SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
Práticasculturaisdaperiferianocampo
jornalístico:analisandoosprocessosde
legitimaçãonosquadros“Buzão:Circular
Periférico”(TVCultura)e“CulturaSP”
(RedeGlobo)
Rafaela Defendi Mariano (PG- Unicamp)
Orientadora: Profa. Dra. Anna Christina Bentes
Financiamento de Pesquisa: CNPq
Objetivo do
Trabalho
 Objetivo: apresentar as análises acerca dos processos de legitimação das
práticas culturais da periferia no campo jornalístico.
 Analisamos, assim, as temáticas desenvolvidas em dois quadros de programas
televisivos distintos, as vozes que deles participam, as imagens que são
exibidas e as formas como as práticas culturais são valorizadas e legitimadas
(ou não).
 Campo jornalístico
(BOURDIEU, 1997 [1996]: 77)
 Autonomia e influência sobre os outros campos;
 Porém, dependente dos outros campos: divulgação de eventos, informações e
tendências dos demais campos;
 Meio de sanção e de legitimação de outros campos.
Campo
econômico
Campo
jornalístico
Outros
campos
2
Corpus de
Análise
Projeto CNPq “Estabilização e inovação dos gêneros
midiáticos: tópico discursivo e categorização
social”, coordenado pela Profa. Dra. Anna Christina
Bentes
Análises sobre algumas mudanças na mídia
televisiva brasileira.
Alguns programas apresentam participantes e temáticas
que estão relacionadas ao campo da cultura popular.
Exemplos: Manos e Minas, Conexões Urbanas, A Liga
Nosso corpus para este trabalho:
1) Quadro Buzão: circular periférico, exibido no Programa
Manos e Minas da TV Cultura de maio de 2008 a julho de
2010;
2) Quadro “Cultura SP”, exibido de 2011 a 2014, no jornal
SPTV (Rede Globo). 3
Hipótese do
Trabalho
 Quadros escolhidos:
 integram programas televisivos distintos;
 são apresentados pelo escritor e agitador cultural Alessandro Buzo,
ator social cuja a trajetória pessoal e profissional está diretamente
ligada à periferia.
 “Buzão: circular periférico”:
 rede de televisão pública: não têm fins lucrativos e enfatiza “o
compromisso com a sociedade e não com o mercado”;
 Hipótese:
 apesar de ambos os quadros se configurarem tematicamente e
apresentarem vozes ligadas à periferia de forma a se construir a
legitimação das práticas culturais e sociais da periferia, eles
apresentam diferenças quanto a esses processos de legitimação.
4
Justificativa da
análise e da
escolha do
corpus
 Nossa perspectiva é a de que, para não se ter um olhar banalizador
sobre a televisão, deve-se considerá-la um lugar estratégico nas
dinâmicas da cultura e na construção de identidades coletivas
(MARTÍN-BARBERO, 2001).
 Nesse sentido, a escolha de nosso corpus – quadros dedicados à
apresentação das culturas da periferia nos grandes centros
urbanos e com o objetivo de mostrar o que a periferia produz em
termos artísticos e culturais ― parece se mostrar relevante no
âmbito dos estudos sobre como se constrói a legitimação dessas
culturas no campo televisivo, principalmente considerando o fato
de que esses quadros apresentam aspectos inovadores em relação
aos programas que vêm sendo produzidos na grande mídia
5
Aspectos
estruturais do
programa
6
2008
Rapper
Rappin’
Hood
2009
Rapper
Thaíde
2010-atual:
rapper Max
B.O.
2011-2014:
cantoraAnelis
Assumpção
 Orientação do programa em direção à oficialização (HANKS, 2008),
recurso que consiste no processo de autorização do discurso por
atores sociais legitimados por uma comunidade (GRANATO, 2011:
78)
Apresentadores Repórteres
2008-2010
Interferência:
Ferrez
2008-2010
Buzão:
Circular
Periférico
A. Buzo
Os objetivos do
programa
 Entrevistados do programa: sujeitos oriundos de diversas
comunidades da periferia e de diferentes áreas de atuação.
 Escolha desses atores: ligada à configuração temática do programa que
privilegia as práticas artístico-culturais, os projetos e os espaços da
periferia e também ao projeto do programa de construção do retrato da
periferia a partir do ponto de vista dos próprios sujeitos que vivenciam
sua cultura e que são considerados representantes legítimos dela.
 Evidencia-se, assim, segundo Granato (2011, p. 72),
(...) o papel do programa de trazer “a voz da periferia” à mídia
televisiva, de divulgar, valorizar e possibilitar o conhecimento sobre
essa realidade do ponto de vista dos próprios sujeitos que participam e
promovem práticas sociais, culturais, literárias e musicais vinculadas
tanto às comunidades da periferia quanto ao universo do movimento
hip-hop.
7
A estrutura do
quadro
 Apresentado quinzenalmente com duração média de 3 minutos.
 Alessandro Buzo (AB) visita, em cada episódio, um bairro da periferia, com
o objetivo de apresentar práticas culturais, artísticas e esportivas dessa
comunidade.
Vídeo
de
abertura
Cenas de AB em um
terminal rodoviário de
onde segue o ônibus que o
levará ao bairro visitado;
Imagens do ônibus
fazendo o trajeto no
bairro e cenas do bairro;
Imagem do letreiro do
ônibus;
Trilha sonora: trecho de
um rap. Visita
ao
bairro
Conversa inicial de AB com o
morador que apresentará o
bairro;
Caminhada até os espaços
das práticas com imagens
do bairro e dos moradores;
Entrevistas com moradores
do bairro, que apresentam
as práticas culturais
significativas para a sua
comunidade.
Finalização
.
Exibição de fotos e/ou
vídeos enviados pelos
moradores dos bairros
visitados a fim de
explicitar a forma como
veem o lugar onde
moram.
Agradecimentos de AB ao
morador que conduziu a
visita.
8
Temáticas
recorrentes
• A partir do levantamento, feito por Granato (2011), dos tópicos de cada um
dos 40 quadros exibidos, pudemos constatar a recorrência de determinadas
temáticas.
Temáticas 2008 2009 2010
Projetos sociais com práticas
culturais, artísticas, musicais e
esportivas
15/16 13/17 4/7
Eventos culturais, artísticos e
musicais
12/16 1/17 3/7
Elementos do hip-hop (break,
grafite, rap)
6/16 10/17 1/7
Literatura 7/16 2/17 3/7
Prática de esportes em espaços
comunitários
3/16 1/17 0/7
Projeto Ambiental 1/16 1/17 0/7
9
Temáticas
recorrentes
 Quadro Buzão: Circular Periférico e programa Manos e Minas: mudança na
perspectiva a partir da qual se retrata a periferia: a partir das temáticas,
observa-se que, segundo Granato (2011), busca-se construir esse retrato não
pelo viés da dificuldade, das tragédias noticiadas pela mídia em geral nos
jornais regionais e nacionais, mas por um:
Viés mais realista
• não são omitidas
as dificuldades e
as realidades de
exclusão - com
vistas à crítica
Viés de
oportunidades
• Criadas pelos
próprios sujeitos
na comunidade -
face à realidade
de falta de
acessos vários
Viés das práticas
