdras e Neemias, no século V a.C., para reconstruir Jerusalém e reedificar o templo.
Do ponto de vista arqueológico, foi um período relativamente obscuro, mas há importantes achados. Por exemplo, um
papiro de Samaria contendo documentos legais, datando de cerca de 375-335 a.C., foi descoberto não uádi ed-Daliyeh, na
região montanhosa central de Israel. Numerosos sítios têm produzido evidências de níveis de ocupação do período persa, mas,
além de nomes reais persas para propósitos de datação, pouca evidência direta da influência persa foi encontrada.
OS P E R Í O D OS G R EGO E H ASMONE U
Governo grego
Alexandre, o Grande, ao marchar pelo Oriente, em 333 a.C., manteve-se na região costeira, de modo a destruir a marinha
persa e evitar as áreas judaicas. Todo o Império Persa caiu sob o controle grego. Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), uma
família grega, a dos ptolomeus, assumiu o controle do Egito.15 O Oriente também caiu sob o controle dos ptolomeus. As cartas
de Zenão, administrador de negócios sob Ptolomeu II Filadelfo (285-246 a.C.), revelam que havia um ativo comércio entre o
Oriente e o Egito de vários gêneros e escravas (usadas como prostitutas). Enquanto isso, o processo de helenização avançou, e
muitos líderes abraçaram a cultura e a religião gregas.
O governo ptolomaico manteve-se na região até 200 a.C., quando o poder passou para os selêucidas, governantes gregos
da Síria.16 O selêucida que tomou o Oriente dos ptolomeus foi Antíoco III (223-187 a.C.). No entanto, depois de perder a Ásia
7	Ver “A estela de Merneptá”, em Jz 8.  8Ver “Construções de Salomão”, em 1Rs 9.  9Ver “A campanha de Sisaque”, em 2Cr 12.  10Ver
“Onri e Samaria”, em 1Rs 16.  11Ver “Hazael, a nêmesis de Israel”, em 2Rs 8.  12Ver “Os últimos dias de Jerusalém”, em Jr 6.  13Ver “Os
samaritanos”, em Jo 8.  14Ver “Ciro, o Grande”, em Ed 1.   14Ver “Os ptolomeus”, em Dn 7.  15Ver “Os selêucidas”, em Dn 12.
A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a1 0
Menor para Roma, em 189 a.C., o reino de Antíoco III enfrentou sérias dificuldades financeiras. Seu filho, Seleuco IV (187-
175 a.C.) fracassou na tentativa de saquear as riquezas do templo judaico, mas Antíoco IV (175-164 a.C.) obteve êxito, por
volta de 170 a.C. Antíoco IV é o selêucida mais lembrado da história judaica. Por volta de 168 a.C., ele destruiu grande parte de
Jerusalém, edificou um altar a Zeus no templo e proibiu a observância do judaísmo.17 Os judeus, sob a liderança de Judas Ma-
cabeu e seus irmãos, derrotou os selêucidas após sucessivas campanhas. Judas morreu em batalha no ano de 160 a.C., mas
seu irmão Jônatas assumiu a liderança até sua morte (ca. 142 a.C.). Simão, o terceiro dos irmãos, o sucedeu (os governantes
da linhagem dos macabeus são conhecidos como hasmoneus).
O governo hasmoneu
Por esse tempo, a Judeia tornou-se tudo, menos independente (Simão, na verdade, era rei e também sumo sacerdote,
embora os governantes hasmoneus tradicionalmente se apresentassem apenas como sumos sacerdotes). Simão foi sucedido
por seu filho, João Hircano l (134-104 a.C.), o qual ampliou o domínio de Judá. Depois do breve reinado de Aristóbulo l (104-
103 a.C.), o líder hasmoneu seguinte foi Alexandre Janeu (103-76 a.C.). Ele continuou a expandir o domínio de Judá por meios
militares. Enormes divisões ideológicas se formaram na sociedade judaica, principalmente entre os grupos mais conservadores
e religiosos, liderados pelos fariseus, e os grupos mais helenizados e aristocráticos, liderados pelos saduceus.18 A viúva de
Alexandre Janeu, Salomé Alexandra, reinou depois dele e, com a morte dela, em 67 a.C., seus filhos Aristóbulo II e Hircano II
lutaram pelo trono.
OS P E R Í O D OS R OMANO E B I Z ANTINO
O governo romano
Por essa mesma época, Roma avançou
para a região. Pompeu, o Grande, destruiu o
reino Selêucida, capturou Jerusalém e estabe­
leceu Decápolis como região independente do
controle judaico. Hircano II recebeu o sacerdó-
cio, mas sua influência política desapareceu. Ao
idumeu (i.e., edomita) Antípater foi dado o título
de procurador da Judeia, por serviços prestados
a Júlio César. Em 40 a.C., os partos tomaram
Jerusalém e reinstalaram o governo hasmoneu
na pessoa de Antígono. Herodes (o Grande),
filho do idumeu Antípater, fugiu para Roma e re-
tornou mais tarde com o exército romano para
tomar Jerusalém e, com o apoio dos romanos,
reivindicar o título de rei.
Herodes governou até 4 a.C. e dedicou
esse tempo a numerosos projetos de con-
strução, entre eles o porto da cidade marítima
de Cesareia, o palácio-fortaleza de Massada e o
Herodium, a fortaleza Antônia e o templo de Jerusalém. No final da vida, paranoico e corrupto, assassinou alguns de seus
filhos e não deixou herdeiros evidentes.19 O imperador Augusto dividiu o domínio de Herodes entre seus três filhos (Arquelau,
Herodes Antipas e Filipe). A região foi unificada outra vez por um breve período sob o governo de Herodes Agripa l, mas com
sua morte, em 44 d.C., o governo dos herodianos chegou a fim, e a Terra Santa caiu sob o controle absoluto dos romanos.
A mistura da arrogância romana com o antagonismo judaico ao governo pagão provou-se mortal. A incompetente e
violenta administração de Géssio Floro, procurador entre 64 e 66 d.C., mostrou-se intolerável, e os judeus se revoltaram em
Relevo comemorativo à vitória romana sobre a Judeia.
Preserving Bible Times; © Dr. James C. Martin; com permissão de Eretz Israel Museum
17Ver “Antíoco IV Epifânio”, em Dn 11.    18Ver “Os fariseus”, em Mt 5; “Os saduceus”, em Mt 22.   19Ver “Herodes, o Grande”, em Mc 3. 
A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a 1 1
20Ver “Josefo e a queda de Jerusalém”, em Mt 24.  21Ver “A Cesareia marítima”, em At 10.  22Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na
preservação dos locais sagrados”, em Jo 19.  
66 d.C., porém, depois de alguns sucessos iniciais, eles foram massacrados pelo exército romano liderado por Vespasiano e seu
filho Tito. Em 70 d.C., Jerusalém e o templo foram destruídos entre as horríveis desventuras judaicas.20 A Cesareia marítima,
cidade do governador, foi transformada em colônia romana,21 e o centro da vida religiosa judaica mudou para Jâmnia, cidade
localizada a oeste de Jerusalém, próxima do Mediterrâneo. Em 132 d.C., o imperador Adriano decidiu reconstruir Jerusalém
como colônia romana, a Aelia Capitolina, o que provocou nova rebelião, sob a liderança de Simão Bar Kosba, que foi sau-
dado como um messias e chamado de Bar Kokhba (“o filho da estrela”) pelo rabi Akiba. A batalha foi feroz e terminou com o
extermínio quase total dos judeus da região, e um édito proibia-os de entrar em Jerusalém. O cristãos, que não se juntaram
à revolta, tiveram melhor sorte.
O governo bizantino
Finalmente, o Império Romano dividiu-se em duas partes, com a porção oriental governada a partir da cidade de Bizâncio
(também chamada Constantinopla e, atualmente, Istambul). Assim, a região hoje conhecida como Palestina caiu sob o controle
bizantino. A conversão do imperador bizantino Constantino I ao cristianismo (312 d.C.) aumentou em muito o prestígio da região
com seus relicários. Tornou-se local de peregrinações, e várias igrejas foram construídas sob patrocínio imperial.22 A arqueolo-
gia recuperou restos de muitos sítios, e os relatórios informam diversos achados do período bizantino. Com exceção de alguma
revolta ocasional, a região desfrutou um prolongado período de paz sob o governo bizantino.
O governo islâmico
A ascensão do islã trouxe a invasão árabe do leste. O primeiro califa, Abu Bakr, convocou um jihad para tomar posse
da região e, depois de um sangrento conflito com os exércitos bizantinos, a terra caiu sob o controle de Umar I, em 636 d.C.
Depois disso, a Terra Santa passou a ser governada pelos omíadas, e teve início o processo de arabização e conversão do
povo ao islã. Em 691 d.C., os muçulmanos construíram o Domo da Rocha, no monte do Templo, sob a alegação de ter sido
aquele o lugar do qual Maomé ascendeu ao céu. As outras dinastias muçulmanas (os abássidas, os ikhshídidas e os fatímidas)
sucessivamente dividiram o controle da área.
Os governantes fatímidas, em particular o califa al-Hakim (996-1021 d.C.), foram intolerantes para com os cristãos. As
igrejas ocidentais reagiram, e tiveram início as Cruzadas. Por volta de 1100 d.C., Jerusalém estava nas mãos dos cruzados.
Prolongadas guerras entre os muçulmanos e os cruzados se seguiram. Os muçulmanos obtiveram vitórias decisivas sob a
liderança de Saladino (1137-1193 d.C.), e, por volta de 1291 d.C., a Terra Santa estava outra vez nas mãos dos seguidores de
Maomé. Enquanto isso, uma aristocracia militar de fala turca, denominada mamelucos, forçara sua ascensão ao poder no
Egito e se tornou a classe governante, até mesmo do Oriente. Mas o Oriente Médio vivia tempos agitados, lutando contra os
invasores mongóis, e os enfraquecidos mamelucos caíram diante dos turcos otomanos, em 1516 d.C.
A Palestina, outrora alvo de acirradas disputas, permaneceu um tanto isolada durante os trezentos anos do governo
otomano, embora constantemente agitada por revoltas e massacres internos e por guerras entre as facções que disputavam o
poder do império. O envolvimento europeu teve seu recomeço com a campanha de Napoleão no Egito (1798-1801 d.C.). Depois
disso, o enfraquecido Império Otomano recebia ocasionalmente o apoio da Europa. Alguns assentamentos franceses, russos e
alemães surgiram na região, e o primeiro assentamento sionista apareceu em 1882 d.C. Em 1896, Theodor Herzl escreveu um
panfleto advogando o estabelecimento de um Estado judeu na Palestina.
O MAN D ATO B R IT Â NI C O
A Primeira Guerra Mundial trouxe mudanças decisivas. Havia intenso conflito na própria Palestina durante a guerra, e o de-
crépito Império Otomano finalmente expirou. Em 1917, o ministro do exterior britânico Arthur Balfour, na esperança de obter
apoio judeu na guerra, emitiu a Declaração de Balfour, que defendia o Estado judeu na Palestina. Como consequência da guerra,
os árabes rejeitaram a Declaração de Balfour e elegeram Faiçal para governar a formação do conhecemos hoje por Síria, Líbano
e Palestina. No entanto, uma conferência realizada em 1920 pôs a Síria e o Líbano sob a tutela da França e a Palestina sob o
A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a1 2
mandato da Inglaterra. O curto reinado de Faiçal chegou ao fim, e os árabes passaram a se referir ao ano de 1920 como “o
ano da catástrofe”. Na década de 1930, com a ascensão do nazismo, um grande número de judeus migrou para a Palestina,
e tiveram início graves conflitos entre os recém-chegados e os árabes da região. A política britânica oscilava entre o apoio aos
judeus e aos árabes.
A Segunda Guerra Mundial e o Holocausto ocasionaram a migração em massa de judeus para a região. A Liga Árabe
opôs-se oficialmente ao Estado sionista na Palestina, mas as potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos, foram
simpáticas à causa judaica, e os próprios judeus determinaram nunca mais se permitir uma situação que resultasse no mas-
sacre de seu povo ou num novo Holocausto. Em 1947, as Nações Unidas votaram a partição da Palestina em dois Estados,
um judaico e um árabe, mas o plano encontrou resistência armada por parte dos árabes palestinos. Entretanto, os sionistas
expulsaram os árabes, no início de 1948, e o mandato britânico chegou ao fim. Em 14 de maio de 1948, foi criado o moderno
Estado de Israel. Perto do final do ano, todos os exércitos árabes de oposição haviam sido derrotados, e Israel tornou-se mem-
bro das Nações Unidas.
I S R A E L E P A L E S T I N A
Durante os anos seguintes muitos árabes palestinos deixaram o território de Israel, mudando-se para a área palestina (o lado
oeste e a faixa de Gaza) ou para outros territórios. Em 1964, surgiu a Organização de Libertação da Palestina (OLP), e vários
movimentos guerrilheiros, como o Fatah, iniciaram suas atividades. Na guerra de 1967, os militares israelitas derrotaram de-
finitivamente as forças árabes formadas contra Israel e tomaram o controle do lado oeste e da faixa de Gaza (também o Sinai,
que voltou para as mãos egípcias depois da Guerra do Yom Kippur, de 1973). A Jordânia conduziu as unidades de guerrilha
palestinas para fora de seu território, e os palestinos fugiram para o Líbano. O resultado foi que o Líbano passou a ser sacudido
por guerras civis. Os israelenses continuam a lutar contra as guerrilhas e contra os terroristas palestinos estabelecidos nos
territórios ocupados e no Líbano.
A arqueologia dessa terra, portanto, não está relacionada apenas com a história bíblica, mas com todas as eras, desde
a Idade da Pedra até a modernidade. Em qualquer sítio, os arqueólogos podem encontrar níveis de ocupação calcolíticos, do
Bronze Médio, do Ferro I, do período helenístico ou do Bizantino, das Cruzadas e/ou do Império Otomano, bem como artefatos
dos inúmeros invasores que passaram pela região. É claro que o progresso da arqueologia tem sido bastante prejudicado pelos
conflitos modernos. A história da terra prometida sempre foi escrita com sangue.
I n t r o d u ç ã o a
Romanos
A U TO R , L U GA R E D ATA D A R E D A Ç Ã O
Que Paulo é o autor de Romanos (1.1) é praticamente incontestável. O livro é geralmente datado de 57 d.C., provavelmente durante a ter-
ceira viagem missionária de Paulo (At 20). Prestes a concluir sua obra no Mediterrâneo oriental, ele desejava levar o evangelho ao Ocidente
(Rm 15.19,24). A maioria dos especialistas acredita que Paulo escreveu esta carta de Corinto.
D ESTINAT Á R IO
Os leitores originais de Paulo eram os cristãos — predominantemente gentios (Rm 1.13) — de Roma. Paulo apresentou-se à igreja romana
(que ele não havia implantado) e explicou por que pretendia visitá-la.
F ATOS C U L T U R AIS E D ESTA Q U ES
Durante muitos anos, Paulo desejou visitar Roma para ministrar ali (1.13-15). Alguns supõem que ele esperava usar Roma como base para
seu empreendimento missionário na Espanha e escreveu esta carta para explicar a natureza de sua obra. Outros sugerem que o objetivo
da epístola era pastoral: tratar das divisões existentes naquela igreja (14.1—15.6). Outros, ainda, postulam um objetivo apologético: o
evangelho de Paulo estava sendo atacado, e ele precisava defender seu ensino fundamental de que “o justo viverá pela fé” (1.17) da
acusação caluniosa de que ele pregava um evangelho antinomista e libertino (3.8). Qualquer que seja o objetivo do apóstolo, está claro que
a preocupação principal do livro é a relação entre judeus e gentios no abrangente plano de Deus para a salvação.
L IN H A D O TEM P O
Nascimento de Jesus (ca. 6/ 5 a.C.)
Morte, ressurreição e ascensão de Jesus (ca. 30 d.C.)
A conversão de Paulo (ca. 35 d.C.)
As viagens missionárias de Paulo (ca. 46-67 d.C.)
Reinado de Nero (ca. 54-68 d.C.)
Redação da carta aos Romanos (ca. 57 d.C.)
Primeira prisão de Paulo em Roma (ca. 59-62 d.C.)
Prisão e morte de Paulo em Roma (ca. 67-68 d.C.)
Destruição do templo de Jerusalém (ca. 70 d.C.)
10 a.c.	 d.c.1	10	20	30	40	50	60	70	80	90	100
EN Q U ANTO VO C Ê L Ê
Atente para os temas recorrentes de fé e obras, lei e graça, pecado e justiça, juízo e justificação e para a explicação sistemática e abran-
gente do evangelho de Paulo: os gentios vieram de um contexto de idolatria e incredulidade, ao contrário dos judeus, cuja herança incluía
o conhecimento da Lei e as promessas de Deus. Apesar disso, todos pecaram (cap. 1—3). A justificação é pela fé, não por obras, ainda
que isso não seja uma permissão para viver uma vida de pecado (cap. 4—6). Os judeus, que antes buscavam a justiça nas obras, não a
encontraram, enquanto os gentios, que não buscavam Deus na Lei, encontraram-no e foram enxertados, por meio da fé, no verdadeiro
Israel. Isso se dá por causa da eleição divina e do plano de Deus — que, mesmo assim, se lembrou de seu povo, Israel (cap. 9—11). Sobre
o alicerce da fé, Paulo passa a tratar de questões relativas à vida cristã no dia a dia (cap. 12—15).
I n t r o d u ç ã o a r o m a n o s1 4
VO C Ê SA B IA ?
•	 Os judeus da época, por terem a Lei mosaica, consideravam-se superiores aos gentios (2.1).
•	 Costumava-se guardar nos templos pagãos grandes quantidades de riquezas (2.22)
•	 Nos tempos do NT, o batismo acontecia logo depois da conversão. Isso fazia que ambos fossem considerados aspectos de um único
ato (6.3,4).
•	 A adoção era comum entre os gregos e romanos, e eram garantidos ao filho adotado todos os privilégios de um filho legítimo, inclusive
direitos de herança (8.15).
TEMAS
O livro de Romanos contém os seguintes temas:
1. A fidelidade de Deus. Um tema central de Romanos é a fidelidade da aliança de Deus. Sua fidelidade à promessa feita ao patriarca Abraão
é revelada na salvação baseada na fé. Judeus e gentios encontram justiça diante de Deus por meio da fé em Jesus (3.21-26).
2. Justiça. Nem judeus nem gentios têm méritos pessoais diante de Deus. Todos, à exceção de Cristo, estão debaixo de sua ira (2.1—3.20).
Mas há boas notícias: pela morte de Cristo, Deus credita a justiça dele próprio a todos os que creem e confiam em sua promessa de
salvação em Cristo (3.21—5.21). Unidos a Jesus, os cristãos são capacitados, pelo poder do Espírito Santo, a viver uma vida justa aqui e
agora (6.1—8.39).
3. Reconciliação. Romanos ressalta a preocupação de Paulo com a reconciliação racial e sensibilidade para com as culturas. Seus con­
selhos para a solução dos conflitos internos da igreja (14.1—15.6) exaltam a atitude de Cristo como exemplo para nós (15.1-6). Paulo
reitera o ensino de Jesus, segundo o qual o amor ao próximo cumpre o intento da Lei (13.8-10).
S U M Á R IO
I. Introdução (1.1-15)
II. Tema: A justiça que vem de Deus (1.16,17)
III. A injustiça de toda a humanidade (1.18—3.20)
IV. A justificação (3.21—5.21)
A. A justiça vem somente por meio de Cristo (3.21-26)
B. A justiça é recebida pela fé (3.27—4.25)
C. A paz e a alegria são frutos da justiça (5.1-11)
D. Morte por meio de Adão, vida por meio de Cristo (5.12-21)
V. Santificação (6—8)
A. Escravos do pecado ou escravos da justiça (6)
B. A luta contra o pecado (7)
C. A vida fortalecida pelo Espírito (8)
VI. O reconhecimento da justiça de Deus: o problema da rejeição de Israel (9—11)
A. A escolha soberana de Deus (9.1-29)
B. A incredulidade de Israel (9.30—10.21)
C. O remanescente e os galhos enxertados (11)
VII. A justiça praticada (12.1—15.13)
VIII. Conclusão (15.14—16.27)
1Paulo, servoa de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo,a separadob para o evangelho de Deus,c
2 o qual foi prometido por ele de antemão por meio dos seus profetas nas Escrituras Sagradas,d
3 acerca de seu Filho, que, como homem,e era descendente de Davi, 4 e que mediante o Espíritob
de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, pela sua ressurreição dentre os mortos: Jesus
Cristo, nosso Senhor. 5 Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para
chamar dentre todas as naçõesf um povo para a obediência que vem pela fé.g 6 E vocês também estão
entre os chamados para pertencerem a Jesus Cristo.h
7 A todos os que em Roma são amados de Deusi e chamados para serem santos:
A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.j
Paulo Anseia Visitar a Igreja em Roma
8 Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês,k porque em todo o
mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm.l 9 Deus, a quem sirvom de todo o coração pregando
o evangelhodeseuFilho,éminhatestemunhandecomosempremelembrodevocês10 emminhasorações;
epeçoqueagora,finalmente,pelavontadedeDeus,mesejaabertoocaminhoparaqueeupossavisitá-los.o
11 Anseio vê-los,p a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los,12 isto
é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé. 13 Quero que vocês saibam, irmãos,
que muitas vezes planejei visitá-los, mas fui impedido até agora.q Meu propósito é colher algum fruto
entre vocês, assim como tenho colhido entre os demais gentiosc.
14 Soudevedorr tantoagregoscomoabárbarosd,tantoasábioscomoaignorantes.15 Porissoestou
disposto a pregar o evangelho também a vocês que estão em Roma.s
16 Não me envergonho do evangelho,t porque é o poder de Deusu para a salvação de todo aquele
que crê: primeiro do judeu,v depois do grego.w 17 Porque no evangelho é reveladax a justiça de Deus,
uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”e.y
A Ira de Deus contra a Humanidade
18 Portanto, a ira de Deusz é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que
suprimem a verdade pela injustiça, 19 pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,
porque Deus lhes manifestou.a 20 Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu
eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das
coisas criadas,b de forma que tais homens são indesculpáveis; 21 porque, tendo conhecido a Deus, não
o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e
o coração insensato deles obscureceu-se.c 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucosd 23 e trocaram a
glória do Deus imortal por imagense feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de
pássaros, quadrúpedes e répteis.
