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         III-013: DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELA
                      CONSTRUÇÃO CIVIL EM JOÃO PESSOA

Ricardo Almeida de Melo(1)
Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Doutor em Engenharia Civil pela
Universidade de São Paulo. Professor do Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia,
Universidade Federal da Paraíba.

Luciana Meira Véras
Aluna de graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista de iniciação científica.

Paulo Guilherme M. de Santana Silva
Aluno de graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba. Aluno voluntário de iniciação
científica.
(1)
  Universidade Federal da Paraíba. Departamento de Engenharia Civil. Campus I – Bairro Castelo Branco.
58051-900, João Pessoa/PB. Tel.: (83) 3216-7355. Fax.: (83) 3216-7179. e-mail: ricardo@ct.ufpb.br.


RESUMO
A geração de resíduos sólidos pela construção civil é um problema que atinge várias cidades brasileiras; para se
ter uma idéia, a quantidade média gerada de resíduos é da ordem de 500 kg/(pessoa.ano). Embora o município de
João Pessoa disponha de Aterro Sanitário para deposição adequada e legalizada de resíduos sólidos, os espaços
públicos são frequentemente usados para deposição irregular de entulhos de obras. A prática causa a proliferação
de vetores de doenças, assoreamento de córregos e rios, entupimento de elementos de drenagem, além de
contribuir para poluição visual, do solo e das águas. Desse modo, o objetivo do trabalho foi a elaboração de
diagnóstico sobre a problemática dos resíduos sólidos gerados pela indústria da construção civil em João Pessoa,
que é da ordem de 4.200t/mês. A metodologia do trabalho incidiu sobre a revisão da literatura e legislação,
localização preliminar dos principais pontos de deposição, estimativa da geração de entulhos na região,
identificação de ações de adequação à Resolução CONAMA no. 307/2002 por parte dos agentes envolvidos
(Prefeitura, empresas construtoras e de coleta de resíduos da construção civil e SINDUSCON-JP) e análise
preliminar da composição em canteiros de obras da construção civil em João Pessoa. Desse modo, o estudo visa
contribuir com a elaboração de um modelo de gestão de resíduos sólidos de construção e demolição para o
município que se adeqüe às resoluções do CONAMA, redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos e
análise da viabilidade do agregado reciclado para uso em pavimentação urbana.

PALAVRAS CHAVE: construção civil, resíduos sólidos, meio ambiente, gestão pública, pavimentação urbana.


1. INTRODUÇÃO
Por questões técnicas, econômicas, sociais e culturais, a problemática sobre geração de resíduos sólidos em obras
de construção civil e demolição (RCD) atinge vários países. Para se ter uma idéia, a geração média per capita de
resíduos de concreto na Coréia do Sul é de 520 kg/(pessoa.ano); na Itália, a magnitude é cerca de 600
kg/(pessoa.ano); na Holanda, um dos maiores índices da Europa, a taxa média atinge a marca de 1.000
kg/(pessoa.ano); e no Brasil, em algumas cidades tem-se registrado em média 500 kg de resíduo/(pessoa.ano)
(JOHN e AGOPYAN, 2000; CHO e YEO, 2003; MOTTA et alii, 2004).

Entretanto, em virtude da escassez de agregados naturais, aumento de custo de obras e por razões ambientais, os
resíduos sólidos passaram a ser reciclados (ou reaproveitados) para uso em obras de construção civil, como a
fabricação de peças pré-moldadas, confecção de argamassas e construção de camadas do pavimento. Em países
europeus, devido a pouca quantidade de material primário, há maior tendência de reciclagem dos entulhos:
Holanda, Bélgica e Dinamarca, que reciclam mais de 90% dos resíduos, precisam importar areia da Sibéria e
entulho da Inglaterra (CIOCCHI, 2003). Além do mais, as ações governamentais são tomadas com intuito de
proibir a geração de resíduos sem uma destinação programada.


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Nos Estados Unidos, a problemática sobre a geração de resíduos sólidos não é questão recente, pois estudos são
desenvolvidos desde a década de 60, e mais recentemente, tem se observado a elaboração de programas pela
busca do desenvolvimento sustentável, com o intuito de diagnosticar setores geradores de resíduos, suas fontes,
tipos e quantidades, de forma a reaproveitar entulhos e resíduos industriais em obras de construção civil
(AHMED, 1992; CIOCCHI, 2003).

Entretanto, no Brasil a situação é bem diferente, a perda de materiais é da ordem de 15% do volume de material
destinado à obra e menos de 5% dos entulhos são reciclados para serem reaplicados em novas obras de
construção civil (PICCHI, 1993; CIOCCHI, 2003). Uma das principais ações do Poder Público brasileiro para
reduzir os impactos ambientais oriundos da geração de entulhos foi a elaboração da resolução no. 307/2002 pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente, ao estabelecer critérios de gestão e procedimentos para reciclagem de
resíduos sólidos da construção civil (CONAMA, 2002).

Em João Pessoa, a problemática relacionada aos entulhos ainda está em via de formação, pois só recentemente é
que foi elaborado pela Prefeitura Municipal um projeto para solicitação de financiamento ao Ministério de
Ciência e Tecnologia, com vistas a instalação de uma usina de beneficiamento, que transforma os entulhos
decorrentes de demolições em materiais para a construção civil (PMJP, 2005).

Diante disso, o objetivo do trabalho foi elaborar um diagnóstico da problemática de resíduos sólidos gerados pela
indústria da construção civil em João Pessoa. Sendo assim, este estudo centralizou principalmente em identificar
os locais de deposição final destes resíduos, analisar os tipos de resíduos (componentes) produzidos pela
Indústria da Construção Civil e definir uma estimativa do volume gerado no município.


2. REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com o CONAMA (2002), resíduo sólido de construção civil é todo sub-produto proveniente de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos. Pode ser chamado de entulho, caliça ou metralha e a composição pode incluir tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica entre outros.

A quantidade de entulhos gerados em obras civis, reformas e de demolição representa um desafio para o Poder
Público em vários países. O montante de resíduos gerado diariamente depende de muitos fatores, entre eles,
pode-se destacar o processo de urbanização, desenvolvimento econômico, uso de tecnologia inadequada e
desperdício de materiais em obras. Baseado em diversos estudos, John e Agopyan (2000) fizeram estimativa de
entulhos gerados no Brasil e em vários países, como mostra a Tabela 1.