culturais e
musicais
• Aquelas que são
significativas
para esses
sujeitos.
Viés das histórias
de vida dos
representantes
da comunidade
visitadas
• Ponto de vista
interno à
comunidade
10
Legitimação
das práticas
culturais da
periferia
 Para além da questão da visibilidade na mídia sobre as temáticas relativas às
práticas culturais da periferia, a questão à qual nos propomos aqui tem a ver
com valor e legitimidade:
 Selecionamos, então, quatro de suas exibições para observarmos mais
atentamente de que forma as práticas culturais da periferia são caracterizadas.
 Selecionamos duas exibições de 2008 e duas de 2009 que tratam das duas
temáticas mais privilegiadas na trajetória de exibição do quadro, quais sejam:
i. projetos sociais que promovem práticas culturais, artísticas, musicais e
esportivas;
ii. práticas culturais ligadas ao hip-hop.
11
Essas práticas, historicamente tratadas como “não-cultura”,
alcançaram, nesse contexto de maior visibilidade midiática no
qual se inclui o quadro aqui analisado, um estatuto de
produção cultural legítima?
Legitimação
das práticas
culturais da
periferia
“Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 10/09/2008 (bairro do Bixiga-SP)
TB hoje tem aula de capoeira... aí hoje é faz um dos nossos projetos sociais 20[né? o arte educador]
Pedrinho... dá aula de capoeira aqui pra molecada (...)
PD (...) a gente fizemos esse trabalho pra quê?... pra abatê(r) o índice da criminalidade né?.... e
eu como já fui menino de ru::a... passei fome e necessidade... nada melhó(r) de que
congregá(r)... com a nossa nossa comunidade a família Vai-Vai... uní(r) essa::... criançada... e
ensiná(r) a arte da capoe(i)ra né?... tirando da rua... e ensinando um po(u)quinho de cultura
“Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 13/09/2009 (bairro Jardim Peri-SP)
AB você acha que o grafite (es)tá assim...pr’um garoto como esse aqui assim fica com o pincel na
mão te ajudan(d)o...tem poder de resgatar também?
GO esses daqui já (es)tão resgatado mano esses 10[aqui já era...cara...esses daqui] ninguém leva
mais
12
Legitimação
das práticas
culturais da
periferia
 Discurso do apresentador e dos coordenadores do projetos sociais: o
poder das práticas culturais e de esporte para melhorar as condições
de vida de seus participantes.
Valorização das
práticas culturais
Discurso sobre
• As potencialidades das práticas em alterar as condições
de vida (comportamento social) dos participantes dos
projetos sociais
Aproximação com
• Programa Central da Periferia,
apresentado por Regina Casé na rede
Globo em 2006 (PRADO, 2014).
13
Legitimação
das práticas
culturais da
periferia
“Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 13/08/2008 (periferia de Osasco-SP)
DG tem também a oficina de MC que quem coordena isso é o Leandro
AB e aí Leandro firmeza?
LD tranquilo ((Leandro toca um instrumento junto com o grupo de MCs))
a gente trabalha com conteúdo...valores...por que que alisa o cabelo...querê(r) buscá(r) suas
origens quando a gente fala deÁfrica
14
 Por outro lado, observa-se de forma mais recorrente o discurso sobre como o
poder expressivo dessas práticas é fundamental na constituição de processos
de autoconhecimento e de descobrimento de raízes étnicas e culturais.
“Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 04/04/2009 (periferia de São Bernardo do Campo-SP)
SD eu queria mostrá(r) nossa periferia aqui...de uma outra forma...né?... esse lado bonito...que é a
periferia...esse lado da cultura...né? que tem muitos que fala assim:.–“vô(u) levá(r) cultura pra
periferia”-... pra que vai trazê(r) cultura pra nós?...nós num precisa de cultura não...nós
precisamo(s) sê(r) respeitado(s) na nossa cultura...a maior violência que pode cometê(r) com o
ser humano...é tirá(r) sua própria cultura...suas própria(s) tradições
Legitimação das
práticas
culturais da
periferia:
algumas
conclusões
 Análise das temáticas do quadro “Buzão:Circular Periférico”:
 Mudança na perspectiva a partir da qual se retrata a periferia: ainda que se trate
das dificuldades enfrentadas, são privilegiadas tematicamente as oportunidades
que os próprios sujeitos, moradores da periferia, criam para promover práticas
culturais, artísticas e esportivas.
 Ainda que se observe o discurso sobre o papel social dos projetos que
promovem essas práticas, o seu valor não se encerra aí. Longe de circunscrever
o valor das práticas culturais somente enquanto capazes de alterar as condições
sociais da vida de crianças, jovens e adultos, reforça-se o potencial simbólico e
referencial delas.
15
Características
do quadro
 Buzo: “Especialista da cultura popular”,
 Exibido aos sábados no jornal SPTV 1ª edição.
 3 anos de exibição: 147 quadro.
 Imagens exibidas: espaço delimitado do evento ou do
projeto.
 Entrevistados: coordenadores de projetos sociais e
organizadores de eventos culturais, participantes dos
projetos e/ou eventos.
 Após exibição do quadro: entrevista do apresentador do
jornal com AB no estúdio.
16
Temáticas
recorrentes
 Número de programas analisados: 35
 Ano de exibição dos programas analisados: 2013
 Temáticas:
 Exemplos de eventos culturais apresentados:
 Exibição de filme, festas populares em comunidades de SP, peça de
teatro, lançamento de livro, sarau literário etc.
17
Evento cultural: 21/35
Projeto social (esporte): 5/35
Projeto social (oficinas culturais): 3/35
Evento esportivo: 2/35
Projeto cultural/artístico: 5/35
Quadro
Legitimação
dos eventos
culturais
 Os eventos culturais são valorizados e legitimados pela comunidade que
deles participa por dois vieses: reunião de pessoas/ambiente familiar e
manutenção da cultura tradicional.
18
Quadro “Cultura SP” – 19/01/2013: Evento da “Liga doVinil”
NC ((Letreiro: NC, Rapper)) muito importante... por que atrai a família né?... pode vê(r) que tem lá... um
monte de amigos... de pessoas... um monte de crian::ça... isso é importante porque:: agrega o que:: que
falta né?.... a esperança né? (...)
HN (...) e a gente (es)tá levan(d)o... a música do passado... pra molecada mais jovem... curtí(r) a molecada/
(es)tá se ligan(d)o...( es)tá gostan(d)o... e isso é que é legal ((imagens de pessoas dançando))
DH essas músicas de Vinil... a maioria... ela::tem uma história pessoal de cada um... então (vo)cê compra
disco... que já foram de outros DJs... nos Sebos... e tal... muita coisa difícil... e os DJs novos vendo isso...
(inint.) os produtores... faz essa pesquisa... essa garimpagem... e mantém...a música negra dos nossos
antepassados ((imagens de pessoas dançando))
