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Programa integrado para aumentar a vida útil de computadores:
alternativa para diminuir a geração de resíduos eletrônicos.
Mirieli A. Zanetti1
Maurício Dziedzic2
Paulo Roberto Janissek3
Resumo
Toneladas de resíduos eletro-eletrônicos são descartadas diariamente no meio ambiente sem
tratamento adequado. Segundo estimativas de órgãos especializados, o tempo médio de vida
útil dos computadores está cada vez menor. Mas a tendência é a redução desses prazos,
devido à facilidade de aquisição e a rápida obsolescência. A situação é preocupante, pois estes
resíduos são altamente tóxicos, representando um grande risco ao meio ambiente e à saúde
humana. Os principais problemas relacionam-se com a lixiviação de metais pesados, quando
descartados em lixões e aterros, e a evaporação de substâncias perigosas quando são
incinerados de forma inadequada para a recuperação de metais. Algumas substâncias
apresentam-se centenas de vezes mais solúveis nos lixiviados de aterros, podendo desta forma
atingir um nível considerável de dispersão no ambiente, contaminando o solo e águas
subterrâneas. A queima destes resíduos promove a emissão de particulados contendo metais
pesados, que apresentam um elevado nível de toxicidade. Através de análise documental, o
presente trabalho relata um programa de gerenciamento de computadores em uma
universidade em Curitiba, cujo objetivo é prolongar a vida útil desses equipamentos, reduzir a
aquisição de equipamentos novos e evitar descartes prematuros, através da prática dos três Rs:
O Reuso é praticado no remanejamento dos computadores entre 3 diferentes níveis de
usuários, antes de chegar ao final do ciclo, prolongando o tempo de vida dos equipamentos
em até 6 anos. Na Redução são reaproveitadas peças provenientes de equipamentos que
seriam descartados, evitando novas aquisições desnecessárias. A Reciclagem acontece
somente ao final da vida útil do equipamento, quando este não mais atende os padrões
mínimos de uso. A saída do campus ocorre através de venda para funcionários, doações ou
vendas para empresas especializadas em reciclagem.
Palavras-chave: resíduos eletroeletrônicos; reuso; reciclagem.
1 Introdução
Os produtos eletrônicos e elétricos tem se tornado obsoletos cada vez mais
rapidamente, ocasionando um incremento na geração de um tipo particular de resíduos. Em
especial, isso tem sido observado para os equipamentos de informática, eletrodomésticos,
vídeo e som, sistemas de iluminação e equipamentos de telefonia móvel e fixa (WIDMER et
1
Mestranda em Gestão Ambiental na Universidade Positivo. mzanetti@up.edu.br
2
Pós-Doutorado em Mecânica dos Fluidos na University of Toronto. dziedzic@up.edu.br
3
Doutorado em Química na Universidade de São Paulo (USP). pjanissek@up.edu.br
al., 2005). Esta rápida obsolescência, segundo alguns autores, é causada por fatores como as
inovações tecnológicas, a redução do tempo de vida útil dos produtos, e fatores sociais como a
criação de novas necessidades e desejos (COOPER, 2005). Para Bertram et al. (2002), os
resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE), comparados aos outros resíduos,
apresentam crescimento mais rápido, o que enfatiza a necessidade de garantir eficientes
estratégias de reaproveitamento e reciclagem para esse tipo de resíduos. Todo o ciclo de vida
dos equipamentos elétrico-eletrônicos contribui para a insustentabilidade ambiental, pois nos
processos envolvidos na produção destes bens, desde a extração de matérias primas até seu
descarte, são consumidos recursos naturais não renováveis e energia, além de muitos outros
impactos relacionados às emissões de substâncias tóxicas em todas as etapas. Os impactos são
agravados pelo descarte prematuro deste tipo de produto(RODRIGUES, 2007).
Diante deste panorama, merecem destaque ações da iniciativa pública e privada que
possibilitem a diminuição do problema, tendo em vista que a eliminação total do problema é
altamente improvável. A utilização de equipamentos eletro-eletrônicos continuará a sua
tendência de crescimento, restando como soluções alternativas as que permitam a produção
mais limpa, o prolongamento da vida útil e a utilização de materiais e tecnologias
direcionadas para o reaproveitamento e/ou a reciclagem dos componentes ao final da vida útil.
Este trabalho relata alternativas que podem contribuir na extensão da vida útil de
computadores, e minimizar a rápida obsolescência, bem como o descarte prematuro, na
maioria dos casos inadequado, destes equipamentos. Dados do programa de gerenciamento
de computadores numa Universidade em Curitiba, realizado pelos gestores da tecnologia da
informação, são apresentados. Entre as alternativas adotadas para maximizar o ciclo de vida
de equipamentos eletro-eletrônicos utilizados no campus desta universidade, estão as
adaptações e aplicações das práticas dos 3 R’s. Além de detalhar o fluxo dos resíduos
eletroeletrônicos que ocorre na Instituição, são apresentados também os principais aspectos e
impactos, os tratamentos adotados pelo Brasil e comunidade internacional e as
regulamentações acerca destes resíduos.
2 O Fluxo dos REEE: Ciclo de Vida, Geração de Resíduos e Descarte
Estimativas de entidades de defesa do meio ambiente e de empresas de consultoria
ligadas ao setor de Informática mostram que em países desenvolvidos o tempo médio de vida
de um computador é de aproximadamente dois anos, antes da troca por um modelo mais novo.
No Brasil, a troca não é tão constante, pois estudos apontam que os computadores são
mantidos por até quatro anos nas empresas e por uma média de cinco anos pelos
consumidores domésticos (COTTA, GUARITA E IMBROSI, 2008). Mas a tendência é a
redução desses prazos, aliada ao crescimento das vendas dos produtos eletrônicos, mais
especificamente computadores. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Elétricos e
Eletrônicos (ABINEE, 2008), no primeiro semestre de 2008 o mercado brasileiro de
Computadores Pessoais (PC’s) movimentou 5,7 milhões de unidades, registrando crescimento
de 31% em comparação ao mesmo período do ano anterior (4,3 milhões). Deste total, 3,9
milhões são desktops e 1,8 milhões são notebooks, sendo que a venda destes últimos teve
crescimento de 186%, enquanto as vendas de desktops cresceram 5%. Em termos de descarte,
o Programa Ambiental das Nações Unidas, apresenta números alarmantes: 50 milhões de
toneladas de lixo eletrônico são geradas anualmente em todo o mundo. Já a Associação
Internacional de Recicladores Eletrônicos, apresentou um relatório prevendo que o número de
dispositivos eletrônicos que deverão ser descartados entre 2006 e 2010 é de 3 bilhões.
Somente nos Estados Unidos, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA), estima-se
que 50 milhões de computadores são descartados anualmente, onde a vida útil é menor, de
aproximadamente 2 anos para os computadores, característica típica de um país desenvolvido.
Na Europa, segundo a Comissão Européia, em 1998 foram geradas 6.000.000 de toneladas de
Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), o que equivale a 4% do fluxo de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Prevendo um crescimento de 3 a 5% por ano, estima-se que
este quantitativo duplicará de 12 em 12 anos (Comissão Européia, 2004). Parte da
responsabilidade sobre estes descartes, relacionados aos números supracitados, é atribuída às
estratégias de marketing do mercado, à disseminação de modismos e também, à inviabilidade
de conserto, que é promovida pela indústria através da não disponibilização de peças de
reposição, ou então quando disponibilizadas, de custo incompatível com a viabilidade
econômica do reparo (RODRIGUES, 2007). Entretanto, ganham importância as discussões
acerca da degradação ambiental decorrente desta lógica, pois todo este volume normalmente é
disposto juntamente com o lixo doméstico. Assim, no mundo inteiro equipamentos menores e
obsoletos são depositados em aterros ou incinerados sem tratamento prévio (VEIT ET AL.,
2004).
