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HOMENS, PERFUME E AUTOCONCEITO: qual a relação entre eles?


                                        Jessica Martinez1

                                      Vivian Iara Strehlau2

Resumo
            O comportamento de compra do consumidor masculino tem apresentado
importante mudança nos últimos anos, sobretudo, no que se refere ao consumo de
cosméticos e perfumaria. A maneira que esse novo homem se enxerga na sociedade
e como o perfume, em especial, se relaciona nessa construção da autoimagem
contemplam o propósito central desse estudo. Para tanto, a técnica de pesquisa
empregada foi qualitativa, seguida por quantitativa. Foram entrevistados jovens da
classe econômica A e B, usuários de perfumes importados. A coleta dos dados foi
realizada por meio de um questionário auto administrado disponibilizado na
internet. A partir da análise das pesquisas realizadas, verificou-se a existência de
relação entre o autoconceito dos entrevistados e suas famílias olfativas preferidas.


Palavras-chave: Auto conceito; perfume, homem.




    1. Introdução
            Com o advento de novas tecnologias e mudanças na cultura brasileira, os
homens passaram a adquirir produtos que antes eram considerados femininos. Os
homens estão em busca de produtos eficazes e práticos, mas que garantam bem-
estar durante todo o dia (IBOPE, 2009) e um dos produtos mais visados por esses
“novos homens” é o perfume. Antes do surgimento desse novo mercado, os
perfumes (assim como a maioria dos cosméticos) eram produtos sexualmente


1
    Estudante    do    curso   de   graduação    em     Administração    da    ESPM-SP.  E-mail:
jessicamartinez@acad.espm.br.
2
  Professora do curso de graduação em Administração da ESPM-SP. E-mail: vstrehlau@espm.br


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tipificados, isto é, muitos consumidores associavam o produto ao sexo feminino
(SOLOMON, 2011).
          A categoria de produtos cosméticos masculinos vem apresentando, nos
últimos anos, um importante crescimento, em média 7% ao ano (EUROMONITOR,
2011). De acordo com os dados do Euromonitor (2011), a categoria de perfumes
cresceu cerca de 17% em termos reais, chegando a R$ 10,6 bilhões em vendas das
fragrâncias. O volume de vendas de perfumes masculinos – incluindo a categoria
Premium – foi de R$ 4,54 bilhões, o que demonstra o crescente interesse pela
compreensão do comportamento masculino e consequente desenvolvimento de
linhas de produtos especialmente desenvolvida para esse novo homem.
          É bastante comum encontrar apresentações de perfume descrevendo
características desejáveis ou mesmo projetivas para o homem que o utiliza, como
por exemplo “Para homens que transmitem beleza, paixão, inovação, estilo,
qualidade e exclusividade (Perfume Ferrari Uomo), dentre vários outros, insinuando
uma relação entre o uso de um perfume e um estado almejado por um homem
          Portanto, este trabalho tem por objetivo verificar se existe uma relação
entre o autoconceito masculino e a compra e consumo dos perfumes.


   2. Referencial teórico
          Desde a antiguidade até os dias atuais o perfume é considerado uma
especiaria que provoca as mais distintas sensações nos indivíduos. Inicialmente
utilizado em rituais religiosos, o perfume exalado pelos incensos egípicios era
considerado uma substância sagrada utilizada para agradar aos deuses.
          Com o tempo as fragrâncias foram adquirindo novos significados, e,
atualmente são desejadas por muitos homens e mullheres por diferentes razões.
Seja para se tornarem mais atraentes ou “sexy”, é fato de que esse produto é
utilizado diariamente pela maioria das pessoas. Por fazer parte do dia-a-dia das
pessoas, as indústrias de perfumes enfrentam um grande desafio: criar fragrâncias
agradáveis, frascos arrojados e, ainda, uma marca forte capaz de fazer com que o
consumidor com ela se identifique.
          O perfume não é apenas uma simples mistura de diversas substâncias;
mas uma composição que é reflexo de um conjunto de valores culturais específicos.




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O olfato percebe um complexo de mensagens olfativas que estão dentro de uma
retaguarda formada pelo contexto cultural do consumidor (ELLENA, 1996).
            Homens e mulheres possuem comportamentos de consumo diferenciados
uma vez que suas necessidades são diferentes, e, por isso devem ser estudados de
maneira distinta. Segundo o Caderno de Tendências do SEBRAE, as mulheres
preferem perfumes com fragrâncias florais e frescas. Em contrapartida, os homens
tendem a apreciar os amadeirados ou com especiarias.
            O olfato é talvez o mais difícil dos sentidos de ser descrito, pois cada
indivíduo descreve o cheiro com diferentes denominações. Essa dificuldade se dá,
sobretudo, porque os aromas ficam armazenados na memória dos indivíduos
(SOLOMON, 2011). Segundo Gregory e Coleman (1995) o olfato é o sentido mais
sensível dos sentidos químicos (no tocante à concentração de moléculas): sendo
dez mil vezes mais sensível do que o paladar. Os mesmos autores indicam a
existência de diferenças entre gêneros e com relação a idade. Mulheres são, em
geral, mais sensíveis aos odores do que os homens (apesar de os homens serem
maioria como “narizes” nas fábricas de perfumes e a idade tende a diminuir a
percepção olfativa em ambos sexos.
            Diferentemente do que ocorre com o paladar, não se conhece a
existência de tipos primários de cheiro, o que existe são tentativas de se
estabelecer classificações de aromas (SHIFFMAN, 2005).
            A classificação de perfumes é igualmente controversa e as classificações
também são consideradas insatisfatórias. A classificação oficial, editada pelo
Comitê Francês de Perfume é estabelecida por uma comissão técnica da SFP
(Societé Francaise des Parfumeurs). Essa sociedade classifica os perfumes, tanto
masculinos como femininos em sete grandes famílias: cítrico, floral, fougère,
chipre, amadeirado, âmbar e couro. Cada uma dessas famílias possui de três a sete
subfamílias.
            Barbet et al (1999) indica que a perfumaria masculina teve seu início nos
anos 1950-1960 com criações como Pour Monsieur (de Chanel em 1955), Vetiver (de
Carven em 1957), Habit Rouge (de Guerlain em 1965) e Eau Sauvage (Dior em
1966).
            A comunicação de um perfume é algo bastante delicado e complexo de
se realizar uma vez que o olfato é um sentido difícil de ser expressado



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verbalmente. Por este motivo, grande parte dos anúncios veiculados encontrados
são compostos majoritariamente por imagens.
          Segundo Garcillán (2011) o processo de compra dos perfumes é bastante
intrigante. Devido a timidez masculina, os perfumes, em geral, são comprados
pelas mulheres e são escolhidos com base nos fatores de duração, preferência pela
fragrância e pelo status que a marca representa. Em geral, a compra é influenciada
por recomendações familiares, a possibilidade de testá-lo, a marca, a moda, a
publicidade e também pela própria personalidade do consumidor. Para o público
masculino, a experiência pessoal e a confiabilidade das marcas são fatores
determinantes para a escolha de determinada marca em detrimento de outra.
          No Brasil, em um levantamento preliminar, foram identificados apenas
dois trabalhos relacionando o marketing com o perfume, são dois trabalhos
apresentados em congressos da Anpad: Alonso e Marchetti (2008) e Vieira (2001),
mas ambos tratam do consumo de perfumes femininos.
          O estudo de Vieira (2001) procura analisar o comportamento de consumo
de perfumes das mulheres com viés antropológico. Neste trabalho mostrou-se que
as mulheres não compram perfumes pelos benefícios básicos que o produto
apresenta, ao contrário, a compra é estimulada pelos benefícios periféricos do
produto, e, além disso, não o compram por impulso, ou seja, a compra de
perfumes é um hábito na vida feminina. Em geral, a compra das fragrâncias é feita
pela própria usuária (salvo em situações de presentes), uma vez que as
preferências podem variar. Enquanto as jovens procuram utilizar as fragrâncias da
moda, as mulheres da terceira idade procuram o perfume independente da marca
ou moda (por este motivo as campanhas publicitárias de perfumes para a terceira
idade são incomuns).
          Esse estudo enfatiza a importância da memória na compra dos perfumes.
As mulheres optam por produtos que remetem a alguma experiência anterior que
tenha sido agradável. Esse hábito é recorrente também na compra dos perfumes,
ou seja, quando percebida, uma fragrância pode ser capaz de tornar uma
lembrança de uma experiência anterior “mais real” mesmo que tenha ocorrido há
muito tempo.