DG cultura de hoje... não seria nada sem a história do movimento vinil... a periferia... é o que mais
preserva... a cultura... e a história... dos grandes bailes
DL pra tocá(r)... participá(r)... tem que tocá(r) o vinil... e:: acho que realmente a importância... é:: é essa...
mantê(r) viva essa parada... que deixaram pra gente aí
Quadro “Cultura SP” – 30/03/2013: Evento do “Samba de todos os tempos”
HN isso aqui é comunidade da família... ó ... (es)tá aí... criança... família...todo mundo participan(d)o...isso é
um samba verdadê(i)ro
MN eu moro aqui perto... mas é a primeira vez que eu venho nesse projeto aqui... eu não conhecia ainda...
eu (es)tô(u) curtindo... é bem família... não tem bagunça... é um samba de raiz... é bacana ((imagens do
Samba))
Comparando
os quadros
Do ponto de vista temático:
 “Buzão: Circular Periférico” privilegia os projetos sociais desenvolvidos
na comunidade que promovem práticas culturais, artísticas e/ou
esportivas;
 “Cultura SP” privilegia os eventos culturais ligados à cultura popular.
 “Buzão”: objetivo de comprovar que as práticas culturais, artísticas
e/ou esportivas da periferia não são eventos periódicos, mas fazem
parte da habitualidade, do cotidiano dessa comunidade, por isso são
constituídas práticas, de fato.
19
Os principais elementos do hip-hop estão na nossa linha de frente.
Rap, dança de rua, b-boys, DJ, grafiteiro e MC juntam-se a outras
manifestações da cultura popular. As reportagens mergulham nos
assuntos que povoam esse cotidiano.
Comparando
os quadros
Do ponto de vista imagético:
 “Buzão: Circular Periférico”: são filmadas imagens do bairro e
de moradores, de modo a identificar a comunidade não
somente pelo relato de seu representante.
 “Cultura SP”: as imagens se restringem, majoritariamente, às
cenas dos eventos apresentados ou aos espaços delimitados
onde são desenvolvidos os projetos.
 “Buzão”: a periferia é retratada stricto sensu: as ruas, os espaços
públicos dos projetos sociais, as escolas, as oficinas de atividades
várias, as casas de alguns moradores; focalizadas
constantemente por meio do recurso de centralização da
câmera.
20
Comparando
os quadros
Do ponto de vista das vozes que participam dos quadros:
 “Buzão: Circular Periférico”: os moradores, além de entrevistados, são os
responsáveis por conduzir o quadro expondo as práticas do bairro visitado.
 Após a exibição: outros moradores da comunidade são entrevistadas no
auditório pelo apresentador.
 Privilegia-se a voz do não-especialista (“sujeito comum”), não colocando
em primeiro plano o trabalho de representação feito pelos produtores.
 “Cultura SP”: são entrevistados principalmente organizadores de eventos e
coordenadores de projetos sociais e alguns participantes desses eventos
e/ou projetos.
 Após a exibição: o próprio AB é entrevistado no estúdio do jornal pelo
jornalista-apresentador. O tópico é desenvolvido não apenas pelos
representantes legítimos da periferia, pois a voz que é legitimada no jornal -
o jornalista- volta a ser aquela que instaura os tópicos e tenta fazer mais
compreensível a matéria exibida.
21
Algumas
Conclusões
 Quadros analisados: revelam objetivos distintos e buscam legitimar as
práticas culturais apresentadas de modo distinto, apesar de contarem com o
mesmo apresentador.
 “Cultura SP” (Rede Globo): são privilegiados (i) eventos e não práticas
culturais cotidianas e (ii) imagens desses próprios eventos e não das
comunidades periféricas. O tópico também é desenvolvido pelo
representante da grande mídia, que não deixa de ter o papel de
entrevistador.
 “Buzão: circular periférico”: discursivamente apresenta o conjunto de
conflitos* que os sujeitos da periferia vivenciam, o que seria típico, segundo
Thompson (1998 apud BENTES, 2009), das práticas culturais populares e
implicaria em um discurso de legitimação de suas próprias práticas .
* Por um lado, há o discurso sobre as potencialidades das práticas culturais na
vida social dos sujeitos, e, por outro lado, o potencial simbólico e referencial
delas.
22
Algumas
conclusões
 Processo de visibilidade midiática das práticas culturais da periferia:
 recente e importante, pois promove profundas implicações no posicionamento
da produção cultural da periferia e nos próprios critérios vigentes de legitimação da
cultura.
 Porém, é preciso rejeitar uma visão muito ingênua desse processo:
 Não se pode deixar, segundo França e Prado (2010), que a crítica a certo
determinismo classista da teoria da legitimidade (BOURDIEU, 2007) leve à
neutralização de aspectos fundamentais levantados pelo autor.
 Segundo as autoras, “A produção cultural e a maneira como diferentes produtos
circulam e são dispostos na sociedade constituem, sim, elementos de distinções
e terreno de luta simbólica; ordens de legitimidade são armas políticas, e seu
surgimento e apropriação nos dizem do andamento desse embate.” (p. 67)
 Desse modo, pudemos observar em nosso trabalho, assim como as autoras
apontaram, que esse “fenômeno” da nova visibilidade da cultura de periferia deve ser
compreendido como uma disputa por um lugar simbólico e pela reelaboração
discursiva do lugar social ocupado pelos grupos periféricos. É, nesse sentido, que
surgem, como pudemos observar no quadro “Buzão: circular periférico”, os conflitos
que os sujeitos da periferia vivenciam no que se refere ao modo como legitimam suas
práticas culturais.
23
Referências
Bibliográficas
 BENTES, A.C. Estabilização e inovação dos gêneros midiáticos: tópico discursivo
e categorização social. Projeto de Bolsa Produtividade de Pesquisa financiado
pelo CNPq. Processo 309845/2013-0, 2013.
 BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997 [1996].
 FRANÇA, V.V; PRADO, D.F.B. Produções culturais de periferia: legitimidade e
tensões. Revista de Comunicação, Cultura e Teoria da Mídia. São Paulo,
maio/2010 v.1 n.15.
 GRANATO, L. B. Gêneros discursivos em foco: dos programas televisivos Manos
e Minas e Altas Horas. Dissertação (Mestrado em Linguística). Instituto de
Estudos da Linguagem.Campinas: UNICAMP, 2011.
 HANKS, W.F. Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e
sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. In: BENTES, A.C.; REZENDE, R.C.;
MACHADO, M.A. (Orgs.). São Paulo: Cortez, 2008.
 MARTIN-BARBERO, J. Os exercícios do ver: hegemonia cultural e ficção
televisiva. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.
 PRADO, D.F.B. As práticas culturais no Central da periferia: características e
argumentos de valor. Rumores, n.16, v.8, 2014.
24

