Centro de Processamento de Dados do Santander: eficiência e sustentabilidade
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Tecnologia,
eficiência e respeito
Essas três palavras resumem bem as diretrizes que nortearam a construção do novo Centro de
Processamento de Dados do Santander, que acaba de ser inaugurado e já é considerado um dos dez
melhores do mundo. Isso porque o cumprimento de normas técnicas e a inovação nas práticas de
sustentabilidade permitiram que o prédio conquistasse certificações inéditas no mercado: a TIER IV, a
classificação mais alta no sistema que avalia a capacidade e disponibilidade de Data Centers; e a LEED
Leadership in Energy and Environmental Design, o selo mais importante da indústria da construção
sustentável do mundo.
Localizado em Campinas, no interior de São Paulo, o novo CPD foi concebido com os objetivos garantir
um alto nível de segurança do sistema, a padronização e a otimização das atividades e a operação
com o máximo de eficiência e economia de recursos naturais. Iniciado em 2009, o empreendimento
levou quatro anos para ser concluído, sendo que pelo menos um ano foi dedicado ao planejamento.
Os cuidados iniciaram desde a escolha do terreno: foram avaliadas 17 áreas, considerando critérios como
aproximidadeauniversidadesepólosdepesquisa,qualidadedosacessoseserviçospúblicoseextensão
da área verde. Atualmente instalado em uma área de quase 800.000 m2
, o Centro de Processamento de
Dados é formado por três edifícios principais: o Núcleo Operacional de Controle (NOC), onde trabalham
Centro de Processamento de Dados do Santander, em Campinas: medidas de
eficiência levarão a uma redução de custos de mais de R$ 2 milhões/ano
TucaReines
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150 funcionários divididos em três turnos, e os dois Data Centers, um espelho do outro, projetados para
aumentar sua capacidade de processamento conforme o crescimento do banco. Hoje, já com todas as
informações dos atuais clientes, apenas 30% da sua capacidade é utilizada.
Para garantir total segurança em caso de acidentes,
os prédios foram construídos a uma distância de 515
metros e erguidos em formato de bunker, construções
semienterradas que suportam ações externas que vão
da explosão de uma laje à queda de um avião. Essa
infraestrutura permite o funcionamento ininterrupto
dos sistemas.
O projeto segue um manual internacional do
Santander para a construção de CPDs, que determina
rigorosos critérios de segurança. Mas para o
empreendimento brasileiro, novas premissas foram
incluídas e o resultado foi tão bom que a experiência
já levou a atualizações nesse manual e vão colaborar para futuras obras do banco no mundo todo.
Diretrizes socioambientais
Além do atendimento rigoroso a todas as legislações federais e municipais, o projeto conquistou a
Certificação LEED, um sistema internacional que estabelece padrões para construções sustentáveis
e determina critérios sociais e ambientais para todo o ciclo de vida de edificações. Os Data Centers 1
e 2 receberam o selo LEED Gold e o Núcleo de Controle Operacional, o LEED Silver. Com isso, o CPD se
tornou o primeiro empreendimento do Brasil a ter três prédios certificados simultaneamente pela LEED.
Para o superintendente responsável pelo projeto, o
engenheiro Pedro Ricardo Gloeden Fogolin, à exceção
de alguns aspectos de uso e escolha de materiais, foi
possível atender às exigências mais importantes da
certificadora. “O LEED tem algumas particularidades
difíceis de implementar no Brasil. Então focamos nos
pontos mais importantes para o nosso projeto e que
conseguiríamos atender”, explica. Um dos itens, por
exemplo, é o controle da poeira, que é feito mantendo
a terra constantemente úmida. A medida implicou em
um razoável aumento de custo, especialmente durante
os períodos de seca, pois exigiu a contratação de
caminhões-pipa, que forneceram água de reúso.
Fogolin calcula que, para atender aos requisitos da certificação, a obra encareceu cerca de 7%, um
valor considerável para qualquer empreendimento. “Mas independentemente de buscar ou não uma
certificação, acreditamos que esse é o jeito certo de construir. É um conjunto de normas que todos os
empreendimentos deveriam seguir”, afirma.
O retorno, em compensação, vem com o tempo: as medidas de eficiência energética e hídrica adotadas
levarão a reduções de custos operacionais que devem chegar a mais de R$ 2 milhões/ano (veja mais na
página 4).
“
Independentemente
de buscar ou não uma
certificação, acreditamos
que esse é o jeito certo de
construir.”
