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NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 1
Tema desta edição: Aconselhamento e Cuidados Pastorais
• Jesus – Nosso Modelo para o Ministério | George Wood | p.03
• O Aconselhamento Cristão Cristocêntrico | Richard Dobbins | p.08
• O Conselheiro Cristão Competente | Donald Lichi | p.15
• Uma Abordagem de Aconselhamento Pastoral para Aqueles com Dores e Doenças Crônicas | Doug Wiegand | p.19
• Abordagem Convencional, Complementar e Alternativa para Cura | Christina Powel | p.24
• Girolamo Savonarola – O Profeta de Florença | William Farley | p.29
• Os Pecados da Maldição Hereditária | W. Nunnally | p.32
www.enrichmentjournal.ag.org
Novembro/2010
2 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
É um prazer poder levar até você a 4ª edição da
revista Recursos Espirituais, originalmente
publicada pelas Assembleias de Deus dos EUA,
em inglês, sob o título Enrichment Journal.
Após trabalho cuidadoso da equipe editorial,
este número expõe em nosso idioma artigos
simplesmente imperdíveis.
Num momento em que vivenciamos na mídia
uma discussão acirrada sobre inúmeros assuntos
polêmicos, abarcando as mais diferentes áreas da
vida, os autores trazem luz às necessidades dos
pastores, dos professores de seminários e dos
demais obreiros da Igreja que ministram ao povo
de Deus, disponibilizando pesquisas relevantes e
atuais, fortemente baseadas nas Sagradas
Escrituras.
De igual modo, os estudantes de Teologia
também são contemplados com uma rica coleção
de material que dará um suporte consistente à sua
incansável e necessária busca pelo conhecimento
sadio da Palavra de Deus.
Em 30 anos envolvido com o meio teológico,
pude presenciar a publicação de inúmeros artigos
que dizendo-se cristãos, na verdade, traziam
sorrateiramente ideologias totalmente contrárias à
Agora você pode acessar online Recursos Espirituais em 14 idiomas. Visite o website do Enrichment Journal e tecle
na opção desejada. Você será direcionado para um dos treze idiomas que selecionar: português, tcheco, espanhol,
francês, alemão, russo, ucraniano, romeno, húngaro, croata, tâmil, bengalês, malaio ou hindi.
Você terá oportunidade para ler os periódicos online ou pode ainda transferir os arquivos, para sua conveniência.
As informações para contato encontram-se no site: www.enrichmentjournal.ag.org
Equipe Editorial / Versão em Português
Tradução: Nadja Matta e Bruno Ferrari
Revisão de textos: Martha Jalkauskas e Rejane Eagleton
Diagramação: ©MMDesign
Revisão: Neide Carvalho
Coordenação Geral: Márcio Matta
Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do e-mail
enrichmentjournal@lifepublishers.org
Life Publishers International
© Copyright Life Publishers 2010
Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri (EUA)
Todos os direitos reservados.
sã doutrina, promovendo desta forma prejuízos
irreparáveis na vida de muitos crentes.
Assim, devido a necessidade de critérios
rígidos para a escolha de uma boa literatura cristã,
esta publicação se apresenta como um subsídio
valioso para dirimir questionamentos e dúvidas
que surgem no dia-a-dia de nossa caminhada
cristã.
Os pontos de vista apresentados em cada
artigo, embora do contexto assembleiano norte-
americano, levam o leitor a construir suas ideias
a partir de princípios bíblicos e experiências
pessoais que o incentivam à inspiração para sua
própria jornada espiritual.
Tenho convicção de que os artigos das áreas
ministerial, aconselhamento pastoral, ética mé-
dica, história e teologia, além de serem agradável
à leitura, serão uma verdadeira bênção para você.
Aprecie sem moderação!
márciomatta
editor | versão em português
Editorial
2 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 3
— Nosso Modelo
para o Ministério
Por GEORGE O. WOOD
Três elementos essenciais do modelo de Jesus para o
ministério servem de exemplo de cuidado pastoral para nós.
Jesus
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 3
4 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
L
ivros e seminários de lide-
rançadominamaleiturapas-
toral, e isso é bom. A máxi-
madequeumaorganização
ou igreja não cresce mais que seu líder
é verdadeira. Mas liderança e ministé-
rio são a mesma coisa? Creio que não.
Ministério inclui muito mais.
Quando procuro um exemplo ou
protótipo para o ministério, primeiro
olhoparaJesus.ComoeraSeuministé-
rio? Que tipo de ministro era Ele? Se
EleéoSupremoPastoreeu,umsubal-
terno, que tipo de pastor ou ministro
devo ser? Se devo andar em Seus pas-
sos, quais foram eles?
Deixe-meextrairdeSeuministério
um breve momento que encapsula a
preocupaçãopastoraldeJesus.Nãopre-
tendo que esse perícope represente a
verdade total sobre Jesus como nosso
modeloparaoministério,masencontro
neletrêspontosessenciaisquenosser-
vem como exemplo.
O caso que examinaremos é o da
mulher com fluxo de sangue, relatado
em Marcos 5:21-34.
Tempo
Todapessoaengajadaemministérioé
ocupada. Todos os dias nossa agenda
está cheia desde a manhã até à noite:
oração,estudo,compromissos,telefone-
mas,reuniões–einterrupções.
À medida que a igreja que eu
pastoreava crescia, descobri que pode-
riadelegarcadavezmais.Issopermitiu
quemetornassemaisfocadoemmeus
donseáreasdeinteresse.Gastavaamai-
orpartedotempoadministrandominha
própria agenda. Minha lista de tarefas
estava sempre cheia e o calendário re-
pleto. Eu permitia algumas interrup-
çõesdegrandesemergênciasedepes-
soasquerealmenteprecisavamfalarco-
migo, mas, caso contrário, era dono do
meu próprio tempo.
Esse exemplo é um bom sinal de
liderança eficiente e eficaz – delegar
responsabilidadeeautoridade,esecon-
centrar nos pontos fortes. É o exemplo
de Êxodo 18 quando Jetro disse a
Moisésquebonslíderesnãotentamfa-
zertudo,ouainstruçãodeEfésios4:11,
12dequeliderançaministerialimplica
em ser o treinador de uma equipe em
vez de ser a estrela.
Deixei o pastorado e fui para lide-
rançadistritalcomosuperintendentead-
junto.Dascercade30pessoasquefazi-
am parte de minha equipe de suporte
da igreja, agora eram apenas eu e meu
secretário. Trouxe meu modelo pasto-
ral para essa nova função e chegava em
meuescritóriotodososdiascomminha
listadecoisasparafazer.Masotelefone
tocava continuamente. Muitas pessoas
meprocuravam.
Fiquei frustrado. Eles estavam to-
4 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 5
mandootempodaminhaagenda.Não
conseguia terminar as coisas que havia
estabelecido.Comecei a me aborrecer
comasinterrupções.
O que mudou a minha vida foi um
devocionaldadoporumamigo,T.Ray
Rachels(superint.distrital).Elefalaque
oministériodeJesusfluíadasinterrup-
ções. Isso chamou minha atenção.
Nenhum dos milagres de Jesus es-
tavanalistadecoisasparafazer.Elenão
selevantavapelamanhãedizia:“Bom,
hoje preciso curar 10 leprosos, 2 cegos,
curarumparalíticoelibertarváriaspes-
soas possessas.”
O mesmo era
verdadeiro quanto
aos Seus ensina-
mentos.Sim,Elefez
um discurso siste-
máticonoSermãodo
Monte, nas parábo-
lasdoReinoenoser-
mão do Monte das
Oliveiras(Mt5-7,13,
24,25),porémobser-
ve uma amostra do que ensinou como
resultadodasrespostasàsinterrupções.
Um expert da Lei O testou quando dis-
se: “Quem é o meu próximo?” e assim re-
cebemosaparáboladoBomSamaritano
(Lc10).OsfariseuseosmestresdaLei
murmuraram contra Ele quando aco-
lheuospecadoreseElerespondeucom
estórias da Ovelha Perdida, da Moeda
Perdida e do Filho Pródigo (Lc 15).
Teríamos perdido o discipulado de
MateusedeZaqueuseJesusnãotives-
se interrompido Seus compromissos.
Não teríamos o ensinamento sobre o
novo nascimento se Jesus não tivesse
passadoalgumtempocomNicodemos
(Jo 3), ou então o ensinamento sobre
adoração se tivesse ignorado a mulher
samaritana (Jo 4).
OmelhorexemplodeJesustirando
um momento e respondendo às inter-
rupçõesveioquandoamulhercomflu-
xo de sangue abordou-O a caminho da
casa de Jairo.
Marcos observa que a filha de Jairo
tinha 12 anos e a mulher sofria, ha 12
anos, de uma hemorragia.
OpedidodeJairofoiumainterrup-
çãonaagendadeJesus.OSenhorche-
goudooutroladodolagoeumagrande
multidão veio recepcioná-lO. Lideran-
çaexigequedemosprioridadeàmulti-
dão,masoministérioordenaprioridade
ao necessitado. Então Jesus afastou-se
da multidão e acompanhou Jairo.
Nocaminhohouveumainterrupção
à interrupção. A mulher passou pela
multidão e tocou na barra de Suas ves-
tes.Elepoderiatercontinuado,masnão
o fez. Por quê?
Porqueministériosefazcompesso-
as–umadecadavez.AmissãodeJesus
incluíamomentosnãoplanejadosquan-
do respondia às necessidades dos indi-
víduos.
Um homem idoso caminhava pela
praia logo de manhã recolhendo estre-
las do mar e as jogava novamente no
oceano. Ele sabia que, se não fossem
devolvidasàágua,osolassecariaemor-
reriam.
Um jovem passou e disse: “Ei, se-
nhor!Oqueestáfazendo?Existemmi-
lhõesdeestrelasdomarnapraia.Oque
você está fazendo não faz a mínima di-
ferença.” O homem respondeu, en-
quantojogavanaáguamaisumaestrela
domar:“Fazdiferençaparaestaaqui.”
Um amigo missionário me contou
queestavasentadonoescritóriodeJim
Cymbala em um domingo de manhã
antesdoNatal.PastordaIgrejaBrooklyn
Tabernacle,Jimministraparamilhares
de pessoas em múltiplos cultos todo
domingo. Entre um culto e outro uma
jovem mãe negra com seus quatro fi-
lhosentrounoescritóriodeJim.Estava
sem dinheiro e chorava porque seus fi-
lhos não teriamnadade Natal. Jimdis-
se:“Caroleeuiremosaoseuapartamen-
to na noite de Natal e levaremos um
peruparaojantar.Jantaremoscomvocês
e haverá presentes para seus filhos.”
Meu amigo missionário disse que
chorouenquantoobservavaaconversa.
Imaginequeopastordeumadasmaio-
resigrejasdosEUAteriatempoparaal-
guém que não poderia fazer nada por
ele!
A liderança diz:
“Passe tempo com
pessoas influentes,
poiselaspodemdar-
lhealgoemtroca”.O
ministériodiz:“Aju-
de pessoas que não
podem fazer nada
por você”.
Jesus doou Seu
tempo para outras pessoas.
Porqueéimportantenotarmosalgo
tãoóbvio?Porque,àsvezes,ficamostão
ocupados no ministério que esquece-
mos que o ministério se faz com pes-
soas.
Você não está no ministério para
construir prédios para a igreja (mesmo
que isso seja necessário), ou para ocu-
par uma posição, ou para se consumir
com assuntos ou causas que te afastam
desuaresponsabilidademaisimportan-
te que é ministrar às pessoas.
Recebo longas cartas de pessoas
quepassam otempotentandoendirei-
tarprocedimentosouopiniãodeoutras
pessoas.Umapessoaregularmenteme
envia 24 páginas datilografadas em es-
paço simples, argumentando porque a
versãodaBíbliaqueusaéaúnicainspi-
rada. Quando leio essas críticas severas
meperguntooqueaconteceriaseesses
santos saíssem de seus computadores,
ou deixassem a caneta de lado, e fos-
Omelhor exemplo de Jesus tirando
um momento e respondendo às
interrupções veio quando a mulher
com fluxo de sangue abordou-O a
caminho da casa de Jairo.
Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério
6 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
semganharalmasparao SenhorJesus.
Toque
Jesus permitiu que as pessoas chegas-
sem até Ele. Sejamos sinceros: nossos
modelos de ministério são os conside-
radosministériosdesucesso.Existeuma
tendênciarecentedepastoresimportan-
tescontrataremguarda-costas.Ominis-
troentranocultonahoradasuapartici-
pação e deixa a igreja pela porta lateral
quandotermina.
Jesus passou tempo com o indi-
víduo. Seu ministério exigiu algo dele.
O texto diz: “Jesus, reconhecendo imedia-
tamente que dele saíra poder.”(Mc 5:30).
WilliamBarclayexplica:“Essapassa-
gem nos diz algo sobre Jesus; fala sobre o
custo da cura.Toda vez que Jesus curou al-
guém, algo foi exigido dEle.Aqui está uma re-
gra universal da vida: nunca produziremos
nada de grande a não ser que estejamos pre-
paradosparainvestiralgodenossavidaoude
nossa própria alma... Nenhum pregador que
já tenha pregado um verdadeiro sermão des-
ceu do púlpito sem um sentimento de que foi
esvaziado de algo. Se pretendermos ajudar
as pessoas, devemos estar prontos para gas-
tar um pouco de nós mesmos.... A grandeza
de Jesus foi que Ele estava preparado para
pagar o preço para ajudar aos outros e esse
preço foi sua própria vida. Só seguimos em
seus passos quando estamos preparados a
empregarnãoapenasdenossasposses,mas
de nossa alma e nossa força.”
Uma criança da igreja que eu pas-
toreava perdeu a mãe. Sua adolescên-
cia foi turbulenta e eventualmente ele
cometeuumcrimequeresultouemsua
prisãopor17anos.Essehomemconhe-
ceu a Jesus e agora é uma testemunha
fiel na prisão. Escrevi para o pastor na
cidadeondeaprisãoestálocalizadape-
dindoquefosselhefazerumavisita.Ele
nuncafoi.
A tia da minha esposa sofreu um
AVC.Porcausadesuasaúdejánãoiaà
igrejaháalgunsanos.(Quantaspessoas
sãoesquecidasporquenãopodemmais
contribuir?) Sua família contatou um
pastor e perguntou se ele poderia lhe
fazer uma visita. Ele nunca foi. Final-
mente, a família encontrou um pastor
presbiterianoqueofez.
Um amigo me disse que seu irmão
foiàigrejaemumdomingoquandosua
famíliaveiovisitá-lo.Oirmãojáeraido-
so, mas naquele dia entregou sua vida
ao Senhor. Meu amigo, também pas-
tor, ligou para o pastor daquela igreja e
perguntou se ele poderia fazer o
discipulado do novo convertido. Nada
aconteceu. O pastor disse que estava
muito ocupado, quando meu amigo
conversoucomele.Descobriqueaquela
igrejapossuía50membros.
Quantas vezes os pastores deixam
de ligar para pessoas que precisam de
ajuda,nãorespondemcartasoue-mails,
e não retornam os telefonemas? Que o
Espírito nos mova contra a letargia e a
indiferença.
Devemos estar dispostos a tocar na
vida das pessoas, por Jesus e em nome
dEle.
Transformação
AdorootítuloqueWilliamBarclaydeu
a esta passagem sobre a mulher com o
fluxo de sangue. Chamou-a de “A Últi-
ma Esperança de uma Sofredora.” Certa-
mente,Jesuseraaúltimaesperançapa-
ra essa mulher, assim como para a filha
de Jairo.
Noteohumorsutilnorelatodamu-
lher passando pela multidão para tocar
a barra das vestes de Jesus.
DeacordocomaleideMoisés,essa
mulhereraconsideradaimpurapeloflu-
xo de sangue (Lv 15). Na maioria das
vezesnoAT,quandoumapessoacon-
taminada tocasse em algo, significava
que transferia a contaminação para
aquilo que era puro ou inocente. Por
exemplo, um leproso que tocasse um
não leproso tornava a pessoa saudável
impura.
Uma pessoa ritualmente pura não
poderia tocar em mulher após o parto,
nememalgumgentio,nemmesmoem
umvasoquetivessesidotocadoporum
gentio, em certos animais ou em cadá-
ver.Umindivíduoquetenhasidocon-
taminado pelo toque de alguma coisa
ou alguém impuro teria que passar por
Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério
6 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 7
Devemos estar dispostos a tocar na vida
das pessoas, por Jesus e em nome dEle.
GEORGE O. WOOD
Doutor em Teologia Prática
Presidente da ConvençãoGeral das Assembleias de
Deus dos EUA.
Springfield, Missouri (EUA)
umprocedimentolongoedetalhadode
purificação.
Jesusficoucontaminadonomesmo
instante em que a mulher com o fluxo
desanguetocouSuasvestesetambém
contaminou a Si mesmo quando tocou
a mão da menina morta (Mc 5:41).
Evidentemente, a mulher pensou
que poderia tocar nas vestes de Jesus,
ser curada e então misturar-se à multi-
dão sem ser notada. No entanto, Jesus
parou e perguntou: “Quem me tocou nas
vestes?” (Mc 5:30).
Osdiscípulosacharamaperguntaab-
surda,poismuitaspessoasempurravam-
se ao Seu redor. Mas a mulher sabia o
que tinha acontecido e por esta razão o
texto diz que “atemorizada e tremendo,
cônscia do que nela se operara, veio, pros-
trou-se diante dele e declarou-lhe toda a
verdade.” (Mc 5:33).
Porqueestariaatemorizada?Elasa-
biaquehaviaritualmentecontaminado
um homem santo. Se Jesus fosse um
fariseu,Eleateriainsultado:“Comoou-
sasmetocar?Vocêmecontaminou.Saia
depertodemim!”
SobaLei,seoimpurotocasseopuro,
então o puro se tornava impuro. Mas
com Jesus, se o contaminado tocasse o
puro, então o puro descontaminaria o
contaminado.
ExisteumaforçainversaentreaLei
oserão.SeformosconfiantesqueoSe-
nhor pode e realmente liberta das dro-
gas, do álcool e outros tipos de depen-
dências, então elas serão libertas de to-
dasessasdoençasdaalmaedoespírito.
Seorarmospelosdoentescomfé,osdo-
entes serão então curados. Se desper-
tarmos o dom do Espírito que está em
nós,pessoasserãoentãobatizadasnoEs-
píritoepermanecerãofervorosasnoSe-
nhor. Se demonstrarmos e ensinarmos
o discipulado, mais pessoas se tornarão
discípulosdeJesus.Setestemunharmos
aosperdidos,nossasovelhastambémo
farão. Se tivermos uma mente missio-
nária, nosso povo também a terá.
Vocênãopodedaraosoutrosaquilo
que não possui, mas aquilo quetem.
Quandomeufilhosetornoupastor,
eu lhe disse: “Pastorear não é como ci-
ência quântica (mas também não é fá-
cil).Asduascoisasmaisimportantessão:
ame a Jesus e ame as pessoas.”
Amamos as pessoas quando passa-
mosalgumtempocomelas,individual-
mente. O Senhor nos usa para tocar a
vida das pessoas e para sermos agentes
quetrazemtransformaçãopelopoderdo
EspíritoSanto.
Com certeza, nunca devemos parar
deaprendertudooquepodemossobre
liderança eficaz, mas não nos esqueça-
mos de que liderança é apenas um as-
pecto do ministério. Nosso modelo de
ministério deve sempre ser Jesus. Ele
passa tempo com as pessoas. Ele toca
em suas vidas. Ele transforma.
eoEvangelho.Emvezdaimpurezada
mulher ter contaminado Jesus, a santi-
dadedEleapurificou.Jesusfazomes-
mo com nosso pecado: nos torna justos
em vez de nós o tornarmos pecador.
Oministériotraztransformação.Tra-
zemos as boas novas de que Jesus é o
Salvador,quebatizacomoEspíritoSan-
toenoscura.Jesusnosdisseparaimpor
as mãos sobre os doentes. Este é um
sinalfísicodasaúdequenEleseencon-
tra, passando para o doente, fazendo
comqueentreasaúdeemvezdereinar
a morte.
Pastoresquetêmomaiorefeitonas
pessoas transmitem a vida de Jesus no
poderdoEspíritoSantoatravésdeseus
exemploseensinamentos.
Váriosanosatrás,eureclamavaaoSe-
nhorque,quandoimpunhaasmãosnas
pessoasemumafiladeoração,elasnão
caíam.Ah,devezemquando,atéacon-
tecia, mas era raro. Senti que o Senhor
me disse: “George, é muito mais fácil
cair do que ficar de pé. Você está aju-
dando pessoas a ficarem de pé, portan-
to, não pense que precisa imitar outros
com os quais trabalho de maneira dife-
rente.”
Nossa tarefa é realizar uma longa
transferênciadenossoprópriocaminhar
com Deus na vida das pessoas para
quem ministramos. Se amarmos a Je-
sus, provavelmente irão também amá-
lo. Sedemonstrarmos umaatitude cor-
reta, também a mostrarão. Se formos
cheios do Espírito Santo, elas também
Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério
8 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
O Aconselhamento Cristão
CRISTOCÊNTRICO
Qualquer esforço sério para fazer com que o aconselhamento seja
verdadeiramente cristão envolverá um olhar cuidadoso na maneira
como Cristo desempenhou Seu ministério de aconselhamento.
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
Por RICHARD D. DOBBINS
8 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 9
N
os dias de hoje, poderí-
amos descrever mais
precisamente o que se
passa sob a rubrica de
aconselhamento cristão como um
aconselhamento feito por psicólogos
cristãos e conselheiros profissional-
mente treinados. Geralmente são pro-
fissionais bem formados com excelen-
tes técnicas de aconselhamento e ex-
periência muito rica. Frequentemente
aconselham em igrejas ou em lugares
relacionadosaelas.Éassim,infelizmen-
te, que algumas pessoas definem o
aconselhamentocristão.
Emmuitoscasos,porém,existeum
hiatoenormeentreafécristãeaprática
doaconselhamento.Podemsercristãos
devotoseexcelentesconselheiros,mas
há pouco em seu aconselhamento que
sejacaracterizadocomocristão,poisse-
pararam seu aconselhamento de sua fé
pessoal. O que está faltando nesses ca-
sos é a integração í ntima desses dois
aspectos em suas práticas.
Como Obter a Integração
de Fé e Aconselhamento?
Primeiramente, para fazer com que o
aconselhamento seja verdadeiramente
cristão devemos unir nossa fé e nosso
aconselhamentoemnossasmentes.Isso
começacomoreconhecimentodeque
CristoéoúnicograndeConselheiro.Ele
se torna nosso modelo. Não apenas o
fazemos Senhor de nossas vidas, mas
tambémSenhordenossaformaçãoclí-
nica e da nossa prática em aconselha-
mento. Olhamos para Ele como nosso
supervisorclínicoquesupervisionatudo
o que ouvimos e dizemos no consultó-
rioouescritório.
Independentemente da orientação
teórica de nosso treinamento (dinâmi-
ca, cognitiva, comportamental, objeto
terapia, eclética, etc.) precisamos colo-
cartudooqueaprendemossobreacon-
selhamento a partir de nossos estudos,
treinamentoeexperiência,nasmãosde
Cristo. Em seguida, podemos confiar
neleparanosajudaraaplicarnossasha-
bilidades, da forma como Ele deseja,
enquanto ministramos aos que procu-
ram nossa ajuda.
Em cada sessão devemos fazer um
esforço consciente para vermos as pes-
soas através dos olhos do Senhor e
entendê-las através do coração e da
mente dEle. Isso nos ajudará a melhor
servir a Deus e às pessoas.
Quandoassumimosestaposturaes-
piritual,Cristonoscapacitaasermosum
canaleficazqueligaocoraçãoeamen-
tedapessoaaconselhadacomocoração
eamentedeDeus.Quandosomosbem
sucedidos nesta tarefa, os recursos ili-
mitados de Sua sabedoria, poder e gra-
ça incrementam sobrenaturalmente
nossotreinamentoeexperiêncianopro-
cesso de aconselhamento, levando-o a
outro patamar. Num ambiente espiri-
tualmente enriquecido, o poder de
Deus desfaz a escravidão dos aconse-
lhados,curasuasmágoaseprovidencia
aorientaçãoqueprecisampararesolver
outrasdificuldadesnavida.
Semumesforçoconscientedenos-
sa parte para invocar esta dimensão di-
vina no processo de aconselhamento,
limitamos a ajuda que podemos ofere-
ceraosaconselhadosàshabilidadespro-
fissionaisquetenhamsidodesenvolvi-
das pelos nossos estudos, nosso treina-
mento e nossa experiência. Como po-
demobservar,Deusdesafiacadaumde
nós a descobrir caminhos para consci-
entemente reconhecermos o envolvi-
mento de Cristo em nosso relaciona-
mento com as pessoas aconselhadas.
No meu trabalho de aconselha-
mento, lembro-me, no início de cada
sessão, de que Cristo está ali comigo e
com a pessoa que irei aconselhar. Ele
conheceaspessoasdamaneiraquepre-
cisoconhecê-las.Sabecomomotivá-las
a usar sua dor como o caminho de pe-
dras que poderá conduzi-las de onde
estão para onde Deus sabe que pode-
rão estar.
Em cada sessão procuro me consci-
entizar da minha necessidade da cons-
ciência espiritual que permitirá que o
Senhorcompartilheinformaçõescomi-
go.Esseéomeuobjetivo.Tambémter-
minotodasessãoorandoepedindopara
que Deus me ajude a servir a pessoa,
ouocasal,damaneiraqueElequerque
Num ambiente espiritualmente
enriquecido, o poder de Deus
desfaz a escravidão dos aconselhados,
cura suas mágoas e providencia a
orientação que precisam para resolver
outras dificuldades na vida.
Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico:
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
10 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
eu os sirva. Peço para que me ajude a
ser para eles o que Ele quer que eu
seja. Isso me mantém ciente das mi-
nhaslimitaçõesetambém melembra
que dependo do Senhor para dire-
ção.
Tal oração também centraliza a
atenção da pessoa em Jesus como sua
fonteprimáriadeajuda.Issodiminuia
tendênciadapessoaaconselhadadecri-
ar uma dependência nociva de mim e
a encoraja a construir uma dependên-
cia saudável de Jesus.
Qualquer esforço sério para fazer
com que o aconselhamento seja ver-
dadeiramente cristão também envol-
verá um olhar cuidadoso na maneira
comoCristorealizouseuministériode
aconselhamento.