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           Alonso e Marchetti (2008) analisam os benefícios e valores percebidos
pelas consumidoras de perfumes de luxo. O perfume, segundo o texto, pode ser
considerado um produto de luxo uma vez que é diferenciado do consumo comum.
           Os resultados desse trabalho mostraram que o valor do respeito próprio
está associado ao benefício da sensação de bem-estar e ao atributo aroma cítrico.
Assim sendo, as consumidoras desse tipo de fragrância sentem-se respeitando e
cuidando de si próprias ao utilizarem o aroma cítrico.
A          lém disso, em relação ao valor de segurança, esse aroma está associado
ao benefício da duração da fragrância na pele e ao atributo de aroma marcante. O
valor da auto realização, por sua vez, foi associado aos benefícios de despertar os
seus sentidos, e, oferecer beleza e sofisticação. Os atributos relacionados a estes
benefícios são: aroma marcante tem o poder de despertar os sentidos enquanto
que o aroma floral pode lhe oferecer beleza e sofisticação, tornando-as mais
realizadas.
           Moraes (2011) trata do assunto quando estuda o comportamento
feminino em relação ao uso de perfumes. Nesse trabalho a autora afirma que
diferentemente do que ocorre com outros bens, a mulher adquire perfumes
porquanto este estimula sua imaginação. E assim, incita a manifestação de um
desejo misterioso ainda desconhecido pela ciência.
           Em suma, pode-se inferir que as consumidoras de perfumes de luxo
utilizam esse tipo de fragrância para sentirem-se bem consigo mesmas. O uso para
“impressionar” os outros somente se relaciona com o valor da segurança, ou seja, o
fato de o perfume de luxo marcar presença positiva perante aos outros, deixa a
consumidora mais segura. Os atributos que causam a motivação de consumo de
perfume de luxo estão mais associados a aspectos funcionais (diversos aromas, à
caixa rebuscada e à fixação do perfume) que a aspectos simbólicos.
           Define-se o autoconceito como o conjunto de todas as informações que
uma pessoa possui sobre si mesma seja qualidades ou defeitos (MOWEN; MINOR,
2005). É por meio do consumo dos mais variados produtos que uma pessoa constrói
o seu “eu” e o demonstra para as outras pessoas. O “eu real” se refere a maneira
como a pessoa se percebe. Já o “eu ideal” denota como a pessoa gostaria de
perceber a si mesma. O “eu social” exibe a maneira a qual a pessoa se apresenta
para os outros (SIRGY, 1982).



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          Para Mowen e Minor (2005), as pessoas vivem em um ambiente
simbólico, onde produtos consumidos possuem uma representação dos “eus” do
indivíduo, a chamada hipótese da congruência da imagem. Um mesmo indivíduo
pode compartilhar de diversas versões de “eus” de acordo com cada situação, ou
seja, o comportamento de consumo pode variar de acordo com o ambiente
(SOLOMON, 2011; SIRGY, 1982).
          Para Belk (1988), a teoria do “eu estendido” esclarece que os indivíduos
podem ser compreendidos a partir da análise das suas posses, ou seja, as pessoas
tendem a definir si mesmas por meio dos objetos que possui. Isso significa que de
alguma forma os perfumes podem expressar o eu estendido dos homens.


   3. Procedimentos metodológicos
          Neste estudo foi realizada uma survey, sendo que a amostra foi obtida
por conveniência: homens de classe socioeconômica A e B, usuários de perfumes.
          A técnica de coleta de dados escolhida é o questionário auto
administrado, que vem a ser o questionário preenchido pelo próprio entrevistado
sem a presença de um entrevistador (McDANIEL; GATES, 2002). Para o
preenchimento do questionário era necessário entre 15 e 20 minutos.
          Esse questionário contempla três grupos de perguntas, sendo que o
primeiro grupo de perguntas do questionário apresenta quatro questões relativas à
descrição da amostra. Já o segundo grupo de nove perguntas foi elaborado de modo
a identificar as características do comportamento de compra dos consumidores de
perfume, como marca favorita, habitos de compra e de uso. A escala referente ao
processo de escolha de perfume foi baseada no trabalho de Markham e Cangelosi
(1999). O terceiro bloco de perguntas se refere ao autoconceito. Em relação ao
autoconceito utilizou-se a escala SDQIII (Self Description Questionnaire III)
desenvolvida pelo grupo SELF da Universidade de Oxford. A SDQIII mede o
autoconceito em adolescentes mais velhos e adultos. Trata-se de uma escala com
136 assertivas que mede o autoconceito em quatro áreas de autoconceito
acadêmico e oito áreas de autoconceito não acadêmico. As áreas acadêmicas são:
matemática; verbal; resolução de problemas; acadêmica em geral. As áreas não
acadêmicas são: relacionamento com os pais; relacionamento com pessoas do




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mesmo sexo; relacionamento com pessoas do sexo oposto; aparência física;
habilidade física; estabilidade emocional; religião; autoestima geral.
           O questionário foi disponibilizado na internet. Algum tempo após a
disponibilização, verificou-se que o número de questionários respondidos até o fim
ainda era insatisfatório e a razão revelada era em função a grande quantidade de
perguntas nele contida. Assim, reduziu-se o número original de dimensões do
autoconceito eliminando-se todas as variáveis relativas ao autoconceito acadêmico
e duas dimensões não acadêmicas que geraram desconforto no preenchimento e
que foram consideradas de interesse marginal ao estudo em realização
(honestidade e religiosidade).
           Os dados obtidos com a aplicação dos questionários foram transferidos
do site Surveymonkey tabulados em planilha Excel e posteriormente transferidos
para o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) , mais indicado
para as análises desejadas. Para a análise dos dados foram empregadas as técnicas
de análise fatorial e de agrupamentos.


   4. A pesquisa
   4.1 Descrição da amostra:
           Dos 199 respondentes, 56% são ou foram estudantes da ESPM, 5% do
Mackenzie, 4% da USP, 3% da UNIP, 16% de outras faculdades e 16% não
responderam a esta pergunta.
Em relação a renda, 49% declararam possuir uma renda superior a R$ 12.000, 17%
entre R$5.000 a R$ 9.000, 12.5.% entre R$ 9.000 a R$ 12.000 e 20% declararam
receber menos de R$ 5.000.