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Apresentação_Jornada do Margens_versão 08_12.pptx

O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...Marina Teixeira
 
Workshop formatação de projetos culturais rs
Workshop formatação de projetos culturais rsWorkshop formatação de projetos culturais rs
Workshop formatação de projetos culturais rsalbertosilveira
 
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiáticaRap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiáticaAntonio Carlos Benvindo
 
Cidadão e a cultura
Cidadão e a culturaCidadão e a cultura
Cidadão e a culturafrancisleide
 
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiáticaAntonio Carlos Benvindo
 
Revitalização das zonas mortas, André Fontan Kohler
Revitalização das zonas mortas, André Fontan KohlerRevitalização das zonas mortas, André Fontan Kohler
Revitalização das zonas mortas, André Fontan KohlerJornal GGN
 
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da Coroa
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da CoroaProjeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da Coroa
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da CoroaLeandro Antônio
 
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia Morais
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia MoraisDivulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia Morais
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia MoraisMais Por Arte
 
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...Magali Kleber
 
Coluna Cultura 26 01 13
Coluna Cultura 26 01 13Coluna Cultura 26 01 13
Coluna Cultura 26 01 13Luiz Silva
 
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MG
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MGCarta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MG
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MGAline Romani
 
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdf
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdfDança, cidade-território e circulação como politica publica.pdf
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdfContemplo Cia de Dança
 