3 Aspectos e Impactos Ambientais dos REEE
Os REEE, se descartados de forma inadequada, ou incinerados, devido às substâncias
tóxicas existentes na sua composição, têm grande potencial de comprometer solos, águas
superficiais e subterrâneas, além de afetar flora e fauna. Portanto, merecem classificação na
classe I da norma brasileira, NBR 10.004/2.004, exatamente pelos riscos ambientais a que
expõem, não só os meios físicos e biológicos, mas o próprio meio antrópico. Dados
apresentados pela Comissão Européia (2004) mostram que os principais problemas
relacionam-se com a lixiviação e a evaporação de substâncias perigosas quando determinados
dispositivos são destruídos. Na sua composição estão presentes substâncias tóxicas como
metais pesados que, ao serem depositados em aterros, poderão sofrer lixiviação para o solo e
águas subterrâneas. Algumas destas substâncias apresentam-se 200 vezes mais solúveis nos
lixiviados de aterro do que em água destilada, podendo desta forma atingir um nível
considerável de dispersão no ambiente. As águas ácidas que se encontram com freqüência em
aterros dissolvem quantidades significativas de íons chumbo, provenientes de vidro partido,
como o vidro dos tubos de raios catódicos. Perdas de plastificantes, decorrentes da deposição
de PVC em aterros, representam grande potencial de danos à saúde humana e ao ambiente. A
queima destes resíduos promove a emissão de metais e de outras substâncias químicas, tais
como dioxinas e furanos, que apresentam um elevado nível de toxicidade (Comissão
Européia, 2004). A composição de um computador (PC) é um exemplo da grande diversidade
de materiais e da presença de substâncias tóxicas, muitas delas ainda sem alternativas de
reciclagem, conforme indica a tabela 1.
Tabela 1: Composição percentual e índice de reciclabilidade dos materiais componentes de um computador
(Microelectronics and Computer Technology Corporation, 2000):
Material (%) do Peso
Total
Índ. Recicla-
bilidade(%)
Localização
Sílica 24,9 0 Vidro
Alumínio 14,2 80 Circuito Integrado, solda e bateria
Cobre 6,9 90 Condutores
Chumbo 6,3 5 Semicondutores
Zinco 2,2 60 Bateria
Estanho 1 70 Circuito Integrado
Níquel 0,8 80 Estrutura, Encaixes
Manganês 0,031 0 Estrutura, encaixes
Prata 0,018 98 Condutores
Ouro 0,016 98 Conexão, Condutores
Berílio 0,015 0 Condutivo térmico, conectores
Cádmio 0,009 0 Bateria, chip, semicondutores, estabilizadores
Cromo 0,006 0 Decoração, proteção contra corrosão
Mercúrio 0,002 0 Bateria, ligamentos, termostatos, sensores
4 O Tratamento dos REEE na Comunidade Internacional e no Brasil
Na China o sistema de reciclagem não se presta exclusivamente ao lixo eletrônico. Um
problema grave naquele país é a prática ilegal de recebimento dos despejos vindos de países
ricos, principalmente dos Estados Unidos, que justifica o envio de seus computadores
obsoletos com o propósito da Inclusão Digital. Tal prática, na verdade, trata-se de uma
atividade mal intencionada, pois é uma forma barata de resolver a questão (BEIRIZ 2005).
Sem legislação própria e subsídios para tratar de um lixo caro e tóxico, este acaba sendo
reciclado com métodos primitivos causando graves problemas ambientais e na saúde da
população. O desmantelamento dos componentes é feito de forma manual, geralmente por
crianças e mulheres sem nenhuma proteção. O que tem valor comercial é vendido e o restante
acaba sendo queimado, agravando a situação. Na Índia, a maior parte dos resíduos provém
dos fabricantes e, da mesma forma que observado na China, o trabalho é manual sem qualquer
proteção e instrumentos específicos; geralmente mulheres e crianças estão envolvidas nessas
operações. O destino também é o mesmo: o que não pode ser vendido é queimado a céu
aberto ou depositado em aterros (ARTONI, 2005). O procedimento inadequado adotado
nestes países para recuperar os metais, faz com que componentes tóxicos como o cádmio e o
mercúrio contaminem água, solo e ar.
Entretanto, vários países já perceberam que este lixo, tratado de forma correta, pode
trazer retornos financeiros interessantes. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está
desenvolvendo um estudo detalhado sobre como conseguir um melhor proveito econômico da
reciclagem do lixo eletrônico (BEIRIZ 2005). Os países da União Européia, por sua vez,
decidiram implementar medidas destinadas a prevenir a produção destes resíduos e a fomentar
a sua reutilização, reciclagem e outras formas de valorização, com vista à redução da sua
quantidade e, ao mesmo tempo, melhorar os resultados ambientais dos agentes econômicos
envolvidos na sua gestão. Estas medidas fazem parte da diretiva WEEE (2005), que
responsabiliza os fabricantes pelo ciclo de vida dos seus produtos, arcando com os custos de
coleta seletiva, transporte, tratamento e reciclagem. A diretiva também obriga as indústrias a
agirem em duas frentes: reduzir a toxicidade dos produtos e desenvolver métodos para um
pós-uso eficaz.
A produção de eletrônicos com solda livre de chumbo data do início dos anos 1990 e
teve êxito graças à criação de uma rede de inovação que cobre instituições diversas, como
universidades, institutos de pesquisa, e associações industriais. Os principais fabricantes de
equipamentos eletroeletrônicos realizaram medidas para redução dos impactos ambientais nas
áreas de eficiência energética, redução de substâncias perigosas, eficiência de recursos e
reciclabilidade. As medidas incluem ainda a redução do uso de materiais através da
miniaturização; o prolongamento da vida útil do produto via reuso de componentes e
facilidade na desmontagem.
No Brasil, pesquisas revelam que a maior parte dos resíduos eletrônicos tem um fim
semelhante aos resíduos comuns, ou seja, os aterros. O destino do lixo especial também
depende da política de cada município e na maior parte do país existem falhas no tratamento e
disposição final. No entanto, em vários municípios esta realidade está mudando, e já existem
várias empresas especializadas na coleta e destinação de resíduos perigosos.
5 Legislação e Regulamentação
A Comunidade Européia preocupa-se com resíduos contendo substâncias perigosas
desde os anos 1970 e promulgou, em 2003, dois regulamentos (WEEE, 2005) importantes
para tratar do problema: a Diretiva 2002/96/CE sobre Resíduos de Equipamentos
Eletroeletrônicos (WEEE) e a Diretiva 2002/95/CE sobre a Restrição do Uso de Substâncias
Perigosas (RoHS). Essas exigências incorporam a responsabilidade do produtor (produtor,
distribuidor ou importador) e têm impactos globais. A diretiva fundamenta-se nos princípios
do poluidor-pagador, da precaução e da responsabilidade estendida do produtor. A
responsabilidade do produtor está associada às etapas de coleta seletiva, tratamento,
recuperação, reciclagem e financiamento.
No Brasil não há uma legislação específica para tratamento e gerenciamento de
resíduos perigosos - apenas ações isoladas de estados e municípios. Para resíduos perigosos
destacam-se as resoluções do CONAMA que devem ser respeitadas enquanto leis federais.
Mais especificamente, pode-se citar a Resolução nº 257 para a destinação de pilhas, baterias e
lâmpadas (CONAMA. RESOLUÇÃO, 1999). Quanto aos demais componentes, aguarda-se a
aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ainda em tramitação.