24 Por isso Deus os entregouf à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração,
para a degradação do seu corpo entre si.g 25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira,h e adoraram e
serviram a coisasi e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre.j Amém.
26 Por causa disso Deus os entregouk a paixões vergonhosas.l Até suas mulheres trocaram suas
relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.m 27 Da mesma forma, os homens
a  1.1 Isto é, escravo.
b  1.4 Ou que quanto a seu espírito.
c  1.13 Isto é, os que não são judeus; também em todo o livro de Romanos.
d  1.14 Isto é, aqueles que não possuíam cultura grega.
e  1.17 Hc 2.4.
R o m a n o s 1 . 2 7 1 5
1.1 a1Co 1.1;
bAt 9.15; c2Co 11.7
1.2 dGl 3.8
1.3 eJo 1.14
1.5 fAt 9.15;
gAt 6.7
1.6 hAp 17.14
1.7 iRm 8.39;
j1Co 1.3
1.8 k1Co 1.4;
lRm 16.19
1.9 m2Tm 1.3;
nFp 1.8
1.10 oRm 15.32
1.11 pRm 15.23
1.13 qRm 15.22,23
1.14 r1Co 9.16
1.15 sRm 15.20
1.16 t2Tm 1.8;
u1Co 1.18;
vAt 3.26;
wRm 2.9,10
1.17 xRm 3.21;
yHc 2.4; Gl 3.11;
Hb 10.38
1.18 zEf 5.6; Cl 3.6
1.19 aAt 14.17
1.20 bSl 19.1-6
1.21 cJr 2.5;
Ef 4.17,18
1.22 d1Co 1.20,27
1.23 eSl 106.20;
Jr 2.11; At 17.29
1.24 fEf 4.19;
g1Pe 4.3
1.25 hIs 44.20;
iJr 10.14; jRm 9.5
1.26 kv. 24,28;
l1Ts 4.5;
mLv 18.22,23
1.27 nLv 18.22;
20.13
1.1-7 As cartas antigas geralmente começavam com uma identificação
simples do remetente e dos destinatários, seguida de uma saudação (ver
“As cartas no mundo greco-romano”, em 2Co 3). As cartas do NT se-
guem esse padrão, mas nenhuma introdução é tão elaborada como a
carta de Paulo aos cristãos de Roma, talvez porque estivesse escrevendo
para uma igreja que ele nunca visitara. Paulo usa seis versículos para se
identificar, antes de mencionar seu público e saudá-lo.
1.1 A palavra grega aqui traduzida por “servo” significa literalmente
“escravo”, aquele que pertence a seu dono e não tem liberdade para ir
embora (ver “Trabalho e bem-estar no mundo antigo”, em 2Ts 3; e
“Escravidão no mundo greco-romano”, em Fm).
1.2 Sobre as “Escrituras Sagradas”, ver “O Antigo Testamento da igreja
primitiva”, 2Tm 3.
1.7 Ver “Roma”, em Rm 2.
.1.13 A palavra grega traduzida por “irmãos” era usada no tempo de
Paulo quando alguém se dirigia a uma multidão ou comunidade que
incluía homens e mulheres (ver At 1.14-16).
1.14 Os “gregos” são os gentios que falavam grego ou seguiam o estilo
grego de vida, embora fossem cidadãos do Império Romano e falassem
latim.
“Bárbaros” (i.e., os não gregos) é uma palavra que provavelmente imi-
tava o som, ininteligível aos ouvidos gregos, dos idiomas de outros
povos.
1.18 A ira de Deus não é igual à ira egoísta e imprevisível atribuída aos
deuses míticos com os quais o público romano de Paulo estava familiari-
zado (ver “Os deuses dos gregos e dos romanos”, em Gl 4).
1.27 A expressão “atos indecentes” é uma referência à sodomia, pela qual
Sodoma se tornou conhecida (Gn 19.5). Deus proibiu estritamente essa
prática (Dt 23.17) Ela geralmente estava em conexão com a adoração
pagã, e sua inclusão era sinal de distanciamento do Senhor (1Rs 14.24).
Asa (1Rs 15.12) e Josafá tomaram medidas contra esse pecado (1Rs
22.46), mas sua prática continuou: na época de Josias, era praticada até
mesmo na casa do Senhor (2Rs 23.7).
também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos
outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o
castigo merecido pela sua perversão.n
28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregouo a uma dispo-
sição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. 29 Tornaram-se cheios de toda sorte de
injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e
malícia. São bisbilhoteiros,p 30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos;
inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais;q 31 são insensatos, desleais, sem amor
pela família,r implacáveis. 32 Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que pra-
ticam tais coisas merecem a morte,s não somente continuam a praticá-las, mas também aprovamt
aqueles que as praticam.
R o m a n o s 1 . 2 81 6
NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS
1.28 ov. 24,26
1.29 p2Co 12.20
1.30 q2Tm 3.2
1.31 r2Tm 3.3
1.32 sRm 6.23;
tSl 50.18;
Lc 11.48; At 8.1;
22.20
ROMANOS 1 Em Romanos 1.24-32,
Paulo descreve a depravação dos
gentios. Cita a homossexualidade
como o exemplo mais importante
e comprobatório de sua reprova-
ção. Com esse comportamento, eles
demonstravam a realidade de que
rejeitar a Deus conduz à perversão
de tudo o que é bom e correto. De
fato, a homossexualidade difundida
é prova irrefutável de que uma cul-
tura está sob juízo divino.
Hoje, entretanto, muitos intér-
pretes afirmam que ler Romanos 1 à
luz da realidade cultural do mundo
greco-romano revela que Paulo não
estava, na verdade, condenado a
homossexualidade em si, mas repro-
vando uma versão particularmente
sensual e promíscua dessa inclinação
sexual. Ou seja, de acordo com esses
estudiosos, a homossexualidade, no
contexto de um relacionamento cui-
dadoso e amável, não só é aceitável,
como não fazia parte das preocupações de
Paulo.
Essa interpretação baseia-se numa dis-
torção do que conhecemos sobre as práticas
e crenças antigas. A homossexualidade era
muito comum no mundo grego e durante o
período do NT difundiu-se também no mun-
do romano. Na época, como agora, havia
orgias homossexuais, porém muitas outras
variedades de comportamento homossexual
eram praticadas. Entretanto, não podemos
afirmar que o comportamento homosse-
xual pagão era estritamente orgiástico. Os
homens gregos envolviam-se em relacio-
namentos homossexuais com adolescentes.
Muitos, na verdade, consideravam isso
uma experiência para atingir a maturidade.
Qualquer atração homossexual era descrita
com termos românticos. Poetas e poetisas
celebravamseuamorporpessoasdo mesmo
sexo.Safo(ca.630a.C.)foiapoetisamaisfa-
mosa desse gênero, embora a natureza pre-
cisa de seu relacionamento com a mulher de
seupoemasejaalvodedebates.Oimperador
romanoAdrianoeratãodominadopeloamor
passional por um jovem chamado Antínoo
que, quando o objeto de sua afeição se afo-
gou,oimperadordeprimidodecretou
queelefosseadoradocomoumdeus.
Os judeus, no entanto, conside-
ravam os homossexuais depravados
por natureza — atitude fundamen-
tada em textos bíblicos, como Leví-
tico 18.22. Os escritos judaicos desse
períodotratavamaatividadehomos-
sexual como digna de morte. Paulo,
longe de discordar desse ponto de
vista, endossou-a rigorosamente
(1Co 6.9). É importante observar, no
entanto, que nem Paulo nem seus
contemporâneos judeus faziam dis-
tinção entre homossexualidade legal
e ilícita. Para eles, tal preferência
sexual era, por natureza, errada em
qualquercontexto.
Há evidências de que mesmo os
gregos podiam estar cientes de que
esse comportamento era depravado.
Aristófanes, poeta cômico grego,
fazia piadas sobre o comportamento
homossexual (ainda que o utilizasse
como artifício cômico). Por exemplo, em
Mulheres na Tesmoforia, ridiculariza sem
piedade a homossexualidade notória do
poeta Agatão. Seria exagero afirmar que
Aristófanes se opunha à prática homosse-
xual,massuacomédiaindicaumaconsciência
preocupada com esse comportamento na
cultura em que estava inserido. Platão, por
sua vez, em seus primeiros diálogos, aprova
o comportamento homossexual, porém, já
no final de sua carreira, observa em suas Leis
que a relação sexual homossexual era larga-
mentereconhecidacomonãonatural.
Imperador Adriano
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu de Israel
Homossexualidade no mundo antigo
O Justo Juízo de Deus
2Portanto, você, que julga os outros é indesculpável;u pois está
condenando você mesmo naquilo em que julga, visto que
você, que julga, pratica as mesmas coisas.v 2 Sabemos que o juízo
de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade.
3 Assim, quando você, um simples homem, os julga, mas pratica
as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus? 4 Ou
será que você despreza as riquezasw da sua bondade,x tolerânciay
e paciência,z não reconhecendo que a bondade de Deus o leva
ao arrependimento?a
5 Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obsti-
nado, você está acumulando ira contra você mesmo, para o dia da
ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento.b 6 Deus
“retribuirá a cada um conforme o seu procedimento”a.c 7 Ele dará
vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória,
honrad e imortalidade.e 8 Mas haverá ira e indignação para os que
são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça.f 9 Have-
rá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal:
primeiro para o judeu, depois para o grego;g 10 mas glória, honra e
paz para todo o que pratica o bem: primeiro para o judeu, depois para o grego.h 11 Pois em Deus não
há parcialidade.i
12 Todo aquele que pecar sem a Lei, sem a Lei também perecerá, e todo aquele que pecar sob a Lei,j
pela Lei será julgado. 13 Porque não são os que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas
os que obedecemk à Lei, estes serão declarados justos. 14 (De fato, quando os gentios, que não têm a
Lei, praticam naturalmente o que ela ordena,l tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam
a Lei; 15 pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho
também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os.) 16 Isso tudo
se verá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens,m mediante Jesus Cristo,n conforme
o declara o meu evangelho.o
Os Judeus e a Lei
17 Ora,vocêlevaonomedejudeu,apoia-senaLeieorgulha-sedeDeus.p 18 Vocêconheceavontade
de Deus e aprova o que é superior, porque é instruído pela Lei. 19 Você está convencido de que é guia
de cegos, luz para os que estão em trevas, 20 instrutor de insensatos, mestre de crianças, porque tem
na Lei a expressão do conhecimento e da verdade. 21 E então? Você, que ensina os outros, não ensina
a você mesmo? Você, que prega contra o furto, furta?q 22 Você, que diz que não se deve adulterar,
adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos?r 23 Você, que se orgulha da Lei,s desonra a
Deus, desobedecendo à Lei? 24 Pois, como está escrito: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios
por causa de vocês”b.t
25 A circuncisão tem valor se você obedece à Lei;u mas, se você desobedece à Lei, a sua circuncisão
já se tornou incircuncisão.v 26 Se aqueles que não são circuncidados obedecem aos preceitos da Lei,w
não serão eles considerados circuncidados?x 27 Aquele que não é circuncidado fisicamente, mas obe-
dece à Lei, condenará vocêy que, tendo a Lei escrita e a circuncisão, é transgressor da Lei.
28 Não é judeu quem o é apenas exteriormente,z nem é circuncisão a que é meramente exterior e
física.a 29 Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito,b
e não pela Lei escrita.c Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus.d
a  2.6 Sl 62.12; Pv 24.12.
b  2.24 Is 52.5; Ez 36.22.
R o m a n o s 2 . 2 9 1 7
2.1 uRm 1.20;
v2Sm 12.5-7;
Mt 7.1,2
2.4 wRm 9.23;
Ef 1.7,18; 2.7;
xRm 11.22;
yRm 3.25;
zÊx 34.6; a2Pe 3.9
2.5 bJd 6
2.6 cSl 62.12;
Mt 16.27
2.7 dv. 10;
e1Co 15.53,54
2.8 f2Ts 2.12
2.9 g1Pe 4.17
2.10 hv. 9
2.11 iAt 10.34
2.12 jRm 3.19;
1Co 9.20,21
2.13 kTg 1.22,23,
25
2.14 lAt 10.35
2.16 mEc 12.14;
nAt 10.42;
oRm 16.25
2.17 pv. 23;
Mq 3.11; Rm 9.4
2.21 qMt 23.3,4
2.22 rAt 19.37
2.23 sv. 17
2.24 tIs 52.5;
Ez 36.22
2.25 uGl 5.3;
vJr 4.4
2.26 wRm 8.4;
x1Co 7.19
2.27 yMt 12.41,42
2.28 zMt 3.9;
Jo 8.39; Rm 9.6,7;
aGl 6.15
2.29 bFp 3.3;
Cl 2.11; cRm 7.6;
dJo 5.44; 1Co 4.5;
2Co 10.18;
1Ts 2.4; 1Pe 3.4
2.1 Os judeus da época, por terem a Lei mosaica, consideravam-se
superiores aos gentios. De acordo com eles, os gentios nada sabiam da
revelação de Deus e tinha um estilo de vida imoral.
2.22 Costumava-se guardar nos templos pagãos grandes quantidades de
riquezas.
2.25 A circuncisão era um sinal da aliança que Deus firmou com Israel
e penhor da bênção decorrente dessa aliança (ver Gn 17 e nota; ver tam-
bém “Homossexualidade no mundo antigo”, em Rm 1).
Se alguém faz a observação despreocupa-
damenteoucomtodaaseriedade,ooutro
deveobservarque,quandoocorpomacho
se une para a procriação com a fêmea,
o prazer que apoia isso é compreendido
como de acordo com a natureza, mas
quando um macho se une a outro macho,
ou uma fêmea a outra fêmea, é fora dos
limites da natureza. Esse ultraje era ini-
cialmente feito por pessoas cujo desejo de
prazererasemautocontrole.
—Platão sobre a homossexualidade
DePlatão,Leis,636c(traduçãoporDuaneGarrett)
Veroartigo“Homossexualidadenomundoantigo”,
emRm1.
Vozes antigas
R o m a n o s 2 . 2 91 8
S Í T I OS AR Q U E O L Ó G I C OS
ROMANOS 2 No primeiro século d.C.,
Romatinhacercadeummilhãodehabitan-
tes. A cidade era lar de vários templos, tais
comootemplodeConcorde,odeCastoreo
de Vesta. O último era uma estrutura mo-
desta, porém antiga, dedicada à deusa do
lar e servido pelas virgens vestais. O antigo
centro da vida religiosa, cultural, comercial
e política era o Fórum, embora no primeiro
século houvesse outros fóruns (como o Fó-
rum de Augusto e o Fórum de Júlio César)
ali perto.
César Augusto e seu tenente M. Ves-
pasiano Agripa haviam comandado várias
construções em Roma um século antes.1
Suas obras incluíam o Panteão (templo de-
dicado a todos os deuses de Roma),2 o Altar
da Paz, residência imperial na colina Pala-
tina, o templo de Júlio César, um arco do
triunfo, aquedutos e sistemas de esgoto e
várias outras estruturas. Augusto gabava-se
de que havia encontrado Roma como uma
cidade de pedra e que a deixou como
uma cidade de mármore.
Ainda assim, muitos dos moradores de
Roma viviam na miséria. Massivas constru-
çõesdeapartamentoschamadosinsulae(lit.
“ilhas”) estavam espalhadas pela cidade.3
Além de serem infestadas de delinquentes,
essasconstruçõeseramáreasdealtoriscode
incêndios:em64d.C.,umincêndiodevastou
três dos catorze bairros da cidade, deixando
apenas quatro incólumes. Nero, imperador
na época, usou a terra desnudada pelo fogo
para construir uma extravagante residência
parasi,quedenominouDomusAurea(“casa
dourada”).4 O famoso Coliseu, anfiteatro
com capacidade para 50 mil pessoas senta-
das, foi dedicado em 80 d.C. O arco de Tito,
construído em 81 d.C., comemora o saque
deJerusalémpelosromanos.5
Roma era lar de uma população etnica-
mente misturada, inclusive de um número
significativo de judeus.6 Os grupos étnicos
tendiam a se agrupar em bairros diferentes,
e a cidade era caracterizada por severa dife-
rença de classes. Entre um terço e metade
dos moradores de Roma eram escravos ou
escravos recém-libertos, embora aqueles
nãoestivessemnecessariamentenabaseda
hierarquia social.7 É provável que os pobres
livres experimentassem a sina mais difícil
e vivessem nas condições mais difíceis. Os
necessitados dependiam do donativo do
governo e podiam rapidamente se tornar
umaturba(daíoditadodequeopovoexigia
“pãoecirco”).
Roma, o centro de comércio do império,
era facilmente acessível por meio de uma
rede de estradas e canais. Como as vizi-
nhanças étnicas, o mercado era organizado
em quarteirões agrupados de acordo com
as categorias comercializadas. Isso facilitava
ao visitante estrangeiro o encontro com
outros de sua confraria e aos consumidores
alocalizaçãorápidadositensquedesejavam
comprar. Os que compartilhavam de deter-
minada profissão geralmente formavam
clubes e associações, o que lhes permitia
uma vida social em comum e uma comuni-
dadedenegóciosafins.8
A Basílica de São Pedro está localizada
no sítio tradicional (mas não comprovado)
em que o apóstolo Pedro foi sepultado,
enquanto a Basílica de São Paulo, fora dos
muros da cidade, marca o local de sepul-
tamento tradicional desse apóstolo. Uma
placa encontrada ali, datada do período
de Constantino, contém a inscrição PAULO
APOSTOLO MART[YRI] (“Ao apóstolo Paulo,
mártir”).9
ROMA
1Ver “César Augusto, imperador de Roma; o censo; Quirino, governador da Síria”, em Lc 1.  2Ver “Os deuses dos gregos e dos romanos”, em Gl 4.  3Ver “Casas na Terra
Santa do século I d.C.: a casa de Pedro em Cafarnaum; Insulae”, em Mt 14.  4Ver “Nero, o perseguidor dos cristãos”, em Fp 4.  5Ver “Josefo e a queda de Jerusalém”,
em Mt 24.  6Ver “A diáspora judaica no século I d.C.”, em At 2.  7Ver “Escravidão no mundo greco-romano”, em Fm.  8Ver “As viagens no mundo greco-romano”, em
1Ts 3; e ”Comércio e mercantilismo no Império Romano”, em Ap 18.  9Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na preservação dos locais sagrados”, em Jo 19.
A colina Palatina, em Roma
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Ministério de Propriedades e Atividades Culturais — Superintendência Arqueológica de Roma
3Que vantagem há então em ser judeu, ou que utilidade há na circuncisão? 2 Muita, em todos os
sentidos! Principalmente porque aos judeus foram confiadas as palavras de Deus.e
3 Que importa se alguns deles foram infiéis?f A sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?g 4 De
maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro,h e todo homem mentiroso.i Como está escrito:
“Para que sejas justificado nas tuas palavras
e prevaleças quando fores julgado”a.j
5 Mas,seanossainjustiçaressaltademaneiraaindamaisclaraajustiçadeDeus,quediremos?Que
Deus é injusto por aplicar a sua ira? (Estou usando um argumento humano.)k 6 Claro que não! Se fosse
assim, como Deus iria julgar o mundo?l 7 Alguém pode alegar ainda: “Se a minha mentira ressalta a
veracidade de Deus, aumentando assim a sua glória,m por que sou condenado como pecador?” 8 Por
que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: “Façamos o mal, para que nos
venha o bem”?n A condenação dos tais é merecida.
Ninguém é Justo
9 Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagemb? Não! Já demonstramos que tanto
judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.o 10 Como está escrito:
“Não há nenhum justo, nem um sequer;
11 não há ninguém que entenda,
ninguém que busque a Deus.
12 Todos se desviaram,
tornaram-se juntamente inúteis;
não há ninguém que faça o bem,
não há nem um sequer”c.p
13 “Sua garganta é um túmulo aberto;
com a língua enganam”d.q
“Veneno de víbora está em seus lábios”e.r
14 “Sua boca está cheia de maldição e amargura”f.s
15 “Seus pés são ágeis para derramar sangue;
16 ruína e desgraça marcam os seus caminhos,
17 e não conhecem o caminho da paz”g.
18 “Aos seus olhos é inútil temer a Deus”h.t
19 SabemosquetudooqueaLeidiz,u odizàquelesqueestãodebaixodela,v paraquetodabocasecalee
omundotodoestejasobojuízodeDeus.20 Portanto,ninguémserádeclaradojustodiantedelebaseando-
-se na obediência à Lei,w pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado.x
A Justiça por meio da Fé
21 Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus,y independente da Lei, da qual
testemunham a Lei e os Profetas,z 22 justiça de Deus mediante a féa em Jesus Cristo para todos os
a  3.4 Sl 51.4.
b  3.9 Ou desvantagem.
c  3.10-12 Sl 14.1-3; Sl 53.1-3; Ec 7.20.
d  3.13 Sl 5.9.
e  3.13 Sl 140.3.
f  3.14 Sl 10.7.
g  3.15-17 Is 59.7,8.
h  3.18 Sl 36.1.
R o m a n o s 3 . 2 2 1 9
3.2 eDt 4.8;
Sl 147.19
3.3 fHb 4.2;
g2Tm 2.13
3.4 hJo 3.33;
iSl 116.11; jSl 51.4
3.5 kRm 6.19;
Gl 3.15
3.6 l Gn 18.25
3.7 mv. 4
3.8 nRm 6.1
3.9 ov. 19,23;
Gl 3.22
3.12 pSl 14.1-3
3.13 qSl 5.9;
rSl 140.3
3.14 sSl 10.7
3.18 tSl 36.1
3.19 uJo 10.34;
vRm 2.12
3.20 wAt 13.39;
Gl 2.16; xRm 7.7
3.21 yRm 1.17;
9.30; zAt 10.43
3.22 aRm 9.30;
bRm 10.12;
Gl 3.28; Cl 3.11
3.8 O antinomismo é a ideia de que a lei moral não se aplica aos cristãos,
que estão, em vez disso, sob a lei da graça. Porque a salvação não vem
por meio de obras, mas pela graça, pensava-se, o esforço moral podia ser
diminuído. Paulo pensava que esse tipo de heresia se havia infiltrado na
igreja (1Co 5 e 6). Outros escolheram deturpar o ensino de Paulo a res-
peito da graça (como nesse versículo), e Paulo demonstrou o absurdo do
ataque (Rm 6.1,15). Desde o primeiro século até nossos dias, pessoas e
grupos tentaram combinar a vida espiritual com a permissividade moral,
mas a Escritura não deixa dúvidas de que a nova vida em Cristo significa
a morte para os antigos desejos malignos (Gl 5.24).