   4.2 A compra de perfume e famílias olfativas:
           A pesquisa revelou que 95% dos homens respondentes utilizam perfumes
e desses, 68% disseram fazer uso diariamente, 21% ocasionalmente, 5% apenas em
ocasiões como finais de semana e baladas. Além disso, a maioria deles disseram
que usam perfumes diferentes para cada situação, sendo que a maioria disse
diferenciar as fragrâncias usadas de acordo com a situação que vão passar. Por
exemplo, disseram usar um perfume diferente para trabalhar, para baladas ,etc.




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           A maioria disse ser o comprador de seus perfumes (83%), aqueles que
disseram que não compravam disseram que a mãe ou namorada o fazia.
           Os principais locais de compra do produto foram Free Shop (57%), Lojas
no exterior (44%), Lojas especializadas (43,5%), Lojas online (13%) e Lojas de
departamento (5,5%).
           Os cinco atributos mais relevantes na hora da compra são: aroma, marca
(tanto para si como para presente), preço e estado de espírito na compra. Esses
atributos foram analisados por meio do método de rotação ortogonal de fatores
VARIMAX, que permite agrupar um conjunto amplo de variáveis em um número
menor de componentes que podem ser caracterizados como as dimensões de
atributo do objeto avaliado (HAIR et al, 2005).
           A seguir, tem-se um gráfico dos principais atributos do perfume na
compra:
           Figura 1: Importância dos atributos




           O perfume preferido mais citado foi Hugo Boss, com 14 menções
representando 7% das respostas seguido pelo 212 de Carolina Herrera e Polo, com
12 e 10 menções respectivamente.
           Uma das hipóteses deste trabalho era verificar a existência de uma
relação entre o autoconceito e a preferência por determinada família olfativa.
Para isso, todos os perfumes mencionados como preferidos foram classificados de




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acordo com suas respectivas famílias olfativas. O gráfico abaixo demonstra a
preferência sobre as famílias olfativas.


Figura 2: Famílias olfativas preferidas

                             Famílias Olfativas Preferidas

             Aromático Fresco
             Cítrico Aromático
           Aromático Fougère
         Amadeirado Especiado
            Amadeirado Floral
              Sem preferência
              Oriental Fougére
           Amadeirado Chipre
            Aromático Tônico
          Oriental Amadeirado
           Amadeirado Vetiver
            Oriental Especiado
            Amadeirado Frutal
                                 0         10           20          30          40

           Na pesquisa verificou-se uma maior presença pela família dos
Aromáticos Frescos. Nessa família está presente uma das marcas mais escolhidas
pelos entrevistados que é a Hugo Boss. Segundo a revista Guia de Perfumes (2011),
em geral, os Aromáticos Frescos compõe o grupo dos homens CLÁSSICOS, isto é,
homens elegantes, humorados e com atitude. A segunda família olfativa mais
preferida foi a dos Cítricos Aromáticos, composta também pelas marcas mais
preferidas como Armani, Chanel e Ferrari. Nessa família olfativa há a presença dos
ESPORTIVOS, ou seja, homens bem dispostos com espírito livre. A terceira família
foi a de Aromático Fougère que também é preferida por homens CLÁSSICOS assim
como a primeira. A quarta e quinta família olfativa mostraram preferências bem
próximas e ambas pertencem ao grupo dos homens SOFISTICADOS, que são homens
que possuem charme e cuidado com a aparência.


4.3 Autoconceito e a preferência por famílias olfativas
           A primeira análise realizada foi a análise fatorial, técnica multivariada
que tem por objetivo identificar um número pequeno de fatores para representar
relações entre muitas variáveis que estão inter-relacionadas, permitindo identificar


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e nomear fatores não observáveis diretamente, com base em variáveis conhecidas.
O método utilizado para a rotação dos fatores foi o Varimax, que minimiza o
número de variáveis que tem altas cargas em um fator e também simplifica a
interpretação dos fatores (HAIR Jr. et al., 2006).
             A escala utilizada para medir o autoconceito foi analisada através de
análise fatorial com o objetivo de verificar se as assertivas relativas a cada
dimensão carregariam juntas nos mesmos fatores e se permaneceriam como no
instrumento original. O método empregado foi o de componentes principais com
rotação varimax. A consistência interna da escala empregada foi determinada por
meio do alfa de Cronbach, que foi de 0,943 para a escala completa. O alfa de
Cronbach de cada dimensão foi calculado e todos estão acima de 0,750. A amostra
foi considerada adequada, pois o índice KMO foi de 0,762.
             Para identificar grupos dentro da população, uma técnica bastante
utilizada é a análise de agrupamentos, (HAIR et al, 2006). Para juntar os indivíduos
com perfis parecidos de resposta no autoconceito foi realizada uma análise de
conglomerados (Cluster), através do método hierárquico de aglomeração – Two
step procedure, que é o mais adequado para amostras pequenas, como nesse caso.
Neste procedimento, o número de agrupamentos é definido automaticamente pelo
SPSS (MAZZOCCHI, 2008). A variável driver utilizada foi a preferência olfativa e as
variáveis empregadas para a caracterização dos agrupamentos foram os escores das
dimensões relativas ao auto conceito (Habilidade Física, Aparência Física,
Relacionamento com pessoas do Sexo Oposto, Autoestima, Equilíbrio Emocional,
Relacionamento com os pais e Relacionamento com pessoas do mesmo sexo), e os
escores oriundos da análise fatorial referente aos atributos de perfume (Marca,
Preço, Aroma e Outros elementos) bem como Renda.
             Identificou-se quatro agrupamentos, como se pode observar na tabela e
no gráfico a seguir:


     Tabela 1: Distribuição dos casos segundo preferência olfativa
            Sem preferência amadeirado             aromático          cítrico           oriental
Cluster       n        %      n        %              n       %          n        %        n      %
1              0      ,0%     47     83,9%            0      ,0%         0       ,0%       0     ,0%
2              5      100,0%       0       ,0%        47      73,4%      0       ,0%       0      ,0%
3              0        ,0%        9      16,1%       17      26,6%      0       ,0%       4     19,0%




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    4                 0         ,0%          0        ,0%          0        ,0%         20       100,0%       17      81,0%
    Total             5        100,0%     56         100,0%       64       100,0%       20       100,0%       21      100,0%



            Tabela 2: Agrupamento com as características relativas aos atributos de
            perfume

                      Outros elementos                  Marca                      Preço                         Aroma
                                 Desvio                      Desvio                     Desvio                       Desvio
                      média     padrão             média    padrão           média     padrão               média    padrão
  Amadeirado        -,0027114     ,84005625       ,1053588    1,01794982    -,2013406    1,18149064        ,0552115    ,84019255
   Aromático        ,1236782      ,97269878       ,1933466     ,84738547    ,1923943         ,92889255     ,1594489    ,61895930
  Indiferente       -,4361332     ,74918767       -,6017620   1,00214294    ,1849321         ,92190365    -,6804681    1,74049504
Cítrico/oriental    ,0793948      1,23561938      ,0525310    1,04553722    -,2009746        ,86545220     ,2283549    ,53869722



    Tabela 3: Agrupamentos com base nas dimensões de auto conceito
                                                                       Relacionamento com
                    Habilidade Física                                    pessoas do Sexo
                          (HF)                   Aparência Física (AP)     Oposto (SO)                      Autoestima (AE)
                               Desvio                        Desvio                Desvio                            Desvio
                    média     padrão              média      padrão     média     padrão                   média     padrão
Amadeirado        ,0918752       ,84002715       ,1662349     ,76154245    ,0055953      ,89934363        ,0801684     ,74420994
Aromático         ,0588278       ,85641587       ,1572619     ,89254607    -,1045537     ,67059146        ,1726790     ,78462960
Indiferente       ,2293692       ,89154708       -,3435915    1,39691435   ,2073034     1,55275560        -,5749422   1,39727331
Cítrico/oriental -,1851853       1,11189654      -,1641623    ,69297086    -,0769204     ,84955904        ,1709789     ,89268814