No estado do Paraná, foi aprovada a Lei Estadual 18.851/08, que segundo a
Assembléia Legislativa do Estado (2008), obriga as empresas produtoras, distribuidoras e as
que comercializam equipamentos de informática a destinar adequadamente os equipamentos
no final de sua vida útil. Os fabricantes devem emitir nota de entrada dos resíduos, sendo uma
das vias encaminhada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente para controle e fiscalização
6 A Política dos 3R’s
A compreensão da necessidade de gerenciamento integrado dos resíduos sólidos
propiciou a formulação da chamada Política dos 3R’s - recebendo essa nomenclatura devido à
junção das palavras “Reduzir”, “Reutilizar”, e “Reciclar” (MUNIZ, 2007). O enfoque inicial
da política dos 3R´ s estava nas ações de redução e reutilização do lixo para se construir uma
via na busca por uma relação homem-meio ambiente mais harmônica. A reciclagem seria
apenas o último passo neste processo de “minimizar” o lixo (LAYRARGUES, 2005).
Segundo Vilhena e Albuquerque (2007), os 3Rs compõem uma metodologia básica
para utilização dos recursos naturais, combate ao desperdício e introdução da reciclagem,
tornando-se um convite à reflexão sobre a utilização de insumos e às ações pró-ativas de
cuidados com o meio ambiente.
Muniz (2007) ressalta que há dois modos de ação derivados da Política dos 3R’s: o
primeiro prioriza a redução e a reutilização; o outro prioriza a reciclagem. Ele explica o
primeiro modo de ação, ressaltando a importância do aumento da vida útil com a recuperação
dos bens deteriorados e a reutilização de materiais descartados, onde ambas são estratégias
mais eficientes que a reciclagem, pois demandam menos energia para conversão. Afirma
ainda que aumentar a vida útil de um produto significa reduzir o consumo de energia, água,
matérias-primas e a poluição gerada. Em relação ao último modo, a reciclagem, devido a
interesses econômicos tornou-se a principal ferramenta e não mais uma coadjuvante como os
demais. É comum se ver campanhas que ao invés de promoverem a conscientização sobre a
diminuição do consumo e a reutilização de materiais, ressaltam a importância da reciclagem
como a única alternativa viável, pois desta forma, tudo pode ser consumido, desde que seja
reciclado. Ou seja, de uma forma geral, as finalidades comerciais da reciclagem se sobrepõem
aos fins ambientais (MUNIZ, 2007). Entretanto, não deve ser encarada como um processo
solitário ou inviável. Pelo contrário, as ações engajadas de redução, reutilização e reciclagem
são complementos na busca por soluções cada vez mais adequadas ao destino dos resíduos
sólidos, no caso deste trabalho, dos resíduos eletro-eletrônicos, principalmente se aliadas à
educação ambiental.
Merece destaque neste contexto a extensão da vida útil através da Reutilização-onde
as partes podem ser reutilizadas para a mesma função anterior ou para uma nova atribuição.
Em alguns casos pode passar por um processo de remanufatura, o que significa passar por
processos que possibilitem que seja utilizado como novo (LUIZIO, 2004). O reuso, portanto,
pode ser entendido como uma forma sustentável na fase de descarte, uma vez que o
equipamento integralizado tenha sido reparado ou remanufaturado deixaria de estar na
condição de resíduo, passando a ter uma segunda vida útil. Rodrigues (2007) também afirma
que o reuso de equipamentos pode ocorrer por intermédio de:
• Repasse informal do equipamento obsoleto dentro de uma mesma organização, entre
familiares ou através de doações a terceiros (indivíduos, organizações sociais, etc.);
• Venda a empresas privadas que compram os equipamentos pós-consumo para
consertá-los e revendê-los;
• Remanufatura: existem empresas que se dedicam a consertar os equipamentos usados
que passam por processos de reformulação, envolvendo desmontagem de componentes
e revisão, e adquirindo desempenho de equipamentos novos.
7 Estudo de Caso: Gerenciamento de Computadores em uma Universidade em Curitiba,
PR.
O presente trabalho apresenta dados sobre o programa e as alternativas adotadas em
uma Universidade em Curitiba/PR, para tratar da questão dos Equipamentos Eletro-
Eletrônicos. Tendo em vista a complexidade, a variedade e o grande número destes
equipamentos, somente os computadores foram abordados, não sendo incluídos outros
equipamentos como projetores, impressoras e monitores.
O campus da Universidade tem similaridade com outros geradores de resíduos
eletrônicos, mas apresenta uma estrutura organizacional específica e interessante, por se tratar
de uma instituição de Ensino que atende diversos cursos com demandas de equipamentos de
informática (configurações) específicas.
A Universidade, no que tange à gestão dos computadores que fazem parte do seu
parque tecnológico, enfatiza a Política dos 3Rs: Redução, Reutilização e Reciclagem. Várias
ações são realizadas com o objetivo de promover o prolongamento da vida útil de seus
equipamentos, reduzindo descartes prematuros e, por conseqüência, danos ambientais. O
Departamento de Informática da Universidade é responsável pelo parque tecnológico da
Instituição, e desenvolveu uma metodologia de gerenciamento de resíduos baseada em níveis
de organização, destino e distribuição dos equipamentos. Inicialmente é feito um estudo
prévio do padrão tecnológico dos computadores a serem adquiridos associados às exigências
dos softwares utilizados por cada um dos 26 cursos de graduação ofertados pela instituição.
Alguns cursos necessitam de softwares específicos para controle de equipamentos e para
algumas práticas laboratoriais, demandando computadores de maior velocidade de
processamento, capacidade de memória e armazenamento. A Universidade possui 2.715
computadores (dados de agosto 2008) distribuídos em 52 laboratórios de informática e demais
ambientes que possuam equipamentos de informática, como salas de aula, laboratórios
específicos, biblioteca, ambientes administrativos utilizados por funcionários, ambientes
acadêmicos utilizados pelo corpo docente, escritórios-modelo, entre outros.
Várias configurações de laboratório, incluindo área física, número de computadores e
programas instalados estão disponíveis, sendo algumas características dos Laboratórios de
Informática descritas na tabela 2.
Tabela 2: Algumas características dos Laboratórios de Informática da Universidade.
Área física
(m2
)
No
PCs / laboratório
(média)
No
de
laboratórios
No
total de
computadores
65-84 22 10 221
94 28 22 620
105-120 36 10 362
155-160 28 8 230
220 100 1 220
Totais 51 1.653
Os processos de aquisição, remanejamento e destinação final dos computadores do
campus são descritos na figura 1. O objetivo deste processo é prolongar a vida útil dos
equipamentos a fim de evitar desperdícios e descartes prematuros, através da prática dos 3
R’s.
Computador Novo
Programas “pesados”
Computador 2o Uso
Softwares específicos
Baixo desempenho
Computador 3o Uso
Uso básico
upgrade
reaproveitamento
upgrade
reaproveitamento
Tipo de computador
Alto
Engenharias,
Arquitetura,
Desenho Industrial
Médio
Demais Cursos, como
Direito, Administração
Biologia,
Baixo
Secretarias, Biblioteca,
Administrativo
Nível de Utilização
Usuário Típico
Tempo Médio
de vida
2 anos
1 a 2 anos
1 a 2 anos
Doação
Venda para
Reciclagem
Baixa do ativo
no controle
Patrimonial
Reuso
Reaproveitamento
Reciclagem
Figura 1. Esquema representando os processos de aquisição, remanejamento e destinação dos computadores na
Universidade.