3.10-18 Vários fatores explicam por que as citações do AT nem sempre
são exatamente literais no NT. 1) As citações feitas no NT às vezes se
ocupavam do sentido geral, sem a pretensão de ser literais. 2) O grego
não usava aspas nas citações. 3) As citações eram muitas vezes tomadas
da tradução grega (a Septuaginta) do AT hebraico, porque os leitores de
língua grega não tinham familiaridade com a Bíblia hebraica. 4) Às vezes,
o escritor do NT, para ressaltar a lição que ensinava, propositadamente
aumentava, abreviava ou adaptava um texto do AT ou combinava dois
ou mais textos (ver “A Septuaginta e seu uso no Novo Testamento”,
em Hb 11).
3.21 “A Lei e os Profetas” são Escrituras do AT em sua totalidade (ver
“O Antigo Testamento da igreja primitiva”, em 2Tm 3).
3.22-25 Paulo valeu-se de várias dimensões da experiência humana de
seus dias. “Justificação” faz parte do jargão jurídico: é quando um juiz
declara um réu inocente. “Redenção” vem do mundo do comércio e da
escravidão: a pessoa podia redimir escravos, comprando-lhes a liberdade.
“Sacrifício para propiciação”, obviamente, é linguagem da religião: o ato
de se apresentar uma oferta que toma o lugar do culpado.
que creem. Não há distinção,b 23 pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, 24 sendo
justificadosgratuitamenteporsuagraça,c pormeiodaredençãod queháemCristoJesus.25 Deusoofe-
receu como sacrifício para propiciaçãoae mediante a fé, pelo seu sangue,f demonstrando a sua justiça.
Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidosg; 26 mas, no presente,
demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde está, então, o motivo de vanglória?h É excluído. Baseado em que princípio? No da obe-
diência à Lei? Não, mas no princípio da fé. 28 Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé,
a  3.25 Ou como sacrifício que desviava a sua ira, removendo o pecado.
R o m a n o s 3 . 2 32 0
NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS
3.24 cRm 4.16;
Ef 2.8; dEf 1.7,14;
Cl 1.14; Hb 9.12
3.25 e1Jo 4.10;
fHb 9.12,14;
gAt 17.30
3.27 hRm 2.17,23;
4.2; 1Co 1.29-31;
Ef 2.9
ROMANOS 3 O significado da circuncisão
entre os não israelitas do mundo antigo é
debatido entre os especialistas (se era um
rito de casamento ou da puberdade ou se
era praticado por questões higiênicas).
Mas, para Israel, o rito era um “sinal” do
penhor da aliança do povo que tinha de
“andar diante [Yahweh]1 e ser íntegro”
(Gn17.1,11).Oprocedimentoerarealizado
no órgão reprodutor masculino a fim de
lembrar o receptor de que o juramento
de fidelidade era compulsório tanto para
elequantoparaseusdescendentes.Também
é provável que o corte ritual, no contexto
da aliança (cf. Gn 15.7-18; Jr 34.17-20),
apontasse para a maldição de ser “corta-
do”, que devia ser lançada sobre todos os
que violassem a aliança (cf. Gn 17.14; Êx
4.25).
A retirada por completo do prepúcio
fez da circuncisão uma marca de diferen-
ciação étnica para Israel, pois separava os
machos israelitas dos egípcios e de muitos
dos vizinhos ocidentais semitas de Israel
(cf. Jr 9.24,25) que realizavam o rito apenas
fendendo o prepúcio; dos filisteus “incircun-
cisos” e dos semitas orientais da Mesopotâ-
mia, que não praticavam de forma alguma o
ritual; finalmente, dos gregos e dos romanos
dos períodos intertestamental e do NT, que
rejeitavamtodaformadecircuncisão.
Não é surpresa que, para Israel, o termo
“prepúcio” gerasse uma conotação negativa,
vindo a representar tudo que se opunha a
Deus e a seu povo. Ao mesmo tempo, o ter-
mo“circuncisão”erausadometaforicamente
para designar alguém que renunciou às
práticas pagãs e que agora era inteiramente
devotado a Yahweh (Dt 10.16; Jr 4.4). Com
o estabelecimento da fé cristã, todas as
marcas nacionais, como a circuncisão física,
perderam o valor, e o povo de Deus tornou-
-se diferente apenas pela fé, que se desen-
volvia em amor — o verdadeiro sinal de sua
identificaçãocomoMessiaspormeiodaobra
transformadora do Espírito (Rm 2.28,29; Gl
5.6; 6.14-16; cf. Dt 30.6; Jr 31.33; 32.39; Ez
36.26,27).
1Ver o Glossário na p. 2080 para as definições das palavras em negrito.
Texto grego de Romanos 3; Egito, século III d.C.
© The Schøyen Collection; cortesia do sr. Martin Schøyen
Circuncisão no mundo antigo
R o m a n o s 4 . 2 1 2 1
independentedaobediênciaàLei.i 29 DeuséDeusapenasdosjudeus?
Ele não é também o Deus dos gentios? Sim, dos gentios também,j
30 vistoqueexisteumsóDeus,quepelaféjustificaráoscircuncisos
e os incircuncisos.k 31 Anulamos então a Lei pela fé? De maneira
nenhuma! Ao contrário, confirmamos a Lei.
Abraão Foi Justificado pela Fé
4Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão? 2 Se
de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se
gloriar, mas não diante de Deus.l 3 Que diz a Escritura? “Abraão
creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.”am
4 Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado
comofavor,n mascomodívida.5 Todavia,àquelequenãotrabalha,
mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada
como justiça. 6 Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade
do homem a quem Deus credita justiça independente de obras:
7 “Como são felizes aqueles
que têm suas transgressões
perdoadas, cujos pecados são apagados!
8 Como é feliz aquele
a quem o Senhor não atribui culpa!”bo
9 Destina-se essa felicidade apenas aos circuncisos ou também
aos incircuncisos?p Já dissemos que, no caso de Abraão, a fé lhe foi
creditada como justiça.q 10 Sob quais circunstâncias? Antes ou de-
pois de ter sido circuncidado? Não foi depois, mas antes! 11 Assim
ele recebeu a circuncisão como sinal, como selo da justiça que ele
tinha pela fé, quando ainda não fora circuncidado.r Portanto, ele é
o pais de todos os que creem,t sem terem sido circuncidados, a fim
de que a justiça fosse creditada também a eles; 12 e é igualmente o
paidoscircuncisosquenãosomentesãocircuncisos,mastambém
andam nos passos da fé que teve nosso pai Abraão antes de passar
pela circuncisão.
13 Não foi mediante a Lei que Abraão e a sua descendência
receberam a promessau de que ele seria herdeiro do mundo,v mas
mediante a justiça que vem da fé. 14 Pois, se os que vivem pela Lei
são herdeiros, a fé não tem valor, e a promessa é inútil;w 15 porque
a Lei produz a ira.x E onde não há Lei, não há transgressão.y
16 Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graçaz e seja assim garantidaa
a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da Lei, mas também aos que
têm a fé que Abraão teve. Ele é o pai de todos nós. 17 Como está escrito: “Eu o constituí pai de muitas
nações”c.b Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vidac aos mortos e chamad
à existência coisas que não existem,e como se existissem.
18 Abraão,contratodaesperança,emesperançacreu,tornando-seassimpaidemuitasnações,f como
foi dito a seu respeito: “Assim será a sua descendência”d.g 19 Sem se enfraquecer na fé, reconheceu que
o seu corpo já estava sem vitalidade,h pois já contava cerca de cem anos de idade,i e que também o
ventredeSarajáestavasemvigor.j 20 Mesmoassimnãoduvidounemfoiincréduloemrelaçãoàpromessa
deDeus,masfoifortalecidoemsuaféedeuglóriaaDeus,k 21 estandoplenamenteconvencidodequeele
a  4.3 Gn 15.6.
b  4.7,8 Sl 32.1,2.
c  4.17 Gn 17.5.
d  4.18 Gn 15.5.
3.28 iv. 20,21;
At 13.39; Ef 2.9
3.29 jRm 9.24
3.30 kGl 3.8
4.2 l1Co 1.31
4.3 mv. 5,9,22;
Gn 15.6; Gl 3.6;
Tg 2.23
4.4 nRm 11.6
4.8 oSl 32.1,2;
2Co 5.19
4.9 pRm 3.30; qv. 3
4.11 rGn 17.10,11;
sv. 16,17; Lc 19.9;
tRm 3.22
4.13 uGl 3.16,29;
vGn 17.4-6
4.14 wGl 3.18
4.15 xRm 7.7-25;
1Co 15.56;
2Co 3.7; Gl
3.10; Rm 7.12;
yRm 3.20; 7.7
4.16 zRm 3.24;
aRm 15.8
4.17 bGn 17.5;
cJo 5.21; dIs 48.13;
e1Co 1.28
4.18 fv. 17;
gGn 15.5
4.19 hHb 11.11,12;
iGn 17.17;
jGn 18.11
4.20 kMt 9.8
4.9-17 No pensamento judaico, uma distinção permanecia entre os
descendentes de Abraão — os participantes da aliança — e as “outras”
nações, que também receberam benefícios por meio de Abraão de alguns
modos não definidos. Paulo quebrou essa distinção: gentios e judeus são
“descendentes” de Abraão, beneficiários das bênçãos provenientes da
aliança de Deus.
4.11 Ver “Circuncisão no mundo antigo”, em Rm 3.
AgoraelesdeixaramTrebônio,membroda
conspiração, para atrasar Antônio à porta
com conversas. Os outros permaneceram
ao lado de César enquanto ele estava sen-
tado em sua cadeira, como se fossem seus
amigos, mas haviam escondido adagas.
Um do grupo, Tílio Cimber, aproximou-
-se de seu rosto e perguntou pelo retorno
de seu irmão exilado. Enquanto César
respondia que estava adiando essa ques-
tão, Cimber agarrou o tecido da toga de
César, como se o pressionasse com seu
pedido, puxou para trás o manto do pes-
coço dele e gritou: “Por que esperar mais,
amigos?”. Casca foi o primeiro. Estava de
pé, acima da cabeça de César, e levou a
adaga ao pescoço dele, mas escorregou
egolpeou-onopeito.Césaragarrouatoga
de Cimber, prendeu a mão de Casca, sal-
tou da cadeira e virou-se. Então derrubou
Casca com uma força tremenda. Enquanto
César estava curvado desse jeito, outra
pessoa empurrou uma adaga contra seu
lado. Cássio esfaqueou-o no rosto, Brutus
atingiu-o na coxa e Bucoliano acertou-lhe
as costas. César virou-se contra todos eles,
enfurecido e gritando feito um animal,
mas quando percebeu que Brutus o estava
golpeando, ele se desesperou, arrumou-se
emsuatoga,ecaiucomdignidadeaolado
daestátuadePompeu.
—Ohistoriador Apiano sobre o assassi-
nato de Júlio César
DeApiano,Históriaromana,2.16(traduçãoporDuaneGarrett)
Veroartigo”OImpérioRomano”,emRm4.
Vozes antigas
R o m a n s :2 2 R o m a n s :2 2
POVOS, TERRAS E GOVERNANTES ANTIGOS
R o m a n o s 4 . 2 22 2
ROMANOS 4 A tradição afirma que Roma
foi fundada em 753 a.C. e que no início foi
governada por uma série de reis.1 Localizada
num aglomerado de colinas no rio Tibre, na
Itália Central, desde os seus primeiros anos
a cidade foi pressionada pelos etruscos ao
norte e pelos colonos latinos e gregos ao sul,
num processo longo até assumir o controle
da península italiana. A monarquia romana
chegou ao fim por volta de 509 a.C. e foi
substituída pela República. A maior parte da
Itália estava sob o controle romano por volta
de meados do século III a.C., e na parte final
daqueleséculoRomalutouemváriasguerras
aonortedaÁfrica,contraacidadeCartago(as
Guerras Púnicas). Na Segunda Guerra Púnica
(218-201 a.C.), Roma sofreu derrotas catas-
tróficasparaocartaginêsAníbal,masporfim
prevaleceu, por absoluta força de vontade, e
obteve o controle do Mediterrâneo ociden-
tal. Movendo-se na direção do Mediterrâneo
Oriental, os romanos subjugaram os gregos,
a Anatólia (Turquia), a Síria e a Terra Santa.
A independência do Egito terminou quando
Cleópatra, última representante dos faraós,
cometeusuicídiodiantedoataquedasforças
romanas,em30a.C.
Enquanto isso, o governo da República,
que fora projetada com uma série complexa
de freios e contrapesos, tornava-se progres-
sivamente estagnada e caracterizada pela
disputa política. Generais como Caio Mário
(ca. 157-86 a.C.) e Lúcio Cornélio Sula (ca.
138-78 a.C.) demonstraram que um gene-
ral bem-sucedido podia controlar a política
romana apenas com seu exército.2 Caio
Júlio César (ca. 100-44 a.C.) explorou essa
condição ao máximo e, depois de conquistar
a Gália (França) e de derrotar seu rival, Pom-
peu,oGrande(ca.106-48a.C.),numaguerra
civil,foideclaradoditadorvitalícioemRoma.
Numa tentativa de restaurar a República, os
membros conservadores do Senado o assas-
sinaram, porém o sistema havia chegado ao
fim. Após sucessivas guerras civis, Otaviano
(César Augusto), sobrinho-neto e herdeiro
adotado de Júlio César, estabeleceu-
-se como governante exclusivo
domundoromano.3
Teve início assim o pe-
ríodo da história romana
conhecido como Princi-
pado (27 a.C.-285 d.C.),
durante o qual o mundo
romano foi governado por
vários imperadores. Após
um longo declínio, o impe-
rador Diocleciano (245-316
d.C.) restaurou a ordem e
dividiuoimpérioemquatro
distritos administrativos. A
abdicação de Diocleciano foi
seguida por outro período
de guerras e confusão, do
qual Constantino, o Grande
(ca.280-337d.C.),emergiuvito-
rioso. Ele mudou sua capital para
Bizâncio, renomeou-a Constantinopla
(a moderna Istambul) e declarou
o cristianismo religião oficial do
Império Romano.4 O im-
pério ocidental entrou
em declínio e caiu em
476, com a abdicação de
Rômulo Augusto, mas sua contra-
partida oriental sobreviveu como
Império Bizantino até a queda de Constan-
tinodiantedosturcosotomanos,em1453.
O Principado romano proporciona a es-
trutura política e cultural para os escritos do
NT. As cidades que sucumbiram ao controle
romano tinham cada uma sua história com
relação a Roma. Tarso, por exemplo, era
uma cidade livre e não pagava impostos,5 e
Corinto e Filipos, colônias de oficiais roma-
nos, desfrutavam certos benefícios legais.6
A cidadania romana, embora amplamente
concedida, não era garantida a todos os que
viviam sob o domínio romano.7 Um sistema
extensivodeestradasbeneficiavaasativida-
des militares e também comerciais do impé-
rio.8 Comumaeconomiabaseadaemgrande
parte na agricultura e na escravidão, os
númerosdasclassesinferioresaumentaram.
O mundo romano incorporou um confu-
soroldereligiões,cultosesuperstições.Além
disso, os imperadores romanos eram divini-
zados quando morriam e esperava-se que
todos os que viviam dentro das fronteiras do
império manifestassem sua lealdade a Roma
participando do culto imperial e prestando
homenagem a César.9 Quando os cristãos se
recusaram a fazer isso, foram acusados de
traição.10 Mesmo assim, as condições pací-
ficas que prevaleceram nessa época (a pax
romanaou“pazdeRoma”),aculturacomum
greco-romanaeovastosistemadetranspor-
tepermitiramqueocristianismoflorescesse.
1Ver “Roma”, em Rm 2.  2Ver “O exército romano e a ocupação da Terra Santa”, em At 27.  3Ver “César Augusto, imperador de Roma; o censo; Quirino, governador da
Síria”, em Lc 1.  4Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na preservação dos locais sagrados”, em Jo 19.  5Ver “Impostos romanos”, em Rm 11.  6Ver “Corinto”,
em 2Co 1; e “Filipos”, em Fp 1.  7Ver “Cidadania romana”, em Fp 3.  8Ver “As viagens no mundo greco-romano”, em 1Ts 3; e “Comércio e mercantilismo no Império
Romano”, em Ap 18.  9Ver “O culto imperial”, em Mc 12.  10Ver “Primeiras perseguições à Igreja”, em Ap 17.
Imperador Cláudio
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do
Museu Britânico
O Império Romano
R o m a n s : 2 3R o m a n o s 6 . 4 2 3
era poderoso para cumprir o que havia prometido.l 22 Em consequência, “isso lhe foi creditado como
justiça”a.m 23 Aspalavras“lhefoicreditado”nãoforamescritasapenasparaele,24 mastambémparanós,n
a quem Deus creditará justiça, a nós, que cremos naqueleo que ressuscitou dos mortosp a Jesus, nosso
Senhor. 25 Ele foi entregue à morte por nossos pecadosq e ressuscitado para nossa justificação.
Paz e Alegria
5Tendo sido, pois, justificados pela fé,r temosb paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, 2 por
meio de quem obtivemos acessos pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes;t e nos gloria-
mosc na esperançau da glória de Deus. 3 Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações,v
porque sabemos que a tribulação produz perseverança;w 4 a perseverança, um caráter aprovado; e o
caráter aprovado, esperança. 5 E a esperançax não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor
em nossos corações, por meio do Espírito Santoy que ele nos concedeu.
6 De fato, no devido tempo,z quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios.a 7 Difi-
cilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem bom talvez alguém tenha
coragem de morrer. 8 Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando
ainda éramos pecadores.b
9 Comoagorafomosjustificadospor seusangue,c muitomaisainda,pormeiodele,seremossalvos
da irad de Deus! 10 Se quando éramos inimigos de Deuse fomos reconciliadosf com ele mediante a
morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!g 11 Não
apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante
quem recebemos agora a reconciliação.
Morte em Adão, Vida em Cristo
12 Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem,h e pelo pecado
a morte,i assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; 13 pois antes de ser
dada a Lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei.j
14 Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não
cometerampecadosemelhanteàtransgressãodeAdão,oqualeraumtipodaquelequehaveriadevir.k
15 Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. De fato, muitos morreram por
causa da transgressão de um só homem,l mas a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só,
Jesus Cristo,m transbordou ainda mais para muitos. 16 Não se pode comparar a dádiva de Deus com a
consequência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação,
mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. 17 Se pela transgressão de um só
a morten reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça
e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo.
18 Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os
homens,o assimtambémumsóatodejustiçaresultounajustificaçãop quetrazvidaatodososhomens.
19 Logo, assim como por meio da desobediência de um só homemq muitos foram feitos pecadores,
assim também por meio da obediênciar de um único homem muitos serão feitos justos.
20 A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada.s Mas onde aumentou o pecado
transbordou a graça,t 21 a fim de que, assim como o pecado reinou na morte,u também a graça reine
pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.
Mortos para o Pecado, Vivos em Cristo
6Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?v 2 De maneira nenhu-
ma! Nós, os que morremos para o pecado,w como podemos continuar vivendo nele? 3 Ou vocês
não sabem que todos nós, que fomos batizadosx em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte?
4 Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como
Cristo foi ressuscitado dos mortosy mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova.z
a  4.22 Gn 15.6.
b  5.1 Ou tenhamos.
c  5.2 Ou gloriemo-nos; também no versículo 3.
4.21 lGn 18.14;
Hb 11.19
4.22 mv. 3
4.24 nRm 15.4;
1Co 9.10; 10.11;
oRm 10.9; pAt 2.24
4.25 qIs 53.5,6;
Rm 5.6,8
5.1 rRm 3.28
5.2 sEf 2.18;
t1Co 15.1; uHb 3.6
5.3 vMt 5.12;
wTg 1.2,3
5.5 xFp 1.20;
yAt 2.33
5.6 zGl 4.4;
aRm 4.25
5.8 bJo 15.13;
1Pe 3.18
5.9 cRm 3.25;
dRm 1.18
5.10 eRm 11.28;
Cl 1.21;
f2Co 5.18,19;
Cl 1.20,22;
gRm 8.34
5.12 hv. 15,16,17;
1Co 15.21,22;
iGn 2.17; 3.19;
Rm 6.23
5.13 jRm 4.15
5.14 k1Co 15.22,
45
5.15 lv. 12,18,19;
mAt 15.11
5.17 nv. 12
5.18 ov. 12;
pRm 4.25
5.19 qv. 12; rFp 2.8
5.20 sRm 7.7,8;
Gl 3.19;
t1Tm 1.13,14
5.21 uv. 12,14
6.1 vv. 15;
Rm 3.5,8
6.2 wCl 3.3,5;
1Pe 2.24
6.3 xMt 28.19
6.4 yCl 3; zRm 7.6;
Gl 6.15; Ef 4.22-
24; Cl 3.10
4.25 Essas palavras, que refletem a tradução da Septuaginta de Is 53.12,
provavelmente constituíam uma fórmula confessional cristã (ver “A
Septuaginta e seu uso no Novo Testamento”, em Hb 11).
6.1 Sobre a heresia do antinomismo (ideia que a lei moral não se aplica
aos cristãos, que estão sob a lei da graça), ver nota em 3.8.
6.3,4 Nos tempos do NT, o batismo acontecia logo depois da conversão.
Isso fazia que ambos fossem considerados aspectos de um único ato
(ver At 2.38; ver também “Batismo no mundo antigo”, em Mt 3).
5 Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também
na semelhança da sua ressurreição.a 6 Pois sabemos que o nosso velho homemab foi crucificado com
ele,c para que o corpo do pecadod seja destruídob, e não mais sejamos escravos do pecado; 7 pois quem
morreu foi justificado do pecado.
8 Ora,semorremoscomCristo,cremosquetambémcomeleviveremos.9 Poissabemosque,tendo
sidoressuscitadodosmortos,e Cristonãopodemorreroutravez:amortenãotemmaisdomíniosobre
ele.f 10 Porque,morrendo,elemorreuparaopecadog umavezportodas;mas,vivendo,viveparaDeus.
