Uso e produção de perfumes, o que a química tem a ver com isso
1. Uso e produção de perfumes: o que a Química tem a ver com
isso?
Pâmella S. de Souza (IC)1*, Maria de Fátima T. Gomes (PQ)2.
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Licenciatura em Química, Instituto de Química, UERJ, Departamento de Química Geral e Inorgânica,
Instituto de Química, UERJ. *pamellass4@gmail.com.
Palavras-Chave: perfume, óleos essenciais, essências artificiais
Área Temática: Ensino e Aprendizagem – EAP
RESUMO: ESTE TRABALHO TRAZ O RELATO DE UM PROJETO DIDÁTICO DESENVOLVIDO A PARTIR DO TEMA
“PERFUME” COM O OBJETIVO DE CONSOLIDAR CONCEITOS QUÍMICOS ASSOCIADOS AOS CONTEÚDOS
PROGRAMÁTICOS: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS, SOLUBILIDADE, SOLUÇÕES E FUNÇÕES ORGÂNICAS.
PARA TAL, USOU-SE UMA METODOLOGIA DE TRABALHO QUE PRIVILEGIOU O DINAMISMO, A CONTEXTUALIZAÇÃO E A
RELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTOS COTIDIANOS E ESCOLARES.
Introdução
O projeto didático, descrito a seguir, foi desenvolvido em aulas de Química em uma escola pública de
Ensino Médio, no Rio de Janeiro, sendo aplicado em uma turma do terceiro ano, com trinta e dois
alunos. Teve como objetivo trabalhar um tema presente no cotidiano do aluno – o uso de perfumes – e
ampliar conceitos químicos já estudados em séries anteriores, como separação dos componentes de
uma mistura, soluções e funções orgânicas, e abordar aspectos sociais, culturais e econômicos
relacionados ao uso e a produção de perfumes, bem como o emprego de essências naturais e artificiais.
O projeto didático foi desenvolvido em quatro etapas:
1° etapa: foi distribuída, para cada aluno, uma ficha contendo seis perguntas que eles deveriam
responder e entregar ao professor. Estas perguntas versavam sobre o tema perfume e foram feitas com
o propósito de sondar o quanto os alunos já sabiam sobre o tema.
2° etapa: análise e discussão de reportagens vinculadas em jornais impressos e televisivos sobre o
consumo de perfumes no Brasil. Discussão sobre importância social do uso de perfumes.
3° etapa: leitura e discussão de textos, reelaborados pelas autoras, sobre o funcionamento do sistema
olfativo (RETONTO & FARIA, 2009) e a química dos perfumes (DIAS & SILVA, 1996; LEAL et al., 2010).
Discussão sobre a importância da produção de fragrâncias artificiais: a economia de matéria prima, o
barateamento do processo de produção de perfumes e seus efeitos sociais.
4° etapa: realização de experimentos.
- Extração do eugenol, presente no cravo da Índia, pela técnica de extração por solvente, reproduzindo-
se assim, uma técnica usada na extração de essências naturais para a fabricação de perfumes (DIAS &
SILVA, 1996;).
- Produção de soluções aquosas perfumadas, “perfumes”, preparadas a partir da mistura de quantidades
apropriadas de álcool etílico hidratado, essência artificial, fixador (glicerina) e água destilada.
Resultados e Discussão
As fichas continham as seguintes perguntas:
(1) Com que frequência você usa perfume? 84% dos alunos responderam que usam diariamente; 13%
que só usam às vezes e 3% que não usam, pois são alérgicos.
(2) Como nosso olfato pode diferenciar vários tipos de odores? Apenas, 3% dos alunos deram respostas
aceitáveis; 97% não souberam responder ou não responderam.
2. (3) Como os perfumes são produzidos? 34% dos alunos não sabem; 25% responderam que é uma
mistura de essências; 19% que é uma mistura de essência e álcool, 6% que é uma mistura, mas não
sabem quais substâncias são misturadas e 16% responderam que é por meio de reações químicas.