TABELA 1 – Estimativa de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Fonte: JOHN E AGOPYAN (2000)
                      País      Massa total (106 t)  Massa per capita (Kg/hab)
                       Alemanha             79 – 300                  963 – 3.658
                       U.K.                  50 – 70                  880 – 1.120
                       Holanda             12,8 – 20,2                820 – 1.300
                       Japão                   99                          785
                       Bélgica             7,5 – 34,7                 735 – 3.359
                       Itália                35 – 40                   600 – 690
                       E.U.A.              136 – 171                   463 – 584
                       Dinamarca           2,3 – 10,7                 440 – 2.010
                       Portugal                3,2                         325
                       Brasil                  69*                     230 – 660
                       Suécia                1,2 – 6                   136 – 680
                       *Fonte: Ângulo et al. (2003)


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De acordo com a Tabela 1, as estimativas de geração de entulhos diferem entre os países, o que pode ser
explicado pelos métodos construtivos, questões sócio-econômicas e metodologia para quantificar a quantidade
produzida em obras. No Brasil, segundo John e Agopyan (2000), a diferença na estimativa é devido a inclusão
(ou exclusão) de escavação de solos, tecnologia empregada, idade do edifício entre outras.

De qualquer forma, independentemente da metodologia empregada ou das diferenças de estimativa dos entulhos
gerados em obras, há um consenso que a quantidade entulhos produzida nas grandes e médias cidades brasileiras
constitui um grande problema ambiental, social e de ordem financeira. A deposição irregular desses resíduos traz
problemas à população em face de se constituir meio para vetores de doenças e pelo entupimento de dispositivos
de drenagem e assoreamento dos recursos hídricos, o que contribui de sobremaneira para o risco de enchentes.
Por outro lado, em caso de deposição regular, os entulhos são responsáveis pelo esgotamento da capacidade de
aterros sanitários, pois representam em até 70% do total de resíduos sólidos urbanos, como no Brasil e Coréia do
Sul (JOHN e AGOPYAN, 2000; CHO e YEO, 2003).

Embora, no Brasil, estudos tenham sido desenvolvidos com intuito de caracterizar os entulhos e beneficiá-los
para reaplicação em obras de construção (RADIOBRAS, 2000; JOHN e AGOPYAN, 2000; CARNEIRO et al.,
2000; CARNEIRO et al., 2001), só recentemente é que houve maior preocupação pela sociedade, visto que a
qualidade de vida começou a ser afetada. Exemplo disso é a resolução no. 307 editada pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente que “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção
civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais” (CONAMA, 2002).

Algumas cidades brasileiras (Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Jundiaí e Goiânia) estão mais avançadas com
relação ao cumprimento das resoluções definidas pelo CONAMA, pois desenvolvem ações de gerenciamento de
entulhos, implantaram usinas de beneficiamento e apresentam soluções para reciclagem de entulhos com
aplicação em obras de construção civil.

Em Belo Horizonte, data de 1995, o início do programa de gerenciamento com a implantação de usina de
beneficiamento de entulhos, da qual são obtidos agregados reciclados para uso em atividades de manutenção,
como tapa-buracos, ou em construção de novas ruas da cidade; aproximadamente 10% da malha viária municipal
possuem agregados reciclados na sub-base do pavimento. Os agregados reciclados também são usados em
construção de calçadas e espaços públicos, contenção de encostas e na produção de blocos para construção civil
(RADIOBRAS, 2000; MOTTA & FERNANDES, 2003). Além disso, o Sindicato da Indústria da Construção
Civil no Estado de Minas Gerais lançou cartilha que traz orientações aos atores envolvidos na cadeia produtiva
da construção civil quanto ao atendimento à resolução 307 do CONAMA (SINDUSCON-SENAI, 2005).

Na Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana, um grupo foi criado (Universidades, Entidades de
Classes, Órgãos Públicos, Empresas Privadas entre outros) com vistas a identificar as necessidades, definir um
conjunto de ações para deposição correta de entulhos e reaproveitar agregados reciclados em novas obras de
construção civil (CARNEIRO et al., 2000; CARNEIRO et al., 2001).

A primeira usina de reciclagem de entulhos de São Paulo foi instalada em 1991, da qual são obtidos agregados
reciclados para execução de camadas de reforço de subleito, sub-base ou base mista de pavimentos, cujas
orientações para o processo construtivo estão definidas na especificação ETS-001/2003 (PMSP, 2003; BALZAN
et al., 2003; AMBIENTEBRASIL, 2006). Além do mais, cabe destacar alguns estudos (JOHN e AGOPYAN,
2000; ÂNGULO et al., 2003) para verificar a viabilidade técnica e econômica do agregado reciclado destinado a
confecção de concreto não estrutural, argamassa e blocos para alvenaria.

No município de Jundiaí, São Paulo, o Poder Público pavimentou vias centrais da cidade (CIOCCHI, 2003); e
em Goiânia, uma pista experimental foi construída com entulho reciclado, com vistas a analisá-lo tecnicamente
como material para camadas de pavimentos (MENDES et al., 2004).


3. METODOLOGIA
A metodologia do trabalho incidiu sobre a revisão da literatura e legislação, localização preliminar dos principais
pontos de deposição, estimativa da geração de entulhos na região, identificação de ações de adequação à
Resolução CONAMA no. 307/2002 por parte dos agentes envolvidos (Prefeitura, empresas construtoras e de
coleta de resíduos da construção civil e SINDUSCON-JP) e análise preliminar da composição em canteiros de
obras da construção civil em João Pessoa.

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A capital da Paraíba, João Pessoa, foi escolhida por apresentar elevado índice de construções, processo acelerado
de edificação vertical e por estar em crescimento populacional contínuo e de atividades, havendo assim
necessidade de novas habitações. Assim como em outros centros urbanos, João Pessoa possui a problemática do
crescimento do volume diário dos resíduos sólidos gerados pela construção civil. Além disso, a sociedade tem se
preocupado com a deposição irregular dos resíduos de construção e demolição em praças, terrenos baldios,
margens de rios, ruas e estradas.

3.1. Localização de Pontos de Deposição de Entulhos
Até 2003, os resíduos sólidos produzidos por João Pessoa, Bayeux e Cabedelo, cerca de 900 toneladas diárias,
eram despejados em área pública, chamada “Lixão do Roger”; a prática usada teve como prejuízo a degradação
do local, além de poluição dos cursos d´água existentes nas proximidades (PMPJ, 2004). Com o início da
vigência da resolução do CONAMA, o lixão foi desativado e foi implantado um Aterro Sanitário, que é
administrado por um consórcio formado entre as prefeituras. Desse modo, até o momento, o aterro sanitário é o
único destino adequado e legalizado para a destinação dos resíduos sólidos urbanos gerados naquelas cidades.

A avaliação da deposição final dos resíduos sólidos produzidos pela construção civil foi feita através entrevistas
feitas a Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR), a três empresas privadas coletoras,
licenciadas pelo Governo Municipal, e através de visitas ao aterro sanitário.

Do volume coletado pelas empresas, 70% (em média) dos resíduos são depositados no aterro e 30% em local
indicado pelo gerador ou construtor. Entretanto, como o aterro se encontra a uma distância média de 25 km e a
taxa cobrada pelas empresas coletoras é da ordem de R$ 7,50 (sete reais e cinqüenta centavos) por tonelada de
resíduo depositado (Lima, 2005), é de se esperar que boa parte dos resíduos esteja sendo destinada a depósitos
clandestinos espalhados pela cidade, como mostra a Figura 1.