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus GrittenPEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus GrittenFran Buzzi
 

Semelhante a Apresentação_Jornada do Margens_versão 08_12.pptx (20)

federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
 
Workshop formatação de projetos culturais rs
Workshop formatação de projetos culturais rsWorkshop formatação de projetos culturais rs
Workshop formatação de projetos culturais rs
 
Apresentação do TCC Jampa Cultural
Apresentação do TCC Jampa CulturalApresentação do TCC Jampa Cultural
Apresentação do TCC Jampa Cultural
 
305 - TMNR
305 - TMNR305 - TMNR
305 - TMNR
 
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiáticaRap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
Rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
 
Cidadão e a cultura
Cidadão e a culturaCidadão e a cultura
Cidadão e a cultura
 
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
(Artigo) O rap brasileiro e o dilema da visibilidade midiática
 
Revista Identidades Viva-voz!
Revista Identidades Viva-voz!Revista Identidades Viva-voz!
Revista Identidades Viva-voz!
 
Revista para site e blog
Revista para site e blogRevista para site e blog
Revista para site e blog
 
Revitalização das zonas mortas, André Fontan Kohler
Revitalização das zonas mortas, André Fontan KohlerRevitalização das zonas mortas, André Fontan Kohler
Revitalização das zonas mortas, André Fontan Kohler
 
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da Coroa
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da CoroaProjeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da Coroa
Projeto RODA DE BAMBAS - PONTO DE INSPIRAÇÃO - Morro da Coroa
 
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia Morais
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia MoraisDivulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia Morais
Divulgação Culturais - O caminho das pedras | Bia Morais
 
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...
2009 Cumbre Latinoamericana & Caribeña sobre Educación Artística En convenio ...
 
Coluna Cultura 26 01 13
Coluna Cultura 26 01 13Coluna Cultura 26 01 13
Coluna Cultura 26 01 13
 
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MG
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MGCarta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MG
Carta direcionada ao Conselho Municipal de Cultura - Uberlândia MG
 
Ocupa2015
Ocupa2015Ocupa2015
Ocupa2015
 
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdf
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdfDança, cidade-território e circulação como politica publica.pdf
Dança, cidade-território e circulação como politica publica.pdf
 
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus GrittenPEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
 
Case TMNR 2014
Case TMNR 2014Case TMNR 2014
Case TMNR 2014
 

Último

A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Vitor Mineiro
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 

Último (20)