11 Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado,h mas vivos para Deus em Cristo Jesus.
12 Portanto, não permitam que o pecado continue dominando o corpo mortal de vocês, fazendo que
a  6.6 Isto é, a nossa velha vida em Adão.
b  6.6 Ou seja deixado sem poder
R o m a n o s 6 . 52 4
NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS
6.5 a2Co 4.10;
Fp 3.10,11
6.6 bEf 4.22;
Cl 3.9; cGl 2.20;
Cl 2.12,20;
dRm 7.24
6.9 eAt 2.24;
fAp 1.18
6.10 gv. 2
6.11 hv. 2
ROMANOS 6 A escatologia é o “estudo das
últimas coisas” e os meios pelos quais certas
comunidades religiosas concebem o final ou
o objetivo da História. A Bíblia não usa o ter-
mo abstrato “escatologia”, mas sugere essa
ideia em expressões como “os dias vindou-
ros”, “os últimos dias”, “o fim dos tempos”
ou “o dia do Senhor” e sua versão reduzida
“naquele dia” (Dt 4.30; Is 11.11; Dn 2.28; Jl
2.1). No judaísmo e no cristianismo primiti-
vo, a escatologia era uma consequência ne-
cessária da convicção dupla de que um Deus
verdadeiroevivocriouoUniversoepretende
resgatá-lo.
Emboraascrençasescatológicasjudaicas
no século I d.C. fossem bastante diversas, al-
gunsconceitosbásicoseramcompartilhados:
 Israelesperavaarestauraçãoeareversão
divinadetudoqueestavaerradonomundo.
 Os impérios pagãos e seus ídolos seriam
destruídos,eJerusalémseriaglorificada.
 A liderança corrupta de Israel seria remo-
vida, e o verdadeiro rei davídico assumiria o
poder.
 Os pecados de Israel seriam perdoados, e
Deus derramaria seu Espírito sobre seu povo
paraqueanaçãosetornasseobediente.
 Como resultado, sairia luz de Jerusalém,
que convocaria todas as nações para adorar
aoSenhordetodaaterra.
Um aspecto importante desse quadro
geral é a noção de um Redentor pessoal, um
representante autorizado para mediar a re-
lação entre Deus e seu povo. Esse Ungido, o
Messias,écompreendidodeváriasmaneiras:
um segundo Moisés, um príncipe, um servo
sofredor ou um sumo sacerdote escolhido.
Todos esses conceitos são profundamente
devedores aos profetas do AT e refletem um
panorama geral comum aos diversos grupos
existentes em Israel. Alguns partidos judai-
cos,naverdade,esperavamdoismessias:um
messiassacerdotaleummessiasreal.
A crença escatológica judaica não era se-
gredo. Até mesmo os historiadores romanos
Suetônio e Tácito sabiam da esperança ju-
daica de uma salvação messiânica. A liturgia
da sinagoga também incluía orações diárias
concentradasnaesperançadeIsrael.1
Adespeitodaamplaunidadedaescatolo-
gia judaica, um vasto rol de opiniões existia a
respeitodotempoexatoedamaneiraprecisa
emqueessesgrandesacontecimentossetor-
nariampúblicos(1Pe1.10-12).Váriosautores
articularam a esperança que Israel tinha do
futuro por meio de uma cadeia de imagens
e metáforas, porém o conjunto era difícil de
conciliar.Diferentesgruposreligiososassumi-
ram compreensões muito divergentes tanto
sobre os antecedentes da era messiânica
quanto sobre a perspectiva de cada movi-
mento:
 Os fariseus, que parecem ter reconhecido
o cenário escatológico mais geral, entediam
a fidelidade à Torá como prerrequisito divino
paraavisitaçãodeIsrael(At15.5).2
 Os saduceus negavam a ressurreição (Mt
22.23) e sua atitude em relação à escatologia
emgeralpermaneceincerta.3
 OsessêniosdeQumranacreditavamque
sua comunidade era o início do cumprimento
da era da redenção. Separaram-se dos gen-
tiosopressoresedosjudeusapóstatascomos
quaisaguardavamumconflitofinal.
 Josefo considerava os zelotes uma quar-
ta seita dentro do judaísmo. Seus membros
se consideravam seguidores de Fineias, de
Elias e dos macabeus por acreditarem que a
resistênciaativaeraoantecedentenecessário
paraaeraescatológica.4
As diversas interpretações da profecia no
judaísmo do primeiro século recomendam
cautela nas interpretações da profecia nos
dias de hoje. A mensagem principal do NT
é que a esperança de Israel está cumprida
em Jesus (Mc 1.15; 1Co 10.11; Hb 9.26; 1Pe
1.20), e foi precisamente esse ponto que
muitos líderes judeus, a despeito de sua
leitura cuidadosa das profecias, precisavam
reconhecer. Esforços recentes para empregar
aprofeciabíblicaafimdedescrevercompre-
cisão como e quando os acontecimentos do
fim do mundo acontecerão podem se provar
tão enganosos quanto os dos intérpretes do
primeiroséculo.
Escatologia judaica no século I d.C.
1Ver “Sinagogas antigas”, em At 9.  2Ver “Os fariseus”, em Mt 5.  3Ver “Os saduceus”, em Mt 22.  4Ver “Os zelotes e os essênios”, em Mt 10.
obedeçam aos seus desejos. 13 Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instru-
mentos de injustiça;i antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os
membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça.j 14 Pois o pecado não os dominará,
porque vocês não estão debaixo da Lei,k mas debaixo da graça.l
Escravos da Justiça
15 E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De maneira
nenhuma! 16 Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos,
tornam-seescravosdaqueleaquemobedecem:escravosdopecadom quelevaàmorte,n oudaobediên-
cia que leva à justiça? 17 Mas, graças a Deus,o porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado,
passaramaobedecerdecoraçãoàformadeensinop quelhesfoitransmitida.18 Vocêsforamlibertados
do pecadoq e tornaram-se escravos da justiça.
19 Falo isso em termos humanos,r por causa das suas limitações humanasa. Assim como vocês
ofereceram os membros do seu corpo em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade,
ofereçam-nos agora em escravidão à justiças que leva à santidade. 20 Quando vocês eram escravos do
pecado,t estavam livres da justiça. 21 Que fruto colheram então das coisas das quais agora vocês se en-
vergonham? O fim delaséamorte!u 22 Masagoraquevocêsforamlibertadosdopecadov esetornaram
escravos de Deusw o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. 23 Pois o salário
do pecado é a morte,x mas o dom gratuito de Deus é a vida eternay emb Cristo Jesus, nosso Senhor.
A Ilustração do Casamento
7Meus irmãos,z falo a vocês como a pessoas que conhecem a lei. Acaso vocês não sabem que a lei
tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele vive? 2 Por exemplo, pela lei a mulher casada
está ligada a seu marido enquanto ele estiver vivo; mas, se o marido morrer, ela estará livre da lei
do casamento.a 3 Por isso, se ela se casar com outro homem enquanto seu marido ainda estiver vivo,
será considerada adúltera. Mas, se o marido morrer, ela estará livre daquela lei e, mesmo que venha
a se casar com outro homem, não será adúltera.
4 Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei,b por meio do corpo de Cristo,c para
pertenceremaoutro,àquelequeressuscitoudosmortos,afimdequevenhamosadarfrutoparaDeus.
5 Pois quando éramos controlados pela carnec, as paixões pecaminosas despertadas pela Leid atuavam
em nosso corpo,e de forma que dávamos fruto para a morte. 6 Mas agora, morrendo para aquilo que
antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e
não segundo a velha forma da Lei escrita.f
A Luta contra o Pecado
7 Que diremos então? A Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é
pecado, a não ser por meio da Lei.g Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não
dissesse: “Não cobiçarás”d.h 8 Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento,i
produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a Lei, o pecado está morto.j 9 Antes eu vivia
sem a Lei, mas, quando o mandamento veio, o pecado reviveu, e eu morri. 10 Descobri que o próprio
mandamento, destinado a produzir vida,k na verdade produziu morte. 11 Pois o pecado, aproveitando
a oportunidade dada pelo mandamento, enganou-mel e por meio do mandamento me matou.
12 De fato a Lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.m 13 E então, o que é bom se tornou
em morte para mim? De maneira nenhuma! Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele
produziu morte em mim por meio do que era bom, de modo que por meio do mandamento ele se
mostrasse extremamente pecaminoso.
14 Sabemos que a Lei é espiritual; eu, contudo, não o sou,n pois fui vendidoo como escravo ao pe-
cado. 15 Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio.p 16 E, se faço o que não
desejo, admito que a Lei é boa.q 17 Nesse caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita
em mim.r 18 Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne.s Porque tenho o desejo de
a  6.19 Grego: por causa da fraqueza da sua carne.
b  6.23 Ou por meio de.
c  7.5 Ou pela natureza pecaminosa; também nos versículos 18 e 25.
d  7.7 Êx 20.17; Dt 5.21.
R o m a n o s 7 . 1 9 2 5
6.13 iv. 16,19;
Rm 7.5; jRm 12.1;
1Pe 2.24
6.14 kGl 5.18;
lRm 3.24
6.16 mJo 8.34;
2Pe 2.19; nv. 23
6.17 oRm 1.8;
2Co 2.14;
p2Tm 1.13
6.18 qv. 7,22;
Rm 8.2
6.19 rRm 3.5;
sv. 13
6.20 tv. 16
6.21 uv. 23
6.22 vv. 18;
w1Co 7.22;
1Pe 2.16
6.23 xGn 2.17;
Rm 5.12; Gl 6.7,8;
Tg 1.15; yMt 25.46
7.1 zRm 1.13
7.2 a1Co 7.39
7.4 bRm 8.2;
Gl 2.19; cCl 1.22
7.5 dRm 7.7-11;
eRm 6.13
7.6 fRm 2.29;
2Co 3.6
7.7 gRm 3.20;
4.15; hÊx 20.17;
Dt 5.21
7.8 iv. 11
jRm 4.15;
1Co 15.56
7.10 kLv 18.5;
Lc 10.26-28;
Rm 10.5; Gl 3.12
7.11 lGn 3.13
7.12 m1Tm 1.8
7.14 n1Co 3.1;
o1Rs 21.20,25;
2Rs 17.17
7.15 pv. 19; Gl
5.17
7.16 qv. 12
7.17 rv. 20
7.18 sv. 25
7.2,3 Alguns especialistas insistem em que a prova de que se casar
novamente por qualquer outro motivo que não a morte do cônjuge é
adultério está nesses versículos. Contudo, tanto a lei romana quanto a
lei judaica permitiam novo casamento após um divórcio legítimo (ver
“Casamento e divórcio no antigo Israel”, em Ml 2). Paulo não está ensi-
nando a respeito de casamento ou divórcio, apenas ilustrando a ideia que
os cristãos haviam “morrido” para a lei.
R o m a n s :2 6 R o m a n o s 7 . 1 92 6
Acontecimentos Pessoas
600
a.C.
Queda do controle etrusco em Roma e fundação da República (509)
Primeiros cônsules indicados (508)
Primeiro ditador (501)
500
Coalizão de Roma com os latinos (493)
Doze Mesas (451-450)
400
Roma capturada pelos gauleses (390)
Primeira Guerra Samnita (343-341)
A Guerra Latina (340-338)
Dissolução da Liga Latina (338)
Segunda Guerra Samnita (327-304)
300
Terceira Guerra Samnita (298-290)
Primeira Guerra Púnica (264-241)
Diplomatas romanos em Atenas e Corinto (228)
Segunda Guerra Púnica (218-201)
Aníbal cruza os Alpes (218)
Primeira Guerra Macedônia (214-205)
Derrota de Roma por Cartago em Zama (202)
Cato, o Velho (234-149)
200
Segunda Guerra Macedônia: derrota de Roma para Filipe V (200-196)
Revogação da Lexoppia (195)
Guerra contra Antíoco III (o Grande) (191-189)
Terceira Guerra Macedônia (176-167)
Lexvoconia (169)
Terceira Guerra Púnica: destruição de Cartago (150-146)
Guerra contra a Acaia; destruição de Corinto (146)
Guerra Servil na Sicília (135-131)
Cícero (106-43)
100
Guerra Servil contra Espártaco (73-71)
Primeiro consulado de Pompeu e Crasso (70)
Pompeu captura Jerusalém (63)
Consulado de Cícero (63)
Coalizão de Pompeu, César e Crasso (60)
Primeiro consulado de César (59)
Guerras de César na Gália (59-51)
Cato, o Jovem (95-46)
Catulo (84-54)
Virgílio (70-19)
Horácio (65-8)
Lucrécio (60)
Lívio (59 a.C-17 d.C.)
HISTÓRIA CRONOLÓGICA DE 600 a.C. ATÉ O FINAL DA
REVOLTA JUDAICA, EM 150 d.C.
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235119673 bibliaarqueologica-livreto-final

  • 1.
  • 2. N o v a V e r s ã o I n t e r n a c i o n a l NVI um p a s s ei o i l us tra d o atra vés d a hi s tóri a e da cul tura d a b í b l i a Arqueológicabíblia de estudo
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Bíblia de Estudo Arqueológica NVI / Equipe de tradução: Claiton André Kunz, Eliseu Manoel dos Santos e Marcelo Smargiasse; Prefácio da Edição Brasileira: Luiz Sayão. — São Paulo: Editora Vida, 2013. Título original: Archaeological Study Bible NIV. ISBN 978-85-383-0274-2 1. Arqueologia 2. Bíblia — Estudo e ensino. CDD-220.520313-00642 Índices para catálogo sistemático: 1. Bíblia de Estudo Arqueológica: Nova Versão Internacional  220.5203 1. edição:  maio 2013 Editora Vida Rua Isidro Tinoco, 70 Tatuapé cep 03316-010 São Paulo, sp Tel.: 0 xx 11 2618 7000 Fax: 0 xx 11 2618 7030 www.editoravida.com.br Edição publicada sob permissão contratual com Zondervan Corporation, Grand Rapids, Michigan, EUA. Materiais de estudo adaptados de Archaeological Study Bible. Originalmente publicado nos EUA com o título Archaeological Study Bible. © 2005, Zondervan Corporation. Todos os direitos reservados. Todos os direitos desta tradução em língua portuguesa reservados por Editora Vida. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte. O texto pode ser citado de várias maneiras (escrito, visual, eletrônico ou áudio) até quinhentos (500) versículos sem a expressa permissão por escrito do editor, cuidando para que a soma de versículos citados não complete um livro da Bíblia nem os versículos computem 25% ou mais do texto da obra em que são citados. O pedido de permissão que exceder as normas aqui expressas deve ser encaminhado à Editora Vida Ltda. e estará sujeito à aprovação por escrito. The text may be quoted in any form (written, visual, eletronic or audio), up to and inclusive of five hundred (500) verses without the express written permission of the publisher, providing the verses quoted do not amount to a complete book of the Bible nor do the verses quoted account for 25 percent (25%) or more of the total text of the work in which they are quoted. Permission requests that exceed the above guidelines must be directed to, and approved in writing by, International Bible Society, 1820 Jet Stream Drive, Colorado Springs, CO 80921, USA. Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI® Copyright © 1993, 2000, 2011 de Biblica, Inc. Publicado sob permissão. Todos os direitos reservados mundialmente. Concordância Bíblica NVI Abreviada ©2002, Editora Vida. Publicada com permissão. Esta obra está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009. Equipe de Tradução Claiton André Kunz Eliseu Manoel dos Santos Marcelo Smargiasse Revisão de Tradução e de Estilo Judson Canto Revisão de Provas Gisele Romão da Cruz Santiago Inserção de notas laterais Karina Fatel Conferência parcial de emendas Adriana Séris Direção-Executiva Sérgio Henrique de Lima Editor Geral Marcelo Smargiasse Editor-Assistente Gisele Romão da Cruz Santiago Projeto Gráfico e diagramação Claudia Fatel Lino Jônatas Jacob Karine P. dos Santos Set-Up Time Design e Arte de capa Arte Peniel
  • 4. I n t r o d u c t i o n t o Title a n t i g o t e s t a m e n t o n o v o t e s t a m e n t o Sumário* * Este sumário representa o conteúdo da Bíblia completa vi Os livros da Bíblia em ordem alfabética vii Abreviaturas ix Introdução x Sobre esta Bíblia xii Prefácio à Edição Brasileira xiv Prefácio à NVI xvii Créditos e permissões fotográficas xxii Tabela dos períodos arqueológicos xxiii A história da Terra Santa xxviii História cronológica da Palestina — do exílio babilônico de Judá até o domínio Romano 2 Gênesis 84 Êxodo 155 Levítico 194 Números 252 Deuteronômio 302 Josué 342 Juízes 386 Rute 395 1Samuel 440 2Samuel 479 1Reis 526 2Reis 574 1Crônicas 622 2Crônicas 667 Esdras 687 Neemias 714 Ester 732 Jó 791 Salmos 957 Provérbios 1012 Eclesiastes 1032 Cântico dos Cânticos 1051 Isaías 1179 Jeremias 1294 Lamentações 1311 Ezequiel 1382 Daniel 1410 Oseias 1432 Joel 1444 Amós 1464 Obadias 1469 Jonas 1477 Miqueias 1494 Naum 1504 Habacuque 1512 Sofonias 1521 Ageu 1526 Zacarias 1545 Malaquias 1556 Mateus 1620 Marcos 1663 Lucas 1718 João 1764 Atos dos Apóstolos 1833 Romanos 1863 1Coríntios 1884 2Coríntios 1901 Gálatas 1914 Efésios 1925 Filipenses 1933 Colossenses 1942 1Tessalonicenses 1949 2Tessalonicenses 1954 1Timóteo 1962 2Timóteo 1970 Tito 1977 Filemom 1981 Hebreus 2000 Tiago 2008 1Pedro 2018 2Pedro 2024 1João 2031 2João 2034 3João 2038 Judas 2043 Apocalipse 2077 Guia de estudos 2079 Tabela de pesos e medidas 2080 Glossário 2090 Índice dos assuntos dos artigos 2123 Lista de artigos em ordem alfabética 2129 Lista de artigos pela ordem das referências bíblicas 2135 Concordância Bíblica NVI 2223 Índice dos mapas coloridos
  • 5. O Seminário Teológico Gordon-Conwell sente-se feliz em se unir à Zondervan para oferecer ao público esta Bíblia de estudo única. Cremos que este lançamento será um marco na história recente das publicações. A Bíblia de Estudo Arqueológica NVI representa uma façanha notável, com seus temas intrigantes, enfoque arqueológico-cultural e bela apresentação gráfica, tudo isso agregado ao texto bíblico de melhor aceitação: a Nova Versão Internacional. É raro um editor testemunhar uma acolhida tão entusiasmada de um conceito de publicação como a do protótipo da Bíblia de Estudo Arqueológica com o texto da NVI. As avaliações positivas partiram de grupos diversos, como leigos, eruditos e pastores. Nenhuma geração testemunhou tão alto grau de cooperação entre os fatos, pessoas e locais da Bíblia como a do século passado, diante das avançadas e bem-sucedidas explorações arqueológicas. A quantidade, qualidade e relevância dos artefatos e materiais epi- gráficos que incidem sobre a história bíblica do antigo Oriente Médio foi tão surpreendente que poucos têm sido capazes de incorporá- las num único lugar, de modo que a única solução possível era estabelecer sua ligação com as passagens bíblicas mais relevantes. Assim, temos diante de nós a oportunidade única de verificar em primeira mão como as descobertas arqueológicas dão sentido a alguns textos das Escrituras até agora difíceis de entender. O papel da arqueologia bíblica como ferramenta hermenêutica é inestimável em situações nas quais os elementos culturais nos escapam à atenção simplesmente porque o contexto pertence lugar ou período “estrangeiro”. Acrescentem-se fotografias coloridas dos artefatos e dos documentos mencionados, e logo se perceberá que esta Bíblia estabelece um novo padrão para as Bíblias de estudo. Nossa oração é que a Bíblia de Estudo Arqueológica acrescente louvor e glória ao nosso Pai celestial e também seja usada por Deus para conduzir o crescente número de cristãos biblicamente iletrados de volta ao texto das Escrituras. A narrativa bíblica abrange a maior história já contada, mas essa história é muito mais que um conto antigo e impessoal, na terceira pessoa. Na verdade, é uma história contada para nós, mas também sobre nós. Entregar-se ao estudo dessa história com os olhos do entendimento renovado con- stitui a mais substancial investigação sobre a verdade que qualquer um de nós possa experimentar. Esses fatos e pessoas são parte do mundo real, fatos que realmente aconteceram e indivíduos que realmente existiram em épocas e lugares dos quais somos agora descendentes lineares. Por isso, convidamos você a juntar-se a nós num encontro pessoal com esta Bíblia, um feito memorável do Seminário Teológico Gordon-Conwell e da Zondervan. O seminário sente-se feliz em ser o precursor desta aventura e acredita que muito mais está por vir nos grandes dias que se seguirão. Walter C. Kaiser Jr. — Presidente Colman M. Mockler — Egrégio professor de Antigo Testamento Maio de 2005 Introdução