Como Foi que Cristo
Abordouo Aconselhamento?
Os Evangelhos indicam claramente
que compaixão foi a característica do-
minante do ministério de aconselha-
mentodeCristo.Pelomenosquatorze
vezes no NT os escritores usaram al-
gumaformadapalavracompaixãopara
descreverainteraçãodeCristocomas
pessoas.
O que é compaixão? É a capacida-
de de se colocar, o máximo possível,
no lugar de outra pessoa.
Conselheiroscompassivossãocom-
preensivos com as pessoas que acon-
selham e sensíveis às suas necessida-
des. Em sua mente, invertem os pa-
péiscomosaconselhados.Usamasin-
formações que coletaram sobre eles e
imaginam como deveria ser estar no
lugar deles, naquela situação.
A compaixão de Cristo é clara em
seu diálogo com a mulher que estava
junto ao poço (Jo 4) e a mulher pega
emadultério (Jo 8).
Jesusnãoconcordoucomosmúlti-
ploscasamentosdaprimeiramulhere
nem aprovou o relacionamento com o
Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico:
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
10 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 11
homemcomquemvivia.Tambémnão
aprovouoadultériodamulheremJoão
8.Contudofoisensívelecompreensi-
vo em sua abordagem a essas mulhe-
res.
Jesusgeralmentecondenavaajus-
tiça própria dos fariseus. Estes não es-
tavamentresuaspessoasfavoritas.Po-
rém,quandoNicodemossolicitousua
ajuda (Jo 3), Jesus tratou-o com com-
paixão,mesmosendoNicodemosum
fariseu.
Outracaracterísticaproeminentedo
aconselhamentodeCristoéoquecha-
mo de confronto amoroso. Por exem-
plo,mesmoqueosmúltiploscasamen-
toseorelacionamentoatualdamulher
fossem assuntos delicados, Jesus con-
frontou-a, pedindo-lhe que chamasse
seumarido.
Reconheceutambémoestadope-
caminoso da mulher pega em adulté-
rio,ordenandoquefosseequenãope-
cassemais.JesuslembrouNicodemos
dadiferençaentreonascimentonatu-
ral e o espiritual, confrontando-o com
o fato da necessidade de nascer de
novo.
Jesus sempre encontrou uma ma-
neira de confrontar amorosamente as
pessoascomaverdade.Nuncafoirude
ou insensível com aqueles que eram
honestos o bastante para confessar os
pecadoseadmitiranecessidadedeaju-
da.Nãopermitia,noentanto,queevi-
tassemosassuntosqueostrouxerama
Ele.
Tanto compaixão como confronto
amorososãonecessáriosparaajudaras
pessoasaencararascircunstânciaseos
relacionamentosdifíceisdavida.
Conselheiroscristãosprecisamcon-
tinuamente pedir ao Senhor que am-
plieessagraçanavidadeles. Isso é de
fundamental importância.
Qual o Envolvimento do
Espírito Santo no
Aconselhamento?
Em João 14:26 Jesus disse: "mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem
o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinarátodasascoisasevosfarálem-
brardetudooquevostenhodito."
O Espírito Santo é um professor.
Não apenas trará à memória os
ensinamentosdeCristo,comotambém
coisas que precisamos lembrar sobre
nossosaconselhados.
O Espírito Santo pegará as coisas
queaprendemosnasciênciassociaise
nos ensinará a traduzi-las para termos
uma percepção espiritual mais ampla.
Maisespecificamente,setivermosou-
vidos para ouvir o que diz o Espírito,
Ele nos ensinará como levar, a um pa-
tamarmaisalto,tudoqueaprendemos
sobre desenvolvimento humano, do-
ençasmentais,diagnósticosetécnicas
deaconselhamento.
Assim como o Espírito Santo age
namentedoconselheiro,agetambém
na mente do aconselhado. Em João
16:8 Jesus diz, "Quando ele vier, con-
vencerá o mundo do pecado, da justi-
ça e do juízo:" À medida que confron-
tar compassivamente e amorosamen-
teapessoacomascircunstânciasquea
fizeram procurar ajuda, você poderá
contar com o Espírito Santo para criar
níveis desconfortáveis de tensão den-
tro da pessoa para que ela se motive a
fazerasmudançasqueJesusquerque
elafaçaparaencontraracuraeliberta-
ção que precisa.
Ao mesmo tempo, você pode con-
tar com o Espírito Santo para lhe dar
forçainteriornecessáriaparatolerarní-
veiscrescentesdeestressecriadospe-
lastentativasconflitantesdoaconselha-
do para escapar de sua dor espiritual e
emocional,masaomesmotempolidar
com elas. Sem a capacidade de lidar
comseusprópriosníveiscrescentesde
ansiedade, a sua necessidade de con-
fortopodelevá-loaevitaráreasnavida
da pessoa aconselhada que precisem
sermaisbeminvestigadas.Nestepon-
to os limites de seu nível de conforto
interferem no nível crescente de
estresse necessário para provocar mu-
dançasnapessoa.PermitirqueoEspí-
rito Santo o ajude a desenvolver tole-
rância aos níveis crescentes de tensão
quandoenfrentarmomentosdifíceisde
aconselhamento, o tornará mais eficaz
em acelerar as mudanças redentoras
queCristoquertrazeraosseusaconse-
lhados.
Lembre-se, até que a dor de per-
manecer na mesma situação doa mais
queadordamudança,aspessoaspre-
ferirãopermanecercomoestão.Níveis
intoleráveis de dor são essenciais para
mover as pessoas de onde estão para
ondeDeusquerqueestejam.Desen-
volverumníveldetolerânciamaiorpara
conflitos e estresse do que o do acon-
Assim como o Espírito Santo age
na mente do conselheiro, age
também na mente do aconselhado.
Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico:
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
12 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
selhado lhe capacitará a ajudá-lo com
compaixãoatravésdosperíodosdifíceis
davidaqueofizeramprocurarajuda.É
bom saber que, durante momentos
desconfortáveisdoaconselhamento,as
pessoas podem lidar mais facilmente
comsituaçõesdesagradáveisdecerteza
do que com as de incerteza. Um acon-
selhamento bem sucedido conduz a
pessoa da incerteza para a certeza.
Dons Espirituais no Proces-
so de Aconselhamento
OsdonsdoEspíritoSantotambémsão
recursosvaliososparaoconselheiro,par-
ticularmente para aqueles que são
pentecostais ou carismáticos. Em 1
Coríntios 12:7-12, o apóstolo Paulo de-
fine três conjuntos de dons espirituais.
Osdonsdamenteincluemapalavrada
sabedoria, palavra da ciência e o dom
dediscernirespíritos.Trêsdosdonssão
verbais:variedadedelínguas,interpre-
tação de línguas e profecia. Finalmen-
te,existemosdonsdepoder:fé,opera-
çãodemilagresedonsdecurar.Todos
estesenriquecemsobrenaturalmenteo
aconselhamento.
Oscapítulos12-14daprimeiracarta
aos Coríntios tratam do uso ordenado
desses dons na adoração pública e na
vida privada do crente. Uma compre-
ensão bíblica de como esses dons fun-
cionam no relacionamento de aconse-
lhamento pode nos capacitar a ser con-
selheiros mais eficazes.
Discernimento de Espíritos
Os dons da mente podem aumentar
grandemente o processo diagnóstico.
Umclínicotreinadodesenvolvehabili-
dadesemsuaspercepçõesvisual,audi-
tiva e tátil quando diagnostica os pro-
blemasdeumapessoa.Quandoodom
de discernimento de espíritos se torna
parte deste processo, a capacidade
diagnóstica é levada a um patamar su-
perior.
A abordagem secular ao aconselha-
mento vê a atividade mental atual de
uma pessoa como um desenvolvimen-
tonaturaldainteraçãoentresuahistória
pessoal,ascircunstânciasatuaisdavida
e os processos neuroquímicos do cére-
bro.Nãoexistereconhecimentodene-
nhumimpactoespiritualousobrenatu-
ral neste processo.
Apesar de os conselheiros cristãos
reconheceremopapelimportantedes-
ses elementos naturais na atividade
mentaldeumapessoa,acreditamosque
é principalmente o espírito da pessoa
que dirige o processo mental. O ato de
pensarésempreumaguerraespiritual.
Em1Coríntios6:19e20,Paulodei-
xaclaroqueopropósitodocorpoéma-
nifestar a presença de Deus na terra.
EmRomanoscapítulos6e7,porém,
Paulo reconhece o papel poderoso do
pecado tentando fazer com que nosso
corpo sirva ao mal. Em Romanos 6:16,
ele declara o dilema humano: “Não
sabeisquedaqueleaquemvosofereceiscomo
servosparaobediência,dessemesmoaquem
obedeceis sois servos, seja do pecado para a
morte ou da obediência para a justiça?”
Aomesmotempoemquevidaeter-
naestimulaamenteaentreterdesejos,
fantasias e ideias que resultariam em
expressãodevidadivina,opecadoesti-
mulaamenteaentreterdesejos,fanta-
siaseideiasqueresultariamemexpres-
são do mal. A vontade humana se en-
contra no meio desta batalha.
Avontadedeterminaaexpressãoda
mente ou do espírito à medida que es-
colhassãotransmitidasatravésdocére-
broparaseremexpressasnocorpo.Ob-
servandoasatitudeseocomportamen-
toexpressadosatravésdocorpodeuma
pessoa, pode-se determinar a influên-
cia espiritual que está ganhando na ba-
talha pela vontade dela.
O dom de discernir espíritos é uma
ferramenta valiosa para o conselheiro
cristão para ajudar a entender o status
atualdabatalhaespiritualdoaconselha-
do.Oclíniconãodeixadeladosuasha-
bilidadesnesteprocesso;aocontrário,o
EspíritoSantoosamplia.
Palavra de Conhecimento
Clínicos excelentes se tornam experts
em unir os pontos da história de uma
pessoa para ter o retrato do presente
dela, porém, uma palavra de conheci-
mento, vinda do Espírito Santo, a res-
Odom de discernir espíritos é
umaferramenta valiosa para
o conselheiro cristão para ajudar a
entender o status atual da batalha
espiritual do aconselhado.
Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico:
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 13
peito da pessoa, amplia essas habilida-
des. Tal palavra geralmente encontra
seu caminho na mente do conselheiro
sob a forma de palpite ou intuição.
Éporissoqueoconselheiroprecisa
tercuidadoaodeterminarcomoequan-
dointroduztalpalavraàpessoa.Ocon-
selheironuncadeveimporessapalavra
de conhecimento. Apresentá-la como
sugestãodáaoaconselhadoaoportuni-
dade de aceitá-la ou rejeitá-la.
Palavra de Sabedoria
Qualquerumqueaconselhaoutraspes-
soas sabe que existem momentos críti-
cos na terapia. Como conselheiro, ad-
quire-sesabedorianaturalparaadminis-
trar estas situações. O conselheiro cris-
tão,contudo,nãoélimitadoàsabedoria
naturalquevemdaexperiência.
Tiago nos lembra que a sabedoria
de Deus está disponível para aqueles
quesehumilhamsuficientementepara
pedi-la.“Se,porém,algumdevósnecessita
desabedoria,peça-aaDeus,queatodosdá
liberalmente e nada lhes impropera; e ser-
lhe-á concedida.” (Tg 1:5).
Entretanto, existe uma palavra es-
pecialdesabedoriaqueoEspíritoSan-
to pode nos dar nos momentos de
aconselhamento,quandoprecisamosde
sua direção. Ela altera o que normal-
mente iríamos dizer ou fazer. Em
retrospecto, reconhecemos facilmente
suaorigemdivinapeloimpactodecura
quesuaimplementaçãotemnapessoa
aconselhada.
Línguas, Interpretação e
Profecia
Esses dons verbais colocam à disposi-
çãodoconselheiroumníveldefluência
além de sua habilidade natural. Isso é
RICHARD D. DOBBINS, Ph.D.
FundadordoEMERGEeatualmentediretordoRichardD.Dobbins
Institute of Ministry, em Naples, Flórida (EUA), fundado por ele
em 2007.
Visite seu website: www.drdobbins.com
especialmenteútilparadisciplinaredi-
rigir o diálogo entre o conselheiro e o
aconselhado.
Odomdefalaremlínguasemparti-
culartambémproporcionaaoconselhei-
ro pentecostal ou carismático um meio
maravilhoso para se analisar após cada
sessão.Duranteestetempoelepodeli-
beraraoSenhoratensãoeoestressede
sessõesanterioresqueseriamdifíceisde
articular. Pode também usar esse dom
pessoal para interceder por seus acon-
selhados segundo a vontade de Deus
(Rm 8:26,27).
Fé, Operação de Milagres e
Dons de Cura
Segundo Hebreus 11:1, “...a fé é a certe-
za de coisas que se esperam, a convicção de
fatosquesenãovêem.”Paraqueosconse-
lheirossejameficazes,énecessárioque
sejampessoasdefé.Atémesmoconse-
lheiros seculares precisam ser capazes
de inspirar esperança nas pessoas.
Note o relacionamento entre fé e
esperança.Afévemdaesperança.Uma
dasprioridadesnoiníciodoprocessode
aconselhamentoéestimularaesperan-
çanaspessoas.Esperançainspiradapelo
EspíritoSantopodefazernascerodom
de fé que permite tanto ao conselheiro
quantoaoaconselhadoacreditaremque
arecuperaçãoesperadasetornaráreali-
dade.
Emrarasocasiõesexisteumresulta-
do inesperado divino que vai além da
féeesperança–omilagre.Lembro-me
de ter recebido, alguns anos atrás, uma
família missionária das Ilhas Salomão.
Certodia,jábemtardedanoite,quatro
cidadãos bêbados invadiram a casa e
aterrorizaram a família, de todas as ma-
neiras imagináveis, até ao amanhecer.
Emtrês diasjáestavamnoEmerge.
Oquenãosabiaméque, umanoantes
destatragédia, Deushaviatrazidouma
psiquiatra pediátrica cristã da Albânia
comunista para estar naquele local, na-
quelahora,paraajudarosfilhosdaque-
lecasal.Ogovernocomunistanãosóha-
via pago as despesas de viagem da fa-
míliadessapsiquiatra,comotambémos
custoscomseutreinamentocristão.Os
filhos daqueles missionários responde-
rambemàterapia.Hojeambosservem
aoSenhor.
Coisascomoestanãoacontecemfre-
quentemente.Porissoaschamamosde
milagres.
Além disso, o Espírito Santo distri-
buidonsdecuraparanossosaconselha-
dos. Embora tenhamos, como conse-
lheiros cristãos, uma parte no processo
de trazer cura às pessoas, devemos re-
conhecerqueodomdacuraconcedida
aos nossos aconselhados vem do Espí-
rito Santo – e não de nós.
Oaconselhamentocristocêntricore-
quermaisquecristãosdevotosbemtrei-
nados nos campos de aconselhamento
profissional.Éainfusãodapresençade
Cristo e do Espírito Santo no processo
deaconselhamentoquefazumaconse-
lhamentocristocêntrico.
Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico:
O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
14 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 201014 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 15
O
fatodequeospastoresgas-
tam um bom tempo acon-
selhando é comprovado.
Apesardeumnúmerocres-
centedesistemasdesaúdemental(psi-
cólogos cristãos, conselheiros, especia-
listas em relações humanas, personnal
coach",etc.),amaioriadaspessoasainda
vêem em seu pastor a primeira opção
para um aconselhamento e cuidado da
alma. A razão para isso é fácil de se en-
tender. O acesso natural dos pastores à
vida das pessoas através das pregações,
nascimento de filhos, desenvolvimen-
toinfantil,adolescência,formatura,noi-
vado, casamento, novo casamento, cri-
ses, cerimônias, visitas hospitalares,
morteeserviçosfúnebresfazemdopas-
tor a primeira opção óbvia em tempos
difíceis.
Opastorestáemposiçãoúnicapara
oferecercuidadosabrangentesdaalma
porque ele está atento semanalmente
(senão diariamente) ao membro. Dife-
rentemente da maioria dos terapeutas,
opastoralimentaorebanhocomcomi-
daespiritualecuidaparaqueomesmo
esteja protegido das astutas ameaças
espirituais.
De diversas maneiras o pastor-pro-
fessor cuida do rebanho a longo prazo,
geralmentedoseunascimentoàmorte.
ComofundadordoministérioEMER-
GE, o Dr. Richard D. Dobbins afirma:
“O pastor está em uma posição única para
influenciarahorrívelimagemnegativaqueuma
pessoa tem de Deus, as ideias distorcidas, os
hábitosdestrutivoselembrançasdolorosasdo
passado”.
Deummodogeralaspessoasconfi-
am a seus pastores o cuidado de suas
almas. Os problemas apresentados ao
pastor não são diferentes dos apresen-
tadosaumconselheiroprofissional.Pre-
paração pré-nupcial, problemas matri-
moniais,relacionamentopaiefilho,an-
siedade,culpa,depressão,vocação,pro-
blemassexuais,vícios(incluindoporno-
grafia)equestõesdeféestãonotopoda
listadasprincipaispreocupações.
Enquanto que igrejas maiores têm
maispastorespreparadosedisponíveis
paraprestarestetipodeserviço,emsua
maioria, o pastor típico da Assembleia
deDeusofereceaconselhamentoden-
tresuasmuitasresponsabilidades.Mas
como o pastor fornece conselhos cris-
tãos eficazes?
O Que É Aconselhamento
Cristão Competente?
Nãodemoramuitoparaaspessoasdes-
cobriremqueapósasuaconversãoelas
continuam lutando contra os maus há-
bitosdeantesdaconversão.Infelizmen-
te,problemaspós-conversãogeralmen-
televamosfiéisaduvidaremdasuasal-
vação.
Um cristão ainda carrega influênci-
asdeseuhistóricofamiliar,experiênci-
as de família e uma vida de escolhas.
Muito de sua história está enraizada na
estruturadeseushábitos.
Todos têm, afinal de contas, uma
históriaqueincluiobem,omaueofeio.
Tragédiasedepressãosãosituaçõesque
levam os membros da igreja a questio-
narem o amor e o cuidado de Deus.
Comfrequênciaprocuramopastorem
buscadereafirmação,resgateerecupe-
ração.
O aconselhamento cristão compe-
tenteexigequepassemosalémdosim-
plesgerenciamentodepecadosoumu-
dançadecomportamento.Oaconselha-
mento cristão competente deve ofere-
cerumadireçãoemeiosparaqueseini-
cieumprogramadedesenvolvimento
Competente
O Conselheiro Cristão
Quais são as competências e qualidades essenciais
de um conselheiro pastoral eficaz?
Por DONALD A. LICHI
16 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
espiritualintencionaleconscienteonde
o amor de Cristo venha antes de qual-
quer coisa. O efeito será o tipo de for-
maçãoespiritualnoaconselhadoaolon-
go do tempo onde se desenvolve cará-
ter, mente e hábitos
santos com-
patíveis
com a
vida
de
Cristo.
Em suma, Deus
abençoou a igreja com diversos minis-
térios (apóstolos, profetas, evangelistas
epastores-mestres)comopropósitode
completar e aperfeiçoar os santos, para
otrabalhodoministério.
Concordo com o Dr. Gary Collins,
pioneiro e líder na área de saúde men-
talcristã,queofereceaseguintedefini-
çãodeaconselhamentocristão:“A tenta-
tivadedefiniroudescreveroaconselhamento
cristão tende a enfatizar a pessoa que acon-
selha,astécnicasouhabilidadesquesãopra-
ticadaseasmetasaseremalcançadascomo
aconselhamento.A partir dessa perspectiva o
conselheiro cristão é:
• Um servo de Jesus Cristo profunda-
mente comprometido, guiado pelo e cheio do
Espírito Santo.
• Aquelequeusaseusdons,habilida-
des, treinamento, conhecimento e ideias da-
dos por Deus.
• Aquele que ajuda os outros a alcan-
çarem inteireza pessoal, competência nos re-
lacionamentos interpessoais, estabilidade
mental e maturidade espiritual.”
GerardEganafirma:“Conselheirossão
eficazesnamedidaemqueseusclientes,atra-
vésdainteraçãoconselheiro-cliente,estãoem
melhor condição de gerenciar suas situações
problemáticas e/ou desenvolver suas ferra-
mentas e oportunidades ociosas de maneira
mais eficaz.”
O aconselhamento cristão compe-
tente auxilia no diagnostico de proble-
mas, determinando expectativas, defi-
nindopontosfortesedesenvolvendoes-
tratégias de tratamento que permitem
o aconselhado a melhor atingir seu po-
tencialnoReino.Abordaremosessesas-
pectosmaisdetalhadamenteabaixo.
O Propósito do
Aconselhamento Cristão
Para que propósito Deus presenteou a
igreja com o pastor (do qual aconselhar
éumafunçãoprincipal)?Arespostaestá
emEfésios4:12ondeencontramosafra-
se“... paraoaperfeiçoamentodossantos.”
Aqui é usado o termo katartismonque
nãoéencontradoemnenhumoutrolu-
gar do NT, apesar de verbos similares
seremencontradosemoutrosversos(Mt
4:21, “consertando alguma coisa”;
Hebreus11:3,“trazendoouniversonoiní-
cio à sua forma e ordem desejada.”; e
Gálatas 6:1, “restaurar a vida espiritual
de uma pessoa que caiu”).
Lembre-se que, a missão evange-
lística da igreja á apresentar Cristo aos
perdidosenquantoaquemissãopasto-
ral(aqualincluioaconselhamento)aju-
da os crentes a alcançar o seu potencial
noReino.AboanovaéqueCristopode
salvar o pecador e transformá-lo a ima-
gemdeCristo.OEspíritodeDeustra-
balha para transformar a pessoa por in-
teiro.Elecuraocorpo,amente,asemo-
ções, os relacionamentos e a nossa ca-
minhada com Jesus Cristo. Encorajar o
aconselhadoacolocarsuaconfiançaem
Cristoéumprivilegiomaravilhosoeres-
ponsabilidadedopastor.
Idealmente, a pessoa que procura
ajudapastoralamadureceeadquireuma
condiçãodeaptidãoparaoexercíciodas
suas funções no Corpo de Cristo. Em
outras palavras, a cura de uma pessoa
nuncafavorecesomenteaele.Maisdo
que isso, Deus traz cura para a vida de
uma pessoa para o bem de outros tam-
bém.
O Planejamento e o
Processo do
Aconselhamento Cristão
Competente
Paramuitospastores,aideiadeaconse-
lhar tem um certo glamour. Afinal de
contas, as pessoas procuram sua sabe-
doriaedireçãoparaascomplexasques-
tões da vida. No livro BUILDING YOUR
CHURCH THROUGH COUNSEL AND CARE
(CONSTRUINDO SUA IGREJA ATRAVÉS DE
ACONSELHAMENTO E CUIDADO), Randy
Alcornescreveque,“Paraquemvêdelon-
ge, aconselhar é muito bonito – parece miste-
rioso, estimulante e desafiador. Mas de perto
se vê as imperfeições.” Sendo o aconse-
lhamento difícil, cansativo e algumas
vezes frustrante, é fácil perder o senso
de glamour. ... Eu considerava o
aconselhamentocomoapenasumadas
fasesdoministériopastoral.Agoraeusei
que isso pode facilmente sobrepor não
O Espírito de Deus trabalha para
transformar a pessoa por inteiro.
O Conselheiro Cristão Competente
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 17
somente seu ministério como também
sua vida inteira. É como o camelo pro-
verbialqueenfiaonariznatendae,uma
vez dado esta liberdade, continua enfi-
ando os ombros e as patas dianteiras,
empurrando até que não haja mais es-
paço na tenda.
Eu aconselho pastores a não gastar
maisdoque4a6horasporsemanaem
suatarefadeaconselhamento.Também
sugiro que limitem a duração de acon-
selhamento individual para 3 a 5 ses-
sões. Se o problema não estiver basica-
menteresolvidonesteperíodo,podeser
a hora de encaminhar.
Nãosubestimeosefeitosdeseusser-
mõesnoaconselhadoparatratardesuas
dúvidascorriqueiras.Lembre-se,acon-
selhamento individual pode consumir
o seu tempo. O aconselhamento é so-
mente uma dentre várias responsabili-
dades que você tem.
Para manter as expectativas realis-
tas,escrevaumdocumentocomalguns
princípios básicos que você usará no
aconselhamento.
Umavezexplicadasasexpectativas,
o pastor deve estruturar a relação do
aconselhamento. Aqui está uma breve
amostra da estrutura que eu costumo
utilizar no inicio de uma relação de
aconselhamento:
Oprocessodeaconselhamentocon-
sisteemtrêspartes:asuaparte,aminha
parteeascoisasnasquaisiremostraba-
lharjuntos.
• A sua parte é discutir aberta e
honestamente as suas preocupações.
• A minha parte é ouvir e tentar
entender. É por isso que faço pergun-
tas e anotações durante a sessão de
aconselhamento.
• A terceira parte é uma respon-
sabilidadecompartilhadaeincluisigilo,
tomadadedecisãoeaprendizado.Sigi-
losignificaqueeunãoireicompartilha-
reicomoutraspessoasascoisasquecon-
versamosnaterapia.(Nota:asexceções
a esta regra incluem: risco de suicídio,
homicídioeabusooumaustratosinfan-
tis.)Trabalharemosdiligentementejun-
tos para tomar decisões, mas a respon-
sabilidade pelas decisões é sua. Final-
mente,émeudesejoquevocêaprenda
uma série de coisas nas sessões de
aconselhamentoquepoderáaplicarem
outras áreas de sua vida.
Após estabelecer a estrutura, uma
boa maneira de iniciar o processo de
aconselhamento é perguntar: “Porque
você está aqui?”; “Como posso serví-
lo?”;“Oquelhetrouxeaqui?” Euper-
mitooaconselhadoadarumabreveex-
plicação de suas preocupações. Em se-
guida, uso uma abordagem focada na
soluçãoepeçoaoaconselhadoparaima-
ginar qual seria o resultado se ele pu-
desse solucionar o problema. Curiosa-
mente,aspessoasgeralmentenãopen-
sam em soluções ou situações preferi-
dasquandofocamsomenteseuproble-
ma.