A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 

Apresentação_Jornada do Margens_versão 08_12.pptx

  • 2. Objetivo do Trabalho  Objetivo: apresentar as análises acerca dos processos de legitimação das práticas culturais da periferia no campo jornalístico.  Analisamos, assim, as temáticas desenvolvidas em dois quadros de programas televisivos distintos, as vozes que deles participam, as imagens que são exibidas e as formas como as práticas culturais são valorizadas e legitimadas (ou não).  Campo jornalístico (BOURDIEU, 1997 [1996]: 77)  Autonomia e influência sobre os outros campos;  Porém, dependente dos outros campos: divulgação de eventos, informações e tendências dos demais campos;  Meio de sanção e de legitimação de outros campos. Campo econômico Campo jornalístico Outros campos 2
  • 3. Corpus de Análise Projeto CNPq “Estabilização e inovação dos gêneros midiáticos: tópico discursivo e categorização social”, coordenado pela Profa. Dra. Anna Christina Bentes Análises sobre algumas mudanças na mídia televisiva brasileira. Alguns programas apresentam participantes e temáticas que estão relacionadas ao campo da cultura popular. Exemplos: Manos e Minas, Conexões Urbanas, A Liga Nosso corpus para este trabalho: 1) Quadro Buzão: circular periférico, exibido no Programa Manos e Minas da TV Cultura de maio de 2008 a julho de 2010; 2) Quadro “Cultura SP”, exibido de 2011 a 2014, no jornal SPTV (Rede Globo). 3
  • 4. Hipótese do Trabalho  Quadros escolhidos:  integram programas televisivos distintos;  são apresentados pelo escritor e agitador cultural Alessandro Buzo, ator social cuja a trajetória pessoal e profissional está diretamente ligada à periferia.  “Buzão: circular periférico”:  rede de televisão pública: não têm fins lucrativos e enfatiza “o compromisso com a sociedade e não com o mercado”;  Hipótese:  apesar de ambos os quadros se configurarem tematicamente e apresentarem vozes ligadas à periferia de forma a se construir a legitimação das práticas culturais e sociais da periferia, eles apresentam diferenças quanto a esses processos de legitimação. 4
  • 5. Justificativa da análise e da escolha do corpus  Nossa perspectiva é a de que, para não se ter um olhar banalizador sobre a televisão, deve-se considerá-la um lugar estratégico nas dinâmicas da cultura e na construção de identidades coletivas (MARTÍN-BARBERO, 2001).  Nesse sentido, a escolha de nosso corpus – quadros dedicados à apresentação das culturas da periferia nos grandes centros urbanos e com o objetivo de mostrar o que a periferia produz em termos artísticos e culturais ― parece se mostrar relevante no âmbito dos estudos sobre como se constrói a legitimação dessas culturas no campo televisivo, principalmente considerando o fato de que esses quadros apresentam aspectos inovadores em relação aos programas que vêm sendo produzidos na grande mídia 5
  • 6. Aspectos estruturais do programa 6 2008 Rapper Rappin’ Hood 2009 Rapper Thaíde 2010-atual: rapper Max B.O. 2011-2014: cantoraAnelis Assumpção  Orientação do programa em direção à oficialização (HANKS, 2008), recurso que consiste no processo de autorização do discurso por atores sociais legitimados por uma comunidade (GRANATO, 2011: 78) Apresentadores Repórteres 2008-2010 Interferência: Ferrez 2008-2010 Buzão: Circular Periférico A. Buzo
  • 7. Os objetivos do programa  Entrevistados do programa: sujeitos oriundos de diversas comunidades da periferia e de diferentes áreas de atuação.  Escolha desses atores: ligada à configuração temática do programa que privilegia as práticas artístico-culturais, os projetos e os espaços da periferia e também ao projeto do programa de construção do retrato da periferia a partir do ponto de vista dos próprios sujeitos que vivenciam sua cultura e que são considerados representantes legítimos dela.  Evidencia-se, assim, segundo Granato (2011, p. 72), (...) o papel do programa de trazer “a voz da periferia” à mídia televisiva, de divulgar, valorizar e possibilitar o conhecimento sobre essa realidade do ponto de vista dos próprios sujeitos que participam e promovem práticas sociais, culturais, literárias e musicais vinculadas tanto às comunidades da periferia quanto ao universo do movimento hip-hop. 7
  • 8. A estrutura do quadro  Apresentado quinzenalmente com duração média de 3 minutos.  Alessandro Buzo (AB) visita, em cada episódio, um bairro da periferia, com o objetivo de apresentar práticas culturais, artísticas e esportivas dessa comunidade. Vídeo de abertura Cenas de AB em um terminal rodoviário de onde segue o ônibus que o levará ao bairro visitado; Imagens do ônibus fazendo o trajeto no bairro e cenas do bairro; Imagem do letreiro do ônibus; Trilha sonora: trecho de um rap. Visita ao bairro Conversa inicial de AB com o morador que apresentará o bairro; Caminhada até os espaços das práticas com imagens do bairro e dos moradores; Entrevistas com moradores do bairro, que apresentam as práticas culturais significativas para a sua comunidade. Finalização . Exibição de fotos e/ou vídeos enviados pelos moradores dos bairros visitados a fim de explicitar a forma como veem o lugar onde moram. Agradecimentos de AB ao morador que conduziu a visita. 8
  • 9. Temáticas recorrentes • A partir do levantamento, feito por Granato (2011), dos tópicos de cada um dos 40 quadros exibidos, pudemos constatar a recorrência de determinadas temáticas. Temáticas 2008 2009 2010 Projetos sociais com práticas culturais, artísticas, musicais e esportivas 15/16 13/17 4/7 Eventos culturais, artísticos e musicais 12/16 1/17 3/7 Elementos do hip-hop (break, grafite, rap) 6/16 10/17 1/7 Literatura 7/16 2/17 3/7 Prática de esportes em espaços comunitários 3/16 1/17 0/7 Projeto Ambiental 1/16 1/17 0/7 9
  • 10. Temáticas recorrentes  Quadro Buzão: Circular Periférico e programa Manos e Minas: mudança na perspectiva a partir da qual se retrata a periferia: a partir das temáticas, observa-se que, segundo Granato (2011), busca-se construir esse retrato não pelo viés da dificuldade, das tragédias noticiadas pela mídia em geral nos jornais regionais e nacionais, mas por um: Viés mais realista • não são omitidas as dificuldades e as realidades de exclusão - com vistas à crítica Viés de oportunidades • Criadas pelos próprios sujeitos na comunidade - face à realidade de falta de acessos vários Viés das práticas culturais e musicais • Aquelas que são significativas para esses sujeitos. Viés das histórias de vida dos representantes da comunidade visitadas • Ponto de vista interno à comunidade 10