      FIGURA 1 - Deposição Irregular de Entulhos em Terreno Baldio no Município de João Pessoa.

Segundo a EMLUR, grande parte das deposições clandestinas de entulhos encontradas na região estão
localizadas próximas a cursos d’água e em áreas de preservação ambiental (mangues, lagoas, etc.). Os bairros
onde se encontram as maiores concentrações de deposição irregular são: Alto do Céu, por existir pedreira
desativada; Bessa, pela falta de pavimentação das ruas, e; Altiplano Cabo Branco, por se tratar de bairro isolado,
pouco adensado e sem fiscalização da prefeitura.

Em função da indisponibilidade de tempo e recursos financeiros, um mapeamento completo da deposição
irregular nos bairros de João Pessoa não foi possível de ser realizado.

3.2. Estimativa da Geração de Entulhos em João Pessoa
A estimativa do volume de resíduos sólidos gerados pela construção civil foi baseada em dados e informações
obtidos a partir de entrevistas realizadas nas três empresas coletoras. Segundo informações obtidas nas empresas,
a quantidade de caçambas coletadas diariamente é da ordem de 40; visto que o volume médio de cada caçamba é


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da ordem de 4 m3, o volume diário médio coletado é de 160 m3. Como a coleta é efetuada apenas em dias úteis
(22 dias por mês), o volume total coletado por mês é cerca de 3.520 m3. Ao considerar que a massa unitária do
entulho bruto é de 1.230 kg/m3, a quantidade de resíduo é da ordem de 4.330 t/mês. Esse valor estimado é maior
do que o obtido por Lima (2005), cuja estimativa feita foi de 3.760t/mês, entretanto difere do que foi estimado
pela EMLUR, no ano de 2004, que foi de 1.700t/mês.

Ao considerar a população de João Pessoa em torno de 660.798 habitantes (para 2005), segundo a previsão do
IBGE (2006), a taxa média per capita de geração de entulhos quantifica 79 kg/(habitante.ano). Entretanto, essa
quantidade gerada mensalmente é bem maior visto que existem deposições irregulares feitas por construtoras
e/ou pela própria comunidade, com o intuito de retirar dos canteiros, os resíduos gerados em reformas e
pequenas obras de construção civil.

3.3. Identificação de Ações de Adequação à Resolução CONAMA no. 307/2002
Com o objetivo de identificar as diversas ações que estão sendo desenvolvidas em João Pessoa, no sentido de
adequação ao que estabelece a Resolução CONAMA no. 307, foram feitas entrevistas para coleta de informações.
Os setores entrevistados foram:
     • Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR);
     • Empresas coletoras de entulhos;
     • Empresas construtoras;
     • Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP).

Como ação do Poder Público, pode-se destacar a elaboração do Programa de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, com a criação de uma Usina de Reciclagem que será implantada até o final de 2006, segundo a
EMLUR. Desse modo, a prefeitura espera diminuir o impacto ambiental causados pelos entulhos gerados pela
construção civil e existentes em espaços públicos do município.

Ainda, o Regulamento de Limpeza Urbana de João Pessoa estabelece que todo proprietário de terreno não
edificado, ou não utilizado, nas vias e logradouros públicos é obrigado a "mantê-lo capinado, drenado e limpo; a
guardá-lo e fiscalizá-lo para impedir que o mesmo seja utilizado como depósito de resíduos e de detritos de
qualquer natureza".

Para se fazer cumprir a legislação, o Departamento de Fiscalização da EMLUR registrou, por meio do cadastro
técnico, os proprietários dos terrenos baldios de João Pessoa. As vistorias são feitas periodicamente e, em caso
de descumprimento da legislação, os proprietários são notificados. O órgão fiscalizador estabelece prazo de dez
dias para solução do problema, caso contrário o proprietário recebe auto de infração com multa.

Quanto às empresas que realizam os serviços de coleta de entulhos, as ações realizadas são poucas e se
restringem à seleção de locais para disposição final do volume coletado. Contudo, as empresas coletoras esperam
viabilizar a reciclagem dos entulhos com a implantação da Usina de Reciclagem da prefeitura e através da
criação de uma Unidade de Beneficiamento.

Com relação às construtoras, os principais geradores de resíduos sólidos, têm se observado a implementação de
programas de qualidade com a finalidade reduzir custos de construção e melhorar o processo construtivo.
Contudo, essa prática ainda é bastante reduzida, desse modo é necessária a adesão aos programas de qualidade
por parte de uma maior quantidade de empresas, além de ser necessário a introdução da prática da coleta seletiva
no cotidiano dos canteiros de obras. Com isso, a redução do desperdício e a geração de entulhos se reduzirão de
fato em obras de construção civil.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP) está ciente da problemática
sobre o desperdício em obras da construção civil e geração de resíduos sólidos. Como plano de ação para o setor,
o SINDUSCON estimula as construtoras e profissionais da Construção Civil à busca de novas técnicas,
ferramentas, equipamentos e materiais para a melhoria do processo construtivo, mediante a realização de
seminários, treinamentos e cursos para seus associados.

3.4. Composição de Entulhos
De maneira a caracterizar a variabilidade da composição de entulhos, os bairros Bessa, Tambaú, Bairro dos
Estados, Jaguaribe, Bancários e Geisel foram escolhidos para realização do estudo. A escolha foi baseada em



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virtude dos bairros apresentarem aspectos distintos com respeito ao tipo de edificação construída, aspecto
econômico, adensamento, taxa de verticalização, entre outros.

Dentre os bairros citados, uma coleta preliminar de entulhos foi feita em canteiros de obras no bairro dos
Bancários; a escolha foi devido a proximidade do mesmo com relação à UFPB, limitação de tempo e recursos
disponíveis para realização da pesquisa.

Os entulhos foram coletados de duas edificações executadas em alvenaria estrutural, sendo em fases construtivas
distintas: acabamento e estrutura. A massa coletada total foi da ordem de 200 kg de material, dado que essa
quantidade foi avaliada como suficiente para caracterizar os resíduos produzidos nas edificações.

O processo de caracterização do material coletado foi feito por meio de separação manual, classificação visual e
peneiramento das amostras na peneira com malha de abertura de 4,76 mm, segundo preconiza a especificação de
serviço ETS-001/2003 (PMSP, 2003). Com esse procedimento foi possível classificar os entulhos que ficaram
retidos na peneira 4,76 mm, contudo para partículas com diâmetro inferiores, o material fora classificado em
grupo único (material fino), devido a dificuldade de separação e classificação.

Desse modo, os entulhos foram classificados em: (i) material concretício: argamassa, concreto e brita; (ii)
material cerâmico: telha e tijolo; (iii) material fino: que passa na peneira de 4,76 mm; e (iv) outros: ferro,
arames, madeira, matéria orgânica, vidro, papel e PVC. A Figura 2 ilustra a composição dos entulhos verificada
nas obras.