  • 6. I n t r o d u c t i o n t o Title A Bíblia não é um livro de ensino religioso abstrato. Se o fosse, compreender seu contexto histórico seria de menor importância. Ainda assim, as perguntas sobre as circunstâncias de sua composição não poderiam ser ignoradas. Além disso, a Bíblia não surgiu de um único ambiente cultural e histórico: ela não é o produto de revelações concedidas a um único homem, como o Alcorão reivindica ser. Se o fosse, entender seu contexto histórico seria muito mais simples. O texto da Bíblia foi produzido num período que se estendeu por mais de mil anos. Embora a maioria, se não todos os escritores da Bíblia, fosse israelita ou judeu, eles viveram uma ampla variedade de circunstâncias. O cenário cultural das histórias bíblicas inclui o Egito dos faraós, a Mesopotâmia, a cultura cananeia, o Israel do Bronze Antigo e das idades do Ferro, o palácio real da Pérsia, a extensa civilização helênica e o Império Romano. As línguas da Bíblia são o hebraico, o grego e o aramaico, mas também há sinais da influência do egípcio, ugarítico, acádio, sumério, persa e latim. Algumas porções da Bíblia foram compostas em lugares como Israel, Egito, Babilônia, Ásia Menor (Turquia), Grécia e Roma. Os escritores da Bíblia foram sábios, reis, fazendeiros, exilados, governadores, pescadores e pregadores itinerantes. A Bíblia apresenta gêneros literários variados, que muito provavelmente refletem a literatura de seu tempo. A saga do povo de Deus, contada em histórias simples, porém cativantes, sucedem-se por toda a Bíblia em livros tão diversos como Gênesis, Juízes, Rute, Ester e Atos. Textos jurídicos com paralelos nos códigos legais da Mesopotâmia emergem de livros como Números e Deuteronômio. Hinos e cânticos devocionais aparecem nos Salmos e, quando comparados com os hinos e poemas religiosos do Egito, Ugarite e Mesopotâmia, apresentam notáveis similaridades e também impressionante dissimilaridade com suas contrapartidas. A Bíblia contém, igualmente, poesias de amor (Cântico dos Cânticos) que são ao mesmo tempo semelhantes e dessemelhantes à poesia de amor egípcia. À semelhança dos egípcios e dos mesopotâmios, o povo de Israel compôs muitos provérbios. É óbvio que as diferenças podem ser tão significativas quanto as similaridades, e nem todos os tipos de literatura da Bíblia en- contram paralelos evidentes fora de suas páginas. As proclamações dos profetas hebreus limitaram os paralelos à antiga Mesopotâmia, e é difícil encontrar algo que se compare aos Evangelhos do NT. Já as visões de Apocalipse podem ser comparadas com os textos apocalípticos do judaísmo do segundo templo, e as cartas de Paulo podem ser analisadas com base na literatura epistolar do período greco-romano. Em resumo, a Bíblia é uma coleção de textos maravilhosamente diversa, e nenhum deles se originou no vácuo. A Bíblia de Estudo Arqueológica enfoca os contextos histórico, literário e cultural da Bíblia. Esses contextos abrangem a história de povos e lugares, a vida cotidiana em vários períodos e sob circunstâncias diversas nos tempos bíblicos e textos antigos que esclarecem o texto sagrado e ajudam a elucidar a arqueologia do mundo bíblico. Além disso, os artigos desta Bíblia dedicam especial atenção aos desafios que os arqueólogos e os estudiosos da Bíblia enfrentam com relação à confiabilidade das Escrituras. Mas qual a necessidade de uma ferramenta para explorar o contexto histórico? Algumas respostas são necessárias: 1. O contexto é crucial para a interpretação. Imagine-se lendo as palavras de um debate político ou religioso sem o benefício do conhecimento das circunstâncias, costumes ou crenças dos envolvidos na discussão. O leitor ficará desnorteado ou correrá o risco de cometer erros grosseiros na interpretação dos temas e opiniões dos debatedores. É tolice e até mesmo arrogância pensar que podemos compreender plenamente os escritores sagrados sem conhecer coisa alguma de seu ambiente. 2. Como já foi dito, o mundo bíblico é complexo e abrange uma parcela significativa da história humana. O mundo antigo é extenso e complexo demais para se pensar que uns poucos comentários incidentais sobre determinados contextos sejam bastantes para entender as culturas das quais os escritores da Bíblia faziam parte. 3. O estudo do contexto da Bíblia é um incentivo à fé. Muitos cristãos hoje evitam o estudo do mundo antigo por medo de que os eruditos os tornem cientes de fatos conflitantes que venham a enfraquecer a fé na Bíblia. Na verdade, o estudo cuidadoso do mundo da Bíblia intensifica nossa confiança na veracidade histórica e na singularidade da Palavra de Deus. Inserida na sur- preendente variedade de culturas que compunham o mundo bíblico, a unidade da mensagem bíblica é notável. Os escritores da Bíblia são de épocas e lugares diversos, mas foram inspirados por um Espírito imutável. E o único modo de dar uma resposta aos que alegam que os fatos históricos enfraquecem a credibilidade da Bíblia é analisando em primeira mão esses mesmos fatos. 4. O conhecimento do contexto bíblico é um antídoto contra o perigoso desprezo pela História, visto de forma tão frequente tanto na igreja quanto nos meios acadêmicos. A pós-modernidade investiga tudo, mas rejeita a História e o contexto. Sob a influência desse movimento, os leitores simplesmente se recusam a ouvir os escritores da Bíblia nos termos deles próprios. Preferem afirmar que é atribuição de cada leitor a interpretação desses textos antigos. Muitos rejeitam a ideia de que devemos tentar compreender o objetivo do escritor original da passagem. Dessa forma, a intenção do autor passa a ser irrelevante para o leitor s obr e e s ta Bíblia
  • 7. SOBRE ESTA BÍBL I A moderno, que se sente livre para interpretar o texto de qualquer maneira. Esse comportamento faz pouco caso da autoridade bíblica. Além disso, muitos leitores cristãos bem-intencionados e não totalmente comprometidos com a forma de pensamento pós-moderna tendem a interpretar a Bíblia estritamente nos termos das próprias experiências e dos próprios padrões, sem considerar o que o profeta ou o apóstolo estava dizendo aos seus contemporâneos. O conhecimento das crenças, dos conflitos, da história e dos hábitos das personagens dos tempos bíblicos apresenta-nos algumas questões, como esta: “O que Paulo realmente quis dizer quando escreveu aquelas palavras à igreja em Corinto?”. 5. O Conhecimento do mundo bíblico instila em nós uma profunda apreciação pelos escritores da Bíblia e um amor profundo pela própria Bíblia. É difícil amar genuinamente algo que não conhecemos. Não podemos adentrar as experiências e perspectivas das personagens bíblicas sem antes nos relacionarmos com o mundo delas. Olhando para os utensílios com os quais elas traba­ lhavam, os conflitos que enfrentavam, a literatura que conheciam e os costumes que adotaram, iremos adquirir uma profunda admiração por sua fé e sabedoria. A Bíblia de Estudo Arqueológica contém os seguintes recursos: • Mais de 500 artigos em linguagem acessível, muitos deles ilustrados com fotografias coloridas, cobrindo estas cinco categorias gerais: “Sítios arqueológicos”; “Notas históricas e culturais”; “Povos antigos, territórios e governantes”; “A credibilidade da Bíblia”; “Textos e artefatos antigos”. • Notas de estudo, na parte inferior da página, ligadas a temas arqueológicos, culturais e históricos, em muitos casos cruzando referên- cias com artigos relevantes e outras notas. • Introduções detalhadas a cada livro, incluindo cronologias e esboços úteis e fáceis de visualizar. • Tabelas e gráficos sobre tópicos pertinentes. • Citações periódicas de textos da Antiguidade, cada uma vinculada a um artigo em particular. • Coluna lateral de referências cruzadas. • Miolo colorido do começo ao fim. • 16 páginas de mapas coloridos com índice, para facilitar a localização de nomes de lugares citados nos artigos e nas notas. • Índices de artigos, em ordem alfabética e por referência bíblica. • Índice de assuntos. • Concordância. • Glossário, referências cruzadas para palavras destacadas em negrito nos artigos. 7
  • 8. A h i s t ór i a d a TerraSanta 1 Ver o Glossário, na p. 2080 para definições das palavras em negrito.  2Ver “Tabela dos períodos arqueológicos” na página xxii.  3Ver “Arade”, em Nm 33.   4Ver “Os hicsos e o Antigo Testamento”, em Êx 18.   5Ver “Hazor”, em Js 11.   6Ver “Mudanças em Canaã”, em Jz 7.   A Terra Santa, às vezes chamada Canaã,1 Israel, Oriente ou Palestina, mudou de dono muitas vezes e era centro de inter- mináveis conflitos. A arqueologia da Palestina é complexa quando se trata de refletir todas as eras da longa história da região. A C U L T U R A P R É - IS R AE L ITA Pré-história e Idade do Bronze Antigo Canaã é habitada desde o período pré-histórico. A mais antiga cultura da Idade da Pedra, descoberta no monte Carmelo e que sobreviveu à cultura tardia da Idade da Pedra, conhecida como os natufianos, foi descoberta em Jericó. A agricultura e a produção de cerâmica começaram no Período Neolítico,2 que é dividido em Pré-cerâmico e Cerâmico. Perto do final do V e IV milênios a.C., uma cultura chamada “gassuliana” emergiu ao sul do vale do Jordão. Com o local de descobertas em Berseba, ela marcou o início do Período Calcolítico na região. A cerâmica gassuliana é notavelmente avançada e atesta a sofisticação desse povo primitivo. O início da Idade do Bronze Antigo (3200-2200 a.C.) no Oriente corresponde ao final do período pré-dinástico e início do período dinástico egípcio (ca. 3400-3000 a.C.). Importantes sítios do Bronze Antigo I abrangem Megido, Jericó, Ai e Bete-Seã, todos ao norte da Palestina ou na Palestina Central. Uma cultura mais avançada desenvolveu-se na parte sul da região algum tempo depois. Um importante sítio do Bronze Antigo II no sul é Arade.3 A Idade do Bronze Antigo viu o início da cultura urbana na região, quando algumas cidades-Estados com certa autonomia começaram a surgir ao redor de cidades maiores e fortificadas. Por volta de 2650-2350 a.C., ocorreu uma ruptura de origem não especificada na cultura urbana, especialmente ao norte. Alguns acreditam que os amorreus nômades invadiram a terra e desorganizaram a cultura. É questionável, porém, que essa mudança na cultura possa ser atribuída à migração ou à invasão dos amorreus, e hoje muitos estudiosos rejeitam a ideia. Al- guns acreditam que os problemas ambientais são a causa mais provável. Abraão desceu ao Egito por causa da fome (Gn 12.10). O declínio da cultura do Bronze Antigo em Canaã pode estar relacionado com o final do Reino Antigo do Egito, no século XXII a.C., quando os “asiáticos” (povos semíticos de Canaã e da Síria) investiram contra o Egito. As idades do Bronze Médio e do Bronze Tardio Uma nova cultura urbana, contemporânea à do início do Reino Médio do Egito, surgiu no início da Idade do Bronze Médio (ca. 2000-1550 a.C.). Entre as cidades proeminentes desse período estão Tel Afeque, Biblos, Acco, Megido, Jericó e Bete-Seã. A arte da cerâmica avançou significativamente depois que os oleiros aprenderam a usar rodas fixas para moldar vasos de ex- celente qualidade. O conto egípcio de Sinuhe apresenta um retrato da vida cananeia daquele tempo. A Idade do Bronze Médio em Canaã também coincide com a era dos hicsos no Egito do Segundo Período Intermediário. Alguns acreditam na presença dos hicsos em Canaã, mas isso é improvável.4 Houve um declínio na qualidade da cultura material, especialmente a cerâmica, em Canaã no início da Idade do Bronze Tardio (ca. 1550-1200 a.C.), e parece ter havido considerável decadência durante o Bronze Tardio I (ca. 1550-1400 a.C.). É certo que os governantes egípcios, especialmente Tutmés III (ca. 1479-1425 a.C.), fizeram incursões a Canaã para manter as cidades-Estados de vários sítios da região submissas às ordens e influências egípcias (e.g., Megido). Muitos estudiosos, baseados nos vários níveis de destruição dos sítios do Bronze Tardio, argumentam que a invasão israelita sob o comando de Josué ocorreu por volta de 1250 a.C., mas esse raciocínio tem sido amplamente combatido, pelo fato de que nenhuma cidade, com exceção de Hazor,5 possui níveis de destruição que corroborem essa teoria. A C U L T U R A IS R AE L ITA Embora pareça que os israelitas invadiram Canaã por volta de 1400 a.C., eles não deixaram nenhum indício até cerca de 1200 a.C.5 Durante a Idade do Ferro l (datada geralmente entre c.1200-1000 a.C.), a nação de Israel começou a tomar forma. Exemplos do que parece ser sua cultura material, como “casas de quatro aposentos” e “colar de argolas”, aparecem na arqueologia desse tempo. Centenas de vilas da Canaã Central datadas desse período podem ser consideradas israelitas.6
  • 9. A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a 9 Os filisteus apareceram em Canaã pela primeira vez pela mesma época durante a migração dos “povos do mar”, e exemplos de sua cultura material (como os vasos bicromáticos, comparáveis aos da cerâmica grega micênica) começam a aparecer. Tendo em vista que o relato bíblico indica que Israel já habitava aquela terra e guerreava contra vários inimigos pouco antes de os filisteus se tornarem uma ameaça, o argumento de que os filisteus e os israelitas surgiram em Canaã na mesma época é errôneo. Na verdade, a menção de “Israel” na estela de Merneptá (ca. 1210 a.C.) dá a entender que Israel já estava bem estabelecido na região por volta de 1200 a.C., no início da Idade do Ferro l.7 Durante o período dos juízes, os israelitas mantiveram-se unificados pelo pacto com Deus, mas a constante pressão dos inimigos externos os levaram a procurar uma unidade política mais forte (1Sm 8.19,20). Saul foi o primeiro rei de Israel, mas a nação alcançou seu apogeu cultural e político sob a liderança Davi e Salomão (séc. X a.C.), quando Israel dominou todo o Oriente. Materiais importantes remanescentes do período da monarquia unida foram escavados em Hazor, Megido e Gezer, em que um portão de entrada para a cidade com três portas e muros de casamata ilustram a fortificação mencionada em 1Rs 9.15.8 A supremacia israelita foi enfraquecida pela divisão do reino entre Roboão e Jeroboão I (1Rs 12) e quebrada pela invasão do egípcio Sisaque (1Rs 14.25,26). Na verdade, o ataque de Sisaque parece ter sido pouco mais que uma rápida campanha com o propósito de reduzir o poder de Israel diante do Egito.9 A situação de Samaria (o Reino do Norte de Israel)10 variou du- rante os dois séculos seguintes. Samaria foi poderosa às vezes, no governo de reis como Omri e Jeroboão II, mas se mostrou notavelmente fraca outras vezes, como quando esteve sob a opressão de reis como Hazael e Damasco.11 Finalmente, Samaria sucumbiu diante da Assíria, por volta de 720 a.C., e Judá, um Estado relativamente menor, entrou em declínio até sua destrui­ ção por Nabucodonosor da Babilônia, em 586 a.C.12 O P E R Í O D O P E R SA A terra ficou completamente desolada durante o exílio, com todos os judeus, menos os mais pobres, espalhados pelo Oriente Médio desde o Egito até a Babilônia. Outros povos começaram a migrar para a terra. Os edomitas, talvez impelidos pelos árabes que pressionavam ao sul, mudaram-se para o norte, e os samaritanos, povo de origem parcialmente israelita e parcialmente pagã, logo emergiram.13 Em 539 a.C., Ciro II da Pérsia conquistou a Babilônia e, por volta de 500 a.C., todo o Oriente Médio estava em poder dos persas.14 Os judeus começaram a retornar, mas a situação era desalentadora, e houve pouco progresso até a chegada de Esdras e Neemias, no século V a.C., para reconstruir Jerusalém e reedificar o templo. Do ponto de vista arqueológico, foi um período relativamente obscuro, mas há importantes achados. Por exemplo, um papiro de Samaria contendo documentos legais, datando de cerca de 375-335 a.C., foi descoberto não uádi ed-Daliyeh, na região montanhosa central de Israel. Numerosos sítios têm produzido evidências de níveis de ocupação do período persa, mas, além de nomes reais persas para propósitos de datação, pouca evidência direta da influência persa foi encontrada. OS P E R Í O D OS G R EGO E H ASMONE U Governo grego Alexandre, o Grande, ao marchar pelo Oriente, em 333 a.C., manteve-se na região costeira, de modo a destruir a marinha persa e evitar as áreas judaicas. Todo o Império Persa caiu sob o controle grego. Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), uma família grega, a dos ptolomeus, assumiu o controle do Egito.15 O Oriente também caiu sob o controle dos ptolomeus. As cartas de Zenão, administrador de negócios sob Ptolomeu II Filadelfo (285-246 a.C.), revelam que havia um ativo comércio entre o Oriente e o Egito de vários gêneros e escravas (usadas como prostitutas). Enquanto isso, o processo de helenização avançou, e muitos líderes abraçaram a cultura e a religião gregas. O governo ptolomaico manteve-se na região até 200 a.C., quando o poder passou para os selêucidas, governantes gregos da Síria.16 O selêucida que tomou o Oriente dos ptolomeus foi Antíoco III (223-187 a.C.). No entanto, depois de perder a Ásia 7 Ver “A estela de Merneptá”, em Jz 8.  8Ver “Construções de Salomão”, em 1Rs 9.  9Ver “A campanha de Sisaque”, em 2Cr 12.  10Ver “Onri e Samaria”, em 1Rs 16.  11Ver “Hazael, a nêmesis de Israel”, em 2Rs 8.  12Ver “Os últimos dias de Jerusalém”, em Jr 6.  13Ver “Os samaritanos”, em Jo 8.  14Ver “Ciro, o Grande”, em Ed 1.   14Ver “Os ptolomeus”, em Dn 7.  15Ver “Os selêucidas”, em Dn 12.
  • 10. A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a1 0 Menor para Roma, em 189 a.C., o reino de Antíoco III enfrentou sérias dificuldades financeiras. Seu filho, Seleuco IV (187- 175 a.C.) fracassou na tentativa de saquear as riquezas do templo judaico, mas Antíoco IV (175-164 a.C.) obteve êxito, por volta de 170 a.C. Antíoco IV é o selêucida mais lembrado da história judaica. Por volta de 168 a.C., ele destruiu grande parte de Jerusalém, edificou um altar a Zeus no templo e proibiu a observância do judaísmo.17 Os judeus, sob a liderança de Judas Ma- cabeu e seus irmãos, derrotou os selêucidas após sucessivas campanhas. Judas morreu em batalha no ano de 160 a.C., mas seu irmão Jônatas assumiu a liderança até sua morte (ca. 142 a.C.). Simão, o terceiro dos irmãos, o sucedeu (os governantes da linhagem dos macabeus são conhecidos como hasmoneus). O governo hasmoneu Por esse tempo, a Judeia tornou-se tudo, menos independente (Simão, na verdade, era rei e também sumo sacerdote, embora os governantes hasmoneus tradicionalmente se apresentassem apenas como sumos sacerdotes). Simão foi sucedido por seu filho, João Hircano l (134-104 a.C.), o qual ampliou o domínio de Judá. Depois do breve reinado de Aristóbulo l (104- 103 a.C.), o líder hasmoneu seguinte foi Alexandre Janeu (103-76 a.C.). Ele continuou a expandir o domínio de Judá por meios militares. Enormes divisões ideológicas se formaram na sociedade judaica, principalmente entre os grupos mais conservadores e religiosos, liderados pelos fariseus, e os grupos mais helenizados e aristocráticos, liderados pelos saduceus.18 A viúva de Alexandre Janeu, Salomé Alexandra, reinou depois dele e, com a morte dela, em 67 a.C., seus filhos Aristóbulo II e Hircano II lutaram pelo trono. OS P E R Í O D OS R OMANO E B I Z ANTINO O governo romano Por essa mesma época, Roma avançou para a região. Pompeu, o Grande, destruiu o reino Selêucida, capturou Jerusalém e estabe­ leceu Decápolis como região independente do controle judaico. Hircano II recebeu o sacerdó- cio, mas sua influência política desapareceu. Ao idumeu (i.e., edomita) Antípater foi dado o título de procurador da Judeia, por serviços prestados a Júlio César. Em 40 a.C., os partos tomaram Jerusalém e reinstalaram o governo hasmoneu na pessoa de Antígono. Herodes (o Grande), filho do idumeu Antípater, fugiu para Roma e re- tornou mais tarde com o exército romano para tomar Jerusalém e, com o apoio dos romanos, reivindicar o título de rei. Herodes governou até 4 a.C. e dedicou esse tempo a numerosos projetos de con- strução, entre eles o porto da cidade marítima de Cesareia, o palácio-fortaleza de Massada e o Herodium, a fortaleza Antônia e o templo de Jerusalém. No final da vida, paranoico e corrupto, assassinou alguns de seus filhos e não deixou herdeiros evidentes.19 O imperador Augusto dividiu o domínio de Herodes entre seus três filhos (Arquelau, Herodes Antipas e Filipe). A região foi unificada outra vez por um breve período sob o governo de Herodes Agripa l, mas com sua morte, em 44 d.C., o governo dos herodianos chegou a fim, e a Terra Santa caiu sob o controle absoluto dos romanos. A mistura da arrogância romana com o antagonismo judaico ao governo pagão provou-se mortal. A incompetente e violenta administração de Géssio Floro, procurador entre 64 e 66 d.C., mostrou-se intolerável, e os judeus se revoltaram em Relevo comemorativo à vitória romana sobre a Judeia. Preserving Bible Times; © Dr. James C. Martin; com permissão de Eretz Israel Museum 17Ver “Antíoco IV Epifânio”, em Dn 11.    18Ver “Os fariseus”, em Mt 5; “Os saduceus”, em Mt 22.   19Ver “Herodes, o Grande”, em Mc 3. 