(4) Qual a origem das fragrâncias dos perfumes? 32% não sabem; 50% acham que são sustâncias
extraídas de materiais presentes na natureza; 9% que são substâncias que podem ser obtidas por
processos químicos ou extraídas de materiais naturais e 9% que são materiais produzidos por reações
químicas em indústrias.
(5) Qual o papel da química na produção de perfumes? 34% não sabem ou não responderam; 22%
responderam que é descobrir novas essências; 38% responderam que é fazer o perfume e 6% que é
identificar se o perfume possui potencial de trazer danos à saúde.
(6) Por que alguns perfumes permanecem ativos por mais tempo que outros? 25% não sabem ou não
responderam; 19% acreditam que a diferença está na concentração das essências; 50% que a diferença
está na qualidade das essências e 6% que a diferença está na forma como os perfumes são produzidos.
O questionário foi usado para nortear o desenvolvimento do projeto, mas também foi útil para despertar o
interesse dos alunos pelo tema. Alguns deles, após responderem ao questionário, relataram que nunca
tinham parado para pensar nesse assunto e que ele parecia interessante.
Na discussão das reportagens os alunos se surpreenderam com o grande consumo de perfume no
Brasil, principalmente na região Nordeste. Como mais de 50% dos alunos da turma são ou possuem pais
ou avós nordestinos, a motivação para conhecer mais sobre o tema aumentou.
As respostas dos alunos ao questionário mostrou a necessidade de trazer para a sala de aula um texto
que contivesse informações sobre como percebemos os diferentes cheiros. O texto sobre a importância
social da produção de essências artificiais abordou como a invenção do almíscar sintético ajudou a
reduzir o número de veados almiscareiros que são mortos anualmente para a extração da essência
(DIAS & SILVA, 1996). Foram apresentadas aos alunos as estruturas químicas de algumas essências
naturais e artificiais e foram identificados os grupos funcionais presentes. Também foram realizadas
comparações entre as estruturas químicas dos principais componentes de alguns óleos essenciais e as
dos respectivos componentes sintéticos utilizados em sua substituição.
Antes da realização do primeiro experimento, os alunos revisaram os conceitos associados aos
processos de separação de misturas, até que chegaram à conclusão que a técnica de extração por
solvente seria a mais adequada para se extrair o óleo essencial de cravo. Para a realização do segundo
experimento, foram revisados os conceitos de solubilidade, unidades de concentração e diluição. Ao
final, os alunos elaboraram um relatório sobre as atividades desenvolvidas.
Conclusões
Este projeto didático buscou consolidar alguns conteúdos de química que os alunos já tinham visto em
sala de aula em anos anteriores. Os alunos tiveram oportunidade de relacionar seus conhecimentos do
dia-a-dia com os conhecimentos escolares enquanto participavam das atividades propostas. A partir da
leitura e discussão dos textos e dos experimentos, os alunos reelaboraram suas respostas ao
questionário inicial. O trabalho privilegiou a interação constante entre alunos e professor, ampliou o
conhecimento dos alunos e favoreceu que estes debatessem com os colegas a aplicação do
conhecimento químico adquirido na escola.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Capes a ajuda financeira do PRODOCÊNCIA e as bolsas PIBID.
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DIAS & SILVA, Perfumes, uma química inesquecível. Química Nova na Escola, São Paulo: n. 4, nov., 1996.
LEAL, I.C.R.; BARROS, J. C.; MIRANDA, L.S.M. A Química do Amor. Coleção Química no Cotidiano. V. 1. São
Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010.
RETONDO, C. G.; e FARIA, P. Química das Sensações. Editora Átomo; 3° edição 2009.
SCHELLER, F. Brasil vira líder mundial em perfumes. O Estado de São Paulo. Edição de 05/05/2011. Disponível
em: http://www.portaldebranding.com/v1/?p=7488. Acesso em 15/05/2012.