                     (a) Material concretício                      (b) Material cerâmico




                        (c) Material fino                            (d) Outros
                      FIGURA 2 – Classificação dos Entulhos de Obras em João Pessoa

A Figura 3 mostra resultados da composição dos entulhos obtidos nas obras analisadas no bairro dos Bancários.




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                         50,0
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                         45,0
                                                                                      B estrutura
                         40,0
                                                                                      média
                         35,0
           Porcentagem
                         30,0
                         25,0
                         20,0
                         15,0
                         10,0
                          5,0
                          0,0
                                  concretício       cerâmico           fino             outros
                                                         Tipo de resíduo
                                FIGURA 3 – Composição dos Entulhos de Obras em João Pessoa

De acordo com a Figura 3, pode-se notar que os materiais concretício e cerâmico representam 70% (em média)
da composição dos resíduos sólidos obtidos nas obras. Além do mais, os resultados mostram a variabilidade dos
entulhos produzidos em função da fase de execução da obra, como foi observado em outros estudos.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão dos resíduos sólidos é uma das principais problemáticas econômicas, sociais e ambientais enfrentadas
por muitas cidades brasileiras. Ao longo deste trabalho, foi feito um diagnóstico da situação atual dos resíduos
sólidos gerados pela construção civil em João Pessoa, o que inclui a caracterização do entulho, estimativa do
volume de resíduos gerados, mecanismos de controle e sua destinação final, além da localização dos pontos de
maiores concentrações de deposição irregular.

Constatou-se que nem sempre os agentes envolvidos atendem à resolução do CONAMA, devido à distância onde
se encontra o Aterro Sanitário e a taxa a ser pago pelo volume depositado no aterro, com isso esses resíduos têm
seu destino desviado e são depositados de forma irregular, na maioria dos casos em terrenos baldios. Para que
esse volume desviado seja minimizado é preciso que um conjunto de ações seja definido, tais como campanhas
de conscientização, implantação e incentivo da coleta seletiva nos canteiros de obras.

Entretanto, os estudos não devem ter como foco principal apenas a destinação final dos resíduos, deve ir além,
preocupar-se com o uso racional dos recursos, com a diminuição dos desperdícios e a minimização na geração
dos resíduos. Vale lembrar que outras soluções, como a implantação de políticas de gerenciamento, poderiam
resolver uma série de problemas como, por exemplo, a destinação final dos entulhos.

Além disso, vários estudos mostram que o uso do agregado reciclado em obras de construção civil pode ser uma
solução viável para reduzir os problemas ambientais causados pelo grande volume produzido, e por apresentar
custo inferior aos materiais comumente usados. Este resíduo reciclado tem uso muito importante em obras de
pavimentação, pois atende aos aspectos técnico, econômico e sócio - ambiental.

Embora os resultados tenham caráter preliminar, devido à limitação de tempo e recursos, foi possível obter
conclusões que possam ser tomadas como subsídios ao Poder Público, com o intuito de contribuir para redução
dos impactos ambientais e para análise da viabilidade do agregado reciclado em pavimentação de vias do
município.


AGRADECIMENTOS
Os autores do trabalho agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e a Universidade Federal da Paraíba pelo incentivo dado para realização da pesquisa, através da concessão de


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I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental

uma bolsa de iniciação científica. Ainda pelas informações prestadas, à Autarquia Municipal Especial de
Limpeza Urbana (EMLUR), às Empresas coletoras de entulhos, às construtoras e ao Sindicato da Indústria da
Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP).

REFERÊNCIAS
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Engineering. Editor: Noyes Data Corporation. West Lafayette, Indiana. 1992.
AMBIENTEBRASIL.               Reciclagem      de        Entulho.       AMBIENTEBRASIL.             2006.
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=residuos/index.php3&conteudo=./residuos/reciclagem/e
ntulho.html. (Acesso: 07/08/2006).
Ângulo, et al.. Metodologia de Caracterização de Resíduos de Construção e Demolição. In: IV Seminário
Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. 14p.. IBRACON. 2003. São Paulo.
Balzan, D. C., Pires, L. M. e Melo, V. L.. Utilização de Agregado Reciclado de Obras de Construção Civil em
Pavimentos Urbanos: Especificação e Obras no Município de São Paulo. In: REUNIÃO ANUAL DE
PAVIMENTAÇÃO URBANA, 12a. RPU. Cd-rom. 2003. Aracaju, SE.
Carneiro, A. P. et al.. Reciclagem do Entulho da Região Metropolitana de Salvador para a Produção de Materiais
de Construção de Baixo Custo. In: IX SILUBESA – Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e
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Carneiro, A. P.; Brum, I. A. S. e Cassa, J. C. S.. Reciclagem de Entulho para Produção de Materiais de
Construção. Caixa Econômica Federal. Editora UFBA. 2001.
Cho, Y. H. and Yeo, S. Application of Aggregate Recycled from Construction Waste to Highway Pavement. In:
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http://www.engepara.com.br/artigos/art20031006/art20031006.asp. (Acesso: 04/08/06).
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Meio Ambiente. 2002. http://www.mma.gov.br. (Acesso: 21/06/05).
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JOHN, V.M.; AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduos da construção. In: Seminário - Reciclagem de Resíduos
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2000. http://www.reciclagem.pcc.usp.br/artigos1.htm. (Acesso: 04/08/06).
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Motta, L. M. G. e Fernandes, C. Utilização de resíduo sólido da construção civil em pavimentação urbana. In:
REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO URBANA, 12a. RPU. Cd-rom. 2003. Aracaju, SE.
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PICCHI, F. A. Sistemas de qualidade: uso em empresas de construção de edifícios. Tese (Doutorado). Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 1993. 462 p..
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Prefeitura Municipal de João Pessoa, Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia. João Pessoa. 25 p..
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Municipal      de      João       Pessoa,      Secretaria      de    Comunicação      Social.       2005.
http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=336. (Acesso: 21/06/05).



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PMSP. ETS 001/2003 – Camadas de Reforço do Subleito, Sub-base e Base Mista de Pavimento com Agregado
Reciclado de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Especificação de Serviço. Prefeitura do Município de São
Paulo. Secretaria de Infra-estrutura Urbana. Superintendência de Projetos Viários. 2003. São Paulo.
RADIOBRAS. Ciência e Tecnologia - Informativo Semanal da Radiobras, Ciência Tecnologia e Meio
Ambiente. 2000. http://www.radiobras.gov.br. (Acesso: 10/01/2006).
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http://www.sindusconjp.com.br/sindusconjp.html. (Acesso:04/08/06).
SINDUSCON-SENAI. Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. 2ª. Edição. Sindicato da
Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Belo
Horizonte. 2005. 68p..