Emseguidavemoplanejamentodas
metas. Eu oriento o aconselhado a de-
senvolver metas claras e gerenciáveis
que levem a solução do problema e to-
madadedecisão.Juntamentecomoes-
tabelecimentodasmetas,trabalhocom
o aconselhado para restaurar intencio-
nalmente uma saúde equilibrada do
corpo, mente, emoções, relacionamen-
toseespecialmenteemsuacaminhada
pessoal com Jesus Cristo. Portanto, é
comum que no início de cada sessão
subsequente eu faça perguntas sobre
estascincodimensões:física(alimenta-
ção, sono, exercício e descanso), inte-
lectual(pensamentos,anotaçõesemfor-
ma de diário, obsessões, leitura), emo-
cional (humor, energia), social (relacio-
namentosmaisimportantes,vidanotra-
balho,vidaemcasaeamizades)eespi-
ritual (vida devocional, oração, leitura
O Conselheiro Cristão Competente
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 17
18 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
bíblica, disciplinas espirituais). Tam-
bém trabalho com o aconselhado para
desenvolver metas mensuráveis em
cada um desses cinco aspectos.
Lembre o aconselhado que a força
de vontade é uma parte essencial do
aconselhamento,maséinsuficientepara
lidar com hábitos de pecado que estão
enraizados. A vontade humana nunca
podesupriroqueagraçadeDeuspode.
Viver e andar nos caminhos de Deus,
da graça disciplinada, produz em nós
umadisposiçãoaagirefazeraSuavon-
tade (Fp 2:13).
Ao final de cada sessão, dê uma li-
ção para casa. Isso demonstra que você
espera que ele assu-
ma responsabilidade
no processo de acon-
selhamento. A lição
de casa é um voto de
confiança de que ele
podefazermudanças
saudáveis em sua vida com a ajuda de
Deus.
Saúdeequilibrada,aolongodotem-
po, reverte muitas das consequências
doshábitosnãosaudáveiseconstróiuma
estruturadehábitosbíblicosnavidado
aconselhado.
A sessão de aconselhamento termi-
nacomumaoraçãoquepedeaoEspíri-
to Santo de Deus que lembre, auxilie,
conforte, convença e desafie o aconse-
lhado. A oração também proporciona a
oportunidadederesumirospontosim-
portantesdasessãodeaconselhamento.
A Dor do Aconselhamento
Cristão Competente
O aconselhamento cristão competente
é arriscado. Algumas vezes é doloroso.
Odesapontamentoprincipalqueospas-
tores enfrentam é quando as pessoas
começamafazeralgumprogressoede-
pois começam a falhar, voltam atrás ou
simplesmente rejeitam o trabalho que
foi feito.
OapóstoloPaulosentiualgosimilar
após dedicar sua vida e coração às igre-
jasdosGálatasedescobrirqueelesha-
viamrejeitadoaverdadesimplesdasal-
vação pela fé em Cristo Jesus. Ele so-
freuaotestemunharmembrosdaigreja
retroceder e voltar para os “rudimentos
fracos e pobres.” de suas vidas passadas
(Gl 4:8,9). Ele comparou sua dor com
“dores de parto até Cristo ser formado em
você.” (Gl4:19). Talvezvocêtenhasen-
tidoomesmo,tendodoadoseucoração
no aconselhamento de alguém em sua
congregaçãoeemseguidavê-lorejeitar
asabedoriadivinaeretrocederasuafor-
ma de vida antiga. Descanse, certo da
verdade da palavra de Deus e de Seus
caminhos.
Continueencorajando,rogando,avi-
sando,admoestandoeexpondoaoacon-
selhadoasprevisíveisconsequênciasde
suas escolhas.
Deixe-oavisadodequesecontinu-
ar alimentando o “velho eu”, isso o le-
vará a uma quebra de relacionamento
com Deus e terá outras consequências
negativas(ver Gl 5:16ss).Poroutrolado,
seoaconselhadosabiamentesesubme-
terapalavradeDeusecaminharcomo
Espírito Santo, sua vida irá produzir o
frutodoEspírito(Gl 5:22ss).
Avaliando o
Aconselhamento Cristão
Competente
Para avaliar um aconselhamento Cris-
tão competente o pastor precisa verifi-
DONALD A. LICHI,
Ph.D.
Psicólogo e
vice-presidente do
Emerge Ministries,
Inc.,
em Akron, Ohio (EUA).
car se o aconselhado alcançou os resul-
tadosesperados.Éimportanteverificar
o que você esperava. O que funcionou
eoquenãofuncionou?Oaconselhado
progrediu na obtenção de seus objeti-
vos? Você percebe os efeitos de uma
vida transformada e o desenvolvimen-
to de novos e bons hábitos? Você per-
cebeofrutodoEspíritonavidadoacon-
selhado (Gl 5:16-26)? Você vê o acon-
selhado tomando decisões que negam
o antigo “eu” e reforçam o novo? Ele
evita a imoralidade, o egocentrismo e
osvícios?Eledesenvolveafeiçãopelos
outros, prazer em viver e serenidade?
Existeodesejodeperseverarnasascoi-
sas de Deus? Existe
compaixãoemseuco-
ração? Resumindo, o
aconselhado ama as
coisas que Deus ama
e rejeita as coisas que
Deus rejeita? Ele se
entristececomascoisasqueentristecem
oEspíritoSanto?
Por causa da sua dependência no
Santo Espírito, o pastor deve esperar
progressosobrenaturalemsituaçõesdi-
fíceisnoaconselhamento.
O aconselhamento Cristão compe-
tente depende do Espírito Santo para
darpoder,confortoediscernimento.O
pastoréumcanalimportanteatravésdo
qual o Espírito Santo ministra efetiva-
mente às antigas feridas do aconselha-
do, provê capacitação para as lutas da
vida atual e oferece esperança para um
futuroglorioso.
A vontade humana nunca pode
suprir o que a graça de Deus pode.
O Conselheiro Cristão Competente
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 19
D
e todas as necessidades
trazidasaopastor,poucassão
tão complexas e difíceis de li
darquantoaquelasdedoenças
edorescrônicas.Doençacrônicaedorcrônica
(DC/DC)temumimpactotremendonaqua-
lidade de vida de um indivíduo. Só de saber
queprovavelmenteterãoqueviveravidatoda
(salvoummilagredecura)lidandocomades-
truição da doença ou da dor é um fardo enor-
medesecarregar.Portanto,acosmovisãoda-
queles com DC/DC, até mesmo a do crente
cheio do Espírito Santo, é bastante diferente
daqueladeumapessoasaudável.Aquelescom
DC/DC pertencem a uma população sui-
generis que os coloca à parte da maioria das
outras pessoas.
As duas pragas – DC/DC – existem em
proporções epidêmicas nos Estados Unidos.
DeacordocomosCentersforDiseaseControl
(CentrodeControledeDoenças)eoNational
Center for Chronic Disease Prevention and
Health Promotion (Centro de Prevenção de
Doenças Crônicas e Promoção da Saúde), o
númerodeindivíduosquesofremcomdoen-
çascrônicasvariaentre54milhões(1emcada
5americanos)e90milhões(1emcada3ame-
ricanos). A doença crônica é definida como
qualquer incapacidade física, psiquiátrica ou
cognitiva que interfira significantemente no
dia-a-dia do indivíduo. Portanto, doença crô-
nicaenglobaumgrandenúmerodedoenças,
incluindo: doenças cardíacas, diabetes,
esclerosemúltipla,distrofiamuscular,malde
Parkinson,cegueira,lesõescerebraistraumá-
ticas, malformações congênitas e um grande
númerodedoençasmentais.
De acordo com a American Chronic Pain
Association (Associação Americana para Dor
Crônica), aproximadamente 50 milhões de
americanosvivemcomdorcrônica.Adorcrô-
nicaédefinidacomodesconfortofísicocontí-
nuosuficientementeseveroparainterferirnas
atividades normais da vida de um indivíduo.
Pode incluir: lesões da coluna, artrite reuma-
tóide,neuropatia,câncer,distúrbiosgastro-in-
testinais e enxaqueca. Dois terços desses 50
milhões convivem com dor crônica há mais
de 5 anos. Uma vez que nossa percepção de
tempoérelativa,imaginea“eternidade”que
5 anos de dor podem parecer.
Uma Abordagem de Aconselhamento
Pastoral para Aqueles com Dores e
Doenças Crônicas
Os Grandes Desafios do Cuidado Pastoral / DOUG WIEGAND
A dor crônica
aumenta o
tormento
daqueles que
convivem com
doença crônica.
DOUG WIEGAND, Ph.D.
Conselheiro profissional em Pittsburgh, Pennsylvania (EUA).
20 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
MuitosquesofremdeDC/DCtêmreceio
dediscutirseusproblemascomqualquerpes-
soa.Omedodenãosercompreendido,aver-
gonhaesentimentosdefracassosãoasrazões
maiscomunsparanãoprocuraremajuda.Po-
rém, um pastor compassivo, disposto a lidar
comosproblemasesmagadoresencaradospor
alguémquesofredeDC/DC,temumaopor-
tunidadeúnicadeministraresperançaaode-
sesperado.
Adorcrônicaaumentaotormentodaque-
lesqueconvivemcomdoençacrônica.Inde-
pendentementedesermoderadaoumesmo
agonizante,adorconstantepodedesgastaraté
o cristão mais fiel.
A citação a seguir, de um de meus clien-
tes, demonstra o quão difícil é conviver com
neuropatiacrônica: “Às vezes, acho que não vou
aguentar.Diaapós diaadorme desgasta.Está sem-
pre lá. Me dilacera. Alguns dias são piores que ou-
tros,masestásemprelá.Àsvezes, éumadormonó-
tona latejante, como uma dor de dente. Aí, digo a
mim mesmo: Não está tão ruim.Você aguenta.Mas
aqualquermomentoaqueladorpiorasemavisopré-
vio e sinto uma pontada, como uma navalha afiada,
me cortar.Eu tento não gritar, mas às vezes suspiro
surpreso e agarro minha perna.A expressão de tris-
teza da minha esposa é pior que a dor.” (TRUCK
DOWN BUT NOT DESTROYED!: A CHRISTIAN
RESPONSE TO CHRONIC ILLNESS AND PAIN.)
Baseado nas estatísticas da citação acima,
as chances são grandes de que você seja cha-
mado para cuidar de um indivíduo com DC/
DC. A doença crônica dessa pessoa pode ter
limitadoseveramentesuamobilidade.Talvez
a dor crônica tenha tirado a capacidade para
trabalhar. Quando você enfrentar problemas
difíceis ao ajudar um membro da igreja com
DC/DC,certamenteprecisarádasabedoriado
Espírito Santo para ser eficaz.
Édifícilparaaquelesquesãorelativamente
saudáveisentenderemasexperiênciasdevida
daquelesquesofremdeDC/DC.
Existe um padrão de atitudes, crenças e
comportamentos comuns aos doentes crôni-
cosouaosquesofremdedorcrônica.Acom-
preensão desses temas ajudará o pastor a es-
tar mais bem preparado para o aconselha-
mento.
A angústia de tentar suportar a dor inces-
sante é prejudicial ao ser humano. Dividi a
personalidade humana em três dimensões
fundamentaisquesãonegativamenteimpac-
tadasporDC/DC:espiritual,relacionaleemo-
cional.
A Dimensão Espiritual
A dimensão espiritual contém os esforços e
desejossobrenaturaisdaalmahumana.Aque-
les com DC/DC frequentemente têm mui-
tas dúvidas sobre a natureza ou até a realida-
de de Deus. É vital, portanto, que logo no
início de um processo de aconselhamento, o
pastor, respeitosamente, procure uma opor-
tunidadeparaconversarsobrecrençasespiri-
tuais e seu relacionamento com Jesus.
À medida que progredir o aconselha-
mento,opastorterápreparadoocenáriopara
apresentaroplanodesalvaçãoouentãoforta-
lecer a fé do crente.
É somente quando se permite que Jesus
carregueofardo,queumapessoapoderáen-
contrarforçaparasuportaradorouosofrimen-
toconstante.
Por que?
Opastorconselheiroprovavelmenteteráque
lidarcomosporquês.Especificamente,“Por
que eu preciso sofrer com essa dor e doen-
ça?” Existemmuitosoutrosporquêsquese-
rãofeitos:“Porqueeunãosoucurado?”“Por
que um Deus de amor permite dor e sofri-
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
Muitos que
sofrem de DC/DC
têm receio de
discutir seus
problemas com
qualquer pessoa.
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 21
mento?” Essas questões estão entre as mais
importantesemtodoocristianismo.Falode-
talhada-mente sobre elas em meu livro,
STRUCK DOWN BUT NOT DESTROYED!: A
CHRISTIANRESPONSETOCHRONICILLNESSAND
PAIN(ABATIDOS,PORÉMNÃODESTRUÍDOS:UMA
RESPOSTA CRISTÃ À DOR E À DOENÇA CRÔNI-
CA).
Aseguirestãotrêsexplicaçõesbíblicasdo
por quê das DC/DC estarem presentes no
mundo:
1. Vivemos em um mundo contami-
nado pelo pecado. O paraíso terreno perfeito
queDeuscriou(oJardimdoÉden)foiperdi-
do.Pauloexplicaque“porumsóhomem(Adão)
entrouopecadonomundo,epelopecado,amorte,
assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram.” (Rm 5:12). Todas as
pessoasnomundo(comintensidadesdiferen-
tes)lidamcomdoença,dor,envelhecimento
emorteporcausadopecadooriginaldeAdão
e Eva.
2. Ter DC/DC não é uma indicação
dapuniçãodeDeusporcausadeseupecado
individual.ComoafirmaPaulonacartaàIgreja
emRoma,“poistodospecaramecarecemdagló-
riadeDeus.” (Rm 3:23).SeDC/DCfossepu-
niçãoporpecadoindividual,entãotodosteri-
am a mesma oportunidade de serem acome-
tidosdessasenfermidades.
A Bíblia descreve circunstâncias em
que o pecado de uma pessoa levou à sua do-
ença. Mas é essencial que essa possibilidade
seja considerada apenas após muita oração e
confirmaçãodoEspíritoSanto.AmigosdeJó
podem causar um grande estrago em indiví-
duoscomDC/DCquejáseencontramisola-
dos.
3. Deus pode permitir que soframos
paratrazerbenefíciosecrescimentoespiritu-
ais.Deacordocomosalmista,“Foi-mebomter
eu passado pela aflição, para que aprendesse os
teusdecretos.” (Sl119:71).Émuitocomumpro-
curarmosoSenhorcomsinceridadeeféape-
nasquandosofremoscomumproblemaenão
temos outra saída.
Quando se aconselha aqueles com DC/
DC, é importante enfatizar que Jesus enten-
deasuadoresecompadecedoseusofrimen-
to. Ele conheceu toda sorte de sofrimento fí-
sico, emocional e espiritual. O profeta Isaías
O Que Fazer:
1.Estabelecer um relacionamen-
to atencioso.
2. Ouvir. Ouvir. Ouvir.
3. Perguntar sobre a dor e a do-
ença.
4. Aprender sobre a doença.
5.Encorajá-los a se aconselha-
rem com você ou com outra
pessoa.
6. Confiar no Espírito Santo para
guiá-lo.
7. Estar alerta para qualquer si-
nal de depressão ou pensa-
mento suicida.
8. Orar regularmente com eles.
9. Ser flexível e paciente.
10. Estar ciente das necessida-
des do cônjuge e filhos.
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
O Que Fazer e o Que
Não Fazer Quando
Aconselhando Pessoas com
Doenças Crônicas e Dor
O Que Não Fazer:
1. Ficar com medo da pessoa.
2. Oferecer chavões superficiais.
3. Ser paternalista.
4. Ficar frustrado e se afastar.
5. Perder o senso de humor.
6. Presumir que conhece o pla-
no de Deus para o futuro do so-
fredor.
7. Orar somente pela cura. Deve-
-se orar também para que te-
nham forças para perseverar.
8. Esquecer que você pode con-
sultar outros profissionais.
9. Esquecer o isolamento daque-
les com DC/DC.
10. Esquecer que Deus está com
você enquanto você aconse-
lha.
DOUG WIEGAND, Ph.D.
Conselheiro profissional em Pittsburgh, Pennsylvania (EUA)
22 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
descreveu Jesus como “homem de dores e que
sabeoqueépadecer.” (Is53:3).Apesardossen-
timentosdealienaçãoesolidãoquetemapes-
soacomDC/DC,existeconfortonoconheci-
mento de que Jesus “tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si.” (Is
53:4). Jesus está juntamente com a vítima de
DC/DC durante toda sua jornada para ame-
nizarosofrimento.
Sentimentos de incapacidade e
baixa auto-estima
Quando uma pessoa com DC/DC tenta se
ajustaràvidacomgrandeslimitações,étípico
que sua auto-estima sofra. Vivemos em uma
sociedade que dá alto valor ao sucesso e às
realizações.Nossosensodevalorégeralmen-
te vinculado ao nosso trabalho ou aos nossos
bens. Pessoas que se encontram limitadas a
uma cadeira de rodas ou que necessitam de
um cão guia, não possuem mais a mesma ca-
pacidade de produzir ou competir com uma
pessoasaudável.Portanto,nãofazemmaispar-
tedogrupo.
Éimportantequeopastorconselheirolem-
bre a pessoa com DC/DC de que existe um
sistemadevaloresfalsonestemundo.Aspes-
soasprecisamserencorajadasaoaprenderem
queseuvalorparaDeuséincondicionalenão
baseado em sua capacidade de produzir.
Os cristãos precisam ser fortalecidos pelo
conhecimento de que nosso valor intrínseco
é baseado em dois fatores. Primeiro, “Criou
Deus, pois, o homem à sua imagem.” (Gn 1:27).
Segundo,“OpróprioEspíritotestificacomonosso
espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8:16).
Cadacristãoéumaparteúnicaeessencialdo
corpo de Cristo, independentemente de
suaslimitações.
A doença ou a dor não diminui a impor-
tância do papel que representamos no plano
deDeus.
A Dimensão Relacional
Afastamento
Existeumafortetendênciaparaaquelescom
DC/DCdeseafastardeamigos,vizinhos,co-
legas de trabalho, membros da igreja e famí-
lia. Também se afastam das atividades nas
quais estavam regularmente envolvidos, in-
cluindoaigreja.Ospastoresprecisamtercui-
dado para não se ofenderem ou reagirem
exageradamente às suas ausências. Embora
se isolem como mecanismo de proteção, isso
apenaspioraseussentimentosdealienaçãoe
solidão.
O afastamento de uma pessoa com fre-
quência provoca danos severos ao relaciona-
mento com o cônjuge. De acordo com uma
pesquisa recente da National Health Inter-
view,ataxadedivórcioparacasamentosonde
um dos parceiros tenha DC/DC é maior que
75%.Assim,ocônjugeétambémumavítima
deDC/DC.Opastorqueaconselhacasaiscom
DC/DC precisa considerar a necessidade de
aconselhamento conjugal e familiar (depen-
dendo da idade dos filhos) juntamente com
assessõesindividuais.
Hipersensibilidade
Uma pessoa com DC/DC é hipersensível a
qualquerindíciodedesaprovaçãooucondes-
cendência.Porexemplo,poucaspalavrasirão
afastá-los tão rapidamente quanto: “Sei exa-
tamente o que você está passando.” Mesmo
ditapelopastormaisamável,essafrasepene-
tracomoumafacadanapessoacomDC/DC.
Oquefoiditocomintençãodeserumapala-
vradeconfortoeempatiaacabasendorecebi-
docomoumchavãosuperficial.Paraumapes-
O conselheiro
pastoral terá
que lidar com
os “por quês”
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 23
soa sensível demais que sofre de DC/DC,
serveapenasparaafastá-laaindamaisdaspes-
soasnormais.Porém,opastorconselheirocom
maturidade espiritual pode agir com a com-
paixão de Jesus. Ele pode ser a ponte que
religa o isolamento causado pela pessoa hi-
persensível.Opastorpodedemonstraroamor
eaaceitaçãodeDeus.OsalmistaDaviseale-
grou no amor eterno de Deus pelos Seus fi-
lhosnessaspalavras:“Poisatuamisericórdiase
eleva até aos céus, e a tua fidelidade, até às nu-
vens.” (Sl 57:10).
A Dimensão Emocional
Depressão e Ansiedade
Em quase todos os casos de DC/DC, a vida
emocional da pessoa é negativamente afeta-
da. Com o passar do tempo, ela perde pro-
gressivamente a capacidade de lidar com o
estresse. Estima-se que 25% daqueles com
DC/DCtemoscritériosclínicosparadepres-
são crônica (distimia). A maioria das pessoas
comdepressãotambémsofremdealgumafor-
ma de ansiedade. Juntas, essas doenças rou-
bamdessaspessoasrecursosespirituais,ener-
gia emocional e foco intelectual necessários
para combater sua dor e doença.
Pessoas com depressão crônica (distimia)
passam pela vida em câmera lenta. Suas rea-
çõesemocionaisestãocomprometidaseuma
nuvemdepessimismopairasobresuascabe-
ças.Atémesmoasatividadesmaisbásicaspa-
recemestaralémdesuacapacidade.Nadatraz
alegria e elas se sentem sem esperança.
Agora acrescente os sintomas de ansieda-
deàdistimia.Ansiedadefazcomqueaspes-
soassesintamnervosasenãosesintamàvon-
tade. Preocupam-se com tudo. Suas mentes
corremdeumpensamentonegativoparaou-
tro. Podem até sofrer um ataque de ansieda-
Quandose
aconselhaaqueles
comDC/DC,é
importante
enfatizarqueJesus
entendeasuador
esecompadecedo
seusofrimento.
decausandotaquicardiaetremoresdemãos,
consequência da adrenalina que corre pelas
suas veias.
Para combater a depressão e a ansiedade,
o pastor deve ajudar essas pessoas a compre-
enderemqueadepressãoeansiedadesãore-
ações comuns aos problemas de saúde pelos
quais estão passando. O pastor deve lembrá-
lasdequeDeusésuaforçaeesperançasem-
pre presentes em tempos de angústia. O
salmista escreveu, “Bendito seja o Senhor que,
dia a dia, leva o nosso fardo!” (Sl 68:19).
Transtorno de Ajustamento
Essa categoria de sintomas se refere à confu-
são e inatividade que inundam aqueles que
sofrem de DC/DC. Sentindo-se esmagadas
em dúvida, congelam e não fazem nada. Os
que sofrem tornam-se passivos e incapazes
de ajudar na própria recuperação.
Tipicamente,otranstornodeajustamen-
to ocorre durante o estágio inicial da doença
ou da lesão, logo que se vêem obrigadas a
encararsuaslimitaçõesemudançasnomodo
de vida. É importante que o pastor contate o
membro de sua congregação assim que sou-
ber da doença ou do acidente. Nesse estágio
inicial,umalicercepoderáserestabelecido,o
qual ajudará a acelerar o processo de ajuste à
condição.Quandootranstornodeajustamen-
totorna-seumestilodevidadelongoprazoé
muitomaisdifícilajudá-los.
Conclusão
Está claro que os problemas relacionados à
DC/DCsãonumerososecomplexos.Apesar
dasdificuldades,seoEspíritoSantoocapaci-
toucomahabilidadeeacompaixãodeacon-
selhar, eu o desafio aqui a alcançar os que
estão isolados e que sofrem de DC/DC.
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
24 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
U
ma boa saúde é um presente
precioso de Deus. Quando al-
guma doença ou ferimento
ameaça nossa saúde, rapida-
menteprocuramosrestabelecê-la.
No mundo da medicina, existem várias
abordagens para cura: medicina convencio-
nal, complementar, e alternativa.
Pastorespodemsebeneficiarcompesqui-
sasdeváriasabordagensparacuraesuaspos-
síveis implicações espirituais quando procu-
raremmantersuaprópriasaúdeenquantosu-
premasnecessidadesdosmembrosdaigreja
que precisam de cura.
Medicina Convencional:
Pontos fortes e fracos
Aformadominantedemedicinapraticadanos
Estados Unidos eemoutrasnaçõesociden-
tais é chamada de medicina convencional.
Aquelesquesãolicenciadosparapraticarame-
dicinaconvencionalsãomédicos,enfermeiras
registradas, e outros profissionais da área de
saúde como, terapeutas, nutricionistas, e psi-
cólogos.
Outro nome para medicina convencional
é medicina alopática, criada por Dr. Samuel
HahnemannnoséculoXVIII.Otermoalopatia
éderivadodogregoalloquesignificaoutroeé
baseadonateoriadequesintomasdevemser
tratadosporsubstânciasquesuprimemsinto-
mas. Hahnemann então fundou homeo-
patia,umsistemademedicinaalternativaba-
seado na teoria de que semelhante cura se-
melhante.
Ofoconotratamentodesintomaseodiag-
nósticoprecisodesuacausaéumdosmaiores
pontosfortesdamedicinaconvencional.
Ostestesdediagnósticosusadosnamedi-
cina convencional – raios X, tomografia
computadorizada,EEC,ECG,eváriosoutros
testessanguíneos– podemrevelarapresença
de uma doença antes mesmo que o paciente
comeceaapresentarsintomas.Estestestesde
diagnósticospodemsalvarvidas.
Amedicinaconvencionaltambémtêmde-
senvolvidoarmaspoderosascontradoençasin-
fecciosas, como, antibióticos e vacinas. Exce-
lentes ferramentas para ajudar a recuperação
deumavítimadeacidentestambémseinclu-
ememmedicinaconvencional–técnicaspara
fixaçãoóssea,prevençãodehemorragias,eci-
rurgia plástica que recupera a aparência física
de uma pessoa.
Ainda, a abordagem que faz da medicina
Ministério&Ética Médica / CHRISTINA M. H. POWEL
Abordagem Convencional,
Complementare Alternativa paraCura
Medicina
convencional
tendesefocar
maisemcurar
doençasdoque
emmantera
saúde.
CHRISTINA M.H. POWEL, Ph.D., ministra norte-americana ordenada e cientista de pesquisas
médicas, prega em igrejas e conferências em todos os EUA. Ela é pesquisadora na Escola de
Medicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachussets, assim como fundadora do
Life Impact Ministries.
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 25
convencional um sucesso no tratamento de
doençasbaseadasempatógenos,desequilíbrio
químicoelesãoagudapodeserumpontofra-
co no tratamento de muitas doenças crônicas
comoartrite,fibromialgia,emaldeAlzheimer.
Em geral, a medicina convencional foca-
se mais em curar doenças e menos em man-
ter a saúde. As principais ferramentas desse
tipodemedicinasãodrogas,cirurgias,eradia-
ção.
Medicina convencional tende a se focar
em partes individuais que não estão funcio-
nandoaocontráriodefocarapessoacomoum
todo.