    Tabela 4: Agrupamentos com base nas dimensões de auto conceito (continuação)

                                                                           Relacionamento com
                   Equilíbrio Emocional Relacionamento com                  pessoas do mesmo
                            (EE)            os pais (RP)                        sexo (MS)                        Renda
                                 Desvio              Desvio                            Desvio                        Desvio
                    média        padrão  média       padrão                 média      padrão              média     padrão
 Amadeirado        ,2519292      ,71927194       -,0205687    ,79124675    ,2576391      ,67193217         4,4894       ,90583
  Aromático        -,2370724     ,93002106       ,2101759     ,78431843    ,1982111      ,69668232         4,1346       1,10309
  Indiferente      ,0945906      1,39429123      -,8445557    1,24305648   -,5974643    1,23871310         3,1000       1,70900
Cítrico/oriental   ,0563708      ,77349513       ,2486073     ,87309153    -,1456300    1,16605252         3,5135       1,48364


                   O primeiro cluster é o que possui o maior número de usuários de
    fragrâncias amadeiradas e também constitui os que possuem a maior renda. Com
    relação à escolha do perfume, caracteriza-se por não considerar o preço como uma
    variável relevante na escolha do perfume. Além disso, nesse agrupamento há a
    presença dos usuários com altas médias com relação a aparência física, equilíbrio
    emocional e no relacionamento com o sexo oposto.



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           No segundo cluster estão a maior parte dos apreciadores de fragrâncias
aromáticas (quase 74%) bem como todos os respondentes que não indicaram
preferência por algum perfume. Esses são os que mais valorizam aspectos relativos
a preço, marca e outros elementos como frasco, brindes e cor do perfume. No
tocante ao autoconceito apresentam as menores médias no relacionamento com
pessoas do sexo oposto e equilíbrio emocional, (indicando pessoas com maiores
graus de tensão, nervosismo e depressão), no entanto possuem as mais altas
médias com relação a autoestima.
           O terceiro cluster não apresenta uma preferência nítida por alguma
família olfativa, incluindo apreciadores de fragrâncias amadeiradas, aromáticas
e/ou orientais. São homens que dão a maior importância ao preço, sendo nas
demais variáveis possuem as menores médias. O que de fato combina com a ideia
de indiferença, o que for mais barato é a marca escolhida. No tocante ao
autoconceito possuem as mais altas médias em habilidades físicas (que inclui
esportistas e intensa atividade física) e relacionamento com o sexo oposto. No
entanto possuem as mais baixas médias com relação a aparência física, autoestima,
relacionamento com os país e com pessoas do mesmo sexo.
           Por fim, o quarto e último agrupamento inclui os apreciadores de
fragrâncias cítricas e orientais, o atributo mais valorizado na compra é o aroma e o
preço, assim como para os integrantes do primeiro agrupamento possui uma média
baixa. Com relação ao autoconceito possuem as mais altas médias em autoestima e
em relacionamento com os pais, e a menor média em habilidade física.


   5. Considerações finais
           Neste trabalho procurou-se verificar a existência de uma relação entre o
autoconceito masculino e a compra e uso de perfumes. Além desse propósito
central, tentou-se também estudar o comportamento do consumidor na compra de
perfumes bem como as principais marcas que estes utilizam. Para tanto, foram
feitas diversas pesquisas que pudessem responder a estas questões.
           Nesse estudo pode-se perceber uma relação entre o perfume que o
indivíduo utiliza com a maneira com que seu autoconceito é constituído. A partir
das análises realizadas, obteve-se quatro agrupamentos distintos. Cada um deles




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possui um comportamento de compra diferente. Nesse estudo, o tipo de fragrância
escolhida pelos indivíduos pode, de certa forma, representar o “eu” do indivíduo.
           O   primeiro      agrupamento        apresenta      preferência       por    fragrâncias
amadeiradas e possuem a maior renda, agrupando os usuários com altas médias
com relação a aparência física, equilíbrio emocional e no relacionamento com o
sexo oposto, nesse último elemento pode indicar alguma relação com o senso
habitual no mercado de serem perfumes sensuais, pois mostra um indivíduo
preocupado com o sexo oposto e possivelmente com a sedução.
           O agrupamento 2 (aromático) demonstra que o tipo de fragrância
consumida de forma geral é a Aromática e se importam com o preço. Curiosamente
incluem todos os respondentes que não declararam uma fragrância preferida. O
autoconceito desse grupo indica que são pessoas com maiores graus de tensão,
nervosismo e depressão, mas que possuem as mais altas médias com relação a
autoestima. Por terem dificuldades de relacionamento com o sexo oposto, pode
indicar também uma certa discrepância entre o “eu real” e o “eu ideal” desses
indivíduos.
           O terceiro agrupamento não apresenta uma preferência nítida por uma
família olfativa, o que faz sentido quando se observa que são os mais preocupados
com preço, ou seja, compram o perfume que estiver mais em conta.
           Já o quarto agrupamento inclui os apreciadores de fragrâncias cítricas e
orientais, o atributo mais valorizado na compra é o aroma o que convém observar
são fragrâncias mais marcantes e originais exigindo homens com uma personalidade
mais peculiar, talvez mais seletivos em suas preferências. Podem ser mais seguros
de suas preferências em função de uma autoestima.
           Assim, neste trabalho há evidências de que o perfume é capaz de
reforçar a identidade desses consumidores. As hipóteses não puderam ser
confirmadas, havendo apenas indícios de que essa relação existe.
           Este trabalho apresentou algumas limitações, destaca-se a amostragem
por conveniência que não permite generalizações para o universo. Outra limitação
foi o percurso complicado da coleta dos dados (com mudança nas escolhas
metodológicas) e o preenchimento muitas vezes incompleto do questionário o que
dificultou as análises realizadas.




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Referências bibliográficas


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. Último acesso em:20/10/11
EUROMONITOR,      Fragrances    in    Brazil;    2012.     Disponível    em:
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15


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Homens, perfume e autoconceito: qual a relação entre eles?

