O documento descreve os fundamentos da cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea, incluindo seu histórico, elementos do circuito extracorpóreo como bombas, oxigenadores e cânulas, além de técnicas como hemodiluição, anticoagulação, hipotermia e proteção miocárdica.
2. INTRODUÇÃO:
O objetivo da Circulação Extracorpórea é a
substituição temporária das atividades
cardiopulmonares, através da utilização de um
conjunto de técnicas e equipamentos capazes
de realizar as funções de bombeamento e
oxigenação do sangue, garantindo a perfusão
dos tecidos, a manutenção do metabolismo e a
integridade celular.
3. HISTÓRICO:
1628 - Willian Harvey publica a obra “De Notu Cordis”
1813 - Le Gallois postula que “se fosse possível substi-
tuir o coração por uma forma artificial de bombeamen-
to, não seria difícil manter viva ,por um tempo indeter-
minado, qualquer parte do organismo.”
1858 - Brown e Seguard obtém sangue “ oxigenado ”
pela agitação de sangue com o ar.
1882 - Schroeder constrói o 1º oxigenador de bolhas.
1883 - T Billroth - Tentativa de suturar ferimento cardí-
aco deveria levar a perda do respeito.
1885 - Von Frey e Gruber constróem o 1° sistema cora-
ção-pulmão artificial.
1897 - Ludwing Rehn faz sutura cardíaca com êxito.
1900 - Landsteíner descobre os grupos sanguíneos.
4. 1916 - Howel e Mclen descobrem a heparína.
1951 - Dennis - Corr. de CIA c/ CEC, óbito.
1952- John Lewis faz Corr. de CIA c/ hipotermia moderada e
oclusão das Cavas. 1º cirurgia a céu aberto com sucesso.
1953 – J. Gibbon - 1ºcirurgia a céu aberto com CEC com
sucesso. Iniciou seus estudos em 1931.
1954 - Walton Lillehei e cols. , circulação cruzada.
1957 - Hugo Feliposi - SP, primeiros casos com CEC.
1958 – E. Zerbine (SP) e D. de Morais (RJ) também realizam
seus 1ºcasos.
7. ELEMENTOS DO CIRCUITO EXTRACORPÓREO:
. Bombas propulsoras
. Oxigenadores
. Reservatório de cardiotomia
. Filtros
. Permutadores de calor
. Cânulas
. Conjunto de tubos
. Bomba de cardioplegia.
25. HEMODILUIÇÃO
PERFUSATO - Volume de preenchimento do circuito.
HEMODILUIÇÃO - Adição de soluções ao sangue do
paciente. Pode ser total ou parcial.
Benefícios:
. Menor utilização de sangue e hemoderivados,
. Redução da viscosidade do sangue,
. Melhor perfusão dos Tecidos,
. Contrabalança a vasoconstricção,
. Menor destruição celular do sangue,
. Proteção aos elementos da coagulação.
26. . da concentração de catecolaminas,
Efeitos indesejáveis da Hemodiluição excessiva:
. da concentração de hemoglobina interferindo no
transporte e liberação de oxigênio,
. da pressão colóido-osmótica alterando o tônus vaso-
motor,
. da concentração dos elementos da coagulação.
*Obs.:
.O Htc pós diluição é estimado a partir do VS(pac), Htc (i) e
vol do perfusato. Sol(ml) =Htci( x vs) - vs
Htcd
. Htc ideal em torno de 24 % .
HEMODILUIÇÃO:
27. -O anticoagulante utilizado na CEC é a Heparina
. Farmacologia bastante específica,
. Possui antídoto,
. Não desencadeia reações alérgicas,
. Controle fácil e rápido dos níveis de anticoagulação (ap. TCA)
-Heparinização: 01ml = 5000UI = 50mg
V(ml) = P(kg) x Dose(mg/kg)
50
.Doses usuais 4 a 6 mg/kg,
.Metabolizada 50% a cada hora,
.TCA(normal) 80 a 120 seg, TCA (ideal p/ CEC) 480 seg,
.Neutralizada (1:1) com Protamina 05ml = 50mg
ANTICOAGULAÇÃO
28. O HUCFF realiza controle de qualidade da heprina utilizada
em toda América do Sul.
Eduardo I. Melo, Mariana S. Pereira, Rodrigo
Cunha, Mauro Paes Leme, Paulo A. S.
Mourão
29. .Reduz as necessidades metabólicas e o consumo de
oxigênio,
.Possibilita a redução do fluxo de sangue e até sua
interrupção por períodos variáveis de tempo.