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Art diagnóstico dos resíduos sólidos gerados pela

  • 1. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental III-013: DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL EM JOÃO PESSOA Ricardo Almeida de Melo(1) Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo. Professor do Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba. Luciana Meira Véras Aluna de graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista de iniciação científica. Paulo Guilherme M. de Santana Silva Aluno de graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba. Aluno voluntário de iniciação científica. (1) Universidade Federal da Paraíba. Departamento de Engenharia Civil. Campus I – Bairro Castelo Branco. 58051-900, João Pessoa/PB. Tel.: (83) 3216-7355. Fax.: (83) 3216-7179. e-mail: ricardo@ct.ufpb.br. RESUMO A geração de resíduos sólidos pela construção civil é um problema que atinge várias cidades brasileiras; para se ter uma idéia, a quantidade média gerada de resíduos é da ordem de 500 kg/(pessoa.ano). Embora o município de João Pessoa disponha de Aterro Sanitário para deposição adequada e legalizada de resíduos sólidos, os espaços públicos são frequentemente usados para deposição irregular de entulhos de obras. A prática causa a proliferação de vetores de doenças, assoreamento de córregos e rios, entupimento de elementos de drenagem, além de contribuir para poluição visual, do solo e das águas. Desse modo, o objetivo do trabalho foi a elaboração de diagnóstico sobre a problemática dos resíduos sólidos gerados pela indústria da construção civil em João Pessoa, que é da ordem de 4.200t/mês. A metodologia do trabalho incidiu sobre a revisão da literatura e legislação, localização preliminar dos principais pontos de deposição, estimativa da geração de entulhos na região, identificação de ações de adequação à Resolução CONAMA no. 307/2002 por parte dos agentes envolvidos (Prefeitura, empresas construtoras e de coleta de resíduos da construção civil e SINDUSCON-JP) e análise preliminar da composição em canteiros de obras da construção civil em João Pessoa. Desse modo, o estudo visa contribuir com a elaboração de um modelo de gestão de resíduos sólidos de construção e demolição para o município que se adeqüe às resoluções do CONAMA, redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos e análise da viabilidade do agregado reciclado para uso em pavimentação urbana. PALAVRAS CHAVE: construção civil, resíduos sólidos, meio ambiente, gestão pública, pavimentação urbana. 1. INTRODUÇÃO Por questões técnicas, econômicas, sociais e culturais, a problemática sobre geração de resíduos sólidos em obras de construção civil e demolição (RCD) atinge vários países. Para se ter uma idéia, a geração média per capita de resíduos de concreto na Coréia do Sul é de 520 kg/(pessoa.ano); na Itália, a magnitude é cerca de 600 kg/(pessoa.ano); na Holanda, um dos maiores índices da Europa, a taxa média atinge a marca de 1.000 kg/(pessoa.ano); e no Brasil, em algumas cidades tem-se registrado em média 500 kg de resíduo/(pessoa.ano) (JOHN e AGOPYAN, 2000; CHO e YEO, 2003; MOTTA et alii, 2004). Entretanto, em virtude da escassez de agregados naturais, aumento de custo de obras e por razões ambientais, os resíduos sólidos passaram a ser reciclados (ou reaproveitados) para uso em obras de construção civil, como a fabricação de peças pré-moldadas, confecção de argamassas e construção de camadas do pavimento. Em países europeus, devido a pouca quantidade de material primário, há maior tendência de reciclagem dos entulhos: Holanda, Bélgica e Dinamarca, que reciclam mais de 90% dos resíduos, precisam importar areia da Sibéria e entulho da Inglaterra (CIOCCHI, 2003). Além do mais, as ações governamentais são tomadas com intuito de proibir a geração de resíduos sem uma destinação programada. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 Seção Paraíba
  • 2. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental Nos Estados Unidos, a problemática sobre a geração de resíduos sólidos não é questão recente, pois estudos são desenvolvidos desde a década de 60, e mais recentemente, tem se observado a elaboração de programas pela busca do desenvolvimento sustentável, com o intuito de diagnosticar setores geradores de resíduos, suas fontes, tipos e quantidades, de forma a reaproveitar entulhos e resíduos industriais em obras de construção civil (AHMED, 1992; CIOCCHI, 2003). Entretanto, no Brasil a situação é bem diferente, a perda de materiais é da ordem de 15% do volume de material destinado à obra e menos de 5% dos entulhos são reciclados para serem reaplicados em novas obras de construção civil (PICCHI, 1993; CIOCCHI, 2003). Uma das principais ações do Poder Público brasileiro para reduzir os impactos ambientais oriundos da geração de entulhos foi a elaboração da resolução no. 307/2002 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, ao estabelecer critérios de gestão e procedimentos para reciclagem de resíduos sólidos da construção civil (CONAMA, 2002). Em João Pessoa, a problemática relacionada aos entulhos ainda está em via de formação, pois só recentemente é que foi elaborado pela Prefeitura Municipal um projeto para solicitação de financiamento ao Ministério de Ciência e Tecnologia, com vistas a instalação de uma usina de beneficiamento, que transforma os entulhos decorrentes de demolições em materiais para a construção civil (PMJP, 2005). Diante disso, o objetivo do trabalho foi elaborar um diagnóstico da problemática de resíduos sólidos gerados pela indústria da construção civil em João Pessoa. Sendo assim, este estudo centralizou principalmente em identificar os locais de deposição final destes resíduos, analisar os tipos de resíduos (componentes) produzidos pela Indústria da Construção Civil e definir uma estimativa do volume gerado no município. 2. REVISÃO DA LITERATURA De acordo com o CONAMA (2002), resíduo sólido de construção civil é todo sub-produto proveniente de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos. Pode ser chamado de entulho, caliça ou metralha e a composição pode incluir tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica entre outros. A quantidade de entulhos gerados em obras civis, reformas e de demolição representa um desafio para o Poder Público em vários países. O montante de resíduos gerado diariamente depende de muitos fatores, entre eles, pode-se destacar o processo de urbanização, desenvolvimento econômico, uso de tecnologia inadequada e desperdício de materiais em obras. Baseado em diversos estudos, John e Agopyan (2000) fizeram estimativa de entulhos gerados no Brasil e em vários países, como mostra a Tabela 1. TABELA 1 – Estimativa de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Fonte: JOHN E AGOPYAN (2000) País Massa total (106 t) Massa per capita (Kg/hab) Alemanha 79 – 300 963 – 3.658 U.K. 50 – 70 880 – 1.120 Holanda 12,8 – 20,2 820 – 1.300 Japão 99 785 Bélgica 7,5 – 34,7 735 – 3.359 Itália 35 – 40 600 – 690 E.U.A. 136 – 171 463 – 584 Dinamarca 2,3 – 10,7 440 – 2.010 Portugal 3,2 325 Brasil 69* 230 – 660 Suécia 1,2 – 6 136 – 680 *Fonte: Ângulo et al. (2003) ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 Seção Paraíba