  • 1. HOMENS, PERFUME E AUTOCONCEITO: qual a relação entre eles? Jessica Martinez1 Vivian Iara Strehlau2 Resumo O comportamento de compra do consumidor masculino tem apresentado importante mudança nos últimos anos, sobretudo, no que se refere ao consumo de cosméticos e perfumaria. A maneira que esse novo homem se enxerga na sociedade e como o perfume, em especial, se relaciona nessa construção da autoimagem contemplam o propósito central desse estudo. Para tanto, a técnica de pesquisa empregada foi qualitativa, seguida por quantitativa. Foram entrevistados jovens da classe econômica A e B, usuários de perfumes importados. A coleta dos dados foi realizada por meio de um questionário auto administrado disponibilizado na internet. A partir da análise das pesquisas realizadas, verificou-se a existência de relação entre o autoconceito dos entrevistados e suas famílias olfativas preferidas. Palavras-chave: Auto conceito; perfume, homem. 1. Introdução Com o advento de novas tecnologias e mudanças na cultura brasileira, os homens passaram a adquirir produtos que antes eram considerados femininos. Os homens estão em busca de produtos eficazes e práticos, mas que garantam bem- estar durante todo o dia (IBOPE, 2009) e um dos produtos mais visados por esses “novos homens” é o perfume. Antes do surgimento desse novo mercado, os perfumes (assim como a maioria dos cosméticos) eram produtos sexualmente 1 Estudante do curso de graduação em Administração da ESPM-SP. E-mail: jessicamartinez@acad.espm.br. 2 Professora do curso de graduação em Administração da ESPM-SP. E-mail: vstrehlau@espm.br I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 2. 2 tipificados, isto é, muitos consumidores associavam o produto ao sexo feminino (SOLOMON, 2011). A categoria de produtos cosméticos masculinos vem apresentando, nos últimos anos, um importante crescimento, em média 7% ao ano (EUROMONITOR, 2011). De acordo com os dados do Euromonitor (2011), a categoria de perfumes cresceu cerca de 17% em termos reais, chegando a R$ 10,6 bilhões em vendas das fragrâncias. O volume de vendas de perfumes masculinos – incluindo a categoria Premium – foi de R$ 4,54 bilhões, o que demonstra o crescente interesse pela compreensão do comportamento masculino e consequente desenvolvimento de linhas de produtos especialmente desenvolvida para esse novo homem. É bastante comum encontrar apresentações de perfume descrevendo características desejáveis ou mesmo projetivas para o homem que o utiliza, como por exemplo “Para homens que transmitem beleza, paixão, inovação, estilo, qualidade e exclusividade (Perfume Ferrari Uomo), dentre vários outros, insinuando uma relação entre o uso de um perfume e um estado almejado por um homem Portanto, este trabalho tem por objetivo verificar se existe uma relação entre o autoconceito masculino e a compra e consumo dos perfumes. 2. Referencial teórico Desde a antiguidade até os dias atuais o perfume é considerado uma especiaria que provoca as mais distintas sensações nos indivíduos. Inicialmente utilizado em rituais religiosos, o perfume exalado pelos incensos egípicios era considerado uma substância sagrada utilizada para agradar aos deuses. Com o tempo as fragrâncias foram adquirindo novos significados, e, atualmente são desejadas por muitos homens e mullheres por diferentes razões. Seja para se tornarem mais atraentes ou “sexy”, é fato de que esse produto é utilizado diariamente pela maioria das pessoas. Por fazer parte do dia-a-dia das pessoas, as indústrias de perfumes enfrentam um grande desafio: criar fragrâncias agradáveis, frascos arrojados e, ainda, uma marca forte capaz de fazer com que o consumidor com ela se identifique. O perfume não é apenas uma simples mistura de diversas substâncias; mas uma composição que é reflexo de um conjunto de valores culturais específicos. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 3. 3 O olfato percebe um complexo de mensagens olfativas que estão dentro de uma retaguarda formada pelo contexto cultural do consumidor (ELLENA, 1996). Homens e mulheres possuem comportamentos de consumo diferenciados uma vez que suas necessidades são diferentes, e, por isso devem ser estudados de maneira distinta. Segundo o Caderno de Tendências do SEBRAE, as mulheres preferem perfumes com fragrâncias florais e frescas. Em contrapartida, os homens tendem a apreciar os amadeirados ou com especiarias. O olfato é talvez o mais difícil dos sentidos de ser descrito, pois cada indivíduo descreve o cheiro com diferentes denominações. Essa dificuldade se dá, sobretudo, porque os aromas ficam armazenados na memória dos indivíduos (SOLOMON, 2011). Segundo Gregory e Coleman (1995) o olfato é o sentido mais sensível dos sentidos químicos (no tocante à concentração de moléculas): sendo dez mil vezes mais sensível do que o paladar. Os mesmos autores indicam a existência de diferenças entre gêneros e com relação a idade. Mulheres são, em geral, mais sensíveis aos odores do que os homens (apesar de os homens serem maioria como “narizes” nas fábricas de perfumes e a idade tende a diminuir a percepção olfativa em ambos sexos. Diferentemente do que ocorre com o paladar, não se conhece a existência de tipos primários de cheiro, o que existe são tentativas de se estabelecer classificações de aromas (SHIFFMAN, 2005). A classificação de perfumes é igualmente controversa e as classificações também são consideradas insatisfatórias. A classificação oficial, editada pelo Comitê Francês de Perfume é estabelecida por uma comissão técnica da SFP (Societé Francaise des Parfumeurs). Essa sociedade classifica os perfumes, tanto masculinos como femininos em sete grandes famílias: cítrico, floral, fougère, chipre, amadeirado, âmbar e couro. Cada uma dessas famílias possui de três a sete subfamílias. Barbet et al (1999) indica que a perfumaria masculina teve seu início nos anos 1950-1960 com criações como Pour Monsieur (de Chanel em 1955), Vetiver (de Carven em 1957), Habit Rouge (de Guerlain em 1965) e Eau Sauvage (Dior em 1966). A comunicação de um perfume é algo bastante delicado e complexo de se realizar uma vez que o olfato é um sentido difícil de ser expressado I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 4. 4 verbalmente. Por este motivo, grande parte dos anúncios veiculados encontrados são compostos majoritariamente por imagens. Segundo Garcillán (2011) o processo de compra dos perfumes é bastante intrigante. Devido a timidez masculina, os perfumes, em geral, são comprados pelas mulheres e são escolhidos com base nos fatores de duração, preferência pela fragrância e pelo status que a marca representa. Em geral, a compra é influenciada por recomendações familiares, a possibilidade de testá-lo, a marca, a moda, a publicidade e também pela própria personalidade do consumidor. Para o público masculino, a experiência pessoal e a confiabilidade das marcas são fatores determinantes para a escolha de determinada marca em detrimento de outra. No Brasil, em um levantamento preliminar, foram identificados apenas dois trabalhos relacionando o marketing com o perfume, são dois trabalhos apresentados em congressos da Anpad: Alonso e Marchetti (2008) e Vieira (2001), mas ambos tratam do consumo de perfumes femininos. O estudo de Vieira (2001) procura analisar o comportamento de consumo de perfumes das mulheres com viés antropológico. Neste trabalho mostrou-se que as mulheres não compram perfumes pelos benefícios básicos que o produto apresenta, ao contrário, a compra é estimulada pelos benefícios periféricos do produto, e, além disso, não o compram por impulso, ou seja, a compra de perfumes é um hábito na vida feminina. Em geral, a compra das fragrâncias é feita pela própria usuária (salvo em situações de presentes), uma vez que as preferências podem variar. Enquanto as jovens procuram utilizar as fragrâncias da moda, as mulheres da terceira idade procuram o perfume independente da marca ou moda (por este motivo as campanhas publicitárias de perfumes para a terceira idade são incomuns). Esse estudo enfatiza a importância da memória na compra dos perfumes. As mulheres optam por produtos que remetem a alguma experiência anterior que tenha sido agradável. Esse hábito é recorrente também na compra dos perfumes, ou seja, quando percebida, uma fragrância pode ser capaz de tornar uma lembrança de uma experiência anterior “mais real” mesmo que tenha ocorrido há muito tempo. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 5. 5 Alonso e Marchetti (2008) analisam os benefícios e valores percebidos pelas consumidoras de perfumes de luxo. O perfume, segundo o texto, pode ser considerado um produto de luxo uma vez que é diferenciado do consumo comum. Os resultados desse trabalho mostraram que o valor do respeito próprio está associado ao benefício da sensação de bem-estar e ao atributo aroma cítrico. Assim sendo, as consumidoras desse tipo de fragrância sentem-se respeitando e cuidando de si próprias ao utilizarem o aroma cítrico. A lém disso, em relação ao valor de segurança, esse aroma está associado ao benefício da duração da fragrância na pele e ao atributo de aroma marcante. O valor da auto realização, por sua vez, foi associado aos benefícios de despertar os seus sentidos, e, oferecer beleza e sofisticação. Os atributos relacionados a estes benefícios são: aroma marcante tem o poder de despertar os sentidos enquanto que o aroma floral pode lhe oferecer beleza e sofisticação, tornando-as mais realizadas. Moraes (2011) trata do assunto quando estuda o comportamento feminino em relação ao uso de perfumes. Nesse trabalho a autora afirma que diferentemente do que ocorre com outros bens, a mulher adquire perfumes porquanto este estimula sua imaginação. E assim, incita a manifestação de um desejo misterioso ainda desconhecido pela ciência. Em suma, pode-se inferir que as consumidoras de perfumes de luxo utilizam esse tipo de fragrância para sentirem-se bem consigo mesmas. O uso para “impressionar” os outros somente se relaciona com o valor da segurança, ou seja, o fato de o perfume de luxo marcar presença positiva perante aos outros, deixa a consumidora mais segura. Os atributos que causam a motivação de consumo de perfume de luxo estão mais associados a aspectos funcionais (diversos aromas, à caixa rebuscada e à fixação do perfume) que a aspectos simbólicos. Define-se o autoconceito como o conjunto de todas as informações que uma pessoa possui sobre si mesma seja qualidades ou defeitos (MOWEN; MINOR, 2005). É por meio do consumo dos mais variados produtos que uma pessoa constrói o seu “eu” e o demonstra para as outras pessoas. O “eu real” se refere a maneira como a pessoa se percebe. Já o “eu ideal” denota como a pessoa gostaria de perceber a si mesma. O “eu social” exibe a maneira a qual a pessoa se apresenta para os outros (SIRGY, 1982). I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 6. 6 Para Mowen e Minor (2005), as pessoas vivem em um ambiente simbólico, onde produtos consumidos possuem uma representação dos “eus” do indivíduo, a chamada hipótese da congruência da imagem. Um mesmo indivíduo pode compartilhar de diversas versões de “eus” de acordo com cada situação, ou seja, o comportamento de consumo pode variar de acordo com o ambiente (SOLOMON, 2011; SIRGY, 1982). Para Belk (1988), a teoria do “eu estendido” esclarece que os indivíduos podem ser compreendidos a partir da análise das suas posses, ou seja, as pessoas tendem a definir si mesmas por meio dos objetos que possui. Isso significa que de alguma forma os perfumes podem expressar o eu estendido dos homens. 3. Procedimentos metodológicos Neste estudo foi realizada uma survey, sendo que a amostra foi obtida por conveniência: homens de classe socioeconômica A e B, usuários de perfumes. A técnica de coleta de dados escolhida é o questionário auto administrado, que vem a ser o questionário preenchido pelo próprio entrevistado sem a presença de um entrevistador (McDANIEL; GATES, 2002). Para o preenchimento do questionário era necessário entre 15 e 20 minutos. Esse questionário contempla três grupos de perguntas, sendo que o primeiro grupo de perguntas do questionário apresenta quatro questões relativas à descrição da amostra. Já o segundo grupo de nove perguntas foi elaborado de modo a identificar as características do comportamento de compra dos consumidores de perfume, como marca favorita, habitos de compra e de uso. A escala referente ao processo de escolha de perfume foi baseada no trabalho de Markham e Cangelosi (1999). O terceiro bloco de perguntas se refere ao autoconceito. Em relação ao autoconceito utilizou-se a escala SDQIII (Self Description Questionnaire III) desenvolvida pelo grupo SELF da Universidade de Oxford. A SDQIII mede o autoconceito em adolescentes mais velhos e adultos. Trata-se de uma escala com 136 assertivas que mede o autoconceito em quatro áreas de autoconceito acadêmico e oito áreas de autoconceito não acadêmico. As áreas acadêmicas são: matemática; verbal; resolução de problemas; acadêmica em geral. As áreas não acadêmicas são: relacionamento com os pais; relacionamento com pessoas do I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 7. 7 mesmo sexo; relacionamento com pessoas do sexo oposto; aparência física; habilidade física; estabilidade emocional; religião; autoestima geral. O questionário foi disponibilizado na internet. Algum tempo após a disponibilização, verificou-se que o número de questionários respondidos até o fim ainda era insatisfatório e a razão revelada era em função a grande quantidade de perguntas nele contida. Assim, reduziu-se o número original de dimensões do autoconceito eliminando-se todas as variáveis relativas ao autoconceito acadêmico e duas dimensões não acadêmicas que geraram desconforto no preenchimento e que foram consideradas de interesse marginal ao estudo em realização (honestidade e religiosidade). Os dados obtidos com a aplicação dos questionários foram transferidos do site Surveymonkey tabulados em planilha Excel e posteriormente transferidos para o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) , mais indicado para as análises desejadas. Para a análise dos dados foram empregadas as técnicas de análise fatorial e de agrupamentos. 4. A pesquisa 4.1 Descrição da amostra: Dos 199 respondentes, 56% são ou foram estudantes da ESPM, 5% do Mackenzie, 4% da USP, 3% da UNIP, 16% de outras faculdades e 16% não responderam a esta pergunta. Em relação a renda, 49% declararam possuir uma renda superior a R$ 12.000, 17% entre R$5.000 a R$ 9.000, 12.5.% entre R$ 9.000 a R$ 12.000 e 20% declararam receber menos de R$ 5.000. 4.2 A compra de perfume e famílias olfativas: A pesquisa revelou que 95% dos homens respondentes utilizam perfumes e desses, 68% disseram fazer uso diariamente, 21% ocasionalmente, 5% apenas em ocasiões como finais de semana e baladas. Além disso, a maioria deles disseram que usam perfumes diferentes para cada situação, sendo que a maioria disse diferenciar as fragrâncias usadas de acordo com a situação que vão passar. Por exemplo, disseram usar um perfume diferente para trabalhar, para baladas ,etc. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 8. 