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ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO PELA
METODOLOGIA OWAS, PARA APLICAÇÃO
DE TEXTURA EM TETO
ElenDebona – PPGEP/UFRGS
elendb@hotmail.com
Verônica Romagnoli – PPGEP/UFRGS
veronicaromagnoli@ibest.com.br
Resumo
O desenvolvimento de trabalho depende diretamente do conjunto harmonioso composto
pelo trabalhador, equipamentos e locais adequados para realização da tarefa, esses
pontos em conjunto irão determinar um melhor desempenho das atividades. Em função
da natureza delas e das diferentes formas de executá-la alguns indivíduos apresentam
problemas de saúde que podem se manifestar de diversas formas.
Será abordada a atividade com braços elevados acima da cabeça (aplicação de textura
com rolo em teto) que gera grande stress muscular nos membros superiores,
responsável pelo grande número de afastamentos de trabalho e sofrimento humano.
Dentre os vários métodos de avaliação postural foi escolhido o método Owas
(OvakoWorkingPostureAnalysing System) que é utilizado para análise de trabalho de
posturas desfavoráveis.
Palavras-chave: Owas, afastamento de trabalho, postura de trabalho.
1. Introdução
O método Owas foi desenvolvido na Finlândia por Karhu, Kansi e Kuorinka, em
1977 (DINIS, 2008). È um método que tem como objetivo avaliar a postura assumida
pelo colaborador por meio da observação do pesquisador. Ele é subdividido na
combinação de posições típicas de dorso, braços e pernas, e é definido por 6 dígitos,
onde 3, descrevem as posições dos segmentos corpóreos, 1, descreve a carga e 2, o
estágio em que a postura foi observada (IIDA, 2005).
A construção civil é um dos setores da economia que possui enorme capacidade
de geração de empregos, contudo, apresenta sérios problemas na relação às condições
de trabalhos dos operários, baixa qualificação e altos índices de acidentes.
O trabalho em questão tem como objetivo realizar a avaliação ergonômica no
serviço de aplicação de textura em teto (Figura 1). A atividade analisada se torna
cumulativa em função da repetição dos movimentos executados.
Figura 1 - Aplicação de textura no teto (Fonte: Arquivo pessoal).
2. Procedimentos Metodológicos
O método baseia-se em analisar a atividade em um determinado período,
observando a frequência e o tempo em cada postura. O registro pode ser feito através de
fotos ou vídeos, sendo que deve ser observado um tempo mínimo de 30 segundos
(CORLETTI, 1986).
A identificação da postura é classificada em 4 categorias que apontam os
diferentes níveis de desconforto e urgência de uma intervenção (Tabela 1):
Tabela 1 - Classificação das posturas do método Owas.
(Fonte: KIWI E MATTILLA, 1991)
A coleta de dados foi realizada in loco, a partir de registros fotográficos e
acompanhamento do sistema de serviço, bem como preenchimento pelo operário de um
questionário sobre as condições de trabalho, relevantes a esta avaliação.
A atividade é realizada seguindo os seguintes passos:
1. Aplica-se o fundo com selador acrílico, recobrindo toda a superfície;
2. São executadas faixas horizontais com a utilização de fita crepe para dividir as
paredes em panos entre 2,5 a 3m;
3. Um funcionário realiza a preparação da textura em um recipiente apropriado;
4. É aplicado então a textura, espalhando por toda a região de maneira uniforme,
com o a utilização do rolo;
5. Faz-se o acabamento de textura com movimentos no sentido horizontal;
6. Pos acabada a textura, retirar as rebarbas nas arestas das paredes, e dá-se o
acabamento.
O operário analisado é o que realiza a atividade de aplicação da textura
conduzindo o rolo com movimentos horizontais contínuos. Sua atividade foi
acompanhada pelo período de uma hora, sendo possível assim, a identificação
preliminar dos possíveis indícios de lesões em longo prazo.