Emcontraste,medicinaalternativasefoca
mais em previnir doenças e manter a saúde
através de mudanças de hábitos, como a die-
ta, exercícios, e o uso de suplementos nutri-
cionais.
Medicina Alternativa:
Capacidade e Cautela
Medicina alternativa é uma abordagem para
a cura usada no lugar de medicina conven-
cional.
Amedicinacomplementar,poroutrolado,
éusadajuntamentecomamedicinaconven-
cional. Por exemplo, se uma dieta especial é
usada no tratamento de câncer no lugar de
uma cirurgia recomendada por um médico
convencional, a dieta pode servir como uma
terapiaalternativa.Porém,seumadietaespe-
cialfoiusadaparacombatercolesterolaltoem
umpacientecomdoençadecoração,alémda
cirurgiaderevascularização,adietapodevira
ser como uma terapia complementar.
Umavezqueamesmaterapiapodeservir
tanto como complementar ou alternativa, as
outrasterapiasforadamedicinaconvencional
sãogeralmenteagrupadassobotermoterapi-
as MCA (medicina complementar e alterna-
tiva).
ANationalCenterforComplementaryand
Alternative Medicine, do National Institute
of Health, classifica terapias MCA em 5 ca-
tegorias:
a) Sistema médico alternativo
b) Intervençãocorpo/mente
c) Terapias com bases biológicas
d) Métodosbaseadosemmanipulação
corporal
e) Terapias de energia.
Os sistemas médicos alternativos são sis-
temas completos de teoria e prática que se
desenvolveram independentemente da me-
dicina convencional. Homeopatia e naturo-
patiasãodoissistemasmédicosquesedesen-
volveramnasculturasocidentais,enquantoa
medicina tradicional chinesa e Ayurveda são
exemplosdesistemasmédicosdesenvolvidos
nas culturas não ocidentais. Ambos sistemas
são baseados em crenças religiosas orientais.
Ateoriaportrásdamedicinachinesaéba-
seada na filosofia Taoísta e no dualismo yin
yang. Yin representa o princípio frio, lento ou
passivo, enquanto oyangrepresenta o princí-
pio quente, agitado ou ativo.
A saúde tem resultados quando o corpo
possui as forças de yin e yang balanceadas. A
doença acontece devido ao desequilíbrio in-
terno de yin e yang que levam à um bloqueio
do fluxo da energia vital (qi ou chi) pelas vias
do corpo conhecidas como meridianos. Atra-
vés do uso da acupuntura, preparações com
ervas, e massagem, o praticante da medicina
tradicionalchinesatentarestauraroequilíbrio
entre yin e yang.
Ayurvedasignificaconhecimentodavidaem
Sânscrito.OsprincípiosdaAyurvedadestinam-
se a capacitar uma pessoa a se encarregar de
sua própria vida e cura. A teoria por trás de
Ayurveda é baseadas na Vedas, ou escrituras
Hindus. Assim como a medicina tradicional
chinesa,Ayurvedareconheceenergiasbásicas.
Nesta abordagem para a cura, existem 3
energias básicas que devem estar equilibra-
das:
a) Vata(vento)
b) Pitta(fogo)
c) Kapha (barro ou terra).
Através do uso de ervas, nutrição, proces-
so de limpeza, massagem de acupressura, e
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
Ossistemas
médicos
alternativossão
sistemas
completosde
teoriaeprática
quese
desenvolveram
independente-
mente
damedicina
convencional.
26 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
yoga, o praticante da Ayurveda tenta restaurar
oequilíbrioentre as três energias da pessoa.
Ospontosfortesdosistemamédicoalter-
nativoéaintegraçãodamente,corpo,eespí-
ritoqueégeralmentedeficientenamedicina
convencional.
Paraoscristãos,porém,aligaçãoentrees-
sas abordagens da medicina e antiga religião
orientalémotivodecautela.Asteoriasdeener-
giadavidaportrásdessessistemasnãopossu-
em base científica ou bíblica.
Alguns médicos que rejeitam as teorias
Taoístas de acupuntura, têm desenvolvido
teoriasfisiológicasquepodemjustificarouso
limitadodaacupunturacomoanalgésico.Em
algunscasos,omotivodapreocupaçãoespiri-
tualéminimizado.
A segunda categoria de teoria MCA é in-
tervençãocorpo/mente,ondeumavariedade
de técnicas é usada para realçar a capacidade
da mente afetar o corpo. Algumas técnicas
nessacategoriasãoconsideradaspartedeuma
terapiaconvencional,comogrupodesuporte
apacientes.Outrastécnicassãotambémcon-
sideradas alternativas, incluindo meditação,
oração, biofeedback, terapias baseadas em arte,
música e dança.
Resultadosdepesquisasrelacionadoscom
interação corpo-mente incluem estudos que
revelam a importância de interações sociais,
relacionamentos saudáveis, e o compareci-
mento nos cultos em manter uma saúde am-
bosmentalefísica.Essesresultadoscompõem
ummaterialexcelenteparailustraçõesdurante
as pregações. Por outro lado, outras terapias
nesta categoria derivam de pensamentos de
Nova Era, por isso deve-se ter cautela.
A terceira categoria de terapias MCA é a
terapia com bases biológicas. Estas terapias
utilizam substâncias encontradas na nature-
za,comoprodutosàbasedeervas,suplemen-
tosmineraisevitamínicos,eantioxidantesde-
rivados de frutas e vegetais.
Ervassãoaformamaisantigadecuidados
com a saúde e são a base de muitas drogas
usadasfrequentementenamedicinaconven-
cional. Na verdade, aproximadamente 25%
deprescriçõesmédicasdispensadasnosEUA
contémpelomenosumingredientederivado
de material sintetizado para imitar um com-
postodeplantanatural.
Portanto, medicamentos à base de ervas
podem ser eficazes no tratamento de várias
doenças. Além disso, algumas ervas, assim
como drogas usadas na medicina convencio-
nal, podem causar efeitos colaterais e toxici-
dade em altas doses.
A pureza e a dosagem são pontos impor-
tantesrelacionadosàmedicamentosàbasede
ervas.Ervaspodemconterumamisturacom-
plexadeingredientesativos.
As drogas derivadas de ervas são prepara-
çõespurasdocomponenteativomais impor-
tantedeumadeterminadaplanta.Portanto,é
maisfácilestabelecercorretamenteadose(am-
bosseguraeeficaz)deumcomponentepuri-
ficado de uma erva do que a dose correta da
própria erva. Além disso, alguns componen-
tes podem ser tóxicos. A purificação permite
ocomponentemedicinalserseparadodequal-
quercomponentetóxico.
Poroutrolado,aeficáciadealgumaservas
podevirdealgunsconstituintes,fazendocom
queaervanãopurificadasejamaiseficazque
um ou dois componentes de uma erva puri-
ficada.
Alguns cuidados devem ser observados
para as terapias com bases biológicas.
1. Naturalnãosignificanãotóxico.Al-
gunscomponentesdeplantas,comoalcalóides
pirrolizidínicossãocarcinogênicos.Porexem-
plo,aervaConfrei,cujasfolhaseraízescuram
feridas, segundo herbalistas modernos, tem
estacapacidadederivadadeseucomponente
alantoína, que promove a proliferação de cé-
lulas.Porém,jáqueConfreitambémcontém
alcalóides pirrolizidínicos carcinogênicos, a
alantoína purificada poderia ser uma escolha
mais segura que a própria erva.
2. A erva e os suplementos podem
interagir com drogas comuns e causar efeitos
colaterais sérios. Por exemplo, vegetais ver-
Umaboa
pesquisacientífica
éachavepara
discernira
diferençaentre
tratamentos
eficazese
tratamentos
inúteise
perigosos
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 27
des folhosos e brócolis, que possuem vitami-
na K, não devem ser consumidos em grande
quantidades enquanto estiver ingerindo
Coumadin, um anticoagulante (afinador de
sangue).Estesvegetaispodemcausarainefi-
cácia da droga, resultando na coagulação do
sangue. Assim, é importante informar a seu
médico qualquer planta medicinal ou suple-
mentoquevocêestejatomandoouqualquer
mudança de dieta que você tenha feito.
AquartacategoriadeterapiasMCAinclui
métodosbaseadosemmanipulaçãocorporal,
comomanipulaçãoosteopáticaequiroprática,
e massagem. Estes métodos focam-se em
manter e restaurar a saúde através do alinha-
mento da estrutura do músculo esquelético
para melhorar a função do corpo.
A ênfase está na saúde ao invés de na do-
ença e na restauração da habilidade natural
do corpo de se curar.
Algunsproblemaspodemacontecerquan-
do esses métodos são usados na tentativa de
tratardoençasalémdacapacidadecomprova-
da.Enquantoaquiropráticapodeserútilpara
problemasnomúsculoesquelético,tenhacau-
telacomafirmaçõesdequeajustesdacoluna
podemtratarórgãosdoentesecurarinfecções.
Alémdisso,amanipulaçãodacolunacervical
(pescoço) em raras ocasiões podem causar
AVC pelo fato de rasgar as paredes arteriais.
Poressarazão,amanipulaçãodopescoçonão
deve ser feita em pacientes idosos.
Umapreocupaçãoespiritualrelacionadaa
terapiaquiropráticaéoconceitodeinteligên-
cia inata exposta pelo fundador da quiroprá-
tica, David Daniel Palmer (1845-1913). Ele
descreveu uma inteligência inata dentro de
nossos corpos que estava conectada a inteli-
gênciauniversalatravésdenossosistemaner-
voso.
Essesconceitosespirituaissãocompatíveis
a visão panteísta e não a verdade bíblica. Po-
rém hoje, existem muitos cristãos que prati-
camaquiropráticaqueanularamosconceitos
dePalmerepensameminteligênciainatasim-
plesmentecomoumaenergiabioelétricaque
flui do cérebro para o resto do corpo através
dosistemanervoso.
A categoria final das terapias de MCA é a
terapia de energia, a qual envolve o uso de
camposenergéticos.Existemdoistipos:tera-
pias do biocampo e terapias bioeletromag-
néticas.Enquantoaexistênciadebiocampos
– campos energéticos ao redor e dentro do
corpohumano– nãofoicientificamentepro-
vada,terapiascomoqigong,Reiki,etoquetera-
pêutico pretendem manipular esses campos
para restaurar e manter a saúde.
Qi gong é baseada no conceito de energia
vital da medicina chinesa e filosofia Taoísta.
ReikifoidesenvolvidapeloJapaneseTendai
BuddhistMikaoUsuiqueafirmouqueobte-
veconhecimentodessaterapiaatravésdeuma
revelação mística.
O ki em Reiki é a pronúncia japonesa da
palavrachinesaqi,aforçadavidaTaoísta.Uma
enfermeira e professora de enfermagem da
New York University, Dolores Krieger,
Ph.D., enfermeira registrada, seguidora da
Teosofia, criou o toque terapêutico no início
da década de 70. Cristãos fariam bem se evi-
tassemterapiassemfundamentosbíblicosou
científicos.
Asterapiasbioeletromagnéticasenvolvem
ousonãoconvencionaldecamposeletromag-
néticos para tratar uma série de doenças no
músculoesquelético.Estãoinclusasnestaca-
tegoria:shoeinsert,kneewrap,eoutrostiposde
bandagens que aliviam dores nas juntas e
músculos por causa de ferimentos causados
poresportes.
Existemduasexplicaçõespossíveisparaa
eficácia da terapia magnética.
– Aprimeirateoriapostulaqueosímãs
simulam as finalizações dos nervos na super-
fície da pele liberando substâncias químicas
naturais do corpo chamados endorfina que
funcionam como analgésicos.
– Asegundasustentaqueosímãspro-
movem a cura através do aumento do fluxo
sanguíneopelaatraçãodosíons(moléculascar-
regadascomelétrons)presentesnosangue.
Sejacuidadoso
comas
afirmaçõesque
parecemser
muitoboaspara
serverdade
porquetais
afirmações
provavelmente
nãosão.
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
28 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
Medicina Complementar:
O Melhor dos Dois Mundos?
Possivelmente, uma abordagem para a cura
quefazusodeforçasdeambasmedicinacon-
vencional e medicina alternativa poderia ca-
pacitar uma pessoa a experimentar o melhor
dosdoismundosdamedicina.
Asformasdemedicinaalternativacomsu-
portecientíficopoderiamserusadasparaman-
ter a saúde e aumentar a aptidão física, en-
quanto a medicina convencional poderia ser
usada para diagnosticar precisamente e
erradicar uma doença. Alguns cuidados, po-
rém, devem ser observados.
Primeiro, um caminho não convencional
paraacuranãoénecessariamenteocaminho
maisbíblicoouespiritual. Umaboapesquisa
científica é a chave para discernir a diferença
entretratamentoseficazesetratamentosinú-
teiseperigosos.
Ospraticantesqueassumemumarelação
contraditória com a o estabelecimento médi-
coestãotentandoevitararesponsabilidadede
fazer com que sua cura pareça uma revisão
científica e médica.
Infelizmente,oscristãosquepossuemuma
visão negativa da ciência como um domínio
dosateístaspodemservítimasdasabordagens
que usam linguagem espiritual. Porém, de-
vemos ter cuidado para discernir as aborda-
gensbíblicasdosoutrosconceitosespirituais.
Segundo, seja cuidadoso com as afirma-
çõesqueparecemsermuitoboasparaserver-
dade porque tais afirmações provavelmente
nãosão.Curasmiraculosasnãoexisteminde-
pendentemente de milagres bíblicos genuí-
nos. Suspeite se um produto ou abordagem
estiversendousadocomotratamentodeuma
variedade de doenças.
Finalmente, um sistema que explica os
processosdocorpousandoteoriasforadoen-
tendimento médico de anatomia e filosofia
devesersuspeito.Comocristãos,acreditamos
queaverdadeéestabelecidaatravésdaPala-
vrareveladadeDeuseatravésdaobservação
cuidadosa da criação dEle. Teorias místicas
que não podem ser validadas através de pes-
quisas não devem ser confiadas.
Implicações para Cuidados
Pastorais
O aumento do interesse pela medicina alter-
nativa,oqualtentatratarcorpo,menteeespí-
rito de um paciente, pode ser visto como a
intensidadedafomeespiritualemnossasoci-
edade de alta tecnologia.
O desejo dentro da comunidade médica
emintegrartratamentosparaasnecessidades
espirituais do paciente assim como as neces-
sidadesfísicasvalidaaimportânciadoscuida-
dospastoraisemumhospital.Estastendênci-
aspodemservistascomoportasdeoportuni-
dadesparaministrosdoevangelho.
Oaumentodousodeterapiasalternativas
baseadasemfilosofiasdaNovaEraereligiões
antigassignificaqueosministrosdevemestar
preparados para educar seu rebanho em im-
plicações espirituais de tais sistemas de cren-
ças do mesmo modo que podem fornecer
ensinamentos sobre o perigo de rituais. Por
exemplo,omodelobíblicoparaacuragrifado
em Tiago 4:14, 15 não deve ser confundido
com a imposição de mãos para equilibrar a
energiavital.
Embora um pastor não esteja em posição
de julgar cientificamente a eficácia de uma
terapiaalternativa,eleestáemposiçãodefor-
necer insight da importância de usar o discer-
nimento quando procurar cuidados médicos.
Alémdisso,opastorétambémqualificadopara
falar sobre as necessidades espirituais de um
membroqueestejaprocurandoporrespostas
espirituais e conforto emocional por causa de
fontesquestionáveis.
Minha oração para cada pastor é que eles
possam voltar seus corações ao Médico dos
médicoseprotegerorebanhodedanosespi-
rituaisdisfarçadosdecuidadosmédicos.
Curasmiraculosas
nãoexistem
independente-
mentede
milagres bíblicos
genuínos.
UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 29
G
irolamo Savonarola
(1452-98) foi o João Ba-
tista de Deus para a
Reforma. Morreu ape-
nas 19 anos antes de Martinho
Lutero afixar suas 95 teses na porta
da igreja de Wittenberg. O ministé-
rio de Savonarola foi um chamado
ao arrependimento.
Tragicamente, ninguém o reco-
nhece. Por haver, sem medo e com
vigor, repreendido o papa, pedindo
reforma moral nos níveis mais altos,
a Igreja Romana o repudiou. Como
a maioria dos protestantes, ele ama-
va e pregava a Bíblia, mas como pré-
reformista não via claramente a jus-
tificação pela fé somente, então os
historiadores protestantes não sa-
bem o que fazer com ele. Deus o
conhecia; é isso o que importa. Foi
um profeta, ungido com grande po-
der espiritual, um dos líderes espiri-
tuais mais monumentais da história.
Savonarola foi um nome muito
conhecido na Europa do século 16.
Sua MEDITAÇÃO DO SALMO 51, escri-
to durante o período de tortura, foi
um campeão de vendas. Superou o
IMITAÇÃO DE CRISTO, de Thomas à
Kempis, que na época era o mais
vendido na Europa. Sua meditação
ainda era impressa até o ano de 1958.
Suas obras influenciaram Lutero e
muitos outros grandes nomes. Em
sua velhice, Michelângelo, um dos
admiradores de Savonarola, disse
ainda poder ouvir o som da sua voz.
Quem era este homem e porque é
importante para nós nos dias de
hoje?
Nascimento e Formação
Savonarola nasceu em Ferrara, Itá-
lia, em 1452. Seu avô piedoso o criou
na disciplina e instrução do Senhor
e, em uma época em que a Bíblia
era ignorada e desprezada, o ensi-
nou a lê-la e a amá-la. Eventualmen-
te, sua paixão pelas Escrituras foi o
segredo de seu grande poder espiri-
tual.
Inspirado pela Palavra de Deus,
Savonarola ansiava pregar.
Como os dominicanos eram de-
dicados à pregação, ingressou nessa
ordem quando ainda jovem. Era um
fracasso em oratória. Seu ensina-
mento era tão ruim que as pessoas
saíam no meio de seu sermão. Co-
meçava com a congregação cheia e
terminava com um punhado de pes-
soas. Para acabar com a angústia e o
constrangimento do jovem, seu su-
perior o transferiu para o Monastério
de San Marco, em Florença. Lá, po-
deria ser útil para alguma outra tare-
fa que não fosse a pregação.
A Renascença, um movimento
intelectual que eventualmente ten-
tou substituir a religião revelada pela
razão humana, estava em pleno
auge. Florença era sua capital.
A cidade era um antro de imora-
lidade sexual, corrupção política e
impiedade. A riqueza e poder domi-
nante da família Médici atraía artis-
tas como Michelângelo, Leonardo
da Vinci e Botticelli para praticar
seus ofícios. Foi nesse ambiente
imoral que Savonarola iniciou seu
grande ministério.
Pregação Transformada
Frustrado com seu fracasso,
Savonarola desistiu da ambição de
tornar-se um pregador. Havia che-
gado ao fim de si mesmo. Era uma
humilhação arquitetada por Deus.
Sem o saber, estava agora prepara-
Girolamo Savonarola
História
Savonarola foi um profeta, ungido com grande poder espiritual,
um dos líderes espirituais mais monumentais da História.
P O R W I L L I A M P . F A R L E Y
O Profeta de Florença
Savonarola foi um nome na Europa do século
XVI. Sua meditação no Salmo 51, escrito durante
o período de tortura, foi um sucesso de venda.
30 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
Deus demonstrou a imensidade de Seu poder
através de Savonarola.
do para ser usado por Ele.
Foi nesse momento que come-
çou uma série de palestras no jardim
do monastério sobre o livro do
APOCALIPSE. Nem ele e nem seus su-
periores esperavam muito, porém,
no propósito soberano de Deus, um
novo poder soprava através dele.
Deus estava lá e o efeito foi eletri-
zante. As pessoas começaram a afluir
às suas palestras. Dentro de poucas
semanas o único assento disponível
era o muro do jardim. Tamanha foi
a procura para ouvir sua pregação
que foi finalmen-
te transferido pa-
ra o Duomo, uma
catedral enorme
no centro de Flo-
rença.
A presença de Deus atrai. Milha-
res de pessoas vinham para ouvir
esse jovem monge. Sua mensagem,
como a de João Batista – seu herói
favorito na bíblia, era sobre arrepen-
dimento e autonegação, não uma
mensagem para a qual os homens
são naturalmente atraídos. A Bíblia
era sempre seu texto. Sem medo
proclamava a necessidade de con-
trição, alertando os homens sobre a
chegada do julgamento de Deus.
Exortava os cidadãos de Florença a
confirmar seu arrependimento com
atos de justiça. Somente a presença
do Deus vivo explicaria os resulta-
dos. Um biógrafo escreveu:
“A catedral já não podia acomodar as
multidões que acorriam de perto e de lon-
ge... Galerias de madeira tiveram que ser
construídas na parte de dentro da cate-
dral na forma de anfiteatro para acomodar
o povo. E mesmo assim não era suficien-
te... Era uma visão desconcertante ver
aquela massa de gente chegando com jú-
bilo e regozijando com o sermão como se
estivesse indo a uma festa de casamento.”
A experiência de Bettucio, uma
pessoa devassa, não cristã, fala por
muitas. Uma testemunha ocular es-
creveu: “Assim que Savonarola subiu ao
púlpito tudo mudou em Bettucio... Não con-
seguia mais tirar os olhos do pregador.Sua
mente estava cativa, sua consciência
tocada pelas palavras do frade e disse:
´Enfim me conheci como alguém que es-
tava morto em vez de vivo´”. Bettucio en-
tregou sua vida a Cristo e nunca mais
olhou para trás.
Algumas vezes as pessoas esta-
vam tão transpassadas pela realida-
de de seus pecados que Savonarola
tinha que esperar o pranto diminuir
para poder continuar. Pelo menos 10
vezes, enquanto transcrevia seus
sermões, o monge sentiu-se tão to-
mado pela presença e pelo poder de
Deus que não conseguia continuar
por causa das lágrimas.
Jacob Burckhardt, historiador
Renascentista, escreve: “O instrumen-
to com o qual Savonarola transformou e
reinou sobre a cidade de Florença foi sua
eloquência. Os poucos relatos que temos,
anotados no local, não nos dão uma no-
ção exata desta eloquência.Não é que ele
possuía alguma vantagem externa notá-
vel, pois a voz, sotaque e habilidade retó-
rica eram precisamente seus pontos fra-
cos... A eloquência de Savonarola estava
em sua personalidade dominante... Ele cria
que sua eloquência era o resultado da ilu-
minação divina.”
Deus transformou Florença atra-
vés da pregação do monge. Essa ci-
dade cética, lasciva e orgulhosa tor-
nou-se crente, arrependida e humil-
de. Eles alimentavam os pobres, par-
ticipavam da igreja com entusiasmo,
limparam a corrupção do governo, e
cantavam hinos nas ruas. É uma das
memoráveis ocorrências na história
da Igreja. Através de Savonarola,
Deus provou que a Renascença e
seus ideais eram impotentes diante
do poder do Espírito Santo.
Sua Perseguição
Deus havia
mostrado ao fra-
de, em sua ado-
lescência, que
haveria de sofrer
uma morte vio-
lenta a serviço de Cristo. Alexandre
VI era o papa. Típico da família Bor-
gia, possuía muitas amantes e filhos
ilegítimos. Era opulento, sensual e
ganancioso. Não representava Cris-
to.
Na medida em que a influência
moral e espiritual de Savonarola
crescia – não somente em Florença,
assim como em toda a Itália e Euro-
pa – um confronto com a corrupção
de Borgia era inevitável. Savonarola
desafiou publicamente Alexandre
VI a se arrepender de sua imorali-
dade. Até mesmo o chamou de “Re-
presentante de Satanás em vez de
Cristo”.
O pequeno frade foi longe de-
mais. Alexandre VI valendo-se do
grande poder do papado, fez o cora-
joso monge passar por um julgamen-
to forjado, torturou-o por 30 dias e o
enforcou perante grande multidão
na praça principal de Florença.
Savonarola tudo sofreu com grande
História
Savonarola– umdoslíderesespirituaismaismonumentaisdaHistória
NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 31
coragem e dignidade. A religião ins-
tituída havia, com sucesso, apagado
uma luz acesa e brilhante no cora-
ção de Florença e da Itália.
Sua Importância
Por que Savonarola é importante?
Primeiramente, ele foi precursor
da Reforma. Essa expressão sempre
nos traz à mente homens como
Wycliffe (1330-84) e Huss (1373-
1415). Mas, assim como João Batis-
ta, Savonarola veio “no espírito e po-
der de Elias” (Lc 1:17). Seu ministé-
rio chamou a atenção da Europa para
o arrependimento, preparando-a
para a Reforma.
Em segundo lugar, o que acon-
teceu em Florença foi um dos pri-
meiros avivamentos da história mo-
derna. Durante 10 anos, o Espírito
Santo moveu profundamente e
transformou aquela cidade corrupta
e imoral. Foi um dos primeiros avi-
vamentos registrados depois do Li-
vro de Atos e precedeu muitos ou-
tros movimentos semelhantes no
mundo Pós-Reforma.
Em terceiro lugar, Deus demons-
trou Seu imenso poder através de
Savonarola. Florença era a capital
Europeia da corrupção moral.
Apesar disso, no auge do minis-
tério do pequeno frade, um obser-
vador descreveu a mudança na ci-
dade: “Nenhuma blasfêmia foi ouvida nos
ferreiros, nas padarias e nos armazéns.Às
vezes, o mercado local se transformava
espontaneamente em festival de música
religiosa ao ar livre... Os sacerdotes anda-
vam tão ocupados... que Savonarola...
pediu aos fiéis uma suspensão, de duas
semanas, de todas as atividades... [por-
que] os monges estavam fisicamente
exaustos.”
Quando você se sentir tentado
pelafaltadeesperança,lembre-sede
que nenhuma cidade ou nação pode
resistir ao poder do Espírito Santo.
Espere em Deus em arrependimen-
to e fé. Sempre existe esperança para
nossa situação. Servimos um Deus
grande e Onipotente. O que Ele fez
no século XV em Florença, Ele pode
fazer em Nova York ou Los Angeles.
Savonarola foi um vaso de barro
cheio do tesouro do poder de Deus.
Foi modelo de fraqueza e medo,
como da demonstração do poder do
Espírito,tãoproeminentesnominis-
tério de Paulo (1Co 2:1-5).
Em quarto lugar, para desgosto
de muitos historiadores da arte, sua
pregação influenciou profundamen-
te homens como Michelângelo e
Botticelli. Diz-se que Michelângelo
pintou cenas do julgamento na Ca-
pela Sistina de sua lembrança dos
sermões do monge. Botticelli foi tão
profundamente transformado que
deixou de pintar por vários anos.