  • 11. Legitimação das práticas culturais da periferia  Para além da questão da visibilidade na mídia sobre as temáticas relativas às práticas culturais da periferia, a questão à qual nos propomos aqui tem a ver com valor e legitimidade:  Selecionamos, então, quatro de suas exibições para observarmos mais atentamente de que forma as práticas culturais da periferia são caracterizadas.  Selecionamos duas exibições de 2008 e duas de 2009 que tratam das duas temáticas mais privilegiadas na trajetória de exibição do quadro, quais sejam: i. projetos sociais que promovem práticas culturais, artísticas, musicais e esportivas; ii. práticas culturais ligadas ao hip-hop. 11 Essas práticas, historicamente tratadas como “não-cultura”, alcançaram, nesse contexto de maior visibilidade midiática no qual se inclui o quadro aqui analisado, um estatuto de produção cultural legítima?
  • 12. Legitimação das práticas culturais da periferia “Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 10/09/2008 (bairro do Bixiga-SP) TB hoje tem aula de capoeira... aí hoje é faz um dos nossos projetos sociais 20[né? o arte educador] Pedrinho... dá aula de capoeira aqui pra molecada (...) PD (...) a gente fizemos esse trabalho pra quê?... pra abatê(r) o índice da criminalidade né?.... e eu como já fui menino de ru::a... passei fome e necessidade... nada melhó(r) de que congregá(r)... com a nossa nossa comunidade a família Vai-Vai... uní(r) essa::... criançada... e ensiná(r) a arte da capoe(i)ra né?... tirando da rua... e ensinando um po(u)quinho de cultura “Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 13/09/2009 (bairro Jardim Peri-SP) AB você acha que o grafite (es)tá assim...pr’um garoto como esse aqui assim fica com o pincel na mão te ajudan(d)o...tem poder de resgatar também? GO esses daqui já (es)tão resgatado mano esses 10[aqui já era...cara...esses daqui] ninguém leva mais 12
  • 13. Legitimação das práticas culturais da periferia  Discurso do apresentador e dos coordenadores do projetos sociais: o poder das práticas culturais e de esporte para melhorar as condições de vida de seus participantes. Valorização das práticas culturais Discurso sobre • As potencialidades das práticas em alterar as condições de vida (comportamento social) dos participantes dos projetos sociais Aproximação com • Programa Central da Periferia, apresentado por Regina Casé na rede Globo em 2006 (PRADO, 2014). 13
  • 14. Legitimação das práticas culturais da periferia “Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 13/08/2008 (periferia de Osasco-SP) DG tem também a oficina de MC que quem coordena isso é o Leandro AB e aí Leandro firmeza? LD tranquilo ((Leandro toca um instrumento junto com o grupo de MCs)) a gente trabalha com conteúdo...valores...por que que alisa o cabelo...querê(r) buscá(r) suas origens quando a gente fala deÁfrica 14  Por outro lado, observa-se de forma mais recorrente o discurso sobre como o poder expressivo dessas práticas é fundamental na constituição de processos de autoconhecimento e de descobrimento de raízes étnicas e culturais. “Buzão: Circular Periférico”. Exibição: 04/04/2009 (periferia de São Bernardo do Campo-SP) SD eu queria mostrá(r) nossa periferia aqui...de uma outra forma...né?... esse lado bonito...que é a periferia...esse lado da cultura...né? que tem muitos que fala assim:.–“vô(u) levá(r) cultura pra periferia”-... pra que vai trazê(r) cultura pra nós?...nós num precisa de cultura não...nós precisamo(s) sê(r) respeitado(s) na nossa cultura...a maior violência que pode cometê(r) com o ser humano...é tirá(r) sua própria cultura...suas própria(s) tradições
  • 15. Legitimação das práticas culturais da periferia: algumas conclusões  Análise das temáticas do quadro “Buzão:Circular Periférico”:  Mudança na perspectiva a partir da qual se retrata a periferia: ainda que se trate das dificuldades enfrentadas, são privilegiadas tematicamente as oportunidades que os próprios sujeitos, moradores da periferia, criam para promover práticas culturais, artísticas e esportivas.  Ainda que se observe o discurso sobre o papel social dos projetos que promovem essas práticas, o seu valor não se encerra aí. Longe de circunscrever o valor das práticas culturais somente enquanto capazes de alterar as condições sociais da vida de crianças, jovens e adultos, reforça-se o potencial simbólico e referencial delas. 15
  • 16. Características do quadro  Buzo: “Especialista da cultura popular”,  Exibido aos sábados no jornal SPTV 1ª edição.  3 anos de exibição: 147 quadro.  Imagens exibidas: espaço delimitado do evento ou do projeto.  Entrevistados: coordenadores de projetos sociais e organizadores de eventos culturais, participantes dos projetos e/ou eventos.  Após exibição do quadro: entrevista do apresentador do jornal com AB no estúdio. 16
  • 17. Temáticas recorrentes  Número de programas analisados: 35  Ano de exibição dos programas analisados: 2013  Temáticas:  Exemplos de eventos culturais apresentados:  Exibição de filme, festas populares em comunidades de SP, peça de teatro, lançamento de livro, sarau literário etc. 17 Evento cultural: 21/35 Projeto social (esporte): 5/35 Projeto social (oficinas culturais): 3/35 Evento esportivo: 2/35 Projeto cultural/artístico: 5/35
  • 18. Quadro Legitimação dos eventos culturais  Os eventos culturais são valorizados e legitimados pela comunidade que deles participa por dois vieses: reunião de pessoas/ambiente familiar e manutenção da cultura tradicional. 18 Quadro “Cultura SP” – 19/01/2013: Evento da “Liga doVinil” NC ((Letreiro: NC, Rapper)) muito importante... por que atrai a família né?... pode vê(r) que tem lá... um monte de amigos... de pessoas... um monte de crian::ça... isso é importante porque:: agrega o que:: que falta né?.... a esperança né? (...) HN (...) e a gente (es)tá levan(d)o... a música do passado... pra molecada mais jovem... curtí(r) a molecada/ (es)tá se ligan(d)o...( es)tá gostan(d)o... e isso é que é legal ((imagens de pessoas dançando)) DH essas músicas de Vinil... a maioria... ela::tem uma história pessoal de cada um... então (vo)cê compra disco... que já foram de outros DJs... nos Sebos... e tal... muita coisa difícil... e os DJs novos vendo isso... (inint.) os produtores... faz essa pesquisa... essa garimpagem... e mantém...a música negra dos nossos antepassados ((imagens de pessoas dançando)) DG cultura de hoje... não seria nada sem a história do movimento vinil... a periferia... é o que mais preserva... a cultura... e a história... dos grandes bailes DL pra tocá(r)... participá(r)... tem que tocá(r) o vinil... e:: acho que realmente a importância... é:: é essa... mantê(r) viva essa parada... que deixaram pra gente aí Quadro “Cultura SP” – 30/03/2013: Evento do “Samba de todos os tempos” HN isso aqui é comunidade da família... ó ... (es)tá aí... criança... família...todo mundo participan(d)o...isso é um samba verdadê(i)ro MN eu moro aqui perto... mas é a primeira vez que eu venho nesse projeto aqui... eu não conhecia ainda... eu (es)tô(u) curtindo... é bem família... não tem bagunça... é um samba de raiz... é bacana ((imagens do Samba))