Reutilização: É praticada no remanejamento (transferência direta de máquinas) entre
os diferentes níveis de usuários, pois computadores que não atendem mais os usuários que
demandam máquinas com alto desempenho passam para usuários com demanda moderada
(intermediários). Ainda é possível, e praticada para muitos computadores, uma terceira
reutilização, quando os computadores passam de usuários intermediários para usuários (ou
laboratórios) cujas necessidades são atendidas por computadores com configuração básica.
Reaproveitamento: Devido ao grande número de computadores existentes, e ao
sistema de controle adotado pelo departamento de informática, é possível um alto índice de
reaproveitamento de peças que estejam em boas condições de uso e que sejam compatíveis
com os demais equipamentos. Assim, por exemplo, a capacidade de um computador pode ser
melhorada pela adição de mais memória ou disco rígido, reduzindo desta forma a aquisição de
peças novas e evitando aquisições desnecessárias.
Reciclagem: A reciclagem acontece somente ao final da vida útil do equipamento,
quando não existe mais a possibilidade de se manter dentro dos padrões mínimos de uso. A
venda da sucata é realizada para uma empresa de reciclagem especializada em eletro-
eletrônicos.
Através deste programa, obtém-se uma redução do número de equipamentos novos e o
prolongamento da vida útil dos computadores usados, que, além de reduzir o descarte de
REEE, permite uma significativa economia de recursos.
Os resultados obtidos através deste programa podem ser analisados na tabela 3, que
apresenta para o período de 2003 a 2007, as aquisições, remanejamentos e baixas (destinação
final) dos computadores no campus.
Tabela 3: Aquisições, remanejamentos e remoção de computadores realizadas pelo departamento de informática
da Universidade.
Ano Alunos Graduação
Número de Computadores
Novos Remanejados Removidos Total (a)
2003 8120 363 65 47 1404
2004 8392 70 137 81 1474
2005 8547 280 112 182 1754
2006 8429 304 85 344 2058
2007 8355 657 503 379 2715
Médias no
Período
8369 335 180 207 1881
% do total de
computadores 18 10 11
(a) Total de computadores existentes no campus.
A figura 2 representa graficamente as médias praticadas para remanejamento, remoção
e aquisição de novos computadores para o campus.
Gerenciamento dos Computadores
18; 46%
10; 25%
11; 29%
Novos
Remanejados
removidos
Figura 2: Médias no período de 2003-2007 para as alternativas de remanejamento, remoção e aquisição de novos
computadores no Campus.
Vale ressaltar que o programa conseguiu remanejar praticamente o mesmo número de
computadores descartados. Com essa política, as aquisições de computadores novos
permaneceram, em média, abaixo de 20% do total de computadores existentes no Campus, no
período de cinco anos, em que o levantamento de dados foi realizado. Estes valores refletem o
esquema apresentado na figura 2, mostrando que, com o programa integrado, o tempo médio
de um computador no Campus é de cinco anos, sem prejudicar o desempenho das máquinas e
as necessidades dos usuários, pois estes recebem novas máquinas ou atualizações em média a
cada dois anos. A figura 3 apresenta as porcentagens relativas à aquisição de computadores
novos, remanejados ou removidos, considerando somente estas três opções.
2003
2004
2005
2006
2007
Remanejados
removidos
Novos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Totalnoano(%)
Figura 3: Porcentagens de computadores novos, removidos e reaproveitados no período de 2003-2007
no Campus da Universidade.
Ao longo do período, o número de computadores remanejados foi sempre expressivo
em relação às aquisições de computadores novos, sendo quase o dobro para o ano de 2004.
Durante este período, o número total de alunos nos cursos de graduação permaneceu
praticamente o mesmo, porém o número de alunos para cada computador passou de 5,78 em
2003 para 3,1 em 2007. Este número é apenas indicativo, já que o número total de
computadores inclui os computadores utilizados por funcionários administrativos e
professores. No entanto, ao se considerar o total de 1653 computadores disponíveis nos
laboratórios de informática, conforme dados da tabela 2, tem-se um computador para cada 37
alunos, sem considerar que estes alunos estão divididos em dois turnos (manhã e noite), o que
melhora esta relação.
8 Conclusão
Os equipamentos eletro-eletrônicos representam grande risco ao ambiente e à saúde
das pessoas devido ao seu curto ciclo de vida útil, à sua composição que apresenta vários
componentes tóxicos, e ao descarte inadequado. Em muitos casos, o reaproveitamento de
alguns componentes, como os metais, é realizado de maneira precária, sem nenhum critério
ou proteção das pessoas diretamente envolvidas. Diante deste quadro alarmante, várias
iniciativas vêm sendo apresentadas em diversas esferas. São exemplos legislações específicos
e programas de gerenciamento de resíduos especiais adotados por empresas. Na Universidade
foco do presente estudo, o departamento de Informática desenvolve um programa integrado
para maximizar o ciclo de vida dos equipamentos eletro-eletrônicos, diminuindo assim a
aquisição de equipamentos novos e a geração de resíduos. Esse programa inclui o cadastro
dos laboratórios e usuários e a demanda por máquinas de alto, médio e baixo desempenho.
Este programa enfatiza o reuso de computadores e o reaproveitamento de componentes e a
redução na aquisição de novos equipamentos, permitindo que cada usuário receba
atualizações ou novas máquinas em média a cada dois anos. Dessa forma, em termos gerais, o
gerenciamento de computadores realizado pelo departamento de informática permite atender a
demanda dos usuários e laboratórios, sem aumentar significativamente a produção de REEE,
pois cada computador passa por três níveis de utilização, tendo uma vida útil de até seis anos,
até ter a sua saída do Campus, através de programas de doação ou vendas para empresas
especializadas em reciclagem.
9. Referências
ARTONI, Camila. O Lado B da Tecnologia. Revista Galileu, set. 2005. Seção Meio
Ambiente. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,,ESD875-1707-
0,00.html >. Acesso em: 19 nov. 2007.
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em: < http://www.alep.pr.gov.br/> Acesso em: 9 jul. 2008.
BEIRIZ, Fernando Antonio Santos. Gestão Ecológica de Resíduos Eletrônicos – Proposta
de Modelo Conceitual de Gestão. Niterói, RJ: 2005. Originalmente apresentada como
dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, 2005. Disponível em:
<http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/14/TDE-2006-10-06T135439Z-
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BERTRAM, M. et al., 2002. The contemporary european copper cycle: waste
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lex.europa.eu/Notice.do?mode=dbl&lang=pt&ihmlang=pt&lng1=pt,mt&lng2=bg,cs,da,de,el,e
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2007.