Problemas identificados com a análise visual (Figura 2):
Pressão sobre coluna, devido a atividade continua em pé;
Pressão sobre membros superiores, devido ao movimento repetitivo de
aplicação da textura;
Contaminação direta com material;
Figura 2 - Indicação de posturas (Fonte: Arquivo pessoal)
Foi observado pelas informações obtidas nos questionamentos pelo funcionário
que a empresa disponibiliza treinamento para aplicação de textura, bem como os
devidos EPIs, que o mesmo não utiliza pela falta de flexibilidade e adaptação do
mesmo.
O funcionário realiza essa atividade de mergulhar o rolo no recipiente e estendê-
lo ao teto durante 8,5h diárias, com um intervalo de almoço de 1h e 10 min de intervalo
próximo ao final da jornada.
O operário relata que já se adaptou ao cheiro do produto que é relativamente
forte, mesmo o local possuindo ventilação cruzada.
Figura 3–Posicionamento de aplicação de textura (Fonte: Arquivo pessoal)
Figura 4 - Posicionamento de aplicação de textura (Fonte: Arquivo pessoal)
Tabela 2 - Formulários de pesquisa com operário
(Fonte: Arquivo pessoal.)
3. Resultados
3.1. FASE 1:
Características mais críticas da atividade:
Dorso: Inclinado e com rotação
Braços: Um braço para cima
Pernas: Uma perna suspensa
Carga: Até 10Kg
3.2. FASE 2:
Características mais críticas da atividade:
Dorso: Reto e com rotação
Braços: Dois braços para cima
Pernas: Duas pernas retas
Carga: Até 10Kg
4. Discussão e Conclusão
Em um primeiro momento a observação ao trabalhador se deu em função da
atividade estática do mesmo, de aplicação contínua da textura no teto. Um breve
período depois foi observado que a posição crítica e com a presença de rotação postural
do mesmo se dava quando o operário absorvia com o rolo, a textura para aplicação.
Sendo assim a análise postural foi realizada com base nas posturas a atividade crítica
com rotação.
4.1. Avaliação geral:
Com os resultados obtidos a partir do WinOWAS é possivel concluir que
durante as movimentação das costas a postura requer certa atenção, já que se enquadra
na classificação 3; Para os braços nas posições com um ombro acima do tronco e com
os dois ombros acima a atividade pode ser verificada na proxima revisão dos métodos
de trabalho, sendo classificada na classe 2; Para as duas pernas estendida esta postura
não requer cuidados especificos, se encaixando na classe 1, porém para ou uma perna
estendida a posição requer revisão de metódo de trabalho já que se enquadra na classe 2;
4.1.1. Avaliação específica - Fase 01:
No tronco flexionado e torcido - classe 4, este método de trabalho requer atenção
imediata; Para um braço estendido acima do tronco e para uma perna também estendida
– classe 3, a postura deve merecer atenção a curto prazo.
4.1.2. Avaliação específica - Fase 02:
No tronco torcido e para os braços estendidos acima do tronco - classe 3, este
método de trabalho requer atenção imediata;
Para as pernas estendidas – classe 02 a atividade pode ser verificada na próxima
revisão de métodos de trabalho.
Foi possível observar que o trabalhador adota determinadas posturas para
facilitar seu trabalho, bem como diminuir o tempo de aplicação. Certas posturas
adotadas podem prejudicar ainda mais a saúde do operários, sendo assim providencias
devem ser adotadas principalmente para reduzir a rotação do tronco e flexão do mesmo,
que acaba sendo o agravante de categoria nesta atividade, uma opção seria a fixação do
balde onde o operário pega a matéria prima, próximo ao local de aplicação da mesma,
para que o trabalhador não tenha que rotacionar o tronco.
5. Referências
1. IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
2. LIGEIRO, J. FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO ERGONÔMICA EM
ATIVIDADES MULTIFUNCIONAIS: A CONTRIBUIÇÃO DA
ERGONOMIA PARA O DESIGN DE AMBIENTES DE TRABALHO.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Design da
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. São Paulo, 2010.
3. PRESTES, A., PARTICA, F. AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO
TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS
PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA CONSTRUÇÃO
CIVIL. Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta
Grossa. Ponta Grossa, 2009.
4. Rumaquella, M. POSTURA DE TRABALHO RELACIONADA COM AS
DORES NA COLUNA VERTEBRAL EM TRABALHADORES DE UMA
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: ESTUDO DE CASO. Dissertação apresentado
ao Programa de Pós-graduação em Design. São Paulo, 2009.