  • 3. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental De acordo com a Tabela 1, as estimativas de geração de entulhos diferem entre os países, o que pode ser explicado pelos métodos construtivos, questões sócio-econômicas e metodologia para quantificar a quantidade produzida em obras. No Brasil, segundo John e Agopyan (2000), a diferença na estimativa é devido a inclusão (ou exclusão) de escavação de solos, tecnologia empregada, idade do edifício entre outras. De qualquer forma, independentemente da metodologia empregada ou das diferenças de estimativa dos entulhos gerados em obras, há um consenso que a quantidade entulhos produzida nas grandes e médias cidades brasileiras constitui um grande problema ambiental, social e de ordem financeira. A deposição irregular desses resíduos traz problemas à população em face de se constituir meio para vetores de doenças e pelo entupimento de dispositivos de drenagem e assoreamento dos recursos hídricos, o que contribui de sobremaneira para o risco de enchentes. Por outro lado, em caso de deposição regular, os entulhos são responsáveis pelo esgotamento da capacidade de aterros sanitários, pois representam em até 70% do total de resíduos sólidos urbanos, como no Brasil e Coréia do Sul (JOHN e AGOPYAN, 2000; CHO e YEO, 2003). Embora, no Brasil, estudos tenham sido desenvolvidos com intuito de caracterizar os entulhos e beneficiá-los para reaplicação em obras de construção (RADIOBRAS, 2000; JOHN e AGOPYAN, 2000; CARNEIRO et al., 2000; CARNEIRO et al., 2001), só recentemente é que houve maior preocupação pela sociedade, visto que a qualidade de vida começou a ser afetada. Exemplo disso é a resolução no. 307 editada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente que “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais” (CONAMA, 2002). Algumas cidades brasileiras (Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Jundiaí e Goiânia) estão mais avançadas com relação ao cumprimento das resoluções definidas pelo CONAMA, pois desenvolvem ações de gerenciamento de entulhos, implantaram usinas de beneficiamento e apresentam soluções para reciclagem de entulhos com aplicação em obras de construção civil. Em Belo Horizonte, data de 1995, o início do programa de gerenciamento com a implantação de usina de beneficiamento de entulhos, da qual são obtidos agregados reciclados para uso em atividades de manutenção, como tapa-buracos, ou em construção de novas ruas da cidade; aproximadamente 10% da malha viária municipal possuem agregados reciclados na sub-base do pavimento. Os agregados reciclados também são usados em construção de calçadas e espaços públicos, contenção de encostas e na produção de blocos para construção civil (RADIOBRAS, 2000; MOTTA & FERNANDES, 2003). Além disso, o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais lançou cartilha que traz orientações aos atores envolvidos na cadeia produtiva da construção civil quanto ao atendimento à resolução 307 do CONAMA (SINDUSCON-SENAI, 2005). Na Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana, um grupo foi criado (Universidades, Entidades de Classes, Órgãos Públicos, Empresas Privadas entre outros) com vistas a identificar as necessidades, definir um conjunto de ações para deposição correta de entulhos e reaproveitar agregados reciclados em novas obras de construção civil (CARNEIRO et al., 2000; CARNEIRO et al., 2001). A primeira usina de reciclagem de entulhos de São Paulo foi instalada em 1991, da qual são obtidos agregados reciclados para execução de camadas de reforço de subleito, sub-base ou base mista de pavimentos, cujas orientações para o processo construtivo estão definidas na especificação ETS-001/2003 (PMSP, 2003; BALZAN et al., 2003; AMBIENTEBRASIL, 2006). Além do mais, cabe destacar alguns estudos (JOHN e AGOPYAN, 2000; ÂNGULO et al., 2003) para verificar a viabilidade técnica e econômica do agregado reciclado destinado a confecção de concreto não estrutural, argamassa e blocos para alvenaria. No município de Jundiaí, São Paulo, o Poder Público pavimentou vias centrais da cidade (CIOCCHI, 2003); e em Goiânia, uma pista experimental foi construída com entulho reciclado, com vistas a analisá-lo tecnicamente como material para camadas de pavimentos (MENDES et al., 2004). 3. METODOLOGIA A metodologia do trabalho incidiu sobre a revisão da literatura e legislação, localização preliminar dos principais pontos de deposição, estimativa da geração de entulhos na região, identificação de ações de adequação à Resolução CONAMA no. 307/2002 por parte dos agentes envolvidos (Prefeitura, empresas construtoras e de coleta de resíduos da construção civil e SINDUSCON-JP) e análise preliminar da composição em canteiros de obras da construção civil em João Pessoa. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 Seção Paraíba
  • 4. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental A capital da Paraíba, João Pessoa, foi escolhida por apresentar elevado índice de construções, processo acelerado de edificação vertical e por estar em crescimento populacional contínuo e de atividades, havendo assim necessidade de novas habitações. Assim como em outros centros urbanos, João Pessoa possui a problemática do crescimento do volume diário dos resíduos sólidos gerados pela construção civil. Além disso, a sociedade tem se preocupado com a deposição irregular dos resíduos de construção e demolição em praças, terrenos baldios, margens de rios, ruas e estradas. 3.1. Localização de Pontos de Deposição de Entulhos Até 2003, os resíduos sólidos produzidos por João Pessoa, Bayeux e Cabedelo, cerca de 900 toneladas diárias, eram despejados em área pública, chamada “Lixão do Roger”; a prática usada teve como prejuízo a degradação do local, além de poluição dos cursos d´água existentes nas proximidades (PMPJ, 2004). Com o início da vigência da resolução do CONAMA, o lixão foi desativado e foi implantado um Aterro Sanitário, que é administrado por um consórcio formado entre as prefeituras. Desse modo, até o momento, o aterro sanitário é o único destino adequado e legalizado para a destinação dos resíduos sólidos urbanos gerados naquelas cidades. A avaliação da deposição final dos resíduos sólidos produzidos pela construção civil foi feita através entrevistas feitas a Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR), a três empresas privadas coletoras, licenciadas pelo Governo Municipal, e através de visitas ao aterro sanitário. Do volume coletado pelas empresas, 70% (em média) dos resíduos são depositados no aterro e 30% em local indicado pelo gerador ou construtor. Entretanto, como o aterro se encontra a uma distância média de 25 km e a taxa cobrada pelas empresas coletoras é da ordem de R$ 7,50 (sete reais e cinqüenta centavos) por tonelada de resíduo depositado (Lima, 2005), é de se esperar que boa parte dos resíduos esteja sendo destinada a depósitos clandestinos espalhados pela cidade, como mostra a Figura 1. FIGURA 1 - Deposição Irregular de Entulhos em Terreno Baldio no Município de João Pessoa. Segundo a EMLUR, grande parte das deposições clandestinas de entulhos encontradas na região estão localizadas próximas a cursos d’água e em áreas de preservação ambiental (mangues, lagoas, etc.). Os bairros onde se encontram as maiores concentrações de deposição irregular são: Alto do Céu, por existir pedreira desativada; Bessa, pela falta de pavimentação das ruas, e; Altiplano Cabo Branco, por se tratar de bairro isolado, pouco adensado e sem fiscalização da prefeitura. Em função da indisponibilidade de tempo e recursos financeiros, um mapeamento completo da deposição irregular nos bairros de João Pessoa não foi possível de ser realizado. 3.2. Estimativa da Geração de Entulhos em João Pessoa A estimativa do volume de resíduos sólidos gerados pela construção civil foi baseada em dados e informações obtidos a partir de entrevistas realizadas nas três empresas coletoras. Segundo informações obtidas nas empresas, a quantidade de caçambas coletadas diariamente é da ordem de 40; visto que o volume médio de cada caçamba é ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 Seção Paraíba