8 A maioria disse ser o comprador de seus perfumes (83%), aqueles que disseram que não compravam disseram que a mãe ou namorada o fazia. Os principais locais de compra do produto foram Free Shop (57%), Lojas no exterior (44%), Lojas especializadas (43,5%), Lojas online (13%) e Lojas de departamento (5,5%). Os cinco atributos mais relevantes na hora da compra são: aroma, marca (tanto para si como para presente), preço e estado de espírito na compra. Esses atributos foram analisados por meio do método de rotação ortogonal de fatores VARIMAX, que permite agrupar um conjunto amplo de variáveis em um número menor de componentes que podem ser caracterizados como as dimensões de atributo do objeto avaliado (HAIR et al, 2005). A seguir, tem-se um gráfico dos principais atributos do perfume na compra: Figura 1: Importância dos atributos O perfume preferido mais citado foi Hugo Boss, com 14 menções representando 7% das respostas seguido pelo 212 de Carolina Herrera e Polo, com 12 e 10 menções respectivamente. Uma das hipóteses deste trabalho era verificar a existência de uma relação entre o autoconceito e a preferência por determinada família olfativa. Para isso, todos os perfumes mencionados como preferidos foram classificados de I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 9. 9 acordo com suas respectivas famílias olfativas. O gráfico abaixo demonstra a preferência sobre as famílias olfativas. Figura 2: Famílias olfativas preferidas Famílias Olfativas Preferidas Aromático Fresco Cítrico Aromático Aromático Fougère Amadeirado Especiado Amadeirado Floral Sem preferência Oriental Fougére Amadeirado Chipre Aromático Tônico Oriental Amadeirado Amadeirado Vetiver Oriental Especiado Amadeirado Frutal 0 10 20 30 40 Na pesquisa verificou-se uma maior presença pela família dos Aromáticos Frescos. Nessa família está presente uma das marcas mais escolhidas pelos entrevistados que é a Hugo Boss. Segundo a revista Guia de Perfumes (2011), em geral, os Aromáticos Frescos compõe o grupo dos homens CLÁSSICOS, isto é, homens elegantes, humorados e com atitude. A segunda família olfativa mais preferida foi a dos Cítricos Aromáticos, composta também pelas marcas mais preferidas como Armani, Chanel e Ferrari. Nessa família olfativa há a presença dos ESPORTIVOS, ou seja, homens bem dispostos com espírito livre. A terceira família foi a de Aromático Fougère que também é preferida por homens CLÁSSICOS assim como a primeira. A quarta e quinta família olfativa mostraram preferências bem próximas e ambas pertencem ao grupo dos homens SOFISTICADOS, que são homens que possuem charme e cuidado com a aparência. 4.3 Autoconceito e a preferência por famílias olfativas A primeira análise realizada foi a análise fatorial, técnica multivariada que tem por objetivo identificar um número pequeno de fatores para representar relações entre muitas variáveis que estão inter-relacionadas, permitindo identificar I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 10. 10 e nomear fatores não observáveis diretamente, com base em variáveis conhecidas. O método utilizado para a rotação dos fatores foi o Varimax, que minimiza o número de variáveis que tem altas cargas em um fator e também simplifica a interpretação dos fatores (HAIR Jr. et al., 2006). A escala utilizada para medir o autoconceito foi analisada através de análise fatorial com o objetivo de verificar se as assertivas relativas a cada dimensão carregariam juntas nos mesmos fatores e se permaneceriam como no instrumento original. O método empregado foi o de componentes principais com rotação varimax. A consistência interna da escala empregada foi determinada por meio do alfa de Cronbach, que foi de 0,943 para a escala completa. O alfa de Cronbach de cada dimensão foi calculado e todos estão acima de 0,750. A amostra foi considerada adequada, pois o índice KMO foi de 0,762. Para identificar grupos dentro da população, uma técnica bastante utilizada é a análise de agrupamentos, (HAIR et al, 2006). Para juntar os indivíduos com perfis parecidos de resposta no autoconceito foi realizada uma análise de conglomerados (Cluster), através do método hierárquico de aglomeração – Two step procedure, que é o mais adequado para amostras pequenas, como nesse caso. Neste procedimento, o número de agrupamentos é definido automaticamente pelo SPSS (MAZZOCCHI, 2008). A variável driver utilizada foi a preferência olfativa e as variáveis empregadas para a caracterização dos agrupamentos foram os escores das dimensões relativas ao auto conceito (Habilidade Física, Aparência Física, Relacionamento com pessoas do Sexo Oposto, Autoestima, Equilíbrio Emocional, Relacionamento com os pais e Relacionamento com pessoas do mesmo sexo), e os escores oriundos da análise fatorial referente aos atributos de perfume (Marca, Preço, Aroma e Outros elementos) bem como Renda. Identificou-se quatro agrupamentos, como se pode observar na tabela e no gráfico a seguir: Tabela 1: Distribuição dos casos segundo preferência olfativa Sem preferência amadeirado aromático cítrico oriental Cluster n % n % n % n % n % 1 0 ,0% 47 83,9% 0 ,0% 0 ,0% 0 ,0% 2 5 100,0% 0 ,0% 47 73,4% 0 ,0% 0 ,0% 3 0 ,0% 9 16,1% 17 26,6% 0 ,0% 4 19,0% I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 11. 11 4 0 ,0% 0 ,0% 0 ,0% 20 100,0% 17 81,0% Total 5 100,0% 56 100,0% 64 100,0% 20 100,0% 21 100,0% Tabela 2: Agrupamento com as características relativas aos atributos de perfume Outros elementos Marca Preço Aroma Desvio Desvio Desvio Desvio média padrão média padrão média padrão média padrão Amadeirado -,0027114 ,84005625 ,1053588 1,01794982 -,2013406 1,18149064 ,0552115 ,84019255 Aromático ,1236782 ,97269878 ,1933466 ,84738547 ,1923943 ,92889255 ,1594489 ,61895930 Indiferente -,4361332 ,74918767 -,6017620 1,00214294 ,1849321 ,92190365 -,6804681 1,74049504 Cítrico/oriental ,0793948 1,23561938 ,0525310 1,04553722 -,2009746 ,86545220 ,2283549 ,53869722 Tabela 3: Agrupamentos com base nas dimensões de auto conceito Relacionamento com Habilidade Física pessoas do Sexo (HF) Aparência Física (AP) Oposto (SO) Autoestima (AE) Desvio Desvio Desvio Desvio média padrão média padrão média padrão média padrão Amadeirado ,0918752 ,84002715 ,1662349 ,76154245 ,0055953 ,89934363 ,0801684 ,74420994 Aromático ,0588278 ,85641587 ,1572619 ,89254607 -,1045537 ,67059146 ,1726790 ,78462960 Indiferente ,2293692 ,89154708 -,3435915 1,39691435 ,2073034 1,55275560 -,5749422 1,39727331 Cítrico/oriental -,1851853 1,11189654 -,1641623 ,69297086 -,0769204 ,84955904 ,1709789 ,89268814 Tabela 4: Agrupamentos com base nas dimensões de auto conceito (continuação) Relacionamento com Equilíbrio Emocional Relacionamento com pessoas do mesmo (EE) os pais (RP) sexo (MS) Renda Desvio Desvio Desvio Desvio média padrão média padrão média padrão média padrão Amadeirado ,2519292 ,71927194 -,0205687 ,79124675 ,2576391 ,67193217 4,4894 ,90583 Aromático -,2370724 ,93002106 ,2101759 ,78431843 ,1982111 ,69668232 4,1346 1,10309 Indiferente ,0945906 1,39429123 -,8445557 1,24305648 -,5974643 1,23871310 3,1000 1,70900 Cítrico/oriental ,0563708 ,77349513 ,2486073 ,87309153 -,1456300 1,16605252 3,5135 1,48364 O primeiro cluster é o que possui o maior número de usuários de fragrâncias amadeiradas e também constitui os que possuem a maior renda. Com relação à escolha do perfume, caracteriza-se por não considerar o preço como uma variável relevante na escolha do perfume. Além disso, nesse agrupamento há a presença dos usuários com altas médias com relação a aparência física, equilíbrio emocional e no relacionamento com o sexo oposto. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 12. 