Quando retornou, suas pinturas ti-
nham abordagem espiritual, o que
antes não acontecia. Um grande
efeito na mente do jovem artista
(Michelângelo) deve ter sido exer-
cido por Savonarola, cuja pregação
influenciou Botticelli tão profunda-
mente. “Michelângelo, em sua velhice,
ainda lia as obras do pregador martirizado
e se lembrava do som da sua voz.” Mes-
mo os inimigos de Savonarola confes-
sam com relutância sua influência.
E por último, quando Deus quer
mudar uma cidade ou nação ele le-
vanta um líder, não um programa,
organização ou comitê. Este sempre
foi seu método. É por isso que Je-
sus nos exortou: “A seara, na verda-
de, é grande, mas os trabalhadores são
poucos. Rogai, pois, ao Senhor da sea-
ra que mande trabalhadores para a sua
seara.” (Mt 9:37-38). Oremos com
diligência e, como Isaías, esperemos
em Deus: “Oh! Se fendesses os céus e
descesses! Se os montes tremessem na tua
presença, como quando o fogo inflama
os gravetos, como quando faz ferver as
águas, para fazeres notório o teu nome
aos teus adversários, de sorte que as na-
ções tremessem da tua presença! Quan-
do fizeste coisas terríveis, que não espe-
rávamos, desceste, e os montes tremeram
à tua presença.” (Is 64:1-3).
Procure um bom livro escrito por
Savonarola. Há muitos deles impres-
sos. Você não irá se arrepender. Re-
comendo UMA COROA DE FOGO, de
Pierre Van Paasen.
“Michelângelo, em sua velhice, ainda lia as
obras do pregador martirizado e se
lembrava do som da sua voz.”
WILLIAM P. FARLEY é pastor da
Grace Christian Fellowship
(Comunidade Cristã daGraça ) em
Spokane, Washington (EUA).
É autor de FOR HIS GLORY (PARA SUA
GLÓRIA), Editora Pinacle, e
OUTRAGEOUS MERCY (MISERICÓRDIA
EXTRAVAGANTE), Baker Books.
Você pode contatá-lo pelo fone:
509-448-3979 ou pelo e-mail:
bfarley@cet.com
História
Savonarola– umdoslíderesespirituaismaismonumentaisdaHistória
32 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
Introdução
N
os últimos anos, a pregação so-
bre a maldição hereditária tem
se tornado bastante popular nos
círculos pentecostais e carismáticos, sendo
ensinadaporalgunsdoslíderesdemaiorevi-
dênciadestesmovimentos.Anaturezadaver-
dade absoluta e da interpretação correta das
Escrituras,noentanto,nãopodeserdetermi-
nada pelo número de pessoas que abraçam
umadoutrinaoupelapopularidadedaqueles
que a promovem. Questões de fé (o que cre-
mos)eprática(comovivemosavidacristã)só
podemserdeterminadasporumacompreen-
são correta das Escrituras.
Enriquecimento Teológico / W.E. NUNNALLY
Os Pecados da Maldição Hereditária
W.E. NUNNALLY, Ph.D.
Professor de Judaísmo Primitivo e Origens Cristãs na Universidade Evangel
Springfield, Missouri (EUA)
Sertão  a janela 10 40 brasileira que não interessa a quase ninguém! _ reflexões sobre quase tudo!
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  • 1. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 1 Tema desta edição: Aconselhamento e Cuidados Pastorais • Jesus – Nosso Modelo para o Ministério | George Wood | p.03 • O Aconselhamento Cristão Cristocêntrico | Richard Dobbins | p.08 • O Conselheiro Cristão Competente | Donald Lichi | p.15 • Uma Abordagem de Aconselhamento Pastoral para Aqueles com Dores e Doenças Crônicas | Doug Wiegand | p.19 • Abordagem Convencional, Complementar e Alternativa para Cura | Christina Powel | p.24 • Girolamo Savonarola – O Profeta de Florença | William Farley | p.29 • Os Pecados da Maldição Hereditária | W. Nunnally | p.32 www.enrichmentjournal.ag.org Novembro/2010
  • 2. 2 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 É um prazer poder levar até você a 4ª edição da revista Recursos Espirituais, originalmente publicada pelas Assembleias de Deus dos EUA, em inglês, sob o título Enrichment Journal. Após trabalho cuidadoso da equipe editorial, este número expõe em nosso idioma artigos simplesmente imperdíveis. Num momento em que vivenciamos na mídia uma discussão acirrada sobre inúmeros assuntos polêmicos, abarcando as mais diferentes áreas da vida, os autores trazem luz às necessidades dos pastores, dos professores de seminários e dos demais obreiros da Igreja que ministram ao povo de Deus, disponibilizando pesquisas relevantes e atuais, fortemente baseadas nas Sagradas Escrituras. De igual modo, os estudantes de Teologia também são contemplados com uma rica coleção de material que dará um suporte consistente à sua incansável e necessária busca pelo conhecimento sadio da Palavra de Deus. Em 30 anos envolvido com o meio teológico, pude presenciar a publicação de inúmeros artigos que dizendo-se cristãos, na verdade, traziam sorrateiramente ideologias totalmente contrárias à Agora você pode acessar online Recursos Espirituais em 14 idiomas. Visite o website do Enrichment Journal e tecle na opção desejada. Você será direcionado para um dos treze idiomas que selecionar: português, tcheco, espanhol, francês, alemão, russo, ucraniano, romeno, húngaro, croata, tâmil, bengalês, malaio ou hindi. Você terá oportunidade para ler os periódicos online ou pode ainda transferir os arquivos, para sua conveniência. As informações para contato encontram-se no site: www.enrichmentjournal.ag.org Equipe Editorial / Versão em Português Tradução: Nadja Matta e Bruno Ferrari Revisão de textos: Martha Jalkauskas e Rejane Eagleton Diagramação: ©MMDesign Revisão: Neide Carvalho Coordenação Geral: Márcio Matta Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do e-mail enrichmentjournal@lifepublishers.org Life Publishers International © Copyright Life Publishers 2010 Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri (EUA) Todos os direitos reservados. sã doutrina, promovendo desta forma prejuízos irreparáveis na vida de muitos crentes. Assim, devido a necessidade de critérios rígidos para a escolha de uma boa literatura cristã, esta publicação se apresenta como um subsídio valioso para dirimir questionamentos e dúvidas que surgem no dia-a-dia de nossa caminhada cristã. Os pontos de vista apresentados em cada artigo, embora do contexto assembleiano norte- americano, levam o leitor a construir suas ideias a partir de princípios bíblicos e experiências pessoais que o incentivam à inspiração para sua própria jornada espiritual. Tenho convicção de que os artigos das áreas ministerial, aconselhamento pastoral, ética mé- dica, história e teologia, além de serem agradável à leitura, serão uma verdadeira bênção para você. Aprecie sem moderação! márciomatta editor | versão em português Editorial 2 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 3. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 3 — Nosso Modelo para o Ministério Por GEORGE O. WOOD Três elementos essenciais do modelo de Jesus para o ministério servem de exemplo de cuidado pastoral para nós. Jesus NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 3
  • 4. 4 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 L ivros e seminários de lide- rançadominamaleiturapas- toral, e isso é bom. A máxi- madequeumaorganização ou igreja não cresce mais que seu líder é verdadeira. Mas liderança e ministé- rio são a mesma coisa? Creio que não. Ministério inclui muito mais. Quando procuro um exemplo ou protótipo para o ministério, primeiro olhoparaJesus.ComoeraSeuministé- rio? Que tipo de ministro era Ele? Se EleéoSupremoPastoreeu,umsubal- terno, que tipo de pastor ou ministro devo ser? Se devo andar em Seus pas- sos, quais foram eles? Deixe-meextrairdeSeuministério um breve momento que encapsula a preocupaçãopastoraldeJesus.Nãopre- tendo que esse perícope represente a verdade total sobre Jesus como nosso modeloparaoministério,masencontro neletrêspontosessenciaisquenosser- vem como exemplo. O caso que examinaremos é o da mulher com fluxo de sangue, relatado em Marcos 5:21-34. Tempo Todapessoaengajadaemministérioé ocupada. Todos os dias nossa agenda está cheia desde a manhã até à noite: oração,estudo,compromissos,telefone- mas,reuniões–einterrupções. À medida que a igreja que eu pastoreava crescia, descobri que pode- riadelegarcadavezmais.Issopermitiu quemetornassemaisfocadoemmeus donseáreasdeinteresse.Gastavaamai- orpartedotempoadministrandominha própria agenda. Minha lista de tarefas estava sempre cheia e o calendário re- pleto. Eu permitia algumas interrup- çõesdegrandesemergênciasedepes- soasquerealmenteprecisavamfalarco- migo, mas, caso contrário, era dono do meu próprio tempo. Esse exemplo é um bom sinal de liderança eficiente e eficaz – delegar responsabilidadeeautoridade,esecon- centrar nos pontos fortes. É o exemplo de Êxodo 18 quando Jetro disse a Moisésquebonslíderesnãotentamfa- zertudo,ouainstruçãodeEfésios4:11, 12dequeliderançaministerialimplica em ser o treinador de uma equipe em vez de ser a estrela. Deixei o pastorado e fui para lide- rançadistritalcomosuperintendentead- junto.Dascercade30pessoasquefazi- am parte de minha equipe de suporte da igreja, agora eram apenas eu e meu secretário. Trouxe meu modelo pasto- ral para essa nova função e chegava em meuescritóriotodososdiascomminha listadecoisasparafazer.Masotelefone tocava continuamente. Muitas pessoas meprocuravam. Fiquei frustrado. Eles estavam to- 4 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 5. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 5 mandootempodaminhaagenda.Não conseguia terminar as coisas que havia estabelecido.Comecei a me aborrecer comasinterrupções. O que mudou a minha vida foi um devocionaldadoporumamigo,T.Ray Rachels(superint.distrital).Elefalaque oministériodeJesusfluíadasinterrup- ções. Isso chamou minha atenção. Nenhum dos milagres de Jesus es- tavanalistadecoisasparafazer.Elenão selevantavapelamanhãedizia:“Bom, hoje preciso curar 10 leprosos, 2 cegos, curarumparalíticoelibertarváriaspes- soas possessas.” O mesmo era verdadeiro quanto aos Seus ensina- mentos.Sim,Elefez um discurso siste- máticonoSermãodo Monte, nas parábo- lasdoReinoenoser- mão do Monte das Oliveiras(Mt5-7,13, 24,25),porémobser- ve uma amostra do que ensinou como resultadodasrespostasàsinterrupções. Um expert da Lei O testou quando dis- se: “Quem é o meu próximo?” e assim re- cebemosaparáboladoBomSamaritano (Lc10).OsfariseuseosmestresdaLei murmuraram contra Ele quando aco- lheuospecadoreseElerespondeucom estórias da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida e do Filho Pródigo (Lc 15). Teríamos perdido o discipulado de MateusedeZaqueuseJesusnãotives- se interrompido Seus compromissos. Não teríamos o ensinamento sobre o novo nascimento se Jesus não tivesse passadoalgumtempocomNicodemos (Jo 3), ou então o ensinamento sobre adoração se tivesse ignorado a mulher samaritana (Jo 4). OmelhorexemplodeJesustirando um momento e respondendo às inter- rupçõesveioquandoamulhercomflu- xo de sangue abordou-O a caminho da casa de Jairo. Marcos observa que a filha de Jairo tinha 12 anos e a mulher sofria, ha 12 anos, de uma hemorragia. OpedidodeJairofoiumainterrup- çãonaagendadeJesus.OSenhorche- goudooutroladodolagoeumagrande multidão veio recepcioná-lO. Lideran- çaexigequedemosprioridadeàmulti- dão,masoministérioordenaprioridade ao necessitado. Então Jesus afastou-se da multidão e acompanhou Jairo. Nocaminhohouveumainterrupção à interrupção. A mulher passou pela multidão e tocou na barra de Suas ves- tes.Elepoderiatercontinuado,masnão o fez. Por quê? Porqueministériosefazcompesso- as–umadecadavez.AmissãodeJesus incluíamomentosnãoplanejadosquan- do respondia às necessidades dos indi- víduos. Um homem idoso caminhava pela praia logo de manhã recolhendo estre- las do mar e as jogava novamente no oceano. Ele sabia que, se não fossem devolvidasàágua,osolassecariaemor- reriam. Um jovem passou e disse: “Ei, se- nhor!Oqueestáfazendo?Existemmi- lhõesdeestrelasdomarnapraia.Oque você está fazendo não faz a mínima di- ferença.” O homem respondeu, en- quantojogavanaáguamaisumaestrela domar:“Fazdiferençaparaestaaqui.” Um amigo missionário me contou queestavasentadonoescritóriodeJim Cymbala em um domingo de manhã antesdoNatal.PastordaIgrejaBrooklyn Tabernacle,Jimministraparamilhares de pessoas em múltiplos cultos todo domingo. Entre um culto e outro uma jovem mãe negra com seus quatro fi- lhosentrounoescritóriodeJim.Estava sem dinheiro e chorava porque seus fi- lhos não teriamnadade Natal. Jimdis- se:“Caroleeuiremosaoseuapartamen- to na noite de Natal e levaremos um peruparaojantar.Jantaremoscomvocês e haverá presentes para seus filhos.” Meu amigo missionário disse que chorouenquantoobservavaaconversa. Imaginequeopastordeumadasmaio- resigrejasdosEUAteriatempoparaal- guém que não poderia fazer nada por ele! A liderança diz: “Passe tempo com pessoas influentes, poiselaspodemdar- lhealgoemtroca”.O ministériodiz:“Aju- de pessoas que não podem fazer nada por você”. Jesus doou Seu tempo para outras pessoas. Porqueéimportantenotarmosalgo tãoóbvio?Porque,àsvezes,ficamostão ocupados no ministério que esquece- mos que o ministério se faz com pes- soas. Você não está no ministério para construir prédios para a igreja (mesmo que isso seja necessário), ou para ocu- par uma posição, ou para se consumir com assuntos ou causas que te afastam desuaresponsabilidademaisimportan- te que é ministrar às pessoas. Recebo longas cartas de pessoas quepassam otempotentandoendirei- tarprocedimentosouopiniãodeoutras pessoas.Umapessoaregularmenteme envia 24 páginas datilografadas em es- paço simples, argumentando porque a versãodaBíbliaqueusaéaúnicainspi- rada. Quando leio essas críticas severas meperguntooqueaconteceriaseesses santos saíssem de seus computadores, ou deixassem a caneta de lado, e fos- Omelhor exemplo de Jesus tirando um momento e respondendo às interrupções veio quando a mulher com fluxo de sangue abordou-O a caminho da casa de Jairo. Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério
  • 6. 6 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 semganharalmasparao SenhorJesus. Toque Jesus permitiu que as pessoas chegas- sem até Ele. Sejamos sinceros: nossos modelos de ministério são os conside- radosministériosdesucesso.Existeuma tendênciarecentedepastoresimportan- tescontrataremguarda-costas.Ominis- troentranocultonahoradasuapartici- pação e deixa a igreja pela porta lateral quandotermina. Jesus passou tempo com o indi- víduo. Seu ministério exigiu algo dele. O texto diz: “Jesus, reconhecendo imedia- tamente que dele saíra poder.”(Mc 5:30). WilliamBarclayexplica:“Essapassa- gem nos diz algo sobre Jesus; fala sobre o custo da cura.Toda vez que Jesus curou al- guém, algo foi exigido dEle.Aqui está uma re- gra universal da vida: nunca produziremos nada de grande a não ser que estejamos pre- paradosparainvestiralgodenossavidaoude nossa própria alma... Nenhum pregador que já tenha pregado um verdadeiro sermão des- ceu do púlpito sem um sentimento de que foi esvaziado de algo. Se pretendermos ajudar as pessoas, devemos estar prontos para gas- tar um pouco de nós mesmos.... A grandeza de Jesus foi que Ele estava preparado para pagar o preço para ajudar aos outros e esse preço foi sua própria vida. Só seguimos em seus passos quando estamos preparados a empregarnãoapenasdenossasposses,mas de nossa alma e nossa força.” Uma criança da igreja que eu pas- toreava perdeu a mãe. Sua adolescên- cia foi turbulenta e eventualmente ele cometeuumcrimequeresultouemsua prisãopor17anos.Essehomemconhe- ceu a Jesus e agora é uma testemunha fiel na prisão. Escrevi para o pastor na cidadeondeaprisãoestálocalizadape- dindoquefosselhefazerumavisita.Ele nuncafoi. A tia da minha esposa sofreu um AVC.Porcausadesuasaúdejánãoiaà igrejaháalgunsanos.(Quantaspessoas sãoesquecidasporquenãopodemmais contribuir?) Sua família contatou um pastor e perguntou se ele poderia lhe fazer uma visita. Ele nunca foi. Final- mente, a família encontrou um pastor presbiterianoqueofez. Um amigo me disse que seu irmão foiàigrejaemumdomingoquandosua famíliaveiovisitá-lo.Oirmãojáeraido- so, mas naquele dia entregou sua vida ao Senhor. Meu amigo, também pas- tor, ligou para o pastor daquela igreja e perguntou se ele poderia fazer o discipulado do novo convertido. Nada aconteceu. O pastor disse que estava muito ocupado, quando meu amigo conversoucomele.Descobriqueaquela igrejapossuía50membros. Quantas vezes os pastores deixam de ligar para pessoas que precisam de ajuda,nãorespondemcartasoue-mails, e não retornam os telefonemas? Que o Espírito nos mova contra a letargia e a indiferença. Devemos estar dispostos a tocar na vida das pessoas, por Jesus e em nome dEle. Transformação AdorootítuloqueWilliamBarclaydeu a esta passagem sobre a mulher com o fluxo de sangue. Chamou-a de “A Últi- ma Esperança de uma Sofredora.” Certa- mente,Jesuseraaúltimaesperançapa- ra essa mulher, assim como para a filha de Jairo. Noteohumorsutilnorelatodamu- lher passando pela multidão para tocar a barra das vestes de Jesus. DeacordocomaleideMoisés,essa mulhereraconsideradaimpurapeloflu- xo de sangue (Lv 15). Na maioria das vezesnoAT,quandoumapessoacon- taminada tocasse em algo, significava que transferia a contaminação para aquilo que era puro ou inocente. Por exemplo, um leproso que tocasse um não leproso tornava a pessoa saudável impura. Uma pessoa ritualmente pura não poderia tocar em mulher após o parto, nememalgumgentio,nemmesmoem umvasoquetivessesidotocadoporum gentio, em certos animais ou em cadá- ver.Umindivíduoquetenhasidocon- taminado pelo toque de alguma coisa ou alguém impuro teria que passar por Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério 6 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 7. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 7 Devemos estar dispostos a tocar na vida das pessoas, por Jesus e em nome dEle. GEORGE O. WOOD Doutor em Teologia Prática Presidente da ConvençãoGeral das Assembleias de Deus dos EUA. Springfield, Missouri (EUA) umprocedimentolongoedetalhadode purificação. Jesusficoucontaminadonomesmo instante em que a mulher com o fluxo desanguetocouSuasvestesetambém contaminou a Si mesmo quando tocou a mão da menina morta (Mc 5:41). Evidentemente, a mulher pensou que poderia tocar nas vestes de Jesus, ser curada e então misturar-se à multi- dão sem ser notada. No entanto, Jesus parou e perguntou: “Quem me tocou nas vestes?” (Mc 5:30). Osdiscípulosacharamaperguntaab- surda,poismuitaspessoasempurravam- se ao Seu redor. Mas a mulher sabia o que tinha acontecido e por esta razão o texto diz que “atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, pros- trou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade.” (Mc 5:33). Porqueestariaatemorizada?Elasa- biaquehaviaritualmentecontaminado um homem santo. Se Jesus fosse um fariseu,Eleateriainsultado:“Comoou- sasmetocar?Vocêmecontaminou.Saia depertodemim!” SobaLei,seoimpurotocasseopuro, então o puro se tornava impuro. Mas com Jesus, se o contaminado tocasse o puro, então o puro descontaminaria o contaminado. ExisteumaforçainversaentreaLei oserão.SeformosconfiantesqueoSe- nhor pode e realmente liberta das dro- gas, do álcool e outros tipos de depen- dências, então elas serão libertas de to- dasessasdoençasdaalmaedoespírito. Seorarmospelosdoentescomfé,osdo- entes serão então curados. Se desper- tarmos o dom do Espírito que está em nós,pessoasserãoentãobatizadasnoEs- píritoepermanecerãofervorosasnoSe- nhor. Se demonstrarmos e ensinarmos o discipulado, mais pessoas se tornarão discípulosdeJesus.Setestemunharmos aosperdidos,nossasovelhastambémo farão. Se tivermos uma mente missio- nária, nosso povo também a terá. Vocênãopodedaraosoutrosaquilo que não possui, mas aquilo quetem. Quandomeufilhosetornoupastor, eu lhe disse: “Pastorear não é como ci- ência quântica (mas também não é fá- cil).Asduascoisasmaisimportantessão: ame a Jesus e ame as pessoas.” Amamos as pessoas quando passa- mosalgumtempocomelas,individual- mente. O Senhor nos usa para tocar a vida das pessoas e para sermos agentes quetrazemtransformaçãopelopoderdo EspíritoSanto. Com certeza, nunca devemos parar deaprendertudooquepodemossobre liderança eficaz, mas não nos esqueça- mos de que liderança é apenas um as- pecto do ministério. Nosso modelo de ministério deve sempre ser Jesus. Ele passa tempo com as pessoas. Ele toca em suas vidas. Ele transforma. eoEvangelho.Emvezdaimpurezada mulher ter contaminado Jesus, a santi- dadedEleapurificou.Jesusfazomes- mo com nosso pecado: nos torna justos em vez de nós o tornarmos pecador. Oministériotraztransformação.Tra- zemos as boas novas de que Jesus é o Salvador,quebatizacomoEspíritoSan- toenoscura.Jesusnosdisseparaimpor as mãos sobre os doentes. Este é um sinalfísicodasaúdequenEleseencon- tra, passando para o doente, fazendo comqueentreasaúdeemvezdereinar a morte. Pastoresquetêmomaiorefeitonas pessoas transmitem a vida de Jesus no poderdoEspíritoSantoatravésdeseus exemploseensinamentos. Váriosanosatrás,eureclamavaaoSe- nhorque,quandoimpunhaasmãosnas pessoasemumafiladeoração,elasnão caíam.Ah,devezemquando,atéacon- tecia, mas era raro. Senti que o Senhor me disse: “George, é muito mais fácil cair do que ficar de pé. Você está aju- dando pessoas a ficarem de pé, portan- to, não pense que precisa imitar outros com os quais trabalho de maneira dife- rente.” Nossa tarefa é realizar uma longa transferênciadenossoprópriocaminhar com Deus na vida das pessoas para quem ministramos. Se amarmos a Je- sus, provavelmente irão também amá- lo. Sedemonstrarmos umaatitude cor- reta, também a mostrarão. Se formos cheios do Espírito Santo, elas também Jesus: Nosso Exemplo para o Ministério
  • 8. 8 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 O Aconselhamento Cristão CRISTOCÊNTRICO Qualquer esforço sério para fazer com que o aconselhamento seja verdadeiramente cristão envolverá um olhar cuidadoso na maneira como Cristo desempenhou Seu ministério de aconselhamento. O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral Por RICHARD D. DOBBINS 8 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 9. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 9 N os dias de hoje, poderí- amos descrever mais precisamente o que se passa sob a rubrica de aconselhamento cristão como um aconselhamento feito por psicólogos cristãos e conselheiros profissional- mente treinados. Geralmente são pro- fissionais bem formados com excelen- tes técnicas de aconselhamento e ex- periência muito rica. Frequentemente aconselham em igrejas ou em lugares relacionadosaelas.Éassim,infelizmen- te, que algumas pessoas definem o aconselhamentocristão. Emmuitoscasos,porém,existeum hiatoenormeentreafécristãeaprática doaconselhamento.Podemsercristãos devotoseexcelentesconselheiros,mas há pouco em seu aconselhamento que sejacaracterizadocomocristão,poisse- pararam seu aconselhamento de sua fé pessoal. O que está faltando nesses ca- sos é a integração í ntima desses dois aspectos em suas práticas. Como Obter a Integração de Fé e Aconselhamento? Primeiramente, para fazer com que o aconselhamento seja verdadeiramente cristão devemos unir nossa fé e nosso aconselhamentoemnossasmentes.Isso começacomoreconhecimentodeque CristoéoúnicograndeConselheiro.Ele se torna nosso modelo. Não apenas o fazemos Senhor de nossas vidas, mas tambémSenhordenossaformaçãoclí- nica e da nossa prática em aconselha- mento. Olhamos para Ele como nosso supervisorclínicoquesupervisionatudo o que ouvimos e dizemos no consultó- rioouescritório. Independentemente da orientação teórica de nosso treinamento (dinâmi- ca, cognitiva, comportamental, objeto terapia, eclética, etc.) precisamos colo- cartudooqueaprendemossobreacon- selhamento a partir de nossos estudos, treinamentoeexperiência,nasmãosde Cristo. Em seguida, podemos confiar neleparanosajudaraaplicarnossasha- bilidades, da forma como Ele deseja, enquanto ministramos aos que procu- ram nossa ajuda. Em cada sessão devemos fazer um esforço consciente para vermos as pes- soas através dos olhos do Senhor e entendê-las através do coração e da mente dEle. Isso nos ajudará a melhor servir a Deus e às pessoas. Quandoassumimosestaposturaes- piritual,Cristonoscapacitaasermosum canaleficazqueligaocoraçãoeamen- tedapessoaaconselhadacomocoração eamentedeDeus.Quandosomosbem sucedidos nesta tarefa, os recursos ili- mitados de Sua sabedoria, poder e gra- ça incrementam sobrenaturalmente nossotreinamentoeexperiêncianopro- cesso de aconselhamento, levando-o a outro patamar. Num ambiente espiri- tualmente enriquecido, o poder de Deus desfaz a escravidão dos aconse- lhados,curasuasmágoaseprovidencia aorientaçãoqueprecisampararesolver outrasdificuldadesnavida. Semumesforçoconscientedenos- sa parte para invocar esta dimensão di- vina no processo de aconselhamento, limitamos a ajuda que podemos ofere- ceraosaconselhadosàshabilidadespro- fissionaisquetenhamsidodesenvolvi- das pelos nossos estudos, nosso treina- mento e nossa experiência. Como po- demobservar,Deusdesafiacadaumde nós a descobrir caminhos para consci- entemente reconhecermos o envolvi- mento de Cristo em nosso relaciona- mento com as pessoas aconselhadas. No meu trabalho de aconselha- mento, lembro-me, no início de cada sessão, de que Cristo está ali comigo e com a pessoa que irei aconselhar. Ele conheceaspessoasdamaneiraquepre- cisoconhecê-las.Sabecomomotivá-las a usar sua dor como o caminho de pe- dras que poderá conduzi-las de onde estão para onde Deus sabe que pode- rão estar. Em cada sessão procuro me consci- entizar da minha necessidade da cons- ciência espiritual que permitirá que o Senhorcompartilheinformaçõescomi- go.Esseéomeuobjetivo.Tambémter- minotodasessãoorandoepedindopara que Deus me ajude a servir a pessoa, ouocasal,damaneiraqueElequerque Num ambiente espiritualmente enriquecido, o poder de Deus desfaz a escravidão dos aconselhados, cura suas mágoas e providencia a orientação que precisam para resolver outras dificuldades na vida. Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico: O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
