O documento fornece estratégias para lidar com a seletividade alimentar em crianças, como oferecer opções de alimentos, respeitar a criança durante as refeições e não pressioná-la a comer. Também discute comportamentos a evitar, como usar castigos ou doces como recompensa.
2. Vamos começar entendendo que é esperado para uma
criança entre 2 anos e 6 anos de idade uma diminuição
natural do apetite, que é fisiológica.
A redução do apetite nessa fase é normal e esperada,
pois ocorre uma desaceleração no ganho de peso e
estatura, consequentemente uma diminuição da fome,
afinal eles precisam de menos para crescer já que estão
crescendo em um ritmo menor. Nesse momento ocorre
geralmente um grande “desespero” por parte dos pais,
que acabam tomando determinadas medidas que tendem
a dar início ao ciclo da seletividade.
Antes de tudo é necessário procurar a ajuda de um
profissional especializado para avaliar a criança e excluir
uma situação real de dificuldade alimentar. Já por parte
dos pais, existem algumas estratégias que ajudam a
manter uma alimentação saudável em casa, evitando
reforçar comportamentos indesejados.
Mas por que isso acontece?
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3. Oferecer
opções
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Seu filho vai passar a negar várias coisas que você
prepara com o maior carinho na cozinha, então,
prepare-se para isso. Uma ideia simples que ajuda a
criança a dizer sim para um alimento saudável é
oferecer 2 opções ao invés de perguntar o que ele
quer comer.
– “você quer que eu prepare feijão ou lentilha hoje?”;
– “você quer maçã ou banana para o lanche?”;
Isso não vai funcionar 100% das vezes, por isso, existem
outras estratégias que você deve explorar.
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4. 2
Respeitar
a criança
durante a
refeição
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O comportamento mais comum dos pais é parar de
comprar e oferecer aqueles alimentos que a criança
passa a negar. Mas não faça isso, continue preparando
e oferecendo alimentos saudáveis, mesmo que a
criança negue diversas vezes.
Um problema desencadeado pela seletividade alimentar
é que as refeições se tornam uma tortura para a criança.
Na melhor das intenções os pais forçam, brigam, insistem
e até assustam a criança na esperança de vê-la comer
novamente. Mas isso só torna o momento da refeição
chato e difícil para seu filho. Então, a regra é ter paciência
e respeitar esse momento da criança.
Não deixar
de oferecer
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5. Mudar a forma
de preparo e
apresentação
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Essa estratégia funciona muito bem. Mudar a forma de
preparo dos alimentos pode ajudar na aceitação e
fazer com que a criança prove a comida novamente. Se
seu filho não aceita mais purê de batatas, prepare
batatas assadas. Se não aceita mais cenoura cozida,
faça refogada. Use temperos diferentes e varie entre
assar, refogar, cozinhar ou fazer no vapor. A forma de
apresentação no prato também pode ajudar. Corte as
frutas com forminhas de estrelinhas ou corações, em
fatias ou quadradinhos. E os alimentos que a criança
está acostumada a ver cortado, ofereça em pedaços
inteiros ou maiores.
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6. Deixar a
criança
participar
do preparo
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Comer junto e
dar exemplo
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Fazer as refeições junto com a criança ajuda muito. As
crianças costumam comer mais e uma maior variedade
de comida quando sentam à mesa junto aos pais e os
observam comer. Crianças agem muito por imitação.
Sente-se à mesa junto e coma alimentos saudáveis com
seu filho. Dê o exemplo.
Inclua seu filho no preparo das refeições. Chame-o para
a cozinha e deixe que ele veja, manipule alimentos e
ajude em tarefas simples. Com a criança envolvida na
atividade de preparar a comida, há uma maior chance
dela se interessar pelos alimentos e experimentá-los.
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7. O QUE
EVITAR?
Da mesma forma que algumas estratégias
ajudam, outras atrapalham. Muita
atenção, pois você pode estar piorando a
fase de seletividade do seu filho.
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8. Pressão
Evite ficar pressionando a criança durante a refeição,
dizendo coisas como “coma tudo para ficar forte”, “coma
a comidinha que a mamãe preparou com tanto
carinho”, “coma para a mamãe ficar feliz”, “coma se não
vou ficar triste”, etc. Afinal de contas queremos que a
criança coma por fome e por gostar da comida e não
para realizar uma vontade nossa.
Castigos ou chantagens
Pior do que a pressão descrita acima é usar castigos ou
chantagens para fazer a criança comer. Proibir de
brincar enquanto não comer tudo, dizer que se não
comer não vai passear ou qualquer outro tipo de
punição faz a refeição virar uma obrigação chata. Isso é
tão comum que muitas pessoas chegam a achar normal
e aceitável. Mas pense bem, coloque-se no lugar da
criança e tente fazer da alimentação um assunto leve na
sua casa.
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9. Prêmios
Outra manipulação bastante comum, mas que agrava
ainda mais a seletividade: prometer doces, chocolate ou
qualquer outro alimento não saudável se a criança
comer a comida toda. Isso inicia um ciclo que nunca
termina bem. A criança que já tem preferência por esse
tipo de alimento ainda passa a vê-lo como uma
premiação, assim ele se torna ainda mais valioso.
Oferecer doces como recompensa aumenta o desejo da
criança pelo próprio doce, não pela comida.
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10. 10
“Melhor que nada”
Frase muito comum. A criança não almoça, mas depois pede um
bolo de chocolate. Logo a mãe pensa “Ah, melhor que nada”. Mas
sim, era melhor não oferecer nada. Primeiro porque a criança
aprende que ganha o bolo caso não coma a comida, e vai
passar a repetir isso sempre. Segundo porque talvez ela não
tenha comido na refeição porque estava sem fome e quando a
fome chegasse você poderia oferecer um alimento saudável,
não um bolo. Então esqueça esse mantra do “melhor que nada”
e quebre este ciclo.
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11. Então recapitulando... de caráter fisiológico é aquela criança
com comportamento alimentar imprevisível, hoje ele adora o
feijão e no dia seguinte ele recusa e só quer comer a batata, por
exemplo. Já a criança com seletividade alimentar cria um
padrão de aceitação e recusa, por vários dias só aceita o
mesmo alimento. Essa criança tem neofobia, sente medo do
alimento, sente medo de provar o novo, não realiza suas
refeições com a família, não gosta de sentar à mesa para comer,
se sente desconfortável, se esconde para não comer, a refeição
para ela é algo muito difícil. Nesses casos é necessário um
acompanhamento multiprofissional, pois essa criança pode
estar com a saúde comprometida.
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