  • 5. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental da ordem de 4 m3, o volume diário médio coletado é de 160 m3. Como a coleta é efetuada apenas em dias úteis (22 dias por mês), o volume total coletado por mês é cerca de 3.520 m3. Ao considerar que a massa unitária do entulho bruto é de 1.230 kg/m3, a quantidade de resíduo é da ordem de 4.330 t/mês. Esse valor estimado é maior do que o obtido por Lima (2005), cuja estimativa feita foi de 3.760t/mês, entretanto difere do que foi estimado pela EMLUR, no ano de 2004, que foi de 1.700t/mês. Ao considerar a população de João Pessoa em torno de 660.798 habitantes (para 2005), segundo a previsão do IBGE (2006), a taxa média per capita de geração de entulhos quantifica 79 kg/(habitante.ano). Entretanto, essa quantidade gerada mensalmente é bem maior visto que existem deposições irregulares feitas por construtoras e/ou pela própria comunidade, com o intuito de retirar dos canteiros, os resíduos gerados em reformas e pequenas obras de construção civil. 3.3. Identificação de Ações de Adequação à Resolução CONAMA no. 307/2002 Com o objetivo de identificar as diversas ações que estão sendo desenvolvidas em João Pessoa, no sentido de adequação ao que estabelece a Resolução CONAMA no. 307, foram feitas entrevistas para coleta de informações. Os setores entrevistados foram: • Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR); • Empresas coletoras de entulhos; • Empresas construtoras; • Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP). Como ação do Poder Público, pode-se destacar a elaboração do Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com a criação de uma Usina de Reciclagem que será implantada até o final de 2006, segundo a EMLUR. Desse modo, a prefeitura espera diminuir o impacto ambiental causados pelos entulhos gerados pela construção civil e existentes em espaços públicos do município. Ainda, o Regulamento de Limpeza Urbana de João Pessoa estabelece que todo proprietário de terreno não edificado, ou não utilizado, nas vias e logradouros públicos é obrigado a "mantê-lo capinado, drenado e limpo; a guardá-lo e fiscalizá-lo para impedir que o mesmo seja utilizado como depósito de resíduos e de detritos de qualquer natureza". Para se fazer cumprir a legislação, o Departamento de Fiscalização da EMLUR registrou, por meio do cadastro técnico, os proprietários dos terrenos baldios de João Pessoa. As vistorias são feitas periodicamente e, em caso de descumprimento da legislação, os proprietários são notificados. O órgão fiscalizador estabelece prazo de dez dias para solução do problema, caso contrário o proprietário recebe auto de infração com multa. Quanto às empresas que realizam os serviços de coleta de entulhos, as ações realizadas são poucas e se restringem à seleção de locais para disposição final do volume coletado. Contudo, as empresas coletoras esperam viabilizar a reciclagem dos entulhos com a implantação da Usina de Reciclagem da prefeitura e através da criação de uma Unidade de Beneficiamento. Com relação às construtoras, os principais geradores de resíduos sólidos, têm se observado a implementação de programas de qualidade com a finalidade reduzir custos de construção e melhorar o processo construtivo. Contudo, essa prática ainda é bastante reduzida, desse modo é necessária a adesão aos programas de qualidade por parte de uma maior quantidade de empresas, além de ser necessário a introdução da prática da coleta seletiva no cotidiano dos canteiros de obras. Com isso, a redução do desperdício e a geração de entulhos se reduzirão de fato em obras de construção civil. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP) está ciente da problemática sobre o desperdício em obras da construção civil e geração de resíduos sólidos. Como plano de ação para o setor, o SINDUSCON estimula as construtoras e profissionais da Construção Civil à busca de novas técnicas, ferramentas, equipamentos e materiais para a melhoria do processo construtivo, mediante a realização de seminários, treinamentos e cursos para seus associados. 3.4. Composição de Entulhos De maneira a caracterizar a variabilidade da composição de entulhos, os bairros Bessa, Tambaú, Bairro dos Estados, Jaguaribe, Bancários e Geisel foram escolhidos para realização do estudo. A escolha foi baseada em ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 Seção Paraíba
  • 6. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental virtude dos bairros apresentarem aspectos distintos com respeito ao tipo de edificação construída, aspecto econômico, adensamento, taxa de verticalização, entre outros. Dentre os bairros citados, uma coleta preliminar de entulhos foi feita em canteiros de obras no bairro dos Bancários; a escolha foi devido a proximidade do mesmo com relação à UFPB, limitação de tempo e recursos disponíveis para realização da pesquisa. Os entulhos foram coletados de duas edificações executadas em alvenaria estrutural, sendo em fases construtivas distintas: acabamento e estrutura. A massa coletada total foi da ordem de 200 kg de material, dado que essa quantidade foi avaliada como suficiente para caracterizar os resíduos produzidos nas edificações. O processo de caracterização do material coletado foi feito por meio de separação manual, classificação visual e peneiramento das amostras na peneira com malha de abertura de 4,76 mm, segundo preconiza a especificação de serviço ETS-001/2003 (PMSP, 2003). Com esse procedimento foi possível classificar os entulhos que ficaram retidos na peneira 4,76 mm, contudo para partículas com diâmetro inferiores, o material fora classificado em grupo único (material fino), devido a dificuldade de separação e classificação. Desse modo, os entulhos foram classificados em: (i) material concretício: argamassa, concreto e brita; (ii) material cerâmico: telha e tijolo; (iii) material fino: que passa na peneira de 4,76 mm; e (iv) outros: ferro, arames, madeira, matéria orgânica, vidro, papel e PVC. A Figura 2 ilustra a composição dos entulhos verificada nas obras. (a) Material concretício (b) Material cerâmico (c) Material fino (d) Outros FIGURA 2 – Classificação dos Entulhos de Obras em João Pessoa A Figura 3 mostra resultados da composição dos entulhos obtidos nas obras analisadas no bairro dos Bancários. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 Seção Paraíba