  • 10. 10 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 eu os sirva. Peço para que me ajude a ser para eles o que Ele quer que eu seja. Isso me mantém ciente das mi- nhaslimitaçõesetambém melembra que dependo do Senhor para dire- ção. Tal oração também centraliza a atenção da pessoa em Jesus como sua fonteprimáriadeajuda.Issodiminuia tendênciadapessoaaconselhadadecri- ar uma dependência nociva de mim e a encoraja a construir uma dependên- cia saudável de Jesus. Qualquer esforço sério para fazer com que o aconselhamento seja ver- dadeiramente cristão também envol- verá um olhar cuidadoso na maneira comoCristorealizouseuministériode aconselhamento. Como Foi que Cristo Abordouo Aconselhamento? Os Evangelhos indicam claramente que compaixão foi a característica do- minante do ministério de aconselha- mentodeCristo.Pelomenosquatorze vezes no NT os escritores usaram al- gumaformadapalavracompaixãopara descreverainteraçãodeCristocomas pessoas. O que é compaixão? É a capacida- de de se colocar, o máximo possível, no lugar de outra pessoa. Conselheiroscompassivossãocom- preensivos com as pessoas que acon- selham e sensíveis às suas necessida- des. Em sua mente, invertem os pa- péiscomosaconselhados.Usamasin- formações que coletaram sobre eles e imaginam como deveria ser estar no lugar deles, naquela situação. A compaixão de Cristo é clara em seu diálogo com a mulher que estava junto ao poço (Jo 4) e a mulher pega emadultério (Jo 8). Jesusnãoconcordoucomosmúlti- ploscasamentosdaprimeiramulhere nem aprovou o relacionamento com o Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico: O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral 10 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 11. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 11 homemcomquemvivia.Tambémnão aprovouoadultériodamulheremJoão 8.Contudofoisensívelecompreensi- vo em sua abordagem a essas mulhe- res. Jesusgeralmentecondenavaajus- tiça própria dos fariseus. Estes não es- tavamentresuaspessoasfavoritas.Po- rém,quandoNicodemossolicitousua ajuda (Jo 3), Jesus tratou-o com com- paixão,mesmosendoNicodemosum fariseu. Outracaracterísticaproeminentedo aconselhamentodeCristoéoquecha- mo de confronto amoroso. Por exem- plo,mesmoqueosmúltiploscasamen- toseorelacionamentoatualdamulher fossem assuntos delicados, Jesus con- frontou-a, pedindo-lhe que chamasse seumarido. Reconheceutambémoestadope- caminoso da mulher pega em adulté- rio,ordenandoquefosseequenãope- cassemais.JesuslembrouNicodemos dadiferençaentreonascimentonatu- ral e o espiritual, confrontando-o com o fato da necessidade de nascer de novo. Jesus sempre encontrou uma ma- neira de confrontar amorosamente as pessoascomaverdade.Nuncafoirude ou insensível com aqueles que eram honestos o bastante para confessar os pecadoseadmitiranecessidadedeaju- da.Nãopermitia,noentanto,queevi- tassemosassuntosqueostrouxerama Ele. Tanto compaixão como confronto amorososãonecessáriosparaajudaras pessoasaencararascircunstânciaseos relacionamentosdifíceisdavida. Conselheiroscristãosprecisamcon- tinuamente pedir ao Senhor que am- plieessagraçanavidadeles. Isso é de fundamental importância. Qual o Envolvimento do Espírito Santo no Aconselhamento? Em João 14:26 Jesus disse: "mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinarátodasascoisasevosfarálem- brardetudooquevostenhodito." O Espírito Santo é um professor. Não apenas trará à memória os ensinamentosdeCristo,comotambém coisas que precisamos lembrar sobre nossosaconselhados. O Espírito Santo pegará as coisas queaprendemosnasciênciassociaise nos ensinará a traduzi-las para termos uma percepção espiritual mais ampla. Maisespecificamente,setivermosou- vidos para ouvir o que diz o Espírito, Ele nos ensinará como levar, a um pa- tamarmaisalto,tudoqueaprendemos sobre desenvolvimento humano, do- ençasmentais,diagnósticosetécnicas deaconselhamento. Assim como o Espírito Santo age namentedoconselheiro,agetambém na mente do aconselhado. Em João 16:8 Jesus diz, "Quando ele vier, con- vencerá o mundo do pecado, da justi- ça e do juízo:" À medida que confron- tar compassivamente e amorosamen- teapessoacomascircunstânciasquea fizeram procurar ajuda, você poderá contar com o Espírito Santo para criar níveis desconfortáveis de tensão den- tro da pessoa para que ela se motive a fazerasmudançasqueJesusquerque elafaçaparaencontraracuraeliberta- ção que precisa. Ao mesmo tempo, você pode con- tar com o Espírito Santo para lhe dar forçainteriornecessáriaparatolerarní- veiscrescentesdeestressecriadospe- lastentativasconflitantesdoaconselha- do para escapar de sua dor espiritual e emocional,masaomesmotempolidar com elas. Sem a capacidade de lidar comseusprópriosníveiscrescentesde ansiedade, a sua necessidade de con- fortopodelevá-loaevitaráreasnavida da pessoa aconselhada que precisem sermaisbeminvestigadas.Nestepon- to os limites de seu nível de conforto interferem no nível crescente de estresse necessário para provocar mu- dançasnapessoa.PermitirqueoEspí- rito Santo o ajude a desenvolver tole- rância aos níveis crescentes de tensão quandoenfrentarmomentosdifíceisde aconselhamento, o tornará mais eficaz em acelerar as mudanças redentoras queCristoquertrazeraosseusaconse- lhados. Lembre-se, até que a dor de per- manecer na mesma situação doa mais queadordamudança,aspessoaspre- ferirãopermanecercomoestão.Níveis intoleráveis de dor são essenciais para mover as pessoas de onde estão para ondeDeusquerqueestejam.Desen- volverumníveldetolerânciamaiorpara conflitos e estresse do que o do acon- Assim como o Espírito Santo age na mente do conselheiro, age também na mente do aconselhado. Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico: O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
  • 12. 12 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 selhado lhe capacitará a ajudá-lo com compaixãoatravésdosperíodosdifíceis davidaqueofizeramprocurarajuda.É bom saber que, durante momentos desconfortáveisdoaconselhamento,as pessoas podem lidar mais facilmente comsituaçõesdesagradáveisdecerteza do que com as de incerteza. Um acon- selhamento bem sucedido conduz a pessoa da incerteza para a certeza. Dons Espirituais no Proces- so de Aconselhamento OsdonsdoEspíritoSantotambémsão recursosvaliososparaoconselheiro,par- ticularmente para aqueles que são pentecostais ou carismáticos. Em 1 Coríntios 12:7-12, o apóstolo Paulo de- fine três conjuntos de dons espirituais. Osdonsdamenteincluemapalavrada sabedoria, palavra da ciência e o dom dediscernirespíritos.Trêsdosdonssão verbais:variedadedelínguas,interpre- tação de línguas e profecia. Finalmen- te,existemosdonsdepoder:fé,opera- çãodemilagresedonsdecurar.Todos estesenriquecemsobrenaturalmenteo aconselhamento. Oscapítulos12-14daprimeiracarta aos Coríntios tratam do uso ordenado desses dons na adoração pública e na vida privada do crente. Uma compre- ensão bíblica de como esses dons fun- cionam no relacionamento de aconse- lhamento pode nos capacitar a ser con- selheiros mais eficazes. Discernimento de Espíritos Os dons da mente podem aumentar grandemente o processo diagnóstico. Umclínicotreinadodesenvolvehabili- dadesemsuaspercepçõesvisual,audi- tiva e tátil quando diagnostica os pro- blemasdeumapessoa.Quandoodom de discernimento de espíritos se torna parte deste processo, a capacidade diagnóstica é levada a um patamar su- perior. A abordagem secular ao aconselha- mento vê a atividade mental atual de uma pessoa como um desenvolvimen- tonaturaldainteraçãoentresuahistória pessoal,ascircunstânciasatuaisdavida e os processos neuroquímicos do cére- bro.Nãoexistereconhecimentodene- nhumimpactoespiritualousobrenatu- ral neste processo. Apesar de os conselheiros cristãos reconheceremopapelimportantedes- ses elementos naturais na atividade mentaldeumapessoa,acreditamosque é principalmente o espírito da pessoa que dirige o processo mental. O ato de pensarésempreumaguerraespiritual. Em1Coríntios6:19e20,Paulodei- xaclaroqueopropósitodocorpoéma- nifestar a presença de Deus na terra. EmRomanoscapítulos6e7,porém, Paulo reconhece o papel poderoso do pecado tentando fazer com que nosso corpo sirva ao mal. Em Romanos 6:16, ele declara o dilema humano: “Não sabeisquedaqueleaquemvosofereceiscomo servosparaobediência,dessemesmoaquem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?” Aomesmotempoemquevidaeter- naestimulaamenteaentreterdesejos, fantasias e ideias que resultariam em expressãodevidadivina,opecadoesti- mulaamenteaentreterdesejos,fanta- siaseideiasqueresultariamemexpres- são do mal. A vontade humana se en- contra no meio desta batalha. Avontadedeterminaaexpressãoda mente ou do espírito à medida que es- colhassãotransmitidasatravésdocére- broparaseremexpressasnocorpo.Ob- servandoasatitudeseocomportamen- toexpressadosatravésdocorpodeuma pessoa, pode-se determinar a influên- cia espiritual que está ganhando na ba- talha pela vontade dela. O dom de discernir espíritos é uma ferramenta valiosa para o conselheiro cristão para ajudar a entender o status atualdabatalhaespiritualdoaconselha- do.Oclíniconãodeixadeladosuasha- bilidadesnesteprocesso;aocontrário,o EspíritoSantoosamplia. Palavra de Conhecimento Clínicos excelentes se tornam experts em unir os pontos da história de uma pessoa para ter o retrato do presente dela, porém, uma palavra de conheci- mento, vinda do Espírito Santo, a res- Odom de discernir espíritos é umaferramenta valiosa para o conselheiro cristão para ajudar a entender o status atual da batalha espiritual do aconselhado. Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico: O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
  • 13. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 13 peito da pessoa, amplia essas habilida- des. Tal palavra geralmente encontra seu caminho na mente do conselheiro sob a forma de palpite ou intuição. Éporissoqueoconselheiroprecisa tercuidadoaodeterminarcomoequan- dointroduztalpalavraàpessoa.Ocon- selheironuncadeveimporessapalavra de conhecimento. Apresentá-la como sugestãodáaoaconselhadoaoportuni- dade de aceitá-la ou rejeitá-la. Palavra de Sabedoria Qualquerumqueaconselhaoutraspes- soas sabe que existem momentos críti- cos na terapia. Como conselheiro, ad- quire-sesabedorianaturalparaadminis- trar estas situações. O conselheiro cris- tão,contudo,nãoélimitadoàsabedoria naturalquevemdaexperiência. Tiago nos lembra que a sabedoria de Deus está disponível para aqueles quesehumilhamsuficientementepara pedi-la.“Se,porém,algumdevósnecessita desabedoria,peça-aaDeus,queatodosdá liberalmente e nada lhes impropera; e ser- lhe-á concedida.” (Tg 1:5). Entretanto, existe uma palavra es- pecialdesabedoriaqueoEspíritoSan- to pode nos dar nos momentos de aconselhamento,quandoprecisamosde sua direção. Ela altera o que normal- mente iríamos dizer ou fazer. Em retrospecto, reconhecemos facilmente suaorigemdivinapeloimpactodecura quesuaimplementaçãotemnapessoa aconselhada. Línguas, Interpretação e Profecia Esses dons verbais colocam à disposi- çãodoconselheiroumníveldefluência além de sua habilidade natural. Isso é RICHARD D. DOBBINS, Ph.D. FundadordoEMERGEeatualmentediretordoRichardD.Dobbins Institute of Ministry, em Naples, Flórida (EUA), fundado por ele em 2007. Visite seu website: www.drdobbins.com especialmenteútilparadisciplinaredi- rigir o diálogo entre o conselheiro e o aconselhado. Odomdefalaremlínguasemparti- culartambémproporcionaaoconselhei- ro pentecostal ou carismático um meio maravilhoso para se analisar após cada sessão.Duranteestetempoelepodeli- beraraoSenhoratensãoeoestressede sessõesanterioresqueseriamdifíceisde articular. Pode também usar esse dom pessoal para interceder por seus acon- selhados segundo a vontade de Deus (Rm 8:26,27). Fé, Operação de Milagres e Dons de Cura Segundo Hebreus 11:1, “...a fé é a certe- za de coisas que se esperam, a convicção de fatosquesenãovêem.”Paraqueosconse- lheirossejameficazes,énecessárioque sejampessoasdefé.Atémesmoconse- lheiros seculares precisam ser capazes de inspirar esperança nas pessoas. Note o relacionamento entre fé e esperança.Afévemdaesperança.Uma dasprioridadesnoiníciodoprocessode aconselhamentoéestimularaesperan- çanaspessoas.Esperançainspiradapelo EspíritoSantopodefazernascerodom de fé que permite tanto ao conselheiro quantoaoaconselhadoacreditaremque arecuperaçãoesperadasetornaráreali- dade. Emrarasocasiõesexisteumresulta- do inesperado divino que vai além da féeesperança–omilagre.Lembro-me de ter recebido, alguns anos atrás, uma família missionária das Ilhas Salomão. Certodia,jábemtardedanoite,quatro cidadãos bêbados invadiram a casa e aterrorizaram a família, de todas as ma- neiras imagináveis, até ao amanhecer. Emtrês diasjáestavamnoEmerge. Oquenãosabiaméque, umanoantes destatragédia, Deushaviatrazidouma psiquiatra pediátrica cristã da Albânia comunista para estar naquele local, na- quelahora,paraajudarosfilhosdaque- lecasal.Ogovernocomunistanãosóha- via pago as despesas de viagem da fa- míliadessapsiquiatra,comotambémos custoscomseutreinamentocristão.Os filhos daqueles missionários responde- rambemàterapia.Hojeambosservem aoSenhor. Coisascomoestanãoacontecemfre- quentemente.Porissoaschamamosde milagres. Além disso, o Espírito Santo distri- buidonsdecuraparanossosaconselha- dos. Embora tenhamos, como conse- lheiros cristãos, uma parte no processo de trazer cura às pessoas, devemos re- conhecerqueodomdacuraconcedida aos nossos aconselhados vem do Espí- rito Santo – e não de nós. Oaconselhamentocristocêntricore- quermaisquecristãosdevotosbemtrei- nados nos campos de aconselhamento profissional.Éainfusãodapresençade Cristo e do Espírito Santo no processo deaconselhamentoquefazumaconse- lhamentocristocêntrico. Tornando o Aconselhamento Cristão Cristocêntrico: O Papel do Espírito Santo no Aconselhamento Pastoral
  • 14. 14 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 201014 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010
  • 15. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 15 O fatodequeospastoresgas- tam um bom tempo acon- selhando é comprovado. Apesardeumnúmerocres- centedesistemasdesaúdemental(psi- cólogos cristãos, conselheiros, especia- listas em relações humanas, personnal coach",etc.),amaioriadaspessoasainda vêem em seu pastor a primeira opção para um aconselhamento e cuidado da alma. A razão para isso é fácil de se en- tender. O acesso natural dos pastores à vida das pessoas através das pregações, nascimento de filhos, desenvolvimen- toinfantil,adolescência,formatura,noi- vado, casamento, novo casamento, cri- ses, cerimônias, visitas hospitalares, morteeserviçosfúnebresfazemdopas- tor a primeira opção óbvia em tempos difíceis. Opastorestáemposiçãoúnicapara oferecercuidadosabrangentesdaalma porque ele está atento semanalmente (senão diariamente) ao membro. Dife- rentemente da maioria dos terapeutas, opastoralimentaorebanhocomcomi- daespiritualecuidaparaqueomesmo esteja protegido das astutas ameaças espirituais. De diversas maneiras o pastor-pro- fessor cuida do rebanho a longo prazo, geralmentedoseunascimentoàmorte. ComofundadordoministérioEMER- GE, o Dr. Richard D. Dobbins afirma: “O pastor está em uma posição única para influenciarahorrívelimagemnegativaqueuma pessoa tem de Deus, as ideias distorcidas, os hábitosdestrutivoselembrançasdolorosasdo passado”. Deummodogeralaspessoasconfi- am a seus pastores o cuidado de suas almas. Os problemas apresentados ao pastor não são diferentes dos apresen- tadosaumconselheiroprofissional.Pre- paração pré-nupcial, problemas matri- moniais,relacionamentopaiefilho,an- siedade,culpa,depressão,vocação,pro- blemassexuais,vícios(incluindoporno- grafia)equestõesdeféestãonotopoda listadasprincipaispreocupações. Enquanto que igrejas maiores têm maispastorespreparadosedisponíveis paraprestarestetipodeserviço,emsua maioria, o pastor típico da Assembleia deDeusofereceaconselhamentoden- tresuasmuitasresponsabilidades.Mas como o pastor fornece conselhos cris- tãos eficazes? O Que É Aconselhamento Cristão Competente? Nãodemoramuitoparaaspessoasdes- cobriremqueapósasuaconversãoelas continuam lutando contra os maus há- bitosdeantesdaconversão.Infelizmen- te,problemaspós-conversãogeralmen- televamosfiéisaduvidaremdasuasal- vação. Um cristão ainda carrega influênci- asdeseuhistóricofamiliar,experiênci- as de família e uma vida de escolhas. Muito de sua história está enraizada na estruturadeseushábitos. Todos têm, afinal de contas, uma históriaqueincluiobem,omaueofeio. Tragédiasedepressãosãosituaçõesque levam os membros da igreja a questio- narem o amor e o cuidado de Deus. Comfrequênciaprocuramopastorem buscadereafirmação,resgateerecupe- ração. O aconselhamento cristão compe- tenteexigequepassemosalémdosim- plesgerenciamentodepecadosoumu- dançadecomportamento.Oaconselha- mento cristão competente deve ofere- cerumadireçãoemeiosparaqueseini- cieumprogramadedesenvolvimento Competente O Conselheiro Cristão Quais são as competências e qualidades essenciais de um conselheiro pastoral eficaz? Por DONALD A. LICHI
  • 16. 16 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 espiritualintencionaleconscienteonde o amor de Cristo venha antes de qual- quer coisa. O efeito será o tipo de for- maçãoespiritualnoaconselhadoaolon- go do tempo onde se desenvolve cará- ter, mente e hábitos santos com- patíveis com a vida de Cristo. Em suma, Deus abençoou a igreja com diversos minis- térios (apóstolos, profetas, evangelistas epastores-mestres)comopropósitode completar e aperfeiçoar os santos, para otrabalhodoministério. Concordo com o Dr. Gary Collins, pioneiro e líder na área de saúde men- talcristã,queofereceaseguintedefini- çãodeaconselhamentocristão:“A tenta- tivadedefiniroudescreveroaconselhamento cristão tende a enfatizar a pessoa que acon- selha,astécnicasouhabilidadesquesãopra- ticadaseasmetasaseremalcançadascomo aconselhamento.A partir dessa perspectiva o conselheiro cristão é: • Um servo de Jesus Cristo profunda- mente comprometido, guiado pelo e cheio do Espírito Santo. • Aquelequeusaseusdons,habilida- des, treinamento, conhecimento e ideias da- dos por Deus. • Aquele que ajuda os outros a alcan- çarem inteireza pessoal, competência nos re- lacionamentos interpessoais, estabilidade mental e maturidade espiritual.” GerardEganafirma:“Conselheirossão eficazesnamedidaemqueseusclientes,atra- vésdainteraçãoconselheiro-cliente,estãoem melhor condição de gerenciar suas situações problemáticas e/ou desenvolver suas ferra- mentas e oportunidades ociosas de maneira mais eficaz.” O aconselhamento cristão compe- tente auxilia no diagnostico de proble- mas, determinando expectativas, defi- nindopontosfortesedesenvolvendoes- tratégias de tratamento que permitem o aconselhado a melhor atingir seu po- tencialnoReino.Abordaremosessesas- pectosmaisdetalhadamenteabaixo. O Propósito do Aconselhamento Cristão Para que propósito Deus presenteou a igreja com o pastor (do qual aconselhar éumafunçãoprincipal)?Arespostaestá emEfésios4:12ondeencontramosafra- se“... paraoaperfeiçoamentodossantos.” Aqui é usado o termo katartismonque nãoéencontradoemnenhumoutrolu- gar do NT, apesar de verbos similares seremencontradosemoutrosversos(Mt 4:21, “consertando alguma coisa”; Hebreus11:3,“trazendoouniversonoiní- cio à sua forma e ordem desejada.”; e Gálatas 6:1, “restaurar a vida espiritual de uma pessoa que caiu”). Lembre-se que, a missão evange- lística da igreja á apresentar Cristo aos perdidosenquantoaquemissãopasto- ral(aqualincluioaconselhamento)aju- da os crentes a alcançar o seu potencial noReino.AboanovaéqueCristopode salvar o pecador e transformá-lo a ima- gemdeCristo.OEspíritodeDeustra- balha para transformar a pessoa por in- teiro.Elecuraocorpo,amente,asemo- ções, os relacionamentos e a nossa ca- minhada com Jesus Cristo. Encorajar o aconselhadoacolocarsuaconfiançaem Cristoéumprivilegiomaravilhosoeres- ponsabilidadedopastor. Idealmente, a pessoa que procura ajudapastoralamadureceeadquireuma condiçãodeaptidãoparaoexercíciodas suas funções no Corpo de Cristo. Em outras palavras, a cura de uma pessoa nuncafavorecesomenteaele.Maisdo que isso, Deus traz cura para a vida de uma pessoa para o bem de outros tam- bém. O Planejamento e o Processo do Aconselhamento Cristão Competente Paramuitospastores,aideiadeaconse- lhar tem um certo glamour. Afinal de contas, as pessoas procuram sua sabe- doriaedireçãoparaascomplexasques- tões da vida. No livro BUILDING YOUR CHURCH THROUGH COUNSEL AND CARE (CONSTRUINDO SUA IGREJA ATRAVÉS DE ACONSELHAMENTO E CUIDADO), Randy Alcornescreveque,“Paraquemvêdelon- ge, aconselhar é muito bonito – parece miste- rioso, estimulante e desafiador. Mas de perto se vê as imperfeições.” Sendo o aconse- lhamento difícil, cansativo e algumas vezes frustrante, é fácil perder o senso de glamour. ... Eu considerava o aconselhamentocomoapenasumadas fasesdoministériopastoral.Agoraeusei que isso pode facilmente sobrepor não O Espírito de Deus trabalha para transformar a pessoa por inteiro. O Conselheiro Cristão Competente
  • 17. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 17 somente seu ministério como também sua vida inteira. É como o camelo pro- verbialqueenfiaonariznatendae,uma vez dado esta liberdade, continua enfi- ando os ombros e as patas dianteiras, empurrando até que não haja mais es- paço na tenda. Eu aconselho pastores a não gastar maisdoque4a6horasporsemanaem suatarefadeaconselhamento.Também sugiro que limitem a duração de acon- selhamento individual para 3 a 5 ses- sões. Se o problema não estiver basica- menteresolvidonesteperíodo,podeser a hora de encaminhar. Nãosubestimeosefeitosdeseusser- mõesnoaconselhadoparatratardesuas dúvidascorriqueiras.Lembre-se,acon- selhamento individual pode consumir o seu tempo. O aconselhamento é so- mente uma dentre várias responsabili- dades que você tem. Para manter as expectativas realis- tas,escrevaumdocumentocomalguns princípios básicos que você usará no aconselhamento. Umavezexplicadasasexpectativas, o pastor deve estruturar a relação do aconselhamento. Aqui está uma breve amostra da estrutura que eu costumo utilizar no inicio de uma relação de aconselhamento: Oprocessodeaconselhamentocon- sisteemtrêspartes:asuaparte,aminha parteeascoisasnasquaisiremostraba- lharjuntos. • A sua parte é discutir aberta e honestamente as suas preocupações. • A minha parte é ouvir e tentar entender. É por isso que faço pergun- tas e anotações durante a sessão de aconselhamento. • A terceira parte é uma respon- sabilidadecompartilhadaeincluisigilo, tomadadedecisãoeaprendizado.Sigi- losignificaqueeunãoireicompartilha- reicomoutraspessoasascoisasquecon- versamosnaterapia.(Nota:asexceções a esta regra incluem: risco de suicídio, homicídioeabusooumaustratosinfan- tis.)Trabalharemosdiligentementejun- tos para tomar decisões, mas a respon- sabilidade pelas decisões é sua. Final- mente,émeudesejoquevocêaprenda uma série de coisas nas sessões de aconselhamentoquepoderáaplicarem outras áreas de sua vida. Após estabelecer a estrutura, uma boa maneira de iniciar o processo de aconselhamento é perguntar: “Porque você está aqui?”; “Como posso serví- lo?”;“Oquelhetrouxeaqui?” Euper- mitooaconselhadoadarumabreveex- plicação de suas preocupações. Em se- guida, uso uma abordagem focada na soluçãoepeçoaoaconselhadoparaima- ginar qual seria o resultado se ele pu- desse solucionar o problema. Curiosa- mente,aspessoasgeralmentenãopen- sam em soluções ou situações preferi- dasquandofocamsomenteseuproble- ma. Emseguidavemoplanejamentodas metas. Eu oriento o aconselhado a de- senvolver metas claras e gerenciáveis que levem a solução do problema e to- madadedecisão.Juntamentecomoes- tabelecimentodasmetas,trabalhocom o aconselhado para restaurar intencio- nalmente uma saúde equilibrada do corpo, mente, emoções, relacionamen- toseespecialmenteemsuacaminhada pessoal com Jesus Cristo. Portanto, é comum que no início de cada sessão subsequente eu faça perguntas sobre estascincodimensões:física(alimenta- ção, sono, exercício e descanso), inte- lectual(pensamentos,anotaçõesemfor- ma de diário, obsessões, leitura), emo- cional (humor, energia), social (relacio- namentosmaisimportantes,vidanotra- balho,vidaemcasaeamizades)eespi- ritual (vida devocional, oração, leitura O Conselheiro Cristão Competente NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 17