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Prolongar Vida Úteis PCs Reduz Resíduos

  • 1. Programa integrado para aumentar a vida útil de computadores: alternativa para diminuir a geração de resíduos eletrônicos. Mirieli A. Zanetti1 Maurício Dziedzic2 Paulo Roberto Janissek3 Resumo Toneladas de resíduos eletro-eletrônicos são descartadas diariamente no meio ambiente sem tratamento adequado. Segundo estimativas de órgãos especializados, o tempo médio de vida útil dos computadores está cada vez menor. Mas a tendência é a redução desses prazos, devido à facilidade de aquisição e a rápida obsolescência. A situação é preocupante, pois estes resíduos são altamente tóxicos, representando um grande risco ao meio ambiente e à saúde humana. Os principais problemas relacionam-se com a lixiviação de metais pesados, quando descartados em lixões e aterros, e a evaporação de substâncias perigosas quando são incinerados de forma inadequada para a recuperação de metais. Algumas substâncias apresentam-se centenas de vezes mais solúveis nos lixiviados de aterros, podendo desta forma atingir um nível considerável de dispersão no ambiente, contaminando o solo e águas subterrâneas. A queima destes resíduos promove a emissão de particulados contendo metais pesados, que apresentam um elevado nível de toxicidade. Através de análise documental, o presente trabalho relata um programa de gerenciamento de computadores em uma universidade em Curitiba, cujo objetivo é prolongar a vida útil desses equipamentos, reduzir a aquisição de equipamentos novos e evitar descartes prematuros, através da prática dos três Rs: O Reuso é praticado no remanejamento dos computadores entre 3 diferentes níveis de usuários, antes de chegar ao final do ciclo, prolongando o tempo de vida dos equipamentos em até 6 anos. Na Redução são reaproveitadas peças provenientes de equipamentos que seriam descartados, evitando novas aquisições desnecessárias. A Reciclagem acontece somente ao final da vida útil do equipamento, quando este não mais atende os padrões mínimos de uso. A saída do campus ocorre através de venda para funcionários, doações ou vendas para empresas especializadas em reciclagem. Palavras-chave: resíduos eletroeletrônicos; reuso; reciclagem. 1 Introdução Os produtos eletrônicos e elétricos tem se tornado obsoletos cada vez mais rapidamente, ocasionando um incremento na geração de um tipo particular de resíduos. Em especial, isso tem sido observado para os equipamentos de informática, eletrodomésticos, vídeo e som, sistemas de iluminação e equipamentos de telefonia móvel e fixa (WIDMER et 1 Mestranda em Gestão Ambiental na Universidade Positivo. mzanetti@up.edu.br 2 Pós-Doutorado em Mecânica dos Fluidos na University of Toronto. dziedzic@up.edu.br 3 Doutorado em Química na Universidade de São Paulo (USP). pjanissek@up.edu.br
  • 2. al., 2005). Esta rápida obsolescência, segundo alguns autores, é causada por fatores como as inovações tecnológicas, a redução do tempo de vida útil dos produtos, e fatores sociais como a criação de novas necessidades e desejos (COOPER, 2005). Para Bertram et al. (2002), os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE), comparados aos outros resíduos, apresentam crescimento mais rápido, o que enfatiza a necessidade de garantir eficientes estratégias de reaproveitamento e reciclagem para esse tipo de resíduos. Todo o ciclo de vida dos equipamentos elétrico-eletrônicos contribui para a insustentabilidade ambiental, pois nos processos envolvidos na produção destes bens, desde a extração de matérias primas até seu descarte, são consumidos recursos naturais não renováveis e energia, além de muitos outros impactos relacionados às emissões de substâncias tóxicas em todas as etapas. Os impactos são agravados pelo descarte prematuro deste tipo de produto(RODRIGUES, 2007). Diante deste panorama, merecem destaque ações da iniciativa pública e privada que possibilitem a diminuição do problema, tendo em vista que a eliminação total do problema é altamente improvável. A utilização de equipamentos eletro-eletrônicos continuará a sua tendência de crescimento, restando como soluções alternativas as que permitam a produção mais limpa, o prolongamento da vida útil e a utilização de materiais e tecnologias direcionadas para o reaproveitamento e/ou a reciclagem dos componentes ao final da vida útil. Este trabalho relata alternativas que podem contribuir na extensão da vida útil de computadores, e minimizar a rápida obsolescência, bem como o descarte prematuro, na maioria dos casos inadequado, destes equipamentos. Dados do programa de gerenciamento de computadores numa Universidade em Curitiba, realizado pelos gestores da tecnologia da informação, são apresentados. Entre as alternativas adotadas para maximizar o ciclo de vida de equipamentos eletro-eletrônicos utilizados no campus desta universidade, estão as adaptações e aplicações das práticas dos 3 R’s. Além de detalhar o fluxo dos resíduos eletroeletrônicos que ocorre na Instituição, são apresentados também os principais aspectos e impactos, os tratamentos adotados pelo Brasil e comunidade internacional e as regulamentações acerca destes resíduos. 2 O Fluxo dos REEE: Ciclo de Vida, Geração de Resíduos e Descarte Estimativas de entidades de defesa do meio ambiente e de empresas de consultoria ligadas ao setor de Informática mostram que em países desenvolvidos o tempo médio de vida de um computador é de aproximadamente dois anos, antes da troca por um modelo mais novo.
  • 3. No Brasil, a troca não é tão constante, pois estudos apontam que os computadores são mantidos por até quatro anos nas empresas e por uma média de cinco anos pelos consumidores domésticos (COTTA, GUARITA E IMBROSI, 2008). Mas a tendência é a redução desses prazos, aliada ao crescimento das vendas dos produtos eletrônicos, mais especificamente computadores. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Elétricos e Eletrônicos (ABINEE, 2008), no primeiro semestre de 2008 o mercado brasileiro de Computadores Pessoais (PC’s) movimentou 5,7 milhões de unidades, registrando crescimento de 31% em comparação ao mesmo período do ano anterior (4,3 milhões). Deste total, 3,9 milhões são desktops e 1,8 milhões são notebooks, sendo que a venda destes últimos teve crescimento de 186%, enquanto as vendas de desktops cresceram 5%. Em termos de descarte, o Programa Ambiental das Nações Unidas, apresenta números alarmantes: 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são geradas anualmente em todo o mundo. Já a Associação Internacional de Recicladores Eletrônicos, apresentou um relatório prevendo que o número de dispositivos eletrônicos que deverão ser descartados entre 2006 e 2010 é de 3 bilhões. Somente nos Estados Unidos, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA), estima-se que 50 milhões de computadores são descartados anualmente, onde a vida útil é menor, de aproximadamente 2 anos para os computadores, característica típica de um país desenvolvido. Na Europa, segundo a Comissão Européia, em 1998 foram geradas 6.000.000 de toneladas de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), o que equivale a 4% do fluxo de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Prevendo um crescimento de 3 a 5% por ano, estima-se que este quantitativo duplicará de 12 em 12 anos (Comissão Européia, 2004). Parte da responsabilidade sobre estes descartes, relacionados aos números supracitados, é atribuída às estratégias de marketing do mercado, à disseminação de modismos e também, à inviabilidade de conserto, que é promovida pela indústria através da não disponibilização de peças de reposição, ou então quando disponibilizadas, de custo incompatível com a viabilidade econômica do reparo (RODRIGUES, 2007). Entretanto, ganham importância as discussões acerca da degradação ambiental decorrente desta lógica, pois todo este volume normalmente é disposto juntamente com o lixo doméstico. Assim, no mundo inteiro equipamentos menores e obsoletos são depositados em aterros ou incinerados sem tratamento prévio (VEIT ET AL., 2004).