  • 7. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental 50,0 A acabamento 45,0 B estrutura 40,0 média 35,0 Porcentagem 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 concretício cerâmico fino outros Tipo de resíduo FIGURA 3 – Composição dos Entulhos de Obras em João Pessoa De acordo com a Figura 3, pode-se notar que os materiais concretício e cerâmico representam 70% (em média) da composição dos resíduos sólidos obtidos nas obras. Além do mais, os resultados mostram a variabilidade dos entulhos produzidos em função da fase de execução da obra, como foi observado em outros estudos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A questão dos resíduos sólidos é uma das principais problemáticas econômicas, sociais e ambientais enfrentadas por muitas cidades brasileiras. Ao longo deste trabalho, foi feito um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos gerados pela construção civil em João Pessoa, o que inclui a caracterização do entulho, estimativa do volume de resíduos gerados, mecanismos de controle e sua destinação final, além da localização dos pontos de maiores concentrações de deposição irregular. Constatou-se que nem sempre os agentes envolvidos atendem à resolução do CONAMA, devido à distância onde se encontra o Aterro Sanitário e a taxa a ser pago pelo volume depositado no aterro, com isso esses resíduos têm seu destino desviado e são depositados de forma irregular, na maioria dos casos em terrenos baldios. Para que esse volume desviado seja minimizado é preciso que um conjunto de ações seja definido, tais como campanhas de conscientização, implantação e incentivo da coleta seletiva nos canteiros de obras. Entretanto, os estudos não devem ter como foco principal apenas a destinação final dos resíduos, deve ir além, preocupar-se com o uso racional dos recursos, com a diminuição dos desperdícios e a minimização na geração dos resíduos. Vale lembrar que outras soluções, como a implantação de políticas de gerenciamento, poderiam resolver uma série de problemas como, por exemplo, a destinação final dos entulhos. Além disso, vários estudos mostram que o uso do agregado reciclado em obras de construção civil pode ser uma solução viável para reduzir os problemas ambientais causados pelo grande volume produzido, e por apresentar custo inferior aos materiais comumente usados. Este resíduo reciclado tem uso muito importante em obras de pavimentação, pois atende aos aspectos técnico, econômico e sócio - ambiental. Embora os resultados tenham caráter preliminar, devido à limitação de tempo e recursos, foi possível obter conclusões que possam ser tomadas como subsídios ao Poder Público, com o intuito de contribuir para redução dos impactos ambientais e para análise da viabilidade do agregado reciclado em pavimentação de vias do município. AGRADECIMENTOS Os autores do trabalho agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade Federal da Paraíba pelo incentivo dado para realização da pesquisa, através da concessão de ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 Seção Paraíba
  • 8. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental uma bolsa de iniciação científica. Ainda pelas informações prestadas, à Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR), às Empresas coletoras de entulhos, às construtoras e ao Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP). REFERÊNCIAS Ahmed, I. Use of Waste Materials in Highway Construction. Purdue University, Department of Civil Engineering. Editor: Noyes Data Corporation. West Lafayette, Indiana. 1992. AMBIENTEBRASIL. Reciclagem de Entulho. AMBIENTEBRASIL. 2006. http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=residuos/index.php3&conteudo=./residuos/reciclagem/e ntulho.html. (Acesso: 07/08/2006). Ângulo, et al.. Metodologia de Caracterização de Resíduos de Construção e Demolição. In: IV Seminário Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. 14p.. IBRACON. 2003. São Paulo. Balzan, D. C., Pires, L. M. e Melo, V. L.. Utilização de Agregado Reciclado de Obras de Construção Civil em Pavimentos Urbanos: Especificação e Obras no Município de São Paulo. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO URBANA, 12a. RPU. Cd-rom. 2003. Aracaju, SE. Carneiro, A. P. et al.. Reciclagem do Entulho da Região Metropolitana de Salvador para a Produção de Materiais de Construção de Baixo Custo. In: IX SILUBESA – Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Seguro, BA. p. 1694-1703. 2000. Carneiro, A. P.; Brum, I. A. S. e Cassa, J. C. S.. Reciclagem de Entulho para Produção de Materiais de Construção. Caixa Econômica Federal. Editora UFBA. 2001. Cho, Y. H. and Yeo, S. Application of Aggregate Recycled from Construction Waste to Highway Pavement. In: TRB 86th Annual Meeting. Proceedings (cd-rom). Transportation Research Board. Washington. 2003. 24 p.. Ciocchi, L. Reciclagem de Concreto. Associação dos Engenheiros Civis do Estado do Pará. 2003. http://www.engepara.com.br/artigos/art20031006/art20031006.asp. (Acesso: 04/08/06). CONAMA. Resolução no. 307, de 5 de Julho de 2002. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2002. http://www.mma.gov.br. (Acesso: 21/06/05). IBGE. Cidades@. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2006. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/. (Acesso: 08/08/06). JOHN, V.M.; AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduos da construção. In: Seminário - Reciclagem de Resíduos Sólidos Domiciliares. Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente. São Paulo. 2000. http://www.reciclagem.pcc.usp.br/artigos1.htm. (Acesso: 04/08/06). LIMA, F.S.N.S.. Aproveitamento de resíduos de construção na fabricação de argamassas. Dissertação (mestrado). 89 p.. Universidade Federal da Paraíba. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana. João Pessoa, PB. 2005. Mendes, et alii (2004). Parâmetros de uma pista experimental executada com entulho reciclado. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 35a. RAPv. Cd-rom. Rio de Janeiro. Motta, L. M. G. e Fernandes, C. Utilização de resíduo sólido da construção civil em pavimentação urbana. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO URBANA, 12a. RPU. Cd-rom. 2003. Aracaju, SE. Motta, R. S.; Bernucci, L. L. B. & Moura, E. (2004). Aplicação de agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil em camadas de pavimentos. In: CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES, XVIII ANPET, Florianópolis. Anais, v. I, p. 259-69. PICCHI, F. A. Sistemas de qualidade: uso em empresas de construção de edifícios. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 1993. 462 p.. PMJP, 2004. Reciclagem de resíduos sólidos da construção civil de João Pessoa-PB. Relatório de Projeto. Prefeitura Municipal de João Pessoa, Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia. João Pessoa. 25 p.. PMJP. Notícias 02/03/05 - Governo quer transformar entulho em material para a construção civil. Prefeitura Municipal de João Pessoa, Secretaria de Comunicação Social. 2005. http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=336. (Acesso: 21/06/05). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8 Seção Paraíba
  • 9. I Simpósio Nordestino de Saneamento Ambiental PMSP. ETS 001/2003 – Camadas de Reforço do Subleito, Sub-base e Base Mista de Pavimento com Agregado Reciclado de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Especificação de Serviço. Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria de Infra-estrutura Urbana. Superintendência de Projetos Viários. 2003. São Paulo. RADIOBRAS. Ciência e Tecnologia - Informativo Semanal da Radiobras, Ciência Tecnologia e Meio Ambiente. 2000. http://www.radiobras.gov.br. (Acesso: 10/01/2006). SINDUSCON-JP. Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa. 2006. http://www.sindusconjp.com.br/sindusconjp.html. (Acesso:04/08/06). SINDUSCON-SENAI. Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. 2ª. Edição. Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Belo Horizonte. 2005. 68p.. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9 Seção Paraíba