Pedro Ricardo Gloeden Fogolin,
superintendente responsável pelo
projeto
Núcleo Operacional de Controle, onde trabalham
150 funcionários divididos em três turnos
TucaReines
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Cuidados com o entorno
É inegável que grandes obras atrapalham a vida de quem mora ou trabalha no entorno. Por isso, uma
das principais ações adotadas foi o diálogo com as comunidades envolvidas. Empresas e associações
da vizinhança foram procuradas para comunicar o início da construção e explicar o que seria feito. Com
isso, foi possível ouvir as preocupações da população e encaminhar as soluções antes mesmo que os
problemas aparecessem. Veja alguns exemplos do que foi feito:
• A vibração do solo ocasionada pela construção poderia interferir nos resultados das pesquisas
de um laboratório localizado bem próximo ao terreno do Santander. Diante disso, o sistema de
estaqueamento do solo foi alterado e os trabalhos foram interrompidos nos períodos em que as
pesquisas estavam em andamento.
• Outro vizinho do terreno é o Hospital Infantil Boldrini, que trata de crianças e jovens com
câncer. Para evitar que os ruídos e a sujeira incomodassem os pacientes, foi construída uma
barreira de som e intensificado o controle da poeira.
• Para reduzir a interferência nas vias da região, foram usadas rotas alternativas e foi negociada a
criação de um recuo dentro do terreno de outra empresa, para que os veículos não parassem na
pista para chegar à obra, colocando outras pessoas em risco.
• O empreendimento foi apresentado aos representantes da Associação Pró Bairro. Além
de esclarecer os questionamentos levantados, diversos pedidos foram atendidos, como a
permanência de um bambuzal para bloqueio visual e acústico.
• Algumas pessoas da região tinham contato direto com o superintendente responsável pelo
projeto, que recebia e tratava reclamações pontuais, como barulho após o horário combinado
ou excesso de poeira.
Na avaliação do engenheiro, ter as documentações em dia e adotar ações para minimizar ao
máximo os impactos na vizinhança são medidas essenciais para toda grande obra que pretende
chegar ao fim sem interrupções. “É melhor perder uma hora por dia para não atrapalhar um vizinho do
que sofrer uma ação judicial e parar três semanas até conseguir a liberação com o juiz”, explica Fogolin.
Por outro lado, ele explica que é preciso estar preparado para as cobranças que surgem quando um
pedido não é atendido: “é uma responsabilidade muito grande quando você assume essa postura e
depois não consegue resolver determinado problema”, conta.
Área verde
Outro grande receio da população era que a obra modificasse o caráter residencial do bairro e reduzisse
as áreas verdes do entorno. Mas o resultado final foi justamente o contrário. Por localizar-se em uma
região que sofre com alagamentos constantes nos períodos de chuva, 85% do terreno foi mantido
permeável. Desses, 23% foram destinados ao reflorestamento e 77% ao paisagismo.
No espaço que faz divisa com um lago e uma Área de Preservação Permanente, foram plantadas mudas
de árvores e plantas adequadas ao bioma da região. E, para evitar o assoreamento do lago, foram feitas
valas de infiltração, que permitem a descarga suave das águas das chuvas.
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Além disso, quando uma área rural é transformada em urbana, a legislação determina que 20%
sejam transformadas em Reserva Legal, instrumento que garante a preservação vitalícia do espaço
demarcado. Para isso, o Santander definiu, junto à prefeitura de Campinas, o melhor espaço para essa
reserva e reflorestou cerca de 118 mil m², uma área equivalente a 12 campos de futebol. Empresas
especializadas plantaram 26 mil mudas de acordo com um projeto que equilibra espécies pioneiras (de
crescimento rápido) e não pioneiras, garantindo a execução adequada da recuperação, o controle de
pragas e a manutenção periódica. “A lei não exige o reflorestamento, mas decidimos fazer isso. Criamos
um corredor que permitirá à fauna circular entre as matas e o lago”, conta Fogolin.
Eficiência
Para manter um Data Center bem refrigerado, dois recursos naturais são necessários em abundância:
água e energia – calcula-se que os gastos com energia elétrica representem mais da metade das
despesas de manutenção de um CPD. Para reduzir os custos operacionais e os impactos ambientais,
diversas tecnologias foram analisadas e aquelas que proporcionariam maior economia ao longo do
tempo foram adotadas.