  • 4. 3 Aspectos e Impactos Ambientais dos REEE Os REEE, se descartados de forma inadequada, ou incinerados, devido às substâncias tóxicas existentes na sua composição, têm grande potencial de comprometer solos, águas superficiais e subterrâneas, além de afetar flora e fauna. Portanto, merecem classificação na classe I da norma brasileira, NBR 10.004/2.004, exatamente pelos riscos ambientais a que expõem, não só os meios físicos e biológicos, mas o próprio meio antrópico. Dados apresentados pela Comissão Européia (2004) mostram que os principais problemas relacionam-se com a lixiviação e a evaporação de substâncias perigosas quando determinados dispositivos são destruídos. Na sua composição estão presentes substâncias tóxicas como metais pesados que, ao serem depositados em aterros, poderão sofrer lixiviação para o solo e águas subterrâneas. Algumas destas substâncias apresentam-se 200 vezes mais solúveis nos lixiviados de aterro do que em água destilada, podendo desta forma atingir um nível considerável de dispersão no ambiente. As águas ácidas que se encontram com freqüência em aterros dissolvem quantidades significativas de íons chumbo, provenientes de vidro partido, como o vidro dos tubos de raios catódicos. Perdas de plastificantes, decorrentes da deposição de PVC em aterros, representam grande potencial de danos à saúde humana e ao ambiente. A queima destes resíduos promove a emissão de metais e de outras substâncias químicas, tais como dioxinas e furanos, que apresentam um elevado nível de toxicidade (Comissão Européia, 2004). A composição de um computador (PC) é um exemplo da grande diversidade de materiais e da presença de substâncias tóxicas, muitas delas ainda sem alternativas de reciclagem, conforme indica a tabela 1. Tabela 1: Composição percentual e índice de reciclabilidade dos materiais componentes de um computador (Microelectronics and Computer Technology Corporation, 2000): Material (%) do Peso Total Índ. Recicla- bilidade(%) Localização Sílica 24,9 0 Vidro Alumínio 14,2 80 Circuito Integrado, solda e bateria Cobre 6,9 90 Condutores Chumbo 6,3 5 Semicondutores Zinco 2,2 60 Bateria Estanho 1 70 Circuito Integrado Níquel 0,8 80 Estrutura, Encaixes Manganês 0,031 0 Estrutura, encaixes Prata 0,018 98 Condutores Ouro 0,016 98 Conexão, Condutores Berílio 0,015 0 Condutivo térmico, conectores Cádmio 0,009 0 Bateria, chip, semicondutores, estabilizadores Cromo 0,006 0 Decoração, proteção contra corrosão Mercúrio 0,002 0 Bateria, ligamentos, termostatos, sensores
  • 5. 4 O Tratamento dos REEE na Comunidade Internacional e no Brasil Na China o sistema de reciclagem não se presta exclusivamente ao lixo eletrônico. Um problema grave naquele país é a prática ilegal de recebimento dos despejos vindos de países ricos, principalmente dos Estados Unidos, que justifica o envio de seus computadores obsoletos com o propósito da Inclusão Digital. Tal prática, na verdade, trata-se de uma atividade mal intencionada, pois é uma forma barata de resolver a questão (BEIRIZ 2005). Sem legislação própria e subsídios para tratar de um lixo caro e tóxico, este acaba sendo reciclado com métodos primitivos causando graves problemas ambientais e na saúde da população. O desmantelamento dos componentes é feito de forma manual, geralmente por crianças e mulheres sem nenhuma proteção. O que tem valor comercial é vendido e o restante acaba sendo queimado, agravando a situação. Na Índia, a maior parte dos resíduos provém dos fabricantes e, da mesma forma que observado na China, o trabalho é manual sem qualquer proteção e instrumentos específicos; geralmente mulheres e crianças estão envolvidas nessas operações. O destino também é o mesmo: o que não pode ser vendido é queimado a céu aberto ou depositado em aterros (ARTONI, 2005). O procedimento inadequado adotado nestes países para recuperar os metais, faz com que componentes tóxicos como o cádmio e o mercúrio contaminem água, solo e ar. Entretanto, vários países já perceberam que este lixo, tratado de forma correta, pode trazer retornos financeiros interessantes. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está desenvolvendo um estudo detalhado sobre como conseguir um melhor proveito econômico da reciclagem do lixo eletrônico (BEIRIZ 2005). Os países da União Européia, por sua vez, decidiram implementar medidas destinadas a prevenir a produção destes resíduos e a fomentar a sua reutilização, reciclagem e outras formas de valorização, com vista à redução da sua quantidade e, ao mesmo tempo, melhorar os resultados ambientais dos agentes econômicos envolvidos na sua gestão. Estas medidas fazem parte da diretiva WEEE (2005), que responsabiliza os fabricantes pelo ciclo de vida dos seus produtos, arcando com os custos de coleta seletiva, transporte, tratamento e reciclagem. A diretiva também obriga as indústrias a agirem em duas frentes: reduzir a toxicidade dos produtos e desenvolver métodos para um pós-uso eficaz. A produção de eletrônicos com solda livre de chumbo data do início dos anos 1990 e teve êxito graças à criação de uma rede de inovação que cobre instituições diversas, como universidades, institutos de pesquisa, e associações industriais. Os principais fabricantes de
  • 6. equipamentos eletroeletrônicos realizaram medidas para redução dos impactos ambientais nas áreas de eficiência energética, redução de substâncias perigosas, eficiência de recursos e reciclabilidade. As medidas incluem ainda a redução do uso de materiais através da miniaturização; o prolongamento da vida útil do produto via reuso de componentes e facilidade na desmontagem. No Brasil, pesquisas revelam que a maior parte dos resíduos eletrônicos tem um fim semelhante aos resíduos comuns, ou seja, os aterros. O destino do lixo especial também depende da política de cada município e na maior parte do país existem falhas no tratamento e disposição final. No entanto, em vários municípios esta realidade está mudando, e já existem várias empresas especializadas na coleta e destinação de resíduos perigosos. 5 Legislação e Regulamentação A Comunidade Européia preocupa-se com resíduos contendo substâncias perigosas desde os anos 1970 e promulgou, em 2003, dois regulamentos (WEEE, 2005) importantes para tratar do problema: a Diretiva 2002/96/CE sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (WEEE) e a Diretiva 2002/95/CE sobre a Restrição do Uso de Substâncias Perigosas (RoHS). Essas exigências incorporam a responsabilidade do produtor (produtor, distribuidor ou importador) e têm impactos globais. A diretiva fundamenta-se nos princípios do poluidor-pagador, da precaução e da responsabilidade estendida do produtor. A responsabilidade do produtor está associada às etapas de coleta seletiva, tratamento, recuperação, reciclagem e financiamento. No Brasil não há uma legislação específica para tratamento e gerenciamento de resíduos perigosos - apenas ações isoladas de estados e municípios. Para resíduos perigosos destacam-se as resoluções do CONAMA que devem ser respeitadas enquanto leis federais. Mais especificamente, pode-se citar a Resolução nº 257 para a destinação de pilhas, baterias e lâmpadas (CONAMA. RESOLUÇÃO, 1999). Quanto aos demais componentes, aguarda-se a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ainda em tramitação. No estado do Paraná, foi aprovada a Lei Estadual 18.851/08, que segundo a Assembléia Legislativa do Estado (2008), obriga as empresas produtoras, distribuidoras e as que comercializam equipamentos de informática a destinar adequadamente os equipamentos no final de sua vida útil. Os fabricantes devem emitir nota de entrada dos resíduos, sendo uma das vias encaminhada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente para controle e fiscalização