  • 11. A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a 1 1 20Ver “Josefo e a queda de Jerusalém”, em Mt 24.  21Ver “A Cesareia marítima”, em At 10.  22Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na preservação dos locais sagrados”, em Jo 19.   66 d.C., porém, depois de alguns sucessos iniciais, eles foram massacrados pelo exército romano liderado por Vespasiano e seu filho Tito. Em 70 d.C., Jerusalém e o templo foram destruídos entre as horríveis desventuras judaicas.20 A Cesareia marítima, cidade do governador, foi transformada em colônia romana,21 e o centro da vida religiosa judaica mudou para Jâmnia, cidade localizada a oeste de Jerusalém, próxima do Mediterrâneo. Em 132 d.C., o imperador Adriano decidiu reconstruir Jerusalém como colônia romana, a Aelia Capitolina, o que provocou nova rebelião, sob a liderança de Simão Bar Kosba, que foi sau- dado como um messias e chamado de Bar Kokhba (“o filho da estrela”) pelo rabi Akiba. A batalha foi feroz e terminou com o extermínio quase total dos judeus da região, e um édito proibia-os de entrar em Jerusalém. O cristãos, que não se juntaram à revolta, tiveram melhor sorte. O governo bizantino Finalmente, o Império Romano dividiu-se em duas partes, com a porção oriental governada a partir da cidade de Bizâncio (também chamada Constantinopla e, atualmente, Istambul). Assim, a região hoje conhecida como Palestina caiu sob o controle bizantino. A conversão do imperador bizantino Constantino I ao cristianismo (312 d.C.) aumentou em muito o prestígio da região com seus relicários. Tornou-se local de peregrinações, e várias igrejas foram construídas sob patrocínio imperial.22 A arqueolo- gia recuperou restos de muitos sítios, e os relatórios informam diversos achados do período bizantino. Com exceção de alguma revolta ocasional, a região desfrutou um prolongado período de paz sob o governo bizantino. O governo islâmico A ascensão do islã trouxe a invasão árabe do leste. O primeiro califa, Abu Bakr, convocou um jihad para tomar posse da região e, depois de um sangrento conflito com os exércitos bizantinos, a terra caiu sob o controle de Umar I, em 636 d.C. Depois disso, a Terra Santa passou a ser governada pelos omíadas, e teve início o processo de arabização e conversão do povo ao islã. Em 691 d.C., os muçulmanos construíram o Domo da Rocha, no monte do Templo, sob a alegação de ter sido aquele o lugar do qual Maomé ascendeu ao céu. As outras dinastias muçulmanas (os abássidas, os ikhshídidas e os fatímidas) sucessivamente dividiram o controle da área. Os governantes fatímidas, em particular o califa al-Hakim (996-1021 d.C.), foram intolerantes para com os cristãos. As igrejas ocidentais reagiram, e tiveram início as Cruzadas. Por volta de 1100 d.C., Jerusalém estava nas mãos dos cruzados. Prolongadas guerras entre os muçulmanos e os cruzados se seguiram. Os muçulmanos obtiveram vitórias decisivas sob a liderança de Saladino (1137-1193 d.C.), e, por volta de 1291 d.C., a Terra Santa estava outra vez nas mãos dos seguidores de Maomé. Enquanto isso, uma aristocracia militar de fala turca, denominada mamelucos, forçara sua ascensão ao poder no Egito e se tornou a classe governante, até mesmo do Oriente. Mas o Oriente Médio vivia tempos agitados, lutando contra os invasores mongóis, e os enfraquecidos mamelucos caíram diante dos turcos otomanos, em 1516 d.C. A Palestina, outrora alvo de acirradas disputas, permaneceu um tanto isolada durante os trezentos anos do governo otomano, embora constantemente agitada por revoltas e massacres internos e por guerras entre as facções que disputavam o poder do império. O envolvimento europeu teve seu recomeço com a campanha de Napoleão no Egito (1798-1801 d.C.). Depois disso, o enfraquecido Império Otomano recebia ocasionalmente o apoio da Europa. Alguns assentamentos franceses, russos e alemães surgiram na região, e o primeiro assentamento sionista apareceu em 1882 d.C. Em 1896, Theodor Herzl escreveu um panfleto advogando o estabelecimento de um Estado judeu na Palestina. O MAN D ATO B R IT Â NI C O A Primeira Guerra Mundial trouxe mudanças decisivas. Havia intenso conflito na própria Palestina durante a guerra, e o de- crépito Império Otomano finalmente expirou. Em 1917, o ministro do exterior britânico Arthur Balfour, na esperança de obter apoio judeu na guerra, emitiu a Declaração de Balfour, que defendia o Estado judeu na Palestina. Como consequência da guerra, os árabes rejeitaram a Declaração de Balfour e elegeram Faiçal para governar a formação do conhecemos hoje por Síria, Líbano e Palestina. No entanto, uma conferência realizada em 1920 pôs a Síria e o Líbano sob a tutela da França e a Palestina sob o
  • 12. A h i s t ó r i a d a t e r r a s a n t a1 2 mandato da Inglaterra. O curto reinado de Faiçal chegou ao fim, e os árabes passaram a se referir ao ano de 1920 como “o ano da catástrofe”. Na década de 1930, com a ascensão do nazismo, um grande número de judeus migrou para a Palestina, e tiveram início graves conflitos entre os recém-chegados e os árabes da região. A política britânica oscilava entre o apoio aos judeus e aos árabes. A Segunda Guerra Mundial e o Holocausto ocasionaram a migração em massa de judeus para a região. A Liga Árabe opôs-se oficialmente ao Estado sionista na Palestina, mas as potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos, foram simpáticas à causa judaica, e os próprios judeus determinaram nunca mais se permitir uma situação que resultasse no mas- sacre de seu povo ou num novo Holocausto. Em 1947, as Nações Unidas votaram a partição da Palestina em dois Estados, um judaico e um árabe, mas o plano encontrou resistência armada por parte dos árabes palestinos. Entretanto, os sionistas expulsaram os árabes, no início de 1948, e o mandato britânico chegou ao fim. Em 14 de maio de 1948, foi criado o moderno Estado de Israel. Perto do final do ano, todos os exércitos árabes de oposição haviam sido derrotados, e Israel tornou-se mem- bro das Nações Unidas. I S R A E L E P A L E S T I N A Durante os anos seguintes muitos árabes palestinos deixaram o território de Israel, mudando-se para a área palestina (o lado oeste e a faixa de Gaza) ou para outros territórios. Em 1964, surgiu a Organização de Libertação da Palestina (OLP), e vários movimentos guerrilheiros, como o Fatah, iniciaram suas atividades. Na guerra de 1967, os militares israelitas derrotaram de- finitivamente as forças árabes formadas contra Israel e tomaram o controle do lado oeste e da faixa de Gaza (também o Sinai, que voltou para as mãos egípcias depois da Guerra do Yom Kippur, de 1973). A Jordânia conduziu as unidades de guerrilha palestinas para fora de seu território, e os palestinos fugiram para o Líbano. O resultado foi que o Líbano passou a ser sacudido por guerras civis. Os israelenses continuam a lutar contra as guerrilhas e contra os terroristas palestinos estabelecidos nos territórios ocupados e no Líbano. A arqueologia dessa terra, portanto, não está relacionada apenas com a história bíblica, mas com todas as eras, desde a Idade da Pedra até a modernidade. Em qualquer sítio, os arqueólogos podem encontrar níveis de ocupação calcolíticos, do Bronze Médio, do Ferro I, do período helenístico ou do Bizantino, das Cruzadas e/ou do Império Otomano, bem como artefatos dos inúmeros invasores que passaram pela região. É claro que o progresso da arqueologia tem sido bastante prejudicado pelos conflitos modernos. A história da terra prometida sempre foi escrita com sangue.
  • 13. I n t r o d u ç ã o a Romanos A U TO R , L U GA R E D ATA D A R E D A Ç Ã O Que Paulo é o autor de Romanos (1.1) é praticamente incontestável. O livro é geralmente datado de 57 d.C., provavelmente durante a ter- ceira viagem missionária de Paulo (At 20). Prestes a concluir sua obra no Mediterrâneo oriental, ele desejava levar o evangelho ao Ocidente (Rm 15.19,24). A maioria dos especialistas acredita que Paulo escreveu esta carta de Corinto. D ESTINAT Á R IO Os leitores originais de Paulo eram os cristãos — predominantemente gentios (Rm 1.13) — de Roma. Paulo apresentou-se à igreja romana (que ele não havia implantado) e explicou por que pretendia visitá-la. F ATOS C U L T U R AIS E D ESTA Q U ES Durante muitos anos, Paulo desejou visitar Roma para ministrar ali (1.13-15). Alguns supõem que ele esperava usar Roma como base para seu empreendimento missionário na Espanha e escreveu esta carta para explicar a natureza de sua obra. Outros sugerem que o objetivo da epístola era pastoral: tratar das divisões existentes naquela igreja (14.1—15.6). Outros, ainda, postulam um objetivo apologético: o evangelho de Paulo estava sendo atacado, e ele precisava defender seu ensino fundamental de que “o justo viverá pela fé” (1.17) da acusação caluniosa de que ele pregava um evangelho antinomista e libertino (3.8). Qualquer que seja o objetivo do apóstolo, está claro que a preocupação principal do livro é a relação entre judeus e gentios no abrangente plano de Deus para a salvação. L IN H A D O TEM P O Nascimento de Jesus (ca. 6/ 5 a.C.) Morte, ressurreição e ascensão de Jesus (ca. 30 d.C.) A conversão de Paulo (ca. 35 d.C.) As viagens missionárias de Paulo (ca. 46-67 d.C.) Reinado de Nero (ca. 54-68 d.C.) Redação da carta aos Romanos (ca. 57 d.C.) Primeira prisão de Paulo em Roma (ca. 59-62 d.C.) Prisão e morte de Paulo em Roma (ca. 67-68 d.C.) Destruição do templo de Jerusalém (ca. 70 d.C.) 10 a.c. d.c.1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 EN Q U ANTO VO C Ê L Ê Atente para os temas recorrentes de fé e obras, lei e graça, pecado e justiça, juízo e justificação e para a explicação sistemática e abran- gente do evangelho de Paulo: os gentios vieram de um contexto de idolatria e incredulidade, ao contrário dos judeus, cuja herança incluía o conhecimento da Lei e as promessas de Deus. Apesar disso, todos pecaram (cap. 1—3). A justificação é pela fé, não por obras, ainda que isso não seja uma permissão para viver uma vida de pecado (cap. 4—6). Os judeus, que antes buscavam a justiça nas obras, não a encontraram, enquanto os gentios, que não buscavam Deus na Lei, encontraram-no e foram enxertados, por meio da fé, no verdadeiro Israel. Isso se dá por causa da eleição divina e do plano de Deus — que, mesmo assim, se lembrou de seu povo, Israel (cap. 9—11). Sobre o alicerce da fé, Paulo passa a tratar de questões relativas à vida cristã no dia a dia (cap. 12—15).
  • 14. I n t r o d u ç ã o a r o m a n o s1 4 VO C Ê SA B IA ? • Os judeus da época, por terem a Lei mosaica, consideravam-se superiores aos gentios (2.1). • Costumava-se guardar nos templos pagãos grandes quantidades de riquezas (2.22) • Nos tempos do NT, o batismo acontecia logo depois da conversão. Isso fazia que ambos fossem considerados aspectos de um único ato (6.3,4). • A adoção era comum entre os gregos e romanos, e eram garantidos ao filho adotado todos os privilégios de um filho legítimo, inclusive direitos de herança (8.15). TEMAS O livro de Romanos contém os seguintes temas: 1. A fidelidade de Deus. Um tema central de Romanos é a fidelidade da aliança de Deus. Sua fidelidade à promessa feita ao patriarca Abraão é revelada na salvação baseada na fé. Judeus e gentios encontram justiça diante de Deus por meio da fé em Jesus (3.21-26). 2. Justiça. Nem judeus nem gentios têm méritos pessoais diante de Deus. Todos, à exceção de Cristo, estão debaixo de sua ira (2.1—3.20). Mas há boas notícias: pela morte de Cristo, Deus credita a justiça dele próprio a todos os que creem e confiam em sua promessa de salvação em Cristo (3.21—5.21). Unidos a Jesus, os cristãos são capacitados, pelo poder do Espírito Santo, a viver uma vida justa aqui e agora (6.1—8.39). 3. Reconciliação. Romanos ressalta a preocupação de Paulo com a reconciliação racial e sensibilidade para com as culturas. Seus con­ selhos para a solução dos conflitos internos da igreja (14.1—15.6) exaltam a atitude de Cristo como exemplo para nós (15.1-6). Paulo reitera o ensino de Jesus, segundo o qual o amor ao próximo cumpre o intento da Lei (13.8-10). S U M Á R IO I. Introdução (1.1-15) II. Tema: A justiça que vem de Deus (1.16,17) III. A injustiça de toda a humanidade (1.18—3.20) IV. A justificação (3.21—5.21) A. A justiça vem somente por meio de Cristo (3.21-26) B. A justiça é recebida pela fé (3.27—4.25) C. A paz e a alegria são frutos da justiça (5.1-11) D. Morte por meio de Adão, vida por meio de Cristo (5.12-21) V. Santificação (6—8) A. Escravos do pecado ou escravos da justiça (6) B. A luta contra o pecado (7) C. A vida fortalecida pelo Espírito (8) VI. O reconhecimento da justiça de Deus: o problema da rejeição de Israel (9—11) A. A escolha soberana de Deus (9.1-29) B. A incredulidade de Israel (9.30—10.21) C. O remanescente e os galhos enxertados (11) VII. A justiça praticada (12.1—15.13) VIII. Conclusão (15.14—16.27)
  • 15. 1Paulo, servoa de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo,a separadob para o evangelho de Deus,c 2 o qual foi prometido por ele de antemão por meio dos seus profetas nas Escrituras Sagradas,d 3 acerca de seu Filho, que, como homem,e era descendente de Davi, 4 e que mediante o Espíritob de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, pela sua ressurreição dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor. 5 Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as naçõesf um povo para a obediência que vem pela fé.g 6 E vocês também estão entre os chamados para pertencerem a Jesus Cristo.h 7 A todos os que em Roma são amados de Deusi e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.j Paulo Anseia Visitar a Igreja em Roma 8 Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês,k porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm.l 9 Deus, a quem sirvom de todo o coração pregando o evangelhodeseuFilho,éminhatestemunhandecomosempremelembrodevocês10 emminhasorações; epeçoqueagora,finalmente,pelavontadedeDeus,mesejaabertoocaminhoparaqueeupossavisitá-los.o 11 Anseio vê-los,p a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los,12 isto é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé. 13 Quero que vocês saibam, irmãos, que muitas vezes planejei visitá-los, mas fui impedido até agora.q Meu propósito é colher algum fruto entre vocês, assim como tenho colhido entre os demais gentiosc. 14 Soudevedorr tantoagregoscomoabárbarosd,tantoasábioscomoaignorantes.15 Porissoestou disposto a pregar o evangelho também a vocês que estão em Roma.s 16 Não me envergonho do evangelho,t porque é o poder de Deusu para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu,v depois do grego.w 17 Porque no evangelho é reveladax a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”e.y A Ira de Deus contra a Humanidade 18 Portanto, a ira de Deusz é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, 19 pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.a 20 Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas,b de forma que tais homens são indesculpáveis; 21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.c 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucosd 23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagense feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso Deus os entregouf à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si.g 25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira,h e adoraram e serviram a coisasi e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre.j Amém. 26 Por causa disso Deus os entregouk a paixões vergonhosas.l Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.m 27 Da mesma forma, os homens a  1.1 Isto é, escravo. b  1.4 Ou que quanto a seu espírito. c  1.13 Isto é, os que não são judeus; também em todo o livro de Romanos. d  1.14 Isto é, aqueles que não possuíam cultura grega. e  1.17 Hc 2.4. R o m a n o s 1 . 2 7 1 5 1.1 a1Co 1.1; bAt 9.15; c2Co 11.7 1.2 dGl 3.8 1.3 eJo 1.14 1.5 fAt 9.15; gAt 6.7 1.6 hAp 17.14 1.7 iRm 8.39; j1Co 1.3 1.8 k1Co 1.4; lRm 16.19 1.9 m2Tm 1.3; nFp 1.8 1.10 oRm 15.32 1.11 pRm 15.23 1.13 qRm 15.22,23 1.14 r1Co 9.16 1.15 sRm 15.20 1.16 t2Tm 1.8; u1Co 1.18; vAt 3.26; wRm 2.9,10 1.17 xRm 3.21; yHc 2.4; Gl 3.11; Hb 10.38 1.18 zEf 5.6; Cl 3.6 1.19 aAt 14.17 1.20 bSl 19.1-6 1.21 cJr 2.5; Ef 4.17,18 1.22 d1Co 1.20,27 1.23 eSl 106.20; Jr 2.11; At 17.29 1.24 fEf 4.19; g1Pe 4.3 1.25 hIs 44.20; iJr 10.14; jRm 9.5 1.26 kv. 24,28; l1Ts 4.5; mLv 18.22,23 1.27 nLv 18.22; 20.13 1.1-7 As cartas antigas geralmente começavam com uma identificação simples do remetente e dos destinatários, seguida de uma saudação (ver “As cartas no mundo greco-romano”, em 2Co 3). As cartas do NT se- guem esse padrão, mas nenhuma introdução é tão elaborada como a carta de Paulo aos cristãos de Roma, talvez porque estivesse escrevendo para uma igreja que ele nunca visitara. Paulo usa seis versículos para se identificar, antes de mencionar seu público e saudá-lo. 1.1 A palavra grega aqui traduzida por “servo” significa literalmente “escravo”, aquele que pertence a seu dono e não tem liberdade para ir embora (ver “Trabalho e bem-estar no mundo antigo”, em 2Ts 3; e “Escravidão no mundo greco-romano”, em Fm). 1.2 Sobre as “Escrituras Sagradas”, ver “O Antigo Testamento da igreja primitiva”, 2Tm 3. 1.7 Ver “Roma”, em Rm 2. .1.13 A palavra grega traduzida por “irmãos” era usada no tempo de Paulo quando alguém se dirigia a uma multidão ou comunidade que incluía homens e mulheres (ver At 1.14-16). 1.14 Os “gregos” são os gentios que falavam grego ou seguiam o estilo grego de vida, embora fossem cidadãos do Império Romano e falassem latim. “Bárbaros” (i.e., os não gregos) é uma palavra que provavelmente imi- tava o som, ininteligível aos ouvidos gregos, dos idiomas de outros povos. 1.18 A ira de Deus não é igual à ira egoísta e imprevisível atribuída aos deuses míticos com os quais o público romano de Paulo estava familiari- zado (ver “Os deuses dos gregos e dos romanos”, em Gl 4). 1.27 A expressão “atos indecentes” é uma referência à sodomia, pela qual Sodoma se tornou conhecida (Gn 19.5). Deus proibiu estritamente essa prática (Dt 23.17) Ela geralmente estava em conexão com a adoração pagã, e sua inclusão era sinal de distanciamento do Senhor (1Rs 14.24). Asa (1Rs 15.12) e Josafá tomaram medidas contra esse pecado (1Rs 22.46), mas sua prática continuou: na época de Josias, era praticada até mesmo na casa do Senhor (2Rs 23.7).