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Análise ergonômica pelo método de OWAS.

  • 1. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO PELA METODOLOGIA OWAS, PARA APLICAÇÃO DE TEXTURA EM TETO ElenDebona – PPGEP/UFRGS elendb@hotmail.com Verônica Romagnoli – PPGEP/UFRGS veronicaromagnoli@ibest.com.br Resumo O desenvolvimento de trabalho depende diretamente do conjunto harmonioso composto pelo trabalhador, equipamentos e locais adequados para realização da tarefa, esses pontos em conjunto irão determinar um melhor desempenho das atividades. Em função da natureza delas e das diferentes formas de executá-la alguns indivíduos apresentam problemas de saúde que podem se manifestar de diversas formas. Será abordada a atividade com braços elevados acima da cabeça (aplicação de textura com rolo em teto) que gera grande stress muscular nos membros superiores, responsável pelo grande número de afastamentos de trabalho e sofrimento humano. Dentre os vários métodos de avaliação postural foi escolhido o método Owas (OvakoWorkingPostureAnalysing System) que é utilizado para análise de trabalho de posturas desfavoráveis. Palavras-chave: Owas, afastamento de trabalho, postura de trabalho. 1. Introdução O método Owas foi desenvolvido na Finlândia por Karhu, Kansi e Kuorinka, em 1977 (DINIS, 2008). È um método que tem como objetivo avaliar a postura assumida pelo colaborador por meio da observação do pesquisador. Ele é subdividido na combinação de posições típicas de dorso, braços e pernas, e é definido por 6 dígitos, onde 3, descrevem as posições dos segmentos corpóreos, 1, descreve a carga e 2, o estágio em que a postura foi observada (IIDA, 2005). A construção civil é um dos setores da economia que possui enorme capacidade de geração de empregos, contudo, apresenta sérios problemas na relação às condições de trabalhos dos operários, baixa qualificação e altos índices de acidentes.
  • 2. O trabalho em questão tem como objetivo realizar a avaliação ergonômica no serviço de aplicação de textura em teto (Figura 1). A atividade analisada se torna cumulativa em função da repetição dos movimentos executados. Figura 1 - Aplicação de textura no teto (Fonte: Arquivo pessoal). 2. Procedimentos Metodológicos O método baseia-se em analisar a atividade em um determinado período, observando a frequência e o tempo em cada postura. O registro pode ser feito através de fotos ou vídeos, sendo que deve ser observado um tempo mínimo de 30 segundos (CORLETTI, 1986). A identificação da postura é classificada em 4 categorias que apontam os diferentes níveis de desconforto e urgência de uma intervenção (Tabela 1):
  • 3. Tabela 1 - Classificação das posturas do método Owas. (Fonte: KIWI E MATTILLA, 1991) A coleta de dados foi realizada in loco, a partir de registros fotográficos e acompanhamento do sistema de serviço, bem como preenchimento pelo operário de um questionário sobre as condições de trabalho, relevantes a esta avaliação. A atividade é realizada seguindo os seguintes passos: 1. Aplica-se o fundo com selador acrílico, recobrindo toda a superfície; 2. São executadas faixas horizontais com a utilização de fita crepe para dividir as paredes em panos entre 2,5 a 3m; 3. Um funcionário realiza a preparação da textura em um recipiente apropriado; 4. É aplicado então a textura, espalhando por toda a região de maneira uniforme, com o a utilização do rolo; 5. Faz-se o acabamento de textura com movimentos no sentido horizontal; 6. Pos acabada a textura, retirar as rebarbas nas arestas das paredes, e dá-se o acabamento. O operário analisado é o que realiza a atividade de aplicação da textura conduzindo o rolo com movimentos horizontais contínuos. Sua atividade foi acompanhada pelo período de uma hora, sendo possível assim, a identificação preliminar dos possíveis indícios de lesões em longo prazo. Problemas identificados com a análise visual (Figura 2): Pressão sobre coluna, devido a atividade continua em pé; Pressão sobre membros superiores, devido ao movimento repetitivo de aplicação da textura; Contaminação direta com material;
  • 4. Figura 2 - Indicação de posturas (Fonte: Arquivo pessoal) Foi observado pelas informações obtidas nos questionamentos pelo funcionário que a empresa disponibiliza treinamento para aplicação de textura, bem como os devidos EPIs, que o mesmo não utiliza pela falta de flexibilidade e adaptação do mesmo. O funcionário realiza essa atividade de mergulhar o rolo no recipiente e estendê- lo ao teto durante 8,5h diárias, com um intervalo de almoço de 1h e 10 min de intervalo próximo ao final da jornada. O operário relata que já se adaptou ao cheiro do produto que é relativamente forte, mesmo o local possuindo ventilação cruzada.
