O documento discute a retórica de Aristóteles e Górgias, comparando a abordagem sistematizada e focada na moralidade de Aristóteles com a retórica dos sofistas, que era mais voltada para a persuasão. Também analisa o discurso "Elogio de Helena" de Górgias, identificando elementos da retórica aristotélica nele, como o uso de entimemas e provas dependentes, apesar do objetivo do sofista ser mais a persuasão do que a veracidade.
2. Faremos uso de um estudo do
Elogio de Helena, de Górgias,
com intuito de mostrar os meios
argumentativos usados pelo
sofista em seu discurso, bem
como para comparar esses
meios por ele utilizados aos
recursos argumentativos
propostos por Aristóteles.
3. A retórica
Variações do termo retórica
“A arte de bem falar, mediante o uso de todos os
recursos da linguagem para atrair e manter a atenção e
o interesse do auditório para informá-lo, instruí-lo e
principalmente persuadi-lo das teses ou dos pontos de
vista que o orador pretende transmitir”.
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
Convencer X Persuadir
4. Arte Retórica de Aristóteles
Sistematização da persuasão -> arte
Moralidade
Não se aplica a um gênero delimitado
Entimemas : base da Retórica
Forma de silogismo ou argumentação em que uma das premissas fica
subentendida;
Tipo de argumento que se obtém pelos contrários;
Oposições lógicas;
É refutável.
5. Exemplo de silogismo :Todo homem é mortal; João é
homem; logo, João é mortal.
Lugares-comuns
Provas independentes X provas dependentes
Espécies de retórica:
judiciária, deliberativa e demonstrativa (epidíctica)
Foco na epidíctica
6. Virtude, belo: elogio; honra
Vício e o disforme: censura; desonra
Beleza é digna de glorificação
7. Os Sofistas
•“Sábios capazes de elaborar discursos fascinantes, com
intenso poder de persuasão” . (SIMÕES, 2001)
•“indiferentismo moral e a venalidade .”
•Protágoras e Górgias
8. A retórica aristotélica versus a
retórica gorgiana
Estudo sistematizado;
Moralidade;
Conhecimento empírico;
Revelação do verossímil.
9. A retórica epidíctica
Oratória exibicional > Gênero demonstrativo
Elogios e Censuras
Elogio da beleza: função comum da retórica epidíctica
10. Um estudo sobre o
Elogio de Helena
Objetivo: inocentar Helena, acusada de ter
traído o povo da Grécia ao fugir para Tróia.
Fazendo uma alusão à visão aristotélica do
belo como virtude, Helena torna-se digna de
louvor.
Górgias pretende justificar a ida dela para
território inimigo por meio de seu elogio, que
é distribuído em vinte e uma seções.
11. Introdução
Credibilidade do discurso
Argumentação
Metalinguagem
“Um discurso é um grande senhor que, por meio do
menor e mais inaparente corpo, leva a cabo as obras
mais divinas. Pois é capaz de fazer cessar o medo,
retirar a dor, produzir alegria e fazer crescer a
compaixão. Que estas coisas são assim, mostrarei”.
Repetição da argumentação acerca da força persuasiva
do discurso
12. Entimemas, o “corpo da persuasão”:
- “Pois não é natural o mais forte ser impedido pelo
mais fraco, mas o mais fraco pelo mais forte ser
governado e conduzido, e o mais forte conduzir, mas o
mais fraco seguir”. (seção 6)
- “Se o que é deus tem o divino poder dos deuses,
como o mais fraco seria capaz de o pôr para correr e se
defender?” (seção 19)
13. - “Mas a que foi forçada e privada da pátria e orfanada
dos queridos, como poderia não ser, naturalmente,
mais digna de comiseração do que de maledicência?
Pois ele cometeu atos terríveis, ao passo que ela sofreu;
justo, então, lamentá-la, mas odiá-lo”. (seção 7)
-“Um discurso é um grande senhor que, por meio do
menor e mais inaparente corpo, leva à cabo as obras
mais divinas. Pois é capaz de fazer cessar o medo,
retirar a dor, produzir alegria e fazer crescer a
compaixão”. (seção 8)
- “Se, então, pelo corpo de Alexandre, o olho de Helena
sentiu um ímpeto e transmitiu à alma o conflito do
amor, que há nisso de espantoso?”. (seção 19)
14. Lugar-comum: Conhecimento prévio acerca da
história de Helena
Uso de provas dependentes: orador forneceu meios
próprios para dar consistência a sua argumentação
Indiferentismo moral no desfecho:
“... quis escrever o discurso, por um lado, como um
elogio de Helena, por outro lado, como um brinquedo.”
15. Considerações Finais
Este trabalho teve como objetivo identificar elementos
da retórica aristotélica no Elogio de Helena de autoria
do sofista Górgias.
Linhas finais do elogio: pluralidade de interpretações
Petrelli (2003) faz referência à seguinte sentença de
Platão: “Os gregos sempre são crianças, nunca os
gregos são velhos.”.
“Brinquedo”:
Propósito enganoso do discurso X discurso utilizado
para aguçar a curiosidade do auditório
16. Referência Bibliográfica
ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. Série: Clássicos de Bolso.
ARISTÓTELES. Retórica.São Paulo: Rideel, 2007.
CARPINETTI, Luís Carlos Lima - USP, UFJF. O gênero demonstrativo e sua utilização por Jerônimo a
questão do elogio na querela de Jerônimo e Rufino. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/ixcnlf/13/09.htm>. Acessado em: 14-06-2010.
CHAGAS, Carmem Elena das. Universidade Federal Fluminense. A argumentatividade na comunicação
informativa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/ixsenefil/anais/01.htm>. Acessado em: 13-
06-2010.
DINUCCI, Aldo. Sócrates versus Górgias: as noções de” téchne” e “dýnamis” aplicadas à retórica. Anais de
filosofia clássica, Vol. 2 Nº 4, 2008, ISSN 1982-5323.
E-Dicionário de Termos Literários, organizado por Carlos Ceia. Disponível em:
<http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/E/entimema.htm>. Acessado em: 14-06-2010.
GÓRGIAS. Elogio de Helena. Tradução de Daniela Paulinelli. Belo Horizonte: Anágnosis, 2009. Apresenta
as traduções de textos gregos realizadas pelo grupo Anágnosis, da UFMG. Disponível
em:<http://anagnosisufmg.blogspot.com/2009/10/elogio-de-helena-gorgias.html>. Acessado em:
24-05-2010.
PEBLE, Armando. Breve História da Retórica Antiga. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
PETRELLI, Humberto Zanardo - USP. Elogio de Helena, de Górgias. Disponível em:
< http://www.consciencia.org/gorgiashumberto.shtml>. Acessado em: 14-06-2010.
SIMÕES, Reinério Luiz Moreira. Doutor em Filosofia: IFCH – UERJ (2003).
Os sofistas. UniverCidade/UERJ, 2001. Disponível em: <http://www.reinerio.kit.net/textos/sofistas>.
Acessado em: 13-06-2010.