  • 16. também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.n 28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregouo a uma dispo- sição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. 29 Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros,p 30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais;q 31 são insensatos, desleais, sem amor pela família,r implacáveis. 32 Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que pra- ticam tais coisas merecem a morte,s não somente continuam a praticá-las, mas também aprovamt aqueles que as praticam. R o m a n o s 1 . 2 81 6 NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS 1.28 ov. 24,26 1.29 p2Co 12.20 1.30 q2Tm 3.2 1.31 r2Tm 3.3 1.32 sRm 6.23; tSl 50.18; Lc 11.48; At 8.1; 22.20 ROMANOS 1 Em Romanos 1.24-32, Paulo descreve a depravação dos gentios. Cita a homossexualidade como o exemplo mais importante e comprobatório de sua reprova- ção. Com esse comportamento, eles demonstravam a realidade de que rejeitar a Deus conduz à perversão de tudo o que é bom e correto. De fato, a homossexualidade difundida é prova irrefutável de que uma cul- tura está sob juízo divino. Hoje, entretanto, muitos intér- pretes afirmam que ler Romanos 1 à luz da realidade cultural do mundo greco-romano revela que Paulo não estava, na verdade, condenado a homossexualidade em si, mas repro- vando uma versão particularmente sensual e promíscua dessa inclinação sexual. Ou seja, de acordo com esses estudiosos, a homossexualidade, no contexto de um relacionamento cui- dadoso e amável, não só é aceitável, como não fazia parte das preocupações de Paulo. Essa interpretação baseia-se numa dis- torção do que conhecemos sobre as práticas e crenças antigas. A homossexualidade era muito comum no mundo grego e durante o período do NT difundiu-se também no mun- do romano. Na época, como agora, havia orgias homossexuais, porém muitas outras variedades de comportamento homossexual eram praticadas. Entretanto, não podemos afirmar que o comportamento homosse- xual pagão era estritamente orgiástico. Os homens gregos envolviam-se em relacio- namentos homossexuais com adolescentes. Muitos, na verdade, consideravam isso uma experiência para atingir a maturidade. Qualquer atração homossexual era descrita com termos românticos. Poetas e poetisas celebravamseuamorporpessoasdo mesmo sexo.Safo(ca.630a.C.)foiapoetisamaisfa- mosa desse gênero, embora a natureza pre- cisa de seu relacionamento com a mulher de seupoemasejaalvodedebates.Oimperador romanoAdrianoeratãodominadopeloamor passional por um jovem chamado Antínoo que, quando o objeto de sua afeição se afo- gou,oimperadordeprimidodecretou queelefosseadoradocomoumdeus. Os judeus, no entanto, conside- ravam os homossexuais depravados por natureza — atitude fundamen- tada em textos bíblicos, como Leví- tico 18.22. Os escritos judaicos desse períodotratavamaatividadehomos- sexual como digna de morte. Paulo, longe de discordar desse ponto de vista, endossou-a rigorosamente (1Co 6.9). É importante observar, no entanto, que nem Paulo nem seus contemporâneos judeus faziam dis- tinção entre homossexualidade legal e ilícita. Para eles, tal preferência sexual era, por natureza, errada em qualquercontexto. Há evidências de que mesmo os gregos podiam estar cientes de que esse comportamento era depravado. Aristófanes, poeta cômico grego, fazia piadas sobre o comportamento homossexual (ainda que o utilizasse como artifício cômico). Por exemplo, em Mulheres na Tesmoforia, ridiculariza sem piedade a homossexualidade notória do poeta Agatão. Seria exagero afirmar que Aristófanes se opunha à prática homosse- xual,massuacomédiaindicaumaconsciência preocupada com esse comportamento na cultura em que estava inserido. Platão, por sua vez, em seus primeiros diálogos, aprova o comportamento homossexual, porém, já no final de sua carreira, observa em suas Leis que a relação sexual homossexual era larga- mentereconhecidacomonãonatural. Imperador Adriano Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu de Israel Homossexualidade no mundo antigo
  • 17. O Justo Juízo de Deus 2Portanto, você, que julga os outros é indesculpável;u pois está condenando você mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas.v 2 Sabemos que o juízo de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade. 3 Assim, quando você, um simples homem, os julga, mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus? 4 Ou será que você despreza as riquezasw da sua bondade,x tolerânciay e paciência,z não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento?a 5 Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obsti- nado, você está acumulando ira contra você mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento.b 6 Deus “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento”a.c 7 Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honrad e imortalidade.e 8 Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça.f 9 Have- rá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal: primeiro para o judeu, depois para o grego;g 10 mas glória, honra e paz para todo o que pratica o bem: primeiro para o judeu, depois para o grego.h 11 Pois em Deus não há parcialidade.i 12 Todo aquele que pecar sem a Lei, sem a Lei também perecerá, e todo aquele que pecar sob a Lei,j pela Lei será julgado. 13 Porque não são os que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas os que obedecemk à Lei, estes serão declarados justos. 14 (De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena,l tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; 15 pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os.) 16 Isso tudo se verá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens,m mediante Jesus Cristo,n conforme o declara o meu evangelho.o Os Judeus e a Lei 17 Ora,vocêlevaonomedejudeu,apoia-senaLeieorgulha-sedeDeus.p 18 Vocêconheceavontade de Deus e aprova o que é superior, porque é instruído pela Lei. 19 Você está convencido de que é guia de cegos, luz para os que estão em trevas, 20 instrutor de insensatos, mestre de crianças, porque tem na Lei a expressão do conhecimento e da verdade. 21 E então? Você, que ensina os outros, não ensina a você mesmo? Você, que prega contra o furto, furta?q 22 Você, que diz que não se deve adulterar, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos?r 23 Você, que se orgulha da Lei,s desonra a Deus, desobedecendo à Lei? 24 Pois, como está escrito: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês”b.t 25 A circuncisão tem valor se você obedece à Lei;u mas, se você desobedece à Lei, a sua circuncisão já se tornou incircuncisão.v 26 Se aqueles que não são circuncidados obedecem aos preceitos da Lei,w não serão eles considerados circuncidados?x 27 Aquele que não é circuncidado fisicamente, mas obe- dece à Lei, condenará vocêy que, tendo a Lei escrita e a circuncisão, é transgressor da Lei. 28 Não é judeu quem o é apenas exteriormente,z nem é circuncisão a que é meramente exterior e física.a 29 Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito,b e não pela Lei escrita.c Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus.d a  2.6 Sl 62.12; Pv 24.12. b  2.24 Is 52.5; Ez 36.22. R o m a n o s 2 . 2 9 1 7 2.1 uRm 1.20; v2Sm 12.5-7; Mt 7.1,2 2.4 wRm 9.23; Ef 1.7,18; 2.7; xRm 11.22; yRm 3.25; zÊx 34.6; a2Pe 3.9 2.5 bJd 6 2.6 cSl 62.12; Mt 16.27 2.7 dv. 10; e1Co 15.53,54 2.8 f2Ts 2.12 2.9 g1Pe 4.17 2.10 hv. 9 2.11 iAt 10.34 2.12 jRm 3.19; 1Co 9.20,21 2.13 kTg 1.22,23, 25 2.14 lAt 10.35 2.16 mEc 12.14; nAt 10.42; oRm 16.25 2.17 pv. 23; Mq 3.11; Rm 9.4 2.21 qMt 23.3,4 2.22 rAt 19.37 2.23 sv. 17 2.24 tIs 52.5; Ez 36.22 2.25 uGl 5.3; vJr 4.4 2.26 wRm 8.4; x1Co 7.19 2.27 yMt 12.41,42 2.28 zMt 3.9; Jo 8.39; Rm 9.6,7; aGl 6.15 2.29 bFp 3.3; Cl 2.11; cRm 7.6; dJo 5.44; 1Co 4.5; 2Co 10.18; 1Ts 2.4; 1Pe 3.4 2.1 Os judeus da época, por terem a Lei mosaica, consideravam-se superiores aos gentios. De acordo com eles, os gentios nada sabiam da revelação de Deus e tinha um estilo de vida imoral. 2.22 Costumava-se guardar nos templos pagãos grandes quantidades de riquezas. 2.25 A circuncisão era um sinal da aliança que Deus firmou com Israel e penhor da bênção decorrente dessa aliança (ver Gn 17 e nota; ver tam- bém “Homossexualidade no mundo antigo”, em Rm 1). Se alguém faz a observação despreocupa- damenteoucomtodaaseriedade,ooutro deveobservarque,quandoocorpomacho se une para a procriação com a fêmea, o prazer que apoia isso é compreendido como de acordo com a natureza, mas quando um macho se une a outro macho, ou uma fêmea a outra fêmea, é fora dos limites da natureza. Esse ultraje era ini- cialmente feito por pessoas cujo desejo de prazererasemautocontrole. —Platão sobre a homossexualidade DePlatão,Leis,636c(traduçãoporDuaneGarrett) Veroartigo“Homossexualidadenomundoantigo”, emRm1. Vozes antigas
  • 18. R o m a n o s 2 . 2 91 8 S Í T I OS AR Q U E O L Ó G I C OS ROMANOS 2 No primeiro século d.C., Romatinhacercadeummilhãodehabitan- tes. A cidade era lar de vários templos, tais comootemplodeConcorde,odeCastoreo de Vesta. O último era uma estrutura mo- desta, porém antiga, dedicada à deusa do lar e servido pelas virgens vestais. O antigo centro da vida religiosa, cultural, comercial e política era o Fórum, embora no primeiro século houvesse outros fóruns (como o Fó- rum de Augusto e o Fórum de Júlio César) ali perto. César Augusto e seu tenente M. Ves- pasiano Agripa haviam comandado várias construções em Roma um século antes.1 Suas obras incluíam o Panteão (templo de- dicado a todos os deuses de Roma),2 o Altar da Paz, residência imperial na colina Pala- tina, o templo de Júlio César, um arco do triunfo, aquedutos e sistemas de esgoto e várias outras estruturas. Augusto gabava-se de que havia encontrado Roma como uma cidade de pedra e que a deixou como uma cidade de mármore. Ainda assim, muitos dos moradores de Roma viviam na miséria. Massivas constru- çõesdeapartamentoschamadosinsulae(lit. “ilhas”) estavam espalhadas pela cidade.3 Além de serem infestadas de delinquentes, essasconstruçõeseramáreasdealtoriscode incêndios:em64d.C.,umincêndiodevastou três dos catorze bairros da cidade, deixando apenas quatro incólumes. Nero, imperador na época, usou a terra desnudada pelo fogo para construir uma extravagante residência parasi,quedenominouDomusAurea(“casa dourada”).4 O famoso Coliseu, anfiteatro com capacidade para 50 mil pessoas senta- das, foi dedicado em 80 d.C. O arco de Tito, construído em 81 d.C., comemora o saque deJerusalémpelosromanos.5 Roma era lar de uma população etnica- mente misturada, inclusive de um número significativo de judeus.6 Os grupos étnicos tendiam a se agrupar em bairros diferentes, e a cidade era caracterizada por severa dife- rença de classes. Entre um terço e metade dos moradores de Roma eram escravos ou escravos recém-libertos, embora aqueles nãoestivessemnecessariamentenabaseda hierarquia social.7 É provável que os pobres livres experimentassem a sina mais difícil e vivessem nas condições mais difíceis. Os necessitados dependiam do donativo do governo e podiam rapidamente se tornar umaturba(daíoditadodequeopovoexigia “pãoecirco”). Roma, o centro de comércio do império, era facilmente acessível por meio de uma rede de estradas e canais. Como as vizi- nhanças étnicas, o mercado era organizado em quarteirões agrupados de acordo com as categorias comercializadas. Isso facilitava ao visitante estrangeiro o encontro com outros de sua confraria e aos consumidores alocalizaçãorápidadositensquedesejavam comprar. Os que compartilhavam de deter- minada profissão geralmente formavam clubes e associações, o que lhes permitia uma vida social em comum e uma comuni- dadedenegóciosafins.8 A Basílica de São Pedro está localizada no sítio tradicional (mas não comprovado) em que o apóstolo Pedro foi sepultado, enquanto a Basílica de São Paulo, fora dos muros da cidade, marca o local de sepul- tamento tradicional desse apóstolo. Uma placa encontrada ali, datada do período de Constantino, contém a inscrição PAULO APOSTOLO MART[YRI] (“Ao apóstolo Paulo, mártir”).9 ROMA 1Ver “César Augusto, imperador de Roma; o censo; Quirino, governador da Síria”, em Lc 1.  2Ver “Os deuses dos gregos e dos romanos”, em Gl 4.  3Ver “Casas na Terra Santa do século I d.C.: a casa de Pedro em Cafarnaum; Insulae”, em Mt 14.  4Ver “Nero, o perseguidor dos cristãos”, em Fp 4.  5Ver “Josefo e a queda de Jerusalém”, em Mt 24.  6Ver “A diáspora judaica no século I d.C.”, em At 2.  7Ver “Escravidão no mundo greco-romano”, em Fm.  8Ver “As viagens no mundo greco-romano”, em 1Ts 3; e ”Comércio e mercantilismo no Império Romano”, em Ap 18.  9Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na preservação dos locais sagrados”, em Jo 19. A colina Palatina, em Roma Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Ministério de Propriedades e Atividades Culturais — Superintendência Arqueológica de Roma
  • 19. 3Que vantagem há então em ser judeu, ou que utilidade há na circuncisão? 2 Muita, em todos os sentidos! Principalmente porque aos judeus foram confiadas as palavras de Deus.e 3 Que importa se alguns deles foram infiéis?f A sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?g 4 De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro,h e todo homem mentiroso.i Como está escrito: “Para que sejas justificado nas tuas palavras e prevaleças quando fores julgado”a.j 5 Mas,seanossainjustiçaressaltademaneiraaindamaisclaraajustiçadeDeus,quediremos?Que Deus é injusto por aplicar a sua ira? (Estou usando um argumento humano.)k 6 Claro que não! Se fosse assim, como Deus iria julgar o mundo?l 7 Alguém pode alegar ainda: “Se a minha mentira ressalta a veracidade de Deus, aumentando assim a sua glória,m por que sou condenado como pecador?” 8 Por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: “Façamos o mal, para que nos venha o bem”?n A condenação dos tais é merecida. Ninguém é Justo 9 Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagemb? Não! Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.o 10 Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um sequer; 11 não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. 12 Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer”c.p 13 “Sua garganta é um túmulo aberto; com a língua enganam”d.q “Veneno de víbora está em seus lábios”e.r 14 “Sua boca está cheia de maldição e amargura”f.s 15 “Seus pés são ágeis para derramar sangue; 16 ruína e desgraça marcam os seus caminhos, 17 e não conhecem o caminho da paz”g. 18 “Aos seus olhos é inútil temer a Deus”h.t 19 SabemosquetudooqueaLeidiz,u odizàquelesqueestãodebaixodela,v paraquetodabocasecalee omundotodoestejasobojuízodeDeus.20 Portanto,ninguémserádeclaradojustodiantedelebaseando- -se na obediência à Lei,w pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado.x A Justiça por meio da Fé 21 Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus,y independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas,z 22 justiça de Deus mediante a féa em Jesus Cristo para todos os a  3.4 Sl 51.4. b  3.9 Ou desvantagem. c  3.10-12 Sl 14.1-3; Sl 53.1-3; Ec 7.20. d  3.13 Sl 5.9. e  3.13 Sl 140.3. f  3.14 Sl 10.7. g  3.15-17 Is 59.7,8. h  3.18 Sl 36.1. R o m a n o s 3 . 2 2 1 9 3.2 eDt 4.8; Sl 147.19 3.3 fHb 4.2; g2Tm 2.13 3.4 hJo 3.33; iSl 116.11; jSl 51.4 3.5 kRm 6.19; Gl 3.15 3.6 l Gn 18.25 3.7 mv. 4 3.8 nRm 6.1 3.9 ov. 19,23; Gl 3.22 3.12 pSl 14.1-3 3.13 qSl 5.9; rSl 140.3 3.14 sSl 10.7 3.18 tSl 36.1 3.19 uJo 10.34; vRm 2.12 3.20 wAt 13.39; Gl 2.16; xRm 7.7 3.21 yRm 1.17; 9.30; zAt 10.43 3.22 aRm 9.30; bRm 10.12; Gl 3.28; Cl 3.11 3.8 O antinomismo é a ideia de que a lei moral não se aplica aos cristãos, que estão, em vez disso, sob a lei da graça. Porque a salvação não vem por meio de obras, mas pela graça, pensava-se, o esforço moral podia ser diminuído. Paulo pensava que esse tipo de heresia se havia infiltrado na igreja (1Co 5 e 6). Outros escolheram deturpar o ensino de Paulo a res- peito da graça (como nesse versículo), e Paulo demonstrou o absurdo do ataque (Rm 6.1,15). Desde o primeiro século até nossos dias, pessoas e grupos tentaram combinar a vida espiritual com a permissividade moral, mas a Escritura não deixa dúvidas de que a nova vida em Cristo significa a morte para os antigos desejos malignos (Gl 5.24). 3.10-18 Vários fatores explicam por que as citações do AT nem sempre são exatamente literais no NT. 1) As citações feitas no NT às vezes se ocupavam do sentido geral, sem a pretensão de ser literais. 2) O grego não usava aspas nas citações. 3) As citações eram muitas vezes tomadas da tradução grega (a Septuaginta) do AT hebraico, porque os leitores de língua grega não tinham familiaridade com a Bíblia hebraica. 4) Às vezes, o escritor do NT, para ressaltar a lição que ensinava, propositadamente aumentava, abreviava ou adaptava um texto do AT ou combinava dois ou mais textos (ver “A Septuaginta e seu uso no Novo Testamento”, em Hb 11). 3.21 “A Lei e os Profetas” são Escrituras do AT em sua totalidade (ver “O Antigo Testamento da igreja primitiva”, em 2Tm 3). 3.22-25 Paulo valeu-se de várias dimensões da experiência humana de seus dias. “Justificação” faz parte do jargão jurídico: é quando um juiz declara um réu inocente. “Redenção” vem do mundo do comércio e da escravidão: a pessoa podia redimir escravos, comprando-lhes a liberdade. “Sacrifício para propiciação”, obviamente, é linguagem da religião: o ato de se apresentar uma oferta que toma o lugar do culpado.
  • 20. que creem. Não há distinção,b 23 pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, 24 sendo justificadosgratuitamenteporsuagraça,c pormeiodaredençãod queháemCristoJesus.25 Deusoofe- receu como sacrifício para propiciaçãoae mediante a fé, pelo seu sangue,f demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidosg; 26 mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. 27 Onde está, então, o motivo de vanglória?h É excluído. Baseado em que princípio? No da obe- diência à Lei? Não, mas no princípio da fé. 28 Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, a  3.25 Ou como sacrifício que desviava a sua ira, removendo o pecado. R o m a n o s 3 . 2 32 0 NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS 3.24 cRm 4.16; Ef 2.8; dEf 1.7,14; Cl 1.14; Hb 9.12 3.25 e1Jo 4.10; fHb 9.12,14; gAt 17.30 3.27 hRm 2.17,23; 4.2; 1Co 1.29-31; Ef 2.9 ROMANOS 3 O significado da circuncisão entre os não israelitas do mundo antigo é debatido entre os especialistas (se era um rito de casamento ou da puberdade ou se era praticado por questões higiênicas). Mas, para Israel, o rito era um “sinal” do penhor da aliança do povo que tinha de “andar diante [Yahweh]1 e ser íntegro” (Gn17.1,11).Oprocedimentoerarealizado no órgão reprodutor masculino a fim de lembrar o receptor de que o juramento de fidelidade era compulsório tanto para elequantoparaseusdescendentes.Também é provável que o corte ritual, no contexto da aliança (cf. Gn 15.7-18; Jr 34.17-20), apontasse para a maldição de ser “corta- do”, que devia ser lançada sobre todos os que violassem a aliança (cf. Gn 17.14; Êx 4.25). A retirada por completo do prepúcio fez da circuncisão uma marca de diferen- ciação étnica para Israel, pois separava os machos israelitas dos egípcios e de muitos dos vizinhos ocidentais semitas de Israel (cf. Jr 9.24,25) que realizavam o rito apenas fendendo o prepúcio; dos filisteus “incircun- cisos” e dos semitas orientais da Mesopotâ- mia, que não praticavam de forma alguma o ritual; finalmente, dos gregos e dos romanos dos períodos intertestamental e do NT, que rejeitavamtodaformadecircuncisão. Não é surpresa que, para Israel, o termo “prepúcio” gerasse uma conotação negativa, vindo a representar tudo que se opunha a Deus e a seu povo. Ao mesmo tempo, o ter- mo“circuncisão”erausadometaforicamente para designar alguém que renunciou às práticas pagãs e que agora era inteiramente devotado a Yahweh (Dt 10.16; Jr 4.4). Com o estabelecimento da fé cristã, todas as marcas nacionais, como a circuncisão física, perderam o valor, e o povo de Deus tornou- -se diferente apenas pela fé, que se desen- volvia em amor — o verdadeiro sinal de sua identificaçãocomoMessiaspormeiodaobra transformadora do Espírito (Rm 2.28,29; Gl 5.6; 6.14-16; cf. Dt 30.6; Jr 31.33; 32.39; Ez 36.26,27). 1Ver o Glossário na p. 2080 para as definições das palavras em negrito. Texto grego de Romanos 3; Egito, século III d.C. © The Schøyen Collection; cortesia do sr. Martin Schøyen Circuncisão no mundo antigo
  • 21. R o m a n o s 4 . 2 1 2 1 independentedaobediênciaàLei.i 29 DeuséDeusapenasdosjudeus? Ele não é também o Deus dos gentios? Sim, dos gentios também,j 30 vistoqueexisteumsóDeus,quepelaféjustificaráoscircuncisos e os incircuncisos.k 31 Anulamos então a Lei pela fé? De maneira nenhuma! Ao contrário, confirmamos a Lei. Abraão Foi Justificado pela Fé 4Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão? 2 Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus.l 3 Que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.”am 4 Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado comofavor,n mascomodívida.5 Todavia,àquelequenãotrabalha, mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. 6 Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade do homem a quem Deus credita justiça independente de obras: 7 “Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados! 8 Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa!”bo 9 Destina-se essa felicidade apenas aos circuncisos ou também aos incircuncisos?p Já dissemos que, no caso de Abraão, a fé lhe foi creditada como justiça.q 10 Sob quais circunstâncias? Antes ou de- pois de ter sido circuncidado? Não foi depois, mas antes! 11 Assim ele recebeu a circuncisão como sinal, como selo da justiça que ele tinha pela fé, quando ainda não fora circuncidado.r Portanto, ele é o pais de todos os que creem,t sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a eles; 12 e é igualmente o paidoscircuncisosquenãosomentesãocircuncisos,mastambém andam nos passos da fé que teve nosso pai Abraão antes de passar pela circuncisão. 13 Não foi mediante a Lei que Abraão e a sua descendência receberam a promessau de que ele seria herdeiro do mundo,v mas mediante a justiça que vem da fé. 14 Pois, se os que vivem pela Lei são herdeiros, a fé não tem valor, e a promessa é inútil;w 15 porque a Lei produz a ira.x E onde não há Lei, não há transgressão.y 16 Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graçaz e seja assim garantidaa a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da Lei, mas também aos que têm a fé que Abraão teve. Ele é o pai de todos nós. 17 Como está escrito: “Eu o constituí pai de muitas nações”c.b Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vidac aos mortos e chamad à existência coisas que não existem,e como se existissem. 18 Abraão,contratodaesperança,emesperançacreu,tornando-seassimpaidemuitasnações,f como foi dito a seu respeito: “Assim será a sua descendência”d.g 19 Sem se enfraquecer na fé, reconheceu que o seu corpo já estava sem vitalidade,h pois já contava cerca de cem anos de idade,i e que também o ventredeSarajáestavasemvigor.j 20 Mesmoassimnãoduvidounemfoiincréduloemrelaçãoàpromessa deDeus,masfoifortalecidoemsuaféedeuglóriaaDeus,k 21 estandoplenamenteconvencidodequeele a  4.3 Gn 15.6. b  4.7,8 Sl 32.1,2. c  4.17 Gn 17.5. d  4.18 Gn 15.5. 3.28 iv. 20,21; At 13.39; Ef 2.9 3.29 jRm 9.24 3.30 kGl 3.8 4.2 l1Co 1.31 4.3 mv. 5,9,22; Gn 15.6; Gl 3.6; Tg 2.23 4.4 nRm 11.6 4.8 oSl 32.1,2; 2Co 5.19 4.9 pRm 3.30; qv. 3 4.11 rGn 17.10,11; sv. 16,17; Lc 19.9; tRm 3.22 4.13 uGl 3.16,29; vGn 17.4-6 4.14 wGl 3.18 4.15 xRm 7.7-25; 1Co 15.56; 2Co 3.7; Gl 3.10; Rm 7.12; yRm 3.20; 7.7 4.16 zRm 3.24; aRm 15.8 4.17 bGn 17.5; cJo 5.21; dIs 48.13; e1Co 1.28 4.18 fv. 17; gGn 15.5 4.19 hHb 11.11,12; iGn 17.17; jGn 18.11 4.20 kMt 9.8 4.9-17 No pensamento judaico, uma distinção permanecia entre os descendentes de Abraão — os participantes da aliança — e as “outras” nações, que também receberam benefícios por meio de Abraão de alguns modos não definidos. Paulo quebrou essa distinção: gentios e judeus são “descendentes” de Abraão, beneficiários das bênçãos provenientes da aliança de Deus. 4.11 Ver “Circuncisão no mundo antigo”, em Rm 3. AgoraelesdeixaramTrebônio,membroda conspiração, para atrasar Antônio à porta com conversas. Os outros permaneceram ao lado de César enquanto ele estava sen- tado em sua cadeira, como se fossem seus amigos, mas haviam escondido adagas. Um do grupo, Tílio Cimber, aproximou- -se de seu rosto e perguntou pelo retorno de seu irmão exilado. Enquanto César respondia que estava adiando essa ques- tão, Cimber agarrou o tecido da toga de César, como se o pressionasse com seu pedido, puxou para trás o manto do pes- coço dele e gritou: “Por que esperar mais, amigos?”. Casca foi o primeiro. Estava de pé, acima da cabeça de César, e levou a adaga ao pescoço dele, mas escorregou egolpeou-onopeito.Césaragarrouatoga de Cimber, prendeu a mão de Casca, sal- tou da cadeira e virou-se. Então derrubou Casca com uma força tremenda. Enquanto César estava curvado desse jeito, outra pessoa empurrou uma adaga contra seu lado. Cássio esfaqueou-o no rosto, Brutus atingiu-o na coxa e Bucoliano acertou-lhe as costas. César virou-se contra todos eles, enfurecido e gritando feito um animal, mas quando percebeu que Brutus o estava golpeando, ele se desesperou, arrumou-se emsuatoga,ecaiucomdignidadeaolado daestátuadePompeu. —Ohistoriador Apiano sobre o assassi- nato de Júlio César DeApiano,Históriaromana,2.16(traduçãoporDuaneGarrett) Veroartigo”OImpérioRomano”,emRm4. Vozes antigas