Os resultados surpreenderam: redução em 20% do consumo de água nos prédios administrativos;
eliminação do consumo de água no sistema de refrigeração nos Data Centers; e uma conta de luz até
30% menor em relação aos antigos CPDs do Santander e quase 40% inferior à média de mercado. A
expectativa é que tudo isso leve a uma redução de custos de mais de R$ 2 milhões/ano.
Veja alguns exemplos:
• Captação de água da chuva: toda a água que desce pela cobertura dos prédios é captada para
uso em irrigação, bacias sanitárias e mictórios. O empreendimento é capaz de armazenar 640 mil
litros de água para reúso.
• Redução no consumo da água: instalação de equipamentos hidráulicos eficientes e
economizadores, como bacias de duplo acionamento e torneiras com arejadores.
• Sistema de ar-condicionado: nos dias em que a temperatura estiver abaixo dos 15ºC e com
a umidade relativa do ar abaixo dos 50%, o sistema aproveita o ar externo diretamente para o
resfriamento dos equipamentos. Quando isso não ocorre, o ar externo é tratado e resfriado por
um equipamento que não utiliza água;
• Sistema de energia: utiliza o UPS1
Dinâmico, que oferece um rendimento 5% superior ao UPS
Estático, mais comum no mercado. Isso significa uma economia de 480 kW/ano (cerca de R$156
mil). Outra vantagem é a menor geração de resíduos tóxicos, pois elimina o uso de baterias;
• Virtualização dos recursos de TI: em geral, os servidores trabalham utilizando apenas 20%
de sua capacidade de processamento. Com a virtualização, um servidor é programado para
processar as informações armazenadas em outros três computadores “virtuais”. Assim, é possível
aumentar o uso do processamento e economizar energia e espaço físico.
1
Sistemas de geração de energia que entram em ação quando o fornecimento da rede elétrica é interrompido.
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PRÁTICAS EM TI VERDE E
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
MOBILIDADE
CUIDADOS DURANTE A OBRA
ESCOLHA
DOS MATERIAIS
Uma consultoria técnica
especializada especificou os materiais
e acabamentos, entre eles madeiras
com certificação FSC; adesivos,
selantes, tintas e revestimentos
com baixos índices de VOC1
; e pisos
intertravados, que são 75% mais
permeáveis que a manta asfáltica.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Valas drenantes: facilitam
o escoamento da chuva e evitam
o assoreamento do lago.
Área verde: 85% do terreno
permeável, sendo 23% para o
reflorestamento (plantio de
26 mil mudas).
Água: captação da chuva
e eliminação da água na
refrigeração dos Data Centers.
Eficiência energética:
equipamentos de alta
performance vão
reduzir a conta de
luz em 30%.
Bicicletário com armários,
chuveiros e vestiários para os ciclistas.
1
Compostos Orgânicos Voláteis (Volatile Organic Compound): substâncias que em grande quantidade podem trazer danos à saúde.
Capacitação dos
trabalhadores para que
estivessem atentos aos
cuidados ambientais.
Manutenção de máquinas
e equipamentos:
vistoria periódica e
monitoramentos dos índices
de poluição dos motores a
Diesel.
Controle da poeira:
umectação do
solo com água de reúso.
Proteção das árvores:
uso de cercas para evitar
acidentes.
Remoção de terras: a terra
oriunda da escavação foi
armazenada e utilizada nos
taludes ou enterrada no
próprio terreno.
Limpeza das rodas: limpeza
dos pneus dos veículos para
minimizar a sujeira nas ruas.
Gestão de resíduos:
separação por tipo e
destinação durante a obra e
preparação da infraestrutura
necessária para a gestão
dos resíduos durante o
uso dos prédios.
Data Center 2
NOC/Administrativo
Parada
de Ônibus
Portaria
Principal
Logístico
Data Center 1
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Para saber mais
LEED
http://www.gbcbrasil.org.br/
Apresentação sobre Construção Sustentável
http://sustentabilidade.santander.com.br/pt/Espaco-de-Praticas/Download/
Apresentacao_ConstrucaoSustentavel_VGuiada.zip
Caso Prático Torre Santander
http://sustentabilidade.santander.com.br/pt/Espaco-de-Praticas/PDF/
CasoPratico_TorreSantander.pdf
Cartilha de Boas Práticas na Construção Civil
http://sustentabilidade.santander.com.br/pt/Espaco-de-Praticas/PDF/
Guia_BoasPraticas_ConstrucaoCivil.pdf