Entre Hekate e a Feiticeira, pela Construção de um Imaginário Social Mágico nas obras de Diodorus (I aC)e Michelet (XIX)
1. Tricia Magalhães Carnevale NEA/UERJ/PPGH
Maria Regina Candido NEA/UERJ
Hecate, 1795. William Blake.
Tate Gallery, Londres.
2. Apresentação
❖Hekate, a deusa Titã;
❖Hesíodo (VIII aC);
❖Diodorus Siculus (I aC);
❖Michelet (XIX);
❖Hekate, a Feiticeira;
3. Problemática
Questionamos na atualidade a
recepção de Hekate, deusa Titã
por concepção hesiódica, como
deusa da feitiçaria, tendo como
matriz a obra de Diodorus
Siculus (Bibliotheca Historica, I aC)
e a recepção na obra de Jules
Michelet: A Fetiticeira, cuja
publicação em 1862 pode ter
contribuído para a construção
de um imaginário social onde
Hekate é uma feiticeira e a
Feiticeira é Hekate;
4. ❖ Desvelar a narrativa mítica mais coerente à Hekate, a
deusa Titã Hekate, a Feiticeira, a partir da
documentação textual identificando as Distribuições de
Afeto, utilizando a Análise Semiológica de Orlando de
Barros e Análise do Conteúdo de Eni Orlandi;
❖ Analisar a iconografia de Hekate em imagens pré-
selecionadas através da Semiótica da Imagem de
Claude Calame;
❖ Analisar brevemente a etimologia de alguns conceitos
pertinentes à problemática como: phármakos, magós,
goetéia, feiticeira, feitiçaria, magia, bruxa, dentre
outros;
❖ Apontar a permanência da divindade Hekate no
imaginário social do mundo ocidental através da
prática da feitiçaria e as motivações que levaram a
relacionar às mulheres que detinham o conhecimento
das ervas como praticante de feitiçaria.
Objetivos
5. ❖Análise Semiológica de Orlando
de Barros;
❖Análise do Discurso de Eni
Orlandi;
❖Semiótica da Imagem de Claude
Calame;
❖Conceito de Imaginário Social de
Bronislaw Baczko;
Metodologia
6. Lâmpada grega sob a forma de um busto de Hekate
Período Helenístico, II – I aC,, Museum of Fine Arts, Boston
Documentação Textual
Teogonia, Hesíodo ( VIII aC):
“ (...)Astéria de propício nome, que Perses conduziu um dia a seu palácio e
desposou, e fecundada pariu Hekate a quem mais Zeus Cronida honrou e
concedeu esplêndidos dons (...)”, versos 409 a 412.
“A quem quer, grandemente dá auxílio e ajuda, no tribunal senta-se junto
aos reis venerandos, na assembléia entre o povo distingue a quem quer, e
quando se armam para o combate homicida os homens, aí a Deusa assiste
a quem quer e propícia concede vitória e oferece-lhe glória.”, versos 429 a
433.
7. Documentação Textual
Bibliotheca Historica, Diodorus Siculus (I aC):
“E Perses teve uma filha Hekate, a qual ultrapassou seu pai na ousadia e
na ilegalidade; ela também apreciava caçadas, e quando não tinha sorte
direcionava suas flechas para os humanos invés das bestas. Iniciando com
semelhante habilidade na mistura de venenos mortais ela descobriu a
droga chamada acônito e esgotou a força de cada veneno misturando-o na
comida e dando a estranhos. E desde que ela teve em seu poder grande
experiência em semelhantes assuntos ela primeiro de tudo envenenou seu
pai e assim sucedeu ao trono, e então, edificou um templo à Ártemis e
ordenava que os estranhos os quais chegassem lá deveriam ser
sacrificados para a deusa, ela se tornou reconhecida bem mais e
amplamente pela sua crueldade.” Biblioteca, Livro IV.
8. Documentação Textual
A Feiticeira, Jules Michelet (1862):
“ O que mais sabemos da sua medicina é que empregavam, para os usos
mais diversos, para acalmar, estimular, uma grande família de plantas (...)”
, pág. 98;
“A feiticeira arriscava muito. Ninguém então pensava que, aplicados
exteriormente, ou tomados em dose muito pequena, os venenos são
remédios.”, pág. 99;
“O único médico do povo, durante mil anos, foi a Feiticeira. (...) Se ela não
curasse, injuriavam-na, chamavam-lhe bruxa.”, pág. 13
Retrato de Peter Rubens com seu filho Albert (cópia do original perdido do 1620), Flanders.
Museu do Palácio Stroganov, Leningrado, Rússia, 1932.
9. Documentação Imagética
Hekate, com um cão ao seu lado, coloca uma coroa na
cabeça de uma égua.
Cópia de um relevo em mármore.
Gesso, Altura: 40 cm, largura: 59 cm.
Data: Início do IV aC.
Local: Tessália, dedicado por um proprietário de cavalos de corrida.
Localização: Londres, British Museum, 816.
Bibliografia: http://www.beazley.ox.ac.uk
Hekateion, pequena estatueta de Hekate
triforme envolvida pelas Cárites.
Ática, III aC.
Museum
10. Documentação Imagética
Retrato de Peter Rubens com seu filho
Albert.
Flanders. Museu do Palácio Stroganov,
Leningrado, Rússia, 1932.
Hecate, 1795. William Blake. Tate Gallery, Londres.
11. ❖ Acreditamos que a feiticeira,
personagem da obra de Michelet,
tenha por matriz a deusa grega
Hekate;
❖ Podemos deduzir que a partir de um
processo de reconstrução da
identidade de Hekate através das
narrativas míticas selecionadas foi
possível delinear os traços da
Feiticeira de Michelet.
Hipóteses
12.
13. KATÁDESMOS
Imprecação contra os processos, um grupo de pessoas, dentre juízes, comerciantes e duas
mulheres.
Meados do IV século, 350 – 342 a.C. Atenas, Coleção Particular
Evoca Hermes, Perséfone e Hades.
14. KATÁDESMOS Tradução Defixios 06
Enterro/prendo a Pr. [..] mates
tanto as mãos quanto os pés,
os pés, a língua, a mente
para Hermes. [....]
................................................
Hekate. [...........]
...... EDE ......[......]
Fedimo enterro/prendo e ...
.... os pés ... mãos ... língua
a alma para Hermes o [.......]
e para Hekate
Mídias
APAEKALEI
15. Análise
do
Discurso
Mágico
Identificação
Defixios: Número 06
Qualificação: Imprecação contra processos
Data: Meados do IV século: 338 – 317/307 a.C.
Localização: Atenas, Deutches Archeologic Institut, DAI
Inventário: Nº 520
Procedência: Cemitério do Cerâmico – Atenas
Tamanho:
Dimensão: 8,1 x 7 cm; Espessura: 0,1 a mm;
Letra: 1 a 5 mm
Acessórios:
Cravos: orifício no meio da lâmina produzido
por estaca de ferro
Bibliografia:
Candido, 2001, 247; Jimeno, 1999, nº56;
Willemsen, 1990, nº 2