  • 5. Figura 3–Posicionamento de aplicação de textura (Fonte: Arquivo pessoal) Figura 4 - Posicionamento de aplicação de textura (Fonte: Arquivo pessoal)
  • 6. Tabela 2 - Formulários de pesquisa com operário (Fonte: Arquivo pessoal.) 3. Resultados 3.1. FASE 1: Características mais críticas da atividade: Dorso: Inclinado e com rotação Braços: Um braço para cima Pernas: Uma perna suspensa Carga: Até 10Kg
  • 7. 3.2. FASE 2: Características mais críticas da atividade: Dorso: Reto e com rotação Braços: Dois braços para cima Pernas: Duas pernas retas Carga: Até 10Kg
  • 8. 4. Discussão e Conclusão Em um primeiro momento a observação ao trabalhador se deu em função da atividade estática do mesmo, de aplicação contínua da textura no teto. Um breve período depois foi observado que a posição crítica e com a presença de rotação postural do mesmo se dava quando o operário absorvia com o rolo, a textura para aplicação. Sendo assim a análise postural foi realizada com base nas posturas a atividade crítica com rotação.
  • 9. 4.1. Avaliação geral: Com os resultados obtidos a partir do WinOWAS é possivel concluir que durante as movimentação das costas a postura requer certa atenção, já que se enquadra na classificação 3; Para os braços nas posições com um ombro acima do tronco e com os dois ombros acima a atividade pode ser verificada na proxima revisão dos métodos de trabalho, sendo classificada na classe 2; Para as duas pernas estendida esta postura não requer cuidados especificos, se encaixando na classe 1, porém para ou uma perna estendida a posição requer revisão de metódo de trabalho já que se enquadra na classe 2; 4.1.1. Avaliação específica - Fase 01: No tronco flexionado e torcido - classe 4, este método de trabalho requer atenção imediata; Para um braço estendido acima do tronco e para uma perna também estendida – classe 3, a postura deve merecer atenção a curto prazo.
  • 10. 4.1.2. Avaliação específica - Fase 02: No tronco torcido e para os braços estendidos acima do tronco - classe 3, este método de trabalho requer atenção imediata; Para as pernas estendidas – classe 02 a atividade pode ser verificada na próxima revisão de métodos de trabalho. Foi possível observar que o trabalhador adota determinadas posturas para facilitar seu trabalho, bem como diminuir o tempo de aplicação. Certas posturas adotadas podem prejudicar ainda mais a saúde do operários, sendo assim providencias devem ser adotadas principalmente para reduzir a rotação do tronco e flexão do mesmo, que acaba sendo o agravante de categoria nesta atividade, uma opção seria a fixação do balde onde o operário pega a matéria prima, próximo ao local de aplicação da mesma, para que o trabalhador não tenha que rotacionar o tronco.
  • 11. 5. Referências 1. IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 2. LIGEIRO, J. FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO ERGONÔMICA EM ATIVIDADES MULTIFUNCIONAIS: A CONTRIBUIÇÃO DA ERGONOMIA PARA O DESIGN DE AMBIENTES DE TRABALHO. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Design da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. São Paulo, 2010. 3. PRESTES, A., PARTICA, F. AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2009. 4. Rumaquella, M. POSTURA DE TRABALHO RELACIONADA COM AS DORES NA COLUNA VERTEBRAL EM TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: ESTUDO DE CASO. Dissertação apresentado ao Programa de Pós-graduação em Design. São Paulo, 2009.