  • 18. 18 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 bíblica, disciplinas espirituais). Tam- bém trabalho com o aconselhado para desenvolver metas mensuráveis em cada um desses cinco aspectos. Lembre o aconselhado que a força de vontade é uma parte essencial do aconselhamento,maséinsuficientepara lidar com hábitos de pecado que estão enraizados. A vontade humana nunca podesupriroqueagraçadeDeuspode. Viver e andar nos caminhos de Deus, da graça disciplinada, produz em nós umadisposiçãoaagirefazeraSuavon- tade (Fp 2:13). Ao final de cada sessão, dê uma li- ção para casa. Isso demonstra que você espera que ele assu- ma responsabilidade no processo de acon- selhamento. A lição de casa é um voto de confiança de que ele podefazermudanças saudáveis em sua vida com a ajuda de Deus. Saúdeequilibrada,aolongodotem- po, reverte muitas das consequências doshábitosnãosaudáveiseconstróiuma estruturadehábitosbíblicosnavidado aconselhado. A sessão de aconselhamento termi- nacomumaoraçãoquepedeaoEspíri- to Santo de Deus que lembre, auxilie, conforte, convença e desafie o aconse- lhado. A oração também proporciona a oportunidadederesumirospontosim- portantesdasessãodeaconselhamento. A Dor do Aconselhamento Cristão Competente O aconselhamento cristão competente é arriscado. Algumas vezes é doloroso. Odesapontamentoprincipalqueospas- tores enfrentam é quando as pessoas começamafazeralgumprogressoede- pois começam a falhar, voltam atrás ou simplesmente rejeitam o trabalho que foi feito. OapóstoloPaulosentiualgosimilar após dedicar sua vida e coração às igre- jasdosGálatasedescobrirqueelesha- viamrejeitadoaverdadesimplesdasal- vação pela fé em Cristo Jesus. Ele so- freuaotestemunharmembrosdaigreja retroceder e voltar para os “rudimentos fracos e pobres.” de suas vidas passadas (Gl 4:8,9). Ele comparou sua dor com “dores de parto até Cristo ser formado em você.” (Gl4:19). Talvezvocêtenhasen- tidoomesmo,tendodoadoseucoração no aconselhamento de alguém em sua congregaçãoeemseguidavê-lorejeitar asabedoriadivinaeretrocederasuafor- ma de vida antiga. Descanse, certo da verdade da palavra de Deus e de Seus caminhos. Continueencorajando,rogando,avi- sando,admoestandoeexpondoaoacon- selhadoasprevisíveisconsequênciasde suas escolhas. Deixe-oavisadodequesecontinu- ar alimentando o “velho eu”, isso o le- vará a uma quebra de relacionamento com Deus e terá outras consequências negativas(ver Gl 5:16ss).Poroutrolado, seoaconselhadosabiamentesesubme- terapalavradeDeusecaminharcomo Espírito Santo, sua vida irá produzir o frutodoEspírito(Gl 5:22ss). Avaliando o Aconselhamento Cristão Competente Para avaliar um aconselhamento Cris- tão competente o pastor precisa verifi- DONALD A. LICHI, Ph.D. Psicólogo e vice-presidente do Emerge Ministries, Inc., em Akron, Ohio (EUA). car se o aconselhado alcançou os resul- tadosesperados.Éimportanteverificar o que você esperava. O que funcionou eoquenãofuncionou?Oaconselhado progrediu na obtenção de seus objeti- vos? Você percebe os efeitos de uma vida transformada e o desenvolvimen- to de novos e bons hábitos? Você per- cebeofrutodoEspíritonavidadoacon- selhado (Gl 5:16-26)? Você vê o acon- selhado tomando decisões que negam o antigo “eu” e reforçam o novo? Ele evita a imoralidade, o egocentrismo e osvícios?Eledesenvolveafeiçãopelos outros, prazer em viver e serenidade? Existeodesejodeperseverarnasascoi- sas de Deus? Existe compaixãoemseuco- ração? Resumindo, o aconselhado ama as coisas que Deus ama e rejeita as coisas que Deus rejeita? Ele se entristececomascoisasqueentristecem oEspíritoSanto? Por causa da sua dependência no Santo Espírito, o pastor deve esperar progressosobrenaturalemsituaçõesdi- fíceisnoaconselhamento. O aconselhamento Cristão compe- tente depende do Espírito Santo para darpoder,confortoediscernimento.O pastoréumcanalimportanteatravésdo qual o Espírito Santo ministra efetiva- mente às antigas feridas do aconselha- do, provê capacitação para as lutas da vida atual e oferece esperança para um futuroglorioso. A vontade humana nunca pode suprir o que a graça de Deus pode. O Conselheiro Cristão Competente
  • 19. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 19 D e todas as necessidades trazidasaopastor,poucassão tão complexas e difíceis de li darquantoaquelasdedoenças edorescrônicas.Doençacrônicaedorcrônica (DC/DC)temumimpactotremendonaqua- lidade de vida de um indivíduo. Só de saber queprovavelmenteterãoqueviveravidatoda (salvoummilagredecura)lidandocomades- truição da doença ou da dor é um fardo enor- medesecarregar.Portanto,acosmovisãoda- queles com DC/DC, até mesmo a do crente cheio do Espírito Santo, é bastante diferente daqueladeumapessoasaudável.Aquelescom DC/DC pertencem a uma população sui- generis que os coloca à parte da maioria das outras pessoas. As duas pragas – DC/DC – existem em proporções epidêmicas nos Estados Unidos. DeacordocomosCentersforDiseaseControl (CentrodeControledeDoenças)eoNational Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (Centro de Prevenção de Doenças Crônicas e Promoção da Saúde), o númerodeindivíduosquesofremcomdoen- çascrônicasvariaentre54milhões(1emcada 5americanos)e90milhões(1emcada3ame- ricanos). A doença crônica é definida como qualquer incapacidade física, psiquiátrica ou cognitiva que interfira significantemente no dia-a-dia do indivíduo. Portanto, doença crô- nicaenglobaumgrandenúmerodedoenças, incluindo: doenças cardíacas, diabetes, esclerosemúltipla,distrofiamuscular,malde Parkinson,cegueira,lesõescerebraistraumá- ticas, malformações congênitas e um grande númerodedoençasmentais. De acordo com a American Chronic Pain Association (Associação Americana para Dor Crônica), aproximadamente 50 milhões de americanosvivemcomdorcrônica.Adorcrô- nicaédefinidacomodesconfortofísicocontí- nuosuficientementeseveroparainterferirnas atividades normais da vida de um indivíduo. Pode incluir: lesões da coluna, artrite reuma- tóide,neuropatia,câncer,distúrbiosgastro-in- testinais e enxaqueca. Dois terços desses 50 milhões convivem com dor crônica há mais de 5 anos. Uma vez que nossa percepção de tempoérelativa,imaginea“eternidade”que 5 anos de dor podem parecer. Uma Abordagem de Aconselhamento Pastoral para Aqueles com Dores e Doenças Crônicas Os Grandes Desafios do Cuidado Pastoral / DOUG WIEGAND A dor crônica aumenta o tormento daqueles que convivem com doença crônica. DOUG WIEGAND, Ph.D. Conselheiro profissional em Pittsburgh, Pennsylvania (EUA).
  • 20. 20 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 MuitosquesofremdeDC/DCtêmreceio dediscutirseusproblemascomqualquerpes- soa.Omedodenãosercompreendido,aver- gonhaesentimentosdefracassosãoasrazões maiscomunsparanãoprocuraremajuda.Po- rém, um pastor compassivo, disposto a lidar comosproblemasesmagadoresencaradospor alguémquesofredeDC/DC,temumaopor- tunidadeúnicadeministraresperançaaode- sesperado. Adorcrônicaaumentaotormentodaque- lesqueconvivemcomdoençacrônica.Inde- pendentementedesermoderadaoumesmo agonizante,adorconstantepodedesgastaraté o cristão mais fiel. A citação a seguir, de um de meus clien- tes, demonstra o quão difícil é conviver com neuropatiacrônica: “Às vezes, acho que não vou aguentar.Diaapós diaadorme desgasta.Está sem- pre lá. Me dilacera. Alguns dias são piores que ou- tros,masestásemprelá.Àsvezes, éumadormonó- tona latejante, como uma dor de dente. Aí, digo a mim mesmo: Não está tão ruim.Você aguenta.Mas aqualquermomentoaqueladorpiorasemavisopré- vio e sinto uma pontada, como uma navalha afiada, me cortar.Eu tento não gritar, mas às vezes suspiro surpreso e agarro minha perna.A expressão de tris- teza da minha esposa é pior que a dor.” (TRUCK DOWN BUT NOT DESTROYED!: A CHRISTIAN RESPONSE TO CHRONIC ILLNESS AND PAIN.) Baseado nas estatísticas da citação acima, as chances são grandes de que você seja cha- mado para cuidar de um indivíduo com DC/ DC. A doença crônica dessa pessoa pode ter limitadoseveramentesuamobilidade.Talvez a dor crônica tenha tirado a capacidade para trabalhar. Quando você enfrentar problemas difíceis ao ajudar um membro da igreja com DC/DC,certamenteprecisarádasabedoriado Espírito Santo para ser eficaz. Édifícilparaaquelesquesãorelativamente saudáveisentenderemasexperiênciasdevida daquelesquesofremdeDC/DC. Existe um padrão de atitudes, crenças e comportamentos comuns aos doentes crôni- cosouaosquesofremdedorcrônica.Acom- preensão desses temas ajudará o pastor a es- tar mais bem preparado para o aconselha- mento. A angústia de tentar suportar a dor inces- sante é prejudicial ao ser humano. Dividi a personalidade humana em três dimensões fundamentaisquesãonegativamenteimpac- tadasporDC/DC:espiritual,relacionaleemo- cional. A Dimensão Espiritual A dimensão espiritual contém os esforços e desejossobrenaturaisdaalmahumana.Aque- les com DC/DC frequentemente têm mui- tas dúvidas sobre a natureza ou até a realida- de de Deus. É vital, portanto, que logo no início de um processo de aconselhamento, o pastor, respeitosamente, procure uma opor- tunidadeparaconversarsobrecrençasespiri- tuais e seu relacionamento com Jesus. À medida que progredir o aconselha- mento,opastorterápreparadoocenáriopara apresentaroplanodesalvaçãoouentãoforta- lecer a fé do crente. É somente quando se permite que Jesus carregueofardo,queumapessoapoderáen- contrarforçaparasuportaradorouosofrimen- toconstante. Por que? Opastorconselheiroprovavelmenteteráque lidarcomosporquês.Especificamente,“Por que eu preciso sofrer com essa dor e doen- ça?” Existemmuitosoutrosporquêsquese- rãofeitos:“Porqueeunãosoucurado?”“Por que um Deus de amor permite dor e sofri- UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas Muitos que sofrem de DC/DC têm receio de discutir seus problemas com qualquer pessoa.
  • 21. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 21 mento?” Essas questões estão entre as mais importantesemtodoocristianismo.Falode- talhada-mente sobre elas em meu livro, STRUCK DOWN BUT NOT DESTROYED!: A CHRISTIANRESPONSETOCHRONICILLNESSAND PAIN(ABATIDOS,PORÉMNÃODESTRUÍDOS:UMA RESPOSTA CRISTÃ À DOR E À DOENÇA CRÔNI- CA). Aseguirestãotrêsexplicaçõesbíblicasdo por quê das DC/DC estarem presentes no mundo: 1. Vivemos em um mundo contami- nado pelo pecado. O paraíso terreno perfeito queDeuscriou(oJardimdoÉden)foiperdi- do.Pauloexplicaque“porumsóhomem(Adão) entrouopecadonomundo,epelopecado,amorte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rm 5:12). Todas as pessoasnomundo(comintensidadesdiferen- tes)lidamcomdoença,dor,envelhecimento emorteporcausadopecadooriginaldeAdão e Eva. 2. Ter DC/DC não é uma indicação dapuniçãodeDeusporcausadeseupecado individual.ComoafirmaPaulonacartaàIgreja emRoma,“poistodospecaramecarecemdagló- riadeDeus.” (Rm 3:23).SeDC/DCfossepu- niçãoporpecadoindividual,entãotodosteri- am a mesma oportunidade de serem acome- tidosdessasenfermidades. A Bíblia descreve circunstâncias em que o pecado de uma pessoa levou à sua do- ença. Mas é essencial que essa possibilidade seja considerada apenas após muita oração e confirmaçãodoEspíritoSanto.AmigosdeJó podem causar um grande estrago em indiví- duoscomDC/DCquejáseencontramisola- dos. 3. Deus pode permitir que soframos paratrazerbenefíciosecrescimentoespiritu- ais.Deacordocomosalmista,“Foi-mebomter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teusdecretos.” (Sl119:71).Émuitocomumpro- curarmosoSenhorcomsinceridadeeféape- nasquandosofremoscomumproblemaenão temos outra saída. Quando se aconselha aqueles com DC/ DC, é importante enfatizar que Jesus enten- deasuadoresecompadecedoseusofrimen- to. Ele conheceu toda sorte de sofrimento fí- sico, emocional e espiritual. O profeta Isaías O Que Fazer: 1.Estabelecer um relacionamen- to atencioso. 2. Ouvir. Ouvir. Ouvir. 3. Perguntar sobre a dor e a do- ença. 4. Aprender sobre a doença. 5.Encorajá-los a se aconselha- rem com você ou com outra pessoa. 6. Confiar no Espírito Santo para guiá-lo. 7. Estar alerta para qualquer si- nal de depressão ou pensa- mento suicida. 8. Orar regularmente com eles. 9. Ser flexível e paciente. 10. Estar ciente das necessida- des do cônjuge e filhos. UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas O Que Fazer e o Que Não Fazer Quando Aconselhando Pessoas com Doenças Crônicas e Dor O Que Não Fazer: 1. Ficar com medo da pessoa. 2. Oferecer chavões superficiais. 3. Ser paternalista. 4. Ficar frustrado e se afastar. 5. Perder o senso de humor. 6. Presumir que conhece o pla- no de Deus para o futuro do so- fredor. 7. Orar somente pela cura. Deve- -se orar também para que te- nham forças para perseverar. 8. Esquecer que você pode con- sultar outros profissionais. 9. Esquecer o isolamento daque- les com DC/DC. 10. Esquecer que Deus está com você enquanto você aconse- lha. DOUG WIEGAND, Ph.D. Conselheiro profissional em Pittsburgh, Pennsylvania (EUA)
  • 22. 22 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 descreveu Jesus como “homem de dores e que sabeoqueépadecer.” (Is53:3).Apesardossen- timentosdealienaçãoesolidãoquetemapes- soacomDC/DC,existeconfortonoconheci- mento de que Jesus “tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si.” (Is 53:4). Jesus está juntamente com a vítima de DC/DC durante toda sua jornada para ame- nizarosofrimento. Sentimentos de incapacidade e baixa auto-estima Quando uma pessoa com DC/DC tenta se ajustaràvidacomgrandeslimitações,étípico que sua auto-estima sofra. Vivemos em uma sociedade que dá alto valor ao sucesso e às realizações.Nossosensodevalorégeralmen- te vinculado ao nosso trabalho ou aos nossos bens. Pessoas que se encontram limitadas a uma cadeira de rodas ou que necessitam de um cão guia, não possuem mais a mesma ca- pacidade de produzir ou competir com uma pessoasaudável.Portanto,nãofazemmaispar- tedogrupo. Éimportantequeopastorconselheirolem- bre a pessoa com DC/DC de que existe um sistemadevaloresfalsonestemundo.Aspes- soasprecisamserencorajadasaoaprenderem queseuvalorparaDeuséincondicionalenão baseado em sua capacidade de produzir. Os cristãos precisam ser fortalecidos pelo conhecimento de que nosso valor intrínseco é baseado em dois fatores. Primeiro, “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem.” (Gn 1:27). Segundo,“OpróprioEspíritotestificacomonosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8:16). Cadacristãoéumaparteúnicaeessencialdo corpo de Cristo, independentemente de suaslimitações. A doença ou a dor não diminui a impor- tância do papel que representamos no plano deDeus. A Dimensão Relacional Afastamento Existeumafortetendênciaparaaquelescom DC/DCdeseafastardeamigos,vizinhos,co- legas de trabalho, membros da igreja e famí- lia. Também se afastam das atividades nas quais estavam regularmente envolvidos, in- cluindoaigreja.Ospastoresprecisamtercui- dado para não se ofenderem ou reagirem exageradamente às suas ausências. Embora se isolem como mecanismo de proteção, isso apenaspioraseussentimentosdealienaçãoe solidão. O afastamento de uma pessoa com fre- quência provoca danos severos ao relaciona- mento com o cônjuge. De acordo com uma pesquisa recente da National Health Inter- view,ataxadedivórcioparacasamentosonde um dos parceiros tenha DC/DC é maior que 75%.Assim,ocônjugeétambémumavítima deDC/DC.Opastorqueaconselhacasaiscom DC/DC precisa considerar a necessidade de aconselhamento conjugal e familiar (depen- dendo da idade dos filhos) juntamente com assessõesindividuais. Hipersensibilidade Uma pessoa com DC/DC é hipersensível a qualquerindíciodedesaprovaçãooucondes- cendência.Porexemplo,poucaspalavrasirão afastá-los tão rapidamente quanto: “Sei exa- tamente o que você está passando.” Mesmo ditapelopastormaisamável,essafrasepene- tracomoumafacadanapessoacomDC/DC. Oquefoiditocomintençãodeserumapala- vradeconfortoeempatiaacabasendorecebi- docomoumchavãosuperficial.Paraumapes- O conselheiro pastoral terá que lidar com os “por quês” UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
  • 23. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 23 soa sensível demais que sofre de DC/DC, serveapenasparaafastá-laaindamaisdaspes- soasnormais.Porém,opastorconselheirocom maturidade espiritual pode agir com a com- paixão de Jesus. Ele pode ser a ponte que religa o isolamento causado pela pessoa hi- persensível.Opastorpodedemonstraroamor eaaceitaçãodeDeus.OsalmistaDaviseale- grou no amor eterno de Deus pelos Seus fi- lhosnessaspalavras:“Poisatuamisericórdiase eleva até aos céus, e a tua fidelidade, até às nu- vens.” (Sl 57:10). A Dimensão Emocional Depressão e Ansiedade Em quase todos os casos de DC/DC, a vida emocional da pessoa é negativamente afeta- da. Com o passar do tempo, ela perde pro- gressivamente a capacidade de lidar com o estresse. Estima-se que 25% daqueles com DC/DCtemoscritériosclínicosparadepres- são crônica (distimia). A maioria das pessoas comdepressãotambémsofremdealgumafor- ma de ansiedade. Juntas, essas doenças rou- bamdessaspessoasrecursosespirituais,ener- gia emocional e foco intelectual necessários para combater sua dor e doença. Pessoas com depressão crônica (distimia) passam pela vida em câmera lenta. Suas rea- çõesemocionaisestãocomprometidaseuma nuvemdepessimismopairasobresuascabe- ças.Atémesmoasatividadesmaisbásicaspa- recemestaralémdesuacapacidade.Nadatraz alegria e elas se sentem sem esperança. Agora acrescente os sintomas de ansieda- deàdistimia.Ansiedadefazcomqueaspes- soassesintamnervosasenãosesintamàvon- tade. Preocupam-se com tudo. Suas mentes corremdeumpensamentonegativoparaou- tro. Podem até sofrer um ataque de ansieda- Quandose aconselhaaqueles comDC/DC,é importante enfatizarqueJesus entendeasuador esecompadecedo seusofrimento. decausandotaquicardiaetremoresdemãos, consequência da adrenalina que corre pelas suas veias. Para combater a depressão e a ansiedade, o pastor deve ajudar essas pessoas a compre- enderemqueadepressãoeansiedadesãore- ações comuns aos problemas de saúde pelos quais estão passando. O pastor deve lembrá- lasdequeDeusésuaforçaeesperançasem- pre presentes em tempos de angústia. O salmista escreveu, “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo!” (Sl 68:19). Transtorno de Ajustamento Essa categoria de sintomas se refere à confu- são e inatividade que inundam aqueles que sofrem de DC/DC. Sentindo-se esmagadas em dúvida, congelam e não fazem nada. Os que sofrem tornam-se passivos e incapazes de ajudar na própria recuperação. Tipicamente,otranstornodeajustamen- to ocorre durante o estágio inicial da doença ou da lesão, logo que se vêem obrigadas a encararsuaslimitaçõesemudançasnomodo de vida. É importante que o pastor contate o membro de sua congregação assim que sou- ber da doença ou do acidente. Nesse estágio inicial,umalicercepoderáserestabelecido,o qual ajudará a acelerar o processo de ajuste à condição.Quandootranstornodeajustamen- totorna-seumestilodevidadelongoprazoé muitomaisdifícilajudá-los. Conclusão Está claro que os problemas relacionados à DC/DCsãonumerososecomplexos.Apesar dasdificuldades,seoEspíritoSantoocapaci- toucomahabilidadeeacompaixãodeacon- selhar, eu o desafio aqui a alcançar os que estão isolados e que sofrem de DC/DC. UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
  • 24. 24 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 U ma boa saúde é um presente precioso de Deus. Quando al- guma doença ou ferimento ameaça nossa saúde, rapida- menteprocuramosrestabelecê-la. No mundo da medicina, existem várias abordagens para cura: medicina convencio- nal, complementar, e alternativa. Pastorespodemsebeneficiarcompesqui- sasdeváriasabordagensparacuraesuaspos- síveis implicações espirituais quando procu- raremmantersuaprópriasaúdeenquantosu- premasnecessidadesdosmembrosdaigreja que precisam de cura. Medicina Convencional: Pontos fortes e fracos Aformadominantedemedicinapraticadanos Estados Unidos eemoutrasnaçõesociden- tais é chamada de medicina convencional. Aquelesquesãolicenciadosparapraticarame- dicinaconvencionalsãomédicos,enfermeiras registradas, e outros profissionais da área de saúde como, terapeutas, nutricionistas, e psi- cólogos. Outro nome para medicina convencional é medicina alopática, criada por Dr. Samuel HahnemannnoséculoXVIII.Otermoalopatia éderivadodogregoalloquesignificaoutroeé baseadonateoriadequesintomasdevemser tratadosporsubstânciasquesuprimemsinto- mas. Hahnemann então fundou homeo- patia,umsistemademedicinaalternativaba- seado na teoria de que semelhante cura se- melhante. Ofoconotratamentodesintomaseodiag- nósticoprecisodesuacausaéumdosmaiores pontosfortesdamedicinaconvencional. Ostestesdediagnósticosusadosnamedi- cina convencional – raios X, tomografia computadorizada,EEC,ECG,eváriosoutros testessanguíneos– podemrevelarapresença de uma doença antes mesmo que o paciente comeceaapresentarsintomas.Estestestesde diagnósticospodemsalvarvidas. Amedicinaconvencionaltambémtêmde- senvolvidoarmaspoderosascontradoençasin- fecciosas, como, antibióticos e vacinas. Exce- lentes ferramentas para ajudar a recuperação deumavítimadeacidentestambémseinclu- ememmedicinaconvencional–técnicaspara fixaçãoóssea,prevençãodehemorragias,eci- rurgia plástica que recupera a aparência física de uma pessoa. Ainda, a abordagem que faz da medicina Ministério&Ética Médica / CHRISTINA M. H. POWEL Abordagem Convencional, Complementare Alternativa paraCura Medicina convencional tendesefocar maisemcurar doençasdoque emmantera saúde. CHRISTINA M.H. POWEL, Ph.D., ministra norte-americana ordenada e cientista de pesquisas médicas, prega em igrejas e conferências em todos os EUA. Ela é pesquisadora na Escola de Medicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachussets, assim como fundadora do Life Impact Ministries.
  • 25. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 25 convencional um sucesso no tratamento de doençasbaseadasempatógenos,desequilíbrio químicoelesãoagudapodeserumpontofra- co no tratamento de muitas doenças crônicas comoartrite,fibromialgia,emaldeAlzheimer. Em geral, a medicina convencional foca- se mais em curar doenças e menos em man- ter a saúde. As principais ferramentas desse tipodemedicinasãodrogas,cirurgias,eradia- ção. Medicina convencional tende a se focar em partes individuais que não estão funcio- nandoaocontráriodefocarapessoacomoum todo. Emcontraste,medicinaalternativasefoca mais em previnir doenças e manter a saúde através de mudanças de hábitos, como a die- ta, exercícios, e o uso de suplementos nutri- cionais. Medicina Alternativa: Capacidade e Cautela Medicina alternativa é uma abordagem para a cura usada no lugar de medicina conven- cional. Amedicinacomplementar,poroutrolado, éusadajuntamentecomamedicinaconven- cional. Por exemplo, se uma dieta especial é usada no tratamento de câncer no lugar de uma cirurgia recomendada por um médico convencional, a dieta pode servir como uma terapiaalternativa.Porém,seumadietaespe- cialfoiusadaparacombatercolesterolaltoem umpacientecomdoençadecoração,alémda cirurgiaderevascularização,adietapodevira ser como uma terapia complementar. Umavezqueamesmaterapiapodeservir tanto como complementar ou alternativa, as outrasterapiasforadamedicinaconvencional sãogeralmenteagrupadassobotermoterapi- as MCA (medicina complementar e alterna- tiva). ANationalCenterforComplementaryand Alternative Medicine, do National Institute of Health, classifica terapias MCA em 5 ca- tegorias: a) Sistema médico alternativo b) Intervençãocorpo/mente c) Terapias com bases biológicas d) Métodosbaseadosemmanipulação corporal e) Terapias de energia. Os sistemas médicos alternativos são sis- temas completos de teoria e prática que se desenvolveram independentemente da me- dicina convencional. Homeopatia e naturo- patiasãodoissistemasmédicosquesedesen- volveramnasculturasocidentais,enquantoa medicina tradicional chinesa e Ayurveda são exemplosdesistemasmédicosdesenvolvidos nas culturas não ocidentais. Ambos sistemas são baseados em crenças religiosas orientais. Ateoriaportrásdamedicinachinesaéba- seada na filosofia Taoísta e no dualismo yin yang. Yin representa o princípio frio, lento ou passivo, enquanto oyangrepresenta o princí- pio quente, agitado ou ativo. A saúde tem resultados quando o corpo possui as forças de yin e yang balanceadas. A doença acontece devido ao desequilíbrio in- terno de yin e yang que levam à um bloqueio do fluxo da energia vital (qi ou chi) pelas vias do corpo conhecidas como meridianos. Atra- vés do uso da acupuntura, preparações com ervas, e massagem, o praticante da medicina tradicionalchinesatentarestauraroequilíbrio entre yin e yang. Ayurvedasignificaconhecimentodavidaem Sânscrito.OsprincípiosdaAyurvedadestinam- se a capacitar uma pessoa a se encarregar de sua própria vida e cura. A teoria por trás de Ayurveda é baseadas na Vedas, ou escrituras Hindus. Assim como a medicina tradicional chinesa,Ayurvedareconheceenergiasbásicas. Nesta abordagem para a cura, existem 3 energias básicas que devem estar equilibra- das: a) Vata(vento) b) Pitta(fogo) c) Kapha (barro ou terra). Através do uso de ervas, nutrição, proces- so de limpeza, massagem de acupressura, e UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas Ossistemas médicos alternativossão sistemas completosde teoriaeprática quese desenvolveram independente- mente damedicina convencional.