  • 7. 6 A Política dos 3R’s A compreensão da necessidade de gerenciamento integrado dos resíduos sólidos propiciou a formulação da chamada Política dos 3R’s - recebendo essa nomenclatura devido à junção das palavras “Reduzir”, “Reutilizar”, e “Reciclar” (MUNIZ, 2007). O enfoque inicial da política dos 3R´ s estava nas ações de redução e reutilização do lixo para se construir uma via na busca por uma relação homem-meio ambiente mais harmônica. A reciclagem seria apenas o último passo neste processo de “minimizar” o lixo (LAYRARGUES, 2005). Segundo Vilhena e Albuquerque (2007), os 3Rs compõem uma metodologia básica para utilização dos recursos naturais, combate ao desperdício e introdução da reciclagem, tornando-se um convite à reflexão sobre a utilização de insumos e às ações pró-ativas de cuidados com o meio ambiente. Muniz (2007) ressalta que há dois modos de ação derivados da Política dos 3R’s: o primeiro prioriza a redução e a reutilização; o outro prioriza a reciclagem. Ele explica o primeiro modo de ação, ressaltando a importância do aumento da vida útil com a recuperação dos bens deteriorados e a reutilização de materiais descartados, onde ambas são estratégias mais eficientes que a reciclagem, pois demandam menos energia para conversão. Afirma ainda que aumentar a vida útil de um produto significa reduzir o consumo de energia, água, matérias-primas e a poluição gerada. Em relação ao último modo, a reciclagem, devido a interesses econômicos tornou-se a principal ferramenta e não mais uma coadjuvante como os demais. É comum se ver campanhas que ao invés de promoverem a conscientização sobre a diminuição do consumo e a reutilização de materiais, ressaltam a importância da reciclagem como a única alternativa viável, pois desta forma, tudo pode ser consumido, desde que seja reciclado. Ou seja, de uma forma geral, as finalidades comerciais da reciclagem se sobrepõem aos fins ambientais (MUNIZ, 2007). Entretanto, não deve ser encarada como um processo solitário ou inviável. Pelo contrário, as ações engajadas de redução, reutilização e reciclagem são complementos na busca por soluções cada vez mais adequadas ao destino dos resíduos sólidos, no caso deste trabalho, dos resíduos eletro-eletrônicos, principalmente se aliadas à educação ambiental. Merece destaque neste contexto a extensão da vida útil através da Reutilização-onde as partes podem ser reutilizadas para a mesma função anterior ou para uma nova atribuição. Em alguns casos pode passar por um processo de remanufatura, o que significa passar por
  • 8. processos que possibilitem que seja utilizado como novo (LUIZIO, 2004). O reuso, portanto, pode ser entendido como uma forma sustentável na fase de descarte, uma vez que o equipamento integralizado tenha sido reparado ou remanufaturado deixaria de estar na condição de resíduo, passando a ter uma segunda vida útil. Rodrigues (2007) também afirma que o reuso de equipamentos pode ocorrer por intermédio de: • Repasse informal do equipamento obsoleto dentro de uma mesma organização, entre familiares ou através de doações a terceiros (indivíduos, organizações sociais, etc.); • Venda a empresas privadas que compram os equipamentos pós-consumo para consertá-los e revendê-los; • Remanufatura: existem empresas que se dedicam a consertar os equipamentos usados que passam por processos de reformulação, envolvendo desmontagem de componentes e revisão, e adquirindo desempenho de equipamentos novos. 7 Estudo de Caso: Gerenciamento de Computadores em uma Universidade em Curitiba, PR. O presente trabalho apresenta dados sobre o programa e as alternativas adotadas em uma Universidade em Curitiba/PR, para tratar da questão dos Equipamentos Eletro- Eletrônicos. Tendo em vista a complexidade, a variedade e o grande número destes equipamentos, somente os computadores foram abordados, não sendo incluídos outros equipamentos como projetores, impressoras e monitores. O campus da Universidade tem similaridade com outros geradores de resíduos eletrônicos, mas apresenta uma estrutura organizacional específica e interessante, por se tratar de uma instituição de Ensino que atende diversos cursos com demandas de equipamentos de informática (configurações) específicas. A Universidade, no que tange à gestão dos computadores que fazem parte do seu parque tecnológico, enfatiza a Política dos 3Rs: Redução, Reutilização e Reciclagem. Várias ações são realizadas com o objetivo de promover o prolongamento da vida útil de seus equipamentos, reduzindo descartes prematuros e, por conseqüência, danos ambientais. O Departamento de Informática da Universidade é responsável pelo parque tecnológico da Instituição, e desenvolveu uma metodologia de gerenciamento de resíduos baseada em níveis de organização, destino e distribuição dos equipamentos. Inicialmente é feito um estudo prévio do padrão tecnológico dos computadores a serem adquiridos associados às exigências dos softwares utilizados por cada um dos 26 cursos de graduação ofertados pela instituição.
  • 9. Alguns cursos necessitam de softwares específicos para controle de equipamentos e para algumas práticas laboratoriais, demandando computadores de maior velocidade de processamento, capacidade de memória e armazenamento. A Universidade possui 2.715 computadores (dados de agosto 2008) distribuídos em 52 laboratórios de informática e demais ambientes que possuam equipamentos de informática, como salas de aula, laboratórios específicos, biblioteca, ambientes administrativos utilizados por funcionários, ambientes acadêmicos utilizados pelo corpo docente, escritórios-modelo, entre outros. Várias configurações de laboratório, incluindo área física, número de computadores e programas instalados estão disponíveis, sendo algumas características dos Laboratórios de Informática descritas na tabela 2. Tabela 2: Algumas características dos Laboratórios de Informática da Universidade. Área física (m2 ) No PCs / laboratório (média) No de laboratórios No total de computadores 65-84 22 10 221 94 28 22 620 105-120 36 10 362 155-160 28 8 230 220 100 1 220 Totais 51 1.653 Os processos de aquisição, remanejamento e destinação final dos computadores do campus são descritos na figura 1. O objetivo deste processo é prolongar a vida útil dos equipamentos a fim de evitar desperdícios e descartes prematuros, através da prática dos 3 R’s.
  • 10. Computador Novo Programas “pesados” Computador 2o Uso Softwares específicos Baixo desempenho Computador 3o Uso Uso básico upgrade reaproveitamento upgrade reaproveitamento Tipo de computador Alto Engenharias, Arquitetura, Desenho Industrial Médio Demais Cursos, como Direito, Administração Biologia, Baixo Secretarias, Biblioteca, Administrativo Nível de Utilização Usuário Típico Tempo Médio de vida 2 anos 1 a 2 anos 1 a 2 anos Doação Venda para Reciclagem Baixa do ativo no controle Patrimonial Reuso Reaproveitamento Reciclagem Figura 1. Esquema representando os processos de aquisição, remanejamento e destinação dos computadores na Universidade. Reutilização: É praticada no remanejamento (transferência direta de máquinas) entre os diferentes níveis de usuários, pois computadores que não atendem mais os usuários que demandam máquinas com alto desempenho passam para usuários com demanda moderada (intermediários). Ainda é possível, e praticada para muitos computadores, uma terceira reutilização, quando os computadores passam de usuários intermediários para usuários (ou laboratórios) cujas necessidades são atendidas por computadores com configuração básica. Reaproveitamento: Devido ao grande número de computadores existentes, e ao sistema de controle adotado pelo departamento de informática, é possível um alto índice de reaproveitamento de peças que estejam em boas condições de uso e que sejam compatíveis com os demais equipamentos. Assim, por exemplo, a capacidade de um computador pode ser melhorada pela adição de mais memória ou disco rígido, reduzindo desta forma a aquisição de peças novas e evitando aquisições desnecessárias. Reciclagem: A reciclagem acontece somente ao final da vida útil do equipamento, quando não existe mais a possibilidade de se manter dentro dos padrões mínimos de uso. A
  • 11. venda da sucata é realizada para uma empresa de reciclagem especializada em eletro- eletrônicos. Através deste programa, obtém-se uma redução do número de equipamentos novos e o prolongamento da vida útil dos computadores usados, que, além de reduzir o descarte de REEE, permite uma significativa economia de recursos. Os resultados obtidos através deste programa podem ser analisados na tabela 3, que apresenta para o período de 2003 a 2007, as aquisições, remanejamentos e baixas (destinação final) dos computadores no campus. Tabela 3: Aquisições, remanejamentos e remoção de computadores realizadas pelo departamento de informática da Universidade. Ano Alunos Graduação Número de Computadores Novos Remanejados Removidos Total (a) 2003 8120 363 65 47 1404 2004 8392 70 137 81 1474 2005 8547 280 112 182 1754 2006 8429 304 85 344 2058 2007 8355 657 503 379 2715 Médias no Período 8369 335 180 207 1881 % do total de computadores 18 10 11 (a) Total de computadores existentes no campus. A figura 2 representa graficamente as médias praticadas para remanejamento, remoção e aquisição de novos computadores para o campus. Gerenciamento dos Computadores 18; 46% 10; 25% 11; 29% Novos Remanejados removidos Figura 2: Médias no período de 2003-2007 para as alternativas de remanejamento, remoção e aquisição de novos computadores no Campus.