.Tipos de hipotermia: de superfície e central.
.Classificação:
leve 36.0 a 31.0ºC
moderada 30.9 a 21.0ºC
profunda 20.9 a 15.0ºC
HIPOTERMIA
30. .Na CEC corresponde ao débito cardíaco (ml/min)
Proporcionado pela bomba propulsora.
.Teoricamente admiti-se que valores de índice cardíaco
(l/min/m²) em torno de 2.2 a 2.4, sejam suficientes para
manutenção das necessidades metabólicas do paciente.
.Fórmulas: Fluxo art. = IC x SC SC = (tabela Peso // Altura)
IC = Fluxo art. SC = (Peso x 4) +7
SC 90 + Peso
SC = Peso + Altura x 1.672
FLUXO ARTERIAL
31. *A PO² é controlada pela % de oxigênio da mistura
(blender).
*A PCO² é controlada pelo fluxo da mistura gasosa.
*Shunt Artério-Venoso (novo oxigenador).
FLUXO DE GÁS
32. *A atividade mecânica do coração e a manutenção da integri-
dade de suas células depende da produção de fosfatos de alta
energia (ATP).
*Apenas 10% da energia produzida é consumida com a ma-
nutenção dos processos metabólicos e atividade elétrica. O
restante é consumido com o trabalho mecânico.
Condição Consumo de O²
Batendo a 37°C 09ml/100g/min
Parado a 37°C 01ml/100g/min
Batendo a 22°C 02ml/100g/min
Parado a 22°C 0.3ml/100g/min
*As principais técnicas utilizadas atualmente são o pinçamento
intermitente e a perfusão coronária com solução cardioplégica.
PROTEÇÃO MIOCÁRDICA
38. *Assistência pré CEC
. Levantamento de dados junto ao prontuário: identificação, peso,
altura, condição clínica, evolução da doença, doenças associ-
adas, exames pré-operatórios, etc.
.Instalação do Equipamento na S.O.
*Assistência durante a CEC
.Controlar: Oxi-hemodinâmica, hemodiluição, equilíbrio eletro-
lítico e ác.-base, anticoagulação, temperatura, proteção miocár-
dica e etc.
*Assistência pós CEC
.Restabelecer a volemia e o padrão de coagulação, manter o equi-
pamento preparado para possível retorno a CEC.
Sistematização da assistência em CEC
39. Avaliação pré-operatória (HUCFF)
1. Hemograma completo.
2. Coagulograma Completo (TAP, INR, plaquetas,
uso de anti-agregantes e heparina fracionada).
3. Bioquímica (uréia e creatinina, eletrólitos,
provas de função hepática), PTN e frações.
4. Sorologias Hep. B, Hep. C e HIV (casos
selecionados no HUCFF). Se +, avisar equipe !
5. Radiografia de toráx PA e perfil na SO
(REOPERAÇÕES: é obrigatório).
6. EAS, cultura, TSA.
40. Avaliação pré-operatória específica
1. Cineangiocoronariografia com ventriculografia
nos coronarianos ou idade > 35 anos.
2. Ecocardiograma transtorácico com medidas
cavitárias em todos.
3. ETE em casos especiais.
4. Doppler de carótidas (lesão TCE, acima de 65
anos, diabéticos).
5. US aorta abdominal (BIA, AAA assintomático)
6. Doppler arterial de membros inferiores - RM
7. Doenças da aorta – angio TC ou ressonância
(possibilidade de uso do BIA).
8. Doppler venosos (se RM e varizes importantes).
41. Sala de Cirurgia
1. ECG no dorso. Casos com disfunção do VE, lesão
grave do TCE colocar eletrodos do BIA.
2. PAM artéria radial com Kit de punção ou cateter 18
adequadamente fixado (permanece dias).
3. Acesso venoso periférico para hemoderivados.
4. Acesso venoso profundo (rotina cateter de dupla-
luz, tripla-luz em operações da aorta, endocardite,
reoperações ou sem acesso periférico).
5. SNG em sifonagem sempre.
6. Extubação no CTI pós-operatório.
7. Traçado na mesa cirúrgica em todos os casos.
42. Sala de cirurgia
8. Proteção dos olhos (acidente grave !)
9. Antibioticoterapia profilática. Pacientes em
uso prévio de antibióticos, observar horários.
10. Corticóide: Hidrocortisona (1,0g)
11. Antifibrinolítico: Transamim ®
(100-150mg/Kg de peso).