  • 22. R o m a n s :2 2 R o m a n s :2 2 POVOS, TERRAS E GOVERNANTES ANTIGOS R o m a n o s 4 . 2 22 2 ROMANOS 4 A tradição afirma que Roma foi fundada em 753 a.C. e que no início foi governada por uma série de reis.1 Localizada num aglomerado de colinas no rio Tibre, na Itália Central, desde os seus primeiros anos a cidade foi pressionada pelos etruscos ao norte e pelos colonos latinos e gregos ao sul, num processo longo até assumir o controle da península italiana. A monarquia romana chegou ao fim por volta de 509 a.C. e foi substituída pela República. A maior parte da Itália estava sob o controle romano por volta de meados do século III a.C., e na parte final daqueleséculoRomalutouemváriasguerras aonortedaÁfrica,contraacidadeCartago(as Guerras Púnicas). Na Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), Roma sofreu derrotas catas- tróficasparaocartaginêsAníbal,masporfim prevaleceu, por absoluta força de vontade, e obteve o controle do Mediterrâneo ociden- tal. Movendo-se na direção do Mediterrâneo Oriental, os romanos subjugaram os gregos, a Anatólia (Turquia), a Síria e a Terra Santa. A independência do Egito terminou quando Cleópatra, última representante dos faraós, cometeusuicídiodiantedoataquedasforças romanas,em30a.C. Enquanto isso, o governo da República, que fora projetada com uma série complexa de freios e contrapesos, tornava-se progres- sivamente estagnada e caracterizada pela disputa política. Generais como Caio Mário (ca. 157-86 a.C.) e Lúcio Cornélio Sula (ca. 138-78 a.C.) demonstraram que um gene- ral bem-sucedido podia controlar a política romana apenas com seu exército.2 Caio Júlio César (ca. 100-44 a.C.) explorou essa condição ao máximo e, depois de conquistar a Gália (França) e de derrotar seu rival, Pom- peu,oGrande(ca.106-48a.C.),numaguerra civil,foideclaradoditadorvitalícioemRoma. Numa tentativa de restaurar a República, os membros conservadores do Senado o assas- sinaram, porém o sistema havia chegado ao fim. Após sucessivas guerras civis, Otaviano (César Augusto), sobrinho-neto e herdeiro adotado de Júlio César, estabeleceu- -se como governante exclusivo domundoromano.3 Teve início assim o pe- ríodo da história romana conhecido como Princi- pado (27 a.C.-285 d.C.), durante o qual o mundo romano foi governado por vários imperadores. Após um longo declínio, o impe- rador Diocleciano (245-316 d.C.) restaurou a ordem e dividiuoimpérioemquatro distritos administrativos. A abdicação de Diocleciano foi seguida por outro período de guerras e confusão, do qual Constantino, o Grande (ca.280-337d.C.),emergiuvito- rioso. Ele mudou sua capital para Bizâncio, renomeou-a Constantinopla (a moderna Istambul) e declarou o cristianismo religião oficial do Império Romano.4 O im- pério ocidental entrou em declínio e caiu em 476, com a abdicação de Rômulo Augusto, mas sua contra- partida oriental sobreviveu como Império Bizantino até a queda de Constan- tinodiantedosturcosotomanos,em1453. O Principado romano proporciona a es- trutura política e cultural para os escritos do NT. As cidades que sucumbiram ao controle romano tinham cada uma sua história com relação a Roma. Tarso, por exemplo, era uma cidade livre e não pagava impostos,5 e Corinto e Filipos, colônias de oficiais roma- nos, desfrutavam certos benefícios legais.6 A cidadania romana, embora amplamente concedida, não era garantida a todos os que viviam sob o domínio romano.7 Um sistema extensivodeestradasbeneficiavaasativida- des militares e também comerciais do impé- rio.8 Comumaeconomiabaseadaemgrande parte na agricultura e na escravidão, os númerosdasclassesinferioresaumentaram. O mundo romano incorporou um confu- soroldereligiões,cultosesuperstições.Além disso, os imperadores romanos eram divini- zados quando morriam e esperava-se que todos os que viviam dentro das fronteiras do império manifestassem sua lealdade a Roma participando do culto imperial e prestando homenagem a César.9 Quando os cristãos se recusaram a fazer isso, foram acusados de traição.10 Mesmo assim, as condições pací- ficas que prevaleceram nessa época (a pax romanaou“pazdeRoma”),aculturacomum greco-romanaeovastosistemadetranspor- tepermitiramqueocristianismoflorescesse. 1Ver “Roma”, em Rm 2.  2Ver “O exército romano e a ocupação da Terra Santa”, em At 27.  3Ver “César Augusto, imperador de Roma; o censo; Quirino, governador da Síria”, em Lc 1.  4Ver “Constantino e o papel da rainha Helena na preservação dos locais sagrados”, em Jo 19.  5Ver “Impostos romanos”, em Rm 11.  6Ver “Corinto”, em 2Co 1; e “Filipos”, em Fp 1.  7Ver “Cidadania romana”, em Fp 3.  8Ver “As viagens no mundo greco-romano”, em 1Ts 3; e “Comércio e mercantilismo no Império Romano”, em Ap 18.  9Ver “O culto imperial”, em Mc 12.  10Ver “Primeiras perseguições à Igreja”, em Ap 17. Imperador Cláudio Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu Britânico O Império Romano
  • 23. R o m a n s : 2 3R o m a n o s 6 . 4 2 3 era poderoso para cumprir o que havia prometido.l 22 Em consequência, “isso lhe foi creditado como justiça”a.m 23 Aspalavras“lhefoicreditado”nãoforamescritasapenasparaele,24 mastambémparanós,n a quem Deus creditará justiça, a nós, que cremos naqueleo que ressuscitou dos mortosp a Jesus, nosso Senhor. 25 Ele foi entregue à morte por nossos pecadosq e ressuscitado para nossa justificação. Paz e Alegria 5Tendo sido, pois, justificados pela fé,r temosb paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, 2 por meio de quem obtivemos acessos pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes;t e nos gloria- mosc na esperançau da glória de Deus. 3 Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações,v porque sabemos que a tribulação produz perseverança;w 4 a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. 5 E a esperançax não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santoy que ele nos concedeu. 6 De fato, no devido tempo,z quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios.a 7 Difi- cilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. 8 Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.b 9 Comoagorafomosjustificadospor seusangue,c muitomaisainda,pormeiodele,seremossalvos da irad de Deus! 10 Se quando éramos inimigos de Deuse fomos reconciliadosf com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!g 11 Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação. Morte em Adão, Vida em Cristo 12 Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem,h e pelo pecado a morte,i assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; 13 pois antes de ser dada a Lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei.j 14 Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometerampecadosemelhanteàtransgressãodeAdão,oqualeraumtipodaquelequehaveriadevir.k 15 Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. De fato, muitos morreram por causa da transgressão de um só homem,l mas a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só, Jesus Cristo,m transbordou ainda mais para muitos. 16 Não se pode comparar a dádiva de Deus com a consequência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. 17 Se pela transgressão de um só a morten reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. 18 Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens,o assimtambémumsóatodejustiçaresultounajustificaçãop quetrazvidaatodososhomens. 19 Logo, assim como por meio da desobediência de um só homemq muitos foram feitos pecadores, assim também por meio da obediênciar de um único homem muitos serão feitos justos. 20 A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada.s Mas onde aumentou o pecado transbordou a graça,t 21 a fim de que, assim como o pecado reinou na morte,u também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Mortos para o Pecado, Vivos em Cristo 6Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?v 2 De maneira nenhu- ma! Nós, os que morremos para o pecado,w como podemos continuar vivendo nele? 3 Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizadosx em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? 4 Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortosy mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova.z a  4.22 Gn 15.6. b  5.1 Ou tenhamos. c  5.2 Ou gloriemo-nos; também no versículo 3. 4.21 lGn 18.14; Hb 11.19 4.22 mv. 3 4.24 nRm 15.4; 1Co 9.10; 10.11; oRm 10.9; pAt 2.24 4.25 qIs 53.5,6; Rm 5.6,8 5.1 rRm 3.28 5.2 sEf 2.18; t1Co 15.1; uHb 3.6 5.3 vMt 5.12; wTg 1.2,3 5.5 xFp 1.20; yAt 2.33 5.6 zGl 4.4; aRm 4.25 5.8 bJo 15.13; 1Pe 3.18 5.9 cRm 3.25; dRm 1.18 5.10 eRm 11.28; Cl 1.21; f2Co 5.18,19; Cl 1.20,22; gRm 8.34 5.12 hv. 15,16,17; 1Co 15.21,22; iGn 2.17; 3.19; Rm 6.23 5.13 jRm 4.15 5.14 k1Co 15.22, 45 5.15 lv. 12,18,19; mAt 15.11 5.17 nv. 12 5.18 ov. 12; pRm 4.25 5.19 qv. 12; rFp 2.8 5.20 sRm 7.7,8; Gl 3.19; t1Tm 1.13,14 5.21 uv. 12,14 6.1 vv. 15; Rm 3.5,8 6.2 wCl 3.3,5; 1Pe 2.24 6.3 xMt 28.19 6.4 yCl 3; zRm 7.6; Gl 6.15; Ef 4.22- 24; Cl 3.10 4.25 Essas palavras, que refletem a tradução da Septuaginta de Is 53.12, provavelmente constituíam uma fórmula confessional cristã (ver “A Septuaginta e seu uso no Novo Testamento”, em Hb 11). 6.1 Sobre a heresia do antinomismo (ideia que a lei moral não se aplica aos cristãos, que estão sob a lei da graça), ver nota em 3.8. 6.3,4 Nos tempos do NT, o batismo acontecia logo depois da conversão. Isso fazia que ambos fossem considerados aspectos de um único ato (ver At 2.38; ver também “Batismo no mundo antigo”, em Mt 3).
  • 24. 5 Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição.a 6 Pois sabemos que o nosso velho homemab foi crucificado com ele,c para que o corpo do pecadod seja destruídob, e não mais sejamos escravos do pecado; 7 pois quem morreu foi justificado do pecado. 8 Ora,semorremoscomCristo,cremosquetambémcomeleviveremos.9 Poissabemosque,tendo sidoressuscitadodosmortos,e Cristonãopodemorreroutravez:amortenãotemmaisdomíniosobre ele.f 10 Porque,morrendo,elemorreuparaopecadog umavezportodas;mas,vivendo,viveparaDeus. 11 Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado,h mas vivos para Deus em Cristo Jesus. 12 Portanto, não permitam que o pecado continue dominando o corpo mortal de vocês, fazendo que a  6.6 Isto é, a nossa velha vida em Adão. b  6.6 Ou seja deixado sem poder R o m a n o s 6 . 52 4 NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS 6.5 a2Co 4.10; Fp 3.10,11 6.6 bEf 4.22; Cl 3.9; cGl 2.20; Cl 2.12,20; dRm 7.24 6.9 eAt 2.24; fAp 1.18 6.10 gv. 2 6.11 hv. 2 ROMANOS 6 A escatologia é o “estudo das últimas coisas” e os meios pelos quais certas comunidades religiosas concebem o final ou o objetivo da História. A Bíblia não usa o ter- mo abstrato “escatologia”, mas sugere essa ideia em expressões como “os dias vindou- ros”, “os últimos dias”, “o fim dos tempos” ou “o dia do Senhor” e sua versão reduzida “naquele dia” (Dt 4.30; Is 11.11; Dn 2.28; Jl 2.1). No judaísmo e no cristianismo primiti- vo, a escatologia era uma consequência ne- cessária da convicção dupla de que um Deus verdadeiroevivocriouoUniversoepretende resgatá-lo. Emboraascrençasescatológicasjudaicas no século I d.C. fossem bastante diversas, al- gunsconceitosbásicoseramcompartilhados: Israelesperavaarestauraçãoeareversão divinadetudoqueestavaerradonomundo. Os impérios pagãos e seus ídolos seriam destruídos,eJerusalémseriaglorificada. A liderança corrupta de Israel seria remo- vida, e o verdadeiro rei davídico assumiria o poder. Os pecados de Israel seriam perdoados, e Deus derramaria seu Espírito sobre seu povo paraqueanaçãosetornasseobediente. Como resultado, sairia luz de Jerusalém, que convocaria todas as nações para adorar aoSenhordetodaaterra. Um aspecto importante desse quadro geral é a noção de um Redentor pessoal, um representante autorizado para mediar a re- lação entre Deus e seu povo. Esse Ungido, o Messias,écompreendidodeváriasmaneiras: um segundo Moisés, um príncipe, um servo sofredor ou um sumo sacerdote escolhido. Todos esses conceitos são profundamente devedores aos profetas do AT e refletem um panorama geral comum aos diversos grupos existentes em Israel. Alguns partidos judai- cos,naverdade,esperavamdoismessias:um messiassacerdotaleummessiasreal. A crença escatológica judaica não era se- gredo. Até mesmo os historiadores romanos Suetônio e Tácito sabiam da esperança ju- daica de uma salvação messiânica. A liturgia da sinagoga também incluía orações diárias concentradasnaesperançadeIsrael.1 Adespeitodaamplaunidadedaescatolo- gia judaica, um vasto rol de opiniões existia a respeitodotempoexatoedamaneiraprecisa emqueessesgrandesacontecimentossetor- nariampúblicos(1Pe1.10-12).Váriosautores articularam a esperança que Israel tinha do futuro por meio de uma cadeia de imagens e metáforas, porém o conjunto era difícil de conciliar.Diferentesgruposreligiososassumi- ram compreensões muito divergentes tanto sobre os antecedentes da era messiânica quanto sobre a perspectiva de cada movi- mento: Os fariseus, que parecem ter reconhecido o cenário escatológico mais geral, entediam a fidelidade à Torá como prerrequisito divino paraavisitaçãodeIsrael(At15.5).2 Os saduceus negavam a ressurreição (Mt 22.23) e sua atitude em relação à escatologia emgeralpermaneceincerta.3 OsessêniosdeQumranacreditavamque sua comunidade era o início do cumprimento da era da redenção. Separaram-se dos gen- tiosopressoresedosjudeusapóstatascomos quaisaguardavamumconflitofinal. Josefo considerava os zelotes uma quar- ta seita dentro do judaísmo. Seus membros se consideravam seguidores de Fineias, de Elias e dos macabeus por acreditarem que a resistênciaativaeraoantecedentenecessário paraaeraescatológica.4 As diversas interpretações da profecia no judaísmo do primeiro século recomendam cautela nas interpretações da profecia nos dias de hoje. A mensagem principal do NT é que a esperança de Israel está cumprida em Jesus (Mc 1.15; 1Co 10.11; Hb 9.26; 1Pe 1.20), e foi precisamente esse ponto que muitos líderes judeus, a despeito de sua leitura cuidadosa das profecias, precisavam reconhecer. Esforços recentes para empregar aprofeciabíblicaafimdedescrevercompre- cisão como e quando os acontecimentos do fim do mundo acontecerão podem se provar tão enganosos quanto os dos intérpretes do primeiroséculo. Escatologia judaica no século I d.C. 1Ver “Sinagogas antigas”, em At 9.  2Ver “Os fariseus”, em Mt 5.  3Ver “Os saduceus”, em Mt 22.  4Ver “Os zelotes e os essênios”, em Mt 10.
  • 25. obedeçam aos seus desejos. 13 Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instru- mentos de injustiça;i antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça.j 14 Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da Lei,k mas debaixo da graça.l Escravos da Justiça 15 E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De maneira nenhuma! 16 Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-seescravosdaqueleaquemobedecem:escravosdopecadom quelevaàmorte,n oudaobediên- cia que leva à justiça? 17 Mas, graças a Deus,o porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaramaobedecerdecoraçãoàformadeensinop quelhesfoitransmitida.18 Vocêsforamlibertados do pecadoq e tornaram-se escravos da justiça. 19 Falo isso em termos humanos,r por causa das suas limitações humanasa. Assim como vocês ofereceram os membros do seu corpo em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos agora em escravidão à justiças que leva à santidade. 20 Quando vocês eram escravos do pecado,t estavam livres da justiça. 21 Que fruto colheram então das coisas das quais agora vocês se en- vergonham? O fim delaséamorte!u 22 Masagoraquevocêsforamlibertadosdopecadov esetornaram escravos de Deusw o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. 23 Pois o salário do pecado é a morte,x mas o dom gratuito de Deus é a vida eternay emb Cristo Jesus, nosso Senhor. A Ilustração do Casamento 7Meus irmãos,z falo a vocês como a pessoas que conhecem a lei. Acaso vocês não sabem que a lei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele vive? 2 Por exemplo, pela lei a mulher casada está ligada a seu marido enquanto ele estiver vivo; mas, se o marido morrer, ela estará livre da lei do casamento.a 3 Por isso, se ela se casar com outro homem enquanto seu marido ainda estiver vivo, será considerada adúltera. Mas, se o marido morrer, ela estará livre daquela lei e, mesmo que venha a se casar com outro homem, não será adúltera. 4 Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei,b por meio do corpo de Cristo,c para pertenceremaoutro,àquelequeressuscitoudosmortos,afimdequevenhamosadarfrutoparaDeus. 5 Pois quando éramos controlados pela carnec, as paixões pecaminosas despertadas pela Leid atuavam em nosso corpo,e de forma que dávamos fruto para a morte. 6 Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da Lei escrita.f A Luta contra o Pecado 7 Que diremos então? A Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da Lei.g Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: “Não cobiçarás”d.h 8 Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento,i produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a Lei, o pecado está morto.j 9 Antes eu vivia sem a Lei, mas, quando o mandamento veio, o pecado reviveu, e eu morri. 10 Descobri que o próprio mandamento, destinado a produzir vida,k na verdade produziu morte. 11 Pois o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, enganou-mel e por meio do mandamento me matou. 12 De fato a Lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.m 13 E então, o que é bom se tornou em morte para mim? De maneira nenhuma! Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele produziu morte em mim por meio do que era bom, de modo que por meio do mandamento ele se mostrasse extremamente pecaminoso. 14 Sabemos que a Lei é espiritual; eu, contudo, não o sou,n pois fui vendidoo como escravo ao pe- cado. 15 Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio.p 16 E, se faço o que não desejo, admito que a Lei é boa.q 17 Nesse caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.r 18 Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne.s Porque tenho o desejo de a  6.19 Grego: por causa da fraqueza da sua carne. b  6.23 Ou por meio de. c  7.5 Ou pela natureza pecaminosa; também nos versículos 18 e 25. d  7.7 Êx 20.17; Dt 5.21. R o m a n o s 7 . 1 9 2 5 6.13 iv. 16,19; Rm 7.5; jRm 12.1; 1Pe 2.24 6.14 kGl 5.18; lRm 3.24 6.16 mJo 8.34; 2Pe 2.19; nv. 23 6.17 oRm 1.8; 2Co 2.14; p2Tm 1.13 6.18 qv. 7,22; Rm 8.2 6.19 rRm 3.5; sv. 13 6.20 tv. 16 6.21 uv. 23 6.22 vv. 18; w1Co 7.22; 1Pe 2.16 6.23 xGn 2.17; Rm 5.12; Gl 6.7,8; Tg 1.15; yMt 25.46 7.1 zRm 1.13 7.2 a1Co 7.39 7.4 bRm 8.2; Gl 2.19; cCl 1.22 7.5 dRm 7.7-11; eRm 6.13 7.6 fRm 2.29; 2Co 3.6 7.7 gRm 3.20; 4.15; hÊx 20.17; Dt 5.21 7.8 iv. 11 jRm 4.15; 1Co 15.56 7.10 kLv 18.5; Lc 10.26-28; Rm 10.5; Gl 3.12 7.11 lGn 3.13 7.12 m1Tm 1.8 7.14 n1Co 3.1; o1Rs 21.20,25; 2Rs 17.17 7.15 pv. 19; Gl 5.17 7.16 qv. 12 7.17 rv. 20 7.18 sv. 25 7.2,3 Alguns especialistas insistem em que a prova de que se casar novamente por qualquer outro motivo que não a morte do cônjuge é adultério está nesses versículos. Contudo, tanto a lei romana quanto a lei judaica permitiam novo casamento após um divórcio legítimo (ver “Casamento e divórcio no antigo Israel”, em Ml 2). Paulo não está ensi- nando a respeito de casamento ou divórcio, apenas ilustrando a ideia que os cristãos haviam “morrido” para a lei.
  • 26. R o m a n s :2 6 R o m a n o s 7 . 1 92 6 Acontecimentos Pessoas 600 a.C. Queda do controle etrusco em Roma e fundação da República (509) Primeiros cônsules indicados (508) Primeiro ditador (501) 500 Coalizão de Roma com os latinos (493) Doze Mesas (451-450) 400 Roma capturada pelos gauleses (390) Primeira Guerra Samnita (343-341) A Guerra Latina (340-338) Dissolução da Liga Latina (338) Segunda Guerra Samnita (327-304) 300 Terceira Guerra Samnita (298-290) Primeira Guerra Púnica (264-241) Diplomatas romanos em Atenas e Corinto (228) Segunda Guerra Púnica (218-201) Aníbal cruza os Alpes (218) Primeira Guerra Macedônia (214-205) Derrota de Roma por Cartago em Zama (202) Cato, o Velho (234-149) 200 Segunda Guerra Macedônia: derrota de Roma para Filipe V (200-196) Revogação da Lexoppia (195) Guerra contra Antíoco III (o Grande) (191-189) Terceira Guerra Macedônia (176-167) Lexvoconia (169) Terceira Guerra Púnica: destruição de Cartago (150-146) Guerra contra a Acaia; destruição de Corinto (146) Guerra Servil na Sicília (135-131) Cícero (106-43) 100 Guerra Servil contra Espártaco (73-71) Primeiro consulado de Pompeu e Crasso (70) Pompeu captura Jerusalém (63) Consulado de Cícero (63) Coalizão de Pompeu, César e Crasso (60) Primeiro consulado de César (59) Guerras de César na Gália (59-51) Cato, o Jovem (95-46) Catulo (84-54) Virgílio (70-19) Horácio (65-8) Lucrécio (60) Lívio (59 a.C-17 d.C.) HISTÓRIA CRONOLÓGICA DE 600 a.C. ATÉ O FINAL DA REVOLTA JUDAICA, EM 150 d.C.