12 No segundo cluster estão a maior parte dos apreciadores de fragrâncias aromáticas (quase 74%) bem como todos os respondentes que não indicaram preferência por algum perfume. Esses são os que mais valorizam aspectos relativos a preço, marca e outros elementos como frasco, brindes e cor do perfume. No tocante ao autoconceito apresentam as menores médias no relacionamento com pessoas do sexo oposto e equilíbrio emocional, (indicando pessoas com maiores graus de tensão, nervosismo e depressão), no entanto possuem as mais altas médias com relação a autoestima. O terceiro cluster não apresenta uma preferência nítida por alguma família olfativa, incluindo apreciadores de fragrâncias amadeiradas, aromáticas e/ou orientais. São homens que dão a maior importância ao preço, sendo nas demais variáveis possuem as menores médias. O que de fato combina com a ideia de indiferença, o que for mais barato é a marca escolhida. No tocante ao autoconceito possuem as mais altas médias em habilidades físicas (que inclui esportistas e intensa atividade física) e relacionamento com o sexo oposto. No entanto possuem as mais baixas médias com relação a aparência física, autoestima, relacionamento com os país e com pessoas do mesmo sexo. Por fim, o quarto e último agrupamento inclui os apreciadores de fragrâncias cítricas e orientais, o atributo mais valorizado na compra é o aroma e o preço, assim como para os integrantes do primeiro agrupamento possui uma média baixa. Com relação ao autoconceito possuem as mais altas médias em autoestima e em relacionamento com os pais, e a menor média em habilidade física. 5. Considerações finais Neste trabalho procurou-se verificar a existência de uma relação entre o autoconceito masculino e a compra e uso de perfumes. Além desse propósito central, tentou-se também estudar o comportamento do consumidor na compra de perfumes bem como as principais marcas que estes utilizam. Para tanto, foram feitas diversas pesquisas que pudessem responder a estas questões. Nesse estudo pode-se perceber uma relação entre o perfume que o indivíduo utiliza com a maneira com que seu autoconceito é constituído. A partir das análises realizadas, obteve-se quatro agrupamentos distintos. Cada um deles I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 13. 13 possui um comportamento de compra diferente. Nesse estudo, o tipo de fragrância escolhida pelos indivíduos pode, de certa forma, representar o “eu” do indivíduo. O primeiro agrupamento apresenta preferência por fragrâncias amadeiradas e possuem a maior renda, agrupando os usuários com altas médias com relação a aparência física, equilíbrio emocional e no relacionamento com o sexo oposto, nesse último elemento pode indicar alguma relação com o senso habitual no mercado de serem perfumes sensuais, pois mostra um indivíduo preocupado com o sexo oposto e possivelmente com a sedução. O agrupamento 2 (aromático) demonstra que o tipo de fragrância consumida de forma geral é a Aromática e se importam com o preço. Curiosamente incluem todos os respondentes que não declararam uma fragrância preferida. O autoconceito desse grupo indica que são pessoas com maiores graus de tensão, nervosismo e depressão, mas que possuem as mais altas médias com relação a autoestima. Por terem dificuldades de relacionamento com o sexo oposto, pode indicar também uma certa discrepância entre o “eu real” e o “eu ideal” desses indivíduos. O terceiro agrupamento não apresenta uma preferência nítida por uma família olfativa, o que faz sentido quando se observa que são os mais preocupados com preço, ou seja, compram o perfume que estiver mais em conta. Já o quarto agrupamento inclui os apreciadores de fragrâncias cítricas e orientais, o atributo mais valorizado na compra é o aroma o que convém observar são fragrâncias mais marcantes e originais exigindo homens com uma personalidade mais peculiar, talvez mais seletivos em suas preferências. Podem ser mais seguros de suas preferências em função de uma autoestima. Assim, neste trabalho há evidências de que o perfume é capaz de reforçar a identidade desses consumidores. As hipóteses não puderam ser confirmadas, havendo apenas indícios de que essa relação existe. Este trabalho apresentou algumas limitações, destaca-se a amostragem por conveniência que não permite generalizações para o universo. Outra limitação foi o percurso complicado da coleta dos dados (com mudança nas escolhas metodológicas) e o preenchimento muitas vezes incompleto do questionário o que dificultou as análises realizadas. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 14. 14 Referências bibliográficas ALONSO, L. S.: MARCHETTI, R. Z. Atributos, Benefícios e Valores Associados ao Consumo de Perfumes de Luxo. In: ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, 32, 2008, Rio de Janeiro, Anais..., ANPAD, 2008. BARBET, V.; BREESE, P.; GUICHARD, N.;LECOQUIERRE, C.; LEHU, J. M.; HEEMS, R.V. Le Marketing Olfactif. Paris, LPM - Les Presses du Management, 1999. BELK, R. Possessions and the extended self, Journal of Consumer Research, v. 15, n. 2, p. 139-168, 1988. ELLENA, J. C.. Culture and Fragrance. Drugs and Cosmetic Industry . March 96, p.30-31. EUROMONITOR, Men’s Grooming in Brazil; 2011. Disponível em: http://www.portal.euromonitor.com/Portal/Pages/Search/SearchResultsList.aspx. Último acesso em: 15/09/11 EUROMONITOR, Fragrances in Brazil; 2011. Disponível em: http://www.portal.euromonitor.com/Portal/Pages/Search/SearchResultsList.aspx . Último acesso em:20/10/11 EUROMONITOR, Fragrances in Brazil; 2012. Disponível em: http://www.portal.euromonitor.com/Portal/Handlers/accessPDF.ashx?c=17PDF&f =WS-207564-21718417.pdf&code=yUkWfDF%2f1HwGUIiqF5MD7g9RkIo%3d. Último acesso em: 10/08/12 GARCILLÁN, M. de. Marketing para cosméticos: uma abordagem internacional; tradução Vertice Translate; revisão técnica Rose Ghachache. São Paulo: Thomson Learning, 2008. GREGORY, R. L.; COLMAN, A. M. Sensation and Perception. Longman Essential Psychology, New York, Longman Group, 1995. GUIA de perfumes 2011; L’Officiel Duetto Editora, 2011. HAIR Jr , R. et al. Análise Multivariada de dados. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. IBOPE, “Homens estão mais vaidosos e consumistas”, 2009. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj= PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=Notícias&docid=2B70AB64E3F54D458325754E 004C3F95 MARKHAM, S.; CANGELOSI ,J.. An international study of unisex and ``same-name'' fragrance brands. Journal of Product & Brand Management, v. 8, n. 5, 1999, p. 387-401. MAZZOCCHI, M. Statistics for Marketing and Consumer Research. London, Sage, 2008. MCDANIEL, C; GATES, R. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Thomsom, 2002. MORAES, C. F.; Perfume e desejo: o poder do aroma no comportamento de compra da mulher; 105 fls. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012
  • 15. 15 Psicanálise, Saúde e Sociedade; Universidade Veiga de Almeida (RJ) - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu;; Rio de Janeiro, 2011. MOWEN, J.; MINOR, M.. Comportamento do consumidor; São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2005. SDQIII. Self description Questionnaire III. Self Group – University of Oxford. Disponível em- http://www.self.ox.ac.uk/Instruments/SDQIII/documents/_1- SDQIII.pdf. Acesso em 01/mar/2012. SCHIFFMAN, H. R. Sensação e Percepção. Rio de Janeiro, LTC, 2005.SIRGY, 1982). SOCIETÉ Francaise des Parfumeurs. Disponível em http://www.parfumeur- createur.com/ SEBRAE, Caderno de tendências; Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/setor/cosmeticos/o- setor/mercado/cenario/Caderno%20de% 20Tendecias.pdf Acesso em: SIRGY, M. J. Self-concept in consumer behavior: a critical review. Journal of Consumer Research; v.9, Dec. 1982. SOLOMON, M. Comportamento do consumidor: Comprando, possuindo e sendo. ; ed. 9ª, Porto Alegre, Bookman, 2011. VIEIRA, F. G. D. Memória e Imaginário Feminino na Compra de Perfume. In: ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, 25, 2001, Campinas, Anais..., ANPAD, 2001. I Seminário de Iniciação Científica da ESPM – São Paulo – 29 e 30 de outubro de 2012