  • 26. 26 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 yoga, o praticante da Ayurveda tenta restaurar oequilíbrioentre as três energias da pessoa. Ospontosfortesdosistemamédicoalter- nativoéaintegraçãodamente,corpo,eespí- ritoqueégeralmentedeficientenamedicina convencional. Paraoscristãos,porém,aligaçãoentrees- sas abordagens da medicina e antiga religião orientalémotivodecautela.Asteoriasdeener- giadavidaportrásdessessistemasnãopossu- em base científica ou bíblica. Alguns médicos que rejeitam as teorias Taoístas de acupuntura, têm desenvolvido teoriasfisiológicasquepodemjustificarouso limitadodaacupunturacomoanalgésico.Em algunscasos,omotivodapreocupaçãoespiri- tualéminimizado. A segunda categoria de teoria MCA é in- tervençãocorpo/mente,ondeumavariedade de técnicas é usada para realçar a capacidade da mente afetar o corpo. Algumas técnicas nessacategoriasãoconsideradaspartedeuma terapiaconvencional,comogrupodesuporte apacientes.Outrastécnicassãotambémcon- sideradas alternativas, incluindo meditação, oração, biofeedback, terapias baseadas em arte, música e dança. Resultadosdepesquisasrelacionadoscom interação corpo-mente incluem estudos que revelam a importância de interações sociais, relacionamentos saudáveis, e o compareci- mento nos cultos em manter uma saúde am- bosmentalefísica.Essesresultadoscompõem ummaterialexcelenteparailustraçõesdurante as pregações. Por outro lado, outras terapias nesta categoria derivam de pensamentos de Nova Era, por isso deve-se ter cautela. A terceira categoria de terapias MCA é a terapia com bases biológicas. Estas terapias utilizam substâncias encontradas na nature- za,comoprodutosàbasedeervas,suplemen- tosmineraisevitamínicos,eantioxidantesde- rivados de frutas e vegetais. Ervassãoaformamaisantigadecuidados com a saúde e são a base de muitas drogas usadasfrequentementenamedicinaconven- cional. Na verdade, aproximadamente 25% deprescriçõesmédicasdispensadasnosEUA contémpelomenosumingredientederivado de material sintetizado para imitar um com- postodeplantanatural. Portanto, medicamentos à base de ervas podem ser eficazes no tratamento de várias doenças. Além disso, algumas ervas, assim como drogas usadas na medicina convencio- nal, podem causar efeitos colaterais e toxici- dade em altas doses. A pureza e a dosagem são pontos impor- tantesrelacionadosàmedicamentosàbasede ervas.Ervaspodemconterumamisturacom- plexadeingredientesativos. As drogas derivadas de ervas são prepara- çõespurasdocomponenteativomais impor- tantedeumadeterminadaplanta.Portanto,é maisfácilestabelecercorretamenteadose(am- bosseguraeeficaz)deumcomponentepuri- ficado de uma erva do que a dose correta da própria erva. Além disso, alguns componen- tes podem ser tóxicos. A purificação permite ocomponentemedicinalserseparadodequal- quercomponentetóxico. Poroutrolado,aeficáciadealgumaservas podevirdealgunsconstituintes,fazendocom queaervanãopurificadasejamaiseficazque um ou dois componentes de uma erva puri- ficada. Alguns cuidados devem ser observados para as terapias com bases biológicas. 1. Naturalnãosignificanãotóxico.Al- gunscomponentesdeplantas,comoalcalóides pirrolizidínicossãocarcinogênicos.Porexem- plo,aervaConfrei,cujasfolhaseraízescuram feridas, segundo herbalistas modernos, tem estacapacidadederivadadeseucomponente alantoína, que promove a proliferação de cé- lulas.Porém,jáqueConfreitambémcontém alcalóides pirrolizidínicos carcinogênicos, a alantoína purificada poderia ser uma escolha mais segura que a própria erva. 2. A erva e os suplementos podem interagir com drogas comuns e causar efeitos colaterais sérios. Por exemplo, vegetais ver- Umaboa pesquisacientífica éachavepara discernira diferençaentre tratamentos eficazese tratamentos inúteise perigosos UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
  • 27. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 27 des folhosos e brócolis, que possuem vitami- na K, não devem ser consumidos em grande quantidades enquanto estiver ingerindo Coumadin, um anticoagulante (afinador de sangue).Estesvegetaispodemcausarainefi- cácia da droga, resultando na coagulação do sangue. Assim, é importante informar a seu médico qualquer planta medicinal ou suple- mentoquevocêestejatomandoouqualquer mudança de dieta que você tenha feito. AquartacategoriadeterapiasMCAinclui métodosbaseadosemmanipulaçãocorporal, comomanipulaçãoosteopáticaequiroprática, e massagem. Estes métodos focam-se em manter e restaurar a saúde através do alinha- mento da estrutura do músculo esquelético para melhorar a função do corpo. A ênfase está na saúde ao invés de na do- ença e na restauração da habilidade natural do corpo de se curar. Algunsproblemaspodemacontecerquan- do esses métodos são usados na tentativa de tratardoençasalémdacapacidadecomprova- da.Enquantoaquiropráticapodeserútilpara problemasnomúsculoesquelético,tenhacau- telacomafirmaçõesdequeajustesdacoluna podemtratarórgãosdoentesecurarinfecções. Alémdisso,amanipulaçãodacolunacervical (pescoço) em raras ocasiões podem causar AVC pelo fato de rasgar as paredes arteriais. Poressarazão,amanipulaçãodopescoçonão deve ser feita em pacientes idosos. Umapreocupaçãoespiritualrelacionadaa terapiaquiropráticaéoconceitodeinteligên- cia inata exposta pelo fundador da quiroprá- tica, David Daniel Palmer (1845-1913). Ele descreveu uma inteligência inata dentro de nossos corpos que estava conectada a inteli- gênciauniversalatravésdenossosistemaner- voso. Essesconceitosespirituaissãocompatíveis a visão panteísta e não a verdade bíblica. Po- rém hoje, existem muitos cristãos que prati- camaquiropráticaqueanularamosconceitos dePalmerepensameminteligênciainatasim- plesmentecomoumaenergiabioelétricaque flui do cérebro para o resto do corpo através dosistemanervoso. A categoria final das terapias de MCA é a terapia de energia, a qual envolve o uso de camposenergéticos.Existemdoistipos:tera- pias do biocampo e terapias bioeletromag- néticas.Enquantoaexistênciadebiocampos – campos energéticos ao redor e dentro do corpohumano– nãofoicientificamentepro- vada,terapiascomoqigong,Reiki,etoquetera- pêutico pretendem manipular esses campos para restaurar e manter a saúde. Qi gong é baseada no conceito de energia vital da medicina chinesa e filosofia Taoísta. ReikifoidesenvolvidapeloJapaneseTendai BuddhistMikaoUsuiqueafirmouqueobte- veconhecimentodessaterapiaatravésdeuma revelação mística. O ki em Reiki é a pronúncia japonesa da palavrachinesaqi,aforçadavidaTaoísta.Uma enfermeira e professora de enfermagem da New York University, Dolores Krieger, Ph.D., enfermeira registrada, seguidora da Teosofia, criou o toque terapêutico no início da década de 70. Cristãos fariam bem se evi- tassemterapiassemfundamentosbíblicosou científicos. Asterapiasbioeletromagnéticasenvolvem ousonãoconvencionaldecamposeletromag- néticos para tratar uma série de doenças no músculoesquelético.Estãoinclusasnestaca- tegoria:shoeinsert,kneewrap,eoutrostiposde bandagens que aliviam dores nas juntas e músculos por causa de ferimentos causados poresportes. Existemduasexplicaçõespossíveisparaa eficácia da terapia magnética. – Aprimeirateoriapostulaqueosímãs simulam as finalizações dos nervos na super- fície da pele liberando substâncias químicas naturais do corpo chamados endorfina que funcionam como analgésicos. – Asegundasustentaqueosímãspro- movem a cura através do aumento do fluxo sanguíneopelaatraçãodosíons(moléculascar- regadascomelétrons)presentesnosangue. Sejacuidadoso comas afirmaçõesque parecemser muitoboaspara serverdade porquetais afirmações provavelmente nãosão. UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
  • 28. 28 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 Medicina Complementar: O Melhor dos Dois Mundos? Possivelmente, uma abordagem para a cura quefazusodeforçasdeambasmedicinacon- vencional e medicina alternativa poderia ca- pacitar uma pessoa a experimentar o melhor dosdoismundosdamedicina. Asformasdemedicinaalternativacomsu- portecientíficopoderiamserusadasparaman- ter a saúde e aumentar a aptidão física, en- quanto a medicina convencional poderia ser usada para diagnosticar precisamente e erradicar uma doença. Alguns cuidados, po- rém, devem ser observados. Primeiro, um caminho não convencional paraacuranãoénecessariamenteocaminho maisbíblicoouespiritual. Umaboapesquisa científica é a chave para discernir a diferença entretratamentoseficazesetratamentosinú- teiseperigosos. Ospraticantesqueassumemumarelação contraditória com a o estabelecimento médi- coestãotentandoevitararesponsabilidadede fazer com que sua cura pareça uma revisão científica e médica. Infelizmente,oscristãosquepossuemuma visão negativa da ciência como um domínio dosateístaspodemservítimasdasabordagens que usam linguagem espiritual. Porém, de- vemos ter cuidado para discernir as aborda- gensbíblicasdosoutrosconceitosespirituais. Segundo, seja cuidadoso com as afirma- çõesqueparecemsermuitoboasparaserver- dade porque tais afirmações provavelmente nãosão.Curasmiraculosasnãoexisteminde- pendentemente de milagres bíblicos genuí- nos. Suspeite se um produto ou abordagem estiversendousadocomotratamentodeuma variedade de doenças. Finalmente, um sistema que explica os processosdocorpousandoteoriasforadoen- tendimento médico de anatomia e filosofia devesersuspeito.Comocristãos,acreditamos queaverdadeéestabelecidaatravésdaPala- vrareveladadeDeuseatravésdaobservação cuidadosa da criação dEle. Teorias místicas que não podem ser validadas através de pes- quisas não devem ser confiadas. Implicações para Cuidados Pastorais O aumento do interesse pela medicina alter- nativa,oqualtentatratarcorpo,menteeespí- rito de um paciente, pode ser visto como a intensidadedafomeespiritualemnossasoci- edade de alta tecnologia. O desejo dentro da comunidade médica emintegrartratamentosparaasnecessidades espirituais do paciente assim como as neces- sidadesfísicasvalidaaimportânciadoscuida- dospastoraisemumhospital.Estastendênci- aspodemservistascomoportasdeoportuni- dadesparaministrosdoevangelho. Oaumentodousodeterapiasalternativas baseadasemfilosofiasdaNovaEraereligiões antigassignificaqueosministrosdevemestar preparados para educar seu rebanho em im- plicações espirituais de tais sistemas de cren- ças do mesmo modo que podem fornecer ensinamentos sobre o perigo de rituais. Por exemplo,omodelobíblicoparaacuragrifado em Tiago 4:14, 15 não deve ser confundido com a imposição de mãos para equilibrar a energiavital. Embora um pastor não esteja em posição de julgar cientificamente a eficácia de uma terapiaalternativa,eleestáemposiçãodefor- necer insight da importância de usar o discer- nimento quando procurar cuidados médicos. Alémdisso,opastorétambémqualificadopara falar sobre as necessidades espirituais de um membroqueestejaprocurandoporrespostas espirituais e conforto emocional por causa de fontesquestionáveis. Minha oração para cada pastor é que eles possam voltar seus corações ao Médico dos médicoseprotegerorebanhodedanosespi- rituaisdisfarçadosdecuidadosmédicos. Curasmiraculosas nãoexistem independente- mentede milagres bíblicos genuínos. UmaAbordagemdeAconselhamentoPastoralparaAquelescomDoreseDoençasCrônicas
  • 29. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 29 G irolamo Savonarola (1452-98) foi o João Ba- tista de Deus para a Reforma. Morreu ape- nas 19 anos antes de Martinho Lutero afixar suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg. O ministé- rio de Savonarola foi um chamado ao arrependimento. Tragicamente, ninguém o reco- nhece. Por haver, sem medo e com vigor, repreendido o papa, pedindo reforma moral nos níveis mais altos, a Igreja Romana o repudiou. Como a maioria dos protestantes, ele ama- va e pregava a Bíblia, mas como pré- reformista não via claramente a jus- tificação pela fé somente, então os historiadores protestantes não sa- bem o que fazer com ele. Deus o conhecia; é isso o que importa. Foi um profeta, ungido com grande po- der espiritual, um dos líderes espiri- tuais mais monumentais da história. Savonarola foi um nome muito conhecido na Europa do século 16. Sua MEDITAÇÃO DO SALMO 51, escri- to durante o período de tortura, foi um campeão de vendas. Superou o IMITAÇÃO DE CRISTO, de Thomas à Kempis, que na época era o mais vendido na Europa. Sua meditação ainda era impressa até o ano de 1958. Suas obras influenciaram Lutero e muitos outros grandes nomes. Em sua velhice, Michelângelo, um dos admiradores de Savonarola, disse ainda poder ouvir o som da sua voz. Quem era este homem e porque é importante para nós nos dias de hoje? Nascimento e Formação Savonarola nasceu em Ferrara, Itá- lia, em 1452. Seu avô piedoso o criou na disciplina e instrução do Senhor e, em uma época em que a Bíblia era ignorada e desprezada, o ensi- nou a lê-la e a amá-la. Eventualmen- te, sua paixão pelas Escrituras foi o segredo de seu grande poder espiri- tual. Inspirado pela Palavra de Deus, Savonarola ansiava pregar. Como os dominicanos eram de- dicados à pregação, ingressou nessa ordem quando ainda jovem. Era um fracasso em oratória. Seu ensina- mento era tão ruim que as pessoas saíam no meio de seu sermão. Co- meçava com a congregação cheia e terminava com um punhado de pes- soas. Para acabar com a angústia e o constrangimento do jovem, seu su- perior o transferiu para o Monastério de San Marco, em Florença. Lá, po- deria ser útil para alguma outra tare- fa que não fosse a pregação. A Renascença, um movimento intelectual que eventualmente ten- tou substituir a religião revelada pela razão humana, estava em pleno auge. Florença era sua capital. A cidade era um antro de imora- lidade sexual, corrupção política e impiedade. A riqueza e poder domi- nante da família Médici atraía artis- tas como Michelângelo, Leonardo da Vinci e Botticelli para praticar seus ofícios. Foi nesse ambiente imoral que Savonarola iniciou seu grande ministério. Pregação Transformada Frustrado com seu fracasso, Savonarola desistiu da ambição de tornar-se um pregador. Havia che- gado ao fim de si mesmo. Era uma humilhação arquitetada por Deus. Sem o saber, estava agora prepara- Girolamo Savonarola História Savonarola foi um profeta, ungido com grande poder espiritual, um dos líderes espirituais mais monumentais da História. P O R W I L L I A M P . F A R L E Y O Profeta de Florença Savonarola foi um nome na Europa do século XVI. Sua meditação no Salmo 51, escrito durante o período de tortura, foi um sucesso de venda.
  • 30. 30 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 Deus demonstrou a imensidade de Seu poder através de Savonarola. do para ser usado por Ele. Foi nesse momento que come- çou uma série de palestras no jardim do monastério sobre o livro do APOCALIPSE. Nem ele e nem seus su- periores esperavam muito, porém, no propósito soberano de Deus, um novo poder soprava através dele. Deus estava lá e o efeito foi eletri- zante. As pessoas começaram a afluir às suas palestras. Dentro de poucas semanas o único assento disponível era o muro do jardim. Tamanha foi a procura para ouvir sua pregação que foi finalmen- te transferido pa- ra o Duomo, uma catedral enorme no centro de Flo- rença. A presença de Deus atrai. Milha- res de pessoas vinham para ouvir esse jovem monge. Sua mensagem, como a de João Batista – seu herói favorito na bíblia, era sobre arrepen- dimento e autonegação, não uma mensagem para a qual os homens são naturalmente atraídos. A Bíblia era sempre seu texto. Sem medo proclamava a necessidade de con- trição, alertando os homens sobre a chegada do julgamento de Deus. Exortava os cidadãos de Florença a confirmar seu arrependimento com atos de justiça. Somente a presença do Deus vivo explicaria os resulta- dos. Um biógrafo escreveu: “A catedral já não podia acomodar as multidões que acorriam de perto e de lon- ge... Galerias de madeira tiveram que ser construídas na parte de dentro da cate- dral na forma de anfiteatro para acomodar o povo. E mesmo assim não era suficien- te... Era uma visão desconcertante ver aquela massa de gente chegando com jú- bilo e regozijando com o sermão como se estivesse indo a uma festa de casamento.” A experiência de Bettucio, uma pessoa devassa, não cristã, fala por muitas. Uma testemunha ocular es- creveu: “Assim que Savonarola subiu ao púlpito tudo mudou em Bettucio... Não con- seguia mais tirar os olhos do pregador.Sua mente estava cativa, sua consciência tocada pelas palavras do frade e disse: ´Enfim me conheci como alguém que es- tava morto em vez de vivo´”. Bettucio en- tregou sua vida a Cristo e nunca mais olhou para trás. Algumas vezes as pessoas esta- vam tão transpassadas pela realida- de de seus pecados que Savonarola tinha que esperar o pranto diminuir para poder continuar. Pelo menos 10 vezes, enquanto transcrevia seus sermões, o monge sentiu-se tão to- mado pela presença e pelo poder de Deus que não conseguia continuar por causa das lágrimas. Jacob Burckhardt, historiador Renascentista, escreve: “O instrumen- to com o qual Savonarola transformou e reinou sobre a cidade de Florença foi sua eloquência. Os poucos relatos que temos, anotados no local, não nos dão uma no- ção exata desta eloquência.Não é que ele possuía alguma vantagem externa notá- vel, pois a voz, sotaque e habilidade retó- rica eram precisamente seus pontos fra- cos... A eloquência de Savonarola estava em sua personalidade dominante... Ele cria que sua eloquência era o resultado da ilu- minação divina.” Deus transformou Florença atra- vés da pregação do monge. Essa ci- dade cética, lasciva e orgulhosa tor- nou-se crente, arrependida e humil- de. Eles alimentavam os pobres, par- ticipavam da igreja com entusiasmo, limparam a corrupção do governo, e cantavam hinos nas ruas. É uma das memoráveis ocorrências na história da Igreja. Através de Savonarola, Deus provou que a Renascença e seus ideais eram impotentes diante do poder do Espírito Santo. Sua Perseguição Deus havia mostrado ao fra- de, em sua ado- lescência, que haveria de sofrer uma morte vio- lenta a serviço de Cristo. Alexandre VI era o papa. Típico da família Bor- gia, possuía muitas amantes e filhos ilegítimos. Era opulento, sensual e ganancioso. Não representava Cris- to. Na medida em que a influência moral e espiritual de Savonarola crescia – não somente em Florença, assim como em toda a Itália e Euro- pa – um confronto com a corrupção de Borgia era inevitável. Savonarola desafiou publicamente Alexandre VI a se arrepender de sua imorali- dade. Até mesmo o chamou de “Re- presentante de Satanás em vez de Cristo”. O pequeno frade foi longe de- mais. Alexandre VI valendo-se do grande poder do papado, fez o cora- joso monge passar por um julgamen- to forjado, torturou-o por 30 dias e o enforcou perante grande multidão na praça principal de Florença. Savonarola tudo sofreu com grande História Savonarola– umdoslíderesespirituaismaismonumentaisdaHistória
  • 31. NOVEMBRO 2010 | Recursos Espirituais • 31 coragem e dignidade. A religião ins- tituída havia, com sucesso, apagado uma luz acesa e brilhante no cora- ção de Florença e da Itália. Sua Importância Por que Savonarola é importante? Primeiramente, ele foi precursor da Reforma. Essa expressão sempre nos traz à mente homens como Wycliffe (1330-84) e Huss (1373- 1415). Mas, assim como João Batis- ta, Savonarola veio “no espírito e po- der de Elias” (Lc 1:17). Seu ministé- rio chamou a atenção da Europa para o arrependimento, preparando-a para a Reforma. Em segundo lugar, o que acon- teceu em Florença foi um dos pri- meiros avivamentos da história mo- derna. Durante 10 anos, o Espírito Santo moveu profundamente e transformou aquela cidade corrupta e imoral. Foi um dos primeiros avi- vamentos registrados depois do Li- vro de Atos e precedeu muitos ou- tros movimentos semelhantes no mundo Pós-Reforma. Em terceiro lugar, Deus demons- trou Seu imenso poder através de Savonarola. Florença era a capital Europeia da corrupção moral. Apesar disso, no auge do minis- tério do pequeno frade, um obser- vador descreveu a mudança na ci- dade: “Nenhuma blasfêmia foi ouvida nos ferreiros, nas padarias e nos armazéns.Às vezes, o mercado local se transformava espontaneamente em festival de música religiosa ao ar livre... Os sacerdotes anda- vam tão ocupados... que Savonarola... pediu aos fiéis uma suspensão, de duas semanas, de todas as atividades... [por- que] os monges estavam fisicamente exaustos.” Quando você se sentir tentado pelafaltadeesperança,lembre-sede que nenhuma cidade ou nação pode resistir ao poder do Espírito Santo. Espere em Deus em arrependimen- to e fé. Sempre existe esperança para nossa situação. Servimos um Deus grande e Onipotente. O que Ele fez no século XV em Florença, Ele pode fazer em Nova York ou Los Angeles. Savonarola foi um vaso de barro cheio do tesouro do poder de Deus. Foi modelo de fraqueza e medo, como da demonstração do poder do Espírito,tãoproeminentesnominis- tério de Paulo (1Co 2:1-5). Em quarto lugar, para desgosto de muitos historiadores da arte, sua pregação influenciou profundamen- te homens como Michelângelo e Botticelli. Diz-se que Michelângelo pintou cenas do julgamento na Ca- pela Sistina de sua lembrança dos sermões do monge. Botticelli foi tão profundamente transformado que deixou de pintar por vários anos. Quando retornou, suas pinturas ti- nham abordagem espiritual, o que antes não acontecia. Um grande efeito na mente do jovem artista (Michelângelo) deve ter sido exer- cido por Savonarola, cuja pregação influenciou Botticelli tão profunda- mente. “Michelângelo, em sua velhice, ainda lia as obras do pregador martirizado e se lembrava do som da sua voz.” Mes- mo os inimigos de Savonarola confes- sam com relutância sua influência. E por último, quando Deus quer mudar uma cidade ou nação ele le- vanta um líder, não um programa, organização ou comitê. Este sempre foi seu método. É por isso que Je- sus nos exortou: “A seara, na verda- de, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da sea- ra que mande trabalhadores para a sua seara.” (Mt 9:37-38). Oremos com diligência e, como Isaías, esperemos em Deus: “Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as na- ções tremessem da tua presença! Quan- do fizeste coisas terríveis, que não espe- rávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença.” (Is 64:1-3). Procure um bom livro escrito por Savonarola. Há muitos deles impres- sos. Você não irá se arrepender. Re- comendo UMA COROA DE FOGO, de Pierre Van Paasen. “Michelângelo, em sua velhice, ainda lia as obras do pregador martirizado e se lembrava do som da sua voz.” WILLIAM P. FARLEY é pastor da Grace Christian Fellowship (Comunidade Cristã daGraça ) em Spokane, Washington (EUA). É autor de FOR HIS GLORY (PARA SUA GLÓRIA), Editora Pinacle, e OUTRAGEOUS MERCY (MISERICÓRDIA EXTRAVAGANTE), Baker Books. Você pode contatá-lo pelo fone: 509-448-3979 ou pelo e-mail: bfarley@cet.com História Savonarola– umdoslíderesespirituaismaismonumentaisdaHistória
  • 32. 32 • Recursos Espirituais | NOVEMBRO 2010 Introdução N os últimos anos, a pregação so- bre a maldição hereditária tem se tornado bastante popular nos círculos pentecostais e carismáticos, sendo ensinadaporalgunsdoslíderesdemaiorevi- dênciadestesmovimentos.Anaturezadaver- dade absoluta e da interpretação correta das Escrituras,noentanto,nãopodeserdetermi- nada pelo número de pessoas que abraçam umadoutrinaoupelapopularidadedaqueles que a promovem. Questões de fé (o que cre- mos)eprática(comovivemosavidacristã)só podemserdeterminadasporumacompreen- são correta das Escrituras. Enriquecimento Teológico / W.E. NUNNALLY Os Pecados da Maldição Hereditária W.E. NUNNALLY, Ph.D. Professor de Judaísmo Primitivo e Origens Cristãs na Universidade Evangel Springfield, Missouri (EUA)