  • 12. Vale ressaltar que o programa conseguiu remanejar praticamente o mesmo número de computadores descartados. Com essa política, as aquisições de computadores novos permaneceram, em média, abaixo de 20% do total de computadores existentes no Campus, no período de cinco anos, em que o levantamento de dados foi realizado. Estes valores refletem o esquema apresentado na figura 2, mostrando que, com o programa integrado, o tempo médio de um computador no Campus é de cinco anos, sem prejudicar o desempenho das máquinas e as necessidades dos usuários, pois estes recebem novas máquinas ou atualizações em média a cada dois anos. A figura 3 apresenta as porcentagens relativas à aquisição de computadores novos, remanejados ou removidos, considerando somente estas três opções. 2003 2004 2005 2006 2007 Remanejados removidos Novos 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Totalnoano(%) Figura 3: Porcentagens de computadores novos, removidos e reaproveitados no período de 2003-2007 no Campus da Universidade. Ao longo do período, o número de computadores remanejados foi sempre expressivo em relação às aquisições de computadores novos, sendo quase o dobro para o ano de 2004. Durante este período, o número total de alunos nos cursos de graduação permaneceu praticamente o mesmo, porém o número de alunos para cada computador passou de 5,78 em 2003 para 3,1 em 2007. Este número é apenas indicativo, já que o número total de computadores inclui os computadores utilizados por funcionários administrativos e professores. No entanto, ao se considerar o total de 1653 computadores disponíveis nos laboratórios de informática, conforme dados da tabela 2, tem-se um computador para cada 37 alunos, sem considerar que estes alunos estão divididos em dois turnos (manhã e noite), o que melhora esta relação.
  • 13. 8 Conclusão Os equipamentos eletro-eletrônicos representam grande risco ao ambiente e à saúde das pessoas devido ao seu curto ciclo de vida útil, à sua composição que apresenta vários componentes tóxicos, e ao descarte inadequado. Em muitos casos, o reaproveitamento de alguns componentes, como os metais, é realizado de maneira precária, sem nenhum critério ou proteção das pessoas diretamente envolvidas. Diante deste quadro alarmante, várias iniciativas vêm sendo apresentadas em diversas esferas. São exemplos legislações específicos e programas de gerenciamento de resíduos especiais adotados por empresas. Na Universidade foco do presente estudo, o departamento de Informática desenvolve um programa integrado para maximizar o ciclo de vida dos equipamentos eletro-eletrônicos, diminuindo assim a aquisição de equipamentos novos e a geração de resíduos. Esse programa inclui o cadastro dos laboratórios e usuários e a demanda por máquinas de alto, médio e baixo desempenho. Este programa enfatiza o reuso de computadores e o reaproveitamento de componentes e a redução na aquisição de novos equipamentos, permitindo que cada usuário receba atualizações ou novas máquinas em média a cada dois anos. Dessa forma, em termos gerais, o gerenciamento de computadores realizado pelo departamento de informática permite atender a demanda dos usuários e laboratórios, sem aumentar significativamente a produção de REEE, pois cada computador passa por três níveis de utilização, tendo uma vida útil de até seis anos, até ter a sua saída do Campus, através de programas de doação ou vendas para empresas especializadas em reciclagem. 9. Referências ARTONI, Camila. O Lado B da Tecnologia. Revista Galileu, set. 2005. Seção Meio Ambiente. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,,ESD875-1707- 0,00.html >. Acesso em: 19 nov. 2007. ASSEMBLÉIA Legislativa do Estado do Paraná. Lei Estadual 18.851/08, 2008. Disponível em: < http://www.alep.pr.gov.br/> Acesso em: 9 jul. 2008. BEIRIZ, Fernando Antonio Santos. Gestão Ecológica de Resíduos Eletrônicos – Proposta de Modelo Conceitual de Gestão. Niterói, RJ: 2005. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, 2005. Disponível em: <http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/14/TDE-2006-10-06T135439Z- 462/Publico/Beiriz.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2007. BERTRAM, M. et al., 2002. The contemporary european copper cycle: waste management subsystem. Ecological Economics 42, 43–57.
  • 14. COMISSÃO Européia, Diretiva 2002/96/CE do Parlamento Europeu, de 11 de Março de 2004. Disponível em <http://eur- lex.europa.eu/Notice.do?mode=dbl&lang=pt&ihmlang=pt&lng1=pt,mt&lng2=bg,cs,da,de,el,e n,es,et,fi,fr,hu,it,lt,lv,mt,nl,pl,pt,ro,sk,sl,sv,&val=343031:cs&page=#top>. Acesso em 12 de Jun de 2007. CONAMA. Resolução 257, de 30 de Junho de 1999. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res99/res25799.html>. Acesso em: 23 nov. 2007. COOPER, T. Slower Consumption. Journal of Industrial Ecology, Vol. 9, nº 1-2, p. 51-67, Massachusetts Institute of Technology and Yale University, 2005. COTTA, T. P.; GUARITA, A.; IMBROSI, D. Riscos dos lixo eletrônico, disponível em <http://www.secom.unb.br/bcopauta/meioambiente17.htm>, acesso 23 ago. 2008. LAYRARGUES, R.S.C.; CASTRO, R.S. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005. LUIZIO, Mónica. Gestão de equipamentos elétricos e eletrônicos – Proposta para um modelo de gestão de REEE em Portugal. Originalmente apresentada como dissertação para obtenção do título de Licenciatura em Engenharia Ambiental, Instituto Nacional Técnico, 2004. MUNIZ, Rafael Ninno. Educação, Energia e Movimentos Sociais. Disponível em: < http://rafaelninno.googlepages.com/EducaaoeEnergiamaio2007.pdf>. Acesso em: 12 jul.2007. OLIVEIRA, Elizabeth. Contaminação: Pilhas e Baterias. Disponível em: <http://www.abetre.org.br/noticia_completa.asp?NOT_COD=759> Acesso em: 21 nov. 2007. REALFF, Matthew J.; RAYMOND, Michele; AMMONS, Jane C. E- waste an opportunity. Giving Obsolete Electronics New Life. Materials Today, January 2004. Disponível em: <http://imt.cmg.net/newsletter.html?id=1071776093&y=us=TRIMTN406aec869c006&SMSE ESSION=NO&SMSESSION=NO>. Acesso em: 19 nov. 2007. RODRIGUES, Angela Cassia. Impactos Socioambientais dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos: Estudo da Cadeia Pós-Consumo no Brasil. Santa Bárbara d’ Oeste, SP:[s,n], 2007. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade Metodista de Piracicaba, Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, UNIMEP, 2007. Acesso em: 20 nov. 2007. VILHENA, Renata Maria Paes de; ALBUQUERQUE, Ana Cristina B. Modernização da gestão: implantação de licitações sustentáveis, 2007. Disponível em: < http://www.clad.org.ve/fulltext/0057925.pdf >. Acesso em: 15 jul. 2009. Waste Electrical and Electronic Equipament – WEEE. Disponível em: <http://www.weee- recycle.com/home.html>. Acesso em: 20 nov. 2007. WIDMER, R. et AL. Global perspectives on e-waste, Environmental Impact Asssment Review, Volume 25, n.5, 2005, P. 436-458 Elsevier. ZIGLIO, Luciana Aparecida Lotti. Convenção de Basiléia e o destino dos resíduos industriais no Brasil. São Paulo, SP: 2005. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, 2005. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-17032006-171602/> Acesso em: 22 nov. 2007.