  • 19. Comparando os quadros Do ponto de vista temático:  “Buzão: Circular Periférico” privilegia os projetos sociais desenvolvidos na comunidade que promovem práticas culturais, artísticas e/ou esportivas;  “Cultura SP” privilegia os eventos culturais ligados à cultura popular.  “Buzão”: objetivo de comprovar que as práticas culturais, artísticas e/ou esportivas da periferia não são eventos periódicos, mas fazem parte da habitualidade, do cotidiano dessa comunidade, por isso são constituídas práticas, de fato. 19 Os principais elementos do hip-hop estão na nossa linha de frente. Rap, dança de rua, b-boys, DJ, grafiteiro e MC juntam-se a outras manifestações da cultura popular. As reportagens mergulham nos assuntos que povoam esse cotidiano.
  • 20. Comparando os quadros Do ponto de vista imagético:  “Buzão: Circular Periférico”: são filmadas imagens do bairro e de moradores, de modo a identificar a comunidade não somente pelo relato de seu representante.  “Cultura SP”: as imagens se restringem, majoritariamente, às cenas dos eventos apresentados ou aos espaços delimitados onde são desenvolvidos os projetos.  “Buzão”: a periferia é retratada stricto sensu: as ruas, os espaços públicos dos projetos sociais, as escolas, as oficinas de atividades várias, as casas de alguns moradores; focalizadas constantemente por meio do recurso de centralização da câmera. 20
  • 21. Comparando os quadros Do ponto de vista das vozes que participam dos quadros:  “Buzão: Circular Periférico”: os moradores, além de entrevistados, são os responsáveis por conduzir o quadro expondo as práticas do bairro visitado.  Após a exibição: outros moradores da comunidade são entrevistadas no auditório pelo apresentador.  Privilegia-se a voz do não-especialista (“sujeito comum”), não colocando em primeiro plano o trabalho de representação feito pelos produtores.  “Cultura SP”: são entrevistados principalmente organizadores de eventos e coordenadores de projetos sociais e alguns participantes desses eventos e/ou projetos.  Após a exibição: o próprio AB é entrevistado no estúdio do jornal pelo jornalista-apresentador. O tópico é desenvolvido não apenas pelos representantes legítimos da periferia, pois a voz que é legitimada no jornal - o jornalista- volta a ser aquela que instaura os tópicos e tenta fazer mais compreensível a matéria exibida. 21
  • 22. Algumas Conclusões  Quadros analisados: revelam objetivos distintos e buscam legitimar as práticas culturais apresentadas de modo distinto, apesar de contarem com o mesmo apresentador.  “Cultura SP” (Rede Globo): são privilegiados (i) eventos e não práticas culturais cotidianas e (ii) imagens desses próprios eventos e não das comunidades periféricas. O tópico também é desenvolvido pelo representante da grande mídia, que não deixa de ter o papel de entrevistador.  “Buzão: circular periférico”: discursivamente apresenta o conjunto de conflitos* que os sujeitos da periferia vivenciam, o que seria típico, segundo Thompson (1998 apud BENTES, 2009), das práticas culturais populares e implicaria em um discurso de legitimação de suas próprias práticas . * Por um lado, há o discurso sobre as potencialidades das práticas culturais na vida social dos sujeitos, e, por outro lado, o potencial simbólico e referencial delas. 22
  • 23. Algumas conclusões  Processo de visibilidade midiática das práticas culturais da periferia:  recente e importante, pois promove profundas implicações no posicionamento da produção cultural da periferia e nos próprios critérios vigentes de legitimação da cultura.  Porém, é preciso rejeitar uma visão muito ingênua desse processo:  Não se pode deixar, segundo França e Prado (2010), que a crítica a certo determinismo classista da teoria da legitimidade (BOURDIEU, 2007) leve à neutralização de aspectos fundamentais levantados pelo autor.  Segundo as autoras, “A produção cultural e a maneira como diferentes produtos circulam e são dispostos na sociedade constituem, sim, elementos de distinções e terreno de luta simbólica; ordens de legitimidade são armas políticas, e seu surgimento e apropriação nos dizem do andamento desse embate.” (p. 67)  Desse modo, pudemos observar em nosso trabalho, assim como as autoras apontaram, que esse “fenômeno” da nova visibilidade da cultura de periferia deve ser compreendido como uma disputa por um lugar simbólico e pela reelaboração discursiva do lugar social ocupado pelos grupos periféricos. É, nesse sentido, que surgem, como pudemos observar no quadro “Buzão: circular periférico”, os conflitos que os sujeitos da periferia vivenciam no que se refere ao modo como legitimam suas práticas culturais. 23
  • 24. Referências Bibliográficas  BENTES, A.C. Estabilização e inovação dos gêneros midiáticos: tópico discursivo e categorização social. Projeto de Bolsa Produtividade de Pesquisa financiado pelo CNPq. Processo 309845/2013-0, 2013.  BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997 [1996].  FRANÇA, V.V; PRADO, D.F.B. Produções culturais de periferia: legitimidade e tensões. Revista de Comunicação, Cultura e Teoria da Mídia. São Paulo, maio/2010 v.1 n.15.  GRANATO, L. B. Gêneros discursivos em foco: dos programas televisivos Manos e Minas e Altas Horas. Dissertação (Mestrado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem.Campinas: UNICAMP, 2011.  HANKS, W.F. Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. In: BENTES, A.C.; REZENDE, R.C.; MACHADO, M.A. (Orgs.). São Paulo: Cortez, 2008.  MARTIN-BARBERO, J. Os exercícios do ver: hegemonia cultural e ficção televisiva. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.  PRADO, D.F.B. As práticas culturais no Central da periferia: características e argumentos de valor. Rumores, n.